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Laboratório
Roteiro de Aulas Práticas
LABORATÓRIO DE
QUÍMICA ANALÍTICA
Prof. Dr.: Fernando Armani Aguiar
Macaé
2022
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................... 1
CONCEITOS .............................................................................................................................................. 2
➢ Boas práticas de laboratório (BPL) .............................................................................................. 2
➢ Biossegurança ............................................................................................................................. 2
➢ Acidente de trabalho ................................................................................................................... 3
➢ Segurança do Trabalho................................................................................................................ 3
Definições relacionadas à Segurança do Trabalho.................................................................................. 3
Definições relacionadas ao Laboratório .................................................................................................. 3
NORMAS E DOCUMENTOS REGULAMENTADORES................................................................................. 4
PRINCÍPIOS .............................................................................................................................................. 5
➢ Instalações ................................................................................................................................... 5
➢ Equipamentos, materiais e reagentes......................................................................................... 6
➢ Rótulos Padronizados .................................................................................................................. 7
ORIENTAÇÕES GERAIS ............................................................................................................................. 9
➢ De ordem pessoal........................................................................................................................ 9
➢ Técnicas de laboratórios ........................................................................................................... 12
➢ Limpeza ..................................................................................................................................... 12
Reagentes e material ............................................................................................................................ 12
Bancadas de trabalho ............................................................................................................................ 13
➢ Lavagem e manuseio de vidraria............................................................................................... 13
Manuseio de vidraria ............................................................................................................................ 13
DIRETRIZES ESSENCIAIS DE COMPATIBILIDADE DE PRODUTOS QUÍMICOS E REAGENTES PARA
ESTOQUE E SEPARAÇÃO ........................................................................................................................ 14
➢ Armazenamento de produtos químicos.................................................................................... 14
➢ Recomendações gerais (segurança dos produtos químicos) .................................................... 16
Manuseio............................................................................................................................................... 16
Descarte ................................................................................................................................................ 17
PRODUTOS QUÍMICOS PERIGOSOS PARA A SAÚDE .............................................................................. 18
➢ Alérgenos e Sensibilizadores ..................................................................................................... 19
➢ Anestésicos Primários ............................................................................................................... 19
➢ Asfixiantes ................................................................................................................................. 20
➢ Agentes Tóxicos às células sanguíneas ..................................................................................... 20
➢ Carcinógenos ............................................................................................................................. 20
➢ Produtos corrosivos................................................................................................................... 20
➢ Agentes tóxicos ao ambiente .................................................................................................... 21
➢ Agentes Hepatotóxicos ............................................................................................................. 21
➢ Agentes causadores de irritação ............................................................................................... 21
➢ Agentes Tóxicos aos Pulmões ................................................................................................... 22
➢ Agentes Nefrotóxicos ................................................................................................................ 22
➢ Agentes Neurotóxicos ............................................................................................................... 22
REGRAS BÁSICAS DE SEGURANÇA ......................................................................................................... 23
➢ Formas de sinalização ............................................................................................................... 23
Sinalização de proibição ........................................................................................................................ 23
Sinalização de obrigação ....................................................................................................................... 24
Sinalização de emergência .................................................................................................................... 25
Sinalização de aviso ............................................................................................................................... 26
tipos de riscos........................................................................................................................................ 27
MÉTODOS DE CONTROLE DE AGENTES DE RISCOS ............................................................................... 28
➢ Equipamentos de proteção individual ...................................................................................... 28
➢ Equipamentos de proteção coletiva ......................................................................................... 31
➢ Mapa de risco ............................................................................................................................ 34
Materiais Básicos do Laboratório de Química ...................................................................................... 37
➢ Material de Vidro ...................................................................................................................... 37
➢ Material de Porcelana ............................................................................................................... 40
➢ Material Metálico ...................................................................................................................... 40
➢ Materiais Diversos ..................................................................................................................... 42
ESTATÍSTICA APLICADA A IPL – MCQ133 .............................................................................................. 44
➢ Introdução ................................................................................................................................. 44
➢ Algarismos Significativos (a.s) ................................................................................................... 45
Regras de contagem do nº de algarismos significativos de um resultado. ........................................... 46
Algarismo Significativos em Cálculos .................................................................................................... 46
➢ Medidas de Posição................................................................................................................... 48
Média Aritmética................................................................................................................................... 48
Moda ..................................................................................................................................................... 49
Mediana ................................................................................................................................................ 49
Variância e desvio padrão ..................................................................................................................... 49
Interpretação do desvio padrão ............................................................................................................ 50
Precisão ................................................................................................................................................. 51
Exatidão ................................................................................................................................................. 51
➢ Lista de Exercícios...................................................................................................................... 54
ANOTAÇÕES EXPERIMENTAIS E RELATÓRIOS ....................................................................................... 58
Aula 1. Limpeza de material de vidro, pesagem em balanças analíticas e aferição de material
volumétrico. .......................................................................................................................................... 62
➢ Introdução ................................................................................................................................. 62
➢ Objetivos ................................................................................................................................... 64
➢ Materiais por grupo .................................................................................................................. 64
➢ Procedimento experimental ..................................................................................................... 64
➢ Questões ................................................................................................................................... 65
AULA 2: PREPARO DE SOLUÇÕES E DILUIÇÕES ..................................................................................... 66
➢ Introdução ................................................................................................................................. 66
AULA 3. MEDIDAS DE VALOR DE pH E SOLUÇÕES TAMPÃO ................................................................ 69
Aula 4. Determinação volumétrica ....................................................................................................... 74
➢ Titulação .................................................................................................................................... 74
➢ Solução Padrão .......................................................................................................................... 77
➢ 4.1. VOLUMETRIA DE NEUTRALIZAÇÃO. PREPARAÇÃO E PADRONIZAÇÃO DE UMA BASE
FORTE. ............................................................................................................................................... 78
AULA 5. DETERMINAÇÃO DA PORCENTAGEM DO ÁCIDO ACÉTICO EM SOLUÇÃO DE VINAGRE .......... 80
AULA 6. DETERMINAÇÃO DA PORCENTAGEM DE CÁLCIO LEITE........................................................... 81
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 84
INTRODUÇÃO
1
CONCEITOS
➢ Biossegurança
2
➢ Acidente de trabalho
• Conceito legal: Aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da Empresa,
provocando lesão corporal, perturbação funcional ou doença que cause morte, perda ou
redução (permanente ou temporária) da capacitação para o trabalho, incluindo-se os acidentes
de trajeto (percurso de residência para o trabalho ou vice-versa), além dos dispositivos
contidos na Lei 6367 de 19/10/1976, e Decreto n° 79037 de 24/12/1976.
• Conceito técnico: ocorrência inesperada ou não que interrompe ou interfere no
processo normal de uma atividade e da qual poderá resultar danos físicos (corpo humano)
materiais e econômicos à Empresa.
➢ Segurança do Trabalho
1
NR – 5: Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA
4
PRINCÍPIOS
➢ Instalações
A instalação deve ter dimensão, construção e localização adequadas para atender aos
requisitos do estudo e minimizar influências que possam interferir na sua validade.
Esta deve ter um número suficiente de salas ou áreas para assegurar o isolamento dos
sistemas teste e o isolamento de projetos individuais, envolvendo substâncias ou organismos
com potencial risco biológico.
Além disto:
• cada laboratório deverá conter lavatório para as mãos, lava-olhos e chuveiro de
emergência, que funcionem com dispositivo de acionamento com os pés ou automatizado.
Devem estar instalados próximos à porta de saída;
• o laboratório deve ser projetado de modo a permitir fácil limpeza e descontaminação.
Carpetes e tapetes não são apropriados para laboratórios;
• as paredes, o teto e os pisos devem ser lisos, impermeáveis a líquidos e resistentes a
produtos químicos e a desinfetantes que são usados no laboratório. Toda a superfície deve ser
selada e sem reentrâncias. Os pisos não devem ser escorregadios. As superfícies horizontais
devem ser evitadas, na medida do possível, para evitar o acúmulo de poeira. Dutos e espaços
entre portas e esquadrias devem permitir o selamento para facilitar a descontaminação;
• é recomendável que a superfície das bancadas seja impermeável à água e resistente
ao calor moderado e aos solventes orgânicos, ácidos, álcalis e químicos usados para a
descontaminação da superfície de trabalho e do equipamento;
• os móveis do laboratório deverão ser capazes de suportar cargas e usos previstos;
• as cadeiras e outros móveis utilizados devem ser cobertos com material que não seja
tecido e que possa ser facilmente descontaminado;
• os espaços entre as bancadas, cabines e equipamento deverão ser suficientes de modo
a permitir fácil acesso para limpeza;
• se o laboratório possuir janelas que se abrem para o exterior, estas deverão conter
telas de proteção contra insetos;
• a iluminação deve ser adequada para todas as atividades. Convém evitar os reflexos e
luz forte e ofuscante;
5
• deve estar disponível, na área de biocontenção, uma autoclave para descontaminação
de todo o material utilizado nesta área. Devem-se considerar os meios de descontaminação de
equipamentos;
• cabines de segurança biológica devem ser instaladas, de forma que a variação da
entrada e saída de ar da sala não provoque alteração nos padrões de contenção de seu
funcionamento. As cabines de segurança biológica devem estar localizadas longe de portas,
janelas que possam ser abertas e fora de áreas laboratoriais com fluxo intenso de pessoas, de
forma que sejam mantidos os parâmetros de fluxo de ar nestas cabines de segurança biológica.
Também são necessárias salas ou áreas separadas das áreas do(s) sistema(s), onde
devem ser armazenados os suprimentos e equipamentos, provendo proteção adequada contra
infestação, contaminação e/ou deterioração. As instalações devem assegurar o armazenamento
seguro e recuperação da documentação (planos de estudo, dados brutos, relatórios finais,
amostras de sistema teste e espécimes) bem como proteger seu conteúdo da deterioração.
O manuseio e descarte de resíduos devem ser feitos de maneira a não colocar em risco
a integridade dos estudos. Isso inclui a coleta, o armazenamento, os locais de descarte e os
procedimentos de descontaminação e transporte.
