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INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 4
UNIDADE 1. SISTEMA NACIONAL DE SAÚDE ANGOLA ......................................................... 7
Conceito ................................................................................................................................................. 7
Evolução do sistema nacional de saúde ............................................................................................... 7
1.1. ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA DO SISTEMA NACIONAL DE SAÚDE
ANGOLANO ......................................................................................................................................... 8
1.1.1. Hierarquia de prestação dos cuidados de saúde................................................................. 8
1.1.2. Sector Privado ....................................................................................................................... 9
1.1.3. Sector da Medicina Tradicional........................................................................................... 9
1.1.4. Acesso aos cuidados de saúde e sua utilização .................................................................. 10
1.1.5. Principais problemas do Sistema Nacional de Saúde ...................................................... 10
1.1.6. Pontos fortes do Sistema Nacional de Saúde Angolano ................................................... 10
1.1.7. Prioridades da Saúde .......................................................................................................... 11
1.1.8. Perspectivas, Valores e Princípios ..................................................................................... 12
1.1.9. Objectivos da política nacional de saúde (PNS) ............................................................... 13
1.2. ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE EM ANGOLA ...................................... 13
1.2.1. ORGANIGRAMA DA SAÚDE EM ANGOLA (MINISTÉRIO) ................................... 14
1.2.2. DIVISÃO DO TRABALHO EM SAÚDE ......................................................................... 14
1.3. CURSO DE FORMAÇÃO DE TÉCNICOS DE ENFERMAGEM.................................... 14
1.3.1. OBJECTIVOS DO CURSO:.............................................................................................. 15
1.3.2. ORGANIZAÇÃO E DIVISÃO DO TRABALHO EM ENFERMAGEM ..................... 16
UNIDADE 2 - A ENFERMAGEM COMO PROFISSÃO .............................................................. 17
2.1. HISTÓRIA E DESENVOLVIMENTO DAS PROFISSÕES .............................................. 18
2.2. HISTÓRIA DA ENFERMAGEM NO MUNDO E EM ANGOLA .................................... 19
2.2.1. História e desenvolvimento da Enfermagem .................................................................... 19
2.2.2. A enfermagem em angola ................................................................................................... 23
2.3. Estrutura da Carreira de Enfermagem ................................................................................ 23
2.4. Enfermeiro Profissional .......................................................................................................... 24
2.4.1. Competências do Enfermeiro............................................................................................. 24
CAPÍTULO 3 – ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL .................................................... 26
3.1. Ética.......................................................................................................................................... 26
3.1.1. Origem e Significado da Ética............................................................................................ 26
3.1.2. Relação entre a Ética e Moral ............................................................................................ 27
3.1.3. Relação Ética e Normas Jurídicas ..................................................................................... 28
Material de Apoio: 10ª Classe, Curso de Formação de Técnicos de Saúde.
INTRODUÇÃO
A história da humanidade é permeada por acções de cuidar. O cuidado sempre existiu como
prioritário à manutenção da vida humana, do nascimento à morte. Porém, no século XIX, tal
prática revelou-se mais que uma necessidade. Neste contexto, emerge na Inglaterra, Florence
Nightingale, a grande personagem (que treinava pessoas para cuidar de pessoas) e transformou
o cuidado em um campo de conhecimento singular, com métodos e técnicas específicas,
diferentes das anteriormente executadas. Na sua origem a enfermagem era exclusivamente
desenvolvida por mulheres e voltada mais para a maternidade.
A partir do século XIX surge então a enfermagem moderna, através de Florence Nightingale,
que estruturou seu modelo de assistência depois de ter trabalhado no cuidado de soldados
durante a guerra da Criméia. Com seu embasamento técnico e científico, Florence deu origem
e implantou o que hoje conhecemos como processo de enfermagem, onde se aplicava uma
sequência de actividades com o intuito de agilizar o cuidado e obter uma melhor eficácia no
atendimento.
A Enfermagem é um ramo das ciências da saúde que se ocupa da assistência ao ser humano no
ciclo saúde-doença, em todas as faixas etárias. O enfermeiro é o profissional que ajuda a manter
o equilíbrio do ser humano por meio da promoção, protecção, recuperação da saúde e da
reabilitação, mediante a assistência de Enfermagem a pessoas, a famílias e a outros grupos de
comunidades. Dirige o trabalho da assistência de Enfermagem, exerce coordenação
administrativa de determinadas acções de saúde realizadas por outros profissionais nos serviços
de saúde.
Perante esta situação, o mais sensato não será assistirmos alarmados e com “as mãos à
cabeça” ao afundamento dos valores morais e profissionais nas nossas instituições, mas sim,
num esforço conjugado de todos, dotá-las de capacidades alternativas internas que lhes possam
permitir encontrar respostas novas e adequadas aos desafios presentes. Isto passa
necessariamente pela formação ética e deontologicamente profissional dos actuais e dos futuros
enfermeiros, pois a actividade de saúde não se equipara a uma mera produção de bens. A
actividade do enfermeiro não é um mero fazer, é, antes pelo contrário, um agir que implica uma
relação humana com o paciente e com a sociedade;
Assim sendo, pretende-se que com este estudante o estudante seja capaz de:
O presente material, está dividido em cinco (5) partes. A primeira parte aborda questões
relacionadas ao Sistema Nacional de Saúde em Angola. A segunda parte aborda questões
relativas a história e desenvolvimento da enfermagem. A terceira parte aborda questões
referentes a ética e deontologia do profissional de enfermagem. A quarta parte faz referências
aos problemas éticos e legais com os quais os profissionais de enfermagem (saúde) se deparam
durante o exercício da sua função. A quinta e última parte abordas questões referentes as
qualidades do profissional de enfermagem, importância da deontologia.
Conceito
O Sistema Nacional de Saúde (SNS), é uma estrutura através do qual o Estado Angolano
assegura o direito à saúde (promoção, prevenção e vigilância) a todos os cidadãos de Angola.
A Evolução histórica do sistema nacional de saúde angolano (SNS) conheceu uma evolução
caracterizada por dois períodos:
Neste período, regista-se um aumento significativo dos recursos financeiros do Estado alocados
ao sector da saúde. Em 1992, através da Lei 21-B/92, de 28 de Agosto, é aprovado a Lei Base
do SNS e o Estado angolano deixa de ter exclusividade na prestação de cuidados de saúde, com
a autorização do sector privado na prestação dos serviços de saúde. Foi também introduzida a
noção de comparticipação dos cidadãos nos custos de saúde, mantendo o sistema
tendencialmente gratuito.
O primeiro nível – Cuidados Primários de Saúde (CPS) – representado pelos Postos/ Centros
de Saúde, Hospitais Municipais, postos de enfermagem e consultórios médicos, constituem o
primeiro ponto de contacto da população com o Sistema de Saúde;
Apesar da hierarquia estabelecida, o sistema de referência e de contra referência não tem sido
operacional por vários factores, principalmente, por causa da desestruturação do sistema de
saúde e da redução da cobertura sanitária decorrente do longo conflito armado que o país viveu.
Sector Público O sector público inclui o Serviço Nacional de Saúde13 (SNS), os serviços de
saúde das Forças Armadas Angolanas (FAA) e do Ministério do Interior, bem como de
empresas públicas, tais como a SONANGOL, ENDIAMA e, etc.
O sector privado lucrativo está ainda confinado aos principais centros urbanos do país. Os
preços dos cuidados de saúde limitam a acessibilidade da população ao sector privado
lucrativo. Os preços praticados não são objecto de nenhuma regulação. À semelhança do que
acontece no sector público, a qualidade dos serviços prestados está aquém do desejado. Na sua
maioria, o pessoal do sector privado é o mesmo que trabalha no sector público, com evidentes
prejuízos para ambos os sectores.
A medicina tradicional encontra-se num estado de organização ainda incipiente. Embora sem
número conhecido de pacientes, que recorrem a este sector, há evidências que revelam que
muitos utentes15 recorrem à medicina tradicional e por vezes simultaneamente à medicina
ocidental assim como à medicina chinesa ou asiática.
Pontos fracos
A redução das elevadas taxas de mortalidades materna e infantil bem como o controlo de
doenças, constituem os maiores desafios do SNS em Angola. Os factores contributivos a estes
desafios estão intimamente ligados à pobreza e à ignorância para além dos factores intrínsecos
aos serviços de saúde. Neste contexto, as intervenções de saúde devem dar primazia à
prevenção de doenças e à promoção da saúde.
Outro desafio consiste na reestruturação e reorganização do SNS, com vista a adequação dos
recursos humanos e das tecnologias às reais necessidades em saúde das populações, num
contexto de um financiamento sustentável da saúde.
A Política Nacional de Saúde almeja assegurar em 2025 “uma vida saudável para todos”, num
contexto de desenvolvimento nacional sustentável e de um sistema nacional de saúde que
responda às expectativas da população, prestando cuidados de saúde de qualidade com
equidade e com eficiência.
A concretização de uma perspectiva de uma vida saudável para todos, é um desafio que
ultrapassa as fronteiras tradicionais do sistema de saúde, pelo que, o concurso dos outros
sistemas de que dependem importantes determinantes da saúde é de uma extrema importância.
O combate a pobreza no quadro das estratégias do Governo e os esforços para a consecução
dos objectivos de desenvolvimento do milénio (ODM) são uma valiosa contribuição para a
consecução da perspectiva. A reforma do Sistema Nacional de Saúde é uma premissa
indispensável para assegurar uma adequada prestação de serviço, mediante disponibilidade de
recursos humanos e das tecnologias de saúde, de um sistema de informação operacional, de
uma liderança efectiva e boa governação no quadro de um financiamento sustentável.
A regular prestação de contas deve ser um dos princípios basilares na gestão do SNS,
garantindo ao cidadão todas as informações necessárias sobre o seu funcionamento e seu
desempenho. Com o princípio da intersectorialidade, procura-se coordenar as intervenções de
todos os sectores para atingir os objectivos de saúde, sendo determinante o papel do Ministério
da Saúde.
Objectivo geral
Objectivos específicos
VICE MINISTRO
Gabinete de Instituto
Gabinete do Direcção
Conselho Estudos, Nacional de
Ministro Nacional de
Consultivo Planeamento e Saúde Pública
Saúde Pública
Estatistica
Gabinete do Instituto de
Conselho de Direcção Combate e Controlo
Inspecção Vice-Ministro
Direcção Nacional de das
Geral de
Recursos Tripanossomíases
Saúde Gabinete de Humanos
Intercâmbio
Internacional Direcção Hospitais de
Gabinete
Nacional de Referência
Jurídico
Medicamentos e
Equipamentos
Secretaria
Geral
DELEGAÇÕES
PROVINCIAIS
Junta Nacional
de Saúde
Direcções
Municipais
A Enfermagem é um ramo das ciências da saúde que se ocupa da assistência ao ser humano no
ciclo saúde-doença, em todas as faixas etárias. O enfermeiro é o profissional que ajuda a manter
o equilíbrio do ser humano por meio da promoção, protecção, recuperação da saúde e da
Objectivos Gerais
Objetivos Específicos
De acordo com o artigo 4º, a carreira de enfermagem é única e enquadra grupos de profissionais
auxiliar, técnico de enfermagem e técnico superior em enfermagem.
