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Saudade que pode ser vencida

Ato único

Personagens:

Marcelo

André

Carla

Fernanda

Pedro

Marcia

Stéfany

Cristina

Cena 01: O grande encontro.

(Cenário: uma praça)

(entra em Cena Marcelo senta em um banco da praça, logo em seguida entram em cena
Fernanda, André e Carla, sentam-se um pouco afastado de Marcelo)

André – cara que jogão, de ontem, diz ai o Mengão arrasou ou não?

Carla – Se liga mano, aquele jogo foi roubado, o juiz estava comprado.

Fernanda – Para com isso, admite que o meu timaço é melhor que o teu.

Carla – nunca será, o meu pode até estar em uma má fase, mas vai voltar a ser o melhor, vocês
vão ver.

(Fernanda vê Marcelo sentado no banco)

Fernanda – Galera olha lá o Marcelo

André -- É mesmo, o que ele está fazendo ali sozinho?

Carla – Ele parece meio triste, vamos chamar ele para ficar com a gente.

(André vai até Marcelo e traz ele até os outros amigos, e todos se sentam)

Fernanda (para Marcelo) – Está tudo bem, você parece estar meio triste?

Marcelo – está sim, eu só estava afim de ficar sozinho hoje, mas está tudo bem.

(o telefone da Carla toca, ela olha o visor e vê que é sua mãe)

Carla – Que saco, eu não posso ficar meia hora fora de casa que essa chata, já me liga.
Fernanda – mãe é tudo chata, né, cara vocês tem noção que minha mãe, me acorda todos os
dias, uma hora antes do horário de eu ir para a escola, ela é insuportável, me enche o saco
com essa história de não chegar atrasada na escola, a voz dela de manhã me acordando
chega a me irritar, se torna insuportável ouvir aquela vós todos os dias.

André – Isso não é nada se comparado a minha mãe, ela quer saber com quem eu ando,
quem são meus amigos no Facebook, reclama de tudo, se eu deixo a toalha molhada em
cima da cama, se eu não lavo o meu prato, reclama que a casa está suja e eu não limpo,
reclama quando eu chego tarde em casa, se fossem escolher a pior, a mais chata, reclamona,
irritante e insuportável mãe do mundo, ela ganharia em primeiro lugar.

Carla – engano seu meu caro, a minha mãe ganharia com certeza.

Fernanda – Eu acho que daria empate, cara mãe é tudo igual, todas elas são muito chatas e
insuportáveis.

Stefany – Minha mãe até que é legal, ela é minha amiga, agora quem são os chatonildos,
irritantes e insuportáveis lá de casa, são: o meu pai e o meu irmão, se os dois morrem, não
vão fazer falta para ninguém.

André (para Marcelo) – Cara a tua mãe é chata também?

Marcelo – Não minha mãe é mais chata.

Carla – Você deve ser muito feliz, ter uma mãe que não é chata.

Fernanda (para Marcelo) – eu queria ser você, cara quer trocar comigo, eu fico com a tua mãe
que não é chata e você fica com a minha que é insuportável.

Marcelo – Você não iria querer trocar com certeza, sabe do que eu tenho mais saudade,
(pausa) de quando ela me acordava cedo para eu ir para escola, de quando ela reclamava da
bagunça do meu quarto, de quando ela ficava de olho nas minhas conversas no whatZapp,
quando ela queria saber quem eram meus amigos no Facebook, quando ela reclamava
quando eu chegava de madrugada em casa, com essa mesma voz que hoje vocês dizem que
é irritante para vocês, como eu tenho saudade.

André – Como assim você tem saudade, você está morando sozinho?

Carla –Cara, para; vai dizer que você tem saudade da chatice da tua mãe, é isso mesmo?

Marcelo – Eu tenho saudade é da minha mãe (pausa) ela morreu de câncer, ontem fez um
ano, como eu me arrependo das vezes que ficava horas fora de casa, só para não ou vir ela
falar, se eu pudesse voltar no tempo, eu a abraçaria mais vezes, diria mãe eu te amo, eu faria
muito mais, mas agora é tarde demais, só sobrou pra mim a saudade dela, o que mais doí
aqui dentro, é que essa saudade eu não posso vencer, não dá para matar ela, não dá voltar
atrás, não dá para mudar a situação, dê valor a seus pais enquanto eles estão perto, abraça
beija, faz carinho, recebe carinho deles, escuta o que eles falam, ainda que seja uma
reclamação, aproveita o tempo que vocês passam com eles, porque, tudo o que te irrita, um
dia pode se o fator de saudade, quando não der mais para abraçar, beijar dar e receber
carinho, atenção, só vai restar a saudade que não pode ser vencida.