➢ Rótulos Padronizados
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Quadro 1 - Diagrama ou diamante de Hommel. Fonte: Oliveira, C.M.A. (2007).
ORIENTAÇÕES GERAIS
➢ De ordem pessoal
2
Os EPI como, por exemplo, jalecos e luvas, não poderão, em nenhuma hipótese, ser utilizados em
áreas públicas.
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• atenção com as simbologias de risco! Elas existem exatamente para chamar a sua
atenção para os cuidados especiais que o produto químico exige. Obedecendo às instruções
descritas no rótulo, seu manuseio será seguro;
• assegurar-se de que todos os agentes que ofereçam algum risco estejam rotulados e
estocados corretamente;
• reagentes derramados devem ser limpos imediatamente de maneira segura;
• consultar os dados de segurança existentes antes de utilizar reagentes e seguir os
procedimentos apropriados ao manusear ou manipular agentes perigosos;
• o risco de acontecer algum acidente quanto ao uso de determinada substância
química dependerá principalmente do cuidado quanto ao uso deles. Toda a informação
necessária para o correto manuseio dos produtos está descrita na embalagem;
• jamais pipetar, com a boca, solventes ou reagentes voláteis, tóxicos ou que
apresentem qualquer risco para a segurança. Usar sempre um pipetador adequado;
• seguir os procedimentos de descarte adequados para cada reagente ou material de
laboratório;
• os materiais descartados devem ser etiquetados e colocados nos locais adequados;
• familiarizar-se com as instruções apropriadas ao utilizar vidraria para fins
específicos;
• descartar vidraria quebrada em recipientes plásticos ou de metal etiquetados e que
não sejam utilizados para coleta de outros tipos de materiais de descarte;
• evitar a exposição a gases, vapores e aerossóis. Utilizar sempre uma capela ou fluxo
para manusear esses materiais;
• não se exponha a radiações ultravioletas, infravermelha ou luminosidade intensa sem
proteção adequada (óculos com lentes filtrantes). Utilizar sempre proteção apropriada para os
olhos quando necessário;
• a colocação ou retirada de lentes de contato, a aplicação de cosméticos ou escovar os
dentes no laboratório pode transferir material de risco para os olhos ou boca. Esses
procedimentos devem ser realizados fora do laboratório com as mãos limpas;
• o último usuário, ao sair do laboratório, deve verificar se todos os aparelhos estão
desligados e desconectados da rede elétrica, e se todas as torneiras de gás e água se encontram
fechadas, desligando-se as luzes em seguida;
• no laboratório, sempre devem existir locais para a lavagem das mãos com sabonete
ou detergente apropriado e toalhas de papel descartáveis;
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• lavar as mãos antes e no final dos procedimentos de laboratório e remover todo o
equipamento de proteção incluindo luvas e aventais.
➢ Técnicas de laboratórios
➢ Limpeza
Reagentes e material
• hipoclorito de sódio a 2 %;
• álcool a 70 %;
• gaze em compressa;
• papel toalha.
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Bancadas de trabalho
Antes de iniciar e ao término de qualquer procedimento, proceder da seguinte maneira:
• limpar a bancada de trabalho com hipoclorito a 2 %;
• deixar secar;
• limpar novamente com álcool a 70 %.
Todo material de vidro em laboratório que tenha sido usado, deve ser lavado
imediatamente. Nunca reaproveitar um recipiente sem antes lavá-lo, mesmo que ele venha a
conter a mesma substância.
Em laboratórios que empreguem pessoas cuja função é somente de lavagem de
materiais e peças de vidro, deve o laboratorista, sempre que usar uma substância química,
fazer uma lavagem preliminar antes de entregar o material de vidro para limpeza final. Isso
serve para ácidos, álcalis, solventes, substâncias e elementos químicos perigosos e nocivos à
saúde.
A pessoa que estiver no encargo de lavagem de material de vidro deve ter atenção e
utilizar luvas de borracha ou de plástico com superfície externa antiderrapante, para dificultar
o deslizamento do vidro entre as mãos. O uso de luvas nesse encargo também evita a
dermatite pelo contato contínuo com vários produtos químicos.
Manuseio de vidraria
• vidraria danificada deve sempre ser consertada ou descartada;
• ao trabalhar com tubos ou conexões de vidro, deve-se utilizar uma proteção adequada
para as mãos;
• descartar vidraria quebrada em recipientes plásticos ou de metal etiquetados e que
não sejam utilizados para coleta de outros tipos de materiais de descarte;
• em trabalhos com microbiologia, a vidraria quebrada deve ser esterilizada em
autoclave antes de ser dispensada para coleta em recipiente apropriado. Materiais como
agulhas, seringas, lâminas, estiletes, etc. devem ser descartados em caixa de descarte para
materiais pérfuro-cortantes com símbolo indicando material infectante e perigo;
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• lâmpadas fluorescentes e resíduos químicos não devem ser jogados nos coletores de
lixo tradicionais, devem ser descartados em recipientes diferentes e identificados com
etiquetas.
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• metais reativos (sódio, potássio) são estocados com segurança, em pedaços
pequenos, imersos em hidrocarbonetos (hexano, benzeno) secos;
• as prateleiras para estoque devem ser apropriadas para conter os frascos de reagentes
e serem feitas de material resistente aos produtos químicos a serem guardados. Bandejas de
plástico resistentes podem ser utilizadas para estocar reagentes que possuam propriedades
químicas especiais;
• é aconselhável que as prateleiras devem ser confeccionadas em materiais não
combustíveis, com portas em vidro para possibilitar a visão de seu conteúdo, que possuam
uma borda ou algo equivalente que evite que os frascos possam escorregar e cair das
prateleiras;
• não armazenar produtos químicos em prateleiras elevadas; garrafas grandes devem
ser colocadas no máximo a 60 cm do piso;
• reagentes perigosos em frascos quebráveis como: materiais altamente tóxicos
(cianetos, neurotoxinas), inflamáveis (dietil-éter, acetona), líquidos corrosivos (ácidos) ou
materiais sensíveis a impactos (percloratos) devem ser estocados de tal maneira que o risco de
quebra seja minimizado. É aconselhável que reagentes químicos em frascos de vidro ou
pesando mais de 500 g não sejam estocados a mais de dois metros do chão;
• não armazenar produtos químicos dentro da capela, nem no chão do laboratório;
• se for utilizado armário fechado para armazenagem, que este tenha aberturas laterais
ou na parte superior, para ventilação, evitando-se acúmulo de vapores;
• observar a compatibilidade entre os produtos químicos durante a armazenagem e
reservar locais separados para armazenar produtos com propriedades químicas distintas
(corrosivo, solvente, oxidante, pirofosfóricos, reativo). Não colocar, por exemplo, ácidos
próximos a bases; hidróxido de amônio deve ser colocado em armário ventilado,
preferencialmente separado de outros produtos;
• as áreas (prateleiras) ou os armários de armazenagem devem ser rotulados de acordo
com a classe do produto que contém;
• os frascos de resíduos deverão permanecer sempre tampados e preenchidos com, no
máximo, 2/3 de seu volume para evitar aumento de pressão interna devido ao desprendimento
de gases pela solução e também para maior segurança do operador;
• os recipientes coletores devem ter alta vedação e serem confeccionados em material
estável;
15
• o acondicionamento pode ser realizado em frascos de vidros de 1 L, por exemplo, ou
em bombonas de polietileno de alta densidade para maiores volumes (em geral de 5 L, 10 L e
15 L). Nos laboratórios, os resíduos armazenados temporariamente em bombonas não devem
ultrapassar 15 L, devendo-se ter o cuidado de não armazenar resíduos incompatíveis;
• a quantidade máxima de solvente com ponto de ebulição menor que 37,8 °C que
pode ser estocada no laboratório é de 10 L;
• ao utilizar frascos de reagentes para os resíduos, tomar o cuidado de retirar
completamente a etiqueta antiga, para evitar confusões na identificação precisa do seu
conteúdo;
• os frascos de vidro devem ser acondicionados em caixas de papelão com divisórias;
• nunca utilizar embalagens metálicas para resíduos. Mesmo próximo à neutralidade,
sólidos e líquidos podem corroer facilmente esse tipo de embalagem;
• todos os frascos, bombonas e caixas devem ser rotulados especificando-se o
conteúdo, pH para soluções aquosas, identificação da origem ou laboratório gerador. É
importante que os rótulos sejam protegidos;
• as caixas não devem ser vedadas até que a data de retirada dos resíduos esteja
definida. Essas devem ser vedadas com fita adesiva em polipropileno;
• após o acondicionamento adequado dos resíduos, esses devem ser conduzidos com
segurança para o setor competente à espera de reciclagem, recuperação, tratamento ou
disposição final, devendo permanecer nele o mínimo de tempo possível.
Manuseio
A manipulação de resíduos químicos de laboratórios requer cuidados especiais como
utilização de equipamentos adequados (EPI). Todos os laboratórios também devem ter os seus
Equipamentos de Proteção Coletiva. No caso de resíduos biológicos, microbiológicos e
radioativos, a legislação e as normas pertinentes deverão ser consultadas, assim como os
órgãos reguladores das matérias (CTNBio, CNEM, ANVISA e MAPA).
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (2009), através da NBR 14.725/4 - Ficha
de Informações de Segurança de Produtos Químicos – FISPQ3 fornece informações sobre
3
Disponível no laboratório.
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vários aspectos relacionados a produtos químicos (substâncias e preparos) quanto à proteção,
segurança, saúde e meio ambiente.
Os laboratórios devem possuir essas fichas para cada substância que neles são
utilizadas. Por questões de segurança, recomenda-se não acumular grandes quantidades de
resíduos no laboratório. O ideal é que, em cada local, exista apenas um frasco em uso para
cada tipo de resíduo e nenhum frasco cheio esperando ser tratado ou levado ao sistema de
gerenciamento e tratamento coletivo.
