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Enfermagem na

Saúde da Criança
Unidade 1
Atenção Primária à Saúde da Criança
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
PAULO HERALDO COSTA DO VALLE
AUTORIA
Paulo Heraldo Costa do Valle
Olá! Sou formado em Fisioterapia, com Mestrado e Doutorado
em Fisiologia pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Tenho
experiência técnica e acadêmica na área de Saúde há mais de 25 anos.

Trabalhei em diversas instituições, como a Universidade de Cruz


Alta (UNICRUZ), a Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio
Grande do Sul (UNIJUI), a Universidade Cidade de São Paulo (UNICID),
a Universidade Gama Filho (UGF), a Universidade Ibirapuera (UNIb), a
Universidade Nove de Julho (UNINOVE) e Kroton Educacional.

Já trabalhei como consultor ad hoc do MEC para autorização,


reconhecimento e renovação de cursos de graduação durante 10 anos e
fui membro da Comissão Assessora do Curso de Fisioterapia do Exame
Nacional de Desempenho do Estudante (ENADE).

Fui membro da Comissão de Qualificação de Cursos e da Comissão


de Educação do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional
(COFFITO) e da Comissão de Sindicância do Conselho Regional de
Fisioterapia e Terapia Ocupacional (CREFITO).

Fui Presidente e Voce-presidente da Associação Brasileira de


Ensino em Fisioterapia.

Já produzi conteúdo para a Kroton Educacional, Editora Guanabara


Koogam, 5G Educacional, Uninter, Delínea, Must, Campanha Nacional de
Escolas da Comunidade e DPContent.

Sou apaixonado pelo que faço e adoro transmitir minha experiência


de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso trabalho
junto com a Editora Telesapiens compondo o seu elenco de autores
independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de
muito estudo e trabalho. Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

OBJETIVO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de de se apresentar um
uma nova compe- novo conceito;
tência;

NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram que
vações ou comple- ser priorizadas para
mentações para o você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamen- atenção sobre algo
to do seu conheci- a ser refletido ou dis-
mento; cutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das últi-
assistir vídeos, ler mas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando o desen-
atividade de au- volvimento de uma
toaprendizagem for competência for
aplicada; concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Políticas de Saúde da Criança e do Adolescente........................... 12
Formulação das Políticas Públicas...................................................................................... 12

Instrumentos que Compõem as Políticas Públicas................................................ 13

Papel dos Governos nas Políticas Públicas.................................................................. 14

Ciclo da Política Pública.............................................................................................................. 15

Políticas Públicas Voltadas para a Criança e para o Adolescente............... 16

Estatuto da Criança e do Adolescente............................................................................. 17

Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança.............................. 20

Obrigatoriedade de Notificação para o Conselho Tutelar.................................. 22

Triagem Neonatal......................................................................................... 23
Introdução à Triagem Neonatal.............................................................................................23

Teste do Pezinho..............................................................................................................................25

Aleitamento Materno.....................................................................................................................26

Incentivo ao Aleitamento Materno...................................................................26

Incentivo e Qualificação do Acompanhamento do Crescimento e


Desenvolvimento.............................................................................................................................27

Atuação da Equipe de Saúde.................................................................................................28

Alimentação Saudável e Prevenção do Sobrepeso e Obesidade


Infantil........................................................................................................................................................29

Atenção às Doenças Prevalentes........................................................................................ 30

Atenção à Saúde Bucal................................................................................................................ 31

Atenção à Saúde Mental.............................................................................................................32

Consulta de Puericultura à Criança..................................................... 34


Introdução à Puericultura...........................................................................................................34
Importância do Papel do Enfermeiro na Puericultura...........................................35

Papel do Enfermeiro na Unidade de Saúde da Família.......................................37

Limitações da Atuação do Enfermeiro na Puericultura...................................... 38

Imunização e Distúrbios Nutricionais da Criança...........................40


Histórico da Vacinação no Brasil.......................................................................................... 40

Calendários de Vacinação do Programa Nacional de Imunizações


(PNI)............................................................................................................................................................ 41

Vacinas do Calendário de Vacinação da Sociedade Brasileira de Pediatria


- 2021.........................................................................................................................................................42

BCG – Tuberculose......................................................................................................43

Hepatite B...........................................................................................................................43

DTP/DTPa...........................................................................................................................44

dT/dTpa................................................................................................................................45

Hib........................................................................................................................................... 46

VIP/VOP.............................................................................................................................. 46

Pneumocócica Conjugada.....................................................................................47

Meningocócica C/ACWY....................................................................................... 48

Meningocócica B Recombinante..................................................................... 48

Rotavírus............................................................................................................................. 49

Influenza............................................................................................................................. 50

Sarampo, Caxumba, Rubéola e Varicela – Tríplice Viral (SCR),


Tetra Viral (SCRV) e Varicela (V).......................................................................... 51

Hepatite A........................................................................................................................... 51

Febre Amarela.................................................................................................................52

HPV..........................................................................................................................................52

Dengue.................................................................................................................................53
Enfermagem na Saúde da Criança 9

01
UNIDADE
10 Enfermagem na Saúde da Criança

INTRODUÇÃO
Olá! Gostaria de convidar você neste momento para este processo
de conhecimento e aprendizagem.
Nesta primeira unidade, será abordada a atenção primária à saúde
da criança e do adolescente
O primeiro assunto que você vai estudar são as políticas de saúde
da criança e do adolescente, por meio da abordagem da formulação das
políticas públicas, instrumentos que compõem as políticas públicas, papel
dos governos nas políticas públicas, ciclo da política pública, políticas
públicas voltadas para a criança e para o adolescente, Estatuto da Criança
e do Adolescente, Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da
Criança e a obrigatoriedade de notificação para o Conselho Tutelar.
Posteriormente, será estudada a triagem neonatal por meio
da abordagem da introdução da triagem neonatal, teste do pezinho,
aleitamento materno, incentivo ao aleitamento materno, incentivo e
qualificação do acompanhamento do crescimento e desenvolvimento,
atuação da equipe de saúde, alimentação saudável e prevenção do
sobrepeso e obesidade infantil, atenção às doenças prevalentes, atenção
à saúde bucal e a atenção à saúde mental.
Também será abordada a puericultura à criança por meio da
introdução à puericultura, importância do papel do enfermeiro na
puericultura, papel do enfermeiro na unidade de saúde da família e as
limitações da atuação do enfermeiro na puericultura.
E, por último, será estudada a imunização por meio do histórico da
vacinação no Brasil, calendários de vacinação do Programa Nacional de
Imunizações (PNI) e as vacinas do calendário de vacinação da Sociedade
Brasileira de Pediatria de 2021, entre elas a BCG – tuberculose, hepatite
B, DTP/DTPa, dT/dTpa, Hib, VIP/VOP, pneumocócica conjugada,
meningocócica C/ACWY, meningocócica B recombinante, rotavírus,
influenza, sarampo, caxumba, rubéola e varicela (vacinas tríplice viral
– SCR; tetraviral – SCRV; varicela – V), hepatite a, febre amarela, HPV e
dengue.
Enfermagem na Saúde da Criança 11

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1. Nosso objetivo é auxiliar
você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o
término desta etapa de estudos:

1. Aplicar as políticas de saúde da criança e do adolescente,


bem como os marcos epidemiológicos, de crescimento e de
desenvolvimento infantil.

2. Realizar a triagem neonatal – testes e orientações ao binômio mãe


e filho.

3. Efetuar a consulta de puericultura à criança – anamnese, medidas


antropométricas e exame físico.

4. Entender o processo de imunização e identificar os distúrbios


nutricionais da criança.
12 Enfermagem na Saúde da Criança

Políticas de Saúde da Criança e do


Adolescente

OBJETIVO:
Ao final deste capítulo, você vai saber em detalhes todas as
informações referentes à Políticas de Saúde da Criança e do
Adolescente, e todas essas informações serão essenciais
para você, enfermeiro, a fim de que possa atuar de forma
bem mais preparada no atendimento de todas as crianças
e dos adolescentes.