(Condições de promoção)
Conceito
Muitos autores consideram a enfermagem como sendo a ciência e arte que promove a saúde
física, mental, social e espiritual de um indivíduo.
É Ciência porque é necessário apreender os seus princípios para melhor praticá-la. É Arte
porque habilita, promove a habilidade e destreza manual dos conhecimentos científicos
adquiridos.
Ciência e arte são faculdades indispensáveis a todos profissionais, vão contribuir para o justo
significado da enfermagem actual, que envolve muitas leis e princípios, não só os de natureza
física e biológica, mas também, os das ciências sociais e do comportamento.
A profissão é definida como a ocupação, emprego, que requer conhecimentos especiais. Esta
definição torna difícil diferenciar profissões e ofícios; o adjetivo “profissional” ajuda abafar o
amador e o trabalho não especializado. O dicionário filosófico descreve a profissão como a
acção ou efeito de professar, e professar é exercer uma ciência, arte ou oficio.
As profissões clássicas do mundo Greco-romano e mais tarde consolidadas na idade média são:
o sacerdócio, o direito e a medicina, embora todos com um caracter intelectual, a medicina
assumiu-se como ciência moderna pelo que deste modo converte-se num para modelo de
profissão. Isto fez com que vários autores tenham utilizado a medicina como base para realizar
seus estudos sobre as profissões. (Bello, 2006).
A prática de saúde, antes mística e sacerdotal (inicia-se no século V a.C., estendendo-se até aos
primeiros séculos da Era Cristã), passando a ser um produto desta nova fase, baseando-se
essencialmente na experiência, no conhecimento de natureza, no raciocínio lógico que
desencadeia uma relação de causa e efeito para as doenças e na especulação filosófica, baseada
na investigação livre e na observação dos fenómenos, limitada entretanto, pela ausência quase
total do conhecimento sobre a anatomia e fisiologia do corpo humano. Essa prática
individualista volta-se para o homem e suas relações com a natureza e suas leis imutáveis. Este
período é considerado pela medicina Grega como período hipocrático, destacando-se a figura
de Hipócrates (Hipócrates de Cós- nasceu na antiga Grécia) considerado por muitos estudiosos
como o “pai da medicina” ou o “pai das profissões da saúde”, que propôs uma nova concepção
em saúde, dissociando a arte de curar dos preceitos místicos e sacerdotais, através da utilização
do método indutivo, da inspeção e da observação. Não há caracterização nítida da prática de
enfermagem nesta época.
A enfermagem tal como outras ciências, tem acompanhado a evolução do processo, ganhando
uma extensão do seu significado. Embora muito discutido, pode dizer-se mesmo que durante a
sua história, a enfermagem evoluiu em três períodos ou fases fundamentais: Primitiva,
Científica e Moderna.
É um periodo sem enfermagem. Esta fase é subdividida em dois tempos: pré-história e começo
da ciência.
Aos 17 anos de idade começa a manifestar interesse em dedicar-se ao cuidado dos doentes. Em
1846, ela visitou Kaiserwerth, um hospital pioneiro fundado e dirigido por uma ordem de
freiras católicas na Alemanha, onde foi treinada ficando impressionada pela qualidade do
tratamento médico e pelo comprometimento e práticas das freiras.
A sua grande missão em 1854, foi quando a Inglaterra, a França e a Turquia declaram guerra à
Rússia (é a Guerra da Crimeia). Nesta época os soldados ingleses achavam-se no maior
abandono. A mortalidade entre os hospitalizados era de 40%. Em outubro de 1854, Florence e
uma equipe de 38 enfermeiras voluntárias entre religiosas e treinadas por ela, inclusive sua tia
Mai Smith, partiram para scutari na Criméia. Florence estende sua actuação desde a
organização do trabalho, até os mais simples serviços como a limpeza do chão. Aos poucos, os
soldados e oficiais começam a curvar-se e a enaltecer esta incomum Miss Nightingale. A
mortalidade decresce de 40% para 2%. Os soldados fazem dela o seu anjo da guarda e ela será
imortalizada como Lady With The Light “Dama da Lâmpada” porque, de lanterna na mão,
percorria as enfermarias, atendendo os doentes.
Florence Nightingale voltou para a Inglaterra como heroína em agosto de 1857 e, de acordo
com a BBC, era provavelmente a pessoa mais famosa da Era Vitoriana além da própria Rainha
Vitória. Florence recebe um prémio em dinheiro do governo inglês, em reconhecimento ao seu
trabalho. Ela usa o dinheiro e dá início à Primeira Escola de Enfermagem que não estava
vinculada a uma ordem religiosa, fundada no Hospital São Thomas, em 1859, e que passou a
servir de modelo para as demais escolas que vieram depois. As ambições de Florence ao fundar
essa escola, eram para reformar a enfermagem na sua prática e no mundo inteiro, por meio de
novas e numerosas escolas.
Em 1883, a Rainha Vitória concedeu a Florence Nightingale a Cruz Vermelha Real e em 1907
ela se tornou a primeira mulher a receber a Ordem do Mérito. Depois de uma larga vida de
ganhos, Florence não conseguia levantar da cama a partir de 1896 e morre encostada numa
cama em 13 de agosto de 1910.
Enfermagem Moderna
Um dos percussores da Enfermagem moderna foi São Vicente de Paulo, na sua iniciativa em
prol dos doentes e desamparados. Foi fundador de instituições de caridade, capazes de elevar
a enfermagem a nível jamais alcançado anteriormente e de adaptar-se aos progressos
posteriores da profissão.
Com estes ideais filosóficos, nasce o sistema de ensino Nightingale em que segundo este
sistema, as escolas de enfermagem conseguiriam sobreviver tendo em conta os seguintes
pontos:
(http://www.bbc.co.uk/history/discovery/medicine/nightingale_01.shtml ).
É todo indivíduo que tendo seguido estudos profissionais de base, médio e superior, está apto
e habilitado a assumir no seu Pais as responsabilidades do conjunto de cuidados de enfermagem
no quadro da equipe responsável pela prevenção da saúde, pela prevenção de doenças e pelos
cuidados dos doentes.
3.1. Ética
A ética constitui um tema que sempre esteve presente nas diferentes sociedades, culturas e
religiões desde a antiguidade. Atualmente tem sido um assunto muito discutido em diversas
actividades humanas, tornou-se um assunto corrente nos meios de comunicação, na vida
política, privada e pública, no convívio social, nas relações humanas, na formação acadêmica
e no exercício das profissões sobretudo naquelas que tem como objeto o próprio ser humano.
Para Aristóteles, a Filosofia Teórica trata do ser enquanto tal, enquanto a Filosofia Pratica trata
da acção humana e do seu resultado. Esta distinção encontra-se documentada em suas obras
sobre ética: a Ética a Eudemo (Ética eudemonista, também chamada por Grande Ética) e a
Ética a Nicómaco (ética nicomática).
A palavra “etica” deriva originariamente do grego ethos, cujo significado se desdobra em dois
sentidos, com respectivas grafias. Por um lado, significa habito, costume, uso (éthos): entendia-
se que quem através da educação se habituasse a orientar a sua conduta ao que era tomado
como habitual, ao que era valido na antiga Cidade-Estado
(Polis), agia moralmente bem, na medida em que observava as normas do reconhecido códex
moral geral.
Por outro lado, e no sentido restrito, entendia-se que agia segundo os preceitos morais aquele
que na sua conduta observasse as regras de acção não de uma maneira inquestionável, isto e,
dogmática, mas que se tivesse habituado, pelo seu conhecimento e pela sua reflexão, a praticar
o bem exigido (êthos). Este êthos significou, então, carácter, atitude básica da virtude, ou seja,
conduta ou acção resultante da interioridade do próprio agente.
A partir daqui a palavra ética sublinhou o significado da reflexão das regras morais. Ela e
entendida como teoria da acção moral, ou seja, a reflexão filosófica da moral, pois, analisa e
critica os fundamentos e os princípios que regem um determinado sistema moral. A Ética e,
portanto, filosofia da moral. Com efeito, quando Aristóteles apresentou, por exemplo, o
problema filosófico do bem, a sua pretensão não era determinar o que cada indivíduo devia
fazer numa determinada acção concreta para que o seu acto fosse considerado bom ou mau,
mas sim investigar o conteúdo do conceito, a sua essência. Evidentemente, esta investigação
teórica tem sempre implicações praticas, pois quando se define o bem está-se apenas a indicar
um entre vários critérios através dos quais os homens podem conduzir as suas diversas acções
em situações particulares.
Os dois termos parecem ser idênticos quanto ao conteúdo original, porém com a evolução
semânticas das palavras ao longo do tempo, formam adquirindo significados e compreensões
diferentes. Nos dias de hoje, já é possível distinguir a ética da moral.
Quanto a origem da ética, é o que foi dito no ponto anterior. Relativamente a moral entende-se
que a palavra latina mos (plural = mores, genitivo = moris) é uma tradução de ambos os
conceitos gregos de ethos, significando tanto costume como carácter. De mos deriva a palavra
moral.
Pela evolução semântica das palavras moral e ética, a moral compreende hoje mais o que se
tem considerado por habito ou costume, ou seja, o conjunto de normas ou regras adquiridas
por habito, por costume, enquanto a ética, em seu significado, aproxima-se mais ao que se
tem entendido por carácter, ou seja, a qualidade de uma acção que se pretende de um
carácter incondicional – o bem.
Portanto, a moral e entendida como o conjunto das práticas cristalizadas pelos costumes e
convenções histórico-sociais. Na essência, a moral é o conjunto daqueles valores e normas
estabelecidos como obrigatórios e apelam na forma de ordens (tu deves...), ou de interdições
(tu não deves...), ou de consentimentos (tu podes...).
Logo, podemos definir a moral como sendo o conjunto de princípios, valores e normas que
regulam a conduta humana nas suas relações na sociedade e com indivíduos da sua classe.
Já a ética enquanto disciplina, refere-se a reflexão crítica sobre o comportamento humano,
reflexão esta que interpreta, discute, investiga os valores, princípios e comportamentos morais.
Portanto, a ética e a moral relacionam-se como ciência e objecto. Sendo a ética neste caso a
ciência e moral objecto da ética.
As relações de convívio social, além da ética, fazem-se também através das normas jurídicas,
isto é, leis e regulamentos que apesar de tratarem de matérias de ética, possuem um campo de
actuação muito mais amplo. As normas éticas (não possuem carácter sancionatório) requerem
adesão íntima do indivíduo, convicção pessoal, livre consciência e seus interesses com os da
colectividade. Enquanto que as normas jurídicas são impostas ao indivíduo, isto é, são de
carácter obrigatório. A lei é dada para todos cumprirem enquanto que a ética é exclusiva
somente a um grupo profissional.
