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Didática

Teorias, Conteúdos e Recursos


Educacionais
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS

Gerente Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
MARLY SAVIOLI
AUTORIA
Marly Savioli
Olá! Meu nome é Marly Savioli. Sou mestranda em Educação e
pós-graduada em Ética, Valores e Cidadania na Escola. Além disso,
sou formada em Pedagogia, com especialização em Administração e
Supervisão Escolar. Tenho 35 anos de experiência técnico-profissional na
área educacional, durante os quais trabalhei para escolas particulares,
Prefeituras Municipais e Assessorias Educacionais em geral.

Como educadora, exerci nas escolas diversos papéis, como


professora, orientadora educacional, coordenadora pedagógica, vice-
diretora e diretora. Por acreditar nas pessoas e na capacidade de mudar
o mundo por meio da educação, trabalho atualmente para a Fundação
Lemann como formadora de educadores e gestores educacionais,
orientando-os e subsidiando seus trabalhos com caminhos mais eficazes.
Por isso, fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de
autores independentes.

Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo
e trabalho. Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

OBJETIVO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de de se apresentar um
uma nova compe- novo conceito;
tência;

NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram que
vações ou comple- ser priorizadas para
mentações para o você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamen- atenção sobre algo
to do seu conheci- a ser refletido ou dis-
mento; cutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das últi-
assistir vídeos, ler mas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando o desen-
atividade de au- volvimento de uma
toaprendizagem for competência for
aplicada; concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Principais Teorias da Aprendizagem no Ensino............................... 10
Behaviorismo ou Comportamentalismo.......................................................................... 11

Teoria da Aprendizagem Social............................................................................................. 14

Teoria do Cognitivismo................................................................................................................ 15

Teoria Sociointeracionista.......................................................................................................... 15

Teoria da Aprendizagem Significativa............................................................................... 16

A Teoria de Henri Wallon............................................................................................................ 17

Sala de Aula: Espaço de Construção do Conhecimento para o


Aluno................................................................................................................. 18
Conteúdos Escolares e de Aprendizagem........................................ 25
Seleção e Organização dos Conteúdos..............................................30
Didática 7

03
UNIDADE
8 Didática

INTRODUÇÃO
A Didática é uma área vasta e importante na educação. Dentro do
traçado sobre o tema que estamos explorando chegou o momento de
você entender melhor o que fundamenta as teorias existentes sobre o
aprendizado dos alunos. Você perceberá que alguns teóricos foram por
caminhos muito distintos em função da linha histórica que vivenciou.

Com base nessas reflexões iniciais pretende-se avaliar o trabalho que


o professor desenvolve em sala de aula pautado nesses conhecimentos e
explorar quais caminhos contemporâneos sonhamos em trilhar.

Vamos conhecer alguns aspectos sobre os conteúdos usados para


concretizar a aprendizagem, como são escolhidos e para que servem.
Essas reflexões vão desencadear diversos outros ângulos da Pedagogia e
que fazem parte das atribuições do professor.
Didática 9

OBJETIVOS
Olá, seja muito bem-vindo a nossa Unidade 3 - Teorias, conteúdos e
recursos educacionais, nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento
das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de
estudos:

1. Conhecer as principais teorias de aprendizagem;

2. Identificar a sala de aula como espaço de construção do


conhecimento;

3. Entender a diferença entre conteúdo de ensino e aprendizagem e


a importância na construção dos objetivos de aula;

4. Entender a logística que deve ocorrer na seleção e organização


dos conteúdos.

Então? Está preparado para uma viagem sem volta rumo ao


conhecimento? Ao trabalho!
10 Didática

Principais Teorias da Aprendizagem no


Ensino

OBJETIVO:

Antes de iniciar a reflexão sobre as teorias da aprendizagem,


é fundamental que você entenda o que significa a palavra
aprendizagem, de que forma a usamos e como se
concretiza..

A aprendizagem pode ser definida como um processo de aquisição


de conhecimentos, habilidade, competências, valores e atitudes. Este,
pode ocorrer através de uma vivência, uma participação, uma troca de
ideias e a escola que tem por prioridade garanti-la.

É importante saber que ter conhecimento não significa ter aprendido


alguma coisa. Quando realmente se aprende é possível transferir esse
conhecimento para seu cotidiano, resolvendo situações diversas através
do uso do que conheceu.

Ao observar um aluno pondo em prática a teoria, é possível verificar


se houve aprendizagem ou não. Na escola, a aprendizagem é o foco
principal e é necessário entender como esse processo ocorre nas pessoas
para que ele possa ocorrer de forma agradável e eficaz.

Para efetivar a aprendizagem, você precisa entender como o


indivíduo aprende e conhecer as diferentes teorias. Isso nos ajudará a
escolher caminhos mais eficazes. Espera-se que com a aprendizagem o ser
humano seja capaz de mudar seu comportamento e facilitar seu cotidiano.

A Pedagogia reconhece várias formas de aprendizagem e na


sequência você irá refletir sobre elas e sobre as principais teorias da
aprendizagem que foram significativas na história da educação.