E então? Motivado para desenvolver essa competência? Então,


vamos lá. Avante!

Formulação das Políticas Públicas


As ações das políticas públicas devem ser sempre formuladas por
meio da iniciativa dos poderes instituídos, poder legislativo, executivo ou
em conjunto, sempre em decorrência das demandas da sociedade em
questão, em todos os seguimentos, tanto na área educacional, saúde,
social, econômica ou em qualquer outra área em que deve existir a ação
do Estado (FUJIMORI; OHARA, 2009).

A atuação da população na formulação das políticas públicas deve


ser sempre estimulada por meio da organização do conselho municipal,
estadual e até o nível nacional.
Figura 1 – Participação da comunidade

Fonte: Pixabay.
Enfermagem na Saúde da Criança 13

A participação da comunidade é considerada como fundamental,


uma vez que traz para o debate todos os problemas reais presentes em
uma comunidade, auxiliando na formulação das políticas públicas mais
eficazes e estabelecendo medidas que possibilitem atingir os resultados
esperados de uma forma mais democrática e, na maioria das vezes, mais
rápida.

A Lei da Transparência (Lei Complementar nº 131, de 27 de maio de


2009) determinou as diretrizes da participação da sociedade:

I – Incentivo à participação popular e realização de audiências


públicas ao longo dos processos de elaboração e discussão dos planos,
da lei de diretrizes orçamentárias e dos orçamentos.

II – Liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da


sociedade, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a
execução orçamentária e financeira em meios eletrônicos de acesso
público.

A Lei da Transparência, portanto, obriga todos os poderes públicos


nas três esferas da administração pública a garantirem a participação da
população. Dessa forma, o gestor público possui uma obrigação legal
quanto à garantia do direito de acesso e participação popular para a
formulação e avaliação das políticas públicas (FUJIMORI; OHARA, 2009).

Instrumentos que Compõem as Políticas


Públicas
As políticas públicas devem ser baseadas em instrumentos de
planejamento, execução, monitoramento e avaliação dos resultados.

Esses instrumentos em conjunto vão garantir uma forma integrada


e lógica para a implementação de todas as ações.
14 Enfermagem na Saúde da Criança

Na figura a seguir, pode ser observado quais são os instrumentos


utilizados:
Figura 2 – Instrumentos utilizados nas políticas públicas.

Planos Programas Ações

Fonte: Elaborada pelo autor (2021).

•• Planos: determinam as prioridades e norteiam todas as


necessidades da sociedade.

•• Programas: são formados por instrumentos que determinam os


objetivos gerais e específicos para um determinado público ou
área geográfica.

•• Ações: têm como função atingir os objetivos desejados por meio


de ações concretas, de acordo com o programa.

Papel dos Governos nas Políticas Públicas


Quanto ao papel do Estado nas políticas públicas, é importante
frisar o que compete aos governos. Não se deve ter a ideia da existência
de políticas definidas sempre por aqueles que estão no poder, tendo
a ideia de um certo elitismo puro, ou que servem apenas para alguns
grupos específicos ou classes sociais.

VOCÊ SABIA?

Por meio de um conceito mais moderno e aceitável, o


Estado e a sociedade devem estar próximos, possibilitando
a permeabilidade das ideias e conceitos, assegurando
uma autonomia do Estado na elaboração dos planos,
instrumentalização dos programas e realização das ações.

De um lado, existe um movimento que acredita que a globalização


e os movimentos sociais, com maior ou menor influência nos governos,
fazem com que a capacidade de formulação das políticas públicas pelo
Enfermagem na Saúde da Criança 15

Estado fique menor, enquanto existe uma contracorrente que admite


que esses fatores apenas fazem com que o papel do Estado fique
mais complexo, quanto existe a permissibilidade a outros setores para
participarem de forma ativa do processo de elaboração de políticas
públicas (FUJIMORI; OHARA, 2009).

Ciclo da Política Pública


O ciclo da política pública é formado por vários estágios definidos entre:

•• Agenda.

•• Identificação das alternativas.

•• Avaliação das opções.

•• Seleção das opções.

•• Implementação das ações.

•• Posterior avaliação de resultados.

VOCÊ SABIA?

A definição da agenda deve priorizar quais são as pautas a


serem discutidas entre todas as partes decisórias, e cada
parte pode atuar por meio de um incentivo ou voto a favor,
ou mesmo o contrário, atuando como veto ou crítico.

O reconhecimento das alternativas é um processo em que todos


os participantes devem tomar uma decisão sobre qual caminho seguir,
sendo que esse processo se funde à avaliação das opções.

O processo deve ter sempre uma metodologia de avaliação


posterior, garantindo que o processo pode ser alterado ou mesmo
continuar como está, devendo ser levados em consideração todos os
resultados apresentados.
16 Enfermagem na Saúde da Criança

Políticas Públicas Voltadas para a Criança


e para o Adolescente
A sociedade é muito heterogênea, e as políticas sociais acabam
assumindo um papel essencial para a redução das desigualdades,
procurando diminuir cada vez mais todos os tipos de desigualdades.
Um dos exemplos de tentativas para a redução dessas
desigualdades sociais foi a criação, no ano de 1990, do Estatuto da Criança
e do Adolescente (FUJIMORI; OHARA, 2009).

VOCÊ SABIA?
Na Antiguidade, o poder dos pais era considerado como
absoluto sobre os seus filhos, sendo permitido até matar,
vender ou expor seus próprios filhos recém-nascidos.

Os pais podiam usar, nessa época, como uma forma de justificativa


para abandonar e descartar os seus filhos, a existência da pobreza ou a
falta de recursos para cuidar dos seus filhos, sendo justificadas as práticas
como o aborto e o infanticídio.

Todas as crianças que possuíam algum tipo de defeito podiam


ser atiradas ao mar ou queimadas, visto que os indivíduos na época
acreditavam que eles poderiam trazer azar para toda a sua família
(FUJIMORI; OHARA, 2009).

Na história social na América Latina, está bastante presente a questão


da pobreza, em que a criança era utilizada por seus pais ou responsáveis
para que a população tivesse uma piedade pública e, assim, conseguir
algum tipo de esmola para garantir a sobrevivência principalmente dos
adultos.

Ao longo de todos esses anos, foi necessária a criação de várias


leis e estatutos para garantir, por exemplo, os direitos das crianças e
dos adolescentes e, com isso, reduzir todas as atrocidades praticadas
nessas épocas. Um dos grandes exemplos foi a exploração de mão de
obra infantil ocorrida principalmente durante toda a Revolução Industrial
(FUJIMORI; OHARA, 2009).
Enfermagem na Saúde da Criança 17

Estatuto da Criança e do Adolescente


O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) foi criado por meio da
Lei federal n° 8.069 de 5 de outubro de 1988 (ISHIDA, 2011).

Esse importante documento é considerado como um importante


marco de garantia do Direito brasileiro e dos avanços nacionais e
internacionais das crianças e dos adolescentes.
Figura 3– Crianças

Fonte: Pixabay.

Os principais pontos do Estatuto da Criança e do Adolescente serão


discutidos a seguir.

A primeira parte trata dos princípios norteadores do estatuto,


enquanto a segunda aborda toda a estrutura e as políticas voltadas para:
•• Atendimento.
•• Medidas.
•• Conselho tutelar.
•• Acesso jurisdicional.
•• Verificação dos atos infracionais praticados por menores de idade
(ISHIDA, 2011).
18 Enfermagem na Saúde da Criança

Por meio da criação do Estatuto da Criança e do Adolescente, todas


as crianças e adolescentes brasileiros, independentemente da raça, cor
ou classe social, passaram a ser reconhecidos como sujeitos, tendo
importantes direitos e deveres, sendo considerados como indivíduos
em processo de desenvolvimento e devendo fazer parte da prioridade
absoluta do Estado e da família.

