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Sociologia Jurídica - 1º período – Prof.

ª Tânia Danielle Vieira Neto

APOSTILA DE SOCIOLOGIA JURÍDICA


TÓPICO 1 - AS RELAÇÕES ENTRE O DIREITO E A SOCIOLOGIA

Qual o papel da Sociologia Jurídica no curso de Direito?


A Sociologia Jurídica desempenha um papel crucial no entendimento e na análise do Direito, proporcionando
uma visão abrangente e crítica das relações entre normas jurídicas, instituições legais e a sociedade como um
todo. Sua importância no campo do Direito vai além das tradicionais disciplinas jurídicas, enriquecendo a
formação do estudante e do profissional do Direito de várias maneiras. Abaixo estão alguns pontos que
destacam a relevância da Sociologia Jurídica no contexto do Direito:

1. Contextualização Social do Direito:


- A Sociologia Jurídica permite que os juristas compreendam como as normas legais são influenciadas por
fatores sociais, culturais, políticos e econômicos. Ela destaca que o Direito não é um conjunto isolado de
regras, mas está intrinsecamente ligado à realidade social.
2. Análise Crítica das Instituições Jurídicas:
- Ao adotar uma abordagem sociológica, os estudiosos do Direito são capacitados a analisar criticamente as
instituições jurídicas, como tribunais, legislativos e sistemas judiciais. Isso permite identificar potenciais
injustiças, desigualdades e falhas no sistema legal.
3. Compreensão das Dinâmicas Sociais e Jurídicas:
- A Sociologia Jurídica proporciona uma compreensão mais profunda das relações entre o Direito e as
mudanças sociais. Isso inclui a análise de como novos valores, tecnologias e movimentos sociais impactam a
legislação e a interpretação judicial.
4. Desenvolvimento da Consciência Social do Jurista:
- Ao estudar Sociologia Jurídica, os futuros profissionais do Direito são incentivados a desenvolver uma
consciência social aguçada. Isso implica reconhecer as diferentes realidades e perspectivas presentes na
sociedade, promovendo uma prática jurídica mais sensível e justa.
5. Adaptação às Mudanças Sociais:
- A dinâmica social está em constante evolução, e a Sociologia Jurídica capacita os juristas a se adaptarem
a essas mudanças. Isso é essencial para garantir que o Direito continue a ser relevante e eficaz em face das
transformações sociais.
6. Contribuição para a Interdisciplinaridade:
- Ao integrar a Sociologia Jurídica no currículo jurídico, promove-se a interdisciplinaridade. Isso enriquece
a formação do estudante, proporcionando uma compreensão mais holística das questões legais.
Em resumo, a Sociologia Jurídica desafia a visão convencional do Direito como um conjunto estático de
regras, incentivando uma abordagem mais dinâmica e contextualizada. Sua importância reside na capacidade

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de enriquecer a formação do profissional do Direito, promovendo uma prática jurídica mais consciente,
adaptável e alinhada com as complexidades da sociedade contemporânea.

Qual a relevância de compreender o papel da sociedade na formação e aplicação do Direito.


Compreender o papel da sociedade na formação e aplicação do Direito é essencial para construir um sistema
jurídico que seja verdadeiramente justo, adaptável e alinhado com as necessidades e valores da comunidade.
A interação entre o Direito e a sociedade é intrínseca, e destacar essa relação é crucial por diversas razões:
1. Reflexo dos Valores Sociais:
- O Direito não surge em um vácuo, mas é moldado pelos valores, crenças e ética da sociedade em que está
inserido. Compreender essa interação permite que juristas e legisladores reconheçam como as normas jurídicas
refletem e moldam as aspirações e convicções da comunidade.
2. Legitimidade e Aceitação Social:
- Um sistema jurídico eficaz requer não apenas a existência de leis, mas também a aceitação e legitimação
por parte da sociedade. Ao compreender o contexto social, os responsáveis pela formulação e aplicação do
Direito podem promover normas que sejam amplamente aceitas, fortalecendo a autoridade do sistema legal.
3. Adaptação a Mudanças Sociais:
- A sociedade está em constante evolução, e o Direito deve acompanhar essas mudanças para manter sua
relevância. Compreender o papel da sociedade na formação do Direito capacita legisladores a adaptar e
reformar as leis para refletir as transformações sociais, promovendo um sistema mais justo e eficiente.
4. Participação Cidadã:
- Ao reconhecer a influência da sociedade na formação do Direito, abre-se espaço para uma maior
participação cidadã no processo legislativo. Isso promove uma democracia mais robusta, na qual os cidadãos
têm voz na criação das normas que irão governar suas vidas.
5. Combate às Desigualdades Sociais:
- Entender como o Direito pode contribuir para a reprodução ou mitigação das desigualdades sociais é
fundamental. A análise sociológica permite identificar lacunas e injustiças no sistema legal, promovendo a
busca por soluções mais equitativas.
6. Antecipação de Conflitos:
- A compreensão do ambiente social ajuda na antecipação de possíveis conflitos legais. Isso permite que o
sistema jurídico seja proativo na prevenção de disputas e na promoção de soluções que estejam alinhadas com
as expectativas da sociedade.
7. Cultura Jurídica:
- A sociedade molda uma cultura jurídica que vai além das leis escritas, influenciando a percepção pública
sobre justiça, responsabilidade e ética. A compreensão dessa cultura é crucial para a aplicação efetiva do
Direito no cotidiano.

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Em síntese, compreender o papel da sociedade na formação e aplicação do Direito é um passo essencial para
construir um sistema jurídico que seja legitimado, justo e capaz de atender às necessidades dinâmicas de uma
comunidade em constante transformação. Essa compreensão não apenas fortalece a autoridade do sistema
legal, mas também promove uma maior coesão social e confiança na justiça.