• preparar documento informativo sobre o uso, manipulação e disposição dos produtos
químicos perigosos, e divulgá-lo para todas as pessoas que trabalham no laboratório;
• adquirir, sempre, a quantidade mínima necessária às atividades do laboratório.
Produtos químicos faltando rótulo ou com a embalagem violada não devem ser aceitos;
• utilizar, no laboratório, somente produtos químicos compatíveis com o sistema de
ventilação e exaustão existente;
• selar as tampas dos recipientes de produtos voláteis em uso com filme inerte, para
evitar odores ou a deterioração, se esses forem sensíveis ao ar e/ou umidade;
• manter, na bancada, a quantidade mínima necessária de produtos químicos. No caso
de mistura de produtos, lembrar que ela possui o nível de risco do componente mais perigoso;
• considerar de risco elevado os produtos químicos desconhecidos.
Descarte
• o recolhimento e o transporte dos resíduos dos laboratórios devem ser realizados por
um responsável indicado, que deverá utilizar um carrinho especifico para esse fim;
• o descarte de solventes inflamáveis ou combustíveis em recipientes maiores que 4 L
é restrito e somente deve ser utilizado em caso onde existam facilidades para sua retirada sob
essa forma. O descarte de líquidos combustíveis ou inflamáveis deve ser realizado em uma
capela com a exaustão em funcionamento;
• solventes inflamáveis e bases e ácidos altamente corrosivos devem ser transportados
em frascos apropriados;
• deve-se contratar firma especializada autorizada por órgão de controle e fiscalização
ambiental federal e estadual, que emitirá o certificado de aprovação para destinação de
resíduos e procederá ao adequado tratamento e/ou destinação. É importante que se atenda às
condições básicas de segurança de modo a não alterar a quantidade/qualidade deles.
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PRODUTOS QUÍMICOS PERIGOSOS PARA A SAÚDE
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De qualquer forma, as FISPQ contêm informações adequadas sobre a segurança da
maioria dos produtos químicos comercializados. Algumas vezes em laboratórios de pesquisa,
frequentemente são encontrados produtos químicos mais exóticos, raros, ou recentemente
sintetizados, para os quais ainda não existem dados de toxicidade. Isto enfatiza a importância
em manusear todos os produtos químicos de laboratório com o maior cuidado, minimizando,
sempre que possível, a sua exposição pelo uso de capela e equipamento pessoal de proteção
(luvas, máscaras, aventais de laboratório) e seguindo sempre à risca os procedimentos de
segurança adotados no seu laboratório.
➢ Alérgenos e Sensibilizadores
➢ Anestésicos Primários
Asfixiantes são substâncias que interferem com o transporte de oxigênio tanto nos
pulmões quanto nas células vermelhas do sangue, reduzindo a quantidade de oxigênio em
tecidos e órgãos. O cérebro é o órgão mais suscetível à carência de oxigênio, portanto, a
exposição a asfixiantes pode ser letal. Asfixiantes simples são gases inertes que diluem o
oxigênio no ar: nitrogênio, dióxido de carbono, hélio, óxido nitroso, e argônio. Sob certas
condições, substâncias quimicamente inertes e benignas podem tornar-se perigosas.
Asfixiantes químicos ligam-se à hemoglobina (monóxido de carbono, cianeto de
hidrogênio, etc) e reduzem a capacidade de absorção de oxigênio nos glóbulos vermelhos.
Estes asfixiantes químicos são ativos mesmo a baixas concentrações (poucos ppm) no ar.
➢ Carcinógenos
➢ Produtos corrosivos
Produtos corrosivos são produtos químicos que, por ação química no sítio de contato,
podem causar destruição visível ou alterações irreversíveis em tecidos vivos. Corrosivos
podem também reagir com metais (oxidação) causando deterioração da superfície metálica.
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Ácidos e bases são corrosivos. Soluções aquosas de ácidos com pH menor que 2 ou maior que
12 são especialmente perigosas e requerem precauções especiais. Produtos corrosivos podem
atacar vidros e cerâmicas, corroer tampos e roscas de frascos, permitindo o acesso irrestrito do
ar. Plásticos e borrachas podem tornar-se quebradiços; tecidos podem absorver o composto
corrosivo e atacar a pele. Exemplos de produtos corrosivos comuns em laboratórios: ácido
sulfúrico, hidróxido de potássio, ácido crômico e hidróxido de sódio.
Alguns produtos químicos são ou podem ser tóxicos ao ecossistema, sem, no entanto,
representarem risco aos seres humanos. Outros fatores que contribuem para a toxicidade
ambiental são a persistência (resistência à degradação) e o acúmulo do produto químico na
cadeia trófica. O grau de toxicidade para várias toxinas ambientais conhecidas é
controvertido. DDT e bifenilas policloradas (PCBs) são exemplos de produtos químicos que
comprovadamente interferem na reprodução de certos animais, mas cuja periculosidade para
seres humanos é, aparentemente, relativamente reduzida. Apesar dos efeitos diferenciais sobre
espécies animais e plantas, é imprescindível que o descarte final de resíduos tóxicos ou de
produtos não utilizados seja feito de maneira a minimizar os efeitos destes compostos no
meio-ambiente.
➢ Agentes Hepatotóxicos
Agentes hepatotóxicos são aqueles que causam danos ao fígado. Exemplos incluem:
tetracloreto de carbono, nitrosaminas e tetracloroetileno.
Irritantes são materiais que causam inflamação nas membranas mucosas. Para causar
inflamação são necessárias concentrações de agentes muito abaixo daquelas necessárias para
causar corrosão. Exposições longas a esses agentes podem causar aumento da secreção de
muco e bronquite crônica. Exemplos incluem: amônia, vapores de ácido clorídrico,
halogênios (F2, Cl2, I2), fosfosgênios, dióxido de nitrogênio, tricloreto de arsênico, ácido
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fluorídrico, ozônio, sulfato de dietila/dimetila, cloretos de fósforo, pós e névoas alcalinas
(hidróxidos, carbonatos, etc).
Produtos irritantes podem também causar alteração na mecânica respiratória e função
pulmonar (asma químico). Exemplos incluem: dióxido de enxofre, ácido sulfúrico, ácido
acético, acroleina, iodo, formaldeído e ácido fórmico.
Alguns agentes causam danos ao tecido pulmonar, mas não pela irritação imediata.
Sílica cristalina ou outros tipos de pós (de carvão, de algodão, de madeira, e de talco) podem
causar fibrose e doenças pulmonares degenerativas.
➢ Agentes Nefrotóxicos
Agentes nefrotóxicos são aqueles que agem sobre os rins e como exemplos incluem-se
os hidrocarbonetos halogenados e compostos de urânio.
➢ Agentes Neurotóxicos
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REGRAS BÁSICAS DE SEGURANÇA
➢ Formas de sinalização
Sinalização de proibição
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Sinalização de obrigação
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Sinalização de emergência
25
Sinalização de aviso
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TIPOS DE RISCOS
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Risco Biológico: bactérias, fungos, parasitos, vírus, entre outros patógenos. Esses
agentes são capazes de provocar danos à saúde humana, podendo causar infecções, efeitos
tóxicos, efeitos alergênicos, doenças auto-imunes e a formação de neoplasias e malformações.
Jaleco
São confeccionados em tecido de algodão, são apropriados para proteger o corpo dos
respingos do produto formulado e não para conter exposições extremamente acentuadas ou
jatos dirigidos. É fundamental que jatos não sejam dirigidos propositadamente à vestimenta e
devem ser mantidos sempre limpos.
Os jalecos devem ser de mangas compridas e comprimento até os joelhos, fechamento
frontal em velcro, sem bolsos ou “detalhes soltos”.
Deve ser usado sempre fechado.
Luvas
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Não existe uma luva universal, ou seja, aquela que protege contra todos os produtos
químicos, entretanto alguns tipos podem ser utilizados para uma quantidade maior de
produtos, a saber:
✓ Luvas de látex descartáveis: são permeáveis a praticamente todos os produtos
químicos;
✓ Luvas descartáveis de nitrila: para contato intermitente com produtos químicos;
✓ Borracha Butílica: Bom para cetonas e ésteres, ruim para os demais solventes;
✓ Látex: Bom para ácidos e bases diluídas, péssimo para solventes orgânicos;
✓ Neoprene: Bom para ácidos e bases, peróxidos, hidrocarbonetos, álcoois,
fenóis. Ruim para solventes halogenados e aromáticos;
✓ PVC: Bom para ácidos e bases, ruim para a maioria dos solventes orgânicos.
✓ PVA: Bom para solventes aromáticos e halogenados, ruim para soluções
aquosas.
✓ Nitrila: Bom para uma grande variedade de solventes orgânicos e ácidos e
bases.
✓ Viton: Excepcional resistência a solventes aromáticos e halogenados.
Conservação e manutenção:
Devem ser inspecionados antes e depois do uso quanto a sinais de deterioração,
pequenos orifícios, descoloração, ressecamento, etc. Luvas descartáveis não devem ser limpas
ou reutilizadas. As luvas não descartáveis devem ser lavadas, secas e guardadas longe do local
onde são manipulados produtos químicos. Lavar as mãos sempre que retirar as luvas.
Existem vários tamanhos e especificações de luvas no mercado. O usuário deve
certificar-se sobre o tamanho ideal para a sua mão, utilizando as tabelas existentes na
embalagem.
O contato de materiais tóxicos e de risco com a pele exposta ou com os olhos podem
causar problemas de saúde bastante sérios. Equipamentos de proteção para os olhos
adequados tais como óculos de proteção, máscaras acrílicas ou óculos bloqueadores de raios
ultravioleta, devem estar disponíveis e serem utilizados quando houver algum risco. Óculos
de segurança aprovados com proteção lateral são o mínimo de proteção requerida em um
laboratório.
