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Nutrição e

Dietética
Bruna Sudré

Unidade 3

Livro Didático
Digital
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Diretora Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autora
BRUNA SUDRÉ
A AUTORA
Bruna Sudré
Olá. Meu nome é Bruna Sudré. Sou graduada em nutrição e mestre
em ciência e tecnologia de alimentos, com experiência técnico-profissional
na área de docência e tutoria EAD. Sou apaixonada pelo que faço e adoro
transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas
profissões. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu
elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você
nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda
vez que:

INTRODUÇÃO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de se apresentar um
de uma nova com- novo conceito;
petência;

NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram que
vações ou comple- ser priorizadas para
mentações para o você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamen- atenção sobre algo
to do seu conheci- a ser refletido ou
mento; discutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das
assistir vídeos, ler últimas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando o desen-
atividade de au- volvimento de uma
toaprendizagem for competência for
aplicada; concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Alimentação durante os ciclos da vida...................................... 12

Nutrição durante a gravidez e a lactação................................................ 13

Volume e composição sanguínea................................................ 13

Função pulmonar e cardiovascular............................................. 13

Função gastrointestinal........................................................................... 14

Placenta................................................................................................................ 14

Efeito do estado nutricional sobre o resultado da gestação.. 14

Ganho de peso materno....................................................................... 15

Suplementação nutricional durante a gestação...............................16

Recomendações nutricionais..............................................................................17

Proteínas..............................................................................................................18

Carboidratos.....................................................................................................18

Fibras......................................................................................................................18

Lipídios.................................................................................................................. 19

Vitaminas............................................................................................................. 19

Ácido fólico........................................................................................................ 19

Cuidado nutricional durante a gestação................................ 20


Desejos, crenças, recusas e aversões.........................................................21

Importância do aleitamento materno.........................................................22

Alimentação Infantil............................................................................ 25

Crescimento.......................................................................................................................25

Obesidade infantil........................................................................................................ 26

Necessidades nutricionais....................................................................................27

Energia...................................................................................................................27

Proteínas..............................................................................................................27

Lipídios..................................................................................................................28

Carboidratos.....................................................................................................28

Água........................................................................................................................28

Minerais.................................................................................................................29

Vitaminas.............................................................................................................29

Leite.......................................................................................................................................... 30

Práticas alimentares na infância....................................................................... 31

Pré-escolar e Escolar...............................................................................32

Alimentação na fase adulta............................................................ 34

Nutrição na fase adulta............................................................................................34

Informação nutricional e educação para adultos.............................35


Alimentos funcionais................................................................................................. 36

Estilo de vida e fatores de risco a saúde................................................. 36

Saúde da mulher e do homem.........................................................................37

Tendências e padrões alimentares.............................................................. 38

Alimentação saudável.............................................................................................. 39

Distúrbios nutricionais frequentes na população adulta.......... 40

Alimentação na fase idosa............................................................... 43

Nutrição na prevenção de doenças e na promoção da saúde......43

Mudanças fisiológicas durante o envelhecimento..........................43

Qualidade de vida........................................................................................................ 46

Obesidade e desnutrição na velhice.......................................................... 46

Fatores que interferem no estado nutricional do idoso..............47

Necessidades nutricionais................................................................................... 48
Nutrição e Dietética 9

03
UNIDADE
10 Nutrição e Dietética

INTRODUÇÃO
Olá aluno!Iniciaremos a terceira Unidade do estudo em nutrição
e dietética!A nutrição é de extrema importância durante os ciclos
da vida, promove benefícios para o crescimento, desenvolvimento
e envelhecimento. Nesta unidade discutiremos questões relativas à
nutrição durante todos os ciclos da vida, gestação, infância, adulta e na
fase idosa. Você entenderá que de acordo com a idade, sexo e presença
ou não de patologia, a alimentação deverá ser diferenciada, bem como as
recomendações nutricionais. Interessante, não é? Ao longo desta unidade
letiva você vai mergulhar neste universo!Bons estudos!
Nutrição e Dietética 11

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 3. Nosso objetivo é auxiliar
você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o
término desta etapa de estudos:

1. Entender como se dá a alimentação durante a gestação;

2. Compreender como deve ser a alimentação da criança;

3. Entender como deve ser a alimentação na fase adulta; e

4. Entender como deve ser a alimentação na fase idosa.

Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao


conhecimento? Ao trabalho!
12 Nutrição e Dietética

Alimentação durante os ciclos da vida

OBJETIVOS:

Ao término deste capítulo você será capaz de


compreender a respeito da alimentação durante os ciclos
da vida e a importância durante a gestação de se obter uma
alimentação saudável e balanceada. E então? Motivado
para desenvolver esta competência? Vamos lá. Avante!

A nutrição é extremamente importante durante os ciclos da vida,


benéfica para o crescimento, desenvolvimento e envelhecimento.Os
profissionais de saúde reconhecem que a nutrição adequada durante a
gravidez na saúde do lactente e da mãe, é fundamental. Você sabia que a
nutrição materna e paterna até mesmo antes da concepção afeta a saúde
da criança?

Possuir bons hábitos alimentares durante a infância reduz a


possibilidade de um comportamento alimentar inadequado no futuro, as
práticas alimentares que objetivam a prevenção de doenças degenerativas
são instituídas na infância e confirmadas na vida adulta.

Durante o início da fase adulta, ocorrem diversas mudanças que


leva ao desenvolvimento de futuras doenças por envelhecimento, as
mudanças podem ser aceleradas ou retardadas ao longo dos anos,
dependendo da qualidade da ingestão alimentar, da saúde e da função
do sistema imune.

Com a crescente expansão da população idosa, se observou a


necessidade da ampliação dos dados de nutrição atualmente disponíveis
para grupo. Faz-se cada vez mais importante identificar as diferenças
nutricionais entre as diferentes fases do envelhecimento, para que os
profissionais da área possam intervir.
Nutrição e Dietética 13

Nutrição durante a gravidez e a lactação


Quando se pretende ter uma concepção bem sucedida, é importante
que a nutrição seja adequada em macro e micronutrientes, vitaminas e
minerais, fornecendo a energia necessária para o desenvolvimento do
bebê

A nutrição ideal para uma concepção bem-sucedida é quando


inclui quantidades adequadas de todas as vitaminas, minerais e
macronutrientes fornecedores de energia necessárias às mudanças
fisiológicas da gestação.

Volume e composição sanguínea


Durante a gestação o volume de sangue aumenta cerca de 50%
até o final da gestação, acarretando a redução da hemoglobina, albumina
sérica, proteínas séricas e vitaminas hidrossolúveis, a diminuição da
albumina sérica leva a um acúmulo de líquido e a concentração sérica de
vitaminas lipossolúveis pode aumentar.

Função pulmonar e cardiovascular


Durante a gravidez, o trabalho cardíaco é aumentado, bem como o
tamanho cardíaco que eleva aproximadamente 12%. Durante os primeiros
dois trimestres em decorrência da vasodilatação periférica a pressão
sanguínea diastólica diminui. Uma das maiores queixas das gestantes são
os edemas de extremidades inferiores, é uma condição normal resultante
da pressão da expansão do útero sobre a veia cava inferior. Dessa forma,
o retorno sanguíneo para o coração reduz, gerando uma redução do
trabalho cardíaco,queda na pressão sanguínea e consequentemente
edema de extremidades inferiores.
14 Nutrição e Dietética

Função gastrointestinal
Durante a gestação, a função do sistema gastrointestinal se
modifica de várias formas, afetando o estado nutricional. Logo no início
do primeiro trimestre, é comum sintomas de náusea e vômitos, seguidos
por um apetite devorador.