Existem situações em saúde, que são resolvidas tendo em conta os princípios éticos, visto que
a lei não traz certas respostas para tal. Isto acontece com a tomada de decisões ética
Primeiro indivíduo de 55 anos de idade com crise de AVC (em estado crítico);
segundo um (a) adolescente de 16 anos de idade esfaqueado por duas vezes na
região abdominal; o terceiro um indivíduo de 81 anos de idade com problemas
cardiorrespiratório. Neste caso, depois de feita uma avaliação, conclui-se que
as condições vitais cardiocirculatórias e respiratórias dos três é grave e, há
necessidade de fazer respiração artificial aos três. Porém o hospital tem apenas
um aparelho.
Para este caso, a lei obriga que em caso de gravidade e iminente perigo de vida
que as pessoas sejam atendidas. A questão que se levanta é seguinte: a quem
deve ser dada a prioridade no atendimento entres pacientes?
Nota-se que as normas jurídicas não nos apresentam uma resposta para esta
pergunta, mas a ética nos apresenta uma solução, isto é, fazendo um balanço
RISCO versus BENEFÍCIO
A definição de ética profissional refere-se aos fundamentos que norteiam a conduta dos
trabalhadores e profissionais de qualquer área. Eles fornecem orientações sobre como lidar com
outras pessoas e instituições, incluindo o local onde trabalha.
Todos os membros de uma determinada equipe devem seguir os mesmos princípios de ética
profissional, mesmo que todos tenham seus próprios valores. No entanto, existem princípios e
atitudes universais que se aplicam a todas as profissões:
Responsabilidade
Assuma a responsabilidade de saber gerar seu próprio trabalho e cumprir os prazos estabelecidos.
Normalmente, para que a equipe funcione bem, todos precisam concluir seu trabalho no prazo.
Disciplina
Se houver disciplina, será possível cumprir todas as tarefas que se propôs a fazer em muito menos
tempo, sem atrapalhar o trabalho de ninguém e manter as suas demandas em ordem.
Honestidade
No trabalho, a honestidade é vista como o valor básico para construir uma carreira de sucesso. É por
isso que é importante ser honesto com colegas e utentes, relatar quaisquer problemas e admitir erros
quando necessário.
Trabalho em equipe
O trabalho em equipe é um dos factores de sucesso organizacional, pois a acção colectiva pode melhorar
o desempenho dos funcionários e ajudar a construir um legado colaborativo. O importante é melhorar
a convivência dos colegas e utentes, e, manter uma comunicação eficaz.
No campo das Ciências da Saúde, em particular, essa importância aumenta porque é um campo
de actividade que lida, diariamente, com os dois maiores bens jurídicos protegidos – a vida e
a saúde humana.
Deriva do grego “deon” ou “deontos” (dever) e “logos” ou “logia” (tratado ou ciência), isto
é, a ciência dos deveres. No âmbito de cada profissão, consequentemente deontologia médica
é a ciência que cuida dos deveres e dos direitos dos operadores de saúde, bem como de seus
fundamentos éticos e legais.
Assim, a deontologia toma como objecto do seu discurso o "a-fazer", aquilo que, por dever, se
nos impõe como tarefa indeclinável, quer enquanto projecto, quer enquanto realização
concreta.
Enfermagem é uma profissão que tem uma finalidade moral e ao enfermeiro é exigível que
regule a sua actividade por uma ética profissional. Vejamos que, de acordo com o
enquadramento conceptual, afirmamos que o “exercício profissional da enfermagem centra-se
na relação interpessoal de um enfermeiro e uma pessoa ou de um enfermeiro e um grupo de
pessoas (família ou comunidades).”
Partindo da premissa que quer o enfermeiro, quer as pessoas clientes dos cuidados de
enfermagem, possuem quadros de valores, crenças e desejos, decorre que o enfermeiro se
distingue pela formação e experiência – e, de modo central para o que aqui nos interessa – por
respeitar os outros numa perspectiva multicultural. Assim, evidencia-se o princípio humanista
de respeito integral pelas pessoas. Afirmamos neste sentido que a relação terapêutica
(...)
O conceito profissional é a evidência, perante terceiros, das capacidades e virtudes de
um ser no exercício de um trabalho habitual de qualidade superior.”(2007: 152)
Deveres:
António Sá (2007: 162) considera que devemos entender por deveres profissionais “as
capacidades necessárias ou exigíveis para o desempenho eficaz da profissão”. E necessário,
nesta matéria, entender que o propósito do exercício de uma profissão e a prestação de serviços
a terceiros. Deste modo, torna-se uma obrigação do profissional face ao seu oficio empregar
todas essas capacidades necessárias, exigíveis e aplicáveis ao cumprimento das tarefas afins,
para o contentamento da(s) pessoa(s) ou do(s) serviço(s) que a tenha(m) solicitado, uma vez
plenamente satisfeitas as suas necessidades.
Contudo, os deveres profissionais não vem do nada. Eles começam com a escolha da profissão,
daí que se tenha de consultar a consciência pessoal se a profissão escolhida é realmente a
desejada, se corresponde com o que agrada ao candidato e se ele tem uma inclinação para tal.
A escolha de uma profissão pressupõe ter um conhecimento das tarefas dessa profissão; a ideia
das tarefas da profissão escolhida exige uma noção dos deveres que lhe são afins; esta, por sua
vez, e em junção com as outras duas, implica o dever de executar devidamente as tarefas, pelo
seu domínio, respeitando e observando ou cumprindo os deveres.
Depreende-se daqui que a escolha da profissão deve coincidir com a vocação do pretendente. E nos
casos em que não houve escolha da profissão e esta não coincide com a vocação da pessoa, que se
deve fazer? Não há outra escolha senão, uma vez exercendo-se a profissão, respeitarem-se e
observarem-se os deveres, cumprindo-os.
O respeito e a observância ou o cumprimento dos deveres relativos a profissão não deve ser
pelo mero medo de alguma sanção, no caso de alguma infracção de algum deles ou má
qualidade do trabalho realizado, ou pelo mero receio de represálias do cliente pela má
prestação, mas pela livre vontade e pela consciência pessoal da necessidade de apresentar
qualidade do produto solicitado. Isto implica uma aplicação pessoal responsável do
profissional. Aqui, também, começa a virtude, uma vez que, aumentado o nível moral do
indivíduo, a profissão também exige deste uma acção baseada em valores. Assim sendo, o
sucesso de quem exerce a profissão passa a decorrer tão naturalmente, pela eficácia proveniente
da exuberância ética.
Virtudes:
Com relação a este assunto, António Sá (2007: 168-169) apresenta 96 virtudes que se exigem
de um profissional, “como valores necessários e compatíveis à prática de cada utilidade
requerida pelo utente dos serviços profissionais”.
Nº Virtude Nº Virtude
01 Abnegação 49 Obediência
02 Afabilidade 50 Objectividade
03 Altruísmo 51 Optimismo
04 Aptidão 52 Parcimônia
05 Atenção 53 Percepção
06 Atitude 54 Perfeccionismo
07 Autenticidade 55 Perseverança
08 Benevolência 56 Personalidade
09 Carácter 57 Perspicácia
10 Cautela 58 Persuasão
11 Coerência 59 Pontualidade
12 Concentração 60 Pragmatismo
13 Compreensão 61 Precisão
14 Coragem 62 Pré-percepção ou Presunção
15 Criatividade 63 Probidade
16 Decisão 64 Projecção
17 Decoro 65 Prudência
18 detalhamento 66 Racionalismo
19 Determinação 67 Realismo
20 Dignidade 68 Reciprocidade
21 Diligência 69 Reflexão
22 Diplomacia 70 Religiosidade
23 Disciplina 71 Retórica
24 Discrição 72 Rigor
25 Eficácia 73 Sacrifício
26 Eficiência 74 Sagacidade
27 Eloquência 75 Sensibilidade
28 Empenho 76 Sensualidade
29 Energia 77 Sentimentalidade
30 Entusiasmo 78 Sutilidade
31 Espontaneidade 79 Serenidade
32 Estilo 80 Seriedade
33 Estratégia 81 Sigilo
34 Eupraxia 82 Simplicidade
35 Fidelidade 83 Sinceridade
36 Firmeza 84 Sinergia
37 Gosto 85 Sofisticação
38 Gratidão 86 Solidariedade
39 Honestidade 87 Temperança
40 Idealismo 88 Tolerância
41 Improvisação 89 Tradição
42 Lealdade 90 Utilitarismo
43 Liberalidade 91 Veracidade
44 Loquacidade 92 Versatilidade
45 Magnanimidade 93 Vitalidade
46 Moderação 94 Vivacidade
47 Nacionalismo 95 Voluntariedade
48 Naturalismo 96 Zelo
Naturalmente, para além de todas estas virtudes carecerem de uma explicação, muitas delas
podem, porém, eventualmente, ser tomadas quase como sinónimas, o que pode dificultar a
análise e a compreensão. Mas estas dificuldades podem ser superadas através de dicionários e
enciclopédias de filosofia e/ou outros dicionário e enciclopédias.
Contudo, António Sá desenvolve aquelas virtudes que considera básicas, por serem aquelas
indispensáveis, pois nem todas as virtudes são exigíveis para todas as profissões. As virtudes
básicas são aquelas sem as quais não é possível um desempenho ético competente,
independentemente do trabalho ou serviço prestado.
Competência
Coragem
Honestidade
Tem a ver com o respeito pelos bens alheios e pela confiança depositada no profissional, tanto
pelos empregadores, sejam privados ou públicos, como pelos clientes, pelos colegas, pela
classe profissional, pela sociedade e pelo Estado em geral. Ela implica uma responsabilidade
assumida para com o bem de terceiros e com a manutenção dos seus direitos.
Humildade
Implica a admissão de que não se é dono da verdade e tratar a todos como seus iguais. Ela
não significa, porém, subserviência.
Imparcialidade
Significa assumir uma posição justa, sem favoritismos ou proteccionismos com base no
“conhecimento” que se tem das pessoas, dos casos ou das instituições, ou com base na troca de
benefícios recíprocos.
Lealdade
É um dos principais elementos da empregabilidade. Ela não significa obediência cega, mas o
juízo crítico das tarefas que se atribuem, com vista a uma execução responsável das mesmas.
Esta atitude já implica a capacidade de fazer críticas construtivas, mas mantendo-as no âmbito
da instituição ou organização.
Prudência
Significa ponderação de cada decisão e de cada acção, com vista a garantir segurança pessoal
e institucional ou empresarial na execução das tarefas. Significa, portanto, cautela ou
circunspecção na realização das tarefas, de modos a permitir prever e evitar falhas ou perigos.
Sigilo
Tem a ver com o respeito dos segredos das pessoas (clientes, etc.), dos negócios e das
instituições ou empresas. Uma informação sigilosa é aquela que é confiada ao profissional,
cabendo a este preservá-la em silêncio.