Cabe afirmar que as concepções de ensino e aprendizagem são


influenciadas por momentos históricos, culturais e isso indica que não é
possível atribuí-las somente a um pesquisador e sim a todo contexto em
que viveu.
Didática 11

Figura 1: A teoria sob efeito do contexto histórico.

Fonte: Editorial Telesapiens baseado na autora

Behaviorismo ou Comportamentalismo
A denominação de behaviorismo significa em inglês
comportamento, conduta, a teoria também pode ser denominada como
comportamentalista.

Essa corrente psicológica é uma das mais influentes dentro do


campo da educação, surgiu no século 20, conhecida como behaviorismo
e tem como objetivo o estudo do comportamento observável nos seres
humanos ou animais.

O nome mais proeminente dentro do Behaviorismo é o


do americano Burrhus Frederic Skinner (1904-1990). A perspectiva
behaviorista orientou o pensamento e a prática da psicologia em escolas
e consultórios, no Brasil essa abordagem teve seu auge nos anos 1970/80
durante a ditadura militar.

Durante algumas décadas essa perspectiva foi dominante nos


cursos de formação de professores e nas escolas brasileiras, pressupunha-
se que a aprendizagem é o resultado de associações entre um estímulo
e uma resposta. O estudante é visto como um ser passivo que pode ser
moldado de acordo com o desejo do professor.
12 Didática

Na atualidade esses conceitos coexistem com outras formas de


entender a aprendizagem humana. As últimas décadas de pesquisa
indicam que provavelmente essas visões são parcialmente equivocadas
ou, pelo menos, precisam ser questionadas.

Apesar de Skinner ser o nome mais conhecido e sua produção


teórica ser a mais lida e divulgada, seu trabalho teve como inspiração
as descobertas realizadas por outro psicólogo americano Edward L.
Thorndike (1874-1949). Ele queria compreender como se aprende uma
nova habilidade. Na busca de respostas à essa pergunta, ele criou uma
gaiola conhecida como a “caixa problema”. Seu objetivo era estudar
como um gato poderia encontrar uma maneira de sair da caixa. Para
isso ele colocou um pedaço de carne fora da caixa e ficou observando
quais seriam as estratégias que o gato utilizaria para escapar da caixa.
Por meio dos resultados desse experimento ele criou um princípio de
aprendizagem conhecido como a Lei do Efeito que sugere que as ações
que têm resultados agradáveis para o animal (incluindo o homem) tendem
a se repetir, enquanto que as que têm resultados desagradáveis tendem a
desaparecer (THORNDIKE, 1901).

ACESSE:

Veja o vídeo em que Kárcio Oliveira reproduz a Caixa


Problemade Thorndike: clique aqui
Didática 13

Figura 2: Condicionamento.

Fonte: Editorial Telesapiens baseado na autora

Como grandes precursores da teoria temos Ivan Pavlov e Burrhus


Frederic Skinner. Pavlov desenvolveu a teoria do comportamento em
resposta a estímulo. Explicou 3 tipos de estímulos:

•• Estímulo neutro: atribuído às reações involuntárias como, por


exemplo, aquilo que ocorre de forma instintiva. É importante
refletir que muitas reações são instintivas em relação a reação do
corpo humano. Exemplo: diante de uma luz forte, nossa pupila se
retrai.

•• Estímulo condicionado: após muitas repetições dede um


determinado estímulo, o alvo do estímulo é condicionado para
reagir de determinada forma. Exemplo: o adestramento de cães
ocorre dessa forma.

•• Estímulo incondicionado: é a resposta do organismo a um


determinado estímulo. Exemplo: se sentimos frio, nossos pêlos do
corpo arrepiam.

Nessa concepção de aprendizagem o aluno é passivo, acrítico e


mero reprodutor de informação e tarefas. A aula é centrada no professor
que controla o estudante através de recompensas e punições.
14 Didática

REFLITA:

As escolas atuais tentam modificar seu trabalho


trazendo ao aluno possibilidades de se manifestar, criar,
concluir e ser proativo. A escola que você frequentou tinha
professores que te possibilitavam esse desenvolvimento?
Ou apenas encontrou professores que centravam o ensino
em si próprios e passavam horas expondo conteúdos e
ameaçando com notas? Será a pedagogia behaviorista
ainda está presente na realidade escolar?

Teoria da Aprendizagem Social


A teoria social cognitiva de Albert Bandura (1925 -) é considerada uma
forma de behaviorismo. Bandura iniciou seus trabalhos desenvolvendo o
que ele chamou de Teoria da Aprendizagem Social e posteriormente a
denominou como Teoria Social Cognitiva.

Para este teórico as respostas comportamentais não ocorrem de


forma automática por meio de um estímulo externo, como sugeria Skinner.
O pesquisador defende a tese de que os seres humanos não podem
ser comparados a máquinas, robôs ou uma folha em branco e que nem
sempre é necessário receber um reforço para se aprender algo, pois a
aprendizagem também ocorre por meio de reforço vicário.