Em grande quantidade no organismo, a progesterona age relaxando


o músculo uterino para facilitar o crescimento fetal, além de reduzir
a motilidade do trato gastrointestinal com a reabsorção aumentada de
água, o que leva a um aumento de constipação. Além da regurgitação
e refluxo gástrico que o relaxamento do esfíncter esofagiano inferior e a
pressão no estômago por causa do útero em crescimento, causando azia.

Placenta
A placenta é muito importante, pois ela produz vários hormônios
responsáveis para regular o crescimento e o desenvolvimento fetal dos
tecidos maternos de suporte. A placenta funciona como condutor para
a troca de nutrientes, oxigênio e produtos residuais. Se ocorrer danos à
placenta, a capacidade de nutrição fetal pode ficar comprometida.

Efeito do estado nutricional sobre o


resultado da gestação
Qualquer situação que prejudique a mãe pode contribuir para que a
criança corra o risco de nascer prematuramente, e isso é muito sério, pois
representa riscos à saúde significativos.

Profissionais de saúde acreditam que quando ocorre de uma criança


nascer prematura, foi devido ao fato de que ela não estava recebendo os
nutrientes adequados para continuar o crescimento e o desenvolvimento.
Nutrição e Dietética 15

NOTA:

Acredita-se que a falta de alimentos ou má nutrição


materna é um fator negativo para o feto, pois pode ocorrer
alterações no DNA, além de acarretar vários resultados
adversos na gravidez, como hemorragia no parto, parto
prolongado e lactentes com baixo peso ao nascer.

A má nutrição subclínica pode acarretar um desempenho reprodutor


ruim, uma vez que mulheres com transtornos alimentares, como por
exemplo, a anorexia nervosa, podem ter amenorreia e infertilidade.

Uma gestante que não se alimenta adequadamente, ingerindo


os nutrientes necessários, não proporciona ao seu filho a obtenção
dos nutrientes essenciais, dessa forma, comprometendo a saúde da
criança. É importante destacar que esse comprometimento não aparece
necessariamente ao nascimento, mas pode se manifestar posteriormente,
quando vários estágios do crescimento são suspensos ou alterados,
como por exemplo, o transtorno do déficit de atenção está relacionado
ao baixo nível de transferência de vitamina D da mãe para o feto.

Ganho de peso materno


Cada gestação é única, assim como cada mulher é única, porém
há recomendações de ganho de peso, considerada como ideal. Quando
uma mulher tem uma gestação não gemelar, menos de 50% do total
do ganho de peso vai para o feto, a placenta e no líquido amniótico. O
restante está nos tecidos reprodutores maternos, o líquido intersticial, o
volume sanguíneo e o tecido adiposo materno.

De acordo com as diretrizes do Instituto de Medicina (IOM), o ganho


de peso das gestantes deve ser da seguinte forma:

•• Mulheres eutróficas: Ganho de peso de 11,34 a 15,88 kg


durante toda a gravidez;
16 Nutrição e Dietética

•• Mulheres abaixo do peso: Ganho de peso de 12,7 a 18,14 kg


durante toda gravidez;

•• Mulheres acima do peso: Ganho de peso de 6,8 a 11,34 kg


durante toda a gravidez.

É importante destacar que mesmo acima do peso, a perda de


peso durante a gravidez não deve ser incentivada, pois pode afetar o
desenvolvimento da criança.

O sobrepeso e a obesidade são fatores de risco, pois nessa situação


ocorre maior risco para morte fetal intrauterina e aborto, além de doenças
como: o diabetes melittus gestacional e hipertensão induzida pela
gravidez.

A avaliação nutricional da gestante inclui a anamnese nutricional,


que envolve a avaliação antropométrica, alimentar, bioquímica e clínica.
Assim, o diagnóstico nutricional será completo, abrangendo a análise
conjunta de todos esses aspectos, além da adequada interpretação dos
resultados, serão dados de extrema importância para o profissional de
saúde definir um diagnóstico.

Na avaliação nutricional, a avaliação antropométrica é o meio


mais acessível, de maneira não invasiva, rápida, possui baixo custo e é
recomendado para se avaliar o estado nutricional durante a gestação.

Com o objetivo de identificar os erros alimentares das gestantes,


é fundamental a investigação quanto aos hábitos alimentares, assim, o
profissional de saúde pode intervir de maneira eficaz.

Suplementação nutricional durante a gestação


Como vimos, é necessário que a gestante possua uma alimentação
adequada e equilibrada para manter uma boa saúde para si e para o feto,
é necessário a ingestão de vitaminas, proteínas e minerais.
Nutrição e Dietética 17

REFLITA:

Assim, reflita comigo, toda gestante deve suplementar


vitaminas e minerais?

Depende das necessidades nutricionais de cada mãe, mas é


importante destacar que durante essa fase, as necessidades alimentares
requeridas são maiores do que as anteriores a gravidez.

Há alguns casos em que a suplementação é muito importante,


como as gestantes de alto risco, mães em caso de desnutrição,gestantes
adolescentes, mulheres com curto intervalo entre gestações, mulheres
com história de nascimento de um bebê baixo peso e em gestações
múltiplas, é muito importante a suplementação contínua.

Recomendações nutricionais
Para que a gestação ocorra da melhor maneira e tanto a mãe
quanto o bebê fiquem bem, o organismo precisa de nutrientes adicionais,
para isso há uma recomendação de nutrientes definido pelas Dietary
Reference Intakes(DRIs).

A energia adicional é necessária durante a gravidez para manter


as demandas metabólicas da gestação e do crescimento fetal, pois
quando gestante, o metabolismo materno se eleva em 15%, de acordo
com as DRIs, a recomendação de energia para mulheres gestantes são
as mesmas que para mulheres não gestantes, mas somente no primeiro
trimestre, pois, a partir daí aumentam gradualmente: 340 a 360 kcal/dia
durante o segundo trimestre, e 112 kcal/dia no terceiro trimestre.
18 Nutrição e Dietética

Proteínas
A proteína é fundamental para a manutenção da síntese de tecidos
materno e fetal durante a gravidez. A necessidade proteíca se eleva durante
toda a gestação, na primeira metade da gestação, a recomendação é de
0,8 g/kg/dia de proteína, com a evolução da gestação, as necessidades
aumentam e na segunda metade da gravidez a recomendação sobe para
71 g/dia.

Carboidratos
Em relação aos carboidratos, a recomendação é de 135 a 175 g/
dia, quantidade recomendada para fornecer calorias suficientes na dieta
para prevenir cetose e manter a concentração de glicose sanguínea
apropriada durante a gravidez. As escolhas quanto aos carboidratos a
serem ingeridos devem ser cuidadosas e não se deve esquecer de incluir
todos os nutrientes diários para a gravidez.

Fibras
O consumo de fibra é muito benéfico e indicado, pois elas ajudam
no controle e prevenção da constipação, sintoma muito relatado entre as
gestantes.

Durante a gestação é recomendado o consumo de 28 g por dia de


fibras, no consumo de hortaliças verdes escuras, cereais e pães integrais,
frutas secas e frescas com casca, entre outros.

IMPORTANTE:

Quando falamos em fibras, não devemos esquecer da


água, que é fundamental para o benefício completo da
fibra, por isso, as gestantes devem sempre ingerir água.
Nutrição e Dietética 19

Lipídios
Não há DRI específica para lipídios durante a gestação, a quantidade
de gordura na dieta dependerá das necessidades de calorias para um
ganho de peso apropriado. No entanto, é importante ressaltar que há uma
recomendação de 13 g/dia para o consumo de ômega e 1,4 g/dia para
ômega 3.

Vitaminas
As vitaminas são fundamentais para um resultado positivo de uma
gravidez. Algumas vitaminas, apenas a ingestão de alimentos fonte é o
suficiente, enquanto outras devem ser suplementadas, muitos médicos
quando confirmam a gravidez de seus pacientes, ou até mesmo antes,
já iniciam um esquema de suplementação, visando reduzir o risco de má
formações nos bebês, bem como a redução do risco de defeitos cardíacos.

A deficiência de vitamina A é extremamente fundamental, e sua


falta é teratogênica, causando xeroftalmia, a baixa concentração materna
de vitamina A pode resultar no mau funcionamento do pulmão.

A vitamina D é fundamental, pois, aumenta a função imunológica


e o desenvolvimento cerebral, além de ter um papel importante no
regulamento da citocina, na esclerose múltipla, no diabetes e no autismo.
Os baixos níveis de vitamina D durante a gestação está associada a
hipocalcemia neonatal, que pode se manifestar na mineralização fetal do
osso, em hipoplasia do esmalte dental ou até mesmo em convulsões.

Durante a gravidez, as necessidades da vitamina E são aumentadas,


sua deficiência pode causar aborto e nascimento pré-termo.

Ácido fólico
O ácido fólico é extremamente importante durante a gestação, sua
suplementação é eficaz, pois auxilia no fechamento do tubo neural que
20 Nutrição e Dietética

se dá bem no início da gestação, até mesmo antes da mulher descobrir


que está grávida, por isso é necessário a suplementação antes mesmo de
se engravidar.

A deficiência de ácido fólico pode resultar em uma redução de


síntese de DNA e atividade mitótica nas células individuais, bem como
a deficiência do folato em estágios mais avançados pode causar a
anemia megaloblástica evidente. Essa deficiência materna de folato está
diretamente relacionada a uma elevada taxa de malformações congênitas,
como a fenda labial e palatal.

Cuidado nutricional durante a gestação


Durante a gestação são necessários alguns cuidados nutricionais
fundamentais, como:

•• Ingestão de energia que atenda às necessidades


nutricionais, permitindo assim, um ganho de peso de cerca
de 0,4 kg por semana, durante as últimas 30 semanas de
gestação;

•• Ingestão da quantidade de proteínas que atenda


às necessidades nutricionais, um adicional de
aproximadamente 25 g/dia;

•• Ingestão de sal iodado entre 2-3 g/dia;

•• Ingestão de minerais e vitaminas que atendam às


ingestões diárias recomendadas;

•• Ingestão de ácido fólico de acordo com as recomendações


nutricionais;

•• Excluir a ingestão de álcool.


Nutrição e Dietética 21

Em relação a ingestão de líquidos, é recomendado beber de oito a


dez copos de água por dia, ou outro líquido de qualidade, pois a hidratação
melhora o sentimento geral de bem-estar, e reduz os riscos de infecções
no trato urinário, pedras no rim e constipação.

Desejos, crenças, recusas e aversões


Durante a gestação, pode ocorrer vontade “desejo” de comer algum
alimento, bem como a recusa por outros alimentos, essa recusa alimentar
pode interferir diretamente na alimentação da mãe, pois pode eliminar
alimentos importantes na gestação. Porém, essa recusa pode se dar por
diversas razões, como: o cheiro, que pode incomodar a gestante, náuseas
e desconforto gástrico.

VOCÊ SABIA?

Durante a gravidez é comum surgir a pica, que é o desejo


por substâncias não alimentares, como o consumo de
terra, barro, amido, gelo, papel, pedra, giz, borra de café,
entre outras substâncias estranhas.

A pica durante a gravidez ainda é pouco compreendida, porém, há


a hipótese de que uma deficiência de um nutriente essencial, como o
cálcio ou o ferro resulta no consumo de substâncias não alimentares que
contenham esses nutrientes.

Durante a gestação é muito comum as grávidas reclamarem de


pirose, que é um sintoma de queimação ou azia que ocorre comumente
após as refeições. A pirose ocorre devido à pressão do útero sobre o
estômago, em que alimentos misturados com o ácido clorídrico podem
retornar para o esôfago, e assim causar sensação de desconforto e
queimação.

Para evitar que a pirose aconteça, é recomendado o consumo de


pequenas refeições, sempre comendo devagar e mastigando bem os
alimentos.
22 Nutrição e Dietética

Figura 1: Gestação

Fonte: Pixabay

Importância do aleitamento materno


Tanto se ouve falar em aleitamento materno, mas você sabe a sua
importância?

O aleitamento materno é um processo que envolve fatores


fisiológicos, ambientais e emocionais. A produção de leite materno é
determinada pela ação de hormônios durante a gestação, e essa ação é
intensificada quando há o aleitamento materno de forma adequada.

O aleitamento materno é muito importante para o bebê, não existe


o chamado “leite fraco”, o leite possui todos os nutrientes essenciais
para o desenvolvimento da criança até os seis meses de vida, porém, o
desmame precoce é um desafio enfrentado pelos profissionais de saúde.
Nutrição e Dietética 23

Figura 2: Dez passos para o aleitamento materno bem sucedido

Fonte: A autora adaptado de MAHAN; ESCOTT-STUMP; RAYMOND (20013).

SAIBA MAIS:

Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos o acesso à


seguinte fonte de consulta e aprofundamento: “Alimentação
na gestação e puerpério” (BAIAO, M.R), acessível pelo link:
https://bit.ly/3abHFZU.
24 Nutrição e Dietética

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Neste capítulo vimos um
pouco a respeito da gestação, você estudou que a nutrição
ideal para uma concepção bem-sucedida é quando inclui
quantidades adequadas de todas as vitaminas, minerais
e macronutrientes fornecedores de energia necessários.
A anamnese nutricional da gestante inclui a avaliação
antropométrica, alimentar, bioquímica e clínica. A avaliação
antropométrica é o meio mais acessível, não invasivo,
rápido e recomendado para se avaliar o estado nutricional
durante a gestação. Também vimos que avaliar o estado
nutricional da gestante envolve a utilização de curvas que
considerem a idade gestacional, peso e a altura. Vimos
que as gestantes possuem recomendações nutricionais
específicas para que o bebê possa crescer saudável, e
durante a gestação a mulher deve ter alguns cuidados,
como não ingerir álcool e tabaco, além de se atentar as
recomendações de proteínas, ácido fólico, vitaminas e
energias. Também vimos que nesse período podem surgir
desejos, recusas e aversões. Por fim, estudamos a respeito
da importância do aleitamento materno, que é um processo
que envolve fatores fisiológicos, ambientais e emocionais.
Interessante? Então vamos para o próximo Capítulo! Bons
Estudos!!
Nutrição e Dietética 25

Alimentação Infantil

OBJETIVOS:

Ao término deste capítulo você será capaz de entender


a respeito da nutrição durante a infância, sua importância
e benefícios. E então? Motivado para desenvolver esta
competência? Vamos lá. Avante!

Crescimento
Quando falamos em crescimento infantil não nos referimos somente
ao aumento de peso e altura, pois o crescimento caracteriza-se por um
processo complexo que envolve dimensão corporal e é influenciado por
fatores genéticos, ambientais e psicológicos.

O ganho em altura, é proporcionalmente mais lento que o aumento


de peso, é o que definimos de crescimento longitudinal. No primeiro ano
de vida uma criança triplica seu peso ao nascimento, e o seu comprimento
aumenta 50%. Independentemente da idade, quando há um déficit
nutricional, o peso é o primeiro a sofrer impacto, o que não ocorre com a
altura. Por isso é necessário manter as crianças com peso adequado, para
que não ocorra prejuízo na estatura.

Após nascer, nos primeiros dias de vida as crianças perdem cerca


de 6% de seu peso corporal, porém, seu peso ao nascimento é recuperado
entre o 7° e o 10° dia. Normalmente entre o 4º e 6º meses de vida, o
recém-nascidos têm seu peso dobrado, e triplicado aos 12 meses.

Em relação ao comprimento, os bebês aumentam seu tamanho


em aproximadamente 50% durante o primeiro ano, e dobram-no aos 4
anos. Durante os primeiros nove meses, a gordura corporal total aumenta
rapidamente, e no decorrer da infância tem a tendência de declinar-se.