Zelo
Tem a ver com a diligência ou cuidado no exercício de funções ou execução de tarefas, isto é,
com o que se faz. Ele pressupõe uma responsabilidade individual baseada narelação entre o
profissional e o objecto de seu trabalho.
É um acordo explícito entre os membro de um determinado grupo social (um profissão, uma
associação, etc.) e visa explicar as normas de condutas pelas quais devem ser observados de
forma rigorosa com o objectivo de orientar as acções dos profissionais de uma área específica.
LEGISLAÇÃO:
Assembleia Geral
Com vista a se dar maior precisão ao Código de ética e Deontologia dos Profissionais
de Enfermagem de Angola, uma vez que algumas das normas nele contidas estão desprovidas
da previsão legal, que é uma das estruturas essenciais da norma jurídica, o que o torna de
difícil aplicação e visto que nenhuma das suas normas tem uma epígrafe que torna fácil o seu
manuseio e entendimento, para dar maior disciplina à actividade exercida pelos profissionais
de enfermagem em Angola, e dignificar mais a profissão e os utentes destes serviços.
Nestes temos, a Assembleia Geral da Ordem dos Enfermeiros de Angola, usando das
faculdades que lhe são conferidas pela alínea e) do artigo 19.º do Decreto Presidencial n.0
179/10, de 18 de Agosto, aprova o seguinte:
Código de Ética e Deontologia dos Profissionais da Ordem dos Enfermeiros de Angola.
Preâmbulo
O profissional de enfermagem deve ter em conta que as suas invenções são realizadas com a
sua preocupação da defesa da liberdade e da igualdade da pessoa humana e do profissional.
Um dos principais objectivos da enfermagem é promover a saúde visando o alcance da melhor
qualidade de vida da população. Esta perspectiva coloca o paciente/utente no centro da atenção
da profissão, preservando a integridade física e autoestima da pessoa. Esta relação deve
desenvolver-se através de atitudes de respeito, honestidade, lealdade, coragem e de verdadeira
consciência perante o paciente. Este instrumento é uma excelente estrutura básica, cujo uso
auxilia os enfermeiros na tomada de decisões éticas. O Código de Ética expressa princípios
universais e as virtudes do comportamento profissional. A trajectória de informação,
coordenada pela Ordem dos Enfermeiros de Angola, incluiu consulta aos profissionais de
enfermagem e discussões até a elaboração do presente Código, que passa denominar-se Código
de Ética e Deontologia dos Profissionais de Enfermagem de Angola. O mesmo reúne normas
e princípios, direitos e deveres, pertinentes a consulta ética profissional, que deverá ser
assumido por todos. Este Código leva em consideração, prioritariamente, a necessidade de
assistência de enfermagem da população, os interesses do profissional e da sua formação. Está
centrado nos utentes e pressupõe que agentes de Trabalho da Enfermagem estejam aliados aos
usuários na luta por uma assistência de qualidade sem risco e acessível a toda a população. O
presente Código teve como referência os postulados da declaração universal dos direitos do
homem, promulgada pela Assembleia Geral das Nações Unidas (1948) e a adoptada pela
convenção de Genebra da Cruz Vermelha (1949), contidos no Código de Ética do Conselho
Internacional de Enfermeiros (1953).
CAPÍTULO 1
Dos Princípios Fundamentais
ARTIGO 1.º
(Princípio do compromisso)
A Enfermagem é uma Profissão comprometida com a saúde do ser Humano e da
colectividade. Actua na promoção, protecção, recuperação da saúde e reabilitação das
pessoas, respeitando os preceitos éticos e legais.
ARTIGO 2.º
(Princípio da participação)
O Profissional de Enfermagem como integrante da sociedade, participa das acções que
visem as necessidades de saúde da população.
ARTIGO 3.º
(Princípio do respeito da pessoa humana)
ARTIGO 4.º
(Princípio da responsabilidade)
CAPÍTULO II
Dos direitos
ARTIGO 7.º
(Direitos dos profissionais de Enfermagem)
Os profissionais e enfermagem no exercício da sua profissão têm os seguintes direitos:
a) Recusar-se a executar actividades que não sejam de sua competência legal;
b) Ser informado sobre o diagnóstico provisório ou definitivo de todos pacientes que
estejam sob sua assistência;
c) Recorrer ao Conselho Provincial de Enfermagem, quando impedido de cumprir o
presente Código de Ética e Deontologia dos Profissionais de Enfermagem;
d) Participar de movimentos reivindicativos por melhores condições de assistência, de
trabalho e remunerações;
e) Suspender as suas actividades, individual ou colectivamente, quando a Instituição
pública ou privada para qual trabalha não oferecer condições mínimas para o exercício
profissional, ressalvadas as situações de urgências, devendo comunicar imediatamente
a sua Ordem dos Enfermeiros;
f) Receber salários ou honorários pelo seu trabalho que deverá corresponder, no mínimo,
ao fixado por legislação específica;
g) Associar-se, exercer cargo e participar das actividades das identidades da classe;
h) Actualizar seus conhecimentos técnicos, científicos e culturais;
CAPÍTULO III
Das Responsabilidades
ARTIGO 8.º
(Das responsabilidades dos profissionais de enfermagem)
São responsabilidades dos profissionais de no exercício das suas funções as seguintes:
a) Assegurar ao paciente uma assistência de enfermagem livre de danos decorrentes de
imperícia negligência ou imprudência;
b) Garantir ao paciente sob sua responsabilidade a continuidade da assistência médica
no caso de suspender a sua actividade nos termos da alínea e) do artigo anterior,
c) Avaliar criteriosamente a sua competência técnica e legal e somente aceitar encargos
ou atribuições, quando capaz de desempenho seguro para si e para os pacientes;
d) Manter-se actualizado ampliando os seus conhecimentos técnicos, científicos e
culturais, em benefício do paciente, colectividade e do desenvolvimento profissional;
e) Promover e/ou facilitar o aperfeiçoamento técnico, cientifico e cultural do pessoal
sob sua orientação ou supervisão;
f) Responsabilizar-se por falta cometida em suas actividades profissionais,
independentemente de ter sido praticada individualmente ou em equipa.
CAPÍTULO IV
Dos Deveres
ARTIGO 9.º
(Deveres dos profissionais de Enfermagem)
CAPÍTULO V
Das Proibições
ARTIGO 10.º
(Práticas proibidas aos profissionais de enfermagem)
x) Receber vantagens de instituição, empresa ou de paciente, além do que lhe é devido, Como
forma de garantia de Assistência de Enfermagem diferenciada ou benefícios de qualquer
natureza para si ou para outrem;
y) Colaborar directa ou indirectamente, com os outros profissionais de saúde, no
incumprimento da legislação do referente aos transplantes de órgão, tecidos, esterilização
ou fecundação artificial;
z) Usar de qualquer mecanismo da profissão e/ou suborno com pessoas físicas e/ou jurídicas
para conseguir qualquer tipo de vantagem;
aa) Utilizar de forma abusiva, o poder que lhe confere a posição ou cargo, para impor
ordens, inferiorizar as pessoas e/ou dificultar o Exercício Profissional;
bb) Ser conivente com o crime, contravenção penal ou acto praticado por membro da
Equipe de Trabalho, que infrinja o postulado ético-profissional;
cc) Denegrir a imagem do colega e/o outro membro da equipe de saúde, entidade de classe
dou de Instituição onde trabalha
CAPÍTULO VI
Dos Deveres Disciplinares
ARTIGO 11.º
(Deveres disciplinares dos profissionais de enfermagem)
CAPÍTULO VII
ARTIGO 12.º
(Caracterização)
ARTIGO 13.º
(Conceito de infracção ética)
Considera-se infracção Ética a acção, omissão ou conivência que implique desobediência
e/o inobservância as disposiç5es do Código da Ética dos Profissionais de Enfermagem de
Angola.
ARTIGO 14.º
(Conceito de infracção disciplinar)
Considera-se infracção disciplinar a inobservância das normas da Ordem e dos Conselhos
Provinciais da ORDENFA.
ARTIGO 15.º
(Responsabilidade pela infracção)
Responde pela infracção o profissional de enfermagem que a cometer ou a concorrer para
a sua prática, ou dela obtiver benefício, quando cometida por outrem.
ARTIGO 16.º
(Gravidade da infracção)
A gravidade da infracção é caracterizada através da análise dos factos e do dano causado,
suas consequências e dos antecedentes.
ARTIGO 17.º
(Apuramento da infracção)
A infracção é apurada em processo instaurado e conduzido nos termos deste Código e do
Código de Processo Disciplinar dos Profissionais de Enfermagem
ARTIGO 18.º
(Competência do Conselho Provincial na aplicação das penalidades)
As penalidades a serem postas pela Ordem e Conselho Provincial da ORDENFA são as
seguintes:
a) Advertência verbal;
b) Multa;
c) Censura;
d) Suspensão do;
e) Cassação do direito ao Exercício Profissional.
ARTIGO 19.º
(Competências aplicação de penas)
As penalidades de advertência verbal, multa, censura e suspensão do exercício profissional
são da alçada dos Conselhos Provinciais da ORDENFA; a pena de cassação do direito
profissional é da competência da Ordem dos Enfermeiros de Angola.
§ Único: — Na situação em que o processo tiver origem na ORDENFA, terá instância
superior o Conselho de Representantes.
ARTIGO 20.º
(Graduação das penalidades)
Para a graduação da penalidade e respectiva imposição considera-se:
a) A maior ou menor gravidade da infracção;
b) As circunstâncias agravantes e atenuantes da infracção;
c) O dano causado e suas consequências;
d) Os antecedentes do infractor.
ARTIGO 21.º
(Graduação das infracções)
As infracções serão consideradas leves, graves ou gravíssimas, conforme a natureza do acto
e a circunstância de cada caso.
§ 1.º — São consideradas infracções leves as que ofendam a integridade física, mental ou
moral de qualquer pessoa, sem causar debilidade.
§ 2.º — São consideradas infracções graves as que provocam perigo de vida, debilidade
temporária de membro, sentido ou função em qualquer pessoa.
§ 3.º — São consideradas infracções gravíssimas as que provocam morte, deformidade
permanente perda ou inutilização de membro, sentido, função ou ainda, dano moral
irremediável em qualquer pessoa.
ARTIGO 22.º
(Circunstâncias atenuantes)
São consideradas circunstâncias atenuantes:
a) Ter o Infractor procurado, logo após infracção, por sua espontânea vontade e
eficiência, evitar ou minorar as consequências do seu acto;
b) Ter bons antecedentes profissionais;
c) Realizar actos sob coacção e/ou intimidação;
d) Ter confessado espontaneamente autoria da infracção.
ARTIGO 23."