Atividade: Questão Reflexiva:


"Considerando a interação dinâmica entre o Direito e a sociedade, reflita sobre como a compreensão profunda
do contexto social pode influenciar a formulação e aplicação das leis. Como essa compreensão pode contribuir
para a construção de um sistema jurídico mais justo e adaptado às necessidades em constante evolução da
comunidade? Além disso, como a falta de sensibilidade às nuances sociais pode resultar em lacunas ou
injustiças no sistema legal? Discuta exemplos práticos que ilustrem a importância de considerar o papel da
sociedade na concepção e implementação das normas jurídicas."
Sociologia e Direito: duas realidades inseparáveis
Andréa Lucas Sena de Castro

Existe um ramo da Sociologia Geral, denominado de Sociologia Jurídica que tenta perceber a relação
existente entre duas ciências de grande importância para a vida da sociedade, por tratarem das relações, dos
conflitos, das normas, do controle, enfim, de todas as ligações que possam surgir entre os indivíduos e que
necessite de um regulador.

A Sociologia, pode ser descrita como uma ciência positiva que estuda a formação, transformação e
desenvolvimento das sociedades humanas e seus fatores, econômicos, culturais, artísticos e religiosos, enfim
possui uma vasta acepção. Já o Direito pode ser vislumbrado como uma ciência normativa, que estabelece e
sistematiza as regras necessárias para assegurar o equilíbrio das funções do organismo social. Diante disto
percebe-se que é de fundamental importância o aprofundamento deste estudo e a percepção que se deve ter do
real sentido existente entre a Sociologia e o Direito, como ciências essenciais que o são.

As relações humanas no período helênico eram vistas ou como preceitos religiosos ou como teorias do direito.
Por exemplo, pensadores helênicos como Platão, que escreveu "A República" e Aristóteles, que escreveu "A
Política", foram os primeiros a sistematizar e a encarar os problemas sociais separadamente da religião, porém,
ligando-os à política e à economia. Santo Agostinho, que teve como obra "A cidade de Deus", apresentou
ideias e análises básicas para as modernas concepções jurídicas e até sociológicas.

Na Idade Média Europeia o cristianismo traçou regras de conduta que deveriam ser obedecidas, por ser este
dominante na época. Durante a Renascença surgiram obras que propunham normas entrosadas com a política
e a economia. No séc. XVIII, apareceram obras de grande valor no campo da política, economia e sociologia.

Portanto, percebe-se que houve sempre uma tentativa, com relação aos estudos sociológicos, de se analisar as
modificações que ocorreram na sociedade, seus conflitos e consequências. O objeto da Sociologia é
exatamente este, examinar os fenômenos coletivos, através de teorias e métodos próprios. Muitas teorias
surgiram para que se tivesse uma visão mais objetiva da sociedade, de sua formação, de sua estrutura, mas,
esta sofre mutações todos os dias e necessário se faz que a Sociologia seja bastante dinâmica para acompanhar
este processo. Esta ciência, que possui um objeto de estudo tão complexo, engloba em suas análises a relação
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existente entre a sociedade e as outras ciências, no que diz respeito às influências que estas acarretam para a
mesma e as transformações que geralmente ocorrem ao se correlacionarem.

O homem é um ser social por natureza, isto pode ser percebido ao se analisar a sua constituição física, que o
leva a relacionar-se com outro ser de sua espécie, para que este possa reproduzir-se, criando assim a base da
sociedade, que é a família. A partir desta ele irá começar a exercitar a sua sociabilidade iniciando suas
atividades em grupos sociais maiores, como o do seu bairro, o da escola e etc.

Ao ingressar na sociedade o indivíduo terá que adaptar-se às normas que a mesma impõe. Estas, podem ser
de acordo com a moral social ou com a lei, divergindo com relação ao tipo de conduta. O comportamento
considerado como um desvio de conduta terá sanções que podem ser repressivas, excludentes e se a infração
estiver prevista na lei, estas serão objeto do direito. Pode-se citar como exemplo um indivíduo que faça parte
de um grupo religioso e que venha a trair a sua esposa, o mesmo sofrerá uma sanção de repressão do grupo,
uma vez que este grupo social condena essa conduta, podendo o mesmo ser até expulso ou mesmo responder
a um processo judicial.

Diante disto, percebe-se que o homem durante toda a sua vida social irá submeter-se a regras, sejam estas
impostas por um grupo social ou pelo Estado. Daí surge a ligação entre a Sociologia e o Direito, que é expressa
desde a mais simples das relações sociais, podendo ser vislumbrada até mesmo num jogo entre crianças, onde
há regras a serem cumpridas para que não haja conflitos. Percebe-se, pois, que na sociedade existem vários
tipos distintos de grupos sociais e estes caracterizam-se basicamente pelas normas que impõem, e os
indivíduos escolhem o grupo do qual queiram participar de acordo com a doutrina de cada um, pois, se o
mesmo discorda das regras do grupo este será rapidamente banido. A moral de cada grupo é rigorosamente
respeitada, chegando a ter mais força do que a própria lei, inclusive o indivíduo que responde a um processo
judicial, seja ele criminal ou não, geralmente sofre discriminação pelo seu grupo social.

A sociedade possui vários modos de conduta coletiva, entre elas, a que mais se destaca são os usos e os
costumes. Recaséns distingue os usos dos costumes, estes exercendo uma simples pressão ou uma certa
obrigatoriedade, reservando a designação de hábitos sociais para os usos não normativos. Existem várias
teorias que tentam diferenciar as diversas normas existentes na sociedade, como o direito, a moral, as normas
de trato social, normas técnicas, religiosas, políticas, higiênicas e etc., porém, esta não é uma tarefa das mais
fáceis, pois, vários fatores influenciam nesta diferenciação, entre eles a própria convicção de cada grupo.

Para Recaséns a moral tem por sujeito o homem individual, e esta orienta no sentido de sua vida autêntica,
já o direito refere-se ao eu socializado, que procura regular no sentido que convenha à convivência humana
em dada sociedade. A sociologia do direito fala da moral coletiva como fato social e não da moral individual,
em que o indivíduo é o próprio legislador. O objeto da sociologia jurídica de Recaséns é o direito em sua
projeção de fato social. A sociologia jurídica é uma ciência generalizadora, ou seja, que procura elaborar leis
gerais sobre essa íntima relação entre sociedade e direito, cabendo a esta ciência estudar os processos sociais
que levam ao direito e os efeitos que o direito causa na sociedade.