IMPORTANTE:

O maior objetivo do Estatuto da Criança e do Adolescente é


proteger todos os menores de 18 anos de idade, garantindo
a todos os indivíduos as mesmas possibilidades para o
desenvolvimento físico, mental e social, possibilitando
a todos uma vida baseada nos princípios da dignidade e
moralidade.

De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, até os


12 anos de idade, um indivíduo é considerado como uma criança, e um
adolescente até os 18 anos (ISHIDA, 2011).

O Estatuto da Criança e do Adolescente é o responsável por


estabelecer o direito à vida, saúde, alimentação, educação, lazer,
profissionalização, cultura, dignidade, ao respeito, à liberdade, à
convivência familiar e comunitária para meninos e meninas, além de
estabelecer também as questões de atendimento, medidas protetivas ou
socioeducativas.

Todos esses direitos estão diretamente relacionados com a


Constituição da República de 5 de outubro de 1988.

De acordo com o estatuto, nenhuma criança ou adolescente pode


ser objeto de qualquer tipo de negligência, discriminação, exploração,
violência, crueldade ou opressão, devendo ser penalizado qualquer
indivíduo que não respeitar os diversos preceitos.

De acordo com o artigo 7º, é garantido a toda criança o direito à


saúde por meio das políticas públicas que possibilitem o nascimento e o
desenvolvimento normal e em harmonia, garantindo a existência de todas
as condições dignas.
Enfermagem na Saúde da Criança 19

Quanto às medidas de proteção adotadas por meio desse


importante documento, elas vão atuar na proteção tanto da família natural
como da família substituta.

O cuidado com uma criança por meio da guarda impõe o auxílio


material, moral e educacional, enquanto a tutela prevê todos os deveres
da guarda e pode ser certificada para o indivíduo com até 21 anos
incompletos, enquanto a adoção concede a condição de filho por meio
da existência dos mesmos direitos e deveres.

Caso a família natural não cumpra qualquer uma das suas


obrigações, a criança ou adolescente é inserido em uma família substituta
por meio da guarda, tutela ou adoção (ISHIDA, 2011).

Toda criança possui o direito de crescer dentro do seio da sua


família, garantindo-se que ela tenha uma vida longe do convívio dos
indivíduos dependentes de substâncias entorpecentes.

É considerado como dever de todos a prevenção da ameaça ou


violação dos direitos da criança e do adolescente, ficando muito clara
a lei quanto à proibição da venda à criança ou adolescente de armas,
munições ou explosivos, bebidas alcoólicas, drogas, fogos de artifícios,
ou qualquer outro material de conteúdo adulto, cigarros de qualquer tipo
ou bilhetes lotéricos ou semelhantes (ISHIDA, 2011).

Cada município tem o seu Conselho Tutelar, e seu objetivo é


defender todos os direitos da criança e do adolescente, inclusive quanto
aos seus pais ou responsáveis.
Figura 4 – Conselho Tutelar

Fonte: Wikipedia.
20 Enfermagem na Saúde da Criança

Os menores de 18 anos de idade são penalmente inimputáveis,


porém vão responder pela prática de ato infracional. Essa sanção vai
desde a medida protetiva e advertência até a reclusão em unidades
de internação para medidas socioeducativas de correção (FUJIMORI;
OHARA, 2009).

Política Nacional de Atenção Integral à


Saúde da Criança
No dia 5 de agosto de 2015, foi aprovada, por meio da Portaria nº
1.130, a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC).

O objetivo da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da


Criança é a realização da promoção e da proteção da saúde da criança
e do aleitamento materno por meio de todos os cuidados integrais e
integrados fazendo parte desde a gestação até os nove anos de vida.

Por meio de uma atenção especial com relação à primeira infância e


às populações de maior vulnerabilidade, buscando atingir uma diminuição
com relação aos quadros de morbimortalidade, possibilitando a criação
de um excelente ambiente que garanta uma maior facilitação da vida
(PUTTINI et al., 2010).
Figura 5 - Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança

Fonte: Primeira Infância Melhor.


Enfermagem na Saúde da Criança 21

A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança


é estruturada por meio de sete eixos estratégicos, que podem ser
observados a seguir:

•• Atenção humanizada e qualificada à gestação, ao parto, ao


nascimento e ao recém-nascido.

•• Aleitamento materno e alimentação complementar saudável.

•• Promoção e acompanhamento do crescimento e do


desenvolvimento integral.

•• Atenção integral às crianças com agravos prevalentes na infância


e com doenças crônicas.

•• Atenção à criança em situação de violência, prevenção de


acidentes e promoção da cultura de paz.

•• Atenção à saúde de crianças com deficiência ou em situações


específicas e de vulnerabilidade.

•• Vigilância e prevenção do óbito infantil, fetal e materno.

Um ponto fundamental com relação ao público atendido é que


deve envolver a proteção referente a todas as possíveis situações de
violência (PUTTINI et al., 2010).

IMPORTANTE:

Todos os trabalhadores da área da saúde e em especial os


enfermeiros que fazem parte do Sistema Único de Saúde
ou que atuam em todas as redes conveniadas devem estar
sempre atentos com relação à identificação da presença
de todos os sinais de violência por meio da existência
de sintomas e comportamentos que as crianças e os
adolescentes possam estar apresentando.

Todas as formas de violência são apontadas como expressões dos


fatores de risco para a saúde, do bem-estar e vida de toda uma população
(PUTTINI et al., 2010).
22 Enfermagem na Saúde da Criança

Obrigatoriedade de Notificação para o


Conselho Tutelar
Por meio da Portaria nº 1.968 de 25 de outubro de 2001, fica
garantida a obrigatoriedade da notificação para o Conselho Tutelar nos
casos de identificação ou suspeita de violências contra as crianças ou
adolescentes. Devem ser notificados todos os casos de maus-tratos
contra as crianças e adolescentes.

O Ministério da Saúde estabelece que todas as diretrizes referentes


a notificação, acolhimento, encaminhamento e articulação com os outros
serviços da rede de proteção devem ficar comprometidas com o bem-
estar pleno dos usuários com relação aos aspectos físico, mental e social,
promovendo um melhor atendimento a todas as crianças e adolescentes
vítimas de algum tipo de violência (PUTTINI et al., 2010).

RESUMINDO:

E então? Gostou do que mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos.

Você estudou neste capítulo todas as Políticas de Saúde da Criança


e do Adolescente por meio da abordagem da formulação das políticas
públicas, instrumentos que compõem as políticas públicas e o papel dos
governos nas políticas públicas.

Também foi estudado o ciclo da política pública e as políticas


públicas voltadas para a criança e para o adolescente.

Outros assuntos fundamentais abordados neste capítulo foram o


Estatuto da Criança e do Adolescente e a Política Nacional de Atenção
Integral à Saúde da Criança.

E, por último, foi estudada a obrigatoriedade de notificação para o


Conselho Tutelar.
Enfermagem na Saúde da Criança 23

Triagem Neonatal

OBJETIVO:
Ao final deste capítulo, você saberá todas as informações
referentes à triagem neonatal.

Esse assunto é muito importante para você, enfermeiro,


uma vez que, na maioria dos casos, você será o primeiro
profissional da saúde a ter o contato com as crianças e os
adolescentes nos mais diversos serviços de atendimento.

E então? Motivado para desenvolver essa competência?


Então vamos lá. Avante!

Introdução à Triagem Neonatal


A triagem neonatal corresponde a uma ação preventiva que
possibilita o diagnóstico de várias doenças que podem ser congênitas ou
infecciosas e assintomáticas durante o período neonatal.

A triagem permite a intervenção durante o curso da doença,


possibilitando, dessa maneira, o estabelecimento de um tratamento
precoce mais específico, além da redução ou eliminação das sequelas
relacionadas com cada uma das patologias.
Figura 6 - Triagem neonatal

Fonte: Pixabay.
24 Enfermagem na Saúde da Criança

Toda criança nascida no Brasil tem o direito à realização da triagem


neonatal, que corresponde ao chamado teste do pezinho.