Ao nascer, a capacidade do estômago das crianças comporta em


média 10 a 20 ml, já aos 12 meses esse volume aumenta para cerca de
26 Nutrição e Dietética

200 ml, possibilitando que as crianças consumam uma maior quantidade


de alimentos em intervalos de tempo maior.

Obesidade infantil
A obesidade é considerada um grave problema de saúde pública, é
uma epidemiologia global. Com as mudanças ocorridas, juntamente com
o progresso e avanço da globalização no país, o problema da desnutrição
tem sido substituído pelos problemas de excesso de peso, bem como as
suas comorbidades, a este fenômeno chamamos de transição nutricional.

IMPORTANTE:

Para o diagnóstico de obesidade, tanto na infância quanto


na adolescência,devemos avaliar o peso, a altura e a
composição corporal. Um dos métodos mais utilizados é
o índice de massa corporal (IMC), ele utiliza as medidas
de peso e altura, são as medidas de mais fácil acesso,
principalmente em serviços públicos de saúde.

Durante a infância e a adolescência o IMC vai sofrendo mudanças,


ao nascimento, a média é 13 Kg /m2, aumenta para 17 aos 12 meses,
diminui para 15,5 aos 6 anos e aumenta para 21 aos 20 anos.

A obesidade não é resultado de apenas um único fator isolado, e


sim da ação de fatores ambientais e genéticos. Quando há obesos na
família, a chance de a criança desenvolver obesidade é muito maior,
quando pai e mãe são obesos, a chance de a criança ser obesa é de 80%,
e quando apenas um dos pais é obeso, a chance é 40%. O aumento do
sedentarismo, excesso de ingestão de alimentos doces e gordurosos, e
baixo consumo de fibras são os principais fatores ambientais responsáveis
pelo aumento da obesidade.
Nutrição e Dietética 27

Necessidades nutricionais
As necessidades nutricionais de uma criança ocorrem de acordo
com o seu crescimento, o gasto de energia, e as necessidades metabólicas.

Energia
Independente se uma criança está sendo alimentada pelo
aleitamento materno ou consumo de fórmula padrão, elas próprias dão
sinais de que suas necessidades energéticas já foram supridas e os pais e
cuidadores deverão reconhecer tais sinais.

IMPORTANTE:

É importante o monitoramento cuidadoso do ganho de peso,


comprimento, circunferência da cabeça e peso/estatura
para a idade das crianças, bem como a comparação desses
dados com os das tabelas de crescimento da Organização
Mundial de Saúde (OMS).

Proteínas
Uma criança tem as necessidades protéicas maiores durante o
crescimento da infância em relação aos adultos ou crianças mais velhas.
As necessidades de aminoácidos essenciais são maiores em crianças do
que em adultos.

No primeiro ano de vida, o consumo de leite humano ou de


fórmulas infantis fornece grande parte das proteínas necessárias ao
desenvolvimento. O aleitamento materno exclusivo contém os teores de
proteínas necessários para o desenvolvimento infantil até os seis meses
de vida, a partir daí a dieta deve ser suplementada com alimentos fontes
de proteínas de alta qualidade, como: iogurte, carne moída, cereais puros
ou misturadas no leite, fórmulas infantis ou iogurte.
28 Nutrição e Dietética

Lipídios
O baixo consumo de lipídios pode resultar na ingestão inadequada
de energia, crianças menores de um ano de idade devem consumir no
mínimo 30 g/dia. Esta pode ser adquirida pelo consumo do leite humano
ou de fórmulas infantis.

Carboidratos
Os carboidratos fornecem de 30% a 60% da ingestão de energia
durante a infância, desse total, cerca de 40% da energia do leite humano
são derivadas da lactose ou de outros carboidratos.

VOCÊ SABIA?

Você sabia que crianças menores de um ano não podem


consumir mel?

Os carboidratos mel e o xarope de milho, que podem estar presente


no preparo de alimentos caseiros, podem conter esporos de clostridium.
Esses esporos são altamente resistentes à destruição pelo calor e por
outros métodos empregados no preparo dos alimentos.

Água
A recomendação do consumo de água para crianças se baseia
nas DRI, sendo de 0,7 L/dia para crianças com até 6 meses e de 0,8 L/
dia para crianças de 7 a 12 meses de idade, sendo importante destacar
que essa quantidade inclui toda a água presente nos alimentos, bebidas
e água pura.
Nutrição e Dietética 29

As crianças são muito vulneráveis a desequilíbrios hídricos, pois a


capacidade de concentração renal em crianças muito novas pode ser
menor do que a de crianças com mais idade e de adultos.

Crianças até 06 meses, se alimentada exclusivamente com leite,


não devem ingerir água, pois o leite fornece as quantidades adequadas
de água. Porém, quando as perdas de água são elevadas, como vômitos
e diarreia, os lactentes devem ser monitorados por um profissional, que
verificará então, se há necessidade de reposição hídrica.

Minerais
Diversos minerais são fundamentais para o desenvolvimento das
crianças, a recomendação para ingestão de cálcio varia de 200 mg/dia
até 6 meses de idade e de 260 mg/dia de 7 a 12 meses.

O flúor é muito importante para prevenção de cáries dentárias,


porém se deve ter cautela, pois o flúor em excesso pode causar fluorose
dental, que nada mais é que manchas brancas no esmalte, assim
objetivando a prevenção do excesso de flúor a recomendação de flúor é
de 0,7 mg/dia para crianças até 6 meses e de 0,9 mg/dia para crianças
de 7 a 12 meses de idade.

O ferro é um mineral de extrema importância, pois a sua deficiência


causa sérios problemas de saúde, como por exemplo, a anemia ferropriva.
O consumo recomendado de ferro aumenta conforme a idade aumenta.
Monitorar a dosagem de ferro e o estado nutricional das crianças é
fundamental, pois a longo prazo pode causar falhas na função cognitiva.

Vitaminas
O Consumo de vitaminas é essencial para o desenvolvimento da
criança, a carência de vitamina B12 é uma das maiores preocupações,
pois com o crescente número de pessoas, uma mãe que seja vegana
pode ter um leite deficiente em vitamina B12.
30 Nutrição e Dietética

NOTA:

As vitaminas necessárias para o bom desenvolvimento da


criança até os 6 meses de vida são todas as fornecidas pelo
aleitamento materno, com exceção da vitamina D.

Suplementos de vitaminas e minerais deveriam ser recomendados


somente depois de cuidadosa avaliação profissional da ingestão da
criança. As fórmulas infantis são fortificadas com todas as vitaminas e
minerais necessários.

Leite
É indiscutível que leite humano é o melhor alimento para a criança,
pois, fornece a energia e os nutrientes necessários em quantidades
apropriadas. Além de fatores imunes específicos e não específicos que
fortalecem o sistema imune imaturo dos recém-nascidos, os protegendo
contra infecções.

Já nos primeiros dias de vida, o bebê que é amamentado com o


primeiro leite produzido pela mãe, ele é chamado de colostro, consiste
em um líquido amarelo, transparente, rico em nutrientes, que supre as
necessidades da criança durante a primeira semana. O colostro possui a
sua composição diferenciada, contém menos lipídio e carboidrato, porém
possui maiores concentrações de proteínas, sódio, potássio e cloro do
que o leite maduro, além de ser uma ótima fonte de fatores imunológicos.

Já o leite de vaca possui a sua composição diferente, por isso não é


recomendado para crianças menores de 12 meses.

VOCÊ SABIA?

Você sabe a diferença do leite humano e do leite de vaca?


Nutrição e Dietética 31

Leite humano: 20 kcal/30 mL fornece 6% a 7% das calorias,


composto de 60% de proteínas do soro e 40% de caseína.