ACESSE:

Reforço vicário é o reforço recebido pelo modelo. Aprende-


se um comportamento mediante a observação do
comportamento e da consequência de outra pessoa.
Didática 15

De acordo com Bandura:

O aprendizado seria excessivamente trabalhoso, para não mencionar


perigoso, se as pessoas dependessem somente dos efeitos de suas
próprias ações para informá-las sobre o que fazer. Por sorte, a maior
parte do comportamento humano é aprendida pela observação através
da modelagem. Pela observação dos outros, uma pessoa forma uma
ideia de como novos comportamentos são executados e, em ocasiões
posteriores, esta informação codificada serve como um guia para a ação
(Bandura, 1977, p22).

Para Bandura (1977) existem dois tipos de reforços:

•• Reforço direto: ocorre por reforço direto. Exemplo: um prêmio


recebido após uma conquista.

•• Reforço vicariante: ocorre pela observação de um acontecimento.


Exemplo: observo que o dente de alguém dói por não ter ido ao
dentista.

Teoria do Cognitivismo
Defende a ideia de que as crianças têm fases de aprendizagem e
o processo acontece gradualmente através da assimilação, acomodação
e equilibração.

Teoria Sociointeracionista
O sociointeracionismo é uma teoria de aprendizagem proposta por
Levy Vigostky e é dividida em dois princípios.

Por um lado, defende que os educadores precisam estudar o


processo histórico do comportamento. Nesse contexto, o desenvolvimento
cultural da criança somente pode ser compreendido como um processo
vivo de desenvolvimento, formação e luta. Nesse sentido, deve ser objeto
de um verdadeiro estudo científico (LA ROSA, 2003, P. 128). Por outro lado,
reforça a necessidade de entender os fenômenos psicológicos.
16 Didática

Considerando esse entendimento, sua teoria da aprendizagem


depende da adequação entre o social e o psicológico do estudante. O
aluno para ser estimulado precisaria de um mediador que, através de
perguntas, o levaria à resposta correta.

Outra concepção criada por Vigotsky é a ZDP, Zona de


Desenvolvimento Proximal, que consiste no que o aprendiz sabe e
até onde ele pode aprender. Entre dois pontos existe um espaço a ser
desenvolvido pelo professor.

Desde os primeiros dias do desenvolvimento da criança,


suas atividades adquirem um significado próprio num sistema de
comportamento social e, sendo dirigidas a objetivos definidos, são
retratadas através do prisma do ambiente da criança. O caminho do
objeto até a criança e desta até o objeto passa através de uma pessoa
(VYGOTSKY, 1985, p. 39).

Teoria da Aprendizagem Significativa


Para David Ausubel, a aprendizagem se dá a partir dos
conhecimentos prévios do indivíduo e conduzindo o estudante a aprender
de forma prazerosa e significativa. “Os alunos sempre trazem alguma coisa
deles mesmos para a negociação. Não são como uma tábua rasa ou um
recipiente vazio que o professor deve preencher” (PELIZZATI ET AL, 2002).

Ainda, apresenta a ideia de que quando o estudante decora


um conteúdo, logo o esquecerá. Quando aprender usando caminhos
significativos de acordo com sua perspectiva, o aprendizado se consolidará
e não será esquecido.
Didática 17

A Teoria de Henri Wallon


Wallon valorizava a pessoa completa, sendo um ser social e precisa
de contextualização para o seu desenvolvimento, pois é afetada pelo
mundo externo e suas emoções reagentes a esse mundo. A aprendizagem
se dá por conflitos de desenvolvimento entre um estágio e outro.

Assim como Piaget, Wallon divide o desenvolvimento em estágios


que veremos na tabela a seguir.
Tabela 1: Estágios de desenvolvimento de Wallon.

Estágio Idade Lógica organizada

Afetividade
Impulsivo- emocional Primeiro ano de vida
predominante

Preponderância da
Sensório-motor e De 1 a 3 anos de
inteligência, sem
projetivo idade
anular a afetividade

Desenvolve
Personalismo De 3 a 6 anos personalidade
opositiva ao adulto

Desenvolve memória
Categorial De 7 a 11 anos e atenção voluntária
e seletiva

Transformações
Puberdade e Inicia por volta dos 12 físicas, emocionais e
adolescência anos sujeitos a efeitos de
hormônios

Fonte: Editorial Telesapiens baseado na autora


18 Didática

Sala de Aula: Espaço de Construção do


Conhecimento para o Aluno
A escola é um espaço privilegiado onde se pode desenvolver a
aprendizagem e a socialização dos alunos.

Mais que um espaço de ensino, é lá onde a maioria dos jovens


se desenvolve, aprendendo a cada dia, formal ou informalmente, com
professores e através da convivência.

Nesse sentido, a escola configura-se como o espaço institucional


e se constitui o palco das diversas interações, sobretudo entre os
intervenientes, professores e alunos e na relação entre eles, na qual
aparecerão a autoridade e o poder, num primeiro momento, representados
na figura do professor. Nesse contexto, a escola permite o confronto diário
com normas e regras de comportamento institucional, que vão para além
das relações pessoais e informais (GOUVEIA- PEREIRA, 2008).