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Os óculos de proteção devem apresentar as seguintes características:
✓ Não deve distorcer imagens ou limitar o campo visual;
✓ Devem ser resistentes aos produtos que serão manuseados;
✓ Devem ser confortáveis e de fácil limpeza e conservação;
Os principais meios que poderão ser utilizados para boa conservação destes
equipamentos de proteção são:
✓ Manter os equipamentos limpos, não utilizando para isso materiais abrasivos
ou solventes orgânicos;
✓ Guardar os equipamentos de forma a prevenir avarias.
Máscaras
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sem manutenção (chamadas de descartáveis) que possuem uma vida útil relativamente curta e
recebem a sigla PFF (Peça Facial Filtrante), e os de baixa manutenção que possuem filtros
especiais para reposição, normalmente mais duráveis.
Os respiradores são equipamentos importantes, mas que podem ser dispensados em
algumas situações, quando não há presença de névoas, vapores ou partículas no ar.
As máscaras devem estar sempre limpas, higienizadas e os seus filtros jamais devem
estar saturados. Quando estiverem saturados, os filtros devem ser substituídos ou descartados.
É importante notar que, se utilizados de forma inadequada, os respiradores tornam-se
desconfortáveis e podem transformar-se numa verdadeira fonte de contaminação.
O armazenamento deve ser em local seco e limpo, de preferência dentro de um saco
plástico.
Importante – A utilização de EPI para proteção respiratória deve ser utilizado apenas
quando as medidas de proteção coletiva não existem, não podem ser implantadas ou são
insuficientes. Em circunstâncias normais, aparelhos respiratórios não são necessários para as
situações existentes nos laboratórios. A utilização de capelas geralmente elimina os problemas
de riscos respiratórios.
Capelas
As capelas dos laboratórios servem para conter e trabalhar com reações que utilizem
ou produzam vapores tóxicos, irritantes ou inflamáveis, mantendo o laboratório livre de tais
componentes. Com a janela corrediça abaixada, a capela fornece uma barreira física entre o
técnico de laboratório e a reação química. Todos os procedimentos envolvendo a liberação de
materiais voláteis, tóxicos ou inflamáveis devem ser realizados em uma capela para eliminar
os riscos.
✓ As capelas devem ser verificadas antes de cada utilização (no mínimo uma vez
por mês) para assegurar-se que a exaustão esta funcionando apropriadamente. Antes da
utilização, assegurar-se que o fluxo de ar esteja adequado;
31
✓ Exceto quando a capela estiver em reparos ou quando estiver sendo utilizada para
manipulações em seu interior, a janela corrediça deve permanecer fechada. Na
eventualidade de estar aberta, a janela deve ficar elevada entre 30 a 45 cm;
✓ Os aparelhos, equipamentos e reagentes devem ser colocados pelo menos a 15 cm
de distância da janela da capela. Este procedimento reduz a turbulência durante o manuseio
e evita a perda de contaminantes para o laboratório;
✓ As capelas não devem ser utilizadas como local de estoque de reagentes. Isto pode
interferir com o fluxo de ar em seu interior e, além disso, provocar riscos adicionais às
reações e processos efetuados no interior da capela que podem provocar reação sem
controle. Os frascos com reagentes químicos e frascos para descarte de solventes devem
estar presentes no interior da capela somente enquanto estiverem em uso. Devem
posteriormente ser estocados em lugares apropriados;
✓ As capelas devem ser deixadas em funcionamento continuamente durante o
manuseio em seu interior;
✓ O uso da capela é altamente recomendado ao utilizar os seguintes materiais:
- materiais e combustíveis inflamáveis.
- materiais oxidantes
- materiais com efeitos tóxicos sérios e imediatos
- materiais com outros efeitos tóxicos.
- materiais corrosivos.
- materiais que reagem perigosamente
Chuveiro de emergência
Lava olhos
Dispositivo formado por dois pequenos chuveiros de média pressão, acoplados a uma
bacia metálica, cujo ângulo permite direcionamento correto do jato de água. Pode fazer parte
do chuveiro de emergência ou ser do tipo frasco de lavagem ocular.
32
Manta ou cobertor
Confeccionado em lã ou algodão grosso, não pode ter fibras sintéticas. Utilizado para
abafar ou envolver vítima de incêndio.
Vaso de areia
Extintores de incêndio
• A base de água - utiliza o CO2 como propulsor. É usado em papel, tecido e madeira.
Não usar em eletricidade, líquidos inflamáveis, metais em ignição.
• CO2 em pó - utiliza o CO2 em pó como base. A força de seu jato é capaz de
disseminar os materiais incendiados. É usado em líquidos e gases inflamáveis, fogo de origem
elétrica. Não usar em metais alcalinos e papel.
• Pó seco - usado em líquidos e gases inflamáveis, metais do grupo dos álcalis, fogo de
origem elétrica.
• Espuma - usada em líquidos inflamáveis. Não usar para fogo causado por
eletricidade.
• Bromoclorodifluorometano (BCF) - usado em líquidos inflamáveis, incêndio de
origem elétrica. O ambiente precisa ser cuidadosamente ventilado após seu uso.
• Mangueira de incêndio – o modelo padrão, comprimento e localização são
fornecidos pelo Corpo de Bombeiros.
Os equipamentos comuns de segurança e emergência incluem extintores, kit de
primeiros socorros, estação de lavagem de olhos e chuveiros de emergência, kits para o
derramamento de determinados reagentes e saídas de emergência. É necessário que os
usuários saibam onde estão e como manejar os equipamentos de segurança e aprendam o que
fazer em uma emergência e se familiarizem com esses procedimentos.
É necessário ressaltar que os treinamentos e orientações a respeito de segurança são
funções da CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes).
33
➢ Mapa de risco
O mapa de risco é uma representação gráfica (esboço, croqui, layout ou outro), de uma
das partes ou de todo o processo produtivo da empresa, onde se registram os riscos e fatores
de risco a que os trabalhadores estão sujeitos e que são vinculados, direta ou indiretamente, ao
processo e organização do trabalho e às condições de trabalho.
No Brasil, a elaboração obrigatória do mapa de riscos foi estabelecida pela Portaria n°
5 de 18/08/92 do DNSST (Departamento Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador) do
Ministério do Trabalho (MTb), que alterou a Norma Regulamentadora (NR-9), estabelecendo
a obrigatoriedade da confecção do Mapa de Riscos Ambientais para todas as empresas do país
que tenham CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes).
O registro dos fatores de risco no desenho deve ser feito da forma mais simples
possível, para que seja facilmente entendido por todos aqueles que o consultarem. Os riscos e
fatores de risco podem ser registrados através de figuras, cores, ou outros símbolos que os
trabalhadores considerarem a forma mais fácil de ser entendida. A representação adotada deve
ser compreendida e usada por todos, de forma a tornar homogêneo os registros e as análises
(Quadro 2).
Além disso, ela deve estar afixada em locais acessíveis no ambiente de trabalho para
informação e orientação quanto às principais áreas de risco para todos que atuem e transitem
no local.
No mapa de risco, os círculos de tamanho e cores diferentes identificam os locais e os
fatores que podem gerar situação de perigo pela presença de algum risco ambiental. Dentro
dos círculos, devem ser especificados os grupos a que pertence o risco através da cor
padronizada (Quadro 2) e a intensidade através dos tamanhos (Figura 5). A NR-5 sugere que
as dimensões dos círculos possuam as proporções 1, 2 e 4 para as intensidades pequenas,
media e grande, respectivamente.
34
Quadro 2 - Principais tipos de riscos ambientais classificados em grupo, quanto a sua natureza e
padronização de cores. Fonte: Manual de segurança no ambiente hospitalar (1995).
35
Figura 5 - Representação da intensidade dos riscos, no mapa de risco. Fonte: Adaptado de Novello et
al. (2011).
36
MATERIAIS BÁSICOS DO LABORATÓRIO DE QUÍMICA
➢ Material de Vidro
37
Funil de vidro - Utilizado na transferência de líquidos ou
soluções de um frasco para outro e em filtrações de laboratório.
38
Bureta - Equipamento calibrado para medida exata de volume
de líquidos e soluções. Consiste de um tubo cilíndrico graduado
e apresenta na parte inferior uma torneira de vidro controladora
da vazão. É empregada especificamente nas titulações.
39
➢ Material de Porcelana
➢ Material Metálico
Bico de Bunsen - É a fonte de aquecimento de materiais não
inflamáveis mais empregada em laboratório. Apresenta uma base,
um tubo cilíndrico, um anel móvel e uma válvula. Para se fazer
um bom aquecimento deve-se regular a entrada de ar através do
anel móvel. Produz chama cônica em que a zona mais quente
pode chegar a 1500C.
40
Tripé - Usado como suporte em aquecimento, principalmente de
telas e triângulos.
41
➢ Materiais Diversos
42
Barra magnética - Utilizada quando se deseja constante agitação
de uma solução ou reação química.
43
ESTATÍSTICA APLICADA A IPL – MCQ133
➢ Introdução
O nosso dia-a-dia está repleto de números resultantes de uma medida, tais como: a
distância entre duas cidades, a temperatura em um determinado local, a pressão de um pneu, a
massa de um pacote de arroz, a temperatura de uma criança, a pressão arterial, a dosagem de
glicose no sangue, a velocidade de um carro, a porcentagem de votos de um determinado
candidato em uma eleição e muitos outros.
Você é capaz de se lembrar de outros valores numéricos em seu cotidiano, resultante
de uma medida experimental? Não deve ser difícil. Há muitos outros “números” com os quais
nos deparamos que são resultantes de operações matemáticas realizadas utilizando medidas
experimentais como, por exemplo, uma pessoa que está se submetendo a uma dieta de baixa
caloria e precisa acompanhar a perda de peso, portanto, se realiza uma subtração do peso final
do inicial. É possível também calcular a velocidade de uma pessoa se for dividida a distância
percorrida pelo tempo gasto para seu deslocamento.
