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Atenção Primária e a

Estratégia Saúde da
Família
Livro Didático Digital
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
ALESSANDRA VANESSA FERREIRA DOS SANTOS
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
ALCIRIS MARINHO CORRÊA RODRIGUES
AUTORIA
Alciris Marinho Corrêa Rodrigues
Olá. Meu nome é Alciris Marinho Corrêa Rodrigues. Sou formada
em Enfermagem, e Administração, sou especialista em Micropolítica da
Gestão e Trabalho em Saúde, Gestão da Docência do Ensino Superior,
MBA em Gestão Hospitalar, com uma experiência técnico-profissional e
educacional na área de saúde pública, de mais de 28 anos. Nestes anos
todos trabalhei em Saúde Pública e Regulação em Serviços de Saúde.
Sou apaixonada pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de
vida e de docência àqueles que estão começando em suas profissões.
Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de
autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase
de muito estudo e trabalho. Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

OBJETIVO: DEFINIÇÃO:
para o início do
desenvolvimento houver necessidade
de uma nova de apresentar um
competência; novo conceito;
NOTA: IMPORTANTE:
quando necessárias as observações
observações ou escritas tiveram que
complementações ser priorizadas para
para o seu você;
conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a
bibliográficas necessidade de
e links para chamar a atenção
aprofundamento do sobre algo a ser
seu conhecimento; refletido ou discutido;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso acessar quando for preciso
um ou mais sites fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das
assistir vídeos, ler últimas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando uma
atividade de competência for
autoaprendizagem concluída e questões
for aplicada; forem explicadas;
SUMÁRIO
Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-
AB) - ampliação da abrangência .......................................................... 12
O papel de abrangência do NASF no fortalecimento da ESF......................... 12

Cenário de ampliação do Núcleo Ampliado de Saúde da Família.............. 15

O NASF- AB no escopo das ações da Atenção Primária ............. 18


O NASF AB, no fortalecimento das ações em equipe.......................................... 18

O NASF AB, e a reformulação do trabalho na PNAB/2017............................... 21

O NASF AB, e a ampliação na atuação da equipe atenção básica.............24

Núcleo de Apoio à Saúde da Família- NASF, e sua capacidade


de Resolutividade .......................................................................................26
O NASF AB, e Avaliação da efetividade do NASF AB junto a APS...............29

Avaliação da efetividade do NASF AB junto a APS ............................29

Processo de territorialização na Estratégia Saúde da Família.32


A territorialização na Estratégia saúde da Família ..................................................32

A territorialização e adstrição na Estratégia saúde da Família ......................35

A territorialização na organização Estratégia saúde da Família .................. 36

As divisões dos Territórios SUS.............................................................................................37

Territórios vivos e instrumentos metodológicos no processo de trabalho


na ESF.......................................................................................................................................................42

Região de saúde em seus aspectos organizativos.................................................44

Fases da territorialização........................................................................................................... 46
Fase preparatória ou de planejamento........................................................ 46

Fase de coleta dos dados/informações..................................................... 46

Fase de análise dos dados.................................................................................... 46


Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família 9

04
UNIDADE
10 Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família

INTRODUÇÃO
Você sabia que o NASF AB, como vimos na unidade 3, o NASF AB
veio com a proposta de oferecer a assistência às demandas populacionais
não obtidas pelas equipes que compõem a Estratégia de Saúde da Família
(ESF), como apoiadora dessas equipes na concretização da rede de
serviços ofertados aos usuários e na ampliação de sua abrangência, com
a finalidade de qualificar a assistência dos usuários do serviço de saúde,
no plano da Atenção Básica, que necessitava de ações mais fortalecidas
e eficazes. Contrapondo o modelo convencional de assistência curativa,
fragmentada, a proposta de processo de trabalho do NASF AB, veio
para inovar a assistência em direção à corresponsabilização e à gestão
integrada do cuidado, fazendo atenção do cuidado compartilhado com
a equipe, que envolvam o projeto terapêutico que seja singular voltado
ao usuário. A Unidade 4, vai levar você a uma verdadeira trajetória do
NASF, desde a sua concepção até os dias contemporâneos, ressaltando o
crescimento desde núcleo, a ampliação da oferta de serviços de saúde na
ESF. Entretanto, esse fato ainda está em vistas de efetiva concretização.
Então vamos lá! Navegar na galáxia do conhecimento! Então! Vamos para
a nave!
Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família 11

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 4. Nosso objetivo é auxiliar
você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o
término desta etapa de estudos:

1. Compreender como funciona a ampliação e a abrangência do


NASF;

2. Identificar o escopo das ações da Atenção Primária;

3. Entender problemas das equipes, comunidade, pessoas e do


território de abrangência apresentando resolutividade nas questões;

4. Avaliar a importância da territorialização no processo de


reconhecimento da ESF.

Então? Preparado para o fim da viagem no trem do conhecimento,


onde a cada estação tivemos o reconhecimento de um saber? Vamos lá!
a última estação do conhecimento, a Unidade 4!
12 Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família

Núcleo Ampliado de Saúde da Família e


Atenção Básica (NASF-AB) - ampliação
da abrangência
OBJETIVO:

Ao término deste capítulo você estará capacitado para


entender qual a importância do NASF-AB como estratégia
de fortalecimento da atenção básica, como estas equipes
funcionam, reconhecendo o verdadeiro potencial alcance
no progresso da qualidade da assistência, é relevante,
considerando que a organização do processo de trabalho,
a identificação das fragilidades e potencialidades dentro
do espaço onde estas famílias estão adscritas, realizando
o fortalecimento da ESF, e pautando quão é importante
o crescimento da implantação do Núcleo Ampliado de
Saúde da Família e Atenção Básica como influência direta
na melhoria da qualidade da assistência das equipes
de atenção primária. E então vamos lá? Motivado para
desenvolver a 4º e última competência? Então vamos lá!
Navegue nos rios de conhecimento, e veja o quanto é
prazerosa a onda da aprendizagem!!

O papel de abrangência do NASF no


fortalecimento da ESF
O crescimento da implantação do Núcleo Ampliado de Saúde da
Família e Atenção Básica no Brasil, teve efeito direto sobre a questão de
melhoria da qualidade da assistência das equipes de atenção primária
tornando-se imprescindível para reorganização do processo de trabalho
das ESF, em relação a estes núcleos.

A PNAB de 2011, o Ministério da Saúde, veio com a finalidade de


que o NASF tinha como proposta a ampliação do escopo, pautando-
se na abrangência e a resolutividade das ações promovidas pela
ESF em conexão com a equipe NASF. A atuação dos profissionais do
NASF objetivava a melhoria do processo de trabalho com temáticas e
Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família 13

populações específicas, transversalmente vindo do apoio matricial, no


seu próprio território de abrangência. As ações as quais o NASF trouxe
como proposta era o embasamento ideológico marcado na integralidade
do cuidado aos usuários assistidos, com visão ampliada da clínica, a
saúde irá depender de fatores biológicos, assim como da atuação dos
profissionais de saúde, onde irão analisar e intervir (BRASIL, 2011).

IMPORTANTE:
Os Núcleos Ampliados de Saúde da Família e Atenção
Básica (NASF-AB), como já vimos na Unidade 3, foram
criados em 2008, seu primordial objetivo maior foi o
fortalecimento e a busca da consolidação da Atenção
Básica no País, ampliando as demandas de ofertas de
saúde na rede de serviços, apontadas na resolutividade, a
abrangência e a qualificação das ações.

À medida que os elencos de serviço de saúde foram ampliados,


pela admissão das nove áreas de atuação do NAS AB estratégicas, que
são práticas integrativas e complementares, reabilitação, alimentação e
nutrição, saúde mental, serviço social, saúde da criança, do adolescente
e do jovem, saúde da mulher e assistência farmacêutica. Foram avaliadas
a ampliação do acesso e a entrada do profissional nas residências das
famílias, permitindo um contato próximo com a comunidade da área
abrangida e a escuta de novas demandas que antes não eram de
conhecimento do profissional e ao serviço (SUNDFELD, 2010).
14 Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família

NOTA:
As Portarias GM/MS nº 154/2008 e 2.843/2010 foram
revogadas pela Portaria GM/MS nº 2.488, de 2 de outubro
de 2011. Nesse interim, aconteceram alterações no NASF,
que passaram a ser somente duas modalidades: NASF 1
e NASF 2 (BRASIL, 2011a). Adverte-se que os dispositivos
das portarias anteriores que não havia conflito a portaria
permanecem em vigor. O NASF 3 foi suprimido a partir da
publicação da Portaria GM/MS nº 2.488/2011 e se tornou
automaticamente NASF 2. Os municípios com projetos de
NASF 3 anteriormente deveriam ser enviadas ao MS e para a
Comissão Intergestores Bipartite informando as alterações
realizadas. Permanecendo garantido o financiamento dos
NASF intermunicipais já habilitados em data anterior, no
entanto ficaram extintas as probabilidades de implantação
de novos NASF intermunicipais (BRASIL, 2011a). Porém com
a publicação da Portaria 3.124, de 28 de dezembro de 2012,
o Ministério da Saúde criou uma terceira modalidade de
conformação de equipe: o NASF 3, abrindo a possibilidade
de qualquer município do Brasil aderir à implantação de
equipes NASF, desde que tenha ao menos uma (01) equipe
de Saúde da Família.( http://aps.saude.gov.br/ape/nasf)

Em 2018, o Ministério comemorou dez anos da criação do NASF-


AB. Nesta perspectiva, a ESF destaca-se como: estratégia pública e
principal articuladora dos cuidados primários de saúde do indivíduo, da
família e da comunidade, devendo percorrer e transformar caminhos que
avaliassem os determinantes sociais da saúde de dada comunidade. De
forma consecutiva, o NASF teria aporte legal e instrumental suscetíveis de
proximidade dessa realidade, configurando-se no apoio matricial efetivo
para as Equipes da ESF (BRASIL, 2011).
Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família 15

ACESSE:
E então quer saber mais sobre os núcleos de apoio, e
quantas ESF, devem ser para cada tipo de NASF AB? Então
acesse a https://aps.saude.gov.br/ape/nasf/implantar/, e
saiba sobre as Legislações do NASF AB.

Cenário de ampliação do Núcleo Ampliado


de Saúde da Família
Para que a ampliação e o fortalecimento da Atenção Básica se
aconteçam de forma integral, além das noves áreas temáticas que são:
as práticas integrativas e complementares, a reabilitação, alimentação e
nutrição, saúde mental, serviço social, saúde da criança, do adolescente
e do jovem, saúde da mulher e assistência farmacêutica. Neste cenário, a
nova PNAB-Política Nacional de Atenção básica, traz novas perspectivas
associadas ao processo de trabalho tendo ainda que as equipes do
Nasf-AB trabalhem atuando de maneira integrada, e proporcionando
suporte clínico, pedagógico e sanitário aos profissionais das eSF e
eAB. (PNAB,2017). O Programa Saúde na Escola, também faz parte dos
programas de AB.

Outro fator de suma importância, podemos visualizar, é que o NASF,


tem em sua composição profissionais de distintas áreas de conhecimento,
devendo os seus protagonistas atuarem de forma integrada, apoiando as
eSF (Equipes de Saúde da Família) e das e AB(Equipes de Atenção Básica)
que pode atuar em populações específicas. Denota-se claramente um
esforço de processo de trabalho que possa ser compartilhado com a
vinculação das equipes de AB, tais como os Consultórios de Rua, Equipes
de Saúde da Família ribeirinhas e unidades móveis fluviais, desenhadas
e configuradas em sua especificidade dentro do contexto e da realidade
que os cerca, temos ainda o Programa Academia da Saúde, instituído
pela Portaria GM/MS nº 719/2011, (BRASIL, 2011b). Desta forma, o NASF
16 Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família

torna-se a mola mestra propulsora na integralização da proposta de


fortalecimento AB.

Figura 1 - Crescimento do NASF AB- Série Histórica de 2008-2019

Fonte: SAGE- Gestão Estratégica

A análise do gráfico da SAGE-Sala de Apoio a Gestão Estratégica,


mostra a série histórica de 2008 a abril de 2019, podemos ver que Brasil
teve um crescimento enorme com a implantação de novos NASF. Se em
2008, detinha NASF 1(369), e NASF 2(26). Esse crescimento com as novas
implantações e implementações foram na tipologia NASF 1(3.191); NASF
2(1.000); NASF3(1.000), mostrando a diferença do ano de 2008, a abril de
2019 foram criados (2.822) NASF1; e sendo a proporção de crescimento de
NASF2(974).

O Ministério da Saúde norteia que o NASF foi designado com o


objetivo de ampliar o escopo, abrangência e resolutividade das ações da
APS, com ação conectada a dos profissionais da ESF, não se instituindo
como centro ou unidade de referência. O desempenho dos profissionais
do NASF, não deve se pontuar como um serviço especializado, uma vez
que seu crescimento e implantação envolve o processo de trabalho e
por isso deve ser o apoiador das equipes da ESF em temas e populações
características por meio do apoio matricial, em seu território de
abrangência (BRASIL,2011).
Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família 17

RESUMINDO:

Você já prestou atenção que desde a instituição da Lei 8.080/90,


muito progresso aconteceu no SUS? Foram várias novas políticas,
portarias, programas, resoluções, notas técnicas, e muito mais,
tudo muito pensado e repensado para que possamos ter o Sistema
Único de Saúde, a fim de fortalecer a essência doutrinária, ainda
temos muito a caminhar, muitas pedras surgirão com certeza, mas
para que esse sistema de saúde torne-se um ícone no mundo,
será necessário a participação de todos, e quando digo todos ....
ninguém mesmo de fora, somos todos partes da construção
deste processo....Pensemos então...voltando ao NASF...Bem os
Consultórios de Rua, tem as suas equipes que realizam atividades
de forma itinerante, ampliando suas ações da atenção básica nas
ruas da cidade, é a atenção básica chegando ao grupo morador
de rua...como poderíamos integralizar ações deixando-os de fora?
, essas ações a esses moradores se ampliam também em outros
níveis de assistência e no emaranhado e cruzamentos de nossa
redes de saúde e em seus pontos de inserção, desenvolvendo
ações em parceria com as demais Equipes de Atenção Básica
do território – as UBS e os NASF –, contracenando com outras
redes de assistência quando necessárias tais como as de Atenção
Psicossocial, a Rede de Urgência e com os serviços e instituições
que compõem o Sistema Único de Assistência Social, e outras
estabelecimentos públicos e também da sociedade civil. Temos
também as Equipes de Saúde da Família especialmente criadas
para a População Ribeirinha que corrobam a maioria de suas
funções como as das unidades básicas de saúde localizadas nas
comunidades pertencentes à área adscrita. As Equipes de Saúde
da Família Fluviais, cumprem suas funções em Unidades Básicas
de Saúde Fluviais, prestando assistência àquela população.
Então se pensarmos na abrangência do papel do NASF na
solidificação destas ações de todas estas equipes, podemos
visualizar a ampliação de suas intervenções contando com o
apoio dos NASF, em funcionamento no município. Podemos
também por meio da utilização das Academias de Saúde, ampliar
a capacidade do NASF, no quesito intervenção coletiva, em
conexão com todas as equipes de Atenção Básica no território.
Não é lindo? A integração de equipes, as redes as ações, os
programas…tudo o que puder fortalecer a atenção ao nosso
usuário. Por um SUS mais efetivo. Esse é o SUS que queremos!
18 Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família

