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DOCUMENTÁRIO – parte 01
Sábado. Final da tarde. Eu, na casa dos meus sogros, recém havia saído
da piscina. Meu telefone toca. Decido atender. Acho que todo Storyteller
tem uma certa intuição, um faro para os bons trabalhos. Digo isso porque
eu poderia muito bem ter abandonado o celular e mergulhado na piscina.
Meus olhos se cruzaram com os de Cícero, meu filho, que na época estava
com quatro meses recém completos. Eu, que tinha prometido ficar um
tempo sem me agarrar a grandes projetos, de cara já entro em um
dilema. Vale a pena sair, trabalhar, ganhar um cachê bom, mas me
ausentar? Pensei numa situação: se o meu filho decidisse trabalhar com
cinema, o que eu diria a ele naquele momento?
Minha resposta seria: aceite os trabalhos que não ferem sua ideologia e os
trabalhos que te façam crescer, profissional e financeiramente.
Eu fiquei tranquilo.
-Beleza
-Mulher
-Momento
-Prazer
-Cheiro
-Sensações
O rascunho do argumento criou uma ordem para isso. Endereçou estes
temas. Fez uma amarra entre eles e terminou com um panorama do que
realmente era o charme feminino. Eu ainda não tinha narrativa. Era apenas
um rascunho, uma proposta.
Dormi. Era tarde. Duas ou três da manhã. A reunião geral era às 10h do
outro dia. Acordei às 6h30, tomei banho, passei café, assisti algumas coisas
na TV, li meus e-mails. Você precisa se desapegar. Não confie em ideias
que surgem como um vômito. Confie em ideias que você escreveu, releu,
analisou, comentou em voz alta, tomou mais café, olhou seu Facebook.
– Marcelo, não temos tempo para trazer as imagens de volta e você sentar
com o montador.
Percebo que todos na mesa me olham. Sim, a frase era importante mesmo.
Eu não respondo. Quem toma a frente é o Diretor Geral: