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Aula 03
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Diretora Editorial
ANDRÉA CÉSAR PEDROSA
Projeto Gráfico
MANUELA CÉSAR ARRUDA
Autor
EDUARDO NASCIMENTO DE ARRUDA
Desenvolvedor
CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS
Autora
Daniela Hartmann Jornada
03
UNIDADE
8 Bromatologia
INTRODUÇÃO
Você sabia que em 2018 existiam mais de 3240 estabelecimentos
produtores de alimentos de origem animal sujeitos à inspeção federal?
Nessa unidade, você aprenderá sobre os principais alimentos de origem
animal, carnes, leite, pescado e mel; e suas análises físico-químicas
exigidas pela legislação brasileira. Esses ensaios são de extrema
importância para prevenção de doenças e manutenção da saúde dos
consumidores. A industrialização e a manipulação dos alimentos por
terceiros exigiram que a legislação contemplasse várias formas de
análises que garantam a segurança dos produtos de origem animal,
além, é claro, dos seus padrões de identidade e qualidade. Neste
capítulo, você aprenderá também, sobre processos intrínsecos dos
alimentos e como seus constituintes podem ser avaliados e nos dizem
muito sobre a vida de prateleira desses produtos. E então? Preparado (a)
para mergulhar neste universo?
Bromatologia 9
OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 3. Nosso objetivo é auxiliar
você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até
o término desta etapa de estudos:
1. Conhecer sobre as carnes e produtos cárneos, e suas análises
obrigatórias segundo a legislação vigente.
2. Conhecer sobre o leite e suas análises obrigatórias segundo a
legislação vigente.
3. Conhecer sobre o pescado e suas análises obrigatórias segundo
a legislação vigente.
4. Conhecer sobre o mel e os produtos apícolas, e suas análises
obrigatórias segundo a legislação vigente.
Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento?
Ao trabalho!
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VOCÊ SABIA?
Caso uma empresa de alimentos cárneos seja fiscalizada
e apresente irregularidades, as seguintes penalidades e
sanções podem ser aplicadas: (a) advertência, se verificado
que a empresa nunca apresentou irregularidades e
aparentemente não houve má fé; (b)multa; (c) apreensão
ou condenação dos alimentos (depende da qualidade do
alimento apreendido e da presença ou não de adulteração);
(d) suspensão das atividades da empresa, pode ocorrer
devido à falta de condições higiênico-sanitárias ou caso
haja embaraço da agência fiscalizadora; (e) interdição total
ou parcial, quando houver falsificação ou adulteração
habitual, ou a empresa não apresentar condições higiênico-
sanitárias mínimas.
EXPLICANDO MELHOR:
O processo de rigor mortis consiste no enrijecimento
muscular pós morte, encontrado em todos os tipos de
músculos, porém em diferentes intensidades. Após o
abate do animal, cessa a oferta por oxigênio, que leva
a produção de glicose através do processo de glicólise
anaeróbica. Isso ocasiona a formação de ácido lático, que
reduz o pH da carne de 7,5 para 5,1, fazendo com que as
fibras de actina e miosina fiquem unidas em complexo
actomiosina, enrijecendo a carne e dificultando o processo
de hidratação dessas proteínas e seu consumo. Além disso,
a falta de oxigenação leva ao escurecimento da carne. O
processo de rigor mortis cessa após a maturação, em que
se faz o armazenamento da carne sob baixas temperaturas
até completo relaxamento da musculatura. Por outro lado,
pode ser feito o consumo da carne antes do processo
de formação do complexo actomiosina, nessa situação a
carne estará macia.
DEFINIÇÃO:
Define-se produtos cárneos como produtos obtidos a
partir de matérias primas como a carne de “açougue”,
necessitando de processos tecnológicos com a carne crua
ou cozida. Além disso, a classificação dos produtos é feita a
partir da forma, tamanho e processamento utilizado.
EXPLICANDO MELHOR:
No processo de pesagem, a amostra deve estar
devidamente moída e homogeneizada, atentando-se para
liberação de líquido, gelatina e gordura, sempre tentando
reincluir e deixar de forma homogênea.
ACESSE:
Para saber mais sobre os critérios dos ensaios, acesse:
https://bit.ly/35zxgEm
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Neste tópico você
aprendeu sobre as principais características da carne, sua
classificação e regras de inspeção. Falamos também sobre
o processo do rigor mortis, a função das proteínas cárneas
e a importância da análise das carnes para a saúde do
consumidor. Além disso, falamos sobre o preparo da amostra
antes das análises e sobre as normas de referência exigidas
pela legislação brasileira para cada uma dessas análises
bromatológicas, que são: determinação de ácido ascórbico
e sorbatos, prova de formaldeído, quantificação de nitritos e
nitratos, determinação da atividade de água, cálcio em base
seca, cloreto de sódio, medida de pH, determinação de
proteínas, umidade, lipídios totais e relação entre umidade
e proteínas. Você aprendeu sobre alguns outros testes
utilizados anteriormente e que ainda são permitidos como
controle de qualidade na indústria de alimentos cárneos.