A Sociologia Jurídica surge exatamente para perceber as consequências dos tipos de norma de conduta social
que são impostas pelos grupos sociais e estudá-las. Pode ser considerada, ainda, como o estudo do direito, este
comportando-se como um agente de controle de uma sociedade onde há conflitos entre os que possuem algo
e os que nada possuem. A Sociologia Jurídica é uma ciência muito jovem, estando, ainda, numa fase de
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discursar sobre problemas metodológicos. Para Gurvitch, os pensadores Aristóteles, Hobbes e Spinoza, são
os precursores da Sociologia Jurídica, mas é com Montesquieu, Maine e Durkheim que a Sociologia Jurídica,
se forma como ciência autônoma.

Pode-se compreender como conceito de Sociologia Jurídica, uma parte da Sociologia que percebe o Direito
como fenômeno social, ou sociocultural, estudando os fatores de sua transformação, desenvolvimento e
declínio. A Sociologia Jurídica possui como objetivo, ao estudar estes fatores, estabelecer ideias gerais obre a
genética do Direito, comparar e indicar as relações existentes entre o direito e as estruturas socioculturais, bem
como, explicar as bases das ideias e instituições jurídicas.

Portanto, nota-se que a Sociologia Jurídica não se desprende da Sociologia Geral por enfocar, sempre, a
consequência do direito na sociedade e desta no próprio direito.

A escola sociológica francesa, de Durkheim, aprofundou os seus estudos no fato de ser o direito dependente
da realidade social. Montesquieu, no séc. XVIII, já havia, antes desta escola, sustentado tal dependência,
chegando a encontrar na natureza das coisas, a fonte última do direito. Portanto, percebeu-se que da natureza
do agrupamento social depende a natureza do direito que a reflete e a rege. "Ubi societas, ibi jus": onde houver
sociedade haverá direito.

O direito possui como função primária pacificar os conflitos existentes na sociedade. Para Recaséns esta
ciência regula estes interesses conflitantes da seguinte forma: a) Classificando os interesses opostos em duas
categorias, a dos que merecem proteção e a dos que não merecem; b) Harmonização ou compromisso entre
interesses parcialmente opostos; c) Definindo os limites dentre os quais tais interesses devem ser reconhecidos
e protegidos, mediante princípios jurídicos que são congruentemente aplicados pela autoridade jurisdicional
ou administrativa, caso tais princípios não sejam aplicados espontaneamente pelos particulares; d)
Estabelecendo e estruturando uma série de órgãos para declarar as normas que servirão como critérios para
resolver tais conflitos de interesse, desenvolver e executar as normas, ditar normas individualizadas aplicando
as normas gerais aos casos concretos.

Destarte, a sociedade pode ser considerada como um conjunto de normas, ou seja, é uma ordem social
estabelecida por normas sociais, que são acompanhadas por sanções, para exercer o controle social.

No início da formação das sociedades surgiram necessidades de se condenar àqueles que infringiam alguma
regra. Esse sentimento de justiça ou vingança privada podia ser percebido quando um indivíduo que cometia
uma infração recebia uma pena proporcional ou maior do que o crime cometido. Esse primeiro instinto, podia
ser vislumbrado também diante de linchamentos que ocorriam e isso era bastante negativo para a sociedade e
necessitava ser regulado. Foi então surgindo a ideia do Direito positivo. Atualmente, a justiça popular, ou seja,
a de "pagar com a mesma moeda", pode ser compreendida, muitas vezes, como uma defesa da sociedade
diante da falha da polícia ou dos órgãos de defesa da população. Existe uma grande deficiência no sistema
judiciário, seja ela econômica, política ou social e esta crise reflete diretamente na sociedade que já não
deposita tanto crédito na justiça, por perceber a lentidão dos processos judiciais, a lotação dos presídios, a
falta de recursos para a polícia, enfim uma série de fatores que terminam prejudicando o setor judiciário. Essa
decadência é provocada, também, pelo esgotamento do Estado como sociedade politicamente organizada e
gerenciadora das atividades públicas e privadas. Isto está ocorrendo também em outros países.
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Sociologicamente, pode-se dizer que cada sociedade possui uma noção de direito e justiça e que mediante
estes conceitos é que se pode analisar as causas da deficiência do setor judiciário. Muitas vezes o que pode ser
considerado como crime grave no Brasil, não o é nos Estados Unidos. Mas ainda, alguns tipos de sociedade
acreditam que a justiça está relacionada com a paz social e se não existir um órgão jurisdicional competente
que efetive esse sentimento, para esta sociedade, o mesmo tornar-se-á falho. O sociólogo, pois procura analisar
as inter-relações, as qualidades contrastantes, enfim, tudo o que inicie um questionamento sobre o modo de
vida coletivo. Ou seja, ele se torna uma ligação entre a sociedade e o conhecimento científico.

A relação entre o direito e a sociologia deve ser sempre vista e analisada como uma reciprocidade, pois, é
difícil discursar sobre o ordenamento jurídico sem correlacioná-la com uma realidade social.

Diante do exposto percebeu-se que desde o surgimento da vida em sociedade sempre existiram regras e
costumes que disciplinavam a vida dos membros de uma sociedade. A convivência pacífica entre os povos
dependia de tratados e acordos que fixavam este relacionamento, o que já pode ser considerado com um avanço
do percurso da sociedade ao direito. Portanto, analisou-se que direito e sociedade coexistem, ou seja, não
haveria um se o outro não existisse. A sociologia e o Direito são ciências que se completam por estudarem
praticamente o mesmo objeto e possuírem idênticos questionamentos.

CASTRO, Andréa Lucas Sena de. Sociologia e Direito: duas realidades inseparáveis. Revista Jus Navigandi, ISSN
1518-4862, Teresina, ano 4, n. 28, 1 fev. 1999. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/39. Acesso em: 12 fev. 2023.

EXERCÍCIOS
1. Qual o objetivo do ramo da Sociologia Geral denominado Sociologia Jurídica?
2. Como a Sociologia é descrita no texto?
3. Como o Direito é caracterizado no texto?
4. Quais pensadores helênicos são mencionados no texto e como contribuíram para os estudos sociológicos e
jurídicos?
5. Qual é a relação entre o homem e as normas sociais ao ingressar na sociedade?
6. Qual é a função primária do Direito na sociedade, conforme mencionado no texto?
7. O que a Sociologia Jurídica busca estudar e como é definida no texto?
8. Quem são considerados precursores da Sociologia Jurídica, de acordo com Gurvitch?
9. Qual é a relação entre o Direito e a realidade social, conforme abordado pela escola sociológica francesa
de Durkheim?
10. Como a Sociologia Jurídica é caracterizada no texto em relação à Sociologia Geral?

