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FISIOLOGIA
Maurício Barbosa Salviano
Almanaque de
FISIOLOGIA
13
Almanaque de Fisiologia
ção “PEÇAS ANATÔMICAS”.
Animais utilizados em experimentos, carcaças
de animais, vísceras são encaminhadas ao freezer
em saco vermelho até o recolhimento pela empre-
sa Sterlix. Para animais mortos, carcaças e/ou vís-
ceras, alé das informações anteriores, constar tipo
de contaminação e a inscrição “PEÇAS ANATÔMI-
CAS DE ANIMAIS”.
Resíduos químicos que contenham íons de ma-
teais pesados ou solventes orgânicos não devem
ser dispensados na rede de esgoto, informe ao
técnico do laboratório para providenciar a emba-
lagem específica para resíduo químico.
ATENÇÃO
1. Leitura do roteiro de práticas
!
2. Treinar habilidades com os instrumentos e equipamentos
!!!
4. Replicar o experimento minuciosamente
Figura 2.1 Mecanismos de homeostase. A grande maioria dos processos fisiológicos são dependentes de mecanismos para sua
manutenção, por exemplo: quando a glicose diminui sua concentração no sangue (hipoglicemia) ativa os glicorreceptores no centro
da fome em nosso hipotálamo (SNC) que desencadeia a sensação de fome. Quando comemos a glicemia está alta os glicorreceptores
são inativados dando-nos a sensação de saciedade. Outro exemplo é que em ambiente quente nosso corpo recebe calor, que aumen-
ta sua temperatura, ativando os mecanismos de termorregulação (ativação da circulação mais periférica aumentando a liberação
de água para as glândulas sudoríparas e fazendo nos suar), para redução da temperatura. Enquanto que no frio esses mecanismos
são inibidos diminuindo o fluxo de sangue para as extremidades o que consequentemente deixam a pele mais branca (menos quan-
tidade de sangue), consequenetemente diminuindo a perda de calor. No último exemplo temos a pressão arterial: quando a pressão
sanguínea diminui do “normal” (hipotensão) são ativados baroceptores (receptores de pressão) na região das artérias carótidas
que mandam a informação para o cérebro aumentando a frequência cardíaca, por exemplo, o que aumenta a pressão. Quando a
pressão aumenta (hipertensão) esse mecanismo é bloqueado, diminuindo a frequência cardíaca e a pressão arterial, consequente-
mente, diminui.
15
Almanaque de Fisiologia
a temperatura de nossos corpos (devido ao au-
A Estímulo
mento do metabolismo muscular).
Devemos então pensar em homeostase como
Concentração sérica
Substância X
um processo de equilíbrio e por conseguinte, di-
nâmico. Dinâmico pois nosso corpo está a todo
momento sendo submetido à alterações extracor-
poreas (ambiente) ou intracorporea (demanda de
nutrientes). A todo momento ele está se adaptan- SubstânciaY
do às mudanças, em especial os sistemas nervoso,
Tempo
endócrino e imunológico.
B
Atuação da homeostase
Substância X
Os mecanismos de homeostase funcionam,
Concentração sérica
principalmente, através de sistemas de retroali-
mentação (feedback) positivos ou negativos. Onde,
feedback positivo é caracterizado pelo aumento de
um fator quando o mesmo fator ou outro relacio- SubstânciaY
nado já está alto no corpo (figura 2A); e o feedback
negativo é caracterizado pelo aumento de um fator
Tempo
quando este fator ou outro correlato está abaixo
de seu ponto de equilíbrio no sangue (figura 2B). Figura 2.2 Exemplos hipotéticos de feedback positivo (A) de-
monstrando que conforme uma substância X se concentra no
Na grande maioria dos mecanismos de home-
sangue induz o acúmulo da substância Y até que um estímulo
ostase utilizam feedback negativo, devido a autor- impeça o descontre da primeira substância; e a figura B repre-
regulação, já o feedback positivo geralmente leva a senta o feedback negativo onde o decréscimo da concentração
morte pois necessita de um estímulo para parar a de X induz o aumento de Y e vice-versa.
progressão dos níveis séricos da substância.
Um exemplo de feedback negativo é o nível sé- Homeostase e estresse
rico de insulina (hormônio que induz a captação Quando há uma alteração (estresse) maior do
de glicose pelas células adiposas, hepáticas, mus- que a nossa capacidade de responder e manter a
culares e nervosas) e a glicemia (concentração de homeostase, instala-se o um quadro patológico.
glicose no sérica). Já um exemplo de feedback po- Essa alteração pode ser por agentes externos ou
sitivo é o caso de hemorragia (perda de sangue) internos (psicológicos) causadores de estresse,
que gera um aumento na frequência de batimento incluem lesão, falta de nutrientes e invasão de pa-
cardíaco, que induz, consequentemente um au- rasitas ou de outros microorganismos. Em outras
mento da velocidade de perda de sangue. palavras; as doenças ocorrem quando a homeosta-
Em outras palavras o feedback positivo é conhe- se não é mantida.
cido como “ciclo vicioso”, pois o mecanismo induz Hans Selye, um endocrinologista austro-hún-
à instabilidade e ao desequilíbrio das funções do garo, conceituou em 1946 estresse como sendo
organismo. A disfunção dos sistemas de controle “a resposta não específica do corpo a qualquer
altera o meio interno promovendo o estado conhe- demanda, seja ela causada por, ou resultando, em
cido como doença: A disfunção generalizada ou de condições favoráveis ou não favoráveis” (SELYE,
órgãos vitais, pode provocar a morte. 1946).
No organismo mamífero quase todos as subs- Em suas pesquisas este autor ainda propôs que
tâncias que precisam de controle (quantidades ou a estas reações existe a Síndrome da Adaptação
concentrações específicas) dentro de um limite es- Geral (SAG), composta de três fases (figura 2.3):
treito possuem um ponto de ajuste (set point). Em ase de alarme ou alerta: onde há a rupturado
outras palavras, praticamente todas as substân- equilíbrio interno do indivíduo e a consequen-
cias que influenciam no metabolismo mamífero te mobilização para enfrentar o agente estressor.
possuem controles de retroalimentação. Nesta fase ocorre principalmente a ativação do
Estas substâncias incluem, por exemplo, a água sistema nervoso central autônomo (como veremos
e os íons (controlados através da osmolaridade em capitulos mais adiante) denominado por ativa-
pelo tronco encefálico e seus receptores osmó- ção do sistema de “luta ou fuga”.
ticos, situados no organum vasculosum), glicose Fase de resistência: onde ocorrem as respostas
(controlado através da concentração sérica pelas fisiológicas e comportamentais para manutenção
células beta-pancreáticas através da liberação de da homeostase. Essas respostas são ajustes dos ní-
insulina ou glucagon), dentre outros mecanismos veis de cortisol (hormônio do estresse) de acordo
existentes. com o agente estressor. São observados sinais de
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Homeostase e Estresse
te
s t re ssan o) CORTISOL
rE gic
Fato u psicoló
oo
(�ísic Pertubações orgâni-
cas (insônia, perda da
libido, sensação de Fase de Recuperação
CORTISOL cansaço...)
Alerta do sistema
nervoso central CORTISOL Fase de Exaustão
Comportamento de
“luta ou fuga”
Instalação
do processo
patológico CORTISOL
(doença)
Figura 2.3 Esquema proposto por Selye (1946) para estudar a Síndrome da Adaptação Geral (SAG) do indivíduo à fatores es-
tressantes. São observadas três fases no processo (com duas resoluções possíveis): a primeira diretamente decorrente do fator
estressante (seja ele físico ou psicológico) denominada de fase de alarme, onde o sistema nervoso central é ativado em resposta,
geralmente sendo ativado o comportamento de “luta ou fuga” para adaptação. Persistindo o fator estressante ocorre a fase de
resistência onde o organismo é re-adaptado para a nova condição, geralmente ocasionando hipertensão, insônia, sensação de can-
saço, perda da libido, entre outras; e findando por uma fase de recuperação onde o corpo reage positivamente, retornando ao seu
estado normal ou instalando-se o processo patológico (fase de exaustão). Um dos hormônios relacionados com todo este processo
é o cortisol (hormônio do estresse) que aumenta com o fator estressante, torna-se dentro da normalidade (na maioria das vezes)
durante a fase de resistência e decresce na recuperação, ou aumenta na intalação do processo patológico. No entanto, nesta última
fase pode-se observar um decréscimo em casos de resistência do corpo ao próprio hormônio denominada de Doença de Addison.
Procedimentos
Pulso radial
Colocar dois dedos (com exceção do polegar)
sobre a artéria radial, entre o osso rádio e o ten-
dão, na altura do punho. Posicionar os dedos do
CUIDADO mesmo lado do polegar do voluntário. Com a pol-
pa dos dedos, sentir a pulsação da artéria, dando
Uso eletivo de atenção à frequência, à intensidade e ao ritmo du-
rante um minuto.
Temperatura corporal
Verificar se a coluna de mercúrio do termôme-
tro está no nível zero. Constatado isso, colocar o
LUVAS TOUCA MÁSCARA ÓCULOS
bulbo do termômetro na boca do voluntário, em-
baixo da língua, deixando-o nessa posição por 3
minutos. Pedir ao voluntário para que permaneça
17
Almanaque de Fisiologia
com a boca fechada, sem mexer no termômetro.
Após esse período, retirar o termômetro e fazer a
leitura da temperatura corporal do voluntário, to-
mando o cuidado de não tocar no bulbo.
Entende-se por R1, repouso 1 (antes do exercício); AEx, medidas logo após o exercício e R2, repouso 2 (após 15 minutos do final do exercício).
Frequência respiratória
Voluntários
Deve-se realizar a contagem de quantos mo-
vimentos respiratórios (inspiração e expiração,
conjuntamente) são realizadas no período de um
minuto.
pH bucal
Segurar uma das pontas da fita indicadora de
pH e introduzir, aproximadamente 1/3 da fita na
R1
boca do voluntário, mantendo-a dentro até o com-
Pulso Radial
pleto umedecimento com a saliva, colocar a pon-
ta da fita sob a língua a fim de favorecer o contato
AEx
com o líquido bucal. Após 10 segundos retirar a
fita e fazer a leitura, comparando a reação de cor
ocorrida com a escala colorimétrica fornecida na
R2
caixa de fitas.
Frequência Respiratória
R1
2 alunos voluntários (alunos que não tenham
impedimento para a realização de esforços fí-
sicos). A essas aferições daremos o nome de re-
AEx
pouso 1 (R1)
2. Solicitar aos voluntários que realizem exercí-
cios físicos (por exemplo: polichinelo, correr,
subir escadas, ou outros) por 5 minutos
R2
3. Imediatamente após a realização do exercício
físico determinar o pulso radial, a frequência
respiratória, a temperatura corporal e o pH bu-
Temperatura Corporal
R1
cal. Anotar os resultados (AEx)
4. Colocar os voluntários em repouso por 15 mi-
nutos. Após esse período, proceder novamente
AEx
Discussão
• Quais alterações foram detectadas com o
exercício? O repouso restaurou as condi-
R1
ções?
