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Mário Seixas Sales

Estudo da jurimetria numa abordagem


sociológica da quantificação

Jataí/GO
19 de junho de 2022
Mário Seixas Sales

Estudo da jurimetria numa abordagem sociológica da


quantificação

Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado como requisito para obtenção
da aprovação na componente curricular
TRABALHO DE CURSO I (CSO0076) do
curso de Direito da Universidade Federal de
Jataí.

Orientador: Prof. Dr. Hugo Luis Pena


Ferreira

Universidade Federal de Jataí – UFJ


Curso de Direito
Unidade Acadêmica Especial de Ciências Sociais Aplicadas

Jataí/GO
19 de junho de 2022
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1 Introdução

Quantification is now more and more clearly seen not only as a neutral
epistemic tool producing knowledge about the world, but also as a tool
of power and government, a driving force in transforming the world
(DIDIER, 2022).

Também em nossa época, como em todos os tempos, o fundamental no


desenvolvimento do Direito não está no ato de legislar nem na jurispru-
dência ou na aplicação do Direito, mas na própria sociedade (EHRLICH,
1986).

Quando se faz jurimetria, estuda-se o Direito através das marcas que ele
deixa na sociedade (JURIMETRIA, 2022).

Conforme Didier (2022), supracitado, explana, a quantificação é uma ferramenta de


poder e governo que produz conhecimentos sobre o mundo, bem como é uma força motriz
que o transforma, afetando diversos aspectos da vida em sociedade como relacionamentos
interpessoais, administração de organizações, avaliação de condutas, consolidação dos
Estados modernos, evolução dos mercados financeiros, entre outros, de forma que tornou-se
um expediente relevante para o desenvolvimento de outros campos do conhecimento que são
umbilicalmente conectados a realidades sociais como a sociologia e o Direito (CAMARGO;
DANIEL, 2021).
Como acima mencionado por Ehrlich (1986), o desenvolvimento do Direito baseia-se
na sociedade, no conhecimento de suas realidades, conhecimento esse que pode ser obtido
por meio da investigação dos modos de resolução de conflitos de suas associações sociais.
Conflitos surgem do relacionamento mútuo de um conjunto de pessoas em uma certa
ordem interna, definidora de direitos e deveres legais (regras jurídicas) entre elas, que, ao
ser rompida, reafirma e/ou redefine essas regras através de meios institucionalizados, como
o Estado (EHRLICH, 1986). Essa objetiva investigação para compreender o funcionamento
de certa ordem jurídica é um movimento empírico que tem avançado rapidamente nas
abordagens ao Direito visando a conhecer, por exemplo, os conflitos apresentados aos
tribunais de justiça, a efetividade de uma lei nova, as relações de dominação, os contra-
tos, os acordos, as associações, os testamentos, os casamentos, as decisões judiciais, as
jurisprudências, entre outros (EHRLICH, 1986) (NUNES, 2016).
Essas práticas concretas (contratos, sentenças, etc), que afetam associações sociais,
demonstram um efetivo desenvolvimento do Direito ao concretizarem, por meio da solução
de conflitos específicos, as normas jurídicas da sociedade. Esse processo de resolução de
determinados problemas é influenciado não só pelas declarações de intenções de legisladores
ou juristas por meio de, respectivamente, normas gerais ou individuais, mas também por
Capítulo 1. Introdução 3

valores e experiências pessoais, religião e tantos outros fatores que são objetos de estudo
de um novo campo do conhecimento, a saber, a jurimetria (NUNES, 2016).
A jurimetria propõe-se a desenvolver o Direito estudando seu plano concreto e seus
espaços institucionais de criação de normas visando a investigar, de forma indutiva, proces-
sos decisórios em que conflitos sociais são solucionados e, para tanto, utiliza a quantificação
como ferramenta de abordagem a essa ciência a fim de reconhecer, caracterizar e organizar
tendências e padrões jurisprudenciais, produzindo, assim, uma melhor compreensão do
funcionamento, na prática, de determinada ordem jurídica (NUNES, 2016).
As marcas que o Direito deixa na sociedade referidas acima pela Jurimetria (2022)
não são exclusivamente as decisões judiciais e as legislações, mas são, também, outros
fatos jurídicos como decisões administrativas, decretações de falências, formalização de
contratos, recuperações judiciais de empresas, aumento do número de processos judiciais,
quantidade de juízes por unidade federativa, etc. Fazer jurimetria, então, é aplicar métodos
para estudar esses fatos jurídicos, porém não são quaisquer métodos; devem ser métodos
quantitativos, a exemplo da estatística (NUNES, 2016).
Na obra brasileira seminal sobre essa nova área do conhecimento, Nunes (2016)
justifica apropriada a abordagem estatística a questões jurídicas explanando que o mundo
social no qual o Direito fundamenta sua atuação e evolução não é determinista e, caso
algum fenômeno de lá assim o fosse, o Direito só consegueria compreendê-lo por meio de
observações empíricas e de inferências a partir destas. Dessarte, essa ferramenta quantitativa
buscaria reconstituir um elemento de causalidade a fim de estudar (1) os diversos fatores -
econômicos, valorativos, geográficos, etc - que condicionam a produção de normas, gerais ou
individuais, e (2) as reações que essas normas provocam nas associações sociais (NUNES,
2016).
Nesse sentido, o objeto de estudo da jurimetria são as condutas, em função de
normas jurídicas, de regulantes e regulados. Assim, tais normas não são propriamente
o objeto de interesse, mas marcas que estabelecem momentos de decisões, registrando
aspectos de seus sentidos e de suas motivações, que ajudam a entender o funcionamento
de uma ordem jurídica por meio da apreensão estatística dos comportamentos coletivos
em função dessas marcas (NUNES, 2016).
Mesmo que se consiga estudar as condutas individuais de cada sujeito de Direito
integrado a certa sociedade, fazer inferências gerais a partir disso é temerário, pois os
fenômenos regulares advindos dos comportamentos coletivos de agentes jurídicos são
influenciados também pelo todo, pelo organismo social, que condiciona o comportamento
de seus integrantes. Identificar essas influências, essas causas coletivas, pode auxiliar
no entendimento da regularidade de certos padrões de conduta como fatos sociais e na
previsão, por meio de modelos probabilísticos, das reações de um conjunto de pessoas em
uma certa ordem jurídica frente a conflitos advindos de seu relacionamento mútuo. Devido
Capítulo 1. Introdução 4