Esse teste é capaz de detectar algumas patologias que podem


causar sequelas graves ao desenvolvimento e crescimento da criança,
devendo ser realizado no momento e da forma correta (BOWDEN;
GREENBERG, 2010).

O exame deve ser realizado durante um período que não pode


ser menor que 48 horas de alimentação proteica (amamentação) e não
deve ser superior a 30 dias, e o período considerado como ideal para a
realização do teste deve ser entre o terceiro e o quinto dia de vida.

É fundamental que todas as gestantes sejam orientadas ao longo


da gestação sobre a necessidade da realização do teste do pezinho.

Para a realização do teste é, necessário procurar um posto de coleta


ou um laboratório indicado pelo pediatra para realizar o teste dentro do
período estabelecido.
Figura 7 – Teste do pezinho

Fonte: Wikipedia.
Enfermagem na Saúde da Criança 25

Teste do Pezinho
O Teste do pezinho tem a função de detectar várias patologias,
entre elas:

•• Hipotireoidismo.

•• Fenilcetonúria.

•• Anemia falciforme.

•• Fibrose cística.

•• Entre outras patologias.

Todas essas patologias podem ser tratadas de forma mais eficiente


principalmente quando detectadas precocemente, sendo observada,
nesses casos, uma redução das sequelas sobre a saúde da criança
(BOWDEN; GREENBERG, 2010).

Todas as equipes de saúde devem estar sempre alertas quanto


às crianças que não comparecerem a uma Unidade de Saúde durante a
primeira semana de vida.

Nesses casos de ausência nos postos, os agentes comunitários


de saúde devem realizar visitas domiciliares periódicas e incentivar o
encaminhamento da mãe junto com a criança a uma Unidade de Saúde
o mais rápido possível.

Durante a realização do teste do pezinho, o enfermeiro deve atender


de forma integral tanto a criança como a mãe por meio da chamada
Primeira Semana Saúde Integral.

Nessa semana, devem ser avaliadas todas as condições de


saúde da criança e da mãe, por meio do incentivo ao aleitamento
materno, dando o apoio necessário com relação a todas as dificuldades
apresentadas, aplicação das vacinas para a puérpera e para a criança,
agendamento da consulta de pós-parto, planejamento familiar para a
mãe e o acompanhamento para a criança.
26 Enfermagem na Saúde da Criança

Aleitamento Materno
Todo esse trabalho deve iniciar ainda durante a gestação. O
aleitamento materno é considerado como essencial para a garantia
da saúde da criança, estando pautado em três pilares fundamentais,
conforme pode ser observado na figura a seguir:
Figura 8 - Pilares fundamentais do aleitamento materno

Promoção Proteção Apoio

Fonte: Elaborada pelo autor (2021).

O começo da vida é considerado como essencial e só vai ocorrer


por meio da garantia de todas as condições

O início da vida de uma forma mais saudável é essencial para


todo indivíduo e só acontece quando estão presentes todas as
condições favoráveis para a prática de uma alimentação mais saudável,
acompanhada por meio da afetividade e do bem-estar proporcionados
por meio da amamentação (BOWDEN; GREENBERG, 2010).

Existem várias vantagens quanto à amamentação tanto para a


criança, como para a mãe, a família e a sociedade em geral (BOWDEN;
GREENBERG, 2010).

Incentivo ao Aleitamento Materno


Para que se promova o aleitamento materno, deve haver:

•• Incentivo ao aleitamento materno nas unidades básicas de saúde


durante o pré-natal.

•• Incentivo ao aleitamento materno na sala de parto e maternidade.

•• Incentivo ao aleitamento materno posteriormente à alta da maternidade.

•• Proteção legal ao aleitamento materno e mobilização social.

•• Banco de leite humano.


Figura 9 – Aleitamento materno
Enfermagem na Saúde da Criança 27

Fonte: Wikipedia.

Incentivo e Qualificação do
Acompanhamento do Crescimento e
Desenvolvimento
Toda criança precisa receber o Cartão da Criança ainda na maternidade.

O acompanhamento do crescimento e do desenvolvimento é


considerado como parte integral da avaliação à saúde da criança durante
o período de zero aos seis anos.

Devem fazer parte, durante todo o atendimento, os registros das


seguintes informações no Cartão da criança:
•• Avaliação do peso.
•• Altura.
•• Desenvolvimento.
•• Vacinação e intercorrências.
•• Estado nutricional.
•• Orientações à/ao mãe/família/cuidador sobre os cuidados com a
criança (alimentação, higiene, vacinação e estimulação).
28 Enfermagem na Saúde da Criança

Atuação da Equipe de Saúde


A equipe de saúde como um todo deve estar preparada para esse
tipo de acompanhamento, por meio da identificação de todas as crianças
de risco, por meio da busca de forma ativa das crianças que faltaram ao
calendário de acompanhamento do crescimento e desenvolvimento.

A equipe também deve detectar e abordar de forma adequada todas


as alterações na curva de peso e no desenvolvimento neuropsicomotor
da criança.
Figura 10 – Equipe da saúde

Fonte: Pixabay.

O acompanhamento da criança será realizado por meio dos serviços


de saúde, levando a oportunidades de abordagem para a promoção da
saúde, dos hábitos de vida mais saudáveis, vacinação, prevenção de
problemas e agravos, além da promoção dos cuidados em tempo seguro
para garantir o vínculo da criança e da família com os serviços de saúde,
garantindo oportunidades de abordagem para a promoção da saúde,
hábitos de vida saudáveis, vacinação, prevenção de problemas e agravos
por meio do cuidado em tempo oportuno.
Enfermagem na Saúde da Criança 29

Alimentação Saudável e Prevenção do


Sobrepeso e Obesidade Infantil
A alimentação saudável é sempre iniciada por meio do aleitamento
materno. Além desse importante incentivo e apoio, toda a equipe de
saúde deve estar preparada para a orientação quanto à transição do
aleitamento para a introdução dos novos alimentos (início do desmame)
(BOWDEN; GREENBERG, 2010).

Como é considerado um momento crítico, em que os distúrbios


nutricionais podem ocorrer, a avaliação e a orientação para os hábitos
alimentares saudáveis devem sempre fazer parte de todo o atendimento
da criança, devendo estar presente no calendário de acompanhamento
do crescimento e do desenvolvimento e nas intercorrências.

IMPORTANTE:

A abordagem da criança por meio da equipe de saúde


deve salientar a importância dos hábitos alimentares, sendo
considerado um meio mais eficiente para a promoção da
saúde, controle dos desvios alimentares e nutricionais, além
da prevenção das várias doenças, na infância e na futura
vida adulta, como também as deficiências nutricionais,
doenças crônicas, sobrepeso e obesidade.

Figura 11 – Obesidade infantil

Fonte: Pixabay.
30 Enfermagem na Saúde da Criança

Em todos os municípios devem ser trabalhadas todas as ações


de vigilância alimentar e nutricional, incluindo a avaliação do consumo
alimentar, além da verificação e da priorização do atendimento das famílias
e crianças em programas de transferência de renda ou redistribuição de
alimentos disponíveis.

Atenção às Doenças Prevalentes


Deve ser dado destaque, nesse caso, para as seguintes doenças:

•• Diarreias.

•• Sífilis e rubéola congênitas.

•• Tétano neonatal.

•• HIV/AIDS.

•• Doenças respiratórias/alergias.

As doenças diarreicas e respiratórias são consideradas como


graves problemas para a criança, e, nos casos em que estão associadas
à desnutrição, podem colocar em risco a vida da criança (BOWDEN;
GREENBERG, 2010).

As doenças respiratórias são consideradas como o primeiro motivo


de consulta nos ambulatórios e serviços de urgência, o que necessita
de uma grande capacitação para as equipes de saúde e em especial ao
enfermeiro.