• Qual a relação funcional entre os parâme-
pH bucal
tros estudados?
AEx
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Homeostase e Estresse
Bibliografia
HALL, J. E. Organização funcional do corpo humano e controle
do “meio interno”, In: Tratado de fisiologia médica, 12 ed.,
Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
KOEPPEN, B. M.; STANTON, B. A. Homeostasia dos líquidos
corporais, In: Berne & Levy: Fisiologia, 6 ed., Rio de Janei-
ro: Elsevier, 2009.
McEWEN, B.S.; WINGFIELD, J.C. What´s in a name? Integrating
homeostasis, allostasis and stress. Hormones and Behavior
CRUZADAS
n.57, v.2, p.105-111, 2010.
RAFF, H.; LEVITZKY, M. Conceitos básicos de fisiologia, In:
Fisiologia Médica: Uma abordagem integrada, 1 ed., Porto
Alegre: Artmed, 2012.
SELYE H. The general adaptation syndrome and the diseases
of adaptation. Journal of Clinical Endocrinology & Metabo-
lism, v. 6, n.2, p.117-230, 1946.
SILVERTHORN, D. U. Introdução à fisiologia, In: Fisiologia hu-
fisiologia
mana: Uma abordagem integrada, 7 ed., Porto Alegre: Art-
med, 2017.
SOUSA, M.B.C.; SILVA, H.P.A.; GALVÃO-COELHO, N.L. Resposta
ao estresse: I. Homeostase e teoria da alostase. Estudos de
PALAVRAS
em
Psicologia, v.20, n.1, p.2-11, 2015.
19
Antropometria e Metabolismo
Procedimentos
Cinco homens e cinco mulheres deverão se Sendo: M, a massa corporal em quilogramas (kg) e h, a altura
ℎ×𝑀 em metros (m).
voluntariar 𝐴𝑆𝐶 =
A massa dos dez3600
indivíduos será medida
com auxílio de uma balança corporal Deve-se realizar a medida do tecido adipo-
A altura será aferida utilizando-se a fita so e da circunferência abdominal de cada voluntá-
métrica rio
Deve-se realizar o cálculo da ASC através Após a coleta dos dados deve-se tabulá-los
da fórmula abaixo em planilha (abaixo), observar e discutir os resul-
tados.
𝑀
𝐼𝑀𝐶 =
ℎ² Discussão
Sendo: ASC, área de superfície corporal medida em m², h a al- • Como o sexo, idade, massa, área de super-
fície corporal, índice de massa corporea,
porcentagem de gordura corporal e circun-
CUIDADO ferência abdominal podem influenciar no
metabolismo?
Uso eletivo de • O uso de medicamentos nos tratamentos
de uma determinada enfermidade pode ser
afetado pelo metabolismo? Imagine dois in-
divíduos um com 8 anos e 1,5 m e outro com
25 anos e 1,8 m, ambos com a mesma mas-
sa, 60 Kg. Estes indivíduos deverão receber
LUVAS TOUCA MÁSCARA ÓCULOS
a mesma quantidade de uma determinada
22
Antropometria e Metabolismo
diminui sua eficácia.
Através de uma absorção intestinal, a droga
chega primeiramente ao fígado (metabolismo de
primeira passagem ou pré-sistêmico) que é capaz
de extrair e metabolizar com muita eficiência sua
quantidade. Em outras palavras, o metabolismo de
IMC IMC IMC IMC IMC IMC um indivíduo afeta diretamente na capacidade de
<18,5 18,6 - 24,9 25,0 - 29,9 30,0 - 34,9 35,0 - 39,9 >40,0 degradar as drogas sendo necessária a correção da
Abaixo do Levemente Obesidade Obesidade Obesidade dose do medicamente de acordo com o estilo de
Peso Ideal acima do vida do indivíduo.
peso grau I grau II grau III
peso
Além do mais ainda existe a influência da com-
Figura 3.3 Classificação do índice de massa corporal (IMC) de posição química do medicamento que, por vezes,
acordo com a Organização Mundial de Saúde
pode fazer com que sua excreção seja mais rápida
(também afetada pelo metabolismo). A essas duas
droga? Discuta observando a classificação condições (e outras) damos o nome de farmaco-
do IMC simplificado (figura 2.5) cinética.
• O exercício físico é uma atividade estres-
sante? Desenvolva um raciocínio com base Bibliografia
na síndrome da adaptação geral. BRUNETTO, B.C.; GUEDES, D.P.; BRUNETTO, A.F. Taxa metabó-
• O que é bioimpedância? Como se aplica lica em universitários: comparação entre valores medidos
e preditos. Revista de Nutrição, v.23, n.3, p.369-377, 2010.
nessa prática?
GARGIA, E.A.C. Biofísica. São Paulo: Sarvier, 2002.
HALL, J.E. Guyton & Hall - Tratado de fisiologia médica, 12 Ed,
Interdisciplinaridade Rio de Janeiro: Elsevier, 2011
WHO, Energy and protein requirements: Report of a joint
Farmacologia FAO/WHO/UNU expert consultation. WHO Technical Re-
A ação de um fármaco está estritamente rela- port Series, N.724. Geneva. 1985.
cionada com a sua concentração no líquido inters- WHO, Physical status: The use and interpretation of anthro-
ticial do tecido-alvo, logo, é de se imaginar que em pomtry. WHO Technical Report Series, N. 854, Geneva,
1995.
indivíduos com maior metabolismo a inativação
ou excreção das drogas sejam mais rápidas o que
Tecido
Idade Massa Altura ASC IMC Circunferência
# Nome Sexo Adiposo
(anos) (kg) (m) (m²) (kg/m²) Abdominal (cm)
(%)
10
23
Almanaque de Fisiologia
CRUZADAS
1. Principais fontes de energia para o corpo humano.
2. A síntese de proteína a partir de aminoácidos é considerada uma reação de _______________.
fisiologia
3. Podem sofrer beta-oxidação e são consideradas a terceira fonte de energia do organismo.
4. Produção de glicose a partir de substratos não glicídicos.
5. Durante a digestão de um determinado alimento é quebrado em moléculas menores.
Esta é uma reação de ___________.
PALAVRAS
em
24
Atividade de Membrana
Núcleo
Centro de controle de todas as a�vidades celulares;
Presença de cromossomos (que contém grande parte do
genoma); Formato variável (dependente do �po celular);
Corados com hematoxilina (corante alcalino); Possuem
como estruturas o envoltório nuclear (carioteca), croma�-
na, nucléolo, matriz nuclear e nucleoplasma.
Complexo de Golgi
Lisossomos
Conjunto de vesículas achatadas e empilhadas com as
porções periféricas dilatadas; Localização geralmente Vesículas delimitadas por membranas e seu conteúdo
próxima ao RER e ao núcleo; Possui uma parte convexa possuem enzimas; Diâmetro 0,05 a 0,5 um; Função de
chamada de cis (próxima ao núcleo) e uma parte concava digestão celular; As principais enzimas dos lisossomos são
chamada de trans; Principal função é formação de fosfatase ácida, ribonuclease, desorribonuclease, protea-
membranas, ou seja, formação de vesículas que vão se, sulfatase, lipase e betaglicuronidase.
englobar proteínas, e outras substâncias, por exemplo,
lisossomos e peroxissomos.
Mitocôndria
Re�culo Endoplasmá�co Rugoso
Organelas esféricas ou alongadas; Medem de 0,5 a 1,0 um
Cisternas saculares de membrana con�nuada do núcleo; de largura até 10 um de comprimento; Distribuição
Possui polirribossomos aderidos; Abundância em células variada nas células, porém tendem a se acumular onde há
secretoras; Função de tradução de mRNA, montagem de a necessidade de energia (dependendo do �po celular);
proteínas com mul�plas cadeias polipep�dicas, glicosila- São formadas por duas membranas (interna e externa); A
ção inicial das glicoproteínas. principal função das mitocôndrias é a produção de
moléculas orgânicas capazes de armazenar energia, como
a adenosina trifosfato (ATP).
Ribossomo
Peroxissomos
Pequenas par�culas compostas de quatro �pos de RNA
Organelas esféricas, limitadas por membrana, com ribossômicos (rRNA) e cerca de 80 proteínas diferentes;
diâmetro de 0,5 a 1,2 um; Funções enzimá�cas como Cons�tuidos de duas subunidades de tamanhos diferen-
betaoxidação de ácidos graxos, síntese de ácidos biliares e tes; Chamados de polirribossomos quando ligados a uma
de colesterol. molécula de mRNA; Função de codificação de proteínas
(uma das etapas de tradução do mRNA).
Figura 4.1 Ilustração de uma célula eucarionte hipotética e os detalhes de algumas de suas organelas.
26
Atividade de Membrana
complexo de Golgi, carioteca, entre outros. para o hipertônico. Os transportes ativos, geral-
A cabeça hidrofóbica dos lipídios (ou também mente se dão contra o gradiente de concentração
chamada de apolar), fica voltada para fora da pró- (do meio hipotônico para o hipertônico).
pria membrana, enquanto que a parte hidrofílica Quando ocorre o transporte de apenas uma
(polar) fica para o interior. substância, damos o nome de uniporte, enquanto
As proteínas da membrana plasmática são clas- que se estiverem envolvidas duas ou mais subs-
sificadas em dois tipos, as integrais (intrínsecas) tâncias no mesmo sentido chamamos de simporte
ou periféricas (extrínsecas), de acordo com sua (co-transporte) ou, caso sejam em sentidos opos-
facilidade de serem extraídas da membrana. Com tos chamamos de antiporte (contraporte) (figura
isso sugere-se que as proteínas integrais sejam em 1.3).
sua maioria hidrofóbicas enquanto que as periféri-
cas hidrossolúveis (figura 4.2). Transporte através da membrana
As proteínas integrais são macromoléculas que plasmática
podem ser re-divididas em simples (de uma pas- A homeostase celular em sua grande maioria é
sagem somente) ou de múltiplas passagens. Boa mantido pela sua propriedade semipermeável. As
parte destes tipos de proteínas tem a funcionalida- substâncias lipofílicas (apolares) podem se difun-
de de permitir a passagem de substâncias polares dir através da membrana, no entanto, substâncias
(transporte transmembrânicos). A essas proteínas grandes como a glicose, ou com polaridade, como
damos o nome de canais ou permeases. o caso dos íons (Na+, Cl-, HCO3-, dentre outros) não
Os transportes através da membrana plasmáti- permeiam a célula.
ca podem ser de dois tipos passivos (sem consumo É interessante saber que a água (H2O) apesar
energético) ou ativos (com consumo energético). de não elétrons sobrando ou faltando, possui uma
Os transportes ativos podem ser redistribuídos em polaridade, devido a distribuição das cargas, por
primários (com consumo de moléculas orgânicas) isso é chamada como dipolo. Logo, também não
ou secundários (ativados por elementos inorgâni- permeia a membrana com facilidade, é necessá-
cos, como por exemplo o sódio) (mapa conceitual rio um poro de água, denominado de aquaporina
4.1). (AQP).