a isso, a ferramenta quantitativa da estatística torna-se um método relevante à jurimetria


para estudar, em função das normas jurídicas, condutas humanas não só individuais,
mas também expressas em fatos sociais, que permeiam todo o Direito (NUNES, 2016)
(EHRLICH, 1986).
Verifica-se, nesse ponto, uma confluência entre as ciências sociais empíricas da
sociologia e da jurimetria em que ambas utilizam-se da descrição de regularidades de
comportamentos sociais para investigar as causas coletivas desses fenômenos padronizados
(KLINK et al., 2006). Uma das principais fontes que evidenciam comportamentos sociais
para a jurimetria é o Judiciário, compreendido como um gerador de dados que apresentam
o funcionamento completo da ordem jurídica, a exemplo do judiciário brasileiro, referido
como pré-sal sociológico por Nunes (2016), que pode ser compreendido como um quase-
experimento devido a sua variabilidade e distribuição de materiais vastos para serem
analisados através da sociologia e da estatística.
Outra aproximação dessas duas ciências sociais está na relevância que deram a
práticas de quantificação. Enquanto a jurimetria as utilizou como ferramentas metodo-
lógicas de abordagem ao Direito, a sociologia as compreendeu como objeto de estudo
devido a seus efeitos político-sociais que podem condicionar como indivíduos percebem a
realidade social e se governam por essa percepção, a exemplo da confiança e da autoridade
que indicadores, porcentagens e índices públicos, que são frequentemente ressignificados,
costumam inspirar (CAMARGO; DANIEL, 2021) (DANIEL, 2013).
O entendimento da quantificação como ferramenta não só de medição mas também
de coordenação inspirou diversas pesquisas acadêmicas, com destaque aos trabalhos do es-
tatístico, sociólogo e historiador da ciência, Alain Desrosières. Ele explanou a quantificação
como sendo a síntese das ações de convir e medir, retirando a falsa ideia de neutrali-
dade, objetividade e tecnicidade dessa ferramenta (DESROSIÈRES, 2013) (CAMARGO;
DANIEL, 2021).
Ademais, os efeitos condicionantes do comportamento humano entre diferentes
grupos sociais, advindos da quantificação como ferramenta de coordenação, ficam mais
evidentes ao serem estudados pela sociologia, sendo revelados, assim, os modos de operação
das relações de poder, a exemplo da objetivação, presente em qualquer forma de contagem,
que aponta certos domínios não-comensuráveis que passam a ser convencionados pelos
números, dotando, assim, de escala e dimensão aquilo que só podia ser referenciado
qualitativamente, permitindo que influenciem na transformação da percepção coletiva,
concorrendo para mudanças sociais (CAMARGO; LIMA; HIRATA, 2021).
Esses efeitos também ficam mais evidentes quando é o Estado que faz uso dessa
ferramenta de coordenação. O governo de um Estado visa a solucionar problemas soci-
almente relevantes por meio da efetivação de políticas públicas. Mas a criação de uma
política pública necessita objetivar tais problemas por meio de ferramentas quantitativas
Capítulo 1. Introdução 5

a fim de delimitar os domínios das ações governamentais e de dar legibilidade a esses