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AS RELAÇÕES ENTRE O DIREITO E A SOCIOLOGIA

O DIREITO NOS CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA

O direito é um tema que tem sido abordado pelos clássicos da sociologia, desde suas origens. Entre os
principais autores que trataram do assunto, destacam-se Karl Marx, Émile Durkheim e Max Weber.

Para Marx, o direito é uma superestrutura que se origina das relações econômicas e sociais de produção de
uma determinada sociedade. Segundo ele, o direito é uma forma de controle social que visa manter a
dominação de classe e proteger os interesses da classe dominante. Para Marx, o direito é um instrumento de
repressão, utilizado pelo Estado para manter a ordem social e proteger os interesses da burguesia.

Já para Durkheim, o direito é um elemento fundamental da solidariedade social. Segundo ele, o direito é uma
expressão das crenças e valores coletivos que permitem que os indivíduos de uma sociedade compartilhem
um senso de identidade e pertencimento. Para Durkheim, o direito é um elemento integrador da sociedade,
que une as pessoas em torno de normas e valores comuns.

Por sua vez, Weber enfatiza a importância do direito como um sistema de regras formais e impessoais que
estabelecem os limites do poder e da autoridade. Para Weber, o direito é um elemento fundamental da
racionalização da sociedade, que estabelece regras claras e objetivas para a resolução de conflitos e para a
proteção dos direitos individuais.

Apesar de suas diferenças, os clássicos da sociologia concordam que o direito é um elemento central da vida
social e que desempenha um papel fundamental na organização e na regulação das relações sociais. Além
disso, eles enfatizam a importância de compreender o direito em seu contexto social e histórico, como uma
expressão das relações de poder e das condições materiais e culturais de uma determinada sociedade.

WEBER E OS TIPOS DE DOMINAÇÃO

Max Weber foi um sociólogo alemão do século XIX e início do XX, considerado um dos pais fundadores da
sociologia moderna. Entre suas muitas contribuições teóricas, destaca-se a teoria dos tipos de dominação.

Segundo Weber, existem três tipos puros de dominação: a dominação tradicional, a dominação carismática e
a dominação legal-racional. Cada tipo de dominação tem suas características próprias e pode ser encontrado
em diferentes contextos históricos e culturais.

A dominação tradicional é aquela em que o poder é exercido por pessoas que se baseiam em tradições,
costumes e valores estabelecidos ao longo do tempo. É uma forma de poder que é passada de geração em
geração e que é aceita e legitimada pelos membros da sociedade. Exemplos de dominação tradicional incluem
monarquias e reinos hereditários.

A dominação carismática é aquela em que o poder é exercido por pessoas que possuem uma personalidade
carismática, isto é, uma aura de autoridade e liderança que inspira seguidores. É uma forma de poder que é
baseada na devoção pessoal dos seguidores ao líder carismático. Exemplos de dominação carismática incluem
líderes religiosos, líderes políticos populares e líderes de movimentos sociais.
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Por fim, a dominação legal-racional é aquela em que o poder é exercido por pessoas que se baseiam em regras
e procedimentos legais, institucionais e burocráticos para exercer o controle. É uma forma de poder que é
aceita pelos membros da sociedade por meio de sua conformidade com a lei e as normas sociais estabelecidas.
Exemplos de dominação legal-racional incluem governos democráticos e empresas capitalistas.

Cada tipo de dominação tem suas vantagens e desvantagens, bem como suas implicações para a organização
social. Weber argumenta que a dominação legal-racional é a mais eficiente e racional, mas também pode ser
alienante e burocrática. Por outro lado, a dominação carismática pode ser inspiradora e transformadora, mas
também pode ser instável e imprevisível. A dominação tradicional pode fornecer estabilidade e continuidade,
mas também pode ser resistente à mudança e à inovação.

Assim, a teoria dos tipos de dominação de Weber é uma ferramenta útil para entender como o poder é exercido
nas sociedades humanas e como diferentes formas de poder afetam as relações sociais e políticas.

DURKHEIM E AS FORMAS ELEMENTARES DE ESTRUTURAÇÃO DA SOCIEDADE

Émile Durkheim foi um dos mais importantes sociólogos da história e um dos fundadores da sociologia
moderna. Durkheim dedicou-se a estudar a sociedade como um fenômeno coletivo e investigar as formas pelas
quais a sociedade se estrutura e se organiza. Em sua obra "As Formas Elementares de Vida Religiosa",
Durkheim propõe uma teoria sobre as formas elementares de estruturação da sociedade, a partir do estudo das
religiões primitivas.

Durkheim argumenta que as sociedades são estruturadas em torno de duas formas elementares: a solidariedade
mecânica e a solidariedade orgânica. A solidariedade mecânica é característica das sociedades mais simples e
primitivas, em que os indivíduos compartilham crenças, valores e costumes comuns. Nessa forma de
sociedade, as pessoas se identificam e se unem em torno de sua semelhança e da sua afinidade cultural.

Já a solidariedade orgânica é característica das sociedades mais complexas e desenvolvidas, em que os


indivíduos são interdependentes e complementares. Nesse tipo de sociedade, as pessoas se unem em torno de
sua divisão do trabalho e da interdependência econômica e social. Cada indivíduo tem um papel específico na
sociedade e é necessário para o funcionamento do todo.

Durkheim também destaca a importância da religião na estruturação da sociedade. Para ele, a religião é uma
expressão da solidariedade social e uma forma de criar e reforçar os laços sociais. A religião é um sistema de
crenças e valores que une os indivíduos em torno de um conjunto de normas e costumes, proporcionando um
senso de identidade e pertencimento.