O NASF- AB no escopo das ações da


Atenção Primária
OBJETIVO:

O objetivo desta temática se insere O NASF AB E A


ESF, na proposta de fortalecimento da ESF, voltada
para o desenvolvimento e aprimoramento do novo
modelo de atenção à saúde, norteado ao trabalho de
equipe multiprofissional. Ainda idealizar como na prática
poderemos realizar ações coletivas e atenção direta ao
usuário determinada na equidade, integralidade, qualidade
da assistência, e da participação social direcionadas ao
usuário, família, comunidade, que serão capazes de
produzir saúde em seu contexto integral. Então vamos lá!

O NASF AB, no fortalecimento das ações


em equipe
A implantação do NASF AB, é uma estratégia inovadora, e implica
na necessidade de equipe construir espaços físicos rotineiros com
dimensões de suporte para concretizar reuniões, planejamentos e
discussão de casos, objetivando determinar projetos terapêuticos para
serem compartilhados por toda a equipe de formato valido e reconhecida
por gestores, na configuração de PTS e de PST (NASCIMENTO; OLIVEIRA,
2010).

O fortalecimento das ações em equipe vão se dá no organizar


da equipe, para tanto, é necessário que a função planejar seja muito
bem traçada, a equipe deve marcar e planejar reuniões, na construção
de agendas o compartilhar é extremamente necessário em todos os
sentidos, lembrem-se que o compartilhar de saberes neste processo de
integralidade é o ponto de partida de qualquer agenda de equipe, outro
ponto seria equilibrar de forma dinâmica o conjunto de atividades que
serão realizadas a partir do rol de demandas do território. É essencial, para
que isso aconteça, que cada profissional do NASF AB, tenha a agenda de
trabalho, e que todos conheçam e pactuem com os demais membros
Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família 19

do NASF AB, os gestores e dos profissionais das UBS também devem ter
conhecimento. Para tanto, deve-se evitar que isso não acabe sendo um
processo burocrático ou restritivo. (BRASIL,2014).

Ante os encargos que lhes são atribuídos, as equipes do NASF


AB admitem o compromisso com a população e com a ESF, apoiando
a identificação das obrigações de saúde comunitária do mesmo modo
em que fortalecem as equipes de referência. O desempenho do NASF
AB deverá ser analisado não só por indicadores de resultado para a
população, os indicadores do resultado, também devem ser avaliados na
ação em equipe (BRASIL, 2011c).

O processo de trabalho dessas equipes deve estar sustentado


na busca pela longitudinalidade e pela integralidade da atenção, pela
coordenação da assistência e pela participação comunitária. (VERDI et
al,2016). Parte-se do seguinte pressuposto a coordenação do processo
de trabalho é a mola motriz do trabalho do NASF AB.

Os casos atendidos na ESF passam a serem avaliados em cada


área profissional que formam a composição do NASF. Outro referencial
da abrangência na implantação e implementação da abrangência
destes núcleos de apoio, temos quando acontece o compartilhamento
e o acompanhamento longitudinal do usuário na Rede de Atenção à
Saúde municipal, pois a equipe do NASF AB, articula ações da ESF, e na
necessidade do usuário ou da comunidade, a articulação também com
outros serviços tais como: CEREST, CAPS, redes sociais e comunitárias, no
tocante a atividades e ações educativas, dentre outras.

As carências na formação dos profissionais para as práticas na


ESF extrapolam os saberes técnicos das profissões, uma das principais
justificativas para o apoio matricial do NASF. Capacitar os profissionais
que hoje estão trabalhando na ponta é fundamental para que eles
possam atuar de forma coerente com os princípios que norteiam a ESF,
reestruturando a lógica do atendimento (CUTOLO, 2010).

O acordo de que o trabalho em equipe institui a base dessa


proposta de modificação que deve conduzir a um processo de construção
de novas práticas no âmbito da Estratégia Saúde da Família. Considera-
20 Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família

se indispensável que os trabalhadores, entrelaçados nessa estratégia,


profiram uma dimensão nova na ampliação do trabalho em equipe,
congregando não apenas de conhecimentos novos, mas transformação
na cultura e no compromisso de coparticipação na gestão da assistência,
que afiancem uma prática ajustada na promoção da saúde. (ARAÚJO,2007).

De acordo com o Ministério da Saúde, a disposição do processo de


organização do trabalho dos NASF, nos territórios de sua responsabilidade,
deve ser estruturada priorizando a intercessão interdisciplinar com troca
de saberes, e o trabalho intersetorial (BRASIL,2010).

EXPLICANDO MELHOR:
A fim de garantir a integralidade da atenção, e a proposta
de matriciamento, fundamentados no direcionamento do
Sistema Único de Saúde, podemos pautar a contribuição
de diversas especialidades e profissionais na construção
do trabalho NASF AB com sua inserção de abrangência
implementada na ESF, obedecendo os critérios de
atendimento do usuário, compartilhamento de saberes,
integração de equipes AB, rede compartilhada pautada
na referência e o apoio. Finalizando, esse processo visa
garantir às equipes das UBS um máximo apoio quanto
à responsabilização de todas as equipes dentro da
assistência.
Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família 21

O NASF AB, e a reformulação do trabalho


na PNAB/2017
Essa estratégia vem trazer probabilidades maximização da oferta de
práticas integrativas e complementares, mais à frente da oferta da melhor
tecnologia disponível para parte das doenças crônicas; não obstante,
possibilita uma reflexão acerca de tratamentos baseados apenas na
medicalização de pacientes (MENDONÇA, 2009).

A Portaria nº 2.436/2017 designa o Núcleo Ampliado de Saúde da


Família e Atenção Básica (NASF-AB), mudando a antiga denominação
da sigla, transformando o escopo do remoto NASF, afastando a função
somente de apoio, ampliando a função clínica.

O NASF-AB se compõe de uma equipe multiprofissional e


interdisciplinar categorizadas por profissionais da saúde, complementária
às equipes de AB. Os profissionais que formam essa equipe, trabalham de
forma integrada a fim de atender a demanda de suporte. A equipe realiza
seu trabalho de maneira horizontal e interdisciplinar consonância com
os outros profissionais, da equipe garantindo a prestação de cuidados
assistenciais diretos à população e a longitudinalidade do cuidado.

De acordo com a PNAB,2017, a reformulação do trabalho das


A Atenção Básica como contato preferencial dos usuários na rede de
atenção à saúde orienta-se pelos princípios e diretrizes do SUS, a partir
dos quais assume funções e características específicas.

Analisa as pessoas em sua singularidade e inserção sociocultural,


buscando produzir a atenção integral, por meio da promoção da saúde,
da prevenção de doenças e agravos, do diagnóstico, do tratamento,
da reabilitação e da redução de danos ou de sofrimentos que possam
comprometer sua autonomia.