Da mesma forma, o dia-a-dia do químico é repleto de medidas experimentais e são
ainda realizadas várias operações matemáticas com os valores numéricos resultantes dessas
medidas. Cada uma dessas medidas é acompanhada de uma incerteza. Quem nunca subiu em
uma balança para saber sua massa e não ficou impaciente porque o ponteiro não parava para
poder fazer a medida? Ou quem nunca viu uma balança que, mesmo sem ninguém sobre ela,
marcava alguma massa? Essas mesmas dificuldades provavelmente já foram observadas em
um mercado quando foram pesadas algumas frutas.
Nessas medidas há dois tipos de incerteza:
44
a) Aquela devido à movimentação do ponteiro em torno de um valor médio (erro
indeterminado);
b) Aquela que resultará em uma massa registrada diferente da real (erro determinado).
Quem quer dizer que está pesando mais que sua massa real ou quer pagar a mais pela
fruta que está comprando?
Diante disso, é possível constatar que toda medida está sujeita a dois tipos de erros,
aqueles que levam a variações em torno da média (erros indeterminados) e aqueles que levam
a resultados maiores ou menores que os valores reais (erro determinado).
Quando se faz uma medida em uma balança técnica, e a massa obtida é 108,4g, todos
esses algarismos representam a massa do objeto que está sendo pesado, ou seja, todos os
algarismos são significativos. O último algarismo representa a incerteza da balança, e
consequentemente, na massa medida.
Essa balança técnica digital apresenta incerteza de ± 0,1g, isso significa que, durante a
medida, a massa apresentada no mostrador pode variar de 0,1g para mais ou para menos, ou
seja, pode ser observada uma oscilação entre 108,3 e 108,5 g. Esse último algarismo da
medida é chamado de duvidoso, ele possui quatro algarismos significativos, e o último (4) é o
duvidoso.
Uma medida que apresenta o número zero necessita de atenção para determinação da
quantidade de algarismos significativos. O zero à esquerda nunca é significativo, ele é usado
apenas para expressar a ordem de grandeza. O zero no meio do número (108,4g) sempre é
significativo. O zero à direita só é significativo se for resultante de medida experimental,
como, por exemplo, a massa de 205,0g de um objeto, feita na balança técnica já citada
anteriormente.
Para conversão de unidades devem ser preservados todos os algarismos significativos,
inclusive o duvidoso. Por exemplo, 108,4g é igual a 0,1084kg ou 108,4x10-3kg, ou ainda,
108400mg ou 108,4x10+3mg.
Todos esses valores resultantes da conversão têm o mesmo número de algarismos
significativos que a medida original (108,4g). Os dois zeros à direita no número 108400 não
são significativos, pois não são resultantes de medidas experimentais, foram introduzidos
45
apenas para conversão de unidades. Da mesma forma, o zero à esquerda no número 0,1084kg
não é significativo.
Se o objeto pesado em balança técnica fosse agora pesado em balança analítica, que
possui incerteza de ± 0,0001g, a massa obtida seria 108,4000g. Nesse caso, a medida
apresentaria sete algarismos significativos. Os três zeros à direita (108,4000g) também seriam
significativos, pois seriam resultantes de uma medida experimental, sendo que o último seria
o duvidoso. A omissão desses três últimos zeros daria a falsa ideia de que o objeto teria sido
pesado em balança técnica.
Regras de contagem do nº de algarismos significativos de um resultado.
A contagem dos algarismos significativos faz-se da esquerda para a direita,
começando pelo primeiro algarismo diferente de zero.
1. Qualquer algarismo diferente de zero é significativo. 134g → 3 a.s.;
2. Zeros entre algarismos diferentes de zero são significativos. 3005m → 4 a.s.;
3. Zeros à esquerda do primeiro a.s. diferente de zero não são significativos.
0,000456g → 3 a.s;
4. Para números sem casas decimais, os zeros podem ou não ser significativos. O
número 500 pode ter 1, 2 ou 3 a.s. Deve usar-se a notação científica para eliminar
esta ambiguidade.
5 x 102 → 1 a.s.
5,0 x 102 → 2 a.s.
5,00 x 102 → 3 a.s.
Adição e subtração
O resultado da operação deve conter o mesmo número de casas decimais da medida de
menor certeza, ou seja, daquela que tem o menor número de casas decimais.
46
Ex. 1: Um frasco contém 500,0g de cloreto de sódio. Para o preparo de uma solução
do sal pesou-se 0,1906g, em balança analítica. Qual a massa de NaCl que restou no frasco do
reagente?
500,0
- 0,1906
499,8094
A medida com menor certeza é 500,0g, que possui apenas uma casa decimal, portanto,
o resultado final deve conter apenas uma casa decimal. Como o número que corresponde à
terceira casa é menor que cinco, basta ignorar todos os números a partir da segunda casa
decimal e o último algarismo significativo permanece inalterado.
Restaram no frasco, após a pesagem, 499,8g de NaCl.
Ex. 2: Calcular a massa molar do NaCl a partir das massas atômicas do sódio
(22,9898g mol-1) e do cloro (35,453g mol-1).
35,453
+ 22,9898
58,4428
Obs: O último algarismo significativo não é alterado se o número seguinte for menor
que cinco.
A massa atômica do cloro possui o menor número de casas decimais (3), portanto, a
massa molar do NaCl deve ter apenas três casas decimais, ou seja, 58,443g mol-1. Neste caso,
a quarta casa corresponde a um número maior que 5, assim, o último algarismo significativo é
aumentado em uma unidade.
Obs: O último algarismo significativo é aumentado em uma unidade se o número
seguinte for maior que cinco.
Multiplicação e divisão
O resultado da operação deve apresentar o mesmo número de algarismos significativos
da medida de menor certeza, ou seja, daquela que tem o menor número de algarismos
significativos.
Ex. 1: Calcular a quantidade de matéria existente em 0,1906g de NaCl.
n = 0,1906/58,443 = 0,0032613
A massa do sal possui quatro algarismos significativos e a massa molar apresenta
cinco algarismos significativos, portanto, o resultado deve apresentar apenas quatro
algarismos significativos: 0,003261 = 3,261x10-3 mol.
47
Ex. 2: Uma solução de NaCl foi preparada em um balão volumétrico de 250 mL a
partir da dissolução de 3,261.10-3mol do sal. Calcule sua concentração.
M = n/V = 3,261x10-3 /0,250 = 0,01304
O volume é a medida de menor certeza, com três algarismos significativos, portanto, a
concentração da solução é 0,0130 = 1,30x10-3 mol.L-1. O zero à direita não pode ser omitido,
ele é o algarismo significativo duvidoso.
Obs.: Multiplicação e divisão: o resultado final apresenta o número de algarismos
significativos iguais aos da medida com menor número de algarismos significativos.
➢ Medidas de Posição
Média Aritmética
A média aritmética, simbolizada por 𝑥̅ , é o quociente entre a soma dos valores de uma
variável pelo número de valores.
Média simples – dados não agrupados:
Ex. 1: A média simples de uma vaca cuja produção ao longo de 7 dias é 10; 14; 13; 15;
16; 18; 12 litros cada dia vale:
Ex.2: O desvio da média dos valores 10; 14; 13; 15; 16; 18; 12 da produção de leite de
uma determinada vaca são:
48
Somando todos os desvios:
Moda
A moda (Mo) é o valor que ocorre com mais frequência na distribuição.
Quando os dados estão agrupados em classes, a moda corresponde à frequência
simples mais alta e o valor da moda é tomado como o ponto médio do intervalo da classe. Se
os limites inferior e superior da classe mais frequente são l e L, a moda será (l + L)/2
Ex. 1: Considere os seguintes salários: 100, 90, 110, 100, 100, 2500. A moda é o valor
que mais ocorre, Mo = 100. Neste caso a média é 𝑥̅ = 500.
Mediana
A mediana ou valor mediano (Md) é o valor que divide a série ordenada em dois
conjuntos com o mesmo número de valores. Se a série tem um número ímpar de valores, a
mediana é o valor que está no meio (ponto mediano) da série. Se a série tem um número par
de valores, então utiliza-se como mediana o valor médio entre os dois valores que estão no
meio da série.
Ex. 1: Na série ordenada 2; 5; 6; 8; 10; 13; 15; 16; 18g, temos que Md = 10 pois abaixo
de 10 temos 4 números (2, 5, 6, 8) e acima de 10 também 4 (13, 15, 16, 18).
Ex. 2: Na série ordenada 1; 3; 6; 8; 9; 10g, temos que Md = (6 +8)/2 = 7, pois não há
um só número no centro da série, assim utilizamos o valor médio dois números centrais.
Além disso, como a variância é uma medida que envolve o quadrado das quantidades,
é comum usar a raiz quadrada da variância, chamado de desvio padrão:
𝑠
𝐷𝑃𝑅 = 𝐶𝑉 = ( ) . 100
𝑥̅
Exatidão
A exatidão dos resultados de uma medida está relacionada com o erro absoluto, ou
seja, a exatidão informa quanto o valor medido é diferente do valor verdadeiro ou mais
provável.
Erro absoluto → é a diferença entre o valor medido e o valor verdadeiro ou mais
provável. Informa se existe desvio positivo (a maior) ou negativo (a menor) entre o valor
medido e o valor verdadeiro ou mais provável.
𝐸 = 𝑉𝑟 − 𝑉𝑡
Em que: E = erro absoluto, Vr é o valor real ou obtido experimentalmente e Vt é o
valor verdadeiro ou mais provável.
Erro relativo → é o erro absoluto dividido pelo valor verdadeiro ou mais provável,
expresso em percentagem.
𝐸𝑟 = [(𝑉𝑟 − 𝑉𝑡 )/𝑉𝑡 ].100
Teste Q
O resultado de uma análise geralmente é expresso por meio da média de uma série de
medidas e do desvio padrão, porém, há situações em que uma ou mais medidas diferem
consideravelmente das demais. A utilização de um dado errado no cálculo da média resultará
em um erro na análise, ou seja, haverá diminuição na precisão e a média será muito diferente
do valor verdadeiro. Surge então a dúvida: pode-se rejeitar essas medidas? Se durante a
análise constatou-se um possível erro determinado, o valor resultante deve ser desprezado,
mesmo que não difira acentuadamente dos outros resultados individuais; porém, se não se
detectou erro grosseiro este valor não pode ser simplesmente rejeitado sem uma prévia
avaliação estatística.