Por fim, Durkheim argumenta que as formas elementares de estruturação da sociedade estão em constante
evolução e transformação, de acordo com as mudanças nas relações sociais, econômicas e culturais. A
sociedade moderna é caracterizada pela solidariedade orgânica, mas ainda possui traços da solidariedade
mecânica em alguns aspectos.

Assim, Durkheim nos apresenta uma teoria sobre as formas elementares de estruturação da sociedade, a partir
do estudo das religiões primitivas. Sua obra nos permite compreender como as sociedades se organizam e

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como as formas de solidariedade social evoluem ao longo do tempo e em diferentes contextos históricos e
culturais.

MARX E ENGELS: A IDEIA DE JUSTIÇA, A SOCIEDADE CIVIL E A IDEOLOGIA.

Karl Marx e Friedrich Engels são dois dos mais importantes pensadores da história da filosofia e da sociologia,
tendo influenciado profundamente o pensamento político e social dos séculos XIX e XX. Entre as principais
contribuições de Marx e Engels, destacam-se suas reflexões sobre a ideia de justiça, a sociedade civil e a
ideologia.

Para Marx e Engels, a ideia de justiça é um produto da luta de classes. Eles argumentam que, em uma sociedade
dividida em classes, a justiça é definida pelos interesses da classe dominante. A classe dominante impõe sua
visão de justiça sobre a sociedade como um todo, usando sua posição de poder para moldar as leis e as normas
sociais de acordo com seus interesses. Assim, a ideia de justiça é uma ilusão, que encobre as desigualdades e
a exploração que são inerentes ao sistema capitalista.

No que diz respeito à sociedade civil, Marx e Engels afirmam que ela é uma criação da classe dominante, que
busca controlar e gerir os assuntos da sociedade em benefício próprio. Para eles, a sociedade civil é um espaço
de conflito, em que as diferentes classes sociais lutam pelos seus interesses e pela sua sobrevivência. Na
sociedade civil, as relações sociais são mediadas pela troca de bens e serviços, o que leva à criação de uma
economia baseada na exploração da classe trabalhadora pela classe dominante.

Por fim, Marx e Engels discutem a ideologia, que para eles é um conjunto de ideias e valores que são usados
pela classe dominante para manter seu poder e controlar a sociedade. A ideologia é uma forma de encobrir as
desigualdades e a exploração que são inerentes ao sistema capitalista, apresentando-as como algo natural e
inevitável. Assim, a ideologia funciona como uma espécie de "falsa consciência", que impede os trabalhadores
de perceberem a verdadeira natureza das relações sociais e de se organizarem para lutar contra a exploração.

Em suma, Marx e Engels nos apresentam uma visão crítica da sociedade capitalista, em que a ideia de justiça
é uma ilusão, a sociedade civil é um espaço de conflito e exploração, e a ideologia é usada para manter a classe
dominante no poder. Suas reflexões continuam a ser relevantes para o estudo da sociedade e do pensamento
político e social contemporâneo.

ATIVIDADES AVALIATIVAS

1. Quais são os três tipos de dominação identificados por Weber?


2. Explique a dominação legal segundo Weber.
3. O que é a dominação tradicional, segundo Weber?
4. Explique a dominação carismática, segundo Weber.
5. Qual é a relação entre poder e dominação, segundo Weber?
6. Qual é o objeto de estudo da sociologia, segundo Durkheim?
7. O que são as formas elementares de estruturação da sociedade, de acordo com Durkheim?
8. O que é a solidariedade mecânica, segundo Durkheim?
9. O que é a solidariedade orgânica, segundo Durkheim?
10. Qual é a importância da divisão do trabalho na sociedade, segundo Durkheim?
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11. Como Marx define a ideia de justiça?


12. O que é a sociedade civil, segundo Marx?
13. O que é ideologia, segundo Marx e Engels?
14. O que significa a expressão "luta de classes" em Marx e Engels?
15. Qual é a crítica de Marx e Engels ao liberalismo e à democracia burguesa?

EXERCITANDO MAIS...

Construa um mapa mental usando os tópicos abaixo como sugestão:

 Tópico principal: O Direito nos Clássicos da Sociologia


 Subtópicos:
1. Émile Durkheim e o direito:
 Função do direito na sociedade: mantém a coesão social e regula as relações entre indivíduos
 Teoria da solidariedade social: mecânica e orgânica
 Direito como expressão da consciência coletiva
2. Max Weber e o direito:
 Dominação legal-racional e a importância do Estado na regulamentação do direito
 Relação entre direito e economia: importância da propriedade privada para o capitalismo
 Teoria dos tipos ideais
3. Karl Marx e Friedrich Engels e o direito:
 Direito como expressão das relações de poder existentes na sociedade
 Crítica à ideia de que o direito é uma construção universal e imutável
 A relação entre o direito e a luta de classes
4. Comparação entre os três autores:
 Principais pontos em comum e divergências sobre o papel do direito na sociedade
5. Conclusão:
 Síntese das principais ideias sobre o direito nos clássicos da Sociologia
 Importância do estudo desses pensadores para a compreensão do papel do direito na
sociedade moderna

SUGESTÕES PARA LEITURAS DE APROFUNDAMENTO:

1. Sociologia Jurídica: Direito nos Clássicos da Sociologia - https://sociologiajuridica.net/direito-nos-classicos-da-


sociologia/
2. O papel do direito na teoria dos clássicos da sociologia -
http://www.publicadireito.com.br/artigos/?cod=5f5ef5f62d5b71a5
3. O Direito na Sociologia de Émile Durkheim - https://www.politize.com.br/direito-na-sociologia-de-emile-durkheim/
4. O Direito na Teoria Social de Max Weber - https://www.politize.com.br/direito-na-teoria-social-de-max-weber/
5. Direito na Sociologia de Karl Marx e Friedrich Engels - https://www.politize.com.br/direito-na-sociologia-de-karl-marx-
e-friedrich-engels/

SUGESTÕES DE VÍDEOS PARA APROFUNDAMENTO DO TEMA:

1. "O Papel do Direito na Teoria Social de Max Weber" - Canal Sociologia Simples -
https://www.youtube.com/watch?v=OZLz6gULnaY
2. "O Direito em Émile Durkheim" - Canal Iluminismo Jurídico - https://www.youtube.com/watch?v=mBb5a_Yjtz0
3. "Marxismo e Direito: Uma Introdução" - Canal Escola de Marxismo -
https://www.youtube.com/watch?v=XpxvG2hAPe8
4. "O Direito em Michel Foucault" - Canal O Iluminado - https://www.youtube.com/watch?v=6gnW8ChZr2E
5. "Direito e Sociedade em Max Weber" - Canal História da Sociologia - https://www.youtube.com/watch?v=T5j5i5bnSlg
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TÓPICO 2 - TEORIA E MÉTODO NO ESTUDO DO DIREITO

SOCIOLOGIA CLÁSSICA E SOCIOLOGIA CONTEMPORÂNEA: ANÁLISE DE SEUS


FUNDAMENTOS E DIFERENÇAS

A Sociologia é uma ciência social que busca compreender a sociedade, suas estruturas e processos sociais. Ela
se divide em duas grandes correntes: a Sociologia Clássica e a Sociologia Contemporânea.