Leite de vaca: 20 kcal/30 mL fornece 20% das calorias, composto


de 20% de proteínas do soro e 80% de caseína.

Muitas crianças não toleram a lactose presente no leite de vaca, por


esse motivo, há no mercado, atualmente, diversos alimentos à base de
soja que são recomendados. Os leites substitutos ou de imitação, como
por exemplo, o leite de arroz, nozes ou aveia, não são apropriados e não
devem ser oferecidos às crianças, a menos que sejam adequadamente
suplementados.

Práticas alimentares na infância


No primeiro ano de vida as práticas alimentares constituem um
marco importante na formação de hábitos da criança. Esse período pode
ser classificado em duas fases: antes dos 6 meses e após os 6 meses. No
primeiro semestre de vida objetiva-se que a criança mame por 6 meses
exclusivamente ou que, pelo menos,retarde pelo maior tempo possível a
introdução de outros alimentos que não o leite materno. O recomendado
pela organização mundial de saúde é que a alimentação complementar
seja incluída somente após os 6 meses.

Veremos agora os dez passos da alimentação saudável para criança


abaixo de 2 anos (MAHAN;ESCOTT-STUMP; RAYMOND, 2013):

•• Passo 1: Dar somente leite materno até seis meses, sem


oferecer água, chás ou qualquer outro alimento.

•• Passo 2: A partir dos 6 meses, oferecer de maneira lenta e


gradual outros alimentos, mantendo o leite materno até os
2 anos de idade ou mais.

•• Passo 3: A partir dos 6 meses, dar alimentos


complementares 3 vezes ao dia se a criança receber leite
materno, e cinco vezes ao dia, se estiver desmamada.
32 Nutrição e Dietética

•• Paso 4: A alimentação complementar deve ser de acordo


com os horários de refeição da família.

•• Passo 5: A alimentação complementar deve ser


espessa, começar com consistência pastosa até atingir a
consistência da família.

•• Passo 6: Oferecer a criança diferentes alimentos ao dia,


alimentação variada e colorida.

•• Passo 7: Estimular o consumo de frutas, verduras e


legumes.

•• Passo 8: Evitar açúcar, café, enlatados, fritura, balas,


salgadinhos e outras guloseimas.

•• Passo 9: Cuidar da higiene no preparo do manuseio dos


alimentos.

•• Passo 10: Estimular a criança doente a se alimentar,


respeitando a sua aceitação e oferecendo alimentos
preferidos.

SAIBA MAIS:

Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos o acesso


à seguinte fonte de consulta e aprofundamento Artigo: “A
formação dos hábitos alimentares na infância: uma revisão
de alguns aspectos abordados na literatura”, (VALE et al.,)
acessível pelo link: https://bit.ly/2U6QuOL.

Pré-escolar e Escolar
Os hábitos alimentares do pré-escolar se iniciam a partir de uma
bagagem genética, influências e preferências alimentares, os hábitos
sofrem diversas influências: do meio ambiente, a maneira como foi
introduzido os alimentos complementares no primeiro ano de vida e
Nutrição e Dietética 33

experiências positivas e negativas quanto a alimentação ao longo da


infância.

Já na idade escolar, ocorre uma maior socialização e independência,


o que promove melhor aceitação de preparação de alimentos diferentes
e mais sofisticados. Nos escolares, o trato gastrointestinal está mais
desenvolvido e o volume gástrico pode ser comparado ao de um adulto.

SAIBA MAIS:

Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos o acesso


à seguinte fonte de consulta e aprofundamento Artigo:
“Alimentação infantil: além dos aspectos nutricionais”, (Silva
et al.,) acessível pelo link: https://bit.ly/2Uoc4gN.

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter entendido
que o crescimento infantil não se restringe a aumento de
peso e altura, mas caracteriza-se por complexo processo
que envolve dimensão corporal, é influenciado por fatores
genéticos, ambientais e psicológicos e que a obesidade é
considerada um importante problema de saúde pública.
Você também estudou que as necessidades nutricionais
de uma criança refletem as taxas de crescimento, a energia
gasta em atividades, as necessidades metabólicas basais e
a interação dos nutrientes consumidos, vimos que a rapidez
no desenvolvimento e as necessidades nutricionais são
os critérios que determinam o momento adequado para
a introdução de alimentos, e que no primeiro ano de vida
as práticas alimentares constituem um marco importante
na formação de hábitos da criança. Interessante, não é?
Espero que você tenha compreendido tudo que vimos até
aqui! Vamos para o próximo capítulo!!
34 Nutrição e Dietética

Alimentação na fase adulta

OBJETIVOS:

Ao término deste capítulo você será capaz de aprender


o como deve ser a alimentação na fase adulta, as
necessidades nutricionais, recomendações e muito mais!
E então? Motivado para desenvolver esta competência?
Vamos lá. Avante!

Nutrição na fase adulta


A alimentação na fase adulta objetiva uma nutrição defensiva, ou
seja, uma nutrição que objetiva as escolhas de alimentos saudáveis para
promover o bem-estar.

Os hábitos que foram adquiridos durante a infância, há grande


chance de permanecerem na vida adulta, influenciando dessa forma na
qualidade de vida.

Os adultos estão na fase em que devem se preocupar com a


promoção da saúde e a prevenção de doenças. Ao contrário das crianças,
os adultos têm o poder de moldar suas escolhas pessoais, além de
influenciar outras pessoas.

Uma alimentação adequada é de extrema importância para a


manutenção da saúde e do peso corporal, evitando dessa forma, que
surjam doenças como diabetes e hipertensão, além de evitar carências
nutricionais.

As necessidades nutricionais de cada indivíduo devem levar em


consideração a prática de atividade física, o sexo, a massa corporal e a
idade, bem como o estado fisiológico.

O tipo e a alimentação das pessoas podem ser influenciados


pelo local em que uma pessoa se alimenta, pela pessoa que prepara
Nutrição e Dietética 35

suas refeições e o quanto é consumido nas refeições diárias constituem


padrões de comportamento e de escolha.

Atualmente os padrões alimentares estão mudados, as refeições


familiares com todas as pessoas reunidas à mesa, deram lugar ao
atendimento expresso de alimentos prontos para o preparo.

Com questões como o tempo para o preparo de alimentos e as


limitadas habilidades culinárias, as pessoas podem se tornar dependentes
de alimentos processados e de rápido preparo, ou ao consumo de mais
alimentos preparados.

SAIBA MAIS:

Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos o acesso


à seguinte fonte de consulta e aprofundamento: “Problemas
nutricionais em adultos” (CUNHA et al.), acessível pelo link:
https://bit.ly/2UoInwb.

Informação nutricional e educação para


adultos
As orientações e estratégias nutricionais, em sua maioria focam em
idosos e crianças, deixando de lado o grupo dos adultos, nas orientações
os adultos são classificados como portadores de patologias atletas,
gestantes e saudáveis.

Adultos é o alvo principal de informação sobre a prevenção de


doenças crônicas e controle do peso corporal. Atualmente, programas de
saúde pública e educação, juntamente com o avanço das pesquisas e
cuidados, têm contribuído para mudanças na morbidade e na mortalidade
da população adulta.

Os adultos constituem um grupo populacional com habilidade e


interesse em procurar suas próprias fontes e respostas. Atualmente, com
a busca por uma alimentação saudável, tem surgido inúmeros produtos
para que o público possa ser atendido.
36 Nutrição e Dietética

As mídias sociais possuem pontos positivos e negativos, os


adultos que têm interesse em melhorar a qualidade nutricional de sua
alimentação, podem não compreender do assunto e acabar recebendo
conselhos não confiáveis.

Alimentos funcionais
Cada vez mais os adultos, objetivando alcançar e manter o bem-
estar estão frequentemente interessados em alterar os padrões dietéticos
ou em escolher alimentos saudáveis.