Dessa forma, relembrando o que já foi apontado em outros


capítulos, processo de trabalho na Atenção Básica de uma forma rápida,
está pontuado segundo a PNAB,2017, esta forma de trabalho vai ser
incorporada a ESF e ao NASF.(http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/
gm/2017/MatrizesConsolidacao/comum/250693.html). Compete de
22 Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família

forma geral específica à Equipe do Núcleo Ampliado de Saúde da Família


e Atenção Básica:

Planejar em conjunto com as equipes de Atenção Básica à que


estão vinculadas;

Gerenciar as filas de espera, impedindo a prática do


encaminhamento desnecessário, com base nos processos de regulação
locais (referência e contrarreferência); ampliando-a para um procedimento
de compartilhamento de casos e acompanhamento longitudinal de
responsabilidade das equipes de Atenção Básica;

Colaborar para a integralidade do cuidado aos usuários do SUS


especialmente por intermédio da ampliação da clínica, amparando
no acrescentamento da capacidade de análise e de intervenção sobre
problemas e necessidades de saúde, tanto em termos clínicos quanto
sanitários; e

Fazer discussão de casos, atendimento individual, compartilhado,


interconsulta, construção conjunta de projetos terapêuticos, educação
permanente, intervenções no território e na saúde de grupos populacionais
e da coletividade, ações intersetoriais, ações de prevenção e promoção
da saúde, discussão do processo de trabalho das equipes dentre outros,
no território.

O NASF AB, com o objetivo de acordo com a nova PNAB, vem com
a proposta de transformar o escopo do antigo NASF, separando a função
somente de apoio, ampliando a função clínica em todas as equipes.
Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família 23

RESUMINDO:
Sendo assim, em consonância com as atribuições
correspondentes de todas as equipes de atenção básica
sejam gerais ou direcionadas a configuração da equipe,
o NASF AB, tem um importante papel, junto com a eSF e
eAB, esse papel se dispõe pelo território e usuários, produz
responsabilidade solidária pelo cuidado, e amplia o escopo
de ações de AB e cooperando para o acrescentamento
da resolubilidade da AB, maximizando a capacidade de
análise e de intervenção sobre problemas e necessidades
de saúde, em termos clínicos quanto sanitários, agregando
os diversos núcleos profissionais que fazem parte
da AB. Temos algumas ações realizadas pela equipe
multiprofissional, tais como: os grupos operativos , os
atendimentos compartilhados, os atendimentos individuais,
as discussões de casos, a preparação de planos de cuidado
e as ações de educação popular e promoção da saúde.
24 Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família

O NASF AB, e a ampliação na atuação da


equipe atenção básica
O NASF-AB atenta para o trabalho interdisciplinar com as equipes,
além disto funciona como apoio a organização da clínica e do cuidado
em saúde, a partir da cooperação solidária e integração mútua com as
equipes de APS.

As ações realizadas pelos profissionais do NASF AB, ocorrem nas


unidades de atenção primária à saúde, podendo o trabalho acontecer em
espaços das academias de saúde, em domicílios e na comunidade, nas
escolas, nos clubes de mães, em centros comunitários, dentre outros.
Quanto a responsabilidade sanitária do NASF-AB ela é complementar à
das equipes de APS.

As equipes multiprofissionais do NASF AB, somam-se aos


profissionais já existentes nas equipes das Unidades Básicas de Saúde
(UBS). A integração entre os profissionais do NASF AB e outras equipes
de Atenção Básica, vão estender o raciocínio clínico, epidemiológico e
sociopolítico sobre a verdadeira realidade do território, identificando os
meios eficazes a fim de prevenção de agravos e promoção a saúde da
população.

As equipes do NASF AB, deve ater-se ao trabalho colaborativo e


interdependente, porém norteado ao planejamento das equipes da APS,
acrescentam uma análise valorativa e intervencionista sobre as demandas
e necessidades apresentadas como concretas das pessoas e grupos
sociais, no território contextualizado. Somente desta maneira o trabalho
produzirá ações virtualmente mais compreensivas do que as apontadas
em trabalhos segmentados ou realizados por apenas um profissional
aquele usuário, comunidade e família.

A dinâmica é perceber que a atenção multiprofissional interdisciplinar


não é um mero grupo de distintas pessoas com múltiplos saberes vindos
de suas várias profissões, este dinamismo pauta-se nesta atuação
conjunta de equipes dentro da APS.
Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família 25

O trabalho multiprofissional interdisciplinar acomoda um valor


agregado de olhos e escutas da equipe multiprofissional, de insights de
díspares associações de conhecimentos e de um espectro ampliado
de muitas habilidades e, por isso, tem sido analisado por critério de
qualidade da atenção primária à saúde. Para que o trabalho interdisciplinar
se harmonize e para que a coesão se constitua são imperativas
as consequentes características: a definição de objetivos gerais e
objetivos específicos mensuráveis; a implantação de sistemas clínicos
e administrativos; a clara divisão do trabalho; a educação permanente
de todos os profissionais; e o processo de comunicação efetivo. É de
principal seriedade que se constitua uma clara divisão de trabalho na
equipe (MENDES, 2016).

Com o trabalho organizado com na lógica do Apoio Matricial, não há


transferência, o usuário não é mais referenciado ou encaminhado para um
serviço especializado, mas sim compartilhado, sendo a responsabilidade
pela condução do caso da equipe de referência (CAMPOS, 1999).

Figura 1 - Síntese das ideias vinculadas ao Apoio Matricial Apoio das temáticas do
NASF e respectivos focos de atuação junto à ESF

Fonte: BRASIL, 2010.]]


26 Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família

Núcleo de Apoio à Saúde da Família-


NASF, e sua capacidade de Resolutividade
OBJETIVO:

Nesta temática você apenderá como o núcleo de apoio


à saúde da família na Atenção Primária à Saúde pauta-
se no conjunto de conhecimento e ações, que demanda
uma intervenção ampla em múltiplos aspectos visando
a qualidade de vida da população. O Ministério da Saúde
criou os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF),
que tem como finalidade de inserção da clínica ampliada
a equipe de Saúde da Família na rede de serviços e
estender a abrangência e a resolutividade das ações da
Atenção Primária em Saúde no país. O NASF faz parte
desta contribuição para resolutividade da Atenção Primária
à Saúde.

As Ações e Resolubilidade do NASF.

Desenvolver projetos e ações intersetoriais, para a inclusão e a


melhoria da qualidade de vida das pessoas com deficiência;

Orientar e informar a pessoas com deficiência, cuidadores e ACS


sobre manuseio, posicionamento, atividades de vida diária, recursos e
tecnologias de atenção para a atuação funcional frente às características
específicas de cada indivíduo;

Ampliar ações de Reabilitação Fundamentada na Comunidade


RBC que pressuponham valorização do potencial da comunidade,
idealizando todas as pessoas como agentes do processo de reabilitação
e inclusão;

Acolher, apoiar e orientar as famílias, especialmente no momento


do diagnóstico, para o manejo das ocorrências originárias da deficiência
dos seus componentes;

Acompanhar o uso de equipamentos auxiliares e encaminhamentos


quando necessário;
Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família 27

Realizar encaminhamento e acompanhamento dos indicativos


e concessões de órteses, próteses e atendimentos específicos
concretizados por outro nível de atenção à saúde;

E realizar ações que facilitem a inclusão escolar, no trabalho ou


social de pessoas com deficiência.