51
Quando se dispõem de um número de medidas superior a 20, pode-se usar o teste t
como critério de rejeição. Calculam-se os limites de confiança, por exemplo, a 95%, se o
valor suspeito estiver fora dos limites, poderá ser rejeitado, porém, se estiver dentro do
intervalo de confiança ele deverá ser mantido, em ambos os casos, com 95% de probabilidade
de se ter chegado a uma conclusão acertada.
Na prática analítica, porém, trabalha-se com um número bem menor de medidas (de 5
a 8). Para esses casos, uma forma conveniente de avaliar o resultado anormal é através do
teste Q, que é aplicado a N < 10.
Para a aplicação do teste de rejeição de resultados, calcula-se o valor de Q para a
medida suspeita, que é a razão da diferença entre o valor suspeito e o mais próximo a ele, com
a amplitude, ou seja, a diferença entre o maior e o menor valor:
Se o valor de Q calculado para o valor suspeito (Q) é maior que o valor crítico
tabelado (Qcrí), por exemplo, a um nível de confiança de 95%, (Q > Qcrí), então o valor
suspeito pode ser rejeitado, porém, se Q < Qcrí, o valor não deve ser rejeitado, com 95% de
probabilidade de ter optado corretamente, restando 5% de probabilidade de ter errado na
decisão de rejeição ou não.
52
Ex. 1: Na análise de cálcio em leite, obtiveram-se os seguintes resultados, em mg de
Ca/100 de leite: 263; 221; 265; 264; 282; 266.
• Colocar os N valores experimentais em ordem crescente:
221; 263; 264; 265; 266; 282
• Testar o menor valor suspeito:
|221 − 263| 42
𝑄= = = 0,689
(282 − 221) 61
Q = 0,689 > Qcrí = 0,625 (ao nível de confiança de 95%) 221 é rejeitado com 95% de
confiança.
• Novo conjunto de dados
263; 264; 265; 266; 282
• Testar o maior valor suspeito:
|282 − 266| 16
𝑄= = = 0,842
(282 − 263) 19
Q = 0,842 > Qcrí = 0,710 (ao nível de confiança de 95%) 282 é rejeitado com 95% de
confiança.
Se desejado, pode-se continuar testando o menor valor e, posteriormente, o maior
valor, até que nenhum dos extremos do conjunto seja rejeitado.
Note que, para o conjunto completo de dados, o valor de Q usado foi 0,625 (seis
medidas), porém, após a rejeição o valor de crítico Q agora é 0,710, para as cinco medidas
que permaneceram. Além disso, como o valor rejeitado foi o menor de todos, há um aumento
na média das medidas restantes, com diminuição do desvio, pois houve uma redução na
dispersão dos dados.
53
➢ Lista de Exercícios
54
7. Faça as seguintes operações matemáticas, expressando a resposta com o número
correto de algarismos significativos:
a) 4,002 + 15,9 + 0,823 = ?
b) 1,00797 + 126,90 = ?
c) 213-11,579 = ?
d) 40,08 + 15,9994 = ?
e) 137,33 + 32,064 + 63,9976 = ?
f) 6,3x104 + 1,28 = ?
g) 9,80x10-2 + 4,6x10-3 = ?
h) 764,7 – 22,683 = ?
8. Para o seguinte conjunto de valores obtidos experimentalmente, calcule a média, o
desvio padrão e o desvio padrão relativo. Dados: 42,33; 42,28; 42,35; 42,30. Expresse os
resultados em função do número correto de algarismos significativos.
9. Em uma aula prática de Química Analítica, um grupo de estudantes obteve as
seguintes medidas volumétricas: 15,45; 15,40; 15,45 e 15,50. Calcule a média, o desvio
padrão e o desvio padrão relativo dos dados encontrados experimentalmente. Expresse os
resultados em função do número correto de algarismos significativos.
10. Calcule a média, o desvio padrão e o desvio padrão relativo para cada um dos
cinco conjuntos de dados fornecidos abaixo. Expresse os resultados em função do número
correto de algarismos significativos.
(a) 35,47; 35,49; 35,42; 35,46.
(b) 25,10; 25,20; 25,00; 25,90.
(c) 63,92; 63,75; 63,90; 63,86; 64,90.
(d) 6,050; 6,048; 6,068; 6,054; 6,150.
(e) 50,00; 49,96; 49,92; 51,15.
11. O teor verdadeiro de cloro num dado material é 33,30%, mas o resultado
encontrado por um analista foi de 32,90%. Calcular o erro absoluto e o erro relativo do
resultado.
12. O valor verdadeiro da concentração de uma solução é 0,1005 mol/L e o valor
encontrado é 0,1010 mol/L. Calcular o erro absoluto e o erro relativo do resultado.
13. Na análise de ferro em uma amostra, realizada segundo um dado método, um
analista obteve as seguintes percentagens do elemento: 31,44; 31,42; 31,36 e 31,38%.
55
a) Calcular o desvio médio e o desvio padrão da média, em termos absolutos e
relativos.
b) Aplique o teste-Q para determinar se algum dos resultados deverá ser rejeitado.
14. Aplique o teste-Q para determinar se algum dos seguintes resultados deve ser
rejeitado:
a) 70,10; 69,62; 69,70
b) 70,10; 69,62; 69,70; 69,65
15. Uma análise de cobre, envolvendo dez determinações, resultou nos seguintes
valores percentuais: 15,42; 15,51; 15,52; 15,53; 15,68; 15,52; 15,56; 15,53; 15,54 e 15,56.
Determinar qual/quais resultados requerem rejeição.
56
ROTEIRO DE
AULAS PRÁTICAS
57
ANOTAÇÕES EXPERIMENTAIS E RELATÓRIOS
58
Não existem normas rígidas da sua elaboração, mas devido à sua provável importância
na carreira profissional do aluno, serão dadas algumas recomendações que lhes serão úteis no
progressivo aperfeiçoamento da sua técnica de redação científica.
Ao fazer um relatório, o aluno deve conhecer claramente a questão abordada pela
experiência e qual a resposta que obteve para ela. Esta informação sintética servirá de linha
diretriz para toda a redação, impedindo que se perca em divagações sobre assuntos colaterais
ou considerações sobre detalhes sem importância.
A linguagem empregada deverá ser concisa, correta e precisa.
A redação deverá ser corrente quanto ao tempo dos verbos empregados,
recomendando-se expor os resultados das observações e experiências no passado, reservando
o presente para as generalidades ou para referências a condições estáveis.
É conveniente recorrer a tabelas e gráficos, pois permitem concentrar grande parte da
quantidade de informações.
Os valores numéricos deverão estar acompanhados de unidades de medida
preferencialmente pertencentes ao mesmo sistema. A unidade de medida deverá ser incluída
também no cabeçalho das tabelas e nos eixos das figuras.
Sempre que os valores numéricos forem muito grandes ou pequenos, convém
multiplicar os valores por uma potência inteira de dez para que o número fique com um
ou dois algarismos antes da vírgula, e com tantos quantos forem necessários para expressar
a precisão após a vírgula.
Após a redação do rascunho do relatório, este deverá ser examinado criticamente,
como se estivesse sendo lido por uma pessoa estranha, verificando-se a clareza com que é
expressa cada ideia e se não pode fazê-lo com menor número de palavras, eliminando-se
adjetivos supérfluos, construções perifrásticas e repetições do mesmo assunto em pontos
diferentes do relatório.
O melhor relatório é aquele que cobre todo o assunto da maneira mais sucinta.
A seguir, será dado um esquema tentativo para os relatórios. A existência, a
organização e o conteúdo de cada parte dependerão da experiência realizada. A seguir têm-se
um modelo de relatório a ser seguido pelos grupos.
59
TÍTULO:
1. INTRODUÇÃO - um texto, apresentando a relevância do experimento, um resumo
da teoria em que ele se baseia, ou seja, fundamentos da técnica ou método;
2. OBJETIVO DA EXPERIÊNCIA - que se pretende chegar.
3. PARTE EXPERIMENTAL (Material e Métodos) - um texto, descrevendo a
metodologia empregada para a realização do experimento:
a) Materiais, aparelhos e reagentes utilizados.
b) Esquema simplificado da montagem experimental, Equações matemáticas.
c) Discussão de alguns detalhes técnicos e/ou características da instrumentação usada.
d) Observações sobre o procedimento de trabalho, dificuldades, modificações e
comportamento não esperado.
4. RESULTADOS - um texto, apresentando resultados na forma de dados coletados
em laboratório e outros resultados, que possam ser calculados a partir dos dados. Todos os
resultados podem ser apresentados na forma de:
a) Tabela com os dados obtidos e os resultados calculados.
b) Gráficos e registros.
5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS - uma discussão concisa e objetiva dos
resultados, a partir das teorias e conhecimentos científicos prévios sobre o assunto, de modo a
se chegar a conclusões:
a) Principais fontes de erros, apreciação do seu efeito sobre os resultados e
possibilidades de diminuí-los.
b) Comparação dos resultados com valores publicados na literatura ou obtidos pelos
outros grupos que realizaram a experiência, tentando justificar diferenças encontradas.
c) Discussão das vantagens, potencialidades e limitações da técnica empregada quando
comparada com outras.
6. CONLUSÕES - um texto, apresentando uma síntese sobre as conclusões
alcançadas. Enumeram-se os resultados mais significativos do trabalho. Não se deve
apresentar nenhuma conclusão que não seja fruto da discussão.
7. BIBLIOGRAFIA (efetivamente consultada na elaboração do relatório, dando as
páginas)
Por exemplo, na elaboração destas recomendações:
1. GUENTHER, W.B., Química Quantitativa: Medições e Equilíbrio, TRad. Moscovici, R., São Paulo,
Blücher-EDUSP, 1972, p. 34-37.
