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Farmacologia
Paulo Heraldo Costa do Valle
Aula 04
Ação dos
fármacos sobre
o organismo
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Diretora Editorial
ANDRÉA CÉSAR PEDROSA
Projeto Gráfico
MANUELA CÉSAR ARRUDA
Autor
ANALICE OLIVEIRA FRAGOSO
Desenvolvedor
CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS
Autor
PAULO HERALDO COSTA DO VALLE
Olá! Meu nome é Paulo Heraldo Costa do Valle. Sou formado em
Fisioterapia, com mestrado e doutorado em Fisiologia pela Universidade
Federal de São Carlos (UFSCar), com experiência técnico, profissional e
acadêmica na área de saúde há mais de 25 anos.
Atuei como membro da Comissão de Qualificação de Cursos e da
Comissão de Educação do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia
Ocupacional (COFFITO) e membro da Comissão de Sindicância do
Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (CREFITO).
Fui vice-presidente da Associação Brasileira de Ensino em
Fisioterapia e presidente da Associação Brasileira de Ensino em Fisioterapia.
Sou apaixonado pelo que faço e adoro transmitir minha
experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões.
Por isso, fui convidado pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de
autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você em sua
fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo!
Iconográficos
Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo
projeto gráfico de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha
de aprendizagem toda vez que:
INTRODUÇÃO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimen- de se apresentar
to de uma nova um novo conceito;
competência;
NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram
vações ou comple- que ser prioriza-
mentações para o das para você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado sobre o tema em
ou detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e sidade de chamar a
links para aprofun- atenção sobre algo
damento do seu a ser refletido ou
conhecimento; discutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das
assistir vídeos, ler últimas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma ativi- quando o desen-
dade de autoapren- volvimento de uma
dizagem for aplicada; competência for
concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Mecanismos de ação dos fármacos................................................ 12
Proteínas-alvo para ligação dos fármacos............................................. 13
Especificidade.................................................................................................................. 14
Interação do fármaco ao receptor................................................................. 15
Curvas de concentração efeito do agonista..........................................17
Antagonismo entre fármacos..............................................................................17
Antagonismo químico...................................................................................18
Antagonismo farmacocinético...............................................................18
Antagonismo por bloqueio dos receptores...............................18
Antagonismo não competitivo (bloqueio da ligação
receptor efetor).................................................................................................... 19
Antagonismo fisiológico............................................................................. 20
Transdução de sinal intracelular.......................................................20
Receptores......................................................................................................................... 20
Canais iônicos....................................................................................................................21
Enzimas..................................................................................................................................23
Moléculas transportadoras...................................................................................24
Tipos de interações farmacológicas..............................................25
Absorção...............................................................................................................................25
Distribuição do fármaco......................................................................................... 26
Metabolismo dos fármacos.................................................................................27
Indução enzimática..........................................................................................27
Inibição enzimática...........................................................................................27
Efeitos hemodinâmicos................................................................................28
Excreção de fármacos..............................................................................................28
Reações adversas a medicamentos...............................................29
Tipos de reações adversas aos fármacos.............................................. 30
Efeitos adversos relacionados com a ação principal do
fármaco................................................................................................................................. 30
Efeitos adversos não relacionados com a ação principal do
fármaco................................................................................................................................. 30
Reações idiossincrásicas............................................................................ 31
Toxicidade farmacológica...................................................................................... 31
Teste da toxicidade.......................................................................................... 31
Mecanismos de lesão e mortes decorrentes de toxinas...........34
Interações não covalentes........................................................................35
Peroxidação lipídica.............................................................................35
Geração de radicais tóxicos de oxigênio..........................35
Reações que causam redução do glutatião................. 36
Modificação das sulfidrilas............................................................ 36
Interações covalentes....................................................................................37
Hepatotoxicidade......................................................................................................... 38
Nefrotoxicidade.............................................................................................................. 40
Reações alérgicas aos fármacos..................................................................... 41
Fisiologia e Farmacologia 9
UNIDADE
INTRODUÇÃO
Olá! Seja bem-vindo!
Até aqui, já estudamos três unidades desta importante disciplina.
Na primeira, foi abordada a introdução à Fisiologia e à Farmacologia; na
segunda unidade, a Farmacocinética; na terceira, os sistemas impactados
pela Farmacologia.