Os transportes passivos ocorrem por conta de As proteínas que fazem esta passagem podem
um gradiente de concentração, ou seja, no caso dos ser chamadas de canais iónicos ou proteínas carre-
solutos, sempre do meio mais concentrado (hiper- adoras no caso de efetuarem suas funções contra o
tônico) para o menos concentrado (hipotônico). gradiente de concentração.
No caso dos solventes se dá do meio hipotônico Na difusão simples ocorre a passagem de subs-
Figura 4.2 Membrana plasmática e sua dupla camada fosfolitídica além de algumas proteínas integrais e periféricas que forma
canais ou estruturas de identificação celular (glicoproteínas) de manutenção do formato e transpote intracelular (citoesqueleto).
27
Almanaque de Fisiologia
tâncias através da membrana plas-
mática sem que haja uma proteína
para mediar (atravessam a dupla
camada de fosfolipios). As principais
substâncias que realizam esse tipo
de transporte são os gases como o
oxigênio (O2), o dióxido de carbono
(CO2) ou monóxido de carbono (CO).
Na difusão facilitada o processo
é mediado por uma proteína, como
já foi dito, geralmente, tratam-se de
substâncias polares (como os íons ou
Mapa conceitual 1.1 Tipos de transportes através da membrana plasmática. Entende-se
a própria água) ou grandes como no por transportes passivos os tipos que se dão a favor de um gradiente de concentração e os
caso da glicose, frutose, lactose. ativos são contra o gradiente de concentração, logo necessitam a mobilização de algum
Os termos citados acima são le- tipo de energia, seja esta por meio de moléculas orgânicas como por exemplo a adenosina
trifosfato (ATP) ou guanosina trifosfato (GTP), ou ainda devido à força eletroquímica de
vados em consideração quando a íons como por exemplo o sódio (Na+) ou potássio (K+).
substância que fará a passagem da
membrana é um soluto. Para os solutos o termo
utilizado é osmose.
Todos esses processos acontecem sem que haja
o gasto energético para a célula, logo são chama-
dos de passivos. No caso das substâncias onde é
necessário o investimento energético para a célula
são chamados de ativos. Embora, nem sempre este
investimento energético seja na forma de uma mo-
bilização de moléculas orgânicas como a adenosi-
na trifosfato (ATP) ou guanosina trifosfato (GTP). Figura 4.3 Tipos de transportes através da membrana de acor-
Aos transportes ativos que utilizam moléculas do com o sentido do movimento das substâncias. Entende-se
orgânicas damos o nome de primários, e, aqueles por uniporte a movimentação de uma substância (A) através da
membrana, independente do seu sentido para o meio intracelular
que utilizam somente a força de íons (decorrentes ou para o extracelular; Antiporte é o transporte de duas ou mais
do gradiente de concentração) damos o nome de substâncias (B e C) no qual se apresentam em sentidos opostos;
secundários. Simporte é o transporte de duas ou mais substâncias (D e E) no
O principal íon utilizado nos transportes ativos mesmo sentido, seja para fora ou para dentro da célula.
secundários para dentro da célula é o sódio (Na ), +
enquanto que para a saída de substâncias, o potás- As mitocôndrias são as organelas responsáveis
sio (K ).
+ pela produção de energia nas células. Estas orga-
O principal exemplo que temos para os trans- nelas possuem duas membranas (uma interna e
portes ativos secundários é a bomba de sódio/gli- uma externa), entre ambas existe um espaço in-
cose, no qual para carregar a glicose para dentro termembranoso e mais internamente a matriz. A
das células é necessário a mobilização (entrada) membrana interna é pregueada formando superfí-
de sódio, por exemplo nas células intestinais ou cies planas denominadas de cristas.
tubulares proximais dos rins. Algumas células po- No entanto a função mitocondrial não se res-
dem transportar glicose para seu interior através tringe somente à produção de energia (ATP), mas
de difusão facilitada (mais comum). também geram calor e participam na síntese de al-
De qualquer forma essas proteínas que trans- guns lipídios e proteínas (em especial as utilizadas
portam glicose são chamadas de Glucose transpor- como enzimas no processo de respiração celular).
ter (GLUT), que são dependentes do tecido anali-
sado e/ou de sua localização no genoma mamífero, Ribossomos
daí a grande variedade de GLUTs (tabela 4.1). Os ribossomos são pequenas organelas não
membranosas compostas por duas subunidades
Mitocôndrias que se mantêm como partículas individualizadas
até que seja iniciado o processo de síntese de pro-
teína. As duas subunidades têm porte e constitui-
ção diferentes; a maior tem tamanho de 60S, e a
menor, de 40S.
Cada subunidade é composta de proteínas e
RNA ribossomal (rRNA), e juntas funcionam como
28
Atividade de Membrana
uma plataforma que fornece não apenas Tabela 4.1 Tipos de transportadores de glicose (GLUT), sua localização no ge-
noma humano, presença nos tecidos e dependência de insulina para ativação e
uma superfície sobre a qual ocorre a sín- transporte para o interior da célula
tese proteica, mas também um catalisa-
dor que facilita a síntese de proteínas. Tipo
Endereço
Tecido
Dependencia
Genômico de insulina
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Atividade de Membrana
CRUZADAS
1. Principais fontes de energia para o corpo humano.
2. A síntese de proteína a partir de aminoácidos é considerada uma reação de _______________.
fisiologia
3. Podem sofrer beta-oxidação e são consideradas a terceira fonte de energia do organismo.
4. Produção de glicose a partir de substratos não glicídicos.
5. Durante a digestão de um determinado alimento é quebrado em moléculas menores.
Esta é uma reação de ___________.
PALAVRAS
em
31
Fisiologia Muscular
Linha Z
Músculo em contração
Banda H
Banda I Banda A Banda I
- Diminuição da banda H
- Diminuição da banda I
- Banda A inalterada
- Aproximação das linhas Z
Figura 3.1. Esquema gráfico do sarcômero e seus zoneamentos (A) e dos eventos que ocorrem durante um músculo relaxado e em
contração (B). Pode-se observar que o filamento fino é composto pelas proteínas actina, tropomiosina e troponina, enquanto que
o filamento grosso é basicamente composto por vários dímeros de miosina. Todas essas proteínas se ligam às linhas Z diretamente
(filamento fino) ou através de uma proteínas denominada titina (filamento grosso).
33
Almanaque de Fisiologia
dade denominada sarcômero. O sarcômero forma las que apresentam um real encurtamento do
bandas escuras e claras, denominadas de banda A músculo (como um todo), denominada contração
e I, respectivamente. Cada unidade é delimitada isotônica e aquela onde por mais que as fibras se
por duas linhas Z consecutivas (presentes no cen- contraiam, aparentemente não existe mudança no
tro da banda I); ao centro da banda A existe uma comprimento do músculo (contração isométrica).
banda mais clara chamada de banda H. A consti- Nas contrações isométricas a carga (ou “peso”)
tuição destas bandas é apresentada na figura 5.1. imposta ao músculo é maior ou igual à força de
Durante a contração muscular ocorre o encur- contração o que inevitavelmente faz com que o
tamento das bandas I, ou seja, aproximação de músculo apesar de se contrair não encurta a dis-
duas linhas Z consecutivas, ou ainda a diminuição tância entre as extremidades, ou seja, o compri-
ou desaparecimento das bandas H. Observe que a mento do músculo não se altera (figura 3.2.A).
banda A não tem alterações (fig. 5.1.B). Qualquer contração que gere força e movimen-
No tocante à fisiologia dos tecidos musculares te uma carga é denominada de contração isotônica.
é importante relembrar que as fibras musculares Existem dois tipos de contrações isotônicas, as ex-
estriadas esqueléticas são as únicas acionadas cêntricas, na qual o músculo está em alongamento
voluntariamente, embora, alterações no meio tônico (tensão do músculo é menor que o peso da
intercelular possa despolarizar (ativar) involun- carga) ou concêntricas, na qual a tensão muscular
tariamente, geralmente através de espasmos ou é superior à carga, fazendo com que o músculo en-
câimbras. curte seu comprimento (figura 3.2.B).
Entende-se espasmos como contrações invo-
luntárias, leves e de curta duração. Logo, câimbras Etapas da excitação e contração mus-
são contrações involuntárias, duradouras, inten- cular
sas e dolorosas. De maneira simplificada podemos dizer que
Considerando os músculos esqueléticos po- a contração muscular esquelética é resumida em
demos observar dois tipos de contrações; aque- três etapas: o potencial de ação, o aumento do
Ca++ intracelular e a contração propriamente dita.
De forma detalhada podemos descrever sete
etapas (figura 3.4):
A 1. A chegada do potencial de ação no terminal
Contração Isotônica
Diminuição do comprimento muscular
do axônio (telodêndro) dos neurônios mo-
Tensão muscular excede a resistência tores;
(peso)
2. Ao serem despolarizados, os telodêndros
permitem a entrada de Ca++ que por sua
vez será o cofator para liberação dos neuro-
transmissores (acetilcolina – ACh) na jun-
ção neuromuscular;
3. A ligação entre a ACh com os receptores
nicotínicos na fibra muscular promovem
a despolarização desta. Este potencial de
B ação é conduzido através do sarcolema
Contração Isométrica (membrana plasmática) do músculo e con-
Sem redução do comprimento muscular
Resistência (peso) excede a tensão sequentemente a despolarização dos túbu-
muscular los T (transversos); Os receptores nicotíni-
cos são canais ionotrópicos, logo ao serem
ativados permitem a passagem de íons, que
neste caso é o influxo de sódio (Na+)e eflu-
xo de potássio (K+). No entanto, o efluxo de
potássio é bem menor devido ao gradiente
de concentração menor, o que despolariza a
fibra muscular;
4. A despolarização da membrana da fibra
Figura 3.2. Tipo de contrações. Em A é apresentada a contra- muscular é repassada para as invaginações
ção isotônica do bíceps braquial, onde a resistência da carga que existem (túbulos T). Nos túbulos T exis-
(peso) é excedida pela tensão muscular, o que provoca o en-
curtamento do musculo; Em B a carga excede a tensão muscu-
tem proteínas receptoras de dihidropiridi-
lar fazendo com que o músculo não tenha capacidade de en- na (DHP) sensíveis à voltagem.
curtar os sarcômeros, deixando-os no comprimento original, 5. Com a alteração da voltagem da membrana
em outras palavras não encurtando o músculo como um todo. os receptores DHP são ativados mudando
34
Fisiologia Muscular
lo). Esta enzima recebe o nome de SERCA
(do inglês, sarco/endoplasmic reticulum
Diminuição do
comprimento do A Ca++-ATPase). Consequentemente a con-
músculo TRIC centração deste íon no sarcoplasma dimi-
N
nui, diminuindo o número de frações C (da
Ê
NC CA troponina) ligadas.