Por meio da atenção qualificada, com um trabalho contínuo, por


meio da assistência até a resolução completa de todos os problemas, deve
ser sempre evitada a internação hospitalar desnecessária e, finalmente, a
possibilidade de morte por esse motivo.

VOCÊ SABIA?

A pneumonia é considerada como a principal doença da


infância e a segunda causa de morte nas crianças menores
de um ano.
Enfermagem na Saúde da Criança 31

A asma e a sua combinação com a alergia e pneumonia requerem


uma atenção especial, sendo considerada como uma das principais
causas de internação e procura nos serviços de urgência, alterando
significativamente a qualidade de vida da criança.

Atenção à Saúde Bucal


A saúde bucal da criança é iniciada com o cuidado à saúde da
mulher, por meio da criação de condições favoráveis tanto anteriormente
como após a gravidez.

Até mesmo os tratamentos preventivos e curativos empregados


(especialmente durante o primeiro e terceiro trimestres da gravidez)
impedem que o meio bucal da mãe possa estar muito contaminado ao
longo dos primeiros dias de vida do bebê.

O aleitamento materno estabelece a saúde dos dentes e o


crescimento correto de todos os ossos da face, além de prevenir os
problemas ortodônticos e da fala.

O ponto inicial deve ser conhecer, por meio dos trabalhos em


grupos, consultas, visitas e observação, qual é a importância concedida
pela gestante para a sua saúde bucal e quais são os seus hábitos de
vida, especialmente com relação às questões alimentares e de higiene
(BOWDEN; GREENBERG, 2010).

É essencial a discussão construtiva por meio das funções e da


importância da boca para a saúde dos indivíduos e nas relações sociais,
bem como o desenvolvimento das estruturas bucais ao longo da gestação
e posteriormente ao nascimento.

A identidade criada entre a equipe de saúde, em especial entre


o enfermeiro e a família, permite que a criança não se sinta ansiosa em
suas primeiras consultas odontológicas e possibilita que os hábitos sejam
identificados e modificados buscando sempre uma melhora para a saúde
bucal da criança e de toda a família.
32 Enfermagem na Saúde da Criança

Figura 12 – Consulta odontológica.

Fonte: Pixabay.

Na gestação, é fundamental a utilização de vários cuidados, entre eles:

•• Alimentação.

•• Ingestão de medicamentos.

•• Consumo de álcool, fumo e drogas.

•• Relação com o desenvolvimento dos dentes/boca da criança.

•• Riscos de ingestão excessiva de fármacos.

Atenção à Saúde Mental


Existem vários fatores que devem ser considerados quanto à saúde
mental das crianças.

Portanto devem ser reconhecidos todos os cuidados com a mulher


e mãe, antes mesmo do nascimento do bebê, sendo fundamentais para a
saúde mental da futura criança.
Enfermagem na Saúde da Criança 33

A forma como o enfermeiro acompanha a família, sua relação com


o neném, a maneira como essa família está disposta para o cuidado da
criança, trajeto escolar desde os primeiros anos, isto é, como a criança
é recebida, são fatores considerados primordiais para a saúde mental
(BOWDEN; GREENBERG, 2010).

Nessa situação, todos os enfermeiros que trabalham na rede de


cuidados, relacionados com a família, com a criança e com a escola
(desde a educação infantil), têm sempre a responsabilidade de zelar
também quanto à saúde mental das crianças.

O acompanhamento do crescimento e desenvolvimento é colocado


como o principal eixo para o cuidado com a criança.

Esse acompanhamento permite a identificação das necessidades


especiais que requerem uma abordagem oportuna, devendo ser realizado
por meio da equipe de saúde e de acordo com o protocolo do Ministério
de Saúde.

RESUMINDO:

E então? Gostou do que mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido
neste capítulo todas as informações referentes à triagem
neonatal, por meio de uma abordagem inicial do tema.

Fazem parte da triagem neonatal, por exemplo, o teste do Pezinho,


como também todo o trabalho de incentivo para o aleitamento materno,
além do estímulo e qualificação para o acompanhamento do crescimento
e do desenvolvimento da criança e do adolescente.

Também foi abordada neste capítulo a importância da atuação de


toda a equipe de saúde.

Outros assuntos fundamentais abordados foram a alimentação


saudável, prevenção do sobrepeso e obesidade infantil, além da atenção
às doenças prevalentes, saúde bucal e saúde mental.
34 Enfermagem na Saúde da Criança

Consulta de Puericultura à Criança

OBJETIVO:

Ao final deste capítulo, você saberá todas as informações


referentes à atuação do enfermeiro.
Com todos os conteúdos abordados, você terá condições
de saber de forma detalhada a importância do enfermeiro
na puericultura e o seu papel nas unidades de saúde da
família.
E então? Motivado para desenvolver essa competência?
Então vamos lá. Avante!.

Introdução à Puericultura
O enfermeiro deve auxiliar na puericultura conforme todas as
peculiaridades existentes, entre elas:

•• Contexto familiar.

•• Ambiental.

•• Social.

•• Cultural.

•• Econômico.

•• Comunitário.

Todas essas características presentes em cada criança devem ser


levadas em consideração nas consultas de enfermagem (GÓESI et al., 2018).
Enfermagem na Saúde da Criança 35

Figura 13 – Atuação do enfermeiro na puericultura

Fonte: Wikipedia.

Portanto todas as atividades desempenhadas pelo enfermeiro são


fundamentais para proporcionar o cuidado integral a todas as crianças,
incluindo também as que fazem parte da primeira infância, para muito
mais do que apenas uma assistência técnica, intensificando. Portanto, a
atenção à saúde principalmente quanto à promoção da saúde de todas
as crianças.

Importância do Papel do Enfermeiro na


Puericultura
A importância do papel do enfermeiro na puericultura está pautada
em várias práticas profissionais, como as ações de promoção, prevenção
e reabilitação da saúde das crianças, além das suas famílias e da
comunidade em geral.
36 Enfermagem na Saúde da Criança

IMPORTANTE:

A puericultura, portanto, compreende uma assistência


integral à criança, ultrapassando os cuidados
exclusivamente procedimentais e curativos.

As principais atividades desempenhadas pelo enfermeiro durante a


consulta de puericultura são as seguintes:
•• Exame físico.
•• Acompanhamento do crescimento e desenvolvimento.
•• Imunização.
•• Triagem neonatal.
•• Identificação de fatores de risco.
•• Coleta de material para exames.

•• Agendamento de consultas.

Além de todas essas atividades, o enfermeiro deve atuar por meio


de instruções para a família sobre as questões envolvidas com a saúde da
criança (GÓESI et al., 2018).

EXEMPLO

As instruções devem estar relacionadas com os cuidados gerais


voltados para:
•• Criança.
•• Aleitamento materno.
•• Alimentação infantil.
•• Higiene.
•• Vacinação.
•• Prevenção de acidentes.
•• Comportamento familiar.
•• Necessidade da avaliação permanente do crescimento e
desenvolvimento infantil.
Enfermagem na Saúde da Criança 37

Papel do Enfermeiro na Unidade de Saúde


da Família
O enfermeiro tem um papel fundamental na unidade de saúde da
família, uma vez que esse profissional tem um contato muito próximo com
todos os indivíduos que fazem parte de uma comunidade.

É, portanto, considerado como o grande conhecedor das situações


de cada uma das famílias, dificuldades e limitações, conseguindo
estabelecer maiores vínculos essenciais para as diversas condutas e
orientações que contemplem as necessidades da criança e sua família,
possibilitando um cuidado mais humanizado, individualizado e qualificado
para todos (GÓESI et al., 2018).

Outro ponto fundamental nesse caso é que o enfermeiro deve


sempre trabalhar em grupo com todos os outros profissionais da saúde,
para que possam existir importantes trocas quanto a todos os saberes e
práticas, o que vai proporcionar um maior desenvolvimento quanto aos
cuidados da saúde da criança.