Continuando os nossos estudos, nesta unidade, será abordada
a ação dos fármacos sobre o organismo, tema indispensável para todo
profissional. Confira como esse assunto está dividido: mecanismos de
ação dos fármacos, transdução de sinal intracelular, tipos de interações
farmacológicas e reações adversas a medicamentos.
Vamos, então, continuar nossa importante jornada ao conhecimento.
Bom desempenho!
Fisiologia e Farmacologia 11
OBJETIVOS
Olá! Seja bem-vindo à Unidade 4, o objetivo desta unidade
é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências
profissionais até o término desta etapa de estudos:
IMPORTANTE:
Para que um fármaco possa atuar nas moléculas do fármaco,
elas devem estar ligadas aos seus constituintes específicos
das células e dos tecidos para produzir algum efeito.
Figura 1 – O fármaco irá provocar transformações no sistema fisiológico quando entrar em contato com
o organismo para produzir seu efeito terapêutico.
Fonte: Freepik
Fisiologia e Farmacologia 13
NOTA:
Existem algumas exceções, por exemplo, alguns agentes
antimicrobianos, antitumorais, mutagênicos e carcinogênicos
vão interagir não com as proteínas, mas diretamente com o DNA.
NOTA:
É importante ressaltar que existem outros tipos de proteínas,
como as proteínas estruturais, que podem atuar como alvos
para as substâncias.
14 Fisiologia e Farmacologia
Especificidade
Para que um fármaco possa ser considerado de fins terapêuticos,
é necessário que ele apresente uma seletividade para algumas células
e tecidos, sendo necessário, portanto, um alto grau de especificidade
relativa ao sítio de ligação, existindo unicamente ligantes de um certo
tipo preciso e ignorando outros tipos de moléculas (RANG et al., 2003).
Figura 2 – Especificidade
Fonte: Flaticon
EXPLICANDO MELHOR:
Um grande exemplo quanto à especificidade dos sítios de
ligação e dos ligantes pode ser observado pelas ações de
um mediador, como a angiotensina, que consegue atuar
sobre o músculo liso vascular e o túbulo renal, entretanto,
não apresenta efeito sobre outros tipos de músculos liso ou
epitélio intestinal.
Fisiologia e Farmacologia 15
IMPORTANTE:
Normalmente, quanto menor a potência de uma substância,
maior será a dose necessária, portanto maior será a
probabilidade de outros sítios de ligação de ação diferentes
do primário serem importantes.
IMPORTANTE:
A afinidade corresponde à tendência de um fármaco ligar-se a
um receptor, já a tendência após a ligação de ativar o receptor
é denominada de eficácia.
16 Fisiologia e Farmacologia
IMPORTANTE:
Essas curvas vão possibilitar uma estimativa quanto à resposta
máxima que pode ser produzida por uma substância (Emáx)
como também a concentração ou dose necessária para
a produção de 50% da resposta máxima (CE50 ou DE50),
estabelecendo dois importantes parâmetros para poder realizar
a comparação das potências de substâncias diferentes que vão
gerar efeitos quantitativamente semelhantes.
Antagonismo químico
Esse antagonismo refere-se a uma situação que não é comum
onde duas substâncias vão ser combinadas em uma solução, fazendo
com que o efeito do fármaco seja perdido. Saiba que, para esse caso, os
exemplos são a utilização dos agentes quelantes, como o dimercaprol,
que vai se ligar aos metais pesados reduzindo a sua toxicidade, e a
utilização de anticorpos neutralizantes contra os mediadores proteicos.
Antagonismo farmacocinético
Nesse caso, o antagonista vai reduzir a concentração da
substância ativa em seu local de ação, podendo ser realizado de várias
maneiras. A exemplo disso, você pode considerar a velocidade de
degradação metabólica de uma substância ativa que pode aumentar,
como acontece quando temos a diminuição do efeito anticoagulante do
warfarin na ocasião de ser administrado junto com um agente que vai
provocar a aceleração do metabolismo hepático, como o fenobarbital.
A velocidade de absorção da substância ativa por meio do trato
gastrointestinal pode estar diminuída ou ainda pode existir o aumento na
taxa de excreção renal.
Antagonismo fisiológico
O antagonismo fisiológico consiste na interação de duas
substâncias cujas ações são opostas, ou seja, existe a tendência de uma
anular a outra.