RI
CO
NT
EX
CÊ Produção de energia dos músculos
Como observado no processo descrito ante-
riormente, o consumo de energia (ATP) pela fibra
Aumento do muscular é muito expressivo. São necessárias vá-
comprimento do
músculo rias moléculas para realizar a contração e várias
para bombear os Ca++ intracelulares para o retícu-
lo sarcoplasmático.
Para a produção de ATP as células (de modo
geral) possuem duas formas: respiração aeróbica
(com uso de oxigênio) e anaeróbica (que embora
Figura 3.3. Tipos de contração muscular isotônica: Concên- seja menos eficiente, não necessita de oxigênio).
trica e Excêntrica. Na contração concêntrica as fibras muscu- Outro detalhe importante é que o ATP não é
lares diminuem seu comprimento, no caso da excêntrica as
acumulado por muito tempo na célula. Logo, as
fibras se alonga, apesar de estarem em contração.
fibras musculares e as nervosas possuem uma for-
sua conformação que faz com que abram-se ma para manter um acúmulo de ATP, a formação
canais de liberação de Ca++ pelos recepto- de fosfato de creatina (creatina-fosfato).
res de rianodina (RyR) no retículo sarco-
plasmático próximo; Acoplamento excitação-contração
6. Os receptores de rianodina ativados permi- Entende-se por acoplamento a sequência de
tem a saída de Ca++ do retículo sarcoplas- eventos pelos quais o potencial de ação do sarcole-
mático o que e inundação do sarcoplasma ma ativa os mecanismos de tensão.
(citoplasma das fibras musculares); Em outras palavras, quando um potencial de
7. O Ca++ (agora livre no sarcoplasma) se liga membrana é acionado (duração de 1 a 2 ms) de-
à fração C da troponina nos filamentos finos sencadeia uma sequencia de eventos (como vistos
fazendo com que ocorra uma alteração da no ítem anterior) para promover a contração do
troponina. Esta alteração afasta a tropo- músculo (que dura em média 100 ms).
miosina (ligada a fração T da troponina)
abrindo o sítio de ligação da miosina (pre-
sente na actina). Em resumo, sem a presen-
ça do Ca++ ligado à troponina a conforma- 1
ção estrutural desta proteína faz com que Ca +
+
Ca++
a tropomiosina “esconda” o sítio de ligação 2
da miosina; Com a abertura do sítio de li-
gação da miosina permite-se que sejam for-
madas as pontes cruzadas (interação entre
miosina-actina). Quando o ATP se liga ao 3 Fenda
Na+ Sináptica
sulco da miosina a afinidade entre miosina
4
e actina é baixa, no entanto, quando ocorre Nm
Ca++
RyR
Materiais Bibliografia
Cronômetro GARTNER, L.P.; HIATT, J.L. Atlas colorido de histologia, Ed. 6,
Bolas de tênis Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.
Esfingmomanômetro
Alteres de pesos diferentes
Fita métrica
Procedimento
Contração isométrica
1. Cada indivíduo deve realizar a prática em duas
etapas (com cada uma das mãos)
2. O indivíduo deverá manter o braço perpendicu-
lar ao corpo e com a primeira mão deverá im-
por uma contração isométrica (com maior ten-
são possível) contra uma bola de tênis (apertar
a bola)
3. A atividade deve ser cronometrada até que o in-
divíduo não suporte mais manter a tetania (ver
quadro 4.1)
4. Com a outra mão o indivíduo deverá realizar o
maior número de contrações possível. Lembre-
-se que com uma mão o indivíduo deve realizar
a tetania e com a outra mão deverá realizar o
maior número de contrações (com tensão má-
xima) possíveis. Enquanto na primeira mão
cronometraremos o tempo de tetania, na se-
gunda contaremos o número de contrações até
o fadigamento
5. Após realizada a primeira etapa do experimen-
to, repetiremos o mesmo experimento utilizan-
do o esfingmomanômetro com pressão cons-
tante de 140 mmHg (constante, ocluindo ou
dificultando o fluxo sanguíneo) no braço que
está executando a atividade
6. Os resultados (tempo ou número de contra-
ções) de ambas as mãos devem ser anotados na
tabela 3.1.
Velocidade de contração
1. Dois indivíduos devem se sentar na mesma
bancada com os cotovelos dos braços dominan-
tes apoiados e mantendo a coluna ereta
2. Um indivíduo deve realizar contrações concên-
tricas do bíceps braquial com cargas crescentes
durante , ou seja, durante 40 segundo deve rea-
lizar o maior número de contrações com altere
de 1kg, seguido de mais 40 segundos com carga
de 3 kg e por fim o mesmo procedimento com
carga de 5 kg; Deve-se contabilizar o número de
movimentos com cada carga
3. O outro indivíduo deve realizar o mesmo pro-
cedimento com as mesmas cargas e tempo, no
entanto, iniciando com 5 kg, seguido de 3 kg e
37
Fisiologia Muscular
CRUZADAS
1 2
3 4 fisiologia
PALAVRAS
em
5 6 7
8 9
10
11
12 13 14
15
16 17
18
19
EclipseCrossword.com
1. Substrato utilizado para armazenar energia para os múscu- 10. Proteína responsável pelo adensamento da banda A no
los esqueléticos sarcômero.
2. Contração do tríceps quando estamos levando um copo à 11. Fibras presentes nos músculos responsáveis pela percep-
boca ção de distensão destes.
3. Receptor de ________________ é um canal específico de cálcio 12. Movimento do bíceps da coxa ao projetar a tíbia para o
presente nos retículos sarcoplasmáticos ativados com a des- posterior.
polarização do sarcolema. 13. Movimento do quadríceps da coxa ao projetar a tíbia para
4. Contração do reto do abdomen no início de um movimento o posterior.
de abdominal. 14. Composto de fosfato utilizado como fonte direta de ener-
5. Tipo de contração do bíceps quando tentamos levantar do gia das fibras musculares.
chão uma carga maior do que suportamos. 15. Monômero de proteínas globular presente em pratica-
6. Nome dado às mitocôndrias presentes nas fibras muscula- mente todas as células (na região paramembrana interna),
res. também responsável pela contração muscular, e em grande
7. Neurotransmissor capaz de despolarizar as fibras muscu- quantidade na banda I do sarcômero.
lares esqueléticas. 16. Proteína, componente do sarcômero, ligante do cálcio du-
8. Íon acumulado no interior do retículo sarcoplasmático e rante a contração muscular.
liberado com a despolarização do sarcolema. 17. Estrutura macroscópica de tecido conjuntivo tenso mo-
9. Contração isotônica do quadríceps quando um jogador de delado que liga as fibras musculares ao periósteo (no osso).
futebol está prestes a chutar uma bola. 18. Unidade funcional básica da fibra muscular.
39
Almanaque de Fisiologia
40
Ações reflexas somáticas
Receptor
(Órgão tendinoso de Golgi) Gânglio Sensitivo
- Presente nas �ibras intrafusais (Formado por corpos celulares
de neurônios sensitivos)
Via Aferente
(Neurônio sensitivo)
2 Medula (SNC)
Órgão efetor
(Músculo estriado esquelético)
3
Via Eferente
4 (Neurônio motor)
Figura 4.2. Ilustração mostrando a sequência do arco reflexo somático monossináptico. No reflexo monossináptico pode ser ob-
servado apenas dois neurônios envolvidos, um na via aferente (sensitiva) e um na via eferente (motor). Não são observados inter-
neurônios (neurônios que fazem a comunicação entre a via aferente e eferente. O processo consiste na despolarização das fibras
intrafusais (aparelho tendinosos de Golgi) e consequentemente do neurônio sensitivo (1) que internaliza no sistema nervoso cen-
tral (SNC) o sinal, passando pelo gânglio sensitivo (2), que é formado por corpos celulares de vários neurônios sensitivos. O sinal
ao adentrar a medula espinhal pelo corno dorsal é repassado ao neurônio motor (3) ainda na substância cinza. Ao se despolarizar
o neurônio envia o sinal (pela via eferente ou efetora) para a placa mioneural (4) e consequentemente despolarizando o músculo,
que por sua vez, se contrai.
42
Ações reflexas somáticas
ssão sonre o tendão de Aquiles. A pessoa deve es-
tar com os joelhos apoiados sobre uma cadeira de
forma que o pé relaxe livremente. Repita no outro
membro.
Discussão
• O que é reflexo miotático inverso?
• Qual estrutura do músculo esquelético é
responsável pela sensibilização de estira-
mento?
• Por quê testar, em um mesmo paciente, vá-
rios reflexos somáticos, como por exemplo,
reflexo patelar, aquileu, triciptal, dentre ou-
tros?
• Qual o segmento da medula está relaciona-
do com o reflexo cutâneoplantar, bicipital,
tricipital, estilorradial, aquileu e patelar?
Referências
TORTORA, GJ; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia e fi-
siologia, 14 Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.
BICKLEY, L.S. Bates - Propedêutica Médica, 11 Ed., Rio de Ja-
neiro: Guanabara Koogan, 2015.
1
CRUZADAS
2
fisiologia
1. Estrutura anatômica responsável pela
conversão de um estímulo externo (me- PALAVRAS
em
cânico ou químico) em um impulso ner-
3
voso.
2. Tipo de sinapse do arco reflexo de re- 4 5
tirada (superficial), por exemplo tocar
em uma superfície muito quente. Na qual
mais de três neurônios são envolvidos.
3. Após induzirmos o estiramento do bí- 6 7
ceps de um paciente, qual o reflexo (do
antebraço).
4. Tipo de reflexo no qual o receptor está
8
presente na pele (por exemplo: cutaneo-
-abdominal ou cutâneo-plantar).
5. Via na qual o impulso segue da medula
para um músculo estriado esquelético.
6. Reflexo no qual dois neurônios estão
envolvidos; um sensitivo e um motor. Por
exemplo, reflexo patelar.
7. Tipo de reflexo no qual uma fibra in-
trafusal é estirada desencadeando a sen- 9
sibilização (estiramento) de um músculo.
8. Segunda célula sensibilizada no caso
de um reflexo monossináptico.
9. Via que parte do sistema nervoso cen-
tral (medula espinhal) para o órgão efe-
tor.
10. Principal neurotransmissor inibidor 10
da medula espinhal.
11. Órgão de tecido conjuntivo fibroso,
que une a tíbia à patela e que é facilmente
percutido para desencadear um reflexo 11
que resulta na contração do quadríceps.