(Circunstâncias agravantes)
São consideradas circunstâncias agravantes:
a) Ter o infractor causado danos irreparáveis;
b) Ter o infractor cometido a infracção dolosamente;
c) Ter o infractor cometido a infracção por motivo fútil e torpe;
d) Ter o infractor cometido a infracção para facilitar ou assegurar a execução, a
ocultação, a impunidade ou assegurar a vantagem de outra infracção;
e) Ter o infractor cometido aproveitar-se da fragilidade da vítima;
f) Ter o infractor cometido a infracção com abuso de autoridade ou violação do dever
inerente ao cargo função;
g) Ter o infractor maus antecedentes pessoais e/ou profissionais.
CAPÍTULO VIII
Das Aplicação das Penalidades
ARTIGO 24.º
(Cumulação das penalidades)
As Penalidades previstas neste Código somente poderão ser cumulativamente, quando
houver infracção a mais de um artigo.
ARTIGO 25.º
(Pena de advertência verbal)
Apena de Advertência Verbal é aplicável nos casos de infracções ao que está
estabelecido nas alíneas a) a f) do artigo 8.º, nas alíneas a) a f), h) a o), q) a u) do artigo
9.º alíneas a) a c), f) a i), k), m), o), q), u), w) a cc) do artigo 10.º e a) a h) do artigo 11.º
do presente Diploma.
ARTIGO 26.º
(Pena de multa)
A pena de Multa é aplicável nos casos de infracções ao que está estabelecido nas alíneas
g) do artigo 9.º, o), p), t), v) e do parágrafo único do artigo 10.0 e i) do artigo 11.0 do presente
Diploma.
ARTIGO 27.º
(Pena de Censura)
A pena de Censura é aplicável nos casos de infrações ao que está estabelecido nas alíneas
j), n), q), e r) do artigo 10.º do presente Diploma.
ARTIGO 28.º
(Pena de Suspensão do exercício profissional)
A pena de Suspensão do Exercício Profissional é aplicável nos casos de infracções ao qie está
estabelecido nas alíneas p) do artigo 9.º, l), s), y) e z) do artigo 10.º do presente Diploma.
ARTIGO 29.º
(Pena de cessação do direito ao exercício profissional)
A pena de cessação do direito ao exercício profissional é aplicável nos casos de infracções
ao que está estabelecido nas alíneas d) do artigo 10.º e bb) do artigo 10.º do presente
Diploma.
§ 1.º — Se a violação do disposto na alínea p) do artigo 9.º, l) do artigo 10.º resultar a morte
da pessoa objecto de pesquisa, aplica-se ao profissional de enfermagem, infractor o disposto
neste artigo.
CAPÍTULO IX
Das Disposições Finais
ARTIGO 30.º
(Omissões)
Os casos omissos serão resolvidos pela Ordem de Enfermeiros de Angola.
ARTIGO 31.º
(Alteração)
Este Código poderá ser alterado pela Ordem dos Enfermeiros de Angola, por iniciativa própria
e/ou mediante propostas de Conselhos Provinciais.
§ Único — A alteração referida deve ser precedido da ampla discussão com profissionais.
ARTIGO 32.º
(Entrada em vigor)
O presente Código entrará em vigor na data da publicação.
Publique-se.
O Bastonário da Ordem dos Enfermeiros de Angola, Paulo Luvualo.
Obs.: A dignidade da vida privada é muito importante. Por isso, todos são
responsáveis pelo bom nome da profissão.
Ela atinge todas as profissões e quando falamos de ética profissional, estamos nos referir ao
carácter normativo e até jurídico que regulamenta determinada profissão a partir de estatutos e
códigos específicos. Assim temos a ética médica, do advogado, do biólogo, etc.
O sigilo profissional é o dever por parte dos profissionais de saúde em respeitar e proteger o
direito das pessoas à reserva da intimidade da vida privada e à confidencialidade das
informações e dados pessoais. Só assim se consegue garantir a confiança dos cidadãos nos
profissionais de saúde, com o enfermeiro a estabelecer uma relação terapêutica com as pessoas
de quem cuida, solidificada na confiança.
Relativamente ao respeito pela autonomia da pessoa, existem autores que consideram ser esta
a principal premissa da obrigação ética de sigilo profissional. Sem confidencialidade não há
privacidade, e sem esta perde-se o controlo da própria vida pois existe uma correlação entre o
direito da pessoa em preservar a sua intimidade e o dever de sigilo profissional.
Uma informação sigilosa é algo que nos é confiado e cuja preservação de silêncio é obrigatória.
Todos os documentos devem ser mantidos em sigilo e sua revelação pode representar sérios
problemas para os clientes do profissional.
Cabe ao serviço de saúde garantir sigilo e confidencialidade nos serviços que prestam aos
usuários. Neste âmbito deve-se considerar algumas prerrogativas éticas:
Depois de conhecermos as questões inerentes aos segredos e os momentos em que devem ser
revelados, importa-nos agora saber o que ordenamento jurídico prevê acerca do assunto em
questão:
A Lei n.º 38/20 de 11 de Novembro, lei que aprova o Código Penal Angolano, diz o seguintes:
ARTIGO 232.º
(Violação de segredo)
ARTIGO 233.º
(Violação de sigilo profissional imposto por lei)
Quem, em violação da sua obrigação de sigilo ou reserva
profissional, imposta por lei, divulgar segredo de outra pessoa é
punido com pena de prisão de 6 meses a 3 anos ou com a de multa
de 60 a 360 dias.
ARTIGO 234.º
(Agravação)
As penas estabelecidas nos 230.º a 233.º são agravadas em um
terço nos seus limites mínimo e máximo, se o facto praticado com
intenção de obter recompensa para o agente ou para outra pessoa
ou de prejudicar alguém.
Em conformidade com os dispostos previstos nos artigos 232.º, 233.º e 234.º do Código Penal
Angolano, a Deliberação n.º 12/16 de 11 de Outubro, que aprova a publicação em Diário da
República o Código de Ética e Deontologia dos Profissionais de Enfermagem de Angola,
estabelece na alínea i) do Artigo 9.º como um dos Deveres dos Profissionais de Enfermagem
o seguinte:
(...)
i) Manter segredo sobre factos sigiloso de que tenha conhecimento em razão da
sua actividade profissional, excepto nos casos previstos na lei.
Pacientes terminais podem ter necessidades diferentes daquelas de outros pacientes. Para que
suas necessidades possam ser atendidas, primeiro é necessário identificar os pacientes
terminais. Antes da morte, os pacientes tendem a seguir 1 de 3 trajetórias gerais de declínio
funcional:
Com a primeira trajectória (p. ex., no câncer progressivo), o curso da doença e tempo da morte
tendem a ser mais previsíveis do que com as outras trajectórias. Por exemplo, na disfunção
prolongada (ex.: na demência grave), a morte pode ocorrer repentinamente por uma infecção,
como a pneumonia. Com a disfunção progressiva irregular (p. ex., na insuficiência cardíaca),
as pessoas que parecem não estar perto da morte pode morrer de repente durante uma
exacerbação da doença. Como resultado, embora sabendo que a trajectória do declínio
funcional possa ajudar, costuma ser difícil estimar com precisão quando a morte ocorrerá.
Assim, os médicos e outros profissionais de saúde são orientados a considerar os pacientes que
Os pacientes devem participar da tomada de decisão tanto quanto possível. Se os pacientes não
estiverem aptos a tomar decisões sobre seu o tratamento e tiverem assinado uma procuração
legal de longo prazo para um representante legal tomar decisões sobre o tratamento de saúde,
a pessoa designada por este documento tomará as decisões referentes à saúde. Se o paciente
não tem um substituto autorizado, os agentes de saúde geralmente contam com um parente ou
mesmo um amigo íntimo para compreender quais seriam os desejos do paciente. Em locais em
que as pessoas responsáveis pela tomada de decisão substitutos são autorizadas, a ordem típica
de prioridade é:
Cônjuge do paciente (ou parceiro doméstico nas jurisdições que reconhecem esse
status);
Filhos adultos;
Pais;
Irmãos;
Outros parentes ou amigos próximo (possivelmente).
Se houver mais de uma pessoa com a mesma prioridade (ex.: vários filhos adultos), é preferível
o consenso, mas alguns estados permitem que o agente de saúde tome como base a decisão da
maioria.
O tratamento paliativo visa melhorar a qualidade de vida ajudando a aliviar os sintomas físicos
incômodos e o sofrimento psicossocial e espiritual. O cuidado paliativo é compatível com
muitos tratamentos curativos e pode ser fornecido ao mesmo tempo. Por exemplo, o aspecto
paliativo do atendimento enfatiza o tratamento da dor ou delirium para um paciente com
insuficiência hepática que pode estar em uma lista de espera de transplante hepático.
Entretanto, dizer que o tratamento do paciente mudou de curativo para de suporte ou de
tratamento para tratamento paliativo é uma simplificação excessiva de um processo complexo
de decisão. A maioria dos pacientes exige uma mistura personalizada de tratamentos para
corrigir, prevenir e mitigar os efeitos de várias doenças e incapacidades.
Os médicos devem iniciar o tratamento paliativo logo que os pacientes forem identificados
como gravemente enfermos e, especialmente, quando estiverem suficientemente enfermos para
morrer. O atendimento paliativo pode ser prestado por profissionais individuais, equipas
interdisciplinares e programas de atendimento paliativo. Especialistas em cuidados paliativos
individuais focam no reconhecimento e tratamento da dor e de outros sintomas incômodos.
Equipas interdisciplinares de tratamento paliativo são compostas por vários profissionais (ex.:
médicos, enfermeiros, assistentes sociais, capelães) que trabalham em conjunto com os
médicos do atendimento primário e os especialistas dos pacientes para aliviar a tensão física,
psicossocial e espiritual.
Dicas e conselhos
Considerar o tratamento paliativo para todos os pacientes potencialmente terminais, mesmo aqueles
que buscam terapias agressivas ou curativas.
Assistência aos pacientes terminais é um programa de atendimento e suporte para pessoas com alta
probabilidade de morrer em poucos meses. O tratamento paliativo se concentra no conforto e no
significado, não na cura. Os serviços podem englobar a oferta de tratamento físico, orientação,
fármacos, equipamentos e suprimentos médicos duráveis. Em alguns países, como os EUA, a
assistência aos pacientes terminais é principalmente domiciliar; em outros, como na Inglaterra, os
serviços de tratamento paliativo é prestado principalmente em instituições hospitalares.
O planejamento para o alívio dos sintomas, bem como receber suporte para o paciente e a família, pode
ajudar as pessoas a lidar com as dificuldades de morrer. Quando a morte está prevista para ocorrer em
casa, uma equipe de tratamento paliativo normalmente administra fármacos (um kit de conforto) com
instruções sobre como usá-los para suprimir rapidamente os sintomas, como a dor ou a dispneia. Os
membros da família devem ser informados sobre as prováveis mudanças que ocorrem durante o
processo de morrer, como confusão, sonolência, respiração irregular ou ruidosa, extremidades frias e
cianose. O planejamento também pode ajudar a evitar visitas hospitalares angustiantes e desnecessárias
no final da vida. Os membros da família devem ser orientados sobre quem devem chamar (p. ex.,
médico, enfermeira de cuidados paliativos) e quem não devem chamar (p. ex., serviço de ambulância).