Como a sociedade está em constante transformação, a escola


acompanha tal processo e também sofre algumas mudanças, justamente
por não saber lidar com a metamorfose evidente.

As famílias passaram por grandes transformações, pois o que era


a pouco tempo formado por pai, mãe e filhos, atualmente constitui-se
por diferentes arranjos familiares. A família nuclear com filhos biológicos
deixou de ser o modelo predominante.

Devido as mudanças sociais, econômicas, política e tecnológicas


surgiram novos arranjos familiares, tais como: família adotiva temporária;
casal sem filhos; família monoparental; casal homossexual com ou sem
filhos; família reconstituída depois do divórcio etc.
Didática 19

Figura 3: Reconfiguração familiar.

Fonte: Editorial Telesapiens baseado na autora

A tecnologia invadiu o mundo e com ela a escola enfrenta uma


crise em que os alunos têm mais acesso à informação do que a escola,
onde muitos professores ainda não sabem usar o computador, quanto
mais usá-lo como apoio pedagógico.

Diante dessa realidade, a escola pode-se tornar obsoleta e


desmotivadora, ou seja, um grande desafio aos educadores que se
deparam com os alunos diariamente e precisam constantemente estarem
em formação para conseguir lidar com essas situações.

Para Saraiva (2004, p. 142), a escola, hoje, não é mais a principal


detentora do saber. O papel do professor somente como transmissor
do conhecimento não tem mais lugar nesse espaço. É mais importante
indicar onde o aluno pode encontrar as informações de que necessita
para a construção do seu saber e como poderá transformá-las em
conhecimento do que ser um repassador dos conteúdos de sua área.

Diante dessa realidade, a chamada “educação bancária”,


denominada por Paulo Freire, já não atende ao seu objetivo.
20 Didática

Figura 4: Formas de diálogo.

Fonte: Editorial Telesapiens baseado na autora

É preciso um professor que saia da figura de detentor do saber para


que seja mediador, ouça os alunos e, assim, possa conhecê-los e usar
esse conhecimento para atrair sua atenção.

É fundamental entender que o conhecimento científico pode ser


ensinado, porém de forma a ser recriado. O aluno deve ser protagonista na
aprendizagem e saber transformá-la significativamente para o uso cotidiano.

Sendo a sala de aula o local escolhido para que ocorra o ensino-


aprendizado, o professor precisa estar ciente de que é um desafio. Lá
encontrará culturas diferentes, religiões diferentes, opções de vida
diferentes e todas elas devem ser consideradas e respeitadas.

Para além disso, é preciso lembrar que mesmo havendo uma


caracterização da comunidade escolar, cada sala de aula tem suas
características. Aquele que ministra aulas em várias salas sabe disso, pois
reconhece as diferenças que são geradas pelo grupo estabelecido.

A relação que se estabelece entre professor e aluno é um agente


fundamental para o sucesso ou insucesso na aprendizagem. A forma
como o professor conduz sua aula e sua postura diante de ações dos
alunos definirá a cultura que se instalará na sala de aula. Por exemplo, se
um professor for muito permissivo talvez seja amado pelos alunos, mas
Didática 21

muitas vezes não consegue manter disciplina suficiente para desenvolver


sua aula e garantir a aprendizagem. Por outro lado, se o professor tiver
uma conduta mais disciplinar e comportamental, poderá ser odiado pelos
alunos, mas garante a disciplina durante a aula.

O professor pode ser amigo dos alunos, desde que garanta que
haja aprendizado e respeito em sua aula. Poderá também ser uma pessoa
mais rígida, mas deve garantir que haja interação entre professor e aluno.

Para um professor exercer sua profissão precisará buscar um


equilíbrio entre suas concepções de mundo, o respeito às concepções
diferentes e a concepção da escola. Isso só acontecerá com ajuda de
uma equipe técnico-pedagógica constante que permitirá ao professor
aprender a respeitar o que é diferente, já que muitos foram formados em
escolas com propostas pedagógicas mais tradicionais.

Existem condições básicas para que o professor atinja seus


objetivos educacionais. Uma delas é o domínio do que deverá ensinar.
Se o professor não domina a ciência que ensina, também não encontrará
caminhos razoáveis para ensinar aos alunos.

Outra questão é o de preparar suas aulas. Muitos professores dizem


que não precisam mais preparar aulas, pois já são professores a muito
tempo e sabem exatamente o que fazer.

Na sala de aula há alunos de diversas culturas, o que requer


do professor um olhar diversificado para seu planejamento. O professor
precisa saber o que vai ensinar e como vai ensinar, pois precisa garantir
a motivação dos alunos e ter consciência que a sala de aula muitas vezes
conta somente com a lousa e o giz como recursos.

Não é possível simplesmente “tagarelar” frente à uma sala sobre


determinado assunto, sem permitir um diálogo com os alunos. Dessa
forma esse professor cairá na forma tradicional do ensino, onde a
recompensa e a punição serão o aspecto motivador. As notas serão a
punição ou recompensa.