EclipseCrossword.com
43
Ações reflexas viscerais
}
Nervos Cranianos
Receptores
Músc. Estriado
Esquelético
Centros Motores
}
Cerebrais Inferiores
LEGENDA
45
Almanaque de Fisiologia
PARASSIMPÁTICO
Pupilas
Miose
Glândulas Salivares
Salivação (aquosa)
Coração
Bradicardia
(diminuição da
frequência cardíaca)
Brônquios
Broncoconstrição
Estômago
Aumento da secreção
gástrica
Fígado
Glicogênese
(formação de glicogênio
a partir de glicose)
Bexiga
Contração
Órgãos sexuais
Ereção
(feminina e masculina) Gânglios
Parassimpáticos
46
Ações reflexas somáticas
Pupilas
Midriase
SIMPÁTICO
Glândulas Salivares
Gânglios Salivação (mucosa)
Simpáticos
Brônquios
Broncodilatação
Coração
Taquicardia
(aumento da
frequência cardíaca)
Estômago
Inibição da secreção
gástrica
Fígado
Glicogenólise
(quebra de
glicogênio em glicose)
Suprarrenais
Liberação de adrenalina (80%)
e noradrenalina (20%)
Bexiga
Relaxamento
Órgãos sexuais
Ejaculação
47
Almanaque de Fisiologia
as mesmas funções, embora de intensidades dife-
rentes, como é o caso das glândulas salivares. Am- Objetivos
bos os sistemas são capazes de induzir salivação, Estudar várias manifestações reflexas (atos re-
porém, na ativação simpática a saliva tem uma flexos) viscerais na espécie humana.
conscistência mais mucosa, enquanto que na pa-
rassimpática, mais aquosa. Materiais
Alguns órgãos não apresentam ambas as iner- • Lanterna
vações. Como é o caso dos músculos piloeretôres, • Relógio
que fazem a elevação (ereção) dos pelos, do braço • Bacia com água fria
por exemplo. Nessas estruturas somente as fibras • Papel toalha
simpáticas estão presentes.
Anatomicamente são observadas diferenças Procedimento
importantes: as fibras simpáticas emergem do
Reflexo fotomotor
SNC a partir da região tóraco-lombar (na medula),
Solicite que um aluno olhe um ponto iluminado
enquanto que as parassimpáticas emergem da re-
(lanterna ligada). Verifique o centro da íris o diâ-
gião cranio-sacral.
metro da pupila em cada olho. Peça-lhe que cubra
Em outras palavras, as fibras nervosas que par-
os olhos com as mãos durante cerca de 10 segun-
tem da região torácica ou lombar são simpáticas, já
dos, não deixando penetrar luz entre os dedos,
os nervos cranianos e sacrais são parassimpáticas.
nem comprimindo os globos oculares (os olhos
Outra diferença é o tipo de neurotransmissores
devem permanecer abertos como se estivesse
que impõem as modificações orgânicas. Os neuro-
“olhando” o tal “ponto iluminado”). Ordene então
transmissores simpáticos são as chamadas cate-
que ele retire uma das mãoes e, na mesma fração
colaminas (noradrenalina, também chamado de
de segundo, olhe o que acontece com o diâmetro
noraepinefrina e a adrenalina ou epinefrina) e o
da pupila recém descoberta.
do sistema parassimpático acetilcolina (ACh).
Repita o mesmo procedimento observando
A adrenalina (ou epinefrina) é um neurotrans-
agora o outro olho. Com uma lanterna fça incidir
missor simpático, porém, liberado apenas pela
luz em apenas um dos olhos do examinado e, en-
medula das glândulas adrenais (suprarrenais), por
ocasição de sensibilização de noradrenalina (por
via nervosa).
Este neurotransmissor suprarrenal é liberado
na corrente sanguíne (descarga de 80% de adre-
nalina e 20% de noradrenalina). Com isso pode-se
afirmar que a ativação do sistema nervoso simpá-
tico é feita em duas frentes: por via nervosa (pri-
mária) e seguida da liberação de adrenalina (e no-
radrenalina) no sangue.
Isso é considerado como um modo de ativar
órgãos não inervados, como por exemplo o tecido
adiposo (apesar de não ter fibras nervosas diretas
são ativados por via sanguínea. Por isso alguns
pesquisadores comentam que o sistema nervoso
simpático é mais eficiente na ativação (duas vias).
Resumindo, nosso corpo mantem-se sempre
em um tônus simpático e parassimpático, como
em uma balança. Quando um dos sistemas preva-
lece temos uma configuração orgânica para adap- D1
Artéria Radial
tação ao meio. No caso de sermos atacados por um D2
animal, aumenta-se o tônus simpático (resposta
de luta e fuga), no caso nos alimentarmos o sono Figura 5.2. Ilustração esquemática do posicionamento da ar-
prevalece pois oo sistema parassimpático está em téria radial para situar a localização do pulso. Note que o local
tônus aumentado, para ocorrência da digestão. de aferição (D1 e D2) do pulso situa-se proximal a base do
Assim como em uma balança, após um lado polegar. Devem-se utilizar dois digitos para aferição, no en-
tanto, não se recomenda utilização do polegar posto que as
prevalecer, no momento seguinte tende a aumen-
artérias deste dedo são mais calibrosas. Durante a aferição, o
tar para equilibrar. Logo, após uma hiperexcitação dedo mais distal (próximo ao polegar do paciente - D1) deve
simpática segue uma descarga parassimpática e fazer uma leve pressão enquanto que o outro (D2) apenas
vice versa. toca a pele.
48
Ações reflexas somáticas
quanto parte do grupo verifica o diâmetro do olho 3. Intestino delgado
iluminado (reflexo fotomotor direto), parte veri- 4. Vesicula biliar
fica o diâmetro da pupila do olho oposto (reflexo 5. Baço
fotomotor consensual). 6. Músculos estriados esqueléticos
• Durante a ativação simpática observa-se
Reflexo espino-ciliar que “há um aumento do fluxo sanguíneo
Beliscar, com o grau de surpresa possível, a pele para o coração”. Justifique a razão com base
da nuca do aluno examinado e verificar o que suce- nos tipos de receptores adrenérgicos (de
de com os diâmetros das pupilas. catecolaminas).
• O gráfico ao lado mostra a despolarização
Reflexo bradicárdico de uma fibra musculare cardíaca. O que
Dois alunos determinarão simultaneamente a aconteceria com os trechos 1, 2, 3 e 4 du-
frequência cardíaca palpando os pulsos das arté- rante a ativação simpática e parassimpática
rias radiais do voluntário, por 30 segundos. Em desta fibra?
seguida, este deve mergulhar o rosto em uma ba-
cia com água fria, durante 15 segundos. Após isto, Referências
HALL, J.E. Guyton & Hall - Tratado de fisiologia médica, 12 Ed,
aguardar 5 segundos e, da mesma forma anterior-
Rio de Janeiro: Elsevier, 2011
mente descrita, determinar novamente a frequên-
cia do pulso por 30 segundos. Preencher o quadro
a seguir.
Discussão
• O que aconteceu com o diâmetro da pupila
nos vários momentos do experimento? Por
+20
quê?
Voltagem Intracelular (mV)
+10
• O que acontece após a execução do beliscão 0
na nuca do paciente? Justifique. -10 3
2
• O que aconteceu com a frequência cardíaca -20
após o “mergulho” do rosto do paciente em -30
Limiar
uma bacia contendo água fria? Por quê? -40
1 4
• O que acontece durante a ativação simpáti- -50
-60
ca e parassimpática nos órgãos abaixo, jus-
tifique sua resposta.
1. Pâncreas
2. Pêlos do braço
4
5
6
7 02
8 Mergulhar rosto na água por 15s.
9
10
Média
Aferir novamente o pulso
radial por 30s;
03
Multiplicar por 2;
Desvio-Padrão Anotar em FC depois.
49
Almanaque de Fisiologia
1
7 8 9 10
11
12
13
14
CRUZADAS
15
EclipseCrossword.com fisiologia
PALAVRAS
em
1. Neurotransmissor liberado pelo primeiro neurônio da via 8. Via autônoma que apresenta o segundo neurônio efetor
efetora do sistema nervoso autônomo simpático. mais curto (de menor comprimento) que o primeiro.
2. Receptores do sistema nervoso autônomo parassimpático. 9. Receptores adrenérgicos capazes de induzir taquicardia.
3. Durante a ativação parassimpática o pâncreas libera que 10. Efeito de drogas parassimpaticomiméticas nos brôn-
tipo de hormônio? quios.
4. Receptores dos músculos estriados esqueléticos. 11. Reações de um indivíduo sobre forte descarga simpática.
5. Efeito da adrenalina nos receptores beta-2 das arterias 12. Efeito de uma droga parassimpaticolítica no coração.
músculo esqueléticas. 13. A liberação de ________________, pelo pâncreas, pode ser
6. Receptores adrenérgicos com maior grau de afinidade pela resposta a uma droga simpaticomimética.
noradrenalina, em comparação com adrenalina. 14. Neurotransmissor liberado pelo segundo neurônio adre-
7. Única via que inerva autonomamente as glândulas suprar- nérgico sobre os músculos dilatadores da pupila.
renais. 15. Efeito da acetilcolina nas arteriolas cardíacas.
50
Ações reflexas somáticas
51
Ausculta cardíaca
Introdução
O coração é um órgão muscular oco que se loca-
liza no mediastino médio, por trás do osso esterno,
discretamente deslocado para a esquerda (figura
6.1). Em uma pessoa adulta, tem aproximadamen-
te o tamanho do punho fechado e pesa cerca de
400 g. É formado por quatro cavidades: duas su-
periores, chamadas de átrios e duas inferiores, os 1 2
ventrículos.
Este órgão tem a função de propelir o sangue
por dentro dos vasos para sua distribuição pelo 3 4
corpo, seja esta a pequena circulação (coração- 5
-pulmões) ou a grande circulação (figura 6.2). Em
média repete os movimentos de propulsão (con-
tração e relaxamento) entre 70 a 80 vezes por mi-
nuto, quando o indivíduo está em repouso.
Histologicamente é composto de três camadas: Figura 6.1. Posição anatômica do coração humano. Ainda na
pericárdio (tecido conjuntivo fibroso, mais exter- imagem podem ser destacados os focos primários de ausculta
no), por vezes sendo chamada de saco pericárdi- cardíaca (1 a 5), onde 1 representa o foco aórtico, 2 o foco
co; uma camada muscular estriada, denominada pulmonar, 3 foco tricuspide, 4, foco mitral e 5 a região deno-
de miocardio e uma camada de tecido conjuntivo minada de ictus cordis. Devido ao posicionamento cardíaco o
foco tricuspide pode passar para o lado esquerdo, tomando a
fibroso mais interna denominada de endocárdio. posição 4 e o foco mitral a posição 5.