Testemunhar os últimos momentos de vida de uma pessoa pode ter um efeito poderoso e duradouro
sobre a família, amigos e cuidadores. O paciente deve ficar em uma área tranquila, silenciosa e
fisicamente confortável. Os médicos devem incentivar a família a manter contacto físico com o
paciente, como segurar as suas mãos. Os provedores de cuidados paliativos devem questionar sobre os
ritos de passagem espirituais, culturais, étnicos ou pessoais desejados pelo paciente e pelos membros
da família e tomar as providências cabíveis. Em geral, as famílias também precisam de ajuda para
providenciar o sepultamento e organizar o respectivo pagamento; os assistentes sociais podem oferecer
informações e orientação. Independentemente do ambiente (p. ex., casa, hospital, lar de idosos,
internação hospitalar ou tratamento paliativo domiciliar), as práticas religiosas podem interferir com o
preparo do corpo após a morte e devem ser previamente conversadas com a família do paciente, ou
ambos.
Um estudo norte-americano mostrou que um terço das famílias esgota a maior parte de suas economias
ao cuidar de um parente que está morrendo. As famílias devem ser orientadas a investigar o custo dos
tratamento de uma doença grave de um membro da família. Obter informações sobre a cobertura e as
regras podem exigir trabalho substancial e diligente.
suas últimas semanas. A equipe de cuidados médicos deve prever a incapacidade e tomar as
providências cabíveis (p. ex., escolher uma habitação com acesso para cadeiras de rodas e próxima aos
cuidadores da família). Serviços como terapia ocupacional e fisioterapia e tratamento paliativo podem
ajudar o paciente a permanecer em casa, mesmo quando a incapacidade progride. A equipe médica deve
conhecer as opções e os efeitos financeiros e discutir esses aspectos com os pacientes e seus familiares.
Vários agentes de saúde se preocupam com o facto de tratamentos cuja intenção é o alívio da
dor ou de outros sintomas graves (ex.: opioides para dor ou dispneia) talvez acelerarem a morte,
mas esse efeito é bastante incomum. Com o atendimento médico hábil e o escalonamento dos
fármacos, os profissionais de saúde evitam os efeitos adversos medicamentosos mais
incômodos, como a depressão respiratória causada pelos opioides. A morte não é acelerada
pelo tratamento convencional de sintomas comuns em pacientes com doença avançada. Mesmo
se a dor ou a dispneia intratável exigirem altas doses de opioides, que também podem acelerar
a morte, a morte resultante não é considerada ilícita porque os fármacos foram administrados
para aliviar os sintomas e foram devidamente escalonadas e administradas. Os médicos que
abordam sintomas vigorosamente e renunciam a tratamentos de manutenção da vida precisam
discutir esses aspectos de modo honesto e sensível e documentar sua tomada de decisão
cuidadosamente.
4.2.3. Fases
Quanto as fases em doentes terminais, podemos citar as seguintes: Negação, Depressão,
Braganha e Aceitação.
Negação, durante esta fase, o paciente entra num processo negação da realidade em que se
encontra, não aceitando por tanto a ideia de que nestas condições não há muito o que fazer em
relação a situação actual a que se encontra. Negando esta situação, o paciente cria em si a
esperança de um possível final feliz (visto que em alguns casos doentes considerados em fase
terminais acabam recuperando). Porém, este precisa ser bem sensibilizado, caso contrário
verificar-se-á como em muitos casos a Depressão.
Por isso, recomenda-se sempre que quando formos visitar um doente terminal a nossa atitude
e postura deve ser sempre positiva de maneiras a transmitir energia positiva ao doente. De
lembrar que existiram doentes considerados em fase terminal que acabaram se recuperando por
causa do optimismo das pessoas em volta dela. Como já foi anteriormente, nesta fase a equipe
médica deve actuar diligentemente com fim de proporcionar ao doente conforto.
Barganha, também conhecida como delírios, nesta fase o doente entra em delírios, confusão e
alucinação. Nesta fase o doente viaja para realidade diferente da actual pelo que as várias
imaginações o invadem completamente agindo como se fosse um doente mental, ou seja, nesta
fase o doente em função da sua situação, apresenta-se psicologicamente instável ou com
desequilíbrio emocional e se não receber os devidos acompanhamentos ou cuidados poderá
este como tem se visto em alguns casos, até cometer suicídio.
Aceitação, esta fase é o oposto da negação. Aqui o doente encontra-se talvez mais ciente da
sua situação aceitando-a. Nesta fase, apesar de o doente aceitar a sua actual situação, ainda
assim carece atenção e cuidado especial por parte dos parentes (familiares) bem como da equipe
médica.
4.3. Eutanásia
A partir do juramento de Hipócrates, principal pilar de sustentação da dignidade da profissão
médica até os dias de hoje, a administração de drogas letais ao paciente terminal ou a omissão
de determinados recursos disponíveis na terapêutica têm motivado intenso debate no seio da
sociedade.
Tal dogma poderia ser aplicado, por exemplo, à eutanásia, desde que, evidentemente, ela
valesse para todos, isto é, pudesse ser moralmente justificável.
Eutanásia significa sistema que procura dar morte sem sofrimento a um doente incurável. Esse
sistema é proibido em vários países, inclusive em Angola, onde a prática da eutanásia é
considerada homicídio.
Existe grande controvérsia a respeito da legalização ou não dessa prática. As pessoas que
julgam a eutanásia um mal necessário têm como principais argumentos poupar o paciente
terminal irreversível de seu sofrimento e aliviar a angústia de seus familiares. Outro aspecto
importante dessa discussão é o custo financeiro, tanto social como pessoal, causado pelo
prolongamento de uma vida impossibilitada de continuar. O custo social está na superlotação
de leitos nos hospitais e nos gastos públicos com remédios e tratamentos desses pacientes. Por
outro lado, se essa prática for legalizada, haverá revolta por parte das igrejas, as quais se
mantêm irredutíveis em suas posições. Além disso, o parente que autorizar a eutanásia de um
ente querido pode vir a sofrer um forte sentimento de culpa. Com o progresso da tecnologia
médica, nas últimas décadas, torna-se ainda mais complexa a discussão sobre essa prática. Os
aparelhos eletrônicos são capazes de garantir longa sobrevivência vegetativa aos doentes e
permitem que os sinais vitais sejam mantidos artificialmente, mesmo em pacientes terminais,
por muito tempo. Assim, a manutenção da vida torna-se cada vez mais uma discussão que deve
ser analisada caso a caso.
A eutanásia, dependendo do critério considerado, pode ser classificada de várias formas5, entre
elas, as seguintes:
a) Quanto ao tipo de ação:
1. Eutanásia ativa: o ato deliberado de provocar a morte sem sofrimento do
paciente, por fins misericordiosos.
2. Eutanásia passiva ou indireta: a morte do paciente ocorre dentro de um
quadro terminal, ou porque não se inicia uma ação médica ou porque há
interrupção de uma medida extraordinária, com o objetivo de minorar o
sofrimento.
3. Eutanásia de duplo efeito: a morte é acelerada como uma consequência
indireta das ações médicas que são executadas visando ao alívio do
sofrimento de um paciente terminal.
Ordenamento Jurídico Angolano, pois embora não existir nenhuma legislação especial acerca
do assunto, não prevê esta prática como sendo legal. Entretanto, é possível fazer uma análise
aos normativos previsto na Constituição da República de Angola bem como do Código Penal
Angolano:
ARTIGO 30.º
(Direito à vida)
ARTIGO 31.º
(Direito a integridade pessoal)
ARTIGO 77.º
(Saúde e protecção social)
ARTIGO 153.º
(Incitação ou auxílio ao suicídio)
1. Quem incitar outra pessoa ao suicídio e este se consumar ou chegar a ser tentado é
punido com pena de prisão até 3 anos.
2. Quem, nas mesmas circunstâncias, se limitar a prestar ajuda à pessoa que decidiu
suicidar-se é punido com pena de prisão até 2 anos ou com a multa de 240 dias.
3. Se, por virtude da idade, de anomalia psíquica ou outro motivo, a vítima tiver a sua
capacidade de valoração ou determinação diminuída, as penas referidas nos n.os 1 e 2 são
agravadas de metade, nos limites máximo e mínimo.
ARTIGO 159.º
(Ofensa simples à integridade física)
1. Quem ofender o corpo ou a saúde de outra pessoa é punido com pena de prisão até 1
ano ou com a de multa até 120 dias.
2. O procedimento criminal depende de queixa.
3. O Tribunal pode dispensar o agente da pena quando:
a) Tiver havido lesões recíprocas e se não tiver provado qual dos contendores
agrediu primeiro;
b) O agente se tiver limitado a responder à agressão.
ARTIGO 160.º
(Ofensa grave à integridade física)
ARTIGO 161.º
(Agravação pelo resultado)
1. Se da ofensa ao corpo e à saúde da outra pessoa vier a resultar a morte, a pena é de:
a) Prisão de 1 a 6 anos no caso do artigo 159.º;
b) Prisão de 3 a 12 anos no caso do n.º 1 do artigo 160.º;
c) Prisão de 5 a 14 anos no caso do n.º 2 do artigo 160.º
2. Quem praticar as ofensas previstas no artigo 159.º e delas resultarem as ofensas
previstas no n.º 1 do artigo 160.º é punido com pena de prisão de 6 meses a 5 anos.
ARTIGO 162.º
(Qualificação)
As penas referidas nos artigos anteriores são agravadas de um quarto nos seus limites mínimo
e máximo desde que se verifique qualquer das circunstâncias previstas nos artigos 148.º a 150.º
ARTIGO 163.º
(Ofensa à integridade física privilegiada)
ARTIGO 164.º
(Ofensa à integridade física por negligência)
1. Quem, por negligência, ofender o corpo ou a saúde de outra pessoa é punido com
pena de prisão até um ano ou com a de multa até 120 dias.
2. Se da ofensa não resultar doença ou incapacidade para o trabalho por mais de 8 dias,
a pena é de prisão até 6 meses ou a de multa até 60 dias.
3. Se do facto resultar grave ofensa à integridade física, o agente é punido com pena de prisão
até 2 anos ou com a de multa até 240 dias.
4. O procedimento criminal depende de queixa.
ARTIGO 165.º
(Consentimento)
1. Para efeito de consentimento, nos termos dos artigos 34.º e 35.º, a integridade física
considera-se livremente disponível.
2. Para o mesmo efeito, a contrariedade aos bons costumes é avaliada em função,
nomeadamente, dos motivos e dos fins do agente e do ofendido, dos meios utilizados e da
amplitude previsível da ofensa.
3. Não é válido o consentimento de um menor de 16 anos, se não for prestado por ele e
pelo seu representante legal.