Ainda pensando em planejamento, é preciso ensinar a muitos


professores como construir objetivos e como escolher a dinâmica
22 Didática

que usará em sala para alcançar esse objetivo. Dessa aprendizagem


dependerá todo o trabalho pedagógico a ser desenvolvido.
Figura 5: Definição de conteúdos.

Fonte: Editorial Telesapiens baseado na autora

Se considerarmos que os alunos são “burros”, com certeza


seremos professores medíocres, professores que somente querem
garantir o mínimo de aprendizagem. Ao contrário disso, se tivermos altas
expectativas de aprendizagem, o aluno sentirá essa sua expectativa e
corresponderá ao planejamento mais exigente.

Estamos falando agora de criar um clima escolar de Altas


Expectativas Acadêmicas, é importante saber que os alunos leem nossa
postura, nossa intenção e o que pensamos deles. Se você prepara uma
aula rasa, os alunos saberão que sua aula é rasa e não precisam de
muita dedicação para acompanhá-la ou, ainda, se você sempre aplicar
provas muito fáceis, o aluno vai parar de estudar.

Lembre-se de seus professores e pense naqueles que você


reconhecia que trariam uma aula sem muitas exigências e outros que
você sabia que precisava se preparar, pois o professor iria explorar tudo o
que puder de você. Em qual dessas aulas o aluno aprende mais?

Perguntem-se sempre que forem entrar em uma sala de aula:


como você quer ser lembrado? Como o professor bonzinho ou o professor
que garantiu a aprendizagem?
Didática 23

Segundo Mendonça (1987, p.33), o professor como agente ativo


é responsável pelo norte do seu trabalho docente em oposição ao
mero executor de tarefas definidas por outros. Um segundo ponto seria
considerar os saberes tácitos dos professores e não ter somente os
saberes acadêmicos como válidos e, por último, reconhecer a construção
da prática do professor como um processo contínuo a ser aprimorado no
decorrer de sua vida.

Vale ainda insistir que não existe uma maneira apenas de garantir o
aprendizado, são muitos os caminhos e você pode conhecer alguns nas
teorias da aprendizagem que foram apresentadas anteriormente.

Além do mais, o que funciona hoje com os alunos pode não


funcionar amanhã, por isso o professor precisa ser um pesquisador de sua
própria prática.

Sempre que o professor planeja uma atividade ele deve avaliar se


na prática foi produtiva ou não. Aquilo que se evidenciar como produtivo
deve ser garantido em outros momentos, o que não funcionar deve ser
readequado. Dessa forma, o professor vai pesquisando sua própria prática
e é isso que chamamos de pesquisa-ação.
Figura 6: Pesquisa-ação.

Fonte: Editorial Telesapiens baseado na autora


24 Didática

A escola e a sala de aula não querem mais um transmissor do


conhecimento, querem um educador que além de ensinar de forma
progressista, também desenvolva os “aspectos cidadãos” dos alunos.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9394/96 traz em seu Art. 1º:

A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem


na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de
ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade
civil e nas manifestações culturais.

Considerando essa diretriz o aluno deve ser desenvolvido


integralmente e, para isso, precisamos professores dispostos a se
desenvolverem também.

Observando que a sala de aula é o local onde os professores vão


desenvolver todas as questões mencionadas acima, devemos enxergar
esse profissional como um ator principal na história da humanidade. Sobre
isso, Moura (2001).

Ao falar da gestão do conhecimento pedagógico, enfatiza entre


outros aspectos, o processo de tomada de decisões pelo professor sobre:
que conteúdo trabalhar? Com qual objetivo? De que forma? Com quais
recursos? Em que tempo? Para qual aluno? Para que tipo de sociedade?
Didática 25

Figura 7: Definição de conteúdos.

Fonte: Editorial Telesapiens baseado na autora

Conteúdos Escolares e de Aprendizagem


Iniciemos esse tema realizando algumas perguntas:

1. O que eu aprendi na escola é útil para a minha vida?

2. Em que momento apliquei a equação do segundo grau para


resolver um problema cotidiano?

3. Consigo relacionar o conhecimento científico

4. adquirido com a sociedade?

5. Resolvo meus problemas cotidianos com base na aprendizagem


recebida?

Essas perguntas não foram introduzidas sem intencionalidade. Elas são


para que fique registrado que ao escolhermos determinados conteúdos eles
26 Didática

serão interessantes quando relacionados ao cotidiano e desinteressantes


quando não consigo entender o motivo de aprender aquilo.

Pietrocola (1999) afirma que,

Em geral, os alunos não veem as teorias científicas como capazes


de gerar explicações engenhosas sobre situações conhecidas. A cor do
céu, a eletricidade atmosférica, os diferentes tipos de materiais presentes
no cotidiano não são temas tratados na escola e acabam recebendo
explicações personalizadas, influenciadas por crenças, mitos, e todo tipo
de informação não-científica. O conhecimento científico aprendido pelos
estudantes parece incapaz de operar sobre essas situações e em muitos
casos leva-os a conclusões contrárias àquelas encontradas no dia-a-dia.

Para darmos continuidade a esse tema vamos primeiro entender o


que significa “conteúdo”. Segundo o dicionário Aurélio, essa palavra pode
ser definida como assunto, dizeres de uma carta, o contido em caixa de
qualquer invólucro.