Na fisiologia cardiovascular dois tipos celulares
são importantes: os cardiomiócitos (fibras muscu-
lares cardíacas) que se contraem para gerar a força qual, durante a fase de repolarização os canais de
de propulsão do coração e as células condutoras, sódio se abrem mais cedo fazendo com que o íon
com função de gerar potenciais de ação para ativas sódio tenha um influxo para a célula e, consequen-
as primeiras. temente, despolarizando automaticamente (figura
As células condutoras são capazes de se des- 6.3.B).
polarizarem autonomicamente, o que faz com que O coração possui quatro valvas (conjunto de
o órgão independa do sistema nervoso central. válvulas) que funcionam de modo não permitir
Porém, não completamente, pois o órgão recebe que o sangue reflua. O fluxo e o fechamento das
inervações autônomas (simpática e parassimpáti- valvas geral sons fisiológicos chamados de bulhas.
ca) que controlam a frequência de seus ciclos (ba- No entanto, quando estas possuem patologias, o
timentos). que faz com que o sangue reflua ou exerça pressão
Este mecanismo de despolarização das células acima do normal geram sons patológicos chama-
condutoras é chamado de efeito marcapasso, no dos de sopros.
53
Almanaque de Fisiologia
T. Braquiocefálico
Valva
Aórtica
D E
A. Aorta
Átrio Átrio Descendente
Valva Valva
Tricúspide Mitral
Ventrículo Ventrículo
Coronárias
A. Gástrica Esq.
A. Esplênica
A. Mesentérica Superior
A. Suprarrenais
A. Renais
A. Mesentérica Inferior
A. Iliacas Comuns
Figura 6.2. Ilustração representando a grande circulação e os principais vasos.
54
Ausculta cardíaca
A
+20 1
+10 2 Fase 0 - Depolarização (Influxo de Na+ por canais
0 PRR dependentes de voltagem e de Na+ e K+ canais
pelos If)
Voltagem Intracelular (mV) -10
Fase 1 - Repolarização inicial (Inibição dos canais de
-20 PSN Na+ dependentes de voltagem e efluxo de K+)
-30 3 Fase 2 - Platô (Influxo de Ca++ por canais L e efluxo
0 Limiar de K+ em equilíbrio)
-40
PRA Fase 3 - Repolarização tardia (Diminui o influxo de
-50 Ca++ e aumenta o efluxo de K+)
-60 Fase 4 - Diástole elétrica (Efluxo de K+ e influxo de
PRE Ca++ e Na+ em equilíbrio)
-70
-80 4
-90
-100
Figura 6.3. Potenciais de ação dos cariomió-
citos (A) e das células condutoras do coração
B
(B). Pode-se observar que no trecho 4 de B não
ocorre um repouso de membrana, ou seja, já
+20 apresenta uma despolarização (efeito marca-
passo). Entende-se por PRA período refratário
Voltagem Intracelular (mV)
+10
absoluto, PRE período refratário efetivo, PRR
0 período refratário relativo e PSN período su-
-10 3 pernormal.
0
-20
-30
Limiar
-40
-50 4 4
-60
gases, ou seja, quando uma câmara cardíaca está uma redução do fluxo de sangue para o ventrículo
refleta de sangue e entra em contração o seu vo- (enchimento lento), até seu preenchimento com-
lume não se altera até a abertura de sua respec- pleto e, consequentemente, reiniciando o ciclo.
tiva valva (contração isovolumétrica), gerando Como pôde ser observado o ciclo cardíaco pos-
um aumento de pressão no seu interior. Este fato sui seis subfases: contração isovolumétrica, ejeção
pode ser observado na ascendência da pressão do rápida, ejeção lenta, relaxamento isovolumétrico,
ventrículo esquerdo no diagrama de Wiggers (fi- enchimento rápido e enchimento lento.
gura 6.4). Esta fase é denominada no ciclo cardíaco Estes eventos só são passíveis de ocorrer fisio-
como contração isovolumétrica. logicamente devido a presença das valvas atrio-
De modo semelhante quando o ventrículo re- ventriculares e semilunares.
laxa sua pressão interna diminui, no entanto, sem Nos átrios deve-se levar em consideração que
sem alteração do volume (relaxamento isovolu- não existem valvas pré-atriais. Logo, as pressões
métrico). intra-atriais não são tão elevadas quanto as intra-
Quando a valva semilunar aórtica (VML) se -ventriculares.
abre a pressão continua subindo devido a força de Em outras palavras, quando os átrios se con-
contração mas esta reduz progressivamente, fase traem a pressão intra-atrial aumenta (figura 6.4.a)
denominada de ejeção rápida, pois com a pressão e como o sangue flui para o ventrículo, a pressão
alta induz uma saída rápida do sangue. intraventricular também aumenta (reduzindo le-
Após este breve momento a a pressão não se vemente a pressão atrial). No entanto, as valvas
eleva mais fazendo com que a ejeção torne-se mais atrioventriculares se fecham (por ocasião da sís-
lenta (ejeção lenta) até a completa saída de san- tole ventricular) a pressão atrial volta a se elevar
gue. Inicia-se, então, o fase de diástole. (figura 6.4.c) devido aos abalos das VAV no sentido
A entrada do sangue, devido a grande diferença dos átrios (como um “paraquedas” se abrindo no
de pressão entre o átrio e o ventrículo faz com que interior do átrio). O sangue não para de chegar ao
o sangue seja transferido para o ventrículo rapi- átrio, o que induz um aumento leve de sua pressão
damente (enchimento rápido). Com o passar do até a onda v (figura 6.4.v), observado pela abertu-
tempo as pressões vão se igualando e promovendo ra da VAV.
55
Almanaque de Fisiologia
Sístole atrial
Contração Isovol.
Enchimento
Ejeção Rápida
Ejeção Lenta
Isovolumétrico
Ventricular
Enchimento
Ventricular
Relaxamento
Rápido
Lento
120 Abertura
da VSL Pressão
100 Aórtica
80 Fechamento
da VSL
Pressão 60 Pressão
Ventricular
(mmHg) Fechamento Esquerda
40 da VAV
Pressão Atrial Abertura da
20 Esquerda VAV
0
5
4
Fluxo 3
Sanguíneo 2
Aórtico (L/min) 1
0
130
Volume 110
Ventricular 90
(mL) 70
50
B1 B2
B4 B3
Sons Cardíacos
a c
Pulso Venoso v Figura 6.4. Diagrama de Wiggers.
R O diagrama representa apenas um
ciclo cardíaco, levando-se em con-
P T P
Eletrocardiograma sideração o lado esquerdo do co-
Q R ração. Entende-se por VAV, valva
atrioventricular esquerda (mitral);
VSL, valva semilunar aórtica; B1 a
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 (s)
B4, bulhas.
As bulhas são observadas pelos fechamentos com a força com que o coração pode imprimir no
das valvas atrioventriculares e semilunares (B1 sangue para a sua saída dos ventrículos.
e B2, respectivamente). Porém, se observarmos Estes conceitos podem ser bastante úteis para
existem mais duas bulhas (B3 e B4); estas bulhas determinar algumas patologias, por exemplo,
são, respectivamente, o som do sangue reverbe- quando o coração aumenta a pós-carga significa
rando nas paredes do coração ao adentrar os ven- que a resistência para saída do sangue está au-
trículos e o turbilhonamento do sangue ao final do mentada, fato observado nos casos de hipertensão
enchimento ventricular durante a sístole atrial. arterial. Este fato está relacionado com o aumento
Ambas as bulhas B3 e B4 são pouco audíveis em da pressão na aórta.
adultos saudáveis. B3 é ouvida nas crianças sau- A pré-carga se relaciona com o retorno veno-
dáveis, enquanto B4 está mais relacionada aos es- so (volta do sangue para o coração), ou seja. se a
tados de alto débito cardíaco (volume de sangue pré-carga aumenta significa que mais sangue está
propelido do coração por um minuto), em prati- chegando ao coração (figura 6.5).
cantes de exercícios físicos de intensidade.
Estas bulhas são mais bem registras por micro- Objetivo
fones e aparelhos denominados de fonocardiogra- Familiarizar os alunos com a técnica de auscul-
fo, ou seja, dificilmente são observados em auscul- ta das bulhas cardíacas.
tas tradicionais (com estetoscópio).
Materiais
Pré-carga e pós-carga • Estetoscópio
Como já visto anteriormente, não é normal
que um músculo entre em distensão. No coração Procedimento
o mesmo fato ocorre. O aumento do grau de tensão Aplicar a membrana do estetoscópio sobre cada
do músculo cardíaco é chamado de força pré-car- foco de ausculta e observar o número, intensidade
ga, em outras palavras o grau de distensão do co- e altura das bulhas, grande e pequeno silêncios,
ração. Enquanto que a pós-carga está relacionada
56
Ausculta cardíaca
120
120 B 100
A
100 80
II
60
80
I 40
Pressão 60
(mmHg) Débito Sistólico
20
40 0
50 100 150
20 IV
III
0 120 Figura 6.5. Curva de pressão/
50 100 150 C 100
volume. Em A observa-se um
padrão fisiológico de débito sis-
Volume Ventricular (mL)
80
tólico, no entanto, quando o vo-
lume de sangue que é propelido
60 pelo coração aumenta (B) indica
maior pré-carga, ou seja maior
40
retorno venoso. Em C observa-se
20 uma redução do débito cardíaco
(sistólico) devido um aumento
0 da pós-carga, devido ao aumento
50 100 150
da pressão arterial.
Pulmonar
Discussão Tricúspide
• Quantas bulhas são audíveis em cada foco?
• Qual evento está relacionado com cada bu-
lha?
• Preencha o quadro 8.1 com a sua persep-
ção de intensidade das bulhas.
• O que é desdobramento da segunda bulha e
57
Almanaque de Fisiologia
1 2
3 4
9 10
11
EclipseCrossword.com
fisiologia 5. Foco localizado no 2º espaço intercostal paraesternal
direito.
PALAVRAS
em
58
Ausculta cardíaca
59
Eletrocardiografia no homem
61
Almanaque de Fisiologia
Figura 9.2. Representação gráfica dos registos
do eletrocardiograma humano na derivação
RR ST DII (eletrodo negativo no braço direito e posi-
tivo na perna esquerda. Observa-se as ondas P
positivas, derivadas da despolarização do NSA
R (sístole atrial); complexo QRS positivo, deriva-
do da repolarização do NSA e despolarização
P do NAV (diástole atrial e sístole ventricular);
T
onda T positiva, derivada da repolarização do
NAV (diástole ventricular). Observe que no es-
quema não foi acrescentado a onda U, devido
Q S ao seu não aparecimento com frequência. No
entanto, esta onda se apresenta positiva de
baixa amplitude após a onda T. Os intervalos
PQ equivalem ao tempo de sístole atrial; QT o
PQ QT intervalo de sístole ventricular e ST o tempo do
platô eletríco dos ventrículos.
6. Intervalo ST: corresponde ao platô do po- A explicação é simples, cada derivação é capaz
tencial de ação ventricular. de medir de um determinado plano os potenciais
7. Onda U: nem sempre é presente e embora elétricos do coração. Uma forma de entender se-
ainda seja discutida sua correlação com os eventos ria: Você compraria um carro olhando somente um
cardíacos, é sugerido que representa a contração lado dele? As derivações tem função de mostrar os
dos músculos papilares do coração. potenciais de “lados” diferentes do coração.