DEFINIÇÃO:

os alimentos funcionais são alimentos ou algum ingrediente,


que quando consumidos oferecem benefícios à saúde,
além de sua função de nutrir o organismo.

A busca por alimentos menos calóricos, e que trazem inúmeros


benefícios ao organismo, está cada vez mais crescente, um exemplo são
os alimentos funcionais, como vegetais, frutas, óleo de peixes e grãos
integrais.

O desejo por menos calorias e múltiplos benefícios à saúde,


especialmente quando há crianças na família, está fazendo crescer os
mercados de alimentos funcionais nos Estados Unidos. Exemplos de
alimentos funcionais são frutas, vegetais, sementes de linhaça, óleos de
peixe, grãos integrais, iogurtes, soja, e alguns temperos.

Estilo de vida e fatores de risco a saúde


Escolhas saudáveis quanto ao estilo de vida, alimentação saudável
e atividades físicas, constroem a base para a saúde e o bem-estar.
Nutrição e Dietética 37

A obesidade e o sobrepeso são fatores que aumentam a


predisposição para as demais doenças, atualmente a prevalência de
sobrepeso e obesidade tem aumentado, e é um fator muito preocupante,
pois pode ser precursor para patologias como: Hipertensão arterial,
dislipidemia, e diabetes, caracterizando a síndrome metabólica.

Só se pode ter uma boa saúde, através da combinação de atividades


físicas e escolhas alimentares saudáveis adequadas às necessidades
individuais.

A insegurança alimentar é um fator de risco a saúde, o acesso limitado


a alimentos saudáveis é preocupante, comer alimentos básicos e menos
saudáveis, considerados calorias vazias, é mais barato do que comer uma
alimentação saudável e rica em vitaminas e minerais, essa dificuldade de
aquisição de alimentos de maior valor nutritivo e de preparação, somada
à limitação de seus recursos, torna quase que improvável a possibilidade
dessa pessoa seguir um estilo de vida saudável.

Saúde da mulher e do homem


As alterações hormonais interferem em diversos problemas que
afetam a saúde das mulheres, essas alterações estão relacionadas à
menstruação, osteoporose, doenças cardíacas e alguns cânceres.

A gestação e a amamentação também influenciam na saúde da


mulher, por exemplo, a amamentação ajuda a controlar o peso e diminuir
o risco de diabetes melito.

Os homens têm tendência a desenvolver doenças cardíacas mais


precocemente que as mulheres, pare eles é essencial uma alimentação
que ajude a reduzir esse risco de doença cardíaca. Exercícios regulares e
atividade são importantes.
38 Nutrição e Dietética

Figura 3: Homem e mulher

Fonte: Freepik

Tendências e padrões alimentares


A fase adulta é a fase ideal tanto para promoção da saúde quanto
a prevenção de doenças, além de que os adultos podem moldar suas
escolhas pessoais de estilos de vida e influenciar outras pessoas.

Medidas nutricionais, orientações e programas são necessários


para a implementação de escolhas positivas e o incentivo de pessoas a
adquirirem um estilo de vida saudável. Atualmente muitas pessoas estão
atentas às questões associadas à alimentação e ao estilo de vida.

As atuais alterações nos padrões alimentares e o consumo de


alimentos processados, de fácil preparo ou comprados prontos, resultam
no aumento do consumo de alimentos com maior teor de sódio, gorduras,
e de adoçantes. Por outro lado, houve uma redução no consumo de
alimentos básicos como frutas, hortaliças, vegetais e grãos integrais.

As diretrizes e recomendações do consumo de frutas e hortaliças


não estão sendo atendidas, e a alimentação dos adultos tem maior
probabilidade de apresentar quantidades de gordura superior a 30% das
calorias totais recomendadas.
Nutrição e Dietética 39

SAIBA MAIS:

Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos o


acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento:
“Recomendações de Alimentação e Nutrição saudável para
a população Brasileira” (SICHIERI et al.), acessível pelo link:
https://bit.ly/33xKcek.

Alimentação saudável
Na fase adulta é muito importante que os adultos tenham uma
alimentação saudável, evitando assim futuras patologias. É com as
influências alimentares dos adultos, que as crianças criam seus hábitos
alimentares, por isso é tão importante que todos sejam bem orientados
quanto a uma alimentação saudável.

O ministério da saúde preconiza os dez passos para uma alimentação


adequada e saudável, são eles:

1. Fazer de alimentos in natura ou minimamente processados


a base da alimentação;

2. Utilizar óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas


quantidades ao temperar e cozinhar alimentos e criar
preparações culinárias;

3. Limitar o consumo de alimentos processados;

4. Evitar o consumo de alimentos ultraprocessados;

5. Comer com regularidade e atenção, em ambientes


apropriados e, sempre que possível, com companhia;

6. Fazer compras em locais que ofertem variedades de


alimentos in natura ou minimamente processados;
40 Nutrição e Dietética

7. Desenvolver, exercitar e partilhar habilidades culinárias;


planejar o uso do tempo para dar à alimentação o espaço que
ela merece;

8. Dar preferência, quando fora de casa, a locais que sirvam


refeições feitas na hora;

9. Ser crítico quanto às informações, orientações e mensagens


sobre alimentação veiculadas em propagandas e comerciais.

(BRASIL,2006, s. p.)

Distúrbios nutricionais frequentes na


população adulta
A obesidade é uma doença que acomete pessoas em diferentes
idades, e que se tornou um problema de saúde pública. O tratamento da
obesidade é possível, mas depende de muita força e determinação de
cada paciente, pois é um processo gradual e lento.

As principais orientações para o tratamento da obesidade são:

•• Manutenção do estilo de vida saudável;

•• Fracionar a alimentação em 4 a 6 refeições por dia;

•• Possuir uma alimentação balanceada, variada, com todos


os grupos alimentares ao longo do dia;

•• Evitar o consumo de açucares simples;

•• Consumir frutas e verduras diariamente;

•• Consumir arroz, feijão e carnes magras;

•• Evitar o consumo de alimentos ultraprocessados com alto


teor de gorduras.
Nutrição e Dietética 41

O nutricionista, profissional de saúde, tem grande importância no


auxílio do tratamento da obesidade, ele deve não apenas prescrever uma
dieta, mas sim, explicar, orientar o paciente o porquê daquele plano, e
quais benefícios dos alimentos propostos.

A hipertensão é uma patologia que está intimamente relacionada à


alimentação, pois os alimentos são fatores que modificam a pressão arterial.
Nesse caso, os pacientes devem ser orientados a: emagrecer quando
estiverem com sobrepeso; reduzir o consumo de alimentos ricos em
sódio como os salgadinhos industrializados, e dar preferência a temperos
naturais a base de ervas; reduzir o consumo de embutidos como salames,
salsichas, presunto, entre outros, e o consumo de molhos prontos, pois
estes possuem grande teor de sódio; estimular o consumo de alimentos
ricos em magnésio e potássio, além do abandono do álcool e do tabaco.

Figura 4: Magreza

Fonte: Freepik

A desnutrição é um importante distúrbio nutricional, ela é caracterizada


pela deficiência de calorias ou de nutrientes essenciais, a desnutrição pode
ocorrer por diversos fatores, como problema de saúde que afetam a ingestão
42 Nutrição e Dietética

de alimentos falta de alimentos, ou até mesmo impossibilidade da obtenção


e de preparo dos alimentos. É necessário que o profissional de saúde avalie
cada caso e tome as medidas adequadas de recuperação deste paciente.