60
2. LUFT, C.P., Trabalho Científico: Sua Estrutura e Apresentação, Porto Alegre, 1962, p. 24-26
3. REY, L., Como redigir Trabalhos Científicos, São Paulo, Blücher-EDUSP, 1972, p. 60-64
61
AULA 1. LIMPEZA DE MATERIAL DE VIDRO, PESAGEM EM BALANÇAS
ANALÍTICAS E AFERIÇÃO DE MATERIAL VOLUMÉTRICO.
➢ Introdução
Para obter bons resultados nas medidas de volumes e massa, é essencial que as
vidrarias estejam bem limpas, principalmente quando envolve análises quantitativas. Para
isso, devem-se lavar as vidrarias inicialmente com detergente, enxaguá-las várias vezes com
água de torneira e, por último, com pequenas porções de água destilada (5 a 10 mL). Esta
última operação é essencial porque a água de torneira contém apreciável quantidade de
materiais dissolvidos e em suspensão, que não serão removidos sem a lavagem com água
destilada.
Após isso, se ainda for observada a presença de gordura (pequenas gotículas de água
nas paredes) ou outro resíduo na inspeção visual, pode-se recorrer ao tratamento com potassa-
alcoólica 10%. Esses materiais de limpeza são altamente corrosivos e devem ser manuseados
com o máximo de cuidado. Qualquer respingo deve ser abundantemente lavado com água.
Os materiais depois de limpos devem ser secos em estufa para garantir a obtenção de
resultados corretos. Esta secagem, no caso de materiais volumétricos, não deve ser a altas
temperaturas, pois estes podem perder sua aferição. Admite-se, porém um aquecimento suave
(máximo de 80°C ou com o auxílio de secador de cabelos). Para garantir a aferição deste tipo
de vidraria, é preferível secar o material à temperatura ambiente, o que demanda tempo.
Todos os materiais que vão à estufa para secar devem esfriar em dessecadores para
garantir que não haja contaminação por partículas do ar. Após limpos e secos, os materiais
devem ser pesados em balanças analíticas, as quais são balanças de precisão que permitem a
determinação de massas com um erro absoluto da ordem de 0,1 mg. Uma balança analítica é
um instrumento delicado que deve ser manipulado com extremo cuidado. Observe as
seguintes regras gerais para se trabalhar com uma balança analítica:
i) Centre o peso no prato da melhor forma possível.
ii) Proteja a balança contra corrosão. Objetos a serem colocados no prato devem se
limitar a metais não-reativos, plásticos não-reativos e materiais vítrios.
iii) Consulte seu professor se a balança precisar de ajustes.
iv) Mantenha a balança limpíssima. Uma escova/pincel é útil para a remoção de
material ou poeira.
62
v) Sempre espere que um objeto quente volte à temperatura ambiente antes de pesá-lo.
vi) Use luvas ou papéis para segurar objetos secos, não transferindo assim a eles a
umidade e gordura de suas mãos.
Fontes de erros em pesagens:
➢ Efeitos de Flutuação: Este erro tem sua origem na diferença da força de flutuação
exercida pelo meio (ar) sobre o objeto e sobre os pesos. Assim é importante que a
balança fique em um lugar reservado e durante a pesagem é necessário que as
portas das balanças estejam fechadas.
➢ Efeitos de temperatura: O ato de se pesar um objeto cuja temperatura seja diferente
de seu ambiente provoca um erro significativo na medida. Não deixar tempo
suficiente para que um objeto aquecido volte à temperatura ambiente é a principal
fonte deste problema. Erros devidos a diferenças em temperatura têm duas origens.
Primeiro, as correntes de convecção dentro da caixa da balança exercem efeitos de
flutuação no prato e no objeto. Segundo, ar quente preso num frasco fechado pesa
menos que o mesmo volume a temperatura mais baixa. Ambos os efeitos provocam
uma menor massa aparente do objeto. Este erro pode ser de até 10 a 15 mg para um
cadinho de porcelana, por exemplo. Portanto, objetos aquecidos devem sempre ser
resfriados a temperatura ambiente, antes de serem pesados.
63
➢ Objetivos
Os objetivos desta prática experimental são: aprender a lavar e secar vidrarias, bem
como fazer uso de balança analítica e aprender como fazer a leitura correta de volume em
vidrarias volumétricas. Com isso, o aluno terá contato com a secagem em estufa, utilização de
dessecadores como sistema de resfriamento de vidrarias, maneiras ideais de como manipular
vidrarias sem que estas sejam contaminadas, além de ter contato com uma série de vidrarias
volumétricas e sistema a vácuo.
➢ Procedimento experimental
➢ Questões
1. Quais são as mais importantes causas de erro nas pesagens com uma balança analítica?
2. Quais os requisitos para uma boa balança analítica?
3. Dar o resultado da calibração feita. Estão os valores dentro dos limites de tolerância
(encontrados nos livros)?
4. Considerando o volume de fábrica como verdadeiro, qual o erro relativo percentual
cometido, na prática, pelo seu grupo?
65
AULA 2: PREPARO DE SOLUÇÕES E DILUIÇÕES
➢ Introdução
Objetivos
Planejar e executar em laboratório o preparo de soluções e diluições.
Importante
Em trabalhos de laboratório, priorizar um menor número de transferências nas
diluições e também sempre se deve buscar economizar a utilização de solventes para reduzir
gastos no laboratório.
Materiais e reagentes
Béquer de 50 e 100 mL, pipetas volumétricas de 1, 2, 3, 4, 5 e 10 mL, balões
volumétricos de 10, 25, 50 e 100 mL, vidro de relógio, bastão de vidro e permanganato de
potássio (dicromato de potássio ou nitrato de cobre II).
Procedimento Experimental
1) Planejar o preparo de uma solução mãe de permanganato de potássio (KMnO4)
descritas na prática. Definir valor a ser pesado, balão volumétrico da solução concentrada e
solução diluída e pipeta que será empregada na transferência.
Fórmulas:
Concentração: C = massa/volume
Fator de diluição = Sol. Concentrada / Sol. diluída
2) Pesar entre 40 a 100 mg de permanganato de potássio na balança e transferir para o
balão volumétrico adequado para o preparo da solução mais concentrada.
3) Adicionar um pouco de água ao balão volumétrico e aguardar o permanganato
dissolver. Após dissolver o sólido completar/aferir o volume do balão.
4) Com a pipeta volumétrica transferir o volume da solução concentrada para o balão
onde será efetuada a diluição.
5) Avolumar o balão com água destilada. Comparar as soluções preparadas.
67
SOLUÇÕES A SEREM PREPARADAS (cada grupo irá preparar uma delas):
GRUPO 1:
Preparar 100 mL da solução mãe de 0,4 mg/mL
Preparar soluções diluídas de: 20,0 e 8,0 microgramas/mL
Calcular o fator de diluição
GRUPO 2:
Preparar 100 mL da solução mãe de 0,5 mg/mL
Preparar soluções diluídas de: 50,0 e 15,0 microgramas/mL
Calcular o fator de diluição
GRUPO 3:
Preparar 100 mL da solução mãe de 0,6 mg/mL
Preparar soluções diluídas de: 120,0 e 24 microgramas/mL
Calcular o fator de diluição
GRUPO 4:
Preparar 100 mL da solução mãe de 0,4 mg/mL
Preparar soluções diluídas de: 40,0 e 16,0 microgramas/mL
Calcular o fator de diluição
68
AULA 3. MEDIDAS DE VALOR DE pH E SOLUÇÕES TAMPÃO
➢ Introdução
Tabela 1. Intervalos de valores de pH onde ocorrem as mudanças de cor e coloração das soluções com
alguns indicadores ácido-base.
Objetivos
Estimar o valor do pH da água destilada e de soluções aquosas usando indicadores
ácido-base, bem como verificar o comportamento de uma solução tampão.
71
Materiais e reagentes específicos
• Tubos de ensaio (x4);
• Erlenmeyer de 125 mL (x1);
• Canudo ou pipeta (x1);
• Suporte para tubos de ensaio (x1)
• Ácido acético (0,1 mol.L-1);
• Acetato de Sódio (0,1 mol.L-1);
• Ácido clorídrico (0,1 mol.L-1);
• Hidróxido de sódio (0,1 mol.L-1);
• Indicadores – Fenolftaleina, Alaranjado de Metila Azul de Bromotimol.
Procedimento
AVALIAÇÃO DO VALOR DE pH DA ÁGUA DESTILADA
1. Em um erlenmeyer de 125,0 mL colocar 50,0 mL de água destilada e adicionar 2 a 3
gotas do indicador azul de bromo timol. Agite e anote a cor da solução.
2. Em seguida adicionar gota a gota uma solução 0,1 mol.L-1 de hidróxido de sódio,
NaOH, até ocorrer mudança de cor. Agitar e anotar a cor da solução.
3. Colocar a ponta de um canudo ou uma pipeta no interior da solução e assoprar até
verificar a mudança de cor. Agite e anote a cor da solução.
Tabela 2. Cor do indicador azul de bromo timol e valor do pH estimado da água destilada.
72
Tabela 3 - Efeito da adição de ácido ou base em água pura e em solução tampão.
73
AULA 4. DETERMINAÇÃO VOLUMÉTRICA
➢ Titulação
➢ Titulometria de neutralização
➢ Titulometria de precipitação
75
A titulometria de precipitação pode ser utilizada para determinação de cloreto de sódio
em soro fisiológico, por exemplo. A tabela 1 mostra alguns dos métodos mais conhecidos.
➢ Titulometria de complexação
➢ Titulometria de oxi-redução
76
a) Visualmente, sem adição de indicador;
b) Visualmente, com adição de indicador;
c) Usando métodos eletroanalíticos (ex. potenciometria).
➢ Solução Padrão
A solução padrão a ser usada em uma análise volumétrica deve ser cuidadosamente
preparada, pois, caso contrário, a determinação resultará em erros. A preparação dessas
soluções requer direta ou indiretamente, o uso de um reagente quimicamente puro e com
composição perfeitamente definida. Os reagentes com essas características são chamados de
padrões primários.