8. Intervalo RR: é o intervalo do ciclo car- Imagine a derivação DI (quadro 9.1), diferen-
díaco, bastante utilizado para medir a frequência ça de polaridade entre o braço direito e esquer-
cardíaca. Toma-se por base este intervalo por ser do, isso sugere que diferença de potenciais entre
visivelmente o mais fácil de se observar, posto que o lado direito e esquerdo do coração; a derivação
a onda R é a mais alta. DII é capaz de mostrar a diferença entre o braço
direito e a perna esquerda, ou seja, a diferença en-
Polaridade das ondas do ECG tre potenciais da base para o ápice do coração (re-
Para entender a polaridade das ondas precisa- lembre a posição cardíaca, ela vai para a esquerda
mos ter por base o coração funciona como um ve- e para baixo).
tor (já que ele tem sentido de despolarização: pri- As derivações unipolares utilizam somente um
meiro os átrios depois os ventrículos) e que este eletrodo positivo, logo, o centro do corpo é con-
vetor aponta para baixo (ápice do coração para siderado como voltagem negativa, afinal nenhum
baixo), para a esquerda (ápice levemente voltado dos membros está com eletrodo negativo a carga
para a esquerda) e para frente. Lembrando que a se concentra no centro do corpo (no coração). Na
despolarização segue do átrio para os ventrículos, derivação aVR o eletrodo positivo no braço direito
a bioeletricidade cardíaca segue o vetor para bai- mostra a movimentação de cargas do centro para
xo, para a esquerda e levemente para frente. o quadrante superior direito (eletrodo positivo).
Fisicamente, a eletricidade acontece por dife-
rença de polos e sempre do polo negativo para o
positivo. Logo, para registrarmos os eventos elé- 1s
25 mm/s
tricos do coração precisamos criar polos elétricos
sobre a pele para registrar a movimentação de car-
gas.
A colocação dos eletrodos pode ser efetivada
em qualquer região do corpo, embora sejam pa- 1 mV
10 mm/mV
dronizadas algumas posições que dão origem as
derivações cardíacas. 1 mm = 0,1mV
62
Eletrocardiograma no homem
Quadro 9.1. Localização dos pontos dos eletrodos negativos e positivos nas derivação utilizadas comumentes na eletrocardiografia
no ser humano
Eletrodos
Tipos de derivações Nomenclatura
Negativo Positivo
DI Braço esquerdo Braço direito
Bipolares DII Braço esquerdo Perna esquerda
DIII Braço direito Perna esquerda
aVR - Braço direito
Unipolares aVL - Braço esquerdo
aVF - Perna esquerda
V1 - 4º espaço intercostal direito na linha paraesternal
V2 - 4º espaço intercostal esquerdo na linha paraesternal
V3 - Entre as derivações V2 e V4
Precordiais
V4 - 5º espaço intercostal esquerdo na linha hemiclavicular
V5 - 5º espaço intercostal esquerdo na linha axilar anterior
V6 - 5º espaço intercostal na linha axilar média
a b c
DI
DI
BD BE
- +
+ aVR aVL + aVR aVL
- -
-
PE
+ +
Figura 9.4. Derivações unipolares (aVR, aVL e aVF) e bipolares (DI, DII e DIII) angulações do eletrocardiograma (ECG). Em a é
observado o posicionamento dos eletrodos positivos e negativos. Em b observa-se o triângulo de Einthoven com os sentidos das
direções. Ao se alinharem todos os vetores no mesmo ponto central podemos observar com as angulações cada derivação (c).
63
Almanaque de Fisiologia
DII aVF
DII aVF
DII DII
co.A saber, o posicionamento anatômico do
coração dar-se com o eixo estando incluso +150º +30º EC EC
entre -30o e +90o, observado na figura 9.4.c DIII DII aVF aVF
(Pastore et al., 2009). +120º aVF +60º
+90º
foi analisado o plano frontal (através das deriva- logo, facilita identificada em praticamente todas
ções précordiais). as derivações.
Onda S: Onda negativa que se apresenta depois
Características de cada onda do ECG da onda R (maior).
Onda P: Caracterizada por pequena deflexão Complexo QRS: Tem duração entre 0,06 a 0,12
arredondada (positiva em todas as derivações bi- s (assemelha-se à onda P), porém com relação à
polares) com duração entre 0,05 e 0,07s em crian- amplitude não existem critérios bem estabeleci-
ças e 0,07 a 0,10s em adultos. Tem uma amplitude dos. Porém, a Sociedade Brasileira de Cardiologia
máxima normal de 2.5 mm (0,25 mV). No entanto, (Pastore et al., 2016) preconiza que a amplitude,
mais frequentemente, esta onda se situa entre 0,5 nas derivações do plano frontal, deve ter entre 5
e 2 mm. e 20 mm e nas derivações precordiais entre 10 e
Morfologicamente apresenta-se arredondada, 30 mm.
monofásica, apresentando ocasionalmente peque- Segmento ST: Porção do ECG que está entre o
nos entalhes, desde que entre um pico e outro não complexo QRS e a onda T, nivelado em relação à
exista mais de 0,04 s. linha de base determinada pelo segmento PR.
Intervalo PR: Tempo entre a despolarização Onda T: Onda assimétrica de início mais lento e
atrial (inclui-se a onda P) e a despolarização ini- final mais rápido, positiva em quase todas as deri-
cial ventricular. Em outras palavras, é considerado vações, habitualmente com polaridade semelhan-
o tempo de condução pelo NAV. A duração deste te à do QRS e de amplitude equivalente a cerca de
intervalo é de 0,16 s. 10 a 30% do QRS.
Onda Q: Caracterizada pela primeira onda ne- Onda U: Última e menor deflexão do ECG que,
gativa do complexo QRS. Apresenta-se como uma quando presente, inscreve-se logo após a onda T
onda estreita e pouco profunda, com duração me- e antes da P do ciclo seguinte, de igual polarida-
nor que 0,04 s e 2 mm de profundidade. Geralmen- de à T precedente e de amplitude entre 5 a 25%
te não excede 25% do complexo QRS. Pode haver da mesma, na maioria das vezes. Não é visível com
uma onda Q relativamente profunda em DIII em facilidade, no entanto, quando em baixas frequên-
corações horizontalizados e um complexo QS em cias podem ser observadas. Não implica obrigato-
aVL nos corações vertilarizados. riamente em patologias. Na verdade sua presença
Onda R: Esta é a onda de maior amplitude, ainda tem causa incerta. Algumas das causas atri-
64
Eletrocardiograma no homem
buídas ao seu aparecimento são: Repolarização Bibliografia
tardia das fibras de Purkinje, repolarização demo- Pastore, C.A.; Pinho, J.A.; Pinho, C. et al. Diretrizes da Socie-
rada dos músculos papilares, potenciais residuais dade Brasileira de Cardiologia sobre análise e emissão de
laudos eletrocardiográficos. Arq.Bras.Cardiol., v.93, n.3,
tardios do septo cardíaco, entre outros.
Supl.2, 2016.
Frequência cardíaca
Normalmente os ECGs já trazem de forma auto-
mática a frequ|ência cardíaca, no entanto, é impor-
tante saber como esta medida é feita.
Para isso tomamos por base o intervalo entre
duas ondas R consecutivas (intervalo RR). É im-
portante antes de qualquer cálculo seja observado
se não há arritmia, ou seja, se não há muitas va-
riações entre vários intervalos RR. No caso de ma- a
nutenção dos intervalos deve-se proceder com os
cálculos.
Sabes-se que cada “quadradinho” (milímetro)
do papel de ECG dura 0,04 s por padrão (lembran-
do que depende do padrão de calibração do apare-
lho). Com isso, basta multiplicar 0,04 pelo número
de milímetros de intervalo RR para obter o tempo b
de um ciclo cardíaco. Após isso basta dividir 60
(segundos/minuto) pela duração do ciclo cardía-
co.
Tomemos por exemplo um ECG que tenha 23
mm de intervalo RR. Então, 23 x 0,04 = 0,92. Logo,
60/0,92 = 65,2 bpm. c
Algumas formas derivadas destas sequências
de cálculo é: 1500/intervalo RR. Seguindo o exem-
plo, 1500/23 = 65,2 bpm.
Procedimentos
Realizar o ECG completo de cinco voluntários d
(observe todo o procedimento já descrito ante-
riormente).
Discussão
• Qual a frequência cardíaca dos cinco volun-
tários? e
• Descreva qual a angulação dos eixos cardía-
cos dos cinco voluntários.
• Descreva o que é arritmia. Comente três ti-
pos de arritmias.
• O que é flutter atrial? Qual a diferença para Figura 9.5. Algumas patologias apresentadas no ECG
fibrilação atrial?
• O que é fibrilação ventricular?
• Desenhe e comente o que são infra e supra
de ST. Em que derivações devem ser pesqui-
sadas?
• Identifique cada uma das patologias apre-
sentadas na figura 9.5. Comente brevemen-
te sobre cada uma delas.
• Calcule a frequência cardíaca na DII da figu-
ra 9.6 e indique se está normal consideran-
do que o paciente é do sexo masculino, 20
anos, com 1,70m e 75 Kg de massa.
65
Almanaque de Fisiologia
DII
Figura 9.6. Representação eletrocardiográfica (DII) de um paciente masculino de 20 anos de idade, com 1,70m de altura e 75 kg
de massa.
66
67
Pulso arterial na espécie humana
Tipos de vasos sanguíneos Figura 10.1. Histologia das camadas da parede de uma arté-
Os vasos sanguíneos podem ser divididos de ria do tipo muscular. Na figura apresenta-se as túnicas íntima
forma bem simples e didática em artérias, veias e formada pelo endotélio e seu tecido conjuntivo subjacente
(lâmina basal), a túnica média, composta, principalmente, por
capilares. Fisiologicamente afirma-se que as arté- tecido muscular e tecido conjuntivo elástico e, por fim, túnica
rias carregam sangue arterial (rico em oxigênio), adventícia, composta por tecido conjuntivo fibroso com pre-
as veias conduzem sangue venoso (rico em dióxi- dominância de fibras colágenas.
Pulso arterial na espécie humana
média e adventícia.
A túnica íntima corresponde a uma camada de
células pavimentosas (endotélio) que revestem o
lúmen do vaso e sua quantidade variável de tecido
conjuntivo subendotelial.
A túnica média é composta de células muscu-
lares lisas, organizadas de forma circular em torno
do lúmen e de tecido conjuntivo rico em fibras co-
lágenas e elásticas, cujo conteúdo elásico é muito
pronuciado noas vasos mais calibrosos.
A túnica adventícia é a camada mais externa
da parede vascular consistindo em tecido conjun-
tivo rico em colágeno e que também dispõe de
fibras elásticas. Os vasos de maior calibre, nessa
túnica, são invadidos por várias vasos de menores
calibres que têm a função de nutrir as próprias cé-
lulas daquele vaso. A essas estruturas (vasos me-
nores dentro da túnica adventícia) damos o nome
de vasa vasorum.