IMPORTANTE:

A alternância entre as consultas de enfermagem e as


consultas médicas é apontada como uma estratégia muito
boa para a equipe de saúde, uma vez que cada profissional
possui um olhar diferenciado quanto ao cuidado com
a criança, possibilitando, dessa forma, atender as mais
diversas demandas de uma comunidade.

É fundamental que todos os enfermeiros passem sempre por


processos de capacitação, atualização e aperfeiçoamento, o que
garante uma melhor relação entre o enfermeiro com a criança e a
família, proporcionando uma maior participação da família em todo esse
processo, o que, por sua vez, traz uma maior relação de confiança entre
todos os envolvidos com o processo de cuidado.
38 Enfermagem na Saúde da Criança

Quanto à capacitação, existem cursos para melhorar de forma


significativa a sua prática. Entre eles, estão:

•• Atenção integrada às doenças prevalentes na infância.

•• Monitorização de doenças diarreicas.

•• Monitorização de infecções respiratórias agudas.

•• Cuidado com o recém-nascido.

•• Aleitamento materno.

•• Imunização.

•• Suplementação de ferro e vitamina A.

Limitações da Atuação do Enfermeiro na


Puericultura
Durante a realização da puericultura, devem ser levados em
consideração alguns itens fundamentais no contexto de vida e ambiente
familiar da criança. Muitas vezes, acaba-se não abordando os vários
aspectos relacionados com a cultura e a situação econômica da família.

É considerado muitas vezes como um fator limitante, visto que não


possibilita as intervenções profissionais que possam levar a uma resolução
mais aguardada com relação a todos os problemas levantados (GÓESI et
al., 2018).

Quanto às limitações das orientações ao longo das consultas de


puericultura, o que algumas vezes ocorre é só uma transmissão das
informações, com explicações já pré-definidas, sendo observadas,
portanto, brechas e dúvidas por parte das mães ao colocarem em pratica
todos os ensinamentos

Infelizmente, ainda existem mães que preferem o atendimento


médico nas consultas de puericultura ao atendimento com o enfermeiro.
A atuação desse profissional é considerada, portanto, por muitos como
uma participação secundária.
Enfermagem na Saúde da Criança 39

Uma das coisas que deve ser estimulada sempre na puericultura é a


garantia da participação de forma efetiva nas consultas com o enfermeiro
(GÓESI et al., 2018).

REFLITA:

O processo de trabalho da enfermagem em puericultura


não pode e não deve estar centrado apenas nas doenças e
procedimentos. É preciso o acompanhamento de todas as
ações necessárias para o crescimento e o desenvolvimento
da criança de maneira integral.

Um dos pontos críticos quanto à atuação do enfermeiro é que


este é muitas vezes o responsável por todas as atividades gerenciais e
assistenciais no setor, existindo, portanto, nesse caso, uma sobreposição
das atividades burocráticas com as atividades de cuidados assistenciais,
ficando, portanto, o enfermeiro muito sobrecarregado.

RESUMINDO:

E então? Gostou do que mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido
neste capítulo todas as informações referentes à
puericultura da criança por meio da introdução ao tema,
à importância do papel do enfermeiro na puericultura, ao
papel do enfermeiro na unidade de saúde da família e às
limitações da atuação do enfermeiro na puericultura.
40 Enfermagem na Saúde da Criança

Imunização e Distúrbios Nutricionais da


Criança

OBJETIVO:

Ao final deste capítulo, você vai saber todas as informações


referentes à imunização, tendo condições de saber como
funciona o esquema vacinal no Brasil, quais são e quando
essas vacinas devem ser aplicadas..

E então? Motivado para desenvolver essa competência?


Então vamos lá. Avante!

Histórico da Vacinação no Brasil


No ano de 2004, foi completado um século da primeira campanha
de vacinação em massa realizada no Brasil. Esta foi idealizada por Oswaldo
Cruz, considerado como o fundador da saúde pública no Brasil.

A sua grande meta era realizar o controle da varíola, que, naquela


época, era a responsável por matar grande parte da população do Rio de
Janeiro (GÓESI et al., 2018).
Figura 14 – Oswaldo Cruz

Fonte: Wikimedia.
Enfermagem na Saúde da Criança 41

No Brasil, as crianças são vacinadas seguindo o calendário definido


pelo Programa Nacional de Imunização, e as informações referentes à
imunização estão presentes na página oficial do Ministério da Saúde.

Esse calendário pode ser alterado em decorrência das variações


quanto ao quadro epidemiológico de cada um dos municípios, por isso
é fundamental o acompanhamento das atividades desenvolvidas nas
secretarias municipais de cada estado.

Deve sempre ser obtido o consentimento dos pais ou dos seus


representantes legais antes dos procedimentos de administração das vacinas.

Nos casos da presença de temperatura corporal elevada e


doença grave, a vacinação deve ser adiada até quando a criança estiver
recuperada desse estágio agudo da doença.

Já no caso da presença das doenças não tão graves, como resfriado, otite
média e diarreia leve sem febre, a criança deve ser vacinada (GÓESI et al., 2018).

Calendários de Vacinação do Programa


Nacional de Imunizações (PNI)
O Programa Nacional de Imunizações atua através das atividades
desenvolvidas pelo Ministério da Saúde e da Sociedade Brasileira de
Pediatria (SBP), por meio da determinação de todas as características,
indicações e contraindicações dos principais imunobiológicos disponíveis
(CARVALHO & FARIA, 2014).
Figura 15 – Ministério da Saúde.

Fonte: Wikipedia.
42 Enfermagem na Saúde da Criança

O calendário vacinal é organizado para crianças e adolescentes


hígidos, desde o nascimento até os 19 anos de idade.

Enquanto para as crianças e adolescentes com algum tipo de


imunodeficiência ou em situações epidemiológicas específicas, todas as
recomendações vão passar por algumas modificações.

Já no caso do programa vacinal, quando começa fora da idade


recomendada, deve ser alterado de acordo com a idade inicial, respeitando
todos os intervalos mínimos entre as doses (CARVALHO; FARIA, 2014).

IMPORTANTE:

Qualquer vacina pode provocar algum tipo de evento


adverso. Normalmente são eventos leves e transitórios, e
a comunicação de qualquer evento adverso é essencial
para a manutenção da segurança das vacinas licenciadas
no Brasil.

Vacinas do Calendário de Vacinação da


Sociedade Brasileira de Pediatria - 2021
A seguir será apresentada a lista com todas as vacinas que fazem
parte do calendário de vacinação da Sociedade Brasileira de Pediatria no
ano de 2021:

•• BCG – tuberculose.

•• Hepatite B.

•• DTP/DTPa.

•• dT/dTpa.

•• Hib.

•• VIP/VOP.

•• Pneumocócica conjugada.

•• Meningocócica C/ACWY.
Enfermagem na Saúde da Criança 43

•• Meningocócica B recombinante.

•• Rotavírus.

•• Influenza.

•• Sarampo, caxumba, rubéola e varicela – tríplice viral (SCR), tetra


viral (SCRV) e varicela (V).

•• Hepatite A.

•• Febre amarela.

•• HPV.

•• Dengue (KFOURI, 2021).

BCG – Tuberculose
Esta vacina deve ser feita com só uma dose o mais precocemente
possível. Não é indicada, nesse caso, a revacinação das crianças que não
tenham, após 6 meses, a presença de uma cicatriz na região onde foi
aplicada a vacina.

No caso dos recém-nascidos filhos de mães que fizeram uso de


imunossupressores ao longo da gestação, ou com casos familiares de
imunossupressão, é indicado o adiamento da vacinação (CARVALHO;
FARIA, 2014).

Hepatite B
A dose inicial da vacina hepatite B deve ser empregada de
preferência nas primeiras 12 horas de vida; já a segunda dose é indicada
após 1 ou 2 meses de idade, enquanto a terceira deve ser empregada aos
6 meses .