Os conteúdos escolares são, dessa forma, os assuntos que serão


ensinados em sala de aula. Para Antoni Zabala (2010) existem distintos
conteúdos e são eles: conceituais, procedimentais e atitudinais.

Os conteúdos conceituais são fatos, informações, resultados


de pesquisas construídos ao longo da história. Os conhecimentos
procedimentais referem-se ao saber fazer, ou seja, a aplicação dos
conceitos na prática. Já os conteúdos atitudinais são aqueles referentes
as ações. Como queremos que nossos alunos sejam como cidadãos?
Daí encontramos nos Parâmetros Curriculares Nacionais os temas
transversais e na Base nacional Comum Curricular (BNCC) as habilidades
socioemocionais.

Toda essa reflexão embasa a responsabilidade no momento de


escolha de conteúdo, ou melhor, na construção do currículo.

Lembremos então, que existe toda uma legislação que orienta esse
momento, essa legislação norteia todo o país: trata-se da BNCC (Base
Nacional Comum Curricular).
Didática 27

Figura 8: Influências curriculares.

Fonte: Editorial Telesapiens baseado na autora

Na sequência, temos as regulamentações regionais e por fim,


o Projeto Político Pedagógico (PPP) onde o conteúdo tomará forma e
objetividade. Mas como escolher esse conteúdo?

Os conteúdos podem ser conceituais e procedimentais. Conteúdo


procedimental é citado nos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN
como:

Procedimentos que expressam um saber fazer, que envolvem


tomar decisões e realizar uma série de ações, de forma ordenada
e não aleatória, para atingir uma meta. Os conteúdos procedimentais
sempre estão presentes nos projetos de ensino pois realizar uma
pesquisa, desenvolver um experimento, fazer um resumo, construir uma
maquete são proposições de ações presentes nas salas de aula. (PCN
Apud Nogueira, 2001,p.20)

Portanto, o conhecimento conceitual deverá levar à uma aplicação.

Na escola o termo “conteúdo” é entendido como os conhecimentos


que serão ensinados em sala de aula. Por exemplo, para saber realizar uma
leitura é preciso antes dominar a decodificação das letras. Geralmente no
28 Didática

início da escolaridade são ensinadas, independente da forma, práticas de


leitura, escritas diversas etc.

As controvérsias que rondam o momento da escolha de conteúdos


em cada disciplina iniciam incluindo a visão de professores. Para alguns,
quanto mais conteúdo, melhor. Para outros, é preferível menos mas
garantir a verdadeira aprendizagem.

Nogueira sugere que os professores se questionem ao escolher os


conteúdos, com o objetivo de que sejam contextualizados e significativos.
Indica que respondam as seguintes perguntas:

•• Para que é importante esse tópico?

•• Qual é a relação dessa unidade com as anteriores e com as


próximas?

•• Como contextualizar esse conteúdo no cotidiano do aluno?

•• Como posso trabalhar essa unidade de forma procedimental e


atitudinal?

•• O que aconteceria ao aluno se eu não ministrasse essa unidade?

Observem que são perguntas que irão fundamentar a escolha do


conteúdo pelo professor. O ideal seria que antes de escolher o conteúdo a
ser ensinado, fosse determinado o objetivo de cada aula, de forma a ficar claro
aonde se quer chegar, deixando a escolha do conteúdo mais consciente.
Mas como definir um objetivo? Para definir um objetivo específico
é preciso saber o que o professor espera do aluno ao final de uma aula e,
pensando em um objetivo geral, o que espera ao final de um bloco de aulas.
Parece muito simples, mas muitos professores se confundem com
isso e substituem pelo seu objetivo como professor (objetivo de ensino),
quando na verdade o objetivo que precisamos é aquele que explicita o
que o aluno deve saber fazer ao final da aula (objetivo de aprendizagem).
Ensino é diferente de aprendizagem, trata-se do foco do professor.
A aprendizagem é o foco do aluno. As duas coisas se relacionam e se
interdependem, mas são diferentes.
Vamos ver um exemplo de objetivo de ensino e um de aprendizagem.
OBJETIVOS:
Didática 29

1. Ensinar a leitura de tabelas.


2. Interpretar tabelas.
Verifique que o primeiro objetivo é de ensino, ele foi pensado no
que o professor deve fazer. O segundo objetivo é de aprendizagem, ele
foi pensado no que o aluno deve saber.
Devemos considerar o que Doug Lemov apresenta em seu livro
“Aula nota 10”, onde afirma que um objetivo específico precisa ser pelo
menos viável e mensurável.
Figura 9: Critérios fundamentais do objetivo.

Fonte: Editorial Telesapiens baseado na autora

Viável é verificar se o objetivo pode ser conquistado no período


determinado. Veremos quais objetivos não podemos, por exemplo, querer
ter para 50 minutos.

Exemplo de objetivo inviável: conhecer e relacionar todos os ossos


do corpo com seus respectivos músculos.

Percebam que não dá para ensinar tudo isso em uma aula.