Objetivo
Avaliar o ritmo e amplitude do pulso e medir
a frequência cardíaca através do próprio pulso de
voluntários.
Procedimento
Aplique ao longo da artéria radial no terço dis-
tal do rádio as polpas do 2º e 3º quirodáctilos,
exercendo discreta compressão (figura 1).
A secção da artéria tomará configuração elípti-
ca e voltará a condição cilíndrica em cada fase sis-
tólica, com a chegada de onda de pulso gerada em
função da ejeção ventricular.
O choque mecânico (pulso arterial) será trans-
mitido às polpas digitais e assim será percebido
pelo avaliador.
Discussão
1. Ao palpar simultaneamente as artérias radial
e carótida e responda:
a. A frequência é a mesma em ambas? Por quê?
b. O ritmo é o mesmo em ambas? Por quê?
c. A amplitude é a mesma em ambas? Por quê?
69
Almanaque de Fisiologia
70
71
Pressão arterial no homem
Decréscimo
da pressão no
Pressão Arterial (mmHg) es�igmomanômetro Figura 11.1. Diagrama do pulso ar-
terial apresentando os sons de Ko-
120 rotkoff e a pressão arterial. Obser-
Pulso Arterial va-se que o aparecimento dos sons
(de Korortkoff) se dá ao atingir a
igualdade entre a pressão no esfig-
momanômetro e a pressão arterial,
80 correspondendo ao primeiro jato
de sangue (turbulento) que atinge a
parede distal da artéria ocluída pelo
aparelho (pressão sistólica). Quando
este fluxo se torna laminar o som de-
Sons de Korotkoff saparece, registrando-se a pressão
diastólica.
IMPORTANTE te teve sua PA aferida!
Existem apenas duas formas de usar o es�ingmo-
manômetro: método palpatório, onde utiliza-se o Posicionamento do paciente
pulso para determinar a pressão sistólica apenas e Efeito do exercício
o método auscultatório na qual são observados a O posicionamento do paciente pode influenciar
pressão sistólica e diastólica. Não existe método na pressão arterial? A resposta é: SIM! Devemos
visual (observando apenas o movimento do lembrar que a PA é uma equação de débito cardía-
ponteiro do manómetro)!!! co e resistência vascular (apresentado no início do
capítulo). Logo, a dinâmica dos fluidos corporais
podem influenciar diretamente na pressão arte-
mmHg superior à pressão sistólica. rial.
Com o estetostópio posicionado sobre a região A gravidade pode influenciar diretamente no
da artéria radial, no momento do insuflamento, o retorno venoso do paciente, logo, influenciar na
avaliador ausculatará um primeiro som (forte) que dinâmica do sangue.
corresponde à pressão sistólica e conforme a pres-
são no manguito vai sendo liberada o som vai se
Procedimentos
tornando mais abafado até desaparecer (pressão
Para a realização da primeira prática o volun-
diastólica). A estes sons é dado o nome de sons de
tário deverá estar em repouso. O avaliador deverá
Korotkoff (figura 11.1).
aferir a PA do voluntário sentado. Anotar os valo-
É importante observar que não existe método
res da PA sistólica e diastólica e, em sequência ano-
de aferição visual, ou seja, onde o avaliador sem
tar os valores no quadro 11.1. Realizado este pro-
aferir o pulso ou fazer ausculta consiga determinar
cedimento o voluntário deverá fazer dois minutos
a pressão sistólica ou diastólica do paciente. Erro
de exercício físico, como por exemplo polichinelos,
muito comum dos profissionais de saúde sem co-
subir e descer escada ou correr. Ao final do tempo
nhecimentos técnicos adequados.
de exercício deve-se sentar para uma nova aferição
das pressões sistólica e diastólica. Ao final preen-
Fatores que podem influenciar a PA cher o quadro 11.1.
A PA é susceptível à vários fatores, dentre eles o
estilo de vida (codidiano), estresse, idade, circun-
Efeito do posicionamento
ferência abdominal (acúmulo de tecido adiposo
Para essa etapa o voluntário (em repouso por
visceral), medicamentos, dentre outros.
pelo menos 30 minutos) deverá ser submetido à
Frente a toda a variação, a Sociedade Brasilei-
aferição das pressões sistólica e diastólica nas po-
ra de Cardiologia (SBC, 2017) preconizou algumas
sições sentado, deitado, ortostática (em pé) e em
diretrizes para melhor assistência ao paciente.
trendelenburg (deitado e com as pernas suspen-
Antes da realização da aferição alguns parâmetros
sas). Ao final deve-se preencher o quadro 11.2.
são importantes de serem observados: o paciente
estava em repouso antes da aferição? Fez esforço
físico nos últimos cinco minutos? Tem anteceden-
tes com cardiopatias? Tomou café, bebida alcoóli-
ca ou fez uso de cigarro nos últimos 30 minutos?
Qual a idade do paciente?
Outro fator geralmente negligenciado pelos
profissionais de saúde é a posição a qual o pacien-
73
Almanaque de Fisiologia
1 2
CRUZADAS
3 4
6 7
fisiologia
PALAVRAS
em
8
10
74
75
Ausculta Pulmonar
Inspiratória (CI)
Capacidade
4 Volume de Reserva
Inspiratório (VRI)
Capacidade
Vital (CV)
Capacidade
Expiratória (CE)
Volume
Corrente (VC)
Capacidade
2
Capacidade Residual
Volume de Reserva
Funcional (CRF)
Expiratório (VRE)
1
Volume
Residual (VR)
0
Tempo
Figura 12.4. Diagrama padrão de uma espirometria demonstrando os volumer e capacidades.
mento do ar no interior das vias aéreas. Os sons plo atelectasia (colabamento dos alvéolos de um
pulmonares são resultados das vibrações das vias determinado local), obstrução por corpo estranho,
aéreas transmitidas à pele. pneumotórax ou derrame pleural; ou ainda gene-
Os sons pulmonares fisiológicos podem ser di- ralizada em todo o pulmão, como por exemplo:
vididos em traqueal, brônquico, broncovesicular e broncoespasmos graves, edema da parede torácica
murmúrio vesicular. O som traqueal é detectado e enfisema pulmonar.
na região de projeção da traqueia (cervical e ester- Os sons patológicos podem ser divididos em
nal), tem como característica ser um som tubular, contínuos, descontínuos e de origem pleural. Os
intenso e soproso. O tempo de inspiração é menor sons contínuos se apresentam devido à obstrução
que o tempo de expiração com uma pausa entre nas vias aéreas (geralmente secreções, espasmos
eles. ou corpos estranhos) e podem ser dos subtipos:
O som brônquico se projeta dos brônquios, pró- roncos, sibilos e estridores.
ximo ao esterno. Tem como característica a seme- Os estridores ocorrem nas vias superiores devi-
lhança com o som traqueal, porém menos intenso. do, principalmente por obstrução mecânica, larin-
O tempo de inspiração e expiração se assemelham gite ou edema de glote. São intensos e agudos e po-
com uma pequena pausa entre eles. dem aparecer tanto na inspiração (mais comum)
Já o murmúrio vesicular é detectado nas regi- como na expiração.
ões mais periféricas dos pulmões (distantes das Os roncos e sibilos são semelhantes, diferen-
vias aéreas centrais). São mais fortes nas regiões ciados apenas pelas frequências dos sons (roncos
anterossuperiores, axilares e infra escapulares. sons abaixo de 200 Hz, mais grave, e sibilos acima
Nas anamneses podemos solicitar ao paciente de 400 Hz, mais agudo e musical). São decorrentes
para respirar pela boca, o que torna os murmúrios das vibrações das paredes brônquicas, logo, são
mais audíveis. O som se apresenta suave e o tempo audíveis nas vias aéreas inferiores. Os roncos são
de inspiração é maior que o tempo de expiração, mais comuns durante a expiração, já o sibilo pode
sem pausa entre eles. se apresentar com mesma frequência nas inspira-
O som broncovesicular é intermediário entre o ções e expirações e são muito comuns nas crises
brônquico e o murmúrio vesicular e é observado asmáticas.
entre o primeiro e segundo espaços intercostais e Os sons descontínuos podem ser subdivididos
na região interescapular. Possuem tempo de inspi- em estertores finos ou grossos. Os estertores fi-
ração e expiração igual entre eles sem pausa. nos (crepitações) se apresentam quando ocorre a
abertura súbita das vias aéreas de menor calibre
Alterações dos sons pulmonares devido a diferença de pressões ou por presença de
Os sons pulmonares podem ser afetados devi- líquidos. Estes sons são apresentados entre o meio
do as condições corporais do paciente, como por e o final da inspiração e geralmente são detecta-
exemplo obesidade ou aumento da massa muscu- dos em edemas pulmonares, pneumonia e fibrose
lar. No entanto, condições patológicas podem pro- pulmonar.
vocar modificações dos sons de forma localizada Os estertores grossos ou subcrepitantes ocor-
(em uma única área do pulmão), como por exem- rem durante a abertura e fechamento súbitos das
79
Almanaque de Fisiologia
Lembre-se de que a ausculta é comparativa,
Sons traqueais sempre oservando pontos alternados (da mesma
- Inspiração mais breve que a expiração
- Pausa entre inspiração e expiração
região) em ambos os pulmões.
Para esta prática utilizaremos, no tórax, cinco
pares de pontos na região anterios, sete pares de
ponto na região posterior e três pares nas laterais.
Deve-se proceder ainda com a ausculta dos sons
Sons brônquicos
- Tempo de inspiração e expiração semelhantes traqueais. Em todos os pontos devem ser avaliados
- Pausa entre inspiração e expiração tanto os movimentos de inspiração e de expiração.
Discussão
• É possível detectar diferenças entre os sons
Sons broncovesiculares de inspiração e expiração? Em que pontos?
- Tempo de inspiração e expiração semelhantes • Existem pausas entre os sons de inspiração
- Sem pausa entre inspiração e expiração
e expiração nos vários pontos?
• Comente quais ocasiões podem ser detecta-
dos sopros (sons patológicos).
• No caso de atrito pleural, qual o som altera-
Murmúrios vesiculares do? Inspiração ou expiração?
- Inspiração mais longa que expiração
- Sem pausa entre inspiração e expiração
Padrões de respiração
Algumas terminologias são importantes para o
correto estudo e interpretação dos exames respi-
ratórios. Por exemplo: entende-se por hiperven-
tilação como sendo a ventilação alveolar aumen-
tada; hipoventilação é a diminuição da ventilação
alveolar; taquipneia, respiração rápida; bradip-
neia, respiração lenta e dispneia dificuldade de
respirar.
Materiais
Estetoscópio
Procedimentos
Os alunos devem identificar através de palpa-
ção os espaços intercostais. Lembrando que a área
de ausculta se extende por praticamente toda a
caixa torácica além da região traqueal e brônquica.
Após este procedimento deve-se realizar a aus-
culta com o paciente (voluntário) na posição sen-
tada e com respiração tranquila e com respiração
forçada.
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Sistema Urinário