A partir de 2012, o Programa Nacional de Imunizações começou a


utilizar a vacina combinada DTP/Hib/HB, sendo inserida no calendário
aos dois, quatro e seis meses de vida (CARVALHO; FARIA, 2014).
44 Enfermagem na Saúde da Criança

Figura 16 – Hepatite B.

Fonte: Wikimedia.

Portanto, lactentes tomam quatro doses da vacina da hepatite B.

Já os vacinados nas clínicas particulares mantêm o programa de


três doses, sendo a primeira ao nascimento e segunda e terceira aos 2 e 6
meses de idade, respectivamente.

Nas duas doses, podem ser empregadas as vacinas combinadas


acelulares – DTPa/IPV/Hib/HB (CARVALHO; FARIA, 2014).

DTP/DTPa
A vacina tríplice bacteriana combate a difteria, tétano e pertússis.
A imunização DTPa (acelular), nos casos em que for possível, deve ser
substituída pela DTP (células inteiras), visto que apresenta uma eficácia
semelhante, porém é pouco reatogênica.

O programa vacinal é de 5 doses, devendo ser empregado aos dois,


quatro e seis meses, com complemento aos 15 meses e entre os quatro a
seis anos de idade (CARVALHO; FARIA, 2014).
Enfermagem na Saúde da Criança 45

dT/dTpa
Esta vacina é aplicada para o combate da difteria e do tétano. Os
adolescentes com programa primário de DTP ou DTPa completo precisam
ter um reforço com dT ou dTpa, de preferência por meio da formulação
tríplice acelular, com 14 anos de idade (CARVALHO; FARIA, 2014).

IMPORTANTE:

Nos casos em que o esquema primário vacinal para o


tétano está incompleto, ele pode ser completado por meio
de uma ou duas doses da vacina com o complemento
tetânico, sendo que uma delas deve ser especialmente a
vacina tríplice acelular.

As crianças com mais de 7 anos e que nunca foram imunizadas ou


que tenham histórico vacinal não conhecido devem obter três doses de
imunizações compreendendo a parte tetânica.

Uma delas deve ser, de preferência, a vacina tríplice acelular com


interrupção de dois meses entre elas (zero, dois e quatro meses - intervalo
mínimo de quatro semanas).

Todas as gestantes precisam receber, em todas as gravidezes, uma


única dose da vacina dTpa após a 20ª semana de gestação.

A função da vacinação nesse caso é realizar a transferência dos


anticorpos protetores contra a coqueluche para o recém-nascido.

As mães que não foram vacinadas ao longo da gestação devem


receber apenas uma dose de dTpa durante o puerpério, o mais
rapidamente possível (CARVALHO; FARIA, 2014).
46 Enfermagem na Saúde da Criança

Hib
A vacina PNI é uma imunização combinada contra a difteria, tétano,
coqueluche, hepatite B e Haemophilus influenzae tipo B (conjugada). É
indicado o emprego de três doses aos dois, quatro e seis meses de idade.

Deve ser empregada, no mínimo, uma dose da imunização


combinada com componente pertússis acelular (DTPa/Hib/IPV, DTPa/
Hib, DTPa/Hib/IPV, HB, entre outros), acessível nas clínicas particulares
e nos CRIE. É indicada uma quarta dose da Hib para ser aplicada aos 15
meses de vida.

A quarta dose auxilia na diminuição do risco do reaparecimento das


doenças invasivas decorrentes do Hib em um grande período (CARVALHO;
FARIA, 2014).

VIP/VOP
Esta é a vacina contra a poliomielite (paralisia infantil), sendo a
responsável pela proteção das crianças contra três tipos diferentes do
vírus que causa a doença que leva ao comprometimento do sistema
nervoso, provocando a paralisia dos membros e modificações motoras
bastante significativas na criança (CARVALHO; FARIA, 2014).
Figura 17 – Vacinação contra a poliomielite

Fonte: Wikimedia.
Enfermagem na Saúde da Criança 47

As três primeiras doses são aplicadas aos dois, quatro e seis meses
e devem ser administradas de forma obrigatória com a vacina pólio
inativada (VIP).

A indicação para as doses seguintes é que sejam administradas de


preferência com a vacina inativada (VIP).

Nessa fase de mudança da vacina pólio oral atenuada (VOP) para a


vacina pólio inativada (VIP), é aceitável o esquema vigente indicado pelo
PNI, que oferta as três primeiras doses de VIP (dois, quatro e seis meses
de idade) acompanhadas de duas doses de VOP (15 meses e quatro anos
de idade).

A partir do ano de 2016, a vacina VOP é bivalente, possuindo os


tipos um e três do poliovírus, e deve ser empregada nas doses de reforço
ou nas campanhas nacionais de vacinação.

A VOP não é indicada para crianças que estão com o sistema imune
bastante alterado. Nesses casos, deve ser empregada a VIP.

Pneumocócica Conjugada
A pneumocócica conjugada previne várias doenças graves, entre
elas a pneumonia, meningite e a otite. É empregada para todas as crianças
com até cinco anos de idade.

O PNI emprega a vacina pneumocócica conjugada 10-valente no


esquema vacinal de duas doses, aplicadas aos dois e quatro meses e
acompanhadas de um auxílio aos 12 meses, podendo ser utilizada até os
quatro anos e 11 meses de idade.

IMPORTANTE:

A Sociedade Brasileira de Pediatria solicita, sempre que


possível, a utilização da vacina conjugada 13-valente,
devido ao espectro maior de defesa no programa de três
doses no primeiro ano (dois, quatro e seis meses) e uma
dose de auxílio entre 12 e 15 meses de vida.
48 Enfermagem na Saúde da Criança

As crianças saudáveis com um esquema total com a imunização


10-valente podem ter doses adicionais da vacina 13-valente até os cinco
anos de idade, a fim de elevar o cuidado para os sorotipos adicionais.

Para as crianças com risco elevado para o desenvolvimento da


doença pneumocócica invasiva, existem algumas recomendações
específicas para a vacinação (CARVALHO; FARIA, 2014).

Meningocócica C/ACWY
Esta vacina, também conhecida como vacina tetravalente, é a
responsável pela proteção contra os meningococos dos sorogrupos A,
C, W, Y.

É proposta a utilização de rotina para as imunizações meningocócicas


conjugadas para lactentes maiores de 2 meses de idade, crianças e
adolescentes.

Deve ser utilizada, de preferência, a vacina MenACWY devido


ao maior espectro de proteção, incluindo os reforços das crianças
anteriormente vacinadas com MenC (CARVALHO; FARIA, 2014).

As crianças com um programa vacinal total vão ser beneficiadas com


a dose adicional da vacina a qualquer momento, devendo ser respeitado
um período mínimo de um mês entre cada dose.

Meningocócica B Recombinante
É indicada a utilização da vacina meningocócica B recombinante
para os lactentes, crianças e adolescentes.

Para os que começaram a vacinação entre os três aos 12 meses


de idade, é indicada a utilização de duas doses com período mínimo de
dois meses entre elas, somadas a uma dose de auxílio no segundo ano
de vida.

As crianças que começam a imunização entre os 12 aos 23 meses


devem receber o programa de duas doses, com dois meses de interrupção
entre elas, somadas a uma dose de reforço.
Enfermagem na Saúde da Criança 49

Já as crianças que começam a vacinação posteriormente aos dois


anos, são indicadas as duas doses com período de dois meses entre elas
(CARVALHO; FARIA, 2014).

Ainda não está totalmente claro qual é o período de duração da


proteção dessa vacina, bem como qual é a necessidade das doses
suplementares de reforço.

Já para os adolescentes não imunizados anteriormente, é


recomendada a utilização de duas doses com período de um a dois
meses.