Outro aspecto é pensar em objetivos que sejam mensuráveis.


Exemplo de objetivo não mensurável: gostar de ler poesias. É possível
medir se alguém gosta ou não de ler? Não. Dessa forma, a definição
de objetivo é outro processo que precisa ser muito trabalhado com os
professores.
30 Didática

Ainda no livro de Doug Lemov, encontramos mais dois critérios que são:

•• Prioritário: que seja um objetivo que faz parte do currículo


estabelecido.

•• Definidor: que seja um norteador às atividades e vice e versa.

Voltando aos conteúdos, a partir do momento que o professor sabe


o que esperar do aluno, será mais fácil definir o conteúdo a ser trabalhado
no currículo.

Já os objetivos de aprendizagem, esses estão relacionados a uma


seleção do que esperamos que os alunos saibam fazer ao final de um
processo de ensino.

Como características, os verbos que iniciam o objetivo devem estar


no infinitivo, ou seja: falar, escrever, ler, analisar, etc.

Bloom apresenta sua taxonomia, nível de profundidade das


aprendizagens. A teoria baseia-se no fato de que um indivíduo
somente pode compreender e aplicar um determinado conceito depois
que conhecê-lo.

SAIBA MAIS:
Sendo de extrema importância, acredito que seja
interessante que leiam Taxonomia de Bloom: Revisão
teórica e apresentação das adequações do instrumento
para definição de objetivos instrucionais de Ana Paula
do Carmo Marcheti Ferraz e Renato Vairo Belhot. Está
disponível pelo link:

Seleção e Organização dos Conteúdos


Para selecionar os conteúdos das disciplinas precisamos ter uma
lógica que oriente essa ação. Precisamos ter clareza sobre quais são as
propostas da escola onde será ministrado. No que você acredita, onde
quer chegar, sua forma de organização curricular.
Didática 31

Existem propostas diversas de organização curricular, inclusive


visando uma educação individualizada, onde cada aluno terá sua
organização de acordo com suas necessidades.

Em relação a isso, é preciso pensar que as dificuldades de


aprendizagem podem estar relacionadas a diferentes fatores, desde a
metodologia utilizada pelo professor até problemas que se originam
no próprio estudante. Esses estudantes que apresentam problemas
relacionados à questões psicopedagógicas já têm regulamentado por
lei o direito de ter uma organização de conteúdos que atenda às suas
necessidades.

Antes de mais nada é preciso ter definido o Projeto Político


Pedagógico que orientará os trabalhos da unidade escolar, sempre
objetivando atender as necessidades específicas locais. Determinado o
projeto, precisa ficar claro aos professores o que se espera deles e, por
isso, a construção do PPP deve contar com a ajuda do corpo docente.

O passo seguinte é verificar se a escola é apresentada por disciplinas


ou módulos, suponhamos que é por disciplinas. Neste caso, é preciso ter
clareza sobre a estrutura de cada disciplina e, dentre o Currículo Nacional,
o que será ensinado e como.
Figura 10: Organização disciplinar.

Escola organizada por disciplinas

Língua Portuguesa

Matemática

Ciências

Inglês

História

Geografia

Etc.

Fonte: Editorial Telesapiens baseado na autora


32 Didática

É preciso levar em conta a inter-relação entre os conteúdos, o


grau de complexidade para o aluno, sua idade e os pré-requisitos que
necessita para entendimento, além do tempo disponível em sala de aula
para atingir os objetivos. Parece simples, mas a organização didática que
a escola escolheu será de grande influência no momento de organizar os
conteúdos.

Vejamos, por exemplo, uma escola que trabalha disciplinarmente,


tratando as disciplinas separadamente sem haver a necessidade de
relacioná-las. Trata-se da escola que normalmente conhecemos, apesar
de ultrapassada.

Morin (200, p. 105) conceitua disciplina como uma “categoria


organizadora dentro do conhecimento científico, a qual a institui a divisão
e a especialização do trabalho, sendo diversas como as áreas das ciências
humanas, biológicas e exatas.”

De início, as disciplinas devem definir seus objetivos gerais, depois


específicos para cada série/ano e responder às perguntas citadas acima.

Respondido isso, a sequenciação precisa ser garantida. Não


podemos ensinar a equação do segundo grau se os alunos não sabem
contar. É preciso uma linearidade coerente na apresentação dos
conteúdos.

Vejamos a área de Língua Portuguesa, em que um de seus objetivos


gerais é produzir diferentes tipos de textos orais e escritos, considerando
a situação de uso e refletir criticamente a respeito dessa prática da
linguagem.

Se vamos ensinar a produção de textos orais e escritos, devemos


pensar qual a sequência de conteúdos a serem trabalhados para que o
aluno desenvolva as habilidades de realizar a escrita e a leitura de forma
autônoma.

Primeiramente é preciso garantir o domínio da leitura e escrita, o


que pode ser atribuído ao 1º e 2º ano do Ensino Fundamental. Apesar de
saber ler e escrever, ainda existem questões como gramática, coesão,
coerência, etc.
Didática 33

Todas essas questões devem ser distribuídas uniformemente de


acordo com a capacidade de compreensão do estudante, o que está
relacionado a fatores de ordem cognitiva, emocional, cultural entre outros.