A Sociologia Clássica tem suas raízes no século XIX, com a obra de pensadores como Auguste Comte, Émile
Durkheim e Karl Marx. Esses autores desenvolveram teorias que buscavam explicar a sociedade industrial em
que viviam e as mudanças que ela estava passando na época. A Sociologia Clássica tinha como objetivo
principal descobrir as leis que governavam a sociedade e propor soluções para os problemas sociais da época.

Comte, considerado o fundador da Sociologia, defendia a ideia de que a sociedade passa por três fases:
teológica, metafísica e positiva, em que a ciência seria a responsável por conduzir a humanidade à sua terceira
fase, a positiva. Durkheim, por sua vez, defendia a ideia de que a sociedade era um organismo vivo, que se
mantinha unida por meio de valores e normas comuns. Marx, por sua vez, propunha uma análise crítica do
capitalismo e defendia a luta de classes como forma de transformar a sociedade.

Já a Sociologia Contemporânea tem suas raízes no século XX e se desenvolveu a partir de uma série de
mudanças sociais, políticas e culturais que ocorreram nesse período. Autores como Max Weber, Talcott
Parsons, Pierre Bourdieu e Anthony Giddens são considerados importantes representantes da Sociologia
Contemporânea.

A Sociologia Contemporânea é marcada pela diversidade de perspectivas e abordagens, que buscam


compreender a sociedade a partir de diferentes pontos de vista. Ao contrário da Sociologia Clássica, que
buscava descobrir leis universais que governavam a sociedade, a Sociologia Contemporânea busca
compreender a sociedade a partir de suas especificidades culturais e históricas.

Outra diferença significativa entre a Sociologia Clássica e a Sociologia Contemporânea é que a primeira se
preocupava mais em desenvolver teorias gerais, enquanto a segunda é mais voltada para a pesquisa empírica
e para a análise de casos concretos. Além disso, a Sociologia Contemporânea tem uma abordagem mais crítica
e reflexiva, que busca não apenas compreender a sociedade, mas também transformá-la.

PRÉ-MODERNIDADE, MODERNIDADE E CONTEMPORANEIDADE: O ENFOQUE


SOCIOLÓGICO

A pré-modernidade, a modernidade e a contemporaneidade são períodos históricos que se distinguem por


mudanças sociais, políticas e culturais significativas. Essas mudanças foram estudadas pela sociologia, que
busca entender a dinâmica da sociedade e suas transformações ao longo do tempo.

A pré-modernidade é caracterizada por uma estrutura social hierárquica, em que o poder era concentrado nas
mãos de poucos, e a maioria da população era composta por camponeses e servos. A religião era uma força
unificadora e dominante, e as instituições sociais eram baseadas em valores tradicionais. Nesse período, a vida
cotidiana era marcada pela falta de mobilidade social, e a maioria das pessoas nascia, vivia e morria no mesmo
lugar.

Com a modernidade, a sociedade passou por mudanças radicais, como o surgimento da ciência e da tecnologia,
a urbanização e a industrialização. A modernidade é caracterizada pela racionalização e pela busca pelo
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Sociologia Jurídica - 1º período – Prof.ª Tânia Danielle Vieira Neto

progresso e pela melhoria da vida humana. Nesse período, a religião perdeu sua centralidade na vida das
pessoas, e os valores tradicionais foram substituídos por uma cultura individualista e secular. A modernidade
também trouxe mudanças na estrutura social, com a ascensão da classe média e o surgimento da democracia.

Na contemporaneidade, a sociedade passa por transformações aceleradas, em que a tecnologia e a globalização


têm um papel central. A contemporaneidade é caracterizada pela diversidade cultural, pela fragmentação
social e pelo declínio do estado de bem-estar social. A economia globalizada gera desigualdades crescentes, e
os problemas ambientais se tornam cada vez mais urgentes. A vida cotidiana é marcada pela velocidade e pela
conectividade, e as novas tecnologias permitem uma interação mais fluida entre as pessoas e os objetos.

A sociologia tem como objetivo analisar essas mudanças históricas e entender como elas afetam as relações
sociais e culturais. Por meio de estudos sociológicos, é possível entender as transformações na estrutura social,
na cultura e na política, e as suas implicações para o indivíduo e para a sociedade como um todo. A sociologia
é uma ferramenta essencial para compreender as dinâmicas sociais e culturais das diferentes épocas e para
pensar as possibilidades e desafios do futuro.

SOCIOLOGIA APLICADA AO DIREITO E AS CRÍTICAS AO FORMALISMO JURÍDICO

A Sociologia aplicada ao Direito é uma área de estudo que busca compreender as relações entre a sociedade
e o sistema jurídico. Ela tem como objetivo analisar como as estruturas sociais influenciam o direito e como
o direito afeta a sociedade. A Sociologia aplicada ao Direito se preocupa em estudar como as normas e
instituições jurídicas são criadas, mantidas e aplicadas na prática.

Uma das críticas mais comuns ao sistema jurídico é o formalismo jurídico, que se refere à excessiva
valorização das regras e procedimentos formais em detrimento da justiça e da equidade. Segundo essa crítica,
o formalismo jurídico leva os juízes a tomarem decisões baseadas unicamente na letra da lei, sem levar em
conta as circunstâncias específicas do caso. Isso pode resultar em decisões injustas ou que não levam em conta
as nuances e complexidades da sociedade.