Rotavírus
É uma vacina formada por vírus vivos atenuados, que protegem
contra as gastroenterites decorrentes do rotavírus.
Figura 18- Rotavírus

Fonte: Wikipedia.
50 Enfermagem na Saúde da Criança

Existem duas vacinas licenciadas para o rotavírus, e uma delas é


a vacina monovalente recomendada em duas doses, acompanhando os
limites de faixa etária:

•• Primeira dose aos dois meses (período de um mês e 15 dias até, no


máximo, três meses e 15 dias).

•• Segunda dose aos quatro meses (período de 3 meses e 15 dias até


no máximo 7 meses e 29 dias).

A vacina pentavalente está acessível apenas na rede privada e é


indicada a utilização de três doses, aos dois, quatro e seis meses.

A primeira dose deve ser empregada no máximo até três meses


e 15 dias, e a terceira dose deve ser aplicada até sete meses e 29 dias
(CARVALHO; FARIA, 2014).

IMPORTANTE:

O período recomendado entre cada imunização deve ser de


dois meses, não podendo ser menor que quatro semanas.

Após o início da vacinação, é recomendado terminar o programa


com o mesmo laboratório produtor.

Influenza
A influenza é recomendada para as crianças e adolescentes a
começar dos seis meses de idade.

A primeira vacinação das crianças com idade inferior a nove anos


deve ser aplicada em duas doses, com período de um mês entre cada
uma.

A imunização para aqueles com idade entre seis a 35 meses pode


alterar conforme o fabricante, e, a partir de 3 anos, é de 0,5 mL.
Enfermagem na Saúde da Criança 51

Estão disponíveis duas vacinas influenza, a tri e a quadrivalente,


esta segunda abrange uma segunda variante da cepa B.

A influenza é uma doença sazonal, e sua a imunização deve ser


empregada de preferência anteriormente ao período de maior circulação
do vírus.

Devem ser utilizadas, de preferência, as vacinas quadrivalentes,


pelo maior espectro de proteção (CARVALHO; FARIA, 2014).

Sarampo, Caxumba, Rubéola e Varicela – Tríplice


Viral (SCR), Tetra Viral (SCRV) e Varicela (V)
Aos 12 meses de idade, podem ser realizadas a primeira dose
da vacina tríplice viral (SCR) e varicela (V), por meio de administrações
isoladas ou por meio da vacina tetra viral (SCRV).

Já com 15 meses de idade, deve ser administrada a segunda dose,


de preferência com a vacina SCRV, com um espaço mínimo de três meses
da última dose de varicela e SCR ou SCRV (CARVALHO; FARIA, 2014).

IMPORTANTE:

Em circunstâncias de risco, como, por exemplo, nos


surtos ou exposição domiciliar ao sarampo, deve ser
feita a vacinação com crianças com o sistema imune não
competente com seis a 12 meses com a vacina SCR.

Já nas situações de surtos ou de contato íntimo, como na varicela, a


vacinação pode ser empregada a partir de 9 meses de vida.

Hepatite A
A vacina deve ser empregada em duas doses, desde os 12 meses
de idade. O PNI disponibiliza a imunização em uma única dose aos 15
meses de idade.
52 Enfermagem na Saúde da Criança

Os adolescentes devem obter duas doses da vacina hepatite A com


um período de seis meses ou a imunização combinada hepatite A + B, por
meio de:

•• Duas doses (zero e seis meses) até 15 anos de idade.

•• Três doses (zero, um e seis meses) para os acima dos 16 anos


(CARVALHO; FARIA, 2014).

Febre Amarela
Por meio do PNI, são oferecidas duas doses da vacina para crianças
com menos de cinco anos de idade, aos nove meses e aos quatro anos,
enquanto para os acima dos cinco anos, o programa recomenda a dose
única.

O emprego da segunda dose para as crianças e adolescentes


que começaram com o esquema vacinal após os cinco anos de idade
é indicado, tendo como objetivo a prevenção das falhas vacinais
(CARVALHO; FARIA, 2014).

No caso das viagens internacionais, são mantidas as recomendações


da Organização Mundial da Saúde com a comprovação de uma única
dose.

Com relação aos bebês com menos de 6 meses de idade, deve-


se orientar a interrupção do aleitamento materno durante 10 dias
posteriormente à vacinação.

Não se deve aplicar a vacina da febre amarela no mesmo dia que


a imunização tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) nas crianças
menores de dois anos, em decorrência da interferência na resposta imune.
É indicado um período de intervalo de 30 dias entre o emprego de cada
uma das duas vacinas.

HPV
A imunização HPV possui as partículas parecidas aos vírus – “virus-
like”. É indicada a utilização de duas doses com um período de seis meses
Enfermagem na Saúde da Criança 53

entre elas para os indivíduos dos nove aos 14 anos, e com três doses (zero,
um a dois e seis meses) para os indivíduos acima dos 15 anos de idade.
Figura 19 - Vacina contra HPV

Fonte: Wikipedia.

A vacina HPV4 é a vacina que está acessível no PNI, os indivíduos


que estão com o sistema imune bastante comprometido em decorrência
da doença ou tratamento devem receber o esquema com três doses
(CARVALHO; FARIA, 2014).

Dengue
A vacina da dengue deve ser empregada por meio de três doses
(zero, seis e 12 meses), a recomendação é para as crianças e adolescentes
desde os nove anos até no máximo 45 anos de idade e que já apresentaram
uma infecção prévia confirmada pelo vírus da dengue (soropositivos).

No caso das gestantes, das mulheres que estão amamentando e


dos portadores de imunodeficiências, a vacina é contraindicada.

Essa vacina também não deve ser utilizada de forma simultânea a


outras vacinas presentes no calendário (CARVALHO; FARIA, 2014).
54 Enfermagem na Saúde da Criança

Figura 20 – Calendário de vacinação 2021.

Fonte: KFOURI et al. (2020, p. 1).

RESUMINDO:

E então? Gostou do que mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido
neste capítulo todas as informações referentes à
imunização por meio do estudo do histórico da vacinação
no Brasil, calendários de vacinação do Programa Nacional
de Imunizações (PNI), e todas as vacinas do calendário
de vacinação da Sociedade Brasileira de Pediatria de
2021, entre elas: BCG – tuberculose, hepatite B, DTP/
DTPa, dT/dTpa, Hib, VIP/VOP, pneumocócica conjugada,
meningocócica C/ACWY, meningocócica B recombinante,
rotavírus, influenza, sarampo, caxumba, rubéola e varicela –
tríplice viral (SCR), tetra viral (SCRV) e varicela (V) – hepatite
A, febre amarela, HPV e dengue.
Enfermagem na Saúde da Criança 55

REFERÊNCIAS
BOWDEN, V. R.; GREENBERG, C. S. Enfermagem na saúde da
criança e do adolescente. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.

CARVALHO, A. P.; FARIA, S. M. Artigo de revisão: vacinação da


criança e adolescente. Resid. Pediatr., Rio de Janeiro, v. 4, n. 1, p. 10-22,
2014.

FUJIMORI, E.; OHARA, C. V. S. Enfermagem e a saúde da criança na


atenção básica. Barueri: Manole, 2009.

GÓESI, F. G. B. et al. Contribuições do enfermeiro para boas práticas


na puericultura: revisão integrativa da literatura. Rev. Bras. Enferm., São
Paulo, v. 71, n. 6, p. 2974-2983, 2018.

ISHIDA, V. K. Estatuto da Criança e do Adolescente, doutrina e


jurisprudência. 3. ed. São Paulo. Atlas. 2011.

KFOURI, R. A. Calendário de Vacinação da SBP 2021. Rio de Janeiro:


Departamento de Imunizações e Departamento de Infectologia, 2021.

PUTTINI, R. F.; JUNIOR, A. P.; OLIVEIRA, L. R. Modelos explicativos


em saúde coletiva: abordagem biopsicossocial e auto-organização. Rev.
Saúde Colet., Rio de Janeiro, v. 20, n. 2, p. 753-767, 2010.

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