Desenvolver o Planejamento Estratégico, atuar, de forma integrada


e planejada, nas atividades desenvolvidas pelas ESF e de Internação
Domiciliar;

Ações que se integrem a outras políticas sociais como: educação,


esporte, cultura, trabalho, lazer, entre outras;

Elaborar estratégias de comunicação para divulgação e


sensibilização das atividades dos NASF, além de divulgar material
educativo e informativo nas áreas de atenção dos NASF;

Elaborar projetos terapêuticos individuais PTS: discussão


periódicas, realizando ações multiprofissionais e transdisciplinares.

Ações de Atividade Física/Práticas Corporais;

Ações das Práticas Integrativas e Complementares (Acupuntura e


Homeopatia);

Ações de Reabilitação;

Ações de Alimentação e Nutrição;

Ações de Saúde Mental;

Ações de Serviço Social;

Ações de Saúde da Criança;

Ações de Saúde da Mulher;

Ações de Atenção à Saúde Auditiva;

Ações de Assistência Farmacêutica;


28 Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família

Realizar diagnóstico, com levantamento dos problemas de saúde


que requeiram ações de prevenção de deficiências e das necessidades
em termos de reabilitação, na área adscrita às ESF;

Desenvolver ações de promoção e proteção à saúde em conjunto


com as ESF abraçando os aspectos físicos e da comunicação, como
consciência e cuidados com o corpo, postura, saúde auditiva e vocal,
hábitos orais, amamentação, controle do ruído, com vistas ao autocuidado;

Ampliar ações para subsidiar o trabalho das ESF no que diz


respeito ao desenvolvimento infantil;

Ampliar ações conjuntas com as ESF apontando ao


acompanhamento das crianças que risco para alterações no
desenvolvimento;

Realizar ações para a prevenção de deficiências em todas as fases


do ciclo de vida dos indivíduos;

Acolher os usuários que requeiram cuidados de reabilitação,


realizando orientações, atendimento, acompanhamento, de acordo com
a necessidade dos usuários e a capacidade instalada das ESF;

Desenvolver ações de reabilitação, priorizando atendimentos


coletivos e desenvolver ações integradas aos equipamentos sociais
existentes, como escolas, creches, pastorais, entre outros;

Realizar visitas domiciliares para orientações, adaptações e


acompanhamentos;

Capacitar, orientar e dar suporte às ações integrativas e conjuntas


dos ACS;

Realizar, em conjunto com as ESF, discussões e condutas


terapêuticas conjuntas e complementares.
Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família 29

O NASF AB, e Avaliação da efetividade do


NASF AB junto a APS
Avaliação da efetividade do NASF AB junto a APS
Objetivos definitivos de uma ação ou programa implantado. Para que
ocorra, as equipes e os gestores devem avaliar com clareza o resultado
das ações, sendo o entrosamento da equipe imprescindível, outro fator
primordial seria a definição e a pactuação prévia de mecanismos de
registro das ações e atividades prioritárias. Destaca-se que é preciso
monitorar e avaliar o conjunto das atividades do NASF para que seja
garantida a efetividade das ações que foram implementadas pelas
equipes. Quando pensamos nas atividades planejadas para resolução dos
problemas, fica presumível alistar efeitos ressalvados a partir da execução
das atividades. Sendo que alguns até podemos ter retorno imediato, pois
estes são formatados de forma imediata após a realização das ações e
são admiráveis para monitorar o cumprimento de metas de execução
das atividades. Outros efeitos das ações podem ser observados após
máximo tempo de execução destas ações, ao longo do tempo favorecerá
a abrangência do impacto ligado a finalidade principal das ações.

Ainda, as equipes NASF AB podem se organizar para acompanhar


suas ações e avaliar a efetividade, mostrando se os objetivos definidos
foram alcançados e, ainda, qual a influência de fatores de contexto, tais
como a ampliação de prática de atividade física pelos idosos do território,
melhoria de condições de mobilidade urbana, entre outras ações
preventivas que advêm para além do setor Saúde (CRUZ; ABREU, 2011).

Por fim, a comparação ao longo do tempo de implicações


evidenciadas por processos avaliativos continuados, pode-se julgar se
os objetivos definidos para o NASF AB estão sendo atendidos em suas
metas. Advertir-se que o registro adequado e o acompanhamento das
ações desenvolvidas são fundamentais para a viabilidade da avaliação da
efetividade. (BRASIL,2014).
30 Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família

REFLITA:
A Autoavaliação para a Melhoria do Acesso e da Qualidade
da Atenção Básica (AMAQ): Visa a induzir a implementação
de processos autoavaliativos para as equipes de Atenção
Básica. Essa ferramenta constitui padrões de qualidade em
conformidade com normativas e documentos técnicos e
científicos atuais e expressa as decorrências almejados.

Dentre os processos autoavaliativos compostos não apenas pela


identificação de problemas, mas ainda pela concretização de intervenções
no sentido de superá-los (BRASIL, 2012). Essa ferramenta indica o uso de
uma metodologia para a construção de matriz de intervenção na qual
será arquitetado um plano de ação, baseado em:

1. Identificação de estratégias a fim de conseguir alcançar os


objetivos/metas.

2. Atividades que serão desenvolvidas.

3. Recursos.

4. Resultados esperados.

5. Responsáveis e prazos de execução.

6. Mecanismos e indicadores para avaliar o alcance dos resultados.

ACESSE:
Assista os vídeos da Comunidade de Práticas no
NASF AB. Acesse: https://www.youtube.com/user/
comunidadedepraticas.
Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família 31

SAIBA MAIS:
A Comunidade de Práticas é uma plataforma virtual que
permite a composição de comunidades para a troca de
experiências entre trabalhadores e gestores das três esferas
do Governo do serviço de Atenção Básica à Saúde. A
produção e a construção de conhecimento compartilhado
são uma das principais atribuições da Comunidade de
Práticas. Acesse o site da Comunidade: https://novo.
atencaobasica.org.br/.
32 Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família

Processo de territorialização na
Estratégia Saúde da Família
OBJETIVO:

Neste módulo você vai conhecer melhor a territorialização,


recomendada pelo Sistema Único de Saúde, esta é
uma das pressuposições básicas da coordenação
do processo de trabalho da ESF-Estratégia Saúde da
Família. O reconhecimento do território da área adscrita a
Unidade Básica de Saúde é efetiva para a diferenciação
da comunidade e de seus problemas de em seu espaço
geográfico na saúde. Esse conhecer, vai além de uma
descrição da população adscrita e de seus serviços de
saúde demarcados por famílias, é uma eficaz ferramenta
de gestão ao falarmos do processo de cuidar e da
construção de saúde coletiva. Então vamos aprender o que
compreende a territorialização!

A territorialização na Estratégia saúde da


Família
O processo de Territorialização implica no reconhecimento dos
fundamentais atributos demográficos, epidemiológicos e culturais,
socioeconômicos, intrínsecos à população adscrita. Esse processo se
exibe como um instrumento que promove o processo de trabalho dos
profissionais de saúde na comunidade.

Um dos fundamentos da ESF é a Atenção Básica territorializada,


construída sobre uma base territorial espacialmente delimitada e seguindo
o modelo instrumentalizado na adstrição da clientela (SUCUPIRA,2003).
Na medida em que o planejamento da Educação em Saúde se afasta do
modelo biomédico e se adequa à reorientação dos sistemas de Saúde, o
conhecimento sobre o processo de territorialização torna-se ferramenta
necessária para que a transição entre tais modelos de aprendizado ocorra
de modo fluido e funcional, especialmente no contexto da Atenção Básica.
Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família 33

O mapa do território adscrito pela equipe de saúde da família e


equipe de saúde bucal é uma ferramenta do planejamento em saúde que
tem por objetivo auxiliar no processo de diagnóstico local e identificação
dos problemas e necessidades de saúde da população (LACERDA,2012).