A Sociologia aplicada ao Direito tem como uma de suas principais contribuições a análise crítica do
formalismo jurídico. Ela busca entender como as estruturas sociais influenciam o sistema jurídico e como o
sistema jurídico, por sua vez, influencia a sociedade. Através desse estudo, a Sociologia aplicada ao Direito
busca propor mudanças no sistema jurídico que permitam uma maior justiça e equidade na aplicação das leis.

Uma das formas de combater o formalismo jurídico é através da adoção de uma abordagem sociológica do
direito, que se preocupa em entender as relações entre a sociedade e o sistema jurídico e em levar em conta as
circunstâncias específicas do caso. Isso pode ser feito através de uma análise mais aprofundada dos contextos
sociais em que as leis são aplicadas e através da adoção de uma abordagem mais flexível e aberta à
interpretação da lei.

EXEMPLOS DE CASOS CONCRETOS DE FORMALISMO JURÍDICO

Existem diversos exemplos de casos concretos em que o formalismo jurídico foi criticado por levar a decisões
injustas ou pouco adequadas à realidade social em que o caso ocorreu. Aqui estão alguns exemplos:

1. O caso da ré presa em flagrante por furto de comida: Em um caso julgado pelo Tribunal de Justiça de
Minas Gerais, uma mulher foi presa em flagrante por furto de comida em um supermercado. Apesar
de sua situação de pobreza e fome ter sido alegada em sua defesa, o juiz considerou apenas a questão
formal do furto e manteve a prisão preventiva da ré. A decisão foi amplamente criticada por
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desconsiderar as condições sociais que levaram à ação da ré e por priorizar a formalidade da lei em
detrimento da justiça social.
2. O caso da determinação de prisão após condenação em segunda instância: O Supremo Tribunal Federal
do Brasil já decidiu diversas vezes sobre a possibilidade de determinar a prisão após condenação em
segunda instância. A maioria dos ministros entende que essa medida é compatível com a Constituição,
mas há críticas ao formalismo jurídico dessa decisão, que desconsidera a realidade do sistema
judiciário brasileiro, em que os recursos podem levar anos para serem julgados, e pode levar à prisão
de pessoas inocentes ou com condenações injustas.
3. O caso da proibição do uso de tornozeleira eletrônica em presos provisórios: Em um caso julgado pelo
Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, um juiz proibiu o uso de tornozeleira eletrônica em presos
provisórios, argumentando que a medida só poderia ser aplicada a condenados definitivos. Essa
decisão foi criticada por desconsiderar a situação precária do sistema carcerário brasileiro e por
priorizar a formalidade da lei em detrimento da garantia dos direitos fundamentais dos presos.
4. O caso da lei de alienação parental: A Lei de Alienacão Parental, em vigor desde 2010 no Brasil, tem
como objetivo combater a alienação parental, que é a interferência na formação psicológica do filho
promovida por um dos genitores. Entretanto, há críticas de que a lei pode ser aplicada de forma
demasiadamente formalista, sem levar em conta as nuances das relações familiares e as circunstâncias
específicas do caso.
5. O caso da criminalização do porte de drogas para consumo próprio: A criminalização do porte de
drogas para consumo próprio no Brasil foi declarada inconstitucional em 2019 pelo Supremo Tribunal
Federal. A decisão foi tomada com base em argumentos que consideraram a proibição do porte para
consumo pessoal como uma violação aos direitos individuais e ao princípio da intimidade. Antes dessa
decisão, muitas pessoas foram condenadas e presas por porte de drogas para consumo próprio, mesmo
que não houvesse provas de que elas estivessem envolvidas com o tráfico de drogas.
6. O caso da redução da maioridade penal: A redução da maioridade penal é uma proposta que tem sido
debatida no Brasil há anos. Os defensores dessa medida argumentam que ela seria uma forma de punir
de forma mais efetiva os jovens que cometem crimes graves. Entretanto, há críticas de que a redução
da maioridade penal seria uma medida formalista, que desconsidera as causas estruturais da violência
e da criminalidade juvenil, e que poderia levar a decisões injustas e discriminatórias contra os jovens
mais vulneráveis.

COMO COMBATER O FORMALISMO JURÍDICO?

Combater o formalismo jurídico é um desafio complexo e multifacetado que envolve a adoção de medidas em
diversos níveis, desde a formação dos profissionais do Direito até a elaboração de políticas públicas mais
justas e efetivas. Aqui estão algumas possibilidades de ações para combater o formalismo jurídico:

1. Formação dos profissionais do Direito: É importante que os profissionais do Direito recebam uma
formação que inclua não apenas o conhecimento técnico-jurídico, mas também uma reflexão crítica
sobre o papel do Direito na sociedade. Isso implica em promover uma formação que contemple temas
como direitos humanos, justiça social, ética e cidadania.
2. Fortalecimento do diálogo interdisciplinar: Para combater o formalismo jurídico, é necessário que os
profissionais do Direito estejam abertos ao diálogo interdisciplinar com outras áreas do conhecimento,
como a sociologia, a psicologia, a antropologia e a economia, por exemplo. Dessa forma, é possível
ampliar a compreensão dos fenômenos jurídicos e considerar a realidade social em que as decisões são
tomadas.
3. Desenvolvimento de políticas públicas mais justas e efetivas: Para evitar que o formalismo jurídico se
traduza em decisões que desconsiderem as particularidades dos casos concretos, é importante que haja
o desenvolvimento de políticas públicas que considerem a realidade social em que as pessoas vivem.

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Isso implica em pensar em soluções que sejam sensíveis às questões sociais e que não se restrinjam à aplicação
formal da lei.
4. Participação da sociedade civil: É fundamental que a sociedade civil participe ativamente do debate sobre o
papel do Direito na sociedade e que exija a promoção de uma justiça mais acessível e sensível às necessidades
das pessoas. Nesse sentido, é importante a organização de movimentos sociais, a realização de campanhas de
conscientização e a busca por canais de participação cidadã na elaboração das políticas públicas.