Os padrões primários são utilizados como referência na correção da concentração das
soluções através do procedimento denominado padronização ou fatoração. Tal procedimento
consiste na titulação da solução de concentração a ser determinada com uma massa definida
do padrão primário adequado.
Os padrões primários devem apresentar as seguintes características:
→ Devem ser de fácil obtenção no mercado a preço razoável;
→ Fácil de purificar, secar (110oC a 120oC), sem água na composição (de hidratação,
de cristalização);
→ Inalterável ao ar, o que implica em uma substância não higroscópica, não-oxidável,
estável ante o CO2 atmosférico. Estas características são especialmente importantes quando da
pesagem e do armazenamento;
→ Deverá ter um equivalente-grama elevado, pois, deste modo, erros referentes a
manipulação e a aparelhagem serão minimizados.
→ Deve ser o mais solúvel possível em condições ambiente, pois um dos grandes
problemas ao uso de aquecimento são as vidrarias volumétricas;
→ A reação de entre o padrão e a substância em teste deve ser a mais rápida possível,
ocorrer à temperatura ambiente, e ter estequiometria definida.
77
➢ 4.1. VOLUMETRIA DE NEUTRALIZAÇÃO. PREPARAÇÃO E
PADRONIZAÇÃO DE UMA BASE FORTE.
Objetivos
Tomar conhecimentos específicos da análise titrimétrica de neutralização, aprendendo
a preparar, padronizar e estocar corretamente uma solução de base forte.
Materiais
1 bureta de 25 mL, 1 garra para bureta, 1 balão volumétrico de 100 mL, 1 conta-gotas,
1 bastão de vidro, 3 béqueres de 150 mL, 1 vidro de relógio, 3 erlenmeyers de 150 mL, 1
pipeta volumétrica de 5 mL e 1 pisseta.
Reagentes
Hidróxido de sódio PA, biftalato de potássio PA e solução alcoólica de fenolftaleína.
Procedimento
Secagem do padrão primário – Biftalato de potássio (MM = 204,23 g/mol)
Em um pesa-filtro limpo e seco, coloque cerca de 4 g de biftalato de potássio e leve à
estufa pelo período de 1 h. Retire da estufa e leve ao dessecador para esfriar. Depois de frio,
pese o pesa-filtro contendo o sal. Repita as etapas secagem-dessecador-estufa (20 min nas
secagens sucessivas) até peso constante. Guarde o sal em dessecador para uso posterior.
78
Padronização da solução de NaOH 0,10 mol L-1
(a) Em uma balança analítica, pese em triplicata, massas exatamente conhecidas de
0,200 g do sal biftalato de potássio previamente seco, transferindo-as para cada um dos
erlenmeyers.
(b) Lave a bureta e verifique se o filme de água está escoando uniformemente. Repita
a lavagem com solução de limpeza se necessário. Enxague a bureta com uma pequena porção
da solução de NaOH e descarte esta porção. Em seguida, preencha-a completamente com a
solução de NaOH e acerte o menisco. Não se esqueça de que a ponta da bureta abaixo da
torneira deverá estar completamente preenchida com a solução, sem bolhas.
(c) Adicione, ao primeiro erlenmeyer (contendo a menor massa do sal), cerca de 50
mL da água fervida ou deionizada anteriormente e agite até completa dissolução do padrão.
Acrescente umas 3 gotas de solução de fenolftaleína.
(d) Titule lentamente com a solução de NaOH até a solução atingir uma coloração rosa
claro persistente (ponto final).
(e) Repita o mesmo procedimento acima descrito para os outros dois erlenmeyers.
(f) Calcule a concentração exata da solução de NaOH, em mol.L-1 para cada titulação.
Faça a média destes resultados, descartando resultados discrepantes.
(g) Rotule corretamente o frasco plástico da solução alcalina padronizada.
Questões
1. Qual foi a concentração da solução padronizada de NaOH preparada pelo seu
grupo?
2. Por que o final da titulação é indicado por uma cor rosa claro que “persista pelo
menos por 30 s”?
79
AULA 5. DETERMINAÇÃO DA PORCENTAGEM DO ÁCIDO ACÉTICO EM
SOLUÇÃO DE VINAGRE
(a) Pipetar exatamente 5,00 mL do vinagre e transferir para o balão de 100 mL,
diluindo com água deionizada até a marca.
(b) Enxaguar a bureta (previamente lavada) com uma alíquota da solução de NaOH
(preparada na aula anterior), fazer o correto descarte e, em seguida, preenchê-la
completamente. Acertar o menisco.
(c) Transferir, para o primeiro erlenmeyer, uma alíquota de 20,00 mL da solução de
vinagre (usando uma pipeta volumétrica), adicionando cerca de 30 mL de água deionizada.
Adicionar 2 gotas de solução de fenolftaleína.
(d) Titular com a solução de NaOH até aparecimento da coloração rosa claro
persistente (30 s).
(e) Repetir o mesmo procedimento acima descrito para os outros dois erlenmeyers.
Questões
1. Qual é a porcentagem de ácido acético no vinagre titulado? Compare o resultado de
seu grupo com o valor médio da classe. Considerando a média da classe como o valor
verdadeiro, qual o ER% de seu grupo? Caso algum valor esteja discrepante, utilize o teste “Q”
para descartar algum ponto.
2. Calcule o pH no ponto de equivalência das titulações abaixo e justifique o porquê de
usar um ou mais dos indicadores fenolftaleína, alaranjado de metila ou azul de bromotimol em
cada caso. Considere como 0,1000 mol/L as concentrações de cada solução:
a) biftalato de potássio com NaOH
b) HCl com NaOH
c) Vinagre (ácido acético) com NaOH
Destino dos resíduos
Descartar o NaOH e demais soluções das titulações em um recipiente apropriado para
descarte de ácidos e bases para posterior neutralização pelos técnicos.
80
AULA 6. DETERMINAÇÃO DA PORCENTAGEM DE CÁLCIO LEITE
Introdução
Complexos são compostos químicos nos quais um metal está ligado covalentemente a
outros grupos orgânicos ou inorgânicos (chamados de ligantes). Existe uma variedade muito
grande de ligantes e, consequentemente, complexos, sendo que muitos deles apresentam
grande estabilidade. Titulações complexométricas são extremamente úteis para a
determinação de um grande número de metais. Esta técnica tem alcance de milimols e, pelo
uso de agentes auxiliares e controle do pH, a seletividade necessária pode ser alcançada.
O indicador eriocromo T não pode ser usado na titulação direta somente de cálcio com
EDTA (ácido etilenodiaminotetracético, ou mais comumente seu sal dissódico), um dos
ligantes/complexantes mais comuns. Isso ocorre uma vez que o eriocromo T forma um
complexo muito fraco com íons cálcio, o que resulta numa mudança de cor pouco definida no
ponto final da titulação. Para se evitar tal problema costuma-se adicionar uma pequena
quantidade de íons Mg2+ à solução contendo Ca2+. O complexo de cálcio com EDTA é mais
estável do que o complexo de magnésio com este ligante e, portanto, o Ca2+ é titulado
primeiro. Neste caso deve-se fazer uma correção para compensar a quantidade de EDTA
usada para a titulação do Mg2+ adicionado.
81
Materiais e Reagentes
• Bureta de 25,00 mL (x1);
• Pipeta volumétrica de 10,00 mL (x1);
• Pipeta volumétrica de 5,00 mL ou pipeta graduada de 5,0 ou 10 mL (x1);
• Erlenmeyers de 250 mL (x3);
• Béquer de vidro de 100 mL (x3);
• Pêra ou seringa para pipetação.
• Solução padronizada EDTA;
• Solução tampão para pH=10;
• Indicador eriocromo T;
• Amostra de leite comercial a ser analisada.
Procedimento
1. Pipetar em triplicata 10,00 mL de leite para erlenmeyers de 250 mL;
2. Diluir com água até volume de aproximadamente 30-50 mL;
3. Adicionar a cada erlenmeyer cerca de 5 mL de solução tampão de pH 10;
4. Adicionar a cada erlenmeyer um pouco do indicador eriocromo T;
5. Titular com solução padronizada de EDTA até aparecimento de uma coloração azul;
6. Anotar cuidadosamente os volumes de titulante gastos. Caso haja uma discrepância muito
grande entre os volumes de cada titulação, realizar uma nova replicata, descartando o valor
discrepante;
7. Fazer os cálculos para a determinação do teor de Ca2+ no leite, expressando a concentração
em mg.L-1 (ou ppm).
Questões:
1. Qual é a porcentagem de cácio no leite titulado? Compare o resultado de seu grupo
com o valor médio da classe. Considerando a média da classe como o valor
verdadeiro, qual o ER% de seu grupo?
2. Suspeitando-se que um lote de leite possa ter sido adulterado, a nutricionista de
uma indústria decide fazer a determinação do teor de cálcio em uma amostra deste
lote. Utilizando da técnica de complexometria com EDTA, verificou-se que para
10,00 mL de leite foram gastos, em triplicata, volumes de 17,90, 18,00 e 17,95 mL
82
de solução de EDTA 0,1020 mol.L-1. Sabendo que o rótulo do leite sob suspeita
diz que o teor de cálcio é de 240 mg para uma porção de 200 mL da bebida, e
aceitando-se um erro de 5% na análise, o produto está ou não dentro das
especificações.
3. Pesquise alguns rótulos de leite UHT integral e desnatado. Existe grande variação
nos valores encontrados? Qual a faixa de teores de cálcio, em g.L-1, observada? Se
considerarmos que a recomendação de dose diária para um adulto é de 1000 mg de
cálcio, qual volume de leite precisaria ser ingerido para alcançar a recomendação?
Quais outros alimentos são considerados fontes de cálcio e poderiam substituir, ao
menos parcialmente, o leite na dieta?
4. O resultado obtido na prática está de acordo com o indicado no rótulo do leite?
Considerando que o rótulo esteja correto, quais as possíveis fontes de erro na
prática que possam ter contribuído para o resultado diferente do indicado?
83
REFERÊNCIAS
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