Com o mapa definido, a equipe deverá realizar, de preferência


com os agentes comunitários de saúde e lideranças da comunidade,
uma visita às diversas áreas do bairro, buscando conhecer com mais
detalhes a área de abrangência da unidade de saúde e a área sob sua
responsabilidade. Durante esta visita, serão identificadas e anotadas
no mapa as principais características urbanísticas e sociais (LACERDA;
BOTELHO; COLUSSI,2012).:

O fluxo da população nas ruas, os transportes, as barreiras


geográficas que dificultam o acesso da população à unidade e à circulação
no bairro;

As características das moradias e do seu entorno;

As condições de saneamento básico;

A infraestrutura urbanística – características da ocupação


do espaço urbano, como ruas, calçadas, praças, espaços de lazer e
paisagismo;

As condições do meio ambiente, como desmatamento ou


poluição;

Os principais equipamentos sociais, como escolas, creches,


centros comunitários, clubes, igrejas e outros serviços que a população
utiliza para desenvolver a sua vida no território;

As áreas em situação de risco que pode ser de várias ordens.

A definição do território sob a responsabilidade da sua equipe


de saúde deve levar em conta diversos fatores. O mais importante é o
tamanho da população residente, para cada equipe na atenção básica. O
parâmetro recomendado, de acordo com as especificidades do território,
assegurando-se a qualidade do cuidado, com a Portaria nº 2.436, de 21 de
setembro de 2017:
34 Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família

4 (quatro) equipes por UBS (Atenção Básica ou Saúde da Família),


para que possam atingir seu potencial resolutivo.

Fica estipulado para cálculo do teto máximo de equipes de Atenção


Básica (eAB) e de Saúde da Família (eSF), com ou sem os profissionais de
saúde bucal, pelas quais o Município e o Distrito Federal poderão fazer jus
ao recebimento de recursos financeiros específicos, conforme a seguinte
fórmula: População/2.000.

Em municípios ou territórios com menos de 2.000 habitantes, que


uma equipe de Saúde da Família (eSF) ou de Atenção Básica (eAB) seja
responsável por toda população;

“Reitera-se a probabilidade de definir outro parâmetro populacional


de responsabilidade da equipe de acordo com especificidades territoriais,
vulnerabilidades, riscos e dinâmica comunitária respeitando critérios
de equidade, ou, ainda, pela decisão de possuir um número inferior
de pessoas por equipe de Atenção Básica (eAB) e equipe de Saúde da
Família (eSF) para avançar no acesso e na qualidade da Atenção Básica”.
(PNAB/2017).

As equipes do NASF oferecem apoio ao número de Unidades de


Saúde definido pelo Ministério da Saúde conforme a conformação da
equipe do NASF. A definição da área de responsabilidade da unidade
e das respectivas equipes é, geralmente, realizada conforme a área de
planejamento e de administração da Secretaria Municipal de Saúde, em
conjunto com as próprias unidades. Ela deve ser revista periodicamente
para corrigir problemas decorrentes das alterações demográficas e
estruturais no território. Caso essa definição não exista, ela deverá ser
feita pelas equipes e unidades de forma negociada com o nível central da
Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família 35

A territorialização e adstrição na
Estratégia saúde da Família

DEFINIÇÃO:
Territorialização e Adstrição, é diretriz que permite o
planejamento, a programação descentralizada e o
desenvolvimento de ações setoriais e intersetoriais com
foco em um território específico, com impacto na situação,
nos condicionantes e determinantes da saúde das pessoas
e coletividades que constituem aquele espaço e estão,
portanto, adstritos a ele. Para efeitos desta portaria,
considera-se Território a unidade geográfica única, de
construção descentralizada do SUS na execução das ações
estratégicas destinadas à vigilância, promoção, prevenção,
proteção e recuperação da saúde. (PNAB,2017). Para a
Política Nacional de Atenção Básica, os Territórios são
propostos com a finalidade de dinamizar a ação em saúde
pública, o estudo social, econômico, epidemiológico,
assistencial, cultural e identitário, permitindo o amplo
espectro de cada unidade geográfica e subsidiando a ação
dos atores envolvidos no processo de territorialização na
Atenção Básica, e estes, devem atender à necessidade da
população adscrita e ou as populações específicas.
36 Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família

RESUMINDO:
A territorialização se compõe pela demarcação de áreas
para o que ocorra o desenvolvimento das ações da
ESF, assim como o reconhecimento das necessidades
da população e os fatores que instituam bloqueios de
acessibilidade ao serviço. Esse processo vai permitir a
criação de vínculos entre os usuários e profissionais para
que vislumbrem com a visão holística do espaço geográfico
onde concretizam as ações e trabalham para a promoção
da saúde. A territorialização é o eixo norteador da ESF, e
por causa disto deve ser operacionalizada em toda sua
resolubilidade, e não de maneira superficial, para que
seja efetiva a sua concretização de território. Ao falarmos
em territorialização, estamos aludindo ao processo de se
viver e vivenciar um território, pela obtenção e análise de
elementos que vão subsidiar as condições de vida e saúde
de populações.

A territorialização na organização
Estratégia saúde da Família
A territorialização vem sendo usada como um dos mais importantes
pressupostos na organização das metodologias de trabalho e das práticas
de saúde no Brasil ao longo das últimas décadas. Essa proposta de práticas
de saúde fundamentada no território deve ter relevância dos sistemas de
objetos naturais e arquitetados pela sociedade, identificar os múltiplos tipos
de ações no território, como são entendidos pela população, envolvendo
nesta territorialização os hábitos, comportamentos e problemas de saúde,
cujos atributos são passíveis de identificação. Uma proposta de práticas de
saúde aprimorada no território contempla os sistemas de elementos naturais
e estabelecidos pela sociedade, identificar os múltiplos tipos de ações no
território, como são abrangidos pela comunidade, e a maneira que se utiliza
os recursos do território e da população promovem determinados hábitos,
comportamentos e problemas de saúde. Essa territorialização não está limitada
à dimensão técnico-científica do diagnóstico e da terapêutica, ou somente ao
Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família 37

trabalho em saúde, mas se amplia à reorientação de saberes e práticas na da


área da saúde, que envolve desterritorializar os contemporâneos de saberes
hegemônicos e práticas em vigor (CECCIM, 2005a).

As divisões dos Territórios SUS


O Sistema Único de Saúde (SUS) utiliza uma variedade de
nomenclatura e divisões territoriais, onde ocorre a operacionalização das
ações da equipe as quais se denominam: o município, o distrito sanitário,
a microárea, a área de abrangência de unidades de saúde, entre outras,
estas áreas de atuação podem ser de caráter administrativo, econômico
ou político, gerencial, que se arquitetam no espaço e instituem territórios
próprios, dotados de poder.

Para Brasil (2012), o processo de territorialização possibilita:


(...) o planejamento das ações prioritárias para o
enfrentamento dos problemas de saúde mais frequentes
e/ou de máxima importância e em concordância com o
princípio da equidade. O planejamento e a avaliação das
ações implantadas possibilitam a reorientação permanente
do processo de trabalho. A comunidade e instituições
intersetoriais são envolvidas nesse processo, ampliando
a compreensão da equipe em relação à realidade vivida
pela população e também o protagonismo desses atores.
(BRASIL, 2012, p.59).