Como exemplo, temos a histamina que vai atuar nos receptores
das células parietais da mucosa gástrica, em que vai estimular a secreção
do ácido ao mesmo tempo que o omeprazol vai bloquear esse efeito ao
provocar a inibição da bomba de prótons.
Receptores
Os receptores representam os elementos sensores do sistema
de comunicações químicas que vão sistematizar a função de todas
as diferentes células do corpo humano, constituindo os mensageiros
químicos dos vários hormônios e transmissores (GUYTON; HALL, 2017).
Figura 5 – Receptores
Fisiologia e Farmacologia 21
IMPORTANTE:
As substâncias consideradas como úteis terapeuticamente vão
atuar como agonistas ou antagonistas sobre os receptores de
mediadores endógenos.
Canais iônicos
Saiba que alguns canais iônicos estão anexados a um receptor
e só vão ser abertos quando este estiver ocupado por um agonista,
enquanto que outros são regulados por vários mecanismos, sendo os
canais iônicos regulados por voltagem (GUYTON; HALL, 2017).
22 Fisiologia e Farmacologia
Enzimas
Várias substâncias têm como alvo as enzimas. Geralmente, a
molécula da substância é um análogo do substrato que vai funcionar
como um inibidor competitivo da enzima de forma reversível ou
irreversível.
Conheça um exemplo: a imunofilina vai se ligar à ciclosporina, que
possui uma atividade enzimática que vai catalisar a reação, sendo que a
inibição dessa atividade enzimática representa um dos mecanismos em
que a ciclosporina vai provocar a imunossupressão (RANG et al., 2011).
As substâncias também podem agir como substratos falsos, em
que a molécula da substância vai passar por uma transformação química
e formar um produto anormal, que vai corromper a via metabólica normal.
Um exemplo, nesse caso, é o agente antineoplásico fluorouracil,
que vai substituir a uracila como um intermediário da via na biossíntese
das purinas, porém, não pode ser convertido em timidilato, bloqueando,
então, a síntese do DNA e impossibilitando que ocorra a divisão celular
(RANG et al., 2011).
24 Fisiologia e Farmacologia
Moléculas transportadoras
Para o transporte de íons e de pequenas moléculas orgânicas
por meio das membranas celulares, normalmente, é necessária a
existência de uma proteína transportadora, uma vez que as moléculas
permeáveis são, com frequência, muito polares para penetrar por si só
nas membranas lipídicas (GUYTON; HALL, 2017).
Existem vários exemplos desses transportadores, que são os
responsáveis pelo transporte de glicose e dos aminoácidos nas células,
transporte de íons e de muitas moléculas orgânicas pelo túbulo renal,
transporte do Na+ e do Ca+ para fora das células e captação dos
precursores de neurotransmissores.
Fonte: Pixabay
Fonte: Pixabay
Distribuição do fármaco
Um fármaco pode alterar a distribuição de um outro fármaco,
porém essas interações não são consideradas como importantes do
ponto de vista clínico.
Saiba que o deslocamento de um fármaco, do seu local de
ligação no plasma ou nos tecidos, transitoriamente, vai aumentar a
concentração do fármaco livre, ou seja, não ligado. Posteriormente,
acontece um aumento na eliminação, de forma que vai levar a um
novo estado estacionário em que a concentração total do fármaco no
plasma estará reduzida, enquanto que a concentração do fármaco
livre será parecida a antes da introdução do segundo fármaco que foi
o responsável pelo seu deslocamento. Existem várias consequências
diretas quanto à importância clínica potencial como:
Toxicidade devido ao aumento transitório na concentração do
fármaco livre, antes de atingir o novo estado de equilíbrio dinâmico;
Se a dose for ajustada de acordo com as determinações da
concentração plasmática total, deve ser levado em consideração que a faixa
de concentração terapêutica alvo será mudada em função da administração
concomitante de um fármaco, que vai levar a um deslocamento;
Quando o fármaco deslocador ainda diminuir a eliminação do
primeiro, de forma que a concentração livre vai ficar aumentada não só
de forma aguda, mas também cronicamente no novo estado de equilíbrio
dinâmico que pode levar a uma toxicidade grave (RANG et al., 2011).