Fernanda – eu sinto muito, Fernando (pausa) eu posso te contar um segredo, que ninguém
sabe (risos) nem a chata da minha mãe (pausa) eu morro de saudades do meu pai, de
quando ele brincava comigo, me fazia sorrir, quando eu estava triste, de tantas coisas, dói
aqui dentro, eu não falo com a cinco anos

André (para Fernanda) – Como assim, você não fala com teu pai a cinco anos? ele mora a
cinco quarteirões da tua casa.

Fernanda – Na ultima vez que eu estive com ele, nós discutimos, falamos coisas horríveis um
para o outro, eu saí de lá disposta a nunca mais voltar.

Carla – se você está com tanta saudade, por que não procura ele pra conversar, sei lá pedir
perdão, perdoar essas coisas.

Fernanda – não dá.

Marcelo – porque não dá?

Fernanda – tem muita mágoa, e além do mais meu orgulho não deixa.

Cristina – Sabe, eu sinto falta da minha melhor amiga, ela era demais, contávamos tudo uma
para outra, eu dormia na casa dela, ela dormia lá em casa, éramos inseparáveis, mas tudo
isso acabou, quando ela ficou com o menino que eu gostava, desse dia em diante eu nunca
mais falei com ela.

Marcelo – Sabe qual o maior problema da nossa geração, é que nós preferimos administrar a
saudade, alimentar ela, ao invés de matá-la. De por um ponto final nessa dor, tem pessoas
que morre de saudades do pai, mas por conta de uma palavra , não consegue mais olhar nos
olhos, de abraçar de beijar, de ouviu a voz, tem gente que morre de saudade da voz mãe,
mas por conta de uma amizade a qual ela não aceitava, não dirige mais a palavra a mãe, e
muito menos escuta o que ela fala, vivem um eterno silêncio, dentro da própria casa, tem
pessoas que tem saudades dos melhores amigos, de tudo que passaram juntos, mas por
conta de uma fofoca, de ações erradas, namorados, ficantes, e tantas outras não se
encontram mais, não trocam mensagens, não andam na mesma calçada, preferem conviver
com a dor da saudade, a pedir perdão, a perdoar, a se olhar nos olhos, a ouvir o que o outro
tem a dizer, não deixe a mágoa o orgulho dominar o teu coração, passa por cima, vence essa
barreira que te impede de procurar a pessoa que te traz saudade, liga, vai até ela, manda
mensagem, pede perdão, libera perdão, mas não deixa a saudade ser sucumbida, não deixa
esse sentimento matar você,(pausa) não deixa pra amanhã, faz isso hoje, agora, (pausa)
amanhã pode não dar tempo.

(Fernanda pega o telefone e liga para o pai)

Fernanda – Pai (pausa) o senhor pode vir aqui na praça, eu quero falar com o senhor.
(desliga o telefone)

(Entra em cena Marcia Mãe da Carla)

Marcia – Carla Atenas de Linhares, estou ligando para você a mais de duas horas e você não
atendo esse telefone.

Carla (para a Mãe) – olha mãe eu nunca te disse isso, (pausa) mas quero que saiba uma
coisa, eu te amo muito, (pausa), me perdoa por tudo, posso te dar um abraço. (se abraçam)

(Nesse momento entra pelo corredor central Pedro, pai de Fernanda, ele para na metade do
corredor)
Pedro – FILHA

Fernanda – PAI, EU TE PERDOO, VOCÊ ME PERDOA, EU TE AMO DEMAIS (Corre e abraça o


pai)

(depois destes momentos os atores voltam para os bancos da praça e ficam conversando em
mímica)

Música: Precisamos de Amigos - Leandro Borges

(Na segunda parte da música os atores se dirigem até o público com cartazes tipo: posso te dá
um abraço, eu te perdoo, você me perdoa, você é importante pra mim)

Fim

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