A territorialização pode ser abrangida como um processo de


apropriação do território pelos serviços da atenção primária. Em termos
práticos, pode ser compreendido como o processo de criação de território
de atuação das unidades da atenção primária (FARIA, 2013).

As dimensões do território podem ser Jurídico-política,


Ambiental, Social, Cultural, Econômica. Os objetivos da territorialização:
(http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/documentos/xx_eefab/
territorio_e_territorializacao_na_atencao_basica.pdf).

Delimitar um território de abrangência;

Definir a população e apropriar-se do perfil da área e da


comunidade;
38 Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família

Reconhecer dentro da área de abrangência barreiras e


acessibilidade;

Conhecer a infraestrutura e recursos sociais;

Levantar problemas e necessidades;

Identificar o perfil demográfico, epidemiológico, socioeconômico


e ambiental;

Identificar e dialogar/parcerias com lideranças formais e informais;

Potencializar os resultados e os recursos presentes nesse território.

A territorialização comporta:

Relação de poder: poder compartilhado, portanto, é uma


construção democrática.

Estratégia: múltipla e orientada para as condições sociais de vida


e saúde.

Apropriação: expressa a responsabilização e o compartilhamento.


Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família 39

EXPLICANDO MELHOR:
A proposta de territorialização aqui esquematizada é um
esforço da equipe em vistas do reconhecimento do território
que se delimita muito além do chamado clássico processo
de territorialização que muitas vezes durante o campo de
trabalho vemos implementado na Atenção Básica à Saúde
e na ESF. Aqui, chamamos a sua atenção para a proposta,
em construção, esta vai delimitar muito tempo por parte
da equipe, pois para tanto precisamos do envolvimento
verdadeiro ativo e dialógico compartilhado por toda a gama
de profissionais. Aponta-se aqui os conteúdos, habilidades
e atitudes que de certa forma nem sempre são ofertadas
nos tradicionais processos de formação na área da saúde
para a construção de conhecimento dos profissionais. A
dinâmica das territorialidades, é permanente e processual.
A compreensão ampliada do processo saúde-doença na
complexidade dos socioespacial atual, instiga o papel do
Estado na segurança jurídica do direito à saúde. Além disso,
o fortalecimento e organização do trabalho na Atenção
Básica à Saúde, com a reestruturação desta atenção básica,
exemplificando este caso temos os Núcleos de Ampliação
à Saúde da Família e Atenção Básica (NASF AB), ampliando
a gama de profissionais propostos à relação de trabalho
com o território.
40 Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família

Figura 2 - Processo de Territorialização.

Fonte: http://globalvidaesaude.com.br.(Acesso em 13.08.2019)

EXPLICANDO MELHOR:
A territorialização concebe importante ferramenta de
organização dos processos de trabalho e das práticas de
saúde, visto que as ações de saúde são implementadas
sobre uma base territorial possuidora de uma demarcação
espacial antecipadamente determinada (Monken e
Barcellos, 2005). O implemento das práticas de saúde
com base em substrato territorial vem sendo usada por
iniciativas no âmbito do SUS, como a Estratégia Saúde da
Família, a Vigilância em Saúde Ambiental, a proposta dos
municípios/cidades saudáveis e a própria descentralização
prevista na Constituição Federal (Monken e Barcellos, 2005).
Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família 41

SAIBA MAIS:
Faça uma Leitura complementar:

FARIA, Rivaldo Mauro de. A territorialização da Atenção


Primária à Saúde no Sistema Único de Saúde e a construção
de uma perspectiva de adequação dos serviços aos perfis
do território. Hygeia, Revista Brasileira de Geografia Médica
e da Saúde, Uberlândia, v. 9, n. 16, p. 131-147, jun. 2013.

Disponível em: http://www.seer.ufu.br/index.php/hygeia/


article/download/19501/12458. Acesso em: 12 ago. 2019.

Figura 3 – Território na saúde.

Fonte: https://www.ufsm.br/midias/arco/ (acesso em 13.08.2019).


42 Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família

Territórios vivos e instrumentos


metodológicos no processo de trabalho na
ESF
Os territórios vivos, são aqueles espaços geográficos onde os
processos sociais do cotidiano se acontecem.

Os instrumentos metodológicos trabalhar o território vivo envolve:

I. Análise de elementos e relações existentes em uma comunidade;

II. Planejamento estratégico-situacional;

III. Organização dos serviços e das práticas de vigilância à saúde;

IV. A avaliação sistemática das ações e da situação de saúde da


população de uma área de abrangência.

Passos para a territorialização:

1º Passo: O reconhecimento do território por meio de visita.


Identificando de barreiras geográficas, áreas de risco, equipamentos
sociais públicos ou privados, empresas, espaços de lazer, traçados no
MAPA DO TERRITÓRIO;

2º Passo: relacionar o número de equipes ou profissionais de


saúde, definir, conforme perfil de práticas e oferta de serviço, a
capacidade de atendimento da unidade;

REFLITA:
Vamos refletir? O processo de territorialização remete as
equipes da atenção básica a construção da integralidade,
humanização e qualidade na atenção, e também da gestão
em saúde; a ampliação de um sistema e serviços adequados
no acolhimento ao usuário, a responsabilidade para com os
impactos das práticas adotadas, a efetividade dos projetos
terapêuticos singulares, da autodeterminação dos sujeitos,
que compreende os usuários, população e profissionais de
saúde, a afirmativa da vida pelo desenvolvimento , a fim de
ter a vida saudável.
EXPLICANDO MELHOR: 43
Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família
Afinal, o que é Territorialização? Vamos pensar! Podemos
descrever que é o processo de apropriação do território
pela equipe da ESF, neste território vivo, a eSF conhece as
condições em que as pessoas residem, vivem, trabalham,
adoecem, crescem, amam, e fazem parte do segmento
social no espaço geográfico que moram. O reconhecimento
implica adquirir a corresponsabilidade pelos indivíduos
e pelos espaços onde esses indivíduos se relacionam.
A adscrição da clientela à unidade de saúde não é uma
mera regionalização formatada no atendimento, mas
um processo imprescindível para determinar as relações
de compromisso com a comunidade, e o vínculo com o
usuário deste território.

RESUMINDO:
Neste módulo, você conheceu as características do
da territorialização que estão intimamente ligadas
ao planejamento em saúde, com enforcamento do
Planejamento Estratégico, além desta, identificação da
metodologia histórica de territorialidade que está arraigada
no processo de construção da atenção básica, onde se
insere e sua aplicabilidade como instrumento de gestão
dos processos de trabalho da equipe da Atenção Básica.
44 Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família

Para Mendes (1993), temos duas concepções de território aplicadas


aos sistemas de serviços de saúde:

I. Território solo: deliberado por critérios geográficos; este é


estático, portanto, não acompanha as mudanças contínuas do território;

II. Território processo: decidido por critérios geográficos, políticos,


econômicos, sociais e culturais; é dinâmico, pois segue as transformações
constantes do território.

III.Território distrito: Obedece à lógica político administrativa,


sendo adequado para municípios de grande porte, para possibilitará
aproximação entre a administração pública e a população.

IV. Território área: é um território processo, de responsabilidade de


uma Unidade de APS, enfocando na vigilância à saúde e corresponde à
área de atuação de uma, no máximo, três equipes de saúde.

V. Território microárea: é uma seção do território área de encargo


da equipe de saúde. Reporta-se à área de atuação do ACS.

Região de saúde em seus aspectos


organizativos

DEFINIÇÃO:
Afinal o que seria a região de saúde? Vamos aprender
os diversos formatos correlacionados com os territórios.
A região de saúde nada mais é que o recorte territorial,
administrativo-sanitário que comporta a integralização,
a descentralização de maneira suposta teria fracionado,
gerando para a população um espaço sanitário de serviços,
instituído pelas redes de atenção à saúde, pautadas na
inteligência sanitária que permita ao usuário, o acesso ao
roteiro terapêutico correspondente à sua necessidade.
Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família 45

O Decreto nº 7.508, de 2011, instituiu a articulação federativa,


a região de saúde, o planejamento regional, o contrato organizativo
de ação pública da saúde, as portas de entrada do sistema, e outros
elementos correlacionados. Deixando aos entes federados na região de
saúde definirem, as responsabilidades sanitárias, e estas estão ligadas
ao contrato organizativo de ação pública da saúde reforçando a sua
necessária garantia jurídica.

A região, em acordo ao disposto no Decreto nº 7.508, de 2011, é


definida em seu Art. 2º: inciso II: – Região de Saúde: espaço geográfico
contínuo constituído por agrupamentos de Municípios limítrofes,
delimitado a partir de identidades culturais, econômicas e sociais e de
redes de comunicação e infraestrutura de transportes compartilhados,
com a finalidade de integrar a organização e o planejamento de ações
e serviços de saúde. Ficando com o Estado a instituição da região de
saúde, acordada com os municípios e consideradas as pactuações nas
comissões Intergestores, será imperativa a essência de um mínimo de
ações e serviços de:

I – Atenção primária;

II – urgência e emergência;

III – atenção psicossocial;

IV – Atenção ambulatorial especializada e hospitalar; e

V – Vigilância em saúde.

IMPORTANTE:
O processo de trabalho das equipes de atenção básica
tem seu sustentáculo na busca pela longitudinalidade e
pela integralidade da atenção à saúde, na coordenação
da assistência e pela participação comunitária. Desta
forma, o conjunto de ações redesenhados nas atribuições
da equipe, no cotidianamente se reconstrói diante das
necessidades identificadas nos territórios pelos quais essas
mesmas equipes são corresponsáveis.
46 Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família

Fases da territorialização
O processo de territorialização ocorre em fases conectadas com
as atividades das equipes, incorporados na sua rotina. Vejamos as fases
(Unasus,2016):

Fase preparatória ou de planejamento


Esta Fase perpassa pela compreensão ampla do processo de
territorialização podendo ser realizada durante a reunião da ESF, através
de discussões acerca da temática com toda a equipe AB. Nesse dado
momento, as captações dos dados já estão inclusas sobre o território
podem ser alçados, sistematizados, promovendo a identificação das
necessidades de mais dados a serem coletados.

Fase de coleta dos dados/informações


Esta fase é bastante trabalhosa. Geralmente, a aquisição dos dados
é permitida por quatro díspares e complementares formas:

observações in loco;

acesso aos Sistemas de Informação à Saúde (SIS);

leitura dos prontuários dos usuários da unidade de saúde;

entrevistas realizadas com as pessoas que habitam o território.

Fase de análise dos dados


Podemos entender que os dados são determinados como
emblemas quantificáveis que simulam numericamente acontecimento ou
circunstância. É o número bruto. Mas ao falarmos da informação esta é
entendida como o conhecimento alcançado a partir dos dados, ou seja,
é a reunião ou o conjunto de dados e informações organizadas, que irão
constituir as referências sobre um determinado acontecimento, fato ou
fenômeno. (https://www.significados.com.br).

Os dados são classificados como primários ou secundários. Os


dados primários são aqueles que não foram coletados e sistematizados,
Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família 47

ao passo que os dados secundários já foram colhidos pessoas ou


instituições, organizados em bancos ou arquivos. Pauta-se aqui que na
territorialização você seguirá as fundamentais fontes de dados primários
e secundários.
Figura 3 – Fases da Territorialização

FASES
TERRITORIALIZAÇÃO

Fonte: Autoria Própria.

Temos ainda no processo de territorialização a análise situacional


em saúde se formata da seguinte maneira:

I. Permanente: O movimento do território deve ser considerado em


sua dinamicidade, o território apresenta-se como um conjunto de perfis
48 Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família

tais como: demográfico, epidemiológico, administrativo, tecnológico,


político, social e cultural, ou seja, em permanente transformação.

II. Interdisciplinar: a qualidade da análise situacional terá a visão


de diferentes saberes ao ser analisada de acordo com cada profissional.
Somente desta forma teremos a interdisciplinaridade da realidade do seu
território em vistas a população adscrita.

III. Referenciado: Pauta-se no referencial crítico de interpretação


dos fenômenos a serem analisados é de suma importância, pois assim,
evita-se que estes sejam entendidos apenas na superficialidade.

IV. Contextualizado: A adoção exclusiva de limites territoriais a fim


de analisar e atuar sobre condições ambientais e de saúde é apontada
na superficialidade, isso se mostra tanto no ambiente como os processos
sociais, que não tem limitação ao nível de um território.

ACESSE:
ACESSE o link do tutorial de territorialização, no Google
Earth, que demonstra como demarcar as áreas e microáreas
de atuação da sua equipe de saúde, como também sinalizar
o território com marcadores. Confira o vídeo. https://www.
youtube.com/watch?v=a8HWNR2ydMA
Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família 49

RESUMINDO:
Com a Unidade 4, fechamos o módulo, então vamos
repensar o que foi aprendido e resumir: de forma didática,
dividimos o território em suas três fases: a fase preparatória
ou de planejamento, a fase de coleta e a fase de análise
dos dados coletados. Aprendemos que usamos dois tipos
de dados neste processo de territorialização: os dados
coletados de natureza primária e secundária, realizados
a partir de observações in loco, acesso aos Sistemas de
Informação em Saúde, entrevistas, prontuários e registros
da unidade de saúde, entre outros. Pautamos a análise
situacional em saúde em permanente, interdisciplinar,
referenciada e contextualizada. É importante que possamos
estruturar um grupo de estudo do território, abrangendo
profissionais de saúde, moradores locais, e lideranças.
Convidar os sujeitos que fazem parte deste território, é
intencionar trabalhar com pessoas que conhecem esse
território até mais que a sua equipe, e planejar e elaborar
as ações de saúde, dentro de uma expectativa dinâmica,
a participação destes protagonistas do território vivo é
certamente abonar a acuidade, adequação e força às
futuras ações dentro do contexto real e imaginário do
espaço geográfico. O fortalecimento no trabalho com as
singularidades do contexto sócio histórico específico, aos
fluxos mais ampliados comtemplando o território em toda
a sua espacialidade e especificidade. Então terminamos
o quarto módulo, lembrando que o conhecimento assim
como o território é dinâmico e passa também por processo
de desconstrução e transformação. Nos despedimos
aqui, apenas do último módulo, porém na Estação do
Conhecimento, sempre estaremos a pegar um trem rumo a
infinita construção do saber! Obrigada! E até a próxima parada!
50 Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família

REFERÊNCIAS
ARAÚJO, MBS, ROCHA, PM. Trabalho em equipe: um desafio para a
consolidação da estratégia de saúde da família. Cienc Saude Colet 2007,
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