Fonte: Pixabay
Fisiologia e Farmacologia 27
Indução enzimática
A indução enzimática é considerada como uma das causas
fundamentais de interação entre os fármacos, sendo que existem mais
de 200 fármacos que vão causar a indução enzimática, reduzindo,
portanto, a atividade farmacológica de vários outros.
Como o agente que provoca a indução, geralmente, é ele próprio,
esse processo pode levar ao desenvolvimento de uma tolerância de
forma mais lenta.
A indução enzimática pode ser observada por meio da utilização
do fenobarbital em crianças prematuras para a induzir a glicuronil
transferase, aumentando a conjugação da bilirrubina, diminuindo o risco
de icterícia neonatal.
Inibição enzimática
Particularmente, a inibição enzimática do sistema P 450 vai
retardar o metabolismo e, posteriormente, aumentar a ação de outros
fármacos que são metabolizados pela enzima.
Esses efeitos podem ser considerados como clinicamente
importantes, sendo utilizados para o tratamento de pacientes que
apresentam a infecção devido ao vírus da imunodeficiência adquirida
(AIDS) por meio de terapia tríplice e quádrupla, visto que alguns agentes
são considerados como potentes inibidores das enzimas P 450.
28 Fisiologia e Farmacologia
Efeitos hemodinâmicos
As modificações quanto ao fluxo sanguíneo hepático estão
relacionadas com a inativação dos fármacos que vão estar sujeitos a um
metabolismo extenso pré-sistêmico, por exemplo, por meio da lidocaína
ou do propranolol.
Perceba que o débito cardíaco reduzido vai diminuir o fluxo
sanguíneo hepático de forma que os inotrópicos negativos, como o
propranolol, vão reduzir a taxa de metabolismo da lidocaína por esse
mecanismo (RANG et al., 2011).
Excreção de fármacos
Os principais mecanismos existentes pelos quais os fármacos
podem alterar a taxa de excreção renal de um outro são: modificando
a ligação a proteína, inibindo a secreção tubular e alterando o fluxo
urinário e/ou pH urinário.
Fisiologia e Farmacologia 29
Fonte: Pixabay
REFLITA:
Todos os fármacos podem produzir tanto efeitos considerados
como benéficos quanto nocivos, podendo estar relacionados
ou não com a sua principal ação farmacológica.
Reações idiossincrásicas
As reações idiossincrásicas são, normalmente, iniciadas por um
metabólito químico reativo não sendo o fármaco de origem. Essa toxicidade
indireta é de natureza direta ou imunológica, considere como exemplos:
Lesão hepática;
Lesão renal;
Depressão da medula óssea;
Carcinogênese;
Desenvolvimento fetal prejudicado.
Perceba que esses efeitos não são isolados aos fármacos, podendo
acontecer com qualquer tipo de substância química, estando relacionados
com a toxicologia, não com a farmacologia (RANG et al., 2011).
Toxicidade farmacológica
Teste da toxicidade
Esse teste de toxicidade pode ser utilizado nos animais com os
novos fármacos com a finalidade de identificação dos potenciais perigos
antes de serem utilizados pelos seres humanos.
Certamente, você deve estar se perguntando sobre os
procedimentos. Bom, os procedimentos estão relacionados com uma
grande faixa de diferentes testes para as diversas espécies por meio da
administração a longo prazo de um fármaco, monitorização frequente
quanto às anormalidades fisiológicas e bioquímicas, como também
um exame completo de pós-morte no fim do teste com o objetivo de
detecção das possíveis anormalidades.
32 Fisiologia e Farmacologia
Fonte: Pixabay
REFLITA:
Os efeitos tóxicos decorrentes de um fármaco são parecidos
tanto para os seres humanos como para os animais, devido à
similaridade entre os organismos a nível celular e molecular.
IMPORTANTE:
A segurança de um fármaco que representa o contrário da
toxicidade só pode ser determinada por meio da utilização
com os seres humanos.
Peroxidação lipídica
O início da peroxidação lipídica de lipídios poliinsaturados pode ser
desencadeada por metabólitos reativos ou ainda por meio das espécies
quimicamente reativas de oxigênio produzidas pelos metabólitos.
Os peroxirradicais lipídicos podem produzir hidroperóxidos
lipídicos que, na sequência, vão produzir uma cascata peroxilipídica,
podendo, possivelmente, prejudicar muitos lipídios de membrana.