problemas. Dessa forma, como a utilização da quantificação implica realizar definições
operatórias convencionais para depois efetuar medições, então temos que essas investigações
quantitativas oficiais irão refletir a agenda político-partidária do governo em questão e,
portanto, os problemas socialmente relevantes serão objetivados segundo os interesses
políticos dos governantes (CAMARGO; DANIEL, 2021).
Segundo Nunes (2016), discussões em torno de hipóteses de política pública devem
se valer de instrumentos como a jurimetria para a realização de uma abordagem empírica,
cautelosa e imparcial que levante os dados necessários à (1) objetivação de normas jurídicas
que orientem a solução de certos conflitos de interesse caso sejam implementadas por
meio de políticas públicas jurídicas e à (2) avaliação dos estímulos produzidos através de
políticas públicas, se estes conseguiram condicionar comportamentos socialmente desejados.
Esse autor também explana que essa tentativa de promover mudanças comportamentais
nos sujeitos de Direito é um dos objetivos mediatos da ordem jurídica que, por meio de seus
operadores que criam e aplicam normas, visa a propagar atitudes socialmente desejadas
efetivando, assim, seu propósito como ferramenta de controle social (NUNES, 2016).
Observa-se, nessas propostas da jurimetria, uma convergência de seus conceitos com
aqueles relacionados à quantificação sob uma ótica sociológica, a saber, de ferramenta de
coordenação que tem ingerência sobre as vidas das pessoas a fim de condicionar determina-
dos comportamentos. Esse relacionamento evidencia que eventuais pontes interdisciplinares
entre os conceitos próprios desse novo campo do conhecimento e outras áreas do saber
podem ser academicamente férteis.
Nesse sentido, a relevância da quantificação para a sociologia tornou-a um objeto
de estudo a título próprio, a saber, a sociologia da quantificação, que é um campo do
conhecimento que vem produzindo subsídios teóricos muito interessantes para evidenciar
como fatores sociais, técnicos e políticos interagem na produção dos números que se dizem
relevantes para a sociedade (BERMAN; HIRSCHMAN, 2018). Essa abordagem mostra
que as estatísticas resultam de práticas sociais de categorização de dimensões da realidade
e que esses números produzidos podem ser repolitizados de diversas maneiras, já que
há escolhas e limitações implícitas em todos procedimentos quantitativos, de forma que
a neutralidade e a imparcialidade são impossíveis e sempre há uma agenda normativa
subjacente (CAMARGO; LIMA; HIRATA, 2021).
Assim, quando surgem novos campos do saber que se utilizam de expedientes
quantitativos - pretensamente neutros, objetivos e imparciais - para abordar seus objetos
de estudo, então capaz que seja razoável abordá-los também por meio da sociologia
da quantificação a fim de melhor compreender essa arma poderosa, a quantificação, na
produção dos conhecimentos e, consequentemente, das relações de poder nesses campos
emergentes (DIDIER; TASSET, 2013). Todavia, são poucos os trabalhos acadêmicos que
Capítulo 1. Introdução 6

realizam essa abordagem sociológica.


Esta pesquisa, então, caminha para suprir essa lacuna acadêmica ao buscar compre-
ender as principais propostas da jurimetria a partir das categorias e debates da sociologia
da quantificação, visando a subsidiar melhores entendimentos sobre:

• como práticas quantitativas estabelecem relações de coordenação e dominação ao


produzirem conhecimentos, em que definem o que pode ser visto e o que deve
permanecer oculto em certos momentos, implicando, assim, transformações da ordem
político-social (CAMARGO; DANIEL, 2021) (MENNICKEN; ESPELAND, 2019);

• como essas relações de poder influenciam na constituição das subjetividades ao


implementarem novos modelos de racionalidade, como os baseados na eficiência
e na utilidade, que transferem o risco para os indivíduos ao quantificarem seus
comportamentos não-econômicos (decisões judiciais, criminalidade, vida familiar, etc)
para analisá-los economicamente, de forma a remover dessa chave analítica princípios
de proteção universal, de dignidade humana, de cooperação social, de empatia e de
solidariedade (CAMARGO; DANIEL, 2021) (CAMARGO; LIMA; HIRATA, 2021);

• como os produtores de informações quantitativas por meio da jurimetria podem


aumentar sua credibilidade técnico-científica e legitimidade político-social ao reco-
nhecerem - e refletirem sobre - os efeitos e condicionantes advindos do uso dessa
ferramenta nada imparcial (CAMARGO; LIMA; HIRATA, 2021).
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2 Delimitação do tema

A abordagem dessa pesquisa ao campo do conhecimento da quantificação, onde


diferentes saberes se cruzam, gira em torno de um estudo das relações da sociologia da
quantificação com a jurimetria visando a melhor compreender os impactos político-sociais
que a quantificação aplicada ao Direito pode causar numa sociedade, chegando-se, assim,
ao seguinte tema: ESTUDO DA JURIMETRIA NUMA ABORDAGEM SOCIOLÓGICA
DA QUANTIFICAÇÃO.
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3 Problema de pesquisa

Como compreender as principais propostas da jurimetria a partir das categorias e


debates da sociologia da quantificação?
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4 Justificativa

A importância deste trabalho está em preencher uma lacuna na literatura acadêmica


em relação a como resultados de discussões acerca da quantificação como objeto de estudo
da sociologia podem ser utilizados para compreender propostas que quantificam fenômenos
jurídicos, como a jurimetria.
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5 Objetivo geral

Compreender a jurimetria a partir de suas relações com a sociologia da quantificação.