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Neste capítulo vimos que
a alimentação na fase adulta é voltada para uma nutrição
defensiva, isto é, uma nutrição que enfatiza fazer escolha
de alimentos saudáveis para promover o bem-estar e
prover os sistemas orgânicos de maneira que tenham
um funcionamento ótimo durante o envelhecimento. A
alimentação adequada do adulto é fundamental para a
manutenção da saúde e do peso corporal, evitando o
surgimento de doenças como diabetes e hipertensão, além
de carências nutricionais. Você estudou que se considera a
fase adulta como um tempo para a promoção da saúde, para
sua manutenção e para a prevenção de doença, juntamente
com as intervenções que acompanham a progressão das
doenças crônicas que podem surgir à medida que os
anos avançam. Vimos que cada vez mais os adultos estão
interessados em alcançar e manter o bem-estar e alterar
os padrões dietéticos, ou em escolher alimentos que
acrescentem benefícios à saúde e que as escolhas quanto
ao estilo de vida, incluindo atividades físicas, constroem
a base para a saúde e o bem-estar. Vimos que a nutrição
é a implementação de escolhas positivas e o incentivo
de pessoas a seguirem o caminho para um estilo de vida
saudável são outros assuntos. Por fim, vimos que alterações
nos padrões alimentares e o uso de maior quantidade de
alimentos processados e comprados prontos resultaram
no aumento dos alimentos com maior concentração de
sódio, de gorduras acrescentadas e de adoçantes, e num
decréscimo no consumo de alimentos básicos como frutas,
vegetais e grãos integrais. Interessante, não é? Espero que
você tenha compreendido tudo que vimos até aqui!Vamos
para o próximo capítulo!!
Nutrição e Dietética 43

Alimentação na fase idosa

OBJETIVOS:

Ao término deste capítulo você será capaz de entender


como um pouco da importância da nutrição durante o
envelhecimento, seus benefícios e ações no corpo humano.
E então? Motivado para desenvolver esta competência?
Vamos lá. Avante!

Nutrição na prevenção de doenças e na


promoção da saúde
Os idosos estão vivendo mais tempo, com mais saúde e com uma
vida mais funcional como nunca havia acontecido, a expectativa de vida
aumenta a cada ano.

No envelhecimento, a nutrição não é usada apenas para tratar as


patologias, mas sim objetivando estilos de vida saudáveis, promovendo a
saúde e prevenindo as doenças.

A nutrição inclui 3 tipos de serviços de prevenção: prevenção


primária, secundária e terciária, a prevenção primária visa prevenir a
doença, a prevenção secundária objetiva reduzir os riscos e retardar
o progresso de doenças crônicas relacionadas a alimentação. Já a
prevenção terciária, objetiva reduzir a incapacidade do idoso, tentando
resolver problemas, como por exemplo a limitação pela mastigação e
inapetência.

Mudanças fisiológicas durante o


envelhecimento
Todos nós iremos envelhecer um dia, envelhecimento é um
processo normal, biológico e natural, porém, com o surgimento do
44 Nutrição e Dietética

envelhecimento, ocorre a redução de algumas funções fisiológicas, pois,


com o passar dos anos os ocorre alterações nos órgãos.

Por volta dos 30 anos de idade, o crescimento humano termina, e


se inicia o processo de senescência.

DEFINIÇÃO:

Senescência é o envelhecimento natural com as


manifestações de seus efeitos sobre a idade.

Diversas mudanças sistêmicas fazem parte do envelhecimento,


resultando nas mudanças e declínio na eficiência e na funcionalidade do
organismo. Com o passar do tempo, a composição do corpo muda, a
massa de gordura e a visceral se elevam, enquanto a massa muscular é
reduzida.

Nos idosos é muito comum ocorrer a sarcopenia, prejudicando a


qualidade de vida do idoso. A sarcopenia pode se acelerar com a redução
da prática de atividades físicas.

DEFINIÇÃO:

Sarcopenia é a progressiva perda de massa muscular que


ocorre durante o processo de envelhecimento.

Outro fator que se altera durante o envelhecimento são as perdas


sensoriais, elas afetam as pessoas em diferentes graus, e em diferentes
idades. As alterações do paladar podem levar à redução do apetite, e as
escolhas alimentares impróprias, levando a uma ingestão inadequada de
nutrientes.
Nutrição e Dietética 45

DEFINIÇÃO:

Disgeusia é o termo designado para referir a alteração do


paladar.

Em relação à audição, é possível observar a sua relação com a


deficiência de vitamina B12. A deficiência de vitamina D também pode ter
um efeito na perda da audição.

A alimentação, e até mesmo o estado nutricional do idoso pode


ser alterado pela xerostomia, perdas dentárias e próteses novas e mal
colocadas, assim a alimentação se torna desagradável e o idosos tendem
a procurar alimentos de fácil consumo.

DEFINIÇÃO:

Xerostomia é o termo a que se refere a boca seca, falta de


saliva.

Muitos pensam que a perda da visão ao longo dos anos é normal


com a velhice, porém não é e não faz parte do envelhecimento normal.
Mas com avanço da idade a visão de todas as pessoas muda, e o uso de
óculos na maioria das vezes é suficiente.

A resposta imune também é alterada com o passar do tempo, ela


vai se tornando ineficiente e reduzida.

Alguns distúrbios gastrointestinais (GI) podem estar relacionados


com a idade. Em vez de atribuir qualquer um desses distúrbios ao
envelhecimento, a verdadeira causa clínica deve ser estabelecida.
Mudanças GI podem afetar negativamente os nutrientes que são ingeridos
por uma pessoa, começando pela boca.
46 Nutrição e Dietética

DEFINIÇÃO:

Disfagia é uma disfunção na deglutição, é comumente


associada com doenças neurológicas e senilidade. A
disfagia aumenta o risco de pneumonia por aspiração e
infecção em razão da entrada de alimentos ou líquidos nos
pulmões. Os líquidos engrossados e a textura modificada
dos alimentos podem auxiliar as pessoas que sofrem de
disfagia a se alimentar com mais segurança.

Alterações renais também estão relacionadas com a idade, e podem


variar de indivíduo para indivíduo. Alguns idosos apresentam mudanças
imperceptíveis, enquanto outros podem apresentar mudanças intensas.

Qualidade de vida
A qualidade de vida está relacionada à saúde física e mental, além
da habilidade de reagir a fatores ambientais, físicos e sociais.

Diversos fatores podem atuar de forma negativa na avaliação nutricional


de um idoso, como a idade, alterações fisiológicas comuns, alterações
da composição corporal que interferem diretamente nos parâmetros da
antropometria. Na fase idosa é mais difícil em se realizar intervenções
dietéticas, pois os hábitos alimentares já se encontram estabelecidos.

É fundamental que os profissionais de saúde estejam sempre


atentos e atualizados, pois o envelhecimento populacional está ocorrendo
em todo o mundo, principalmente no Brasil.

Obesidade e desnutrição na velhice


A obesidade é um fator preocupante, pois está relacionada com
o aumento de óbitos, além de contribuir para o surgimento de doenças
crônicas: diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, hipertensão arterial,
dislipidemia entre outros.
Nutrição e Dietética 47

O índice de idosos desnutridos é bem menor do que obesos e


normalmente as mulheres correm mais risco de desnutrição do que os
homens. Porém, muitos adultos idosos apresentam risco de subnutrição e
desnutrição, principalmente entre os hospitalizados.

A subnutrição tem como umas das principais causas: a depressão,


medicamentos, alterações no paladar ou olfato, saúde bucal, limitação no
preparo de alimentos, doenças, entre outros problemas que não fazem o
ato de se alimentar ser um momento prazeroso.

Fatores que interferem no estado


nutricional do idoso
Diversos fatores contribuem para que o estado nutricional do idoso
seja alterado, entre eles encontramos a própria alteração fisiológica comum
ao envelhecimento, patologias, condições socioeconômicas e familiares.