Tanto a lesão celular como a morte da célula vão levar a uma
alteração na permeabilidade da membrana ou ainda das reações dos
produtos da peroxidação lipídica com as proteínas.
Veja que alguns mecanismos de defesa, como o glutatião
peroxidase e a vitamina E vão realizar uma proteção nesse caso de forma
que apenas a peroxidação lipídica não vai ser capaz de matar a célula.
Interações covalentes
Os alvos, quanto às interações covalentes, são: DNA, peptídeos/
proteínas, lipídios e glicídios.
Tenha em mente que a ligação covalente ao DNA é classificada como
um mecanismo básico de ação das substâncias químicas mutagênicas.
Existem também várias substâncias químicas não mutagênicas que vão
formar ligações covalentes com as macromoléculas, porém essa relação
entre essas ligações e a lesão celular ainda não estão totalmente claras.
38 Fisiologia e Farmacologia
RESUMINDO:
Mecanismos gerais de lesão e morte celular:
A lesão ou a morte celular induzida pelos fármacos,
normalmente, é causada em função dos metabolitos
reativos do fármaco, estando relacionados com as
interações covalentes e/ou não covalentes com as
moléculas alvo;
Geralmente, a morte celular é “autoaplicada” por meio
de um disparo da apoptose, ao invés de ser causada em
função da necrose aguda;
Estão incluídas nas interações não covalentes:
Peroxidação lipídica: os peroxirradicais vão ocasionar
hidroperóxidos que, posteriormente, vão produzir
peroxirradicais;
Geração de radicais citotóxicos de oxigênio;
Reações que causam redução do glutatião, ocasionando um
estresse oxidativo;
Modificação das sulfidrilas em enzimas importantes;
Interações covalentes, como a ligação covalente com a
proteína, levando à produção de um imunogênico, a ligação
do DNA pode levar à produção de uma carcinogênese e
tetratogênese.
Hepatotoxicidade
IMPORTANTE:
Vários fármacos podem causar lesões hepáticas, sendo
manifestadas clinicamente na forma de hepatite e, nos casos
de menor gravidade, são observadas por meio de uma
anormalidade laboratorial, por exemplo, um aumento da
atividade plasmática da aspartato transaminase.
Fisiologia e Farmacologia 39
Figura 11 – Hepatotoxicidade
Fonte: Pixabay
Nefrotoxicidade
Você pode considerar a nefrotoxicidade em função da utilização
de fármacos como uma situação comum, uma vez que vários fármacos,
como os anti-inflamatórios não esteroidais e os inibidores das enzimas
de conversão da angiotensina, são considerados responsáveis pela
falência renal aguda.
A causa dessa lesão está relacionada a ações farmacológicas
desses fármacos que, normalmente, são toleradas pelos indivíduos
saudáveis, levando à falência renal nos pacientes que possuem doenças
que vão prejudicar a filtração glomerular.
Em pacientes que possuem uma doença cardíaca ou hepática,
saiba que o ritmo da filtração glomerular está relacionado com a
biossíntese das prostraglandinas vasodilatadoras, sendo inibidas pelos
anti-inflamatórios não esteroidais, os quais vão acabar diminuindo a
perfusão renal nesses pacientes.
Os anti-inflamatórios não esteroidais também podem levar a uma
nefrite intersticial alérgica, ocorrendo, normalmente, nos tratamentos
prolongados, após meses ou um ano do início do tratamento, sendo
manifestada de forma clínica como uma falência renal aguda, sendo
acompanhada, geralmente, por eosinófilos na urina e proteinúria com
síndrome nefrótica intensa, hipoalbuminúria e edema.
Fisiologia e Farmacologia 41
REFLITA:
Geralmente, a incidência das reações alérgicas está dentro
da variação entre 2 a 25%. Na maioria dos casos, existe o
aparecimento de erupções cutâneas que são inócuas, ou
seja, não provocam alteração importante.
BIBLIOGRAFIA
BRANCO, L. S. N. Utilização dos Modelos Farmacocinéticos de Base
Fisiológica no Desenvolvimento de Novos Fármacos. 2013. Dissertação
(Mestrado Integrado em Ciências Famarcêuticas) – Universidade
Lusofona, Portugal.