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6 Objetivos específicos

• Contextualizar como o ato de quantificar tornou-se um expediente relevante para a


organização da sociedade e, portanto, para a sociologia como objeto a título próprio
de estudo.

• Descrever contornos gerais de abordagens quantitativas do Direito e, mais especifica-


mente, as principais propostas da jurimetria e seu impacto no Brasil e no mundo
visando a analisá-la a partir de contribuições da sociologia da quantificação.
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7 Metodologia

As ferramentas que serão utilizadas para atingir os objetivos deste estudo baseiam-
se em técnicas de revisão bibliográfica dos principais livros, bem como de artigos veiculados
em periódicos científicos, sobre quantificação, sociologia da quantificação, análise econômica
do Direito, teoria das origens jurídicas, análise jurídica da política econômica, Law &
Finance e jurimetria, enfatizando as publicações apresentadas nos últimos quinze anos.
Essas técnicas são (1) a utilização de serviços de indexação de citações, que oferecem
índices de citações entre publicações e mecanismos para estabelecer quais documentos citam
quais outros documentos e (2) o método de seguir trilhas bibliográficas que, conjuntamente,
permitirão a construção de uma rica rede de fontes que sustentarão este estudo por meio
de sua análise através de abordagens dialéticas e hermenêuticas (BOOTH et al., 2003).
O primeiro capítulo contextualizará como o ato de quantificar tornou-se um ex-
pediente relevante para a organização da sociedade e, portanto, para a sociologia como
objeto a título próprio de estudo. Também mostrará como o campo do conhecimento da
quantificação emergiu e como este foi valorizado distintamente de acordo com o tipo de
Estado. Por fim, descreverá os principais debates no campo da sociologia da quantificação
por meio da análise das obras de Sartore (2012), Camargo, Lima e Hirata (2021), Desrosiè-
res (2014), Hacking, Hacking et al. (1999), Camargo e Daniel (2021), Desrosières (2013),
Berman e Hirschman (2018), Didier e Tasset (2013), Fioramonti (2014), Desrosières (1998)
e Desrosières (2003).
Já o segundo capítulo descreverá contornos gerais de abordagens quantitativas do
Direito e, mais especificamente, as principais propostas da jurimetria e seu impacto no Brasil
e no mundo visando a analisá-la a partir de contribuições da sociologia da quantificação.
Também mostrará a ascensão e difusão da jurimetria, com foco internacional, por meio da
análise da formação do periódico Jurimetrics. Por fim, apontará as penetrações acadêmicas
e práticas da jurimetria e suas consequências na sociedade. Para tanto, serão consultadas
as obras de Amariles (2015), Ferreira (2016), Loevinger (1963), Nunes (2016), Teles (2012)
e Maia e Bezerra (2020).
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8 Estrutura dos capítulos

1. A quantificação como objeto da sociologia

1.1. A ascensão dos números nos assuntos de Estado


1.2. Principais vertentes da sociologia da quantificação

2. O Direito como objeto da quantificação

2.1. Abordagens quantitativas no Direito


2.2. Jurimetria: contornos gerais e principais propostas
2.3. A ascensão da jurimetria
2.4. A jurimetria no Brasil
2.5. A jurimetria sob a ótica da sociologia da quantificação
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9 Cronograma

O rascunho do primeiro capítulo será entregue para considerações do orientador


entre a terceira e quarta semanas de junho de 2022. Sua redação final será apresentada até
o final do semestre letivo, a saber, 09 de julho de 2022. Já o rascunho do segundo capítulo
será entregue ao orientador no início de outubro de 2022 e a redação final completa do
trabalho de conclusão de curso será apresentada até o início de novembro de 2022.
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Referências

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Taylor & Francis, 2015. 9–21 p. Citado na página 12.

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[S.l.]: SAGE Publications Sage CA: Los Angeles, CA, 2018. Citado 2 vezes nas páginas 5
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Citado na página 12.

CAMARGO, A. d. P. R.; DANIEL, C. Os estudos sociais da quantificação e suas


implicações na sociologia. Sociologias, SciELO Brasil, v. 23, p. 42–81, 2021. Citado 5
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CAMARGO, A. d. P. R.; LIMA, R. S. d.; HIRATA, D. V. Quantificação, estado e


participação social: potenciais heurísticos de um campo emergente. Sociologias, SciELO
Brasil, v. 23, p. 20–40, 2021. Citado 4 vezes nas páginas 4, 5, 6 e 12.

DANIEL, C. Números públicos: Las estadísticas en Argentina (1990-2010). [S.l.]: Fondo


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DESROSIÈRES, A. The politics of large numbers: A history of statistical reasoning. [S.l.]:


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DESROSIÈRES, A. Pour une sociologie historique de la quantification: L’argument


statistique I. [S.l.]: Presses des Mines via OpenEdition, 2013. Citado 2 vezes nas páginas
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DESROSIÈRES, A. Statistics and social critique. Partecipazione e conflitto, v. 7, n. 2, p.


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DIDIER, E. Society for the Social Studies of Quantification (SSSQ). [S.l.]: Disponível
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07/06/2022., 2022. Citado na página 2.

DIDIER, E.; TASSET, C. Pour un statactivisme. la quantification comme instrument


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123–140, 2013. Citado 2 vezes nas páginas 5 e 12.

EHRLICH, E. Fundamentos da sociologia do direito. [S.l.]: Universidade de Brasilia, 1986.


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FERREIRA, H. L. P. Direito, política econômica e globalização: formação de um debate.


2016. Citado na página 12.
Referências 16

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university press, 1999. Citado na página 12.

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<https://abj.org.br/conteudo/jurimetria/>. Acesso em 01/06/2022., 2022. Ci-
tado 2 vezes nas páginas 2 e 3.

KLINK, P. van et al. Facts and norms: the unfinished debate between eugen ehrlich and
hans kelsen. Available at SSRN 980957, 2006. Citado na página 4.

LOEVINGER, L. Jurimetrics: The methodology of legal inquiry. Law and contemporary


problems, JSTOR, v. 28, n. 1, p. 5–35, 1963. Citado na página 12.

MAIA, M.; BEZERRA, C. A. Análise bibliométrica dos artigos científicos de jurimetria


publicados no brasil. RDBCI: Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação,
v. 18, p. e020018–e020018, 2020. Citado na página 12.

MENNICKEN, A.; ESPELAND, W. N. What’s new with numbers? sociological


approaches to the study of quantification. Annual Review of Sociology, v. 45, p. 223–245,
2019. Citado na página 6.

NUNES, M. G. Jurimetria: como a estatística pode reinventar o direito. São Paulo:


Revista dos Tribunais, 2016. Citado 5 vezes nas páginas 2, 3, 4, 5 e 12.

SARTORE, M. d. S. Estado, mercado e índices de sustentabilidade. Sociedade e Estado,


SciELO Brasil, v. 27, n. 3, p. 631–651, 2012. Citado na página 12.

TELES, S. M. The rise of the conservative legal movement. In: The Rise of the
Conservative Legal Movement. [S.l.]: Princeton University Press, 2012. Citado na página
12.
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1 A quantificação como objeto da sociologia

Aparentemente os significados dos termos classificação e categorização são parecidos.


Remetem à organização de grandes quantidades de dados em formas mais simples de serem
compreendidas e manipuladas pelas pessoas. Todavia, sua diferenciação é importante,
principalmente para as ciências sociais em que o termo classe denota também grupos
sociais, diferentemente do termo categoria que não possui essa forte relação semântica com
entidades sociais. Categorizar enfatiza, então, a atribuição de uma entidade (indivíduo,
fenômeno, objeto etc.) a uma categoria, e classificar enfatiza não só esse processo como
também o de valorar uma entidade relacionando-a a uma classe (DIAZ-BONE, 2016).
Para exemplificar, no século XX, Desrosières precisou estudar de forma empírica e
reflexiva, sob um viés estatístico, as categorias socioprofissionais da França. Ele verificou
que, no processo de coleta de dados da população, várias profissões diferentes apareciam
como declarações dos entrevistados e o estatístico deveria atribuir essas declarações a uma
quantidade certa de categorias que evidenciassem grupos socialmente homogêneos. Desro-
sières então mostrou que essa homogeneidade baseava-se na suposição de que havia uma
certa afinidade entre as pessoas de uma mesma categoria e que o registro da nomenclatura
desta evidenciava o estado das lutas de classes (SOUSA, 2017).
Então, os resultados desse estudo de Desrosières demonstraram (1) que as nomen-
claturas registradas eram consensos entre princípios de classificação lógica que pretendiam
ter valor para toda a sociedade e arranjos das tipologias de profissões induzidas a partir
da realidade social do trabalho, e (2) a mácula desses consensos pela falsa pretensão dos
princípios de classificação lógica de ter valor para todos quando, na realidade, somente um
restrito grupo de categorias capitalizava tal valor já que tais princípios eram influenciados
pelas determinações históricas orientadas das lutas de classes e das deformações advindas
da posição que o estatístico ocupava no espaço social (SOUSA, 2017).
Do ponto de vista do estatístico, seu trabalho de classificação de entidades referenciava-
se na atual configuração das relações de poder em que encontrava-se imerso de forma que
as externalidades do seu ofício já possuíam expectativas determinadas pelos detentores do
poder local. Todavia, pela seu protagonismo no processo de quantificação, o estatístico
conseguia deformar um pouco essas externalidades apresentando classificações que se
conformavam às expectativas formais dos grupos dominantes de fabricação de categorias
estáveis de representação realista e coerente do mundo e às expectativas sociais, não
só dos poderosos como também do estatístico, de serem representados e estabelecidos
como convenções em estatísticas oficiais de seus governos locais (SALAIS, 2016). Essa
expectativa social na verdade era comum a vários grupos sociais, que aspiravam a uma
Capítulo 1. A quantificação como objeto da sociologia 3

legitimação como membros da sociedade local que os tornaria virtuosos e governáveis,


visíveis a políticas públicas de proteção social (CAMARGO, 2022) (DIAZ-BONE, 2016).

1.1 A ascensão dos números nos assuntos de Estado


A gestão de grupos sociais por meio de números pelo Estado orienta-se pela sua
participação na construção de espaços de equivalências cognitivas que visam a melhorar
sua capacidade de governança de sociedades ao produzirem informações que auxiliam na
descrição, administração e transformação desses grupos por meio da criação de instrumentos
para a ação pública (SOUSA, 2017).
Segundo Desrosières, os espaços de equivalências cognitivas são delimitados e
estruturados historicamente e determinam o escopo político e geográfico de categorias e
classificações, que podem ser utilizadas como referência para debates e discussões (DIDIER,
2016) (HIRATA; GRILLO; DIRK, 2021).
Essas características que intrincam esses espaços e a quantificação são sintetizadas
em uma lógica implícita - denominada princípio de equivalência - sob a qual categorias
e classificações baseiam suas dimensões reais e suas dimensões socialmente construídas,
evidenciando como a quantificação é criada e cria o mundo (DIAZ-BONE, 2016) (HIRATA;
GRILLO; DIRK, 2021).
O realce dessa dupla dimensão das categorias na estatística foi uma das inovações
mais radicais de Desrosières sobre a quantificação (sendo uma das pedras angulares de sua
sociologia - a sociologia da quantificação - que apresenta forte embasamento histórico) e sua
compreensão consiste na oscilação simultânea entre seus polos opostos e complementares,
a saber, o convencional e o real, que resultam da necessidade que, em processos de
quantificação, mensurações de entidades têm de serem precedidas por convenções acerca
dessas mesmas entidades (CAMARGO, 2022).
Essa perspectiva de Desrosières acerca dos procedimentos de recurso aos números
para compreender aspectos do mundo elucidou que esses instrumentos buscam legitimidade
na ciência e no Estado visando a servir de (1) prova numérica indiscutível para descrever a
realidade e (2) de ferramenta de governo para sua ação sobre essa realidade (ENCREVÉ;
LAGRAVE, 2005) (CAMARGO; DANIEL, 2021).
A utilização da quantificação pelo Estado como ferramenta de governo ocorre por
meio da fixação de equivalências, sob a lógica de princípios de equivalência, nos espaços de
equivalências cognitivas na forma de categorias e classificações (HIRATA; GRILLO; DIRK,
2021). Essa ênfase do termo equivalência nesses conceitos deve-se à linguagem específica
da quantificação que permite comparações, transferências, agregações e manipulações
estandardizadas por cálculos matemáticos (SOUSA, 2017).
Capítulo 1. A quantificação como objeto da sociologia 4

Entretanto, diferentemente da aritmética, na quantificação esses cálculos não


envolvem somente números, mas também pessoas, respostas a questionários ou qualquer
outra entidade do mundo. Isso se dá por meio da criação de regras de convenção - que tentam
pegar emprestadas das ciências naturais seus formatos a fim de serem mais facilmente
reconhecidas como objetivas e incontroversas - para atribuir entidades, consideradas
equivalentes entre si, a categorias de padronização (SALAIS, 2016). Um exemplo seria
um dos slogans do século XIX sobre igualdade, a saber, Um homem, um voto., em que
as mulheres foram excluídas pelas regras de convenção da época acerca de quem poderia
compor a categoria eleitor (DESROSIÈRES, 2014).
O exemplo supracitado também mostra alguns efeitos do uso da quantificação como
instrumento de governo, a saber, a sustentação de distinções sociais opressivas. Todavia, os
efeitos de processos de quantificação não se vinculam a determinados grupos sociais (DIAZ-
BONE; DIDIER, 2016). Esses efeitos esparramam-se por toda sociedade e podem servir
aos interesses de qualquer classe social, pois sua ressignificação é possível conforme atores,
em eventuais situações, são capazes de analisar criticamente os espaços de equivalências
cognitivas para questionar o escopo político e geográfico de certas classificações a fim de
denunciar sua construção pelas classes dominantes e utilização como referência para a
atuação do Estado no espaço social (CAMARGO, 2022). Assim, a quantificação também
pode servir como instrumento de emancipação e resistência contra a opressão e a injustiça
social quando permite o questionamento e a desconstrução de equivalências fixadas,
possibilitando a fixação de novas (HIRATA; GRILLO; DIRK, 2021).
Uma dessas situações que podem favorecer a discutibilidade da quantificação como
prova numérica e ferramenta de governo é quando as temporalidades de classificações no
espaço público deixam de corresponder às temporalidades sociais (SALAIS, 2016). Isso
pode ocorrer devido à característica das estatísticas públicas de redução, em formatos
simplificados, das lutas sociais históricas do momento de sua elaboração por meio de cadeias
longas, complexas e frequentemente opacas de mediações que resultam em categorias difíceis
de serem desconstruídas e alteradas (DESROSIÈRES, 2014). Assim, esse resultado da
apuração da sociedade sobre si mesma em quantificações estáveis e duradouras pode,
eventualmente, ser tão discrepante em relação à atual configuração das relações sociais que
o viés de opressão e dominação de suas regras de equivalência se torne evidente até para
aqueles que não possuem um olhar sociológico mais treinado, facilitando a mobilização
social para seu questionamento e denúncia de injustiças.
Outra situação seria a própria emancipação sociológica de grupos sociais acerca
da compreensão das estatísticas públicas como provas indiscutíveis sobre a realidade em
que vivem visando a capacitá-los a compreendê-las de forma crítica e reflexiva enquanto
construtos sociais umbilicalmente ligados ao poder, rompendo com pressupostos do senso
comum de que tais números são fatos objetivos, ou seja, autossuficientes como verdades
Capítulo 1. A quantificação como objeto da sociologia 5

universais incontestáveis em qualquer argumentação ou debate.


Fatos objetivos possuem como característica sua desvinculação (1) de debates ideo-
lógicos e controvérsias teóricas turbulentas, (2) do próprio contexto em que foi observado,
bem como (3) das especificidades de metodologias de observação próprias de alguma
disciplina do conhecimento (SALAIS, 2016).
Ante ao exposto, nota-se que tal grau de objetividade é inexequível nos processos
de quantificação, todavia isso não significa que estes devem ser condenados e evitados pelas
ciências, pois são processos que proveem alto poder analítico a seus usuários, devendo os
cientistas, então, principalmente os sociais, buscarem formas mais justas de quantificação
a fim de aumentarem a legitimidade de seus usos na sociedade (LOWREY; BROUSSARD;
SHERRILL, 2019).

1.2 Justiça, direito e quantificação


Uma das relações que a quantificação pode ter com a justiça social é por meio de
tentativas em estabelecer certo grau de objetividade ao buscar equidade de tratamento
e imparcialidade nos processos de quantificação de indivíduos, garantindo, ainda que
instrumentalmente, certa noção de justiça. Mesmo assim, essa objetividade processual não
impede que relações de poder possam manipular tais construtos para influenciar vontades
e comportamentos (SALAIS, 2016).
Ainda que tal noção possa ser encontrada na quantificação, isso não significa que
será necessariamente buscada por seus criadores, mesmo que sejam operadores do direito
que, em tese, deveriam visar à efetivação da justiça (SALAIS, 2016). O exemplo a seguir
evidencia (1) como esses operadores, em discussões sobre a escolha de regras de equivalência
para definir categorias e de seus métodos de observação, são influenciados pela ideologia
dominante do momento e (2) como tais categorias podem ganhar autonomia em relação a
suas regras fundantes.
Nos Estados Unidos, no final do século XX, havia um movimento político de juristas
que buscava eliminar grandes disparidades, que aconteciam até mesmo em crimes muito
similares, nas sentenças de juízes visando a obter uma uniformidade maior destas.
Em 1984 legislações aprovadas implementaram normas destinadas a padronizar
sentenças criminais a fim de limitar a discricionariedade judicial. Para tanto, um dos
principais instrumentos criados foi a tabela de determinação da pena que consistia em
(1) um eixo vertical em que distribuíam-se crimes em ordem crescente de gravidade e
(2) um eixo horizontal em que distribuíam-se os antecedentes criminais do réu. A pena
resultaria da combinação das duas variáveis por meio da interseção dos dois eixos, onde o
juiz encontraria a correta sentença.
Capítulo 1. A quantificação como objeto da sociologia 6

Essa tabela adveio de regras determinadas pelo sistema de diretrizes de sentença,


um manual de mais de duas mil páginas que era constantemente revisado.
Após vinte anos de experiência, os juristas estadunidenses chegaram ao consenso
de que a aplicação obrigatória de um sistema de diretrizes de sentença foi um fracasso pois
a sentenciação mecânica era muito trabalhosa na prática, e a ignorância das idiossincrasias
dos casos concretos frequentemente produzia sentenças irracionais e injustas, a exemplo da
sentença por posse de cocaína em que sua severidade atrelava-se ao peso desse narcótico
de forma que a cocaína em pedra, vulgo crack, por ser mais pesada do que em pó - por
conta de substâncias à base de água para ligação química -, implicava penas mais longas.
Ademais, essa experiência mostrou que, em vez de eliminar a discricionariedade, o sistema
de diretrizes de sentença somente a realocou em novos espaços menos visíveis, a saber,
dos tribunais para os gabinetes de promotores e dos juízes para oficiais de condicional
(ESPELAND; STEVENS, 2008).
Os resultados dessas legislações, com o tempo, foram tão contestados que macularam
a legitimidade do sistema judiciário a ponto da suprema corte dos Estados Unidos decidir
que a utilização do sistema de diretrizes de sentença não seria mais obrigatória, que esse
manual passaria a ter caráter consultivo.
Então, nesse exemplo, mostrou-se (1) como categorias, com o passar do tempo,
podem ter suas compreensões alteradas de forma a não mais evidenciarem suas regras
fundantes, adquirindo uma autonomia que permite sua eventual manipulação e (2) como a
influência da ideologia neoliberal dominante perigosamente submeteu o sistema judiciário
e a sociedade estadunidense à ordem do cálculo, permitindo a reificação de pessoas por
meio de seu histórico criminal de forma a admitir a quantificação como norma para seu
julgamento e como instrumento de seu controle social (SOUZA, 2019).
A governança por meio da quantificação enxerga a diversidade de práticas sociais
sob a ótica de uma pretensa objetividade - que no melhor dos casos garante uma justiça
instrumental - visando a cifrar o mundo em representações padronizadas desconectadas de
experiências individuais de forma a desconsiderar eventuais iniquidades de tratamento da
pessoa humana nos processos de quantificação que, frequentemente, são opacos em relação
às suas regras de elaboração, observação e interpretação dos números (SOUZA, 2019).
Dessarte, essa falta de transparência dificulta a contestação desses instrumentos de
governança por aqueles que entenderam que sofreram algum desrespeito à sua dignidade,
prejudicando, assim, a legitimidade de instituições governamentais que não reconhecem
que os indivíduos são seres sociais conectados a redes de associações e atividades que
compõem suas experiências subjetivas de mundo e que permitem sua emancipação ao
potencializarem a capacidade de criticar processos de quantificação inadequados aos seus
valores no momento, implicando em cada vez menos reconhecimento desses processos e
dessas instituições pela sociedade (SALAIS, 2016).
Capítulo 1. A quantificação como objeto da sociologia 7

Essas críticas também podem se amparar no direito, buscando que este imponha a
efetivação de princípios fundamentais - como do respeito à dignidade da pessoa humana -
a fim de cumprir seu fim último, a saber, realizar a justiça social (HENRIQUES, 2018).
Interessante que essa ideia de justiça - ou do próprio direito -, segundo a ideologia dominante
atual, pode ser mais bem apresentada e compreendida por meio de sua quantificação,
ferramenta esta já consolidada como produtora de conhecimentos em diversos campos como
na economia, administração, educação e sociologia (ESPELAND; STEVENS, 2008). Mais
interessante ainda é como este último campo questionou a quantificação como instrumento
e apropriou-se dela como seu objeto de estudo, analisando-a como fenômeno sociológico e
produzindo subsídios para a investigação das relações de poder que números podem criar
em várias outras áreas da vida humana. Nesse ensejo, o próximo capítulo inspecionará as
relações da quantificação com o direito.
8

Referências

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SciELO Brasil, v. 65, 2022. Citado 2 vezes nas páginas 3 e 4.

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DIDIER, E. Alain desrosières and the parisian flock. social studies of quantification in
france since the 1970s. Historical Social Research/Historische Sozialforschung, JSTOR, p.
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Sociology/Archives Européennes de Sociologie, Cambridge University Press, v. 49, n. 3, p.
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HENRIQUES, J. C. Direito e justiça na jusfenomenologia de gerhart husserl. Universidade


Federal de Minas Gerais, 2018. Citado na página 7.

HIRATA, D. V.; GRILLO, C. C.; DIRK, R. C. Operações policiais no rio de janeiro


(2006-2020). da lacuna estatística ao ativismo de dados. Runa, SciELO Argentina, v. 42,
n. 1, p. 65–82, 2021. Citado 2 vezes nas páginas 3 e 4.

LOWREY, W.; BROUSSARD, R.; SHERRILL, L. A. Data journalism and black-boxed


data sets. Newspaper Research Journal, SAGE Publications Sage CA: Los Angeles, CA,
v. 40, n. 1, p. 69–82, 2019. Citado na página 5.

SALAIS, R. Quantification and objectivity. from statistical conventions to social


conventions. Historical Social Research/Historische Sozialforschung, JSTOR, p. 118–134,
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SOUSA, A. P. d. A sociologia da quantificação de alain desrosières: novos modos de


dominação, de gestão e de governança neoliberal. In: Anais do 18º Congresso Brasileiro
de Sociologia, Brasília. [S.l.: s.n.], 2017. Citado 2 vezes nas páginas 2 e 3.
Referências 9

SOUZA, A. P. de. A sociologia jurídica e quantificação em alain supiot. Ciências Sociais


Unisinos, v. 55, n. 2, p. 260–264, 2019. Citado na página 6.
SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE JATAÍ
UNIDADE ACADÊMICA ESPECIAL DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
CURSO DE DIREITO
Trabalho de Conclusão de Curso

TERMO DE AUTORIZAÇÃO

Autorizo meu orientando MARIO SEIXAS SALES, matrícula 202000066 a:

(X) entregar o Projeto de Pesquisa (TCC I)

( ) depositar o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC II)

Jataí-GO, 04/06/2022.

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Orientador: HUGO LUIS PENA FERREIRA

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