Os assuntos podem ser oferecidos de forma básica inicialmente e


em cada série seguinte vai sendo aprofundado. Por exemplo, o aluno
pode escrever um pequeno texto ao final do segundo ano, mas nas
séries seguintes serão exploradas possibilidades de aumentar o grau de
dificuldade e complexidade dos temas trabalhados.

Dessa forma, os conteúdos pensados disciplinarmente devem ser


elencados atendendo à essa coerência e permitindo que os alunos se
apropriem gradualmente do que é ensinado.

Agora vamos pensar no oposto dessa proposta. Vamos pensar em um


Ensino Transdisciplinar. Como afirma Morin (2009, p. 20), o conhecimento
torna-se pertinente quando é capaz de situar toda a informação em seu
contexto e, se possível, no conjunto global no qual se insere”. Pensando
dessa forma os conteúdos seriam trabalhados conjuntamente, ou seja,
através de projetos, onde o aluno na busca da solução dos problemas
apresentados, aprenderia os caminhos, e mesmo o conhecimento
científico, que embasa as ações necessárias para essa resolução.

Comparando, o ensino transdisciplinar é baseado em fenômenos


ao invés de assuntos, de forma a fazer referência a um tópico ou tema de
interesse (HERINGER, 2015).

Dessa forma, as disciplinas não são extintas, mas o fenômeno


explorado torna-se o referencial que promove a conexão entre elas.

Mesmo dessa forma a coerência no momento da escolha é


fundamental e pensando em cada aluno e suas características, é preciso
escolher qual projeto poderá ser desenvolvido. A partir daí, é preciso
pensar quais conteúdos de cada disciplina serão explorados e quais estão
diretamente ligados ao projeto e a visão de mundo que se espera.

Parece complicado? Essa forma de ensinar ainda está sendo


explorada e poucos países ousaram adotá-la. Um dos casos que
podemos citar como exemplo de adoção é a Finlândia, que aos poucos vem
34 Didática

transformando seus currículos em função de projetos transdisciplinares e


terão muito o que nos ensinar em breve.

SAIBA MAIS:

Para saber mais sobre o que exploramos nesta unidade,


recomendo o acesso aos textos:

Teorias educacionais: expressão e resposta de um projeto


social. Maria de Loudes Longhini Trevisan. Disponível aqui

Conteúdo: Natureza, seleção e Organização. Maria Altair


Farias Galvão. Disponível aqui

Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos o acesso


à seguinte fonte de consulta e aprofundamento:

Artigo: “A Importância e Influência do Setor de Compras nas


Organizações” (FRANCO & VALE), acessível pelo link:

RESUMINDO:

Existem várias teorias sobre como ocorre a aprendizagem.


Aprendizagem no sentido amplo, que é mais do que
conhecer, é entender e saber aplicar. Como o objetivo
da escola é garantir a aprendizagem, nós educadores
devemos ampliar nossos conhecimentos e inteirar-nos
sobre os grandes pesquisadores e suas conclusões como
Piaget, Skynner, Wallon e outros. Além disso, toda teoria
sofre influência do momento sócio-histórico onde ela
foi construída e a escolha dos conteúdos passa por um
processo de atender às necessidades, valores, missão e
organização curricular de cada escola.
Didática 35

REFERÊNCIAS
GARRIDO, Elsa. Sala de aula: espaço de construção do
conhecimento para o aluno e de pesquisa e desenvolvimento
profissional para o professor. In: Ensinar a ensinar : didática para a escola
fundamental e média[S.l: s.n.], 2001.

HERINGER, V. (01 de Abril de 2015). Finlândia terá 100% das


escolas transdisciplinares. Acesso em 30 de Março de 2016, disponível
em Instituto Embratel Claro: https://bit.ly/2XB1mqG.

LA ROSA, J. (Org). Psicologia e Educação: o significado do


aprender. 7. ed. Porto Alegre: Edipucurs, 2003.

MORIN, Edgar. Educação e Complexidade: os sete saberes e


outros ensaios. São Paulo: Cortez, 2009.

PELIZZARI, A; KRIEGL, M. L; BARON M.P; FINCK,

N.T.L; DOROCINSKI, S.I......Teoria da aprendizagem significativa


segundo Ausubel. Rev PEC. 2001- 2002; 2(1): 37-42.

SARAIVA, I. S.. Aprendendo com alunos: uma experiência dialógica


no curso de pedagogia anos iniciais. In. MUHL, E. H.; ESQUINSANI, V. A.
(Orgs.). O diálogo

ressignificando o cotidiano escolar. Passo Fundo, RS: UPF Editora,


2004. p. 124-152.

Thorndike, E. L. Animal intelligence: An experimental study of


the associative processes in animals. Psychological Review Monograph
Supplement, 1901, 2, 1-109.

VYGOTSKY: Uma Perspectiva Histórico-Cultural da Educação,


Teresa Cristina Rego, 138 págs., Ed. Vozes,

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