Leite
O leite é caracterizado como a secreção glandular proveniente
das glândulas mamárias das fêmeas dos mamíferos. Seus principais
componentes constituem: água, lactose, gorduras e proteínas e em
menores quantidade vitaminas, minerais e gases. Essa composição varia
de acordo com a raça, espécie, idade do animal, número de partos e
alimentos recebidos pelo animal.
Após a ordenha, o leite deve ser processado, ou seja, pasteurizado,
a fim de garantir as propriedades nutricionais e condições higiênico-
sanitárias. A pasteurização é caracterizada por submeter o leite à
18 Bromatologia
IMPORTANTE:
O leite que não apresenta a quantidade mínima de lactose
é normalmente recebido. Este alimento/matéria-prima
serve para a produção de leite ou derivados chamados de
zero lactose, para dietas com restrição de lactose.
Bromatologia 19
IMPORTANTE:
Mesmo que conste na embalagem que o leite é classificado
de acordo com a gordura, a legislação exige a descrição do
valor de gordura apresentado no alimento.
VOCÊ SABIA?
O processo de aquecimento exagerado ou por longo
tempo, é capaz de alterar o sabor do leite. Neste caso, o
produto se apresenta com sabor de “queimado”, devido à
presença de depósitos queimados misturados ao leite.
SAIBA MAIS:
Para saber mais sobre a metodologia utilizada acesse a
INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 68, DE 12 DEZEMBRO DE
2006 disponível em: https://bit.ly/2KSH6tc
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo
tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido
sobre o leite, suas principais características, os tipos de leite
e suas classificações de acordo com a legislação aprovada
em 2018. Falamos sobre os principais processamentos
envolvidos quando o leite não é vendido na forma de
leite cru refrigerado, sobre as principais alterações
organolépticas desse alimento e suas causas, sobre o leite
zero lactose e algumas informações sobre a rotulagem
desse alimento. Além disso falamos sobre as análises de
leite, tanto físico-químicas quanto sensoriais, as análises
exigidas para laboratórios oficiais, e o que esses ensaios
nos dizem sobre os critérios de identidade e qualidade
dessa classe de alimentos e como são realizados.
Pescado
De acordo com o MAPA classifica-se pescado como peixes,
crustáceos, moluscos, anfíbios, répteis, mamíferos de água doce ou
salgada e as algas utilizadas na alimentação humana. Nesse contexto,
peixes são animais aquáticos de sangue frio, com exceção dos mamíferos
aquáticos, anfíbios e invertebrados. Enquanto peixe fresco caracteriza-
se pelo produto obtido a partir dessas espécies saudáveis, lavado e
armazenado sob refrigeração em temperatura próxima ao ponto de
fusão do gelo.
26 Bromatologia
VOCÊ SABIA?
As bactérias presentes nos peixes encontram-se em
grandes quantidades no intestino, guelras e no limo (região
superficial), mesmo quando o animal ainda é vivo.
SAIBA MAIS:
Saiba mais em Manual para Métodos Oficiais para a Análise
de Alimentos de Origem Animal – disponível em: https://bit.
ly/2rlNXEK
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu
mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de
que você realmente entendeu o tema de estudo deste
capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter
aprendido sobre o pescado, a maior fonte de ácidos graxos
benéficos à saúde, e que existem fatores importantes em
relação à sua conservação, como o rigor mortis, a ação
autolítica e a presença de muitos microrganismos. Falamos
também sobre alguns procedimentos que auxiliam no
aumento da vida útil dessa classe de alimentos e que as
condições higiênico-sanitárias são muito importantes no
manuseio do pescado. Você aprendeu sobre as análises
exigidas pela legislação para os laboratórios oficiais, como
ensaios para determinação de conservantes e ensaios de
detecção do processo de deterioração do pescado os mais
importantes. Finalmente, falamos sobre a análise sensorial,
extremamente relevante no controle de qualidade desse
alimento e por isso discutimos alguns dos parâmetros mais
importantes a serem observados pelo analista.
32 Bromatologia
Mel
O mel é caracterizado como a substância doce e viscosa
produzida por abelhas, a partir de: néctar de flores, secreções de
plantas, excreções de insetos sugadores de plantas. Esses extratos são
transformados pelas abelhas, juntamente com substâncias específicas
próprias e são armazenados e maturados em favos na colmeia.
Entre os produtos apícolas encontram-se: mel, geleia real,
própolis, e pólen apícola. Desde a antiguidade, esses produtos são
utilizados como complementos alimentares, na prevenção de doenças.
No entanto, o mel é o produto mais utilizado da categoria, e de maior
importância econômica e de produção mundial.
Diversos tipos de abelhas produzem o mel, sendo a mais comum
a Apis millifera e as abelhas sem ferrão no Brasil. Sua matéria-prima é o
néctar da seiva do floema das plantas, o melato, obtida da excreção de
insetos sugadores de plantas, e o melaço da cana.
A diversidade de plantas, clima, e práticas de apicultura gera
uma diversidade de produtos comerciais, com diferenças na coloração,
aroma, teor de umidade, composição de açúcares, minerais e outros
componentes. Os carboidratos mais comuns são a glicose e a frutose,
presentes na quantidade de 85% a 95%. Os demais açúcares são mistura
de oligossacaridios (sacarose, maltose, turanose, melizitose e a erlose).
Embora em menores quantidades, esses açúcares servem
como informações sobre possíveis adulterações, além da composição
botânica que deu origem a este alimento.
Outros parâmetros são importantes para a caracterização do
mel, como a umidade, acidez, enzimas presentes e sólidos insolúveis.
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SAIBA MAIS:
Algumas pesquisas descrevem o uso da irradiação na
redução da carga microbiológica desses alimentos. Isso
têm contribuído para o aumento da vida de prateleira do
mel. Para saber mais consulte: https://bit.ly/2OHycQh
O mel pode ser classificado de acordo a sua origem em: mel flora,
quando obtido do néctar das flores; melato ou mel de melato, quando
produzido a partir de secreções das partes vivas das plantas ou de
excreções de insetos sugadores (colchonilhas e pulgões). O mel flora
pode ainda ser produzido a partir de um mesmo grupo (família, gênero
ou espécie) de flores, sendo chamado de monoflora, ou de mais de um
grupo, chamado de multi ou poliflora.
De acordo com o procedimento de extração, o mel pode ser
classificado em: mel escorrido, obtido através do escorrimento dos favos
abertos (desoperculados); mel prensado, quando retirado por prensagem
dos favos; mel centrifugado, quando obtido por centrifugação dos favos
desoperculados. Em todos os casos descritos, os favos considerados
estão ausentes de larvas.
Considerando sua forma de venda, o mel pode ser classificado como:
mel, quando em estado físico líquido, cristalizado total ou parcialmente;
mel em favos, se a apresentação do produto contiver células fechadas de
favos novos, construídos por abelhas e sem larvas, vendidos inteiros ou em
pedaços; mel com pedaços de favos, se contiver um ou mais pedaços de
favos; mel filtrado, quando tiver sido submetido ao processo de filtração. Na
rotulagem, é possível descrever que o produto apresenta mais de um tipo
de classificação, como “mel de melato” ou “mel flora centrifugado”.
Com relação às características sensoriais, o mel pode apresentar
coloração entre branco-água e âmbar-escuro, o que determina o valor
comercial do produto. Os mais escuros costumam ser utilizados na
produção industrial e os claros para o consumo direto. A cor do mel está
diretamente relacionada à origem floral, condições climáticas e do solo.
Além disso, a coloração é alterada pelo tempo de estocagem, exposição
à luz e ao calor, e reações enzimáticas.
Com relação à viscosidade do mel pode-se encontrar o produto
na forma líquida, cremosa e cristalizada. Sendo essa última característica,
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RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo
tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos
resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido sobre a
importância do mel na indústria de alimentos, sua composição,
classificação e critérios para identificação de fraudes nesse
alimento. Você conheceu os principais produtos apícolas e
também falamos sobre a importância da determinação da
acidez do mel e a determinação das espécies florais utilizadas
como matéria-prima pelas abelhas. Você aprendeu também,
sobre a importância das enzimas no mel, para determinação
dos parâmetros de processamento e vida de prateleira desse
alimento. Além disso, você conheceu as principais análises
obrigatórias por lei para avaliação de qualidade do mel pelos
laboratórios oficiais.
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BIBLIOGRAFIA
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de 2017). RESOLUÇÃO - RDC N° 136, DE 8 DE FEVEREIRO DE 2017.
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Sugars in Honey. Fonte: http://bit.ly/39T5oxX
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