4. Tratando-se de menor de 14 anos ou de um incapaz por anomalia psíquica, é
necessária autorização judicial.
ARTIGO 166.º
(Intervenções e tratamentos médico-cirúrgicos)
A partir dos princípios legais acima expostos, já é possível entendermos de forma clara qual a
posição do ordenamento jurídico angolano relactivamente a eutanásia, ou seja, nota-se aqui
que em Angola a prática da eutanásia não é legal pelo que a sua prática fere os princípios éticos
estabelecidos aos profissionais de saúde.
A actuação médica é movida por dois grandes princípios morais: a preservação da vida e o
alívio do sofrimento. Esses dois princípios complementam-se na maior parte das vezes.
Entretanto, em determinadas situações, podem tornar-se antagônicos, devendo prevalecer um
sobre o outro. Se for estabelecido como princípio básico o de optar-se sempre pela preservação
da vida, independentemente da situação, poder-se-á, talvez, com tal atitude, estar negando o
facto de que a vida é finita. Como é conhecido, existe um momento da evolução da doença em
que a morte torna-se um desfecho esperado e natural, não devendo e nem podendo ser
combatida. Assim, no paciente passível de ser salvo, a aplicação dos princípios da moral (ética)
deve ser pautada na preservação da vida, enquanto que, no paciente que está na etapa da morte
inevitável, a actuação médica, do ponto de vista da moral, deve priorizar o alívio do sofrimento.
A aplicação dos princípios éticos – beneficência, não-maleficência, autonomia e justiça – deve
ser realizada numa sequência de prioridades. Dessa forma, é importante observar que os
princípios da beneficência e da não-maleficência são prioritários sobre os da autonomia e da
justiça.
Neste sentido, a atitude do profissional de saúde relactivamente a este ponto, deve ser aquela
que está baseada aos princípios estabelecidos pelos princípios éticos. Assim, a todo o
profissional de saúde que de alguma maneira desrespeitar os preceitos que condenam a prática
da eutanásia estará sujeito as sanções previstas por lei.
Segundo os dados disponíveis a nível global, a cada 9 minutos morre uma mulher em
consequência de complicações de um aborto clandestino. A maioria destas mulheres são de
países mais pobres, nomeadamente de países africanos. É por isso que a OMS e as Nações
Unidas consideram que o aborto clandestino e inseguro é um problema de saúde pública.
A penalização e criminalização do aborto não impede nem faz diminuir o número de abortos,
antes promove o aborto clandestino e inseguro, aumentando a mortalidade e a morbilidade
maternas. Isto aconteceu em Angola e acontece em todos os países que restringem o acesso aos
cuidados de aborto legal e seguro. Tal situação é particularmente gravosa nos países em que a
pobreza e a desigualdade social tornam mais difícil o acesso aos cuidados de saúde e,
especificamente, aos cuidados de saúde sexual e reprodutiva.
Por tudo isto, um crescente número de países, em todo o mundo, tem progressivamente optado
por mudanças legislativas que despenalizam e/ou descriminalizam o aborto, permitindo que as
mulheres que estão face a uma gravidez não desejada, a possam interromper em serviços
apropriados em condições de segurança e dignidade, e com o consequente acompanhamento
profissional, em particular, no domínio do planeamento familiar.
A APF (Associação para o Planeamento da Família) considera, por isso, que a recente
aprovação, pela Assembleia Nacional de Angola, da nova Lei do Código Penal, que penaliza
com prisão de quatro a dez anos a prática do aborto no país, constitui um enorme retrocesso, e
considera também que, tendo em conta a situação de enorme crise social vivida em Angola,
esta legislação irá seguramente repercutir-se num aumento de mortes maternas e outras
consequências nefastas para a saúde das mulheres angolanas.
ARTIGO 30.º
(Direito à vida)
ARTIGO 31.º
(Direito a integridade pessoal)
CÓDIGO PENAL
ARTIGO 154.º
(Interrupção de gravidez)
1. Quem interromper a gravidez de uma mulher sem o seu consentimento é punido com
pena de prisão de 2 a 8 anos.
2. Na mesma pena incorre quem, sabendo que a mulher está grávida, exercer contra ela
actos de força ou violência e, desse modo, interromper a gravidez, mesmo não sendo esse o seu
propósito.
3. Quem, com o consentimento da mulher grávida, interromper a gravidez ou ajudar a
interrompê-la fora dos casos previstos no n.º 1 do artigo 156.º é punido com pena de prisão de
1 a 5 anos.
4. A mulher grávida que, por facto próprio, interromper a sua gravidez ou, de qualquer
modo, participar na interrupção ou consentir que terceiro a interrompa, fora dos casos previstos
no n.º 1 do artigo 156.º, é punida com pena de prisão até 5 anos.
5. Para os efeitos do presente artigo, é irrelevante o consentimento da mulher grávida
menor de 16 anos de idade ou da mulher portadora de anomalia psíquica ou quando o
consentimento for obtido por fraude, ameaça, violência ou coacção.
ARTIGO 155.º
(Interrupção de gravidez agravada)
1. As penas previstas nos n.os 1 e 2 do artigo anterior são aumentadas de um terço nos
seus limites, se em consequência da interrupção da gravidez ou dos meios empregados resultar
ofensa grave à integridade física ou a morte da mulher.
2. A agravação aplica-se também ao agente que se dedicar habitualmente à prática dos
factos descritos no n.º 3 do artigo anterior.
ARTIGO 156.º
(Extinção da responsabilidade e atenuação especial da pena)
1. Não há responsabilidade penal quando a interrupção da gravidez, realizada a pedido
ou com o consentimento da mulher grávida:
a) Constituir o único meio de remover o perigo de morte ou de lesão grave e
irreversível para a integridade física ou psíquica da mulher;
b) For medicamente atestado que o feto é inviável;
c) A gravidez resultar de crime contra a liberdade e autodeterminação sexual e a
interrupção se fizer nas primeiras 16 semanas de gravidez.
2. a verificação das circunstancias que excluem a responsabilidade pela interrupção da
gravidez é certificada por relatório médico, escrito e assinado antes da intervenção por médico
diferente daquele por quem, ou sob cuja direcção, a interrupção é realizada, sem prejuízo do
disposto no número seguinte.
ARTIGO 157.º
(Propaganda favorável à interrupção de gravidez)
1. É punido com pena de prisão até 1 ano ou com a de multa até 120 dias, quem através
de meios publicitários ou em reuniões públicas, com o objectivo de obter vantagem:
a) Oferecer serviços próprios ou alheios, com vista à interrupção da gravidez;
ARTIGO 158.º
(Circulação de meios para interrupção de gravidez)
Quem receber ou transmitir, por qualquer título, meios destinados à interrupção da gravidez,
com a intenção de promover a prática dos factos previstos nos artigos 154.º e 155.º é punido
com pena de prisão até 1 ano ou de multa até 120 dias.
4.5. O Charlatanismo
Por que alguns profissionais de saúde se tornam charlatães?
Tédio. O trabalho diário pode ficar monótono. Ideias pseudocientíficas podem ser excitantes.
O falecido Carl Sagan acreditava que as qualidades que tornam a pseudociência atraente são as
mesmas que tornam o empreendimento científico tão fascinante. Ele dizia: “Faço uma distinção
entre aqueles que perpetuam e promovem sistemas de crenças das fronteiras da ciência e
aqueles que os aceitam. Os últimos são frequentemente levados pela novidade dos sistemas e
o sentimento de introspecção e grandeza que propiciam”. Sagan lamentava o facto de que tantos
estão inclinados em optarem pela pseudociência quando a verdadeira ciência oferece tanto para
aqueles que estão dispostos a trabalharem por ela.
Baixa estima profissional. Profissionais que não são médicos e não acreditam que suas
profissões sejam suficientemente estimadas algumas vezes compensam isso ao fazerem
alegações extravagantes. Renegados da odontologia têm dito que “todas as doenças podem ser
vistas na boca do paciente”. Pediatras marginais alegam serem capazes de julgar a saúde
inteiramente pelo exame dos pés. Iridologistas apontam para o olho, quiropráticos a coluna,
auriculoterapeutas a orelha, enfermeiras registradas um alegado “campo energético humano”,
etc. Até mesmo médicos não estão imunes de elevarem seu status pessoal pela presunção. Por
alegarem curar o cancro ou reverterem doenças cardíacas sem cirurgias de revascularização,
clínicos gerais podem se elevar acima de especialistas altamente treinados em oncologia ou
cardiologia. Por alegarem curar doenças que os médicos não podem, aqueles que curam pela
fé se elevam acima dos médicos na pirâmide social (médicos estão normalmente no topo da
pirâmide enquanto os religiosos vêm descendo nos tempos modernos). Psicólogos, médicos,
actores ou outros que se tornam “gurus” da saúde frequentemente se tornam os queridinhos da
imprensa popular.
Tendências paranormais. Na verdade, muitos sistemas de saúde são religiões higiênicas com
devoções profundas, crenças emocionalmente significativas sobre a natureza da realidade, da
salvação e do próprio estilo de vida. Quiropraxia, naturopatia, homeopatia, medicina
energética, toque terapêutico, cura pelos cristais e muitas outras estão enraizadas no vitalismo,
que foi definido como “uma doutrina na qual as funções de um organismo vivo são devido a
um princípio vital (“força vital”) distinto das forças físico-químicas” e “a teoria que as
atividades biológicas são dirigidas por uma força sobrenatural”. Os vitalistas não são apenas
não científicos, eles são anticientíficos, porque abominam o reducionismo, o materialismo e o
mecanicismo, processos causais da ciência. Preferem a experiência subjectiva ao teste
objectivo, e colocam a intuição acima da razão e da lógica. O vitalismo está ligado ao conceito
de uma alma humana imortal, o que também o conecta com ideologias religiosas.
Estado mental paranoide. Algumas pessoas são propensas a verem conspirações em todo
lugar. Essas pessoas podem facilmente acreditar que a colocação de flúor na água é uma
conspiração para envenenar os humanos, que o HIV/SIDA foi inventado e disseminado para
acabar com os africanos ou homossexuais e que a medicina organizada está escondendo a cura
para o cancro. Enquanto os indivíduos que reclamam a respeito de conspirações dirigidas
contra eles mesmos são frequentemente reconhecidos como doentes mentais, aqueles que
percebem as conspirações como dirigidas contra uma nação, uma cultura ou um modo de vida
podem parecer mais racionais. Percebendo suas paixões políticas como altruístas e patrióticas
intensificam seus sentimentos de justiça e indignação moral.
Choque com a realidade. Todos são vulneráveis à ansiedade da morte. O pessoal da saúde
que regularmente lida com pacientes com doenças terminais devem fazer ajustes psicológicos.
Alguns simplesmente não fazem isso. Uma investigação em clínicas charlatanescas de câncer
encontrou médicos, enfermeiros e outros que ficaram desiludidos com a assistência padrão
devido a dura realidade dos efeitos colaterais ou conhecimento das limitações das terapias
comprovadas.