A menopausa nas mulheres interfere diretamente no estado


nutricional, ocorre aumento do peso e do tecido adiposo. Cerca de 5
anos após o início da menopausa, a mulher já perdeu 40% do cálcio dos
ossos, e essas alterações podem ainda ser acentuadas por diminuição da
estatura e o surgimento de osteoporose.

É um importante fator de risco nutricional a ingestão inadequada


de alimentos, desde a aquisição até o preparo. Já em relação à renda,
pesquisas como a PNAD (Pesquisa Nacional de Amostra por domicílio)
estima que 40% dos idosos vivem com menos de um salário mínimo
mensal, mostrando que a população idosa possui baixa renda.

NOTA:

Os hábitos alimentares dos idosos não são determinados


somente pelas preferências alimentares ou mudanças
fisiológicas, mas, pela junção de diversos fatores, como
a solidão, depressão, condições financeiras, acesso a
transporte, entre outros.
48 Nutrição e Dietética

A depressão é um fator preocupante nos idosos, a perda de um


ente querido, e até mesmo não ser enxergado pela sociedade como uma
pessoa capaz, constituem fatores que podem afetar o estado nutricional
do idoso. È sempre preciso verificar se a inapetência é um sinal de
depressão e agir imediatamente com uma equipe multiprofissional.

As alterações sensoriais também interferem no estado nutricional


dos idosos, problemas dentários como cárie, xerostomia, próteses mal
ajustadas, podem agir negativamente na saúde do idoso, pois interferem
na mastigação.

Necessidades nutricionais
As necessidades nutricionais são individualizadas, porém em muitos
idosos se deve ainda mais atenção a necessidades nutricionais especiais,
tendo em vista que o envelhecimento afeta a absorção e a excreção de
nutrientes.

As recomendações das DRIs dividem a indicação nutricional dos


idosos em duas, sendo o primeiro de pessoas com idades entre 50-70
anos e o segundo de pessoas com 71 anos ou mais.

As necessidades nutricionais mudam conforme o envelhecimento,


na tabela abaixo, você verá quais são essas mudanças e as soluções.

Tabela 1: Mudanças que ocorrem com o envelhecimento e soluções.

Mudanças com o
Nutrientes Solução
envelhecimento
Taxa metabólica basal
diminui com a idade em Incentive alimentos
função das alterações ricos em nutrientes, em
Energia na composição corporal. quantidades adequadas
As necessidades de para as necessidades
energia diminuem ∼3% calóricas.
por década nos adultos.
Nutrição e Dietética 49

O mínimo de alterações
com a idade, mas
a pesquisa não é
A ingestão de
conclusiva. Requisitos
Proteína proteínas não deve ser
variam de acordo com
rotineiramente aumentada;
a doença crônica,
diminuição da absorção
e da síntese.
A ênfase é no aumento
do consumo de fontes de
carboidratos complexos:
legumes, verduras, grãos
A constipação é uma integrais e frutas, para
Carboidratos séria preocupação para prover fibras, minerais
muitas pessoas. e vitaminas essenciais.
Aumente a fibra dietética
para melhorar o efeito
laxante, especialmente em
idosos.
Restrição muito intensa
de lipídios na dieta altera
sabor, a textura e o prazer
do alimento, podem afetar
A doença cardíaca é um negativamente a dieta, em
Lipídios geral, o peso e a qualidade
diagnóstico comum.
de vida.

Enfatize gorduras
saudáveis em vez de
restringir a mesma.
50 Nutrição e Dietética

Incentive alimentos ricos em


nutrientes, em quantidades
A compreensão das adequadas para as
necessidades de necessidades calóricas.
vitaminas e minerais,
Vitaminas e Processos oxidativos
de sua absorção, de
minerais e inflamatórios que
seu uso e excreção no
envelhecimento tem afetam o envelhecimento

aumentado, reforçam o papel central


dos micronutrientes,
especialmente antioxidantes
Estado de hidratação Incentive a ingestão de
pode facilmente ser líquidos de pelo menos
problemático. A desidra- 1.500 mL/dia ou1 mL por
tação é causada por de- caloria consumida.
créscimo do consumo
O risco aumenta em
de fluidos, por decrés-
razão do prejuízo dos
cimo da função renal ou
sentidos de sede,do medo
por perdas aumentadas
da incontinência e da
de urina derivadas da
dependência de outras
ação medicamentosa
pessoas para servir-lhes
Água (diuréticos ou laxativos).
água ou outros líquidos.
Sintomas: desequilí-
A desidratação em adultos
brio eletrolítico, efeitos
idosos é muitas vezes
alterados de medica-
irreconhecível porque
mentos, cefaleia,cons-
pode manifestar-se como
tipação,alterações da
quedas,confusão mental,
pressão arterial,tontei-
alteração no grau de
ras, confusão mental,
consciência, fraquezaou
boca e nariz secos.
mudança no estado
funcional ou fadiga.

Fonte: A autora adaptado de MAHAN; ESCOTT-STUMP; RAYMOND (2013).


Nutrição e Dietética 51

O valor de energia recomendado para idosos do sexo masculino


superior a 51 anos é de 2300 kcal e, para mulheres 1900kcal. Os idosos
possuem seu metabolismo energético reduzido, o que pode provocar a
perda de massa muscular e redução do metabolismo energético.

A energia pode ser calculada a partir do gasto energético basal


(GEB), através da fórmula de Harris e Benedict:

Homens= 66,5 + (13,8 x P) + (5 x E)- (6,8 x I).

Mulheres= = 655,1 + (9,5 x P) + (1,8 x E) –( 4,7 X I)

Em que: P= (Peso corporal KG)

E= estatura (metros)

I= Idade (anos)

Em relação às proteínas, são recomendadas 0,8 a 1,0 g de proteína


por quilo de peso em idosos saudáveis e sem doenças renais. É
importante que fontes protéicas de alto valor biológico estejam presentes
na alimentação, como carnes, miúdos, leites e derivados, e proteína de
origem vegetal como feijão e soja.

Figura 5: Idosos

Fonte: Freepik
52 Nutrição e Dietética

A quantidade de lipídios recomendada para idosos é a mesma de


adultos saudáveis. A alimentação deve conter entre 25 e 30% do valor
energético total e a gordura saturada e não deve a exceder 8%.

SAIBA MAIS:

Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos o


acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento:
“Balanço de macronutrientes na dieta de idosos brasileiros:
análises da Pesquisa Nacional de alimentação 2008-2009”,
(PREVIDELLI) acessível pelo link: https://bit.ly/3bewBLp.

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente
entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir
tudo o que vimos. No envelhecimento, o cuidado de nutrição
não está apenas no manejo da doença ou terapia de nutrição
clínica, ele tem se ampliado com um forte foco em estilos de
vida saudáveis e prevenção de doenças. Você estudou que o
envelhecimento é um processo biológico natural, entretanto,
envolve algum declínio nas funções fisiológicas, os órgãos
modificam- se com a idade. Com o passar dos anos, a
composição do corpo muda, a massa de gordura e a gordura
visceral aumentam, enquanto a massa muscular diminui. A
alimentação e nutrição contribuem para a qualidade de
vida social, fisiológica e psicológica. Você estudou que
o estado nutricional do idoso pode ser afetado pelo uso
de medicamentos que interferem na ingestão, no sabor,
digestão e na absorção de alimentos, alterando o consumo
alimentar, os medicamentos podem diminuir o apetite, mas
a maioria atua na absorção de nutrientes. Por fim, vimos que
os idosos tem maior susceptibilidade a alteração do estado
nutricional, alguns condicionantes são alterações fisiológicas
próprias do envelhecimento, outros as doenças crônicas e
fatores relacionados a condição socioeconômica e familiar.
Interessante, não é? Espero que você tenha compreendido
tudo que vimos até aqui! Até a próxima unidade!!
Nutrição e Dietética 53

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Nutrição e Dietética

Bruna Sudré

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