O motivo do lucro. O charlatanismo pode ser extremamente lucrativo. Alegar que se tem “o
melhor peixe” pode levar o mundo a bater na porta de quem alegou. Ganância pode motivar
profissionais da saúde que são empresários a deixarem os princípios éticos de lado.
Muitas pessoas – incluindo muitos profissionais da saúde, oficiais de justiça e juízes – mostram
uma atitude distinta em relação ao charlatanismo. Apesar da maioria rejeitar a ideia de que o
charlatanismo seja “uma tentativa válida” para uma pessoa doente, é importante consolidar e
mobilizar aqueles que compreendem o potencial de dano do charlatanismo.
Recomendamos reler o 3.1.3. deste material afim de poder entender melhor este ponto.
1. Qualidades físicas, são aquelas que permitem uma resistência física eficiente e
conservar a saúde, tais como:
Boa alimentação
Bons hábitos de higiene
Repouso
Distracção e lazer
Exercícios físicos
0. Qualidades Intelectuais, estas permitem um grau de ciência com o fim de torná-lo
mais seguro e apto nos seus conhecimentos científicos:
Curiosidade intelectual
Espírito de observação
Saber exprimir-se (falar e escrever bem)
Limpeza e ordem,
Direitos:
a) O paciente tem direito de ser identificado pelo nome e sobre nome: durante a realização
de procedimentos, tem direito de ter o seu nome e data de nascimento confirmados
pelos profissionais;
b) O paciente tem direito a informações claras, simples e compreensivas a respeito das
acções diagnósticas e terapêuticas, e o que pode decorrer delas, bem como a previsão
da duração do tratamento;
c) O paciente tem direito a qualquer instante de consentir ou recusar procedimentos
diagnósticos ou terapêuticos a serem realizados como parte do tratamento proposto;
d) O paciente tem direito de receber toda a informação sobre os medicamentos que lhe
serão administrados;
e) Direito de ser informado sobre a procedência do sangue ou hemoderivados para a
transfusão, bem como a comprovação das sorologias efectuadas e a sua vitalidade.
f) Direito a manter a sua privacidade, com atendimento adequado e conduta profissional
que resguarde essa privacidade;
g) O paciente acima de 60 anos e/ou com dependência física e/ou psíquica, tem direito à
permanência em tempo integral de um acompanhamento durante o tratamento em
regime de internação;
Deveres:
a) O paciente ou seu responsável legal tem o dever de dar informações precisas, completas
e acuradas sobre o histórico de saúde, doenças previas, medicamentos em uso,
procedimentos médicos anteriores e outros problemas relacionados à sua saúde;
b) Tem o dever de informar as mudanças inesperadas do seu estado de saúde actual aos
profissionais responsáveis pelo seu tratamento;
c) Dever de confirmar o entendimento das acções que estão sendo efectuadas ou
propostas, visando à cura dos agravos à sua saúde à prevenção das complicações ou
sequelas, à sua reabilitação e promoção da sua saúde, fazendo perguntas sempre que
tiver dúvidas;
d) Dever de seguir as instruções recomendadas pela equipe multiprofissional que o assiste,
sendo responsável pelas consequências da sua recusa;
e) Dever de indicar o responsável financeiro pelo seu tratamento hospitalar, informando
ao hospital quaisquer mudanças nessa indicação;
f) Dever de respeitar os direitos dos demais pacientes, acompanhantes, funcionários e
prestadores de serviço da instituição;
g) O paciente/acompanhante, não devem manusear qualquer equipamento utilizado no
auxílio à assistência;
h) Dever de participar do seu plano de tratamento e alta hospitalar ou indicar quem possa
fazê-lo;
i) Dever de atender e respeitar a proibição de fumo nas dependências do hospital,
extensivo aos seus acompanhantes, conforme a legislação vigente;
j) Dever de zelar pelos seus pertences de valor durante a sua permanência no hospital.
5.6.1. A Vida
Que tem, ela mesma, condições de ambiente para existir. Por isso, protecção da vida humana.
Mas também protecção do ambiente, dos meios necessários à vida. É para proteger a vida que
se deve proteger a água, por exemplo.
5.6.2. A Saúde
O direito à saúde literalmente entendido seria um estranho e curioso direito, que ninguém
poderia assegurar e, portanto, ninguém poderia ter como dever. Por isso, o direito reporta a
cuidados de saúde com o correlativo dever de desenvolver esforços tendo em vista a
recuperação da saúde, a prevenção da doença ou a reabilitação e reinserção das pessoas.
Portanto, reconhecemos que a protecção da saúde não basta como princípio pois «tomar
conta da vida humana» acompanha para lá dos limiares onde a protecção da saúde é possível
e acompanha nos processos de morrer, temos de recuar um pouco mais e equacionar um
princípio ético, que se coloque antes das normas e das leis, e que estas dele derivem.
Julgamos que o pacto posterior ao compromisso, pois é necessário que o enfermeiro seja
enfermeiro (isto é, tenha um título profissional) e tenha assumido a responsabilidade de prestar
cuidados de enfermagem, de acordo com determinados standards, previamente a estar em
situação efectiva de contrato ou de prestação de serviço. Assim, a precedência claramente do
compromisso sobre o pacto. Assim, o enfermeiro compromete-se a cuidar profissionalmente
das pessoas, em termos abstractos.
Higiene, é o conjunto de medidas que tomamos para eliminar a sujeira que pode causar doenças
infecciosas (BEJGLE, 2001).
São seres vivos impossíveis de serem observados a olho nu (só podem ser vistos através de
microscópios), e podem ser classificados em fungos, protozoários, vírus e bactérias. Podem ser
encontrados em grandes quantidades, por toda parte: nos seres humanos, na água, no solo e até
no ar, podendo causar gripes, infecções, diarreias e verminoses. A falta e as falhas de limpeza
ambiental podem induzir a ocorrência de surtos, em especial os que são relacionados a
microrganismos com alta sobrevivência em superfícies secas. Durante a investigação
epidemiológica é fundamental a etapa de observação local a fim de identificar se ocorre falha
sistemática na limpeza que possa estar relacionada a ocorrência do surto.
Higiene e saúde são medidas que não substituem os cuidados individuais, de higiene,
distanciamento e etiqueta respiratória, mas que reforçam as condições de higiene pública e o
bem-estar e tranquilidade dos utilizadores desses espaços (SILVA,2002)
composta por duas palavras bio = vida + segurança que significa garantia. Assim, pode ser
vista como garantia, como sinal para assegurar a vida, e a saúde (Andrade et al., 2018).
Acidente de trabalho é aquele que ocorre pelo exercício de trabalho á serviço de uma empresa,
provocando lesão corporal, perturbação funcional, causando morte e perda ou redução
permanente ou temporária da capacidade para o trabalho (Santos e Ribeiro, 2017).
Agente de risco é qualquer componente de natureza física, química, biológica e radioactiva que
possa vir a comprometer a saúde do homem, do meio ambiente ou a qualidade dos trabalhos
desenvolvidos (Idem).
Para Bulhões (1998), o termo hospital etimologicamente lembra hospitalidade e tem como um
dos seus principais objectivos a recuperação da saúde. Entretanto, ele nos faz reflectir sobre os
inúmeros problemas (riscos) existentes nesse meio ambiente para aqueles que buscam ali a
recuperação da sua saúde, mesmo que permanecendo hospitalizado por alguns dias apenas e,
sobretudo, para os profissionais de saúde que se expõe ano após ano, actuando nesse ambiente
nocivo. Ainda segundo o mesmo autor a exposição desses profissionais aos agentes nocivos é
ampla, pelo facto de o hospital ser seu local de trabalho.
Cama (leito)
Banca
Cadeira
Mesa de refeição
Arrastadeira (pinico)
Biombo (cortinados)
Suporte de soro
Oxigénio
A disposição dos moveis acima, deverão ser de maneira que permita boa circulação ao
redor.
Luvas
As luvas devem ser utilizadas para prevenir a contaminação da pele, das mãos e antebraços
com material biológico, durante a prestação de cuidados e na manipulação de instrumentos e
superfícies. Deve ser usado um par de luvas exclusivo por usuário, descartando-o após o uso.
O uso das luvas não elimina a necessidade de lavar as mãos. A higienização das mãos deve ser
realizada antes e depois do uso das luvas, uma vez que estas podem apresentar pequenos
defeitos, não aparentes ou serem rasgadas durante o uso, provocando contaminação das mãos
durante a sua remoção. Além disso, os microorganismos multiplicam-se rapidamente em
ambientes húmidos.
Tipos de luvas
Contacto com membranas mucosas, lesões e em procedimentos que não requeiram o uso de
luvas estéreis.
Procedimentos cirúrgicos
c) Luvas de vinil
d) Luvas de borracha
Para a execução de serviços gerais, tais como: processos de limpeza de instrumentos e
descontaminação;
Essas luvas podem ser descontaminadas por imersão em solução de hipoclorito a 0,1%
durante 12h;
Máscara
É o EPI indicado para a protecção das vias respiratórias e mucosa oral durante a realização de
procedimentos com produtos químicos e em que haja possibilidade de respingos ou aspiração
de agentes patógenos eventualmente presentes no sangue e outros fluidos corpóreos.
Tipos de máscaras
Máscara N95
Óculos de segurança
Avental
Calçado fechado
É usado para protecção dos pés em locais húmidos ou com quantidade significativa de material
infectante (p. ex. centros cirúrgicos, áreas de necrópsia e outros). Pro-pés, habitualmente
compostos por material permeável, usados com sandálias e sapatos abertos não permitem
protecção adequada (Idem).
Segundo ANVISA (2005), é a medida individual mais simples e menos dispendiosa para
prevenir a propagação de infecções relacionadas a assistência á saúde. Recentemente o termo
“lavagem das mãos” foi substituído por “higienização das mãos” devido a maior abrangência
deste procedimento. O termo engloba higienização simples, higienização anti-séptica, e a anti-
sépsia cirúrgica das mãos.
Ainda de acordo com esta instituição, a higienização das mãos tem como finalidades:
As infecções hospitalares (IH) surgem com o aparecimento dos primeiros hospitais, por volta
do ano 330 (a.C.) no Império Romano. No Brasil o surgimento dos primeiros dados pertinentes
à ocorrência de IH, datam do século passado, na década de 50, época que se utilizava o termo
“contaminação hospitalar (Oliveira e Maruyama, 2008).
Para efeitos de sua aplicação, estabeleceu em seu Artigo nº 3 Capítulo I, conceitos sobre saúde
no trabalho, prevenção, risco, acidente de trabalho, doença profissional, entre outros,
definindo-os assim:
Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço do órgão, provocando
lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, perda ou redução, permanente ou
temporária, da capacidade para o trabalho (TORGAN,2016).
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Código Penal Angolano
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Estatuto da ORDENFA (Ordem dos Enfermeiros de Angola)
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