EXERCÍCIOS

 Leia sobre o tema e responda às questões:

1. Quais são os principais representantes da Sociologia Clássica?


2. Qual foi a principal preocupação dos sociólogos clássicos?
3. Qual é a principal diferença entre a Sociologia Clássica e a Sociologia Contemporânea?
4. Quais são os principais temas abordados pela Sociologia Contemporânea?
5. Quais são alguns dos principais representantes da Sociologia Contemporânea?
6. O que é a pré-modernidade?
7. Quais são as principais características da modernidade?
8. Quais foram as principais mudanças sociais que ocorreram com o advento da modernidade?
9. O que é a contemporaneidade?
10. Quais são as principais críticas à modernidade e à contemporaneidade?

 Elabore um texto dissertativo sobre o tema: “O formalismo jurídico e seus impactos na justiça
brasileira”. Siga o esquema abaixo:

I. Introdução

 Apresentação do tema
 Contextualização da relevância do tema
 Apresentação da tese

II. Desenvolvimento

 Definição do formalismo jurídico


 Exposição dos impactos do formalismo jurídico na justiça brasileira
 Exemplos concretos de casos em que houve formalismo jurídico
 Análise crítica dos problemas decorrentes do formalismo jurídico

III. Medidas para combater o formalismo jurídico

 Fortalecimento da formação dos profissionais do Direito


 Desenvolvimento de políticas públicas mais justas e efetivas
 Ampliação do diálogo interdisciplinar
 Promoção da participação da sociedade civil no debate sobre a justiça brasileira

IV. Conclusão

 Recapitulação da tese e dos pontos abordados na redação


 Reflexão final sobre a importância de combater o formalismo jurídico na justiça brasileira
 Apresentação de uma proposta de ação para a solução do problema

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TÓPICO 3 - SOCIOLOGIA JURÍDICA, GLOBALIZAÇÃO E CONTEMPORANEIDADE

SOCIOLOGIA JURÍDICA, GLOBALIZAÇÃO E CONTEMPORANEIDADE

Sabe-se que a Sociologia Jurídica é uma área do conhecimento que busca compreender as relações entre a
sociedade e o direito. Ela se preocupa em investigar como as normas jurídicas são construídas e aplicadas na
vida social, considerando os aspectos culturais, políticos e econômicos envolvidos.

Com a globalização e a contemporaneidade, a Sociologia Jurídica ganha ainda mais relevância. A


globalização, entendida como um processo de intensificação das relações econômicas, políticas e culturais
entre países, tem impactado diretamente a produção e aplicação do direito. Isso ocorre porque as relações
econômicas e políticas entre os países demandam a criação de normas jurídicas que possam regulamentar
essas interações.

Além disso, a globalização também tem influenciado a forma como as normas jurídicas são aplicadas na vida
social. Com a expansão da comunicação e da tecnologia, as relações sociais têm se tornado cada vez mais
complexas e abrangentes, o que demanda novas abordagens jurídicas.

Nesse contexto, a Sociologia Jurídica é fundamental para entender os impactos da globalização na produção
e aplicação do direito. Ela pode ajudar a identificar as tendências e desafios enfrentados pelos sistemas
jurídicos contemporâneos, bem como a analisar as implicações sociais e políticas das decisões jurídicas.

Assim, a Sociologia Jurídica se torna uma ferramenta valiosa para a compreensão das mudanças e desafios
enfrentados pela sociedade contemporânea, permitindo uma reflexão crítica sobre o papel do direito na
construção de uma ordem social mais justa e igualitária.

IMPACTOS DA GLOBALIZAÇÃO NA VIDA SOCIAL

Veja como a globalização tem influenciado a vida social das pessoas de diversas formas, incluindo no âmbito
jurídico:

1. Direito do Consumidor: Com o aumento das relações comerciais entre países, o direito do consumidor
tem se tornado cada vez mais importante para proteger os consumidores de práticas abusivas por parte
das empresas. As normas jurídicas nacionais e internacionais que regulamentam a relação entre
consumidores e empresas são cada vez mais abrangentes e detalhadas.
2. Direito Ambiental: A globalização também tem levado a um aumento da preocupação com o meio
ambiente e com as questões relacionadas à sustentabilidade. As normas jurídicas que regulamentam a
exploração dos recursos naturais, a emissão de poluentes e outras questões ambientais têm se tornado
cada vez mais rigorosas, com o objetivo de garantir a preservação do meio ambiente para as gerações
futuras.
3. Direito do Trabalho: A globalização tem levado a uma intensificação das relações de trabalho, com
empresas cada vez mais presentes em diferentes países e com a contratação de trabalhadores de
diversas nacionalidades. As normas jurídicas que regulamentam as relações de trabalho têm se
adaptado a essa realidade, com a criação de normas internacionais que buscam garantir direitos
trabalhistas básicos em todo o mundo.
4. Direito Penal: A globalização tem levado a um aumento da criminalidade transnacional, com a atuação
de organizações criminosas que atuam em diferentes países. As normas jurídicas que regulamentam o
combate ao crime organizado e a cooperação internacional entre as autoridades policiais têm se tornado
cada vez mais importantes para garantir a segurança das pessoas e a proteção dos direitos humanos.
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5. Direito Internacional: A globalização tem levado a uma maior interdependência entre os países e a
necessidade de regulamentação das relações entre eles. O direito internacional tem se tornado cada vez
mais importante para garantir a paz e a segurança internacionais, bem como para regular as relações
comerciais e a cooperação em áreas como a educação, a saúde e a cultura. As normas jurídicas
internacionais têm se tornado cada vez mais complexas e abrangentes, com o objetivo de garantir a
justiça e a igualdade entre os países.

PREVALÊNCIA DA PAUTA ECONÔMICA SOBRE AS PAUTAS POLÍTICA, SOCIAL E


CULTURAL

A prevalência da pauta econômica sobre as pautas política, social e cultural é uma tendência que tem se
intensificado nas últimas décadas em muitos países do mundo. Isso se deve, em parte, à crescente globalização
e ao predomínio do modelo neoliberal, que coloca o mercado como o principal regulador das relações sociais
e políticas.

Em geral, a pauta econômica envolve questões relacionadas ao desenvolvimento econômico, à criação de


empregos, ao aumento da competitividade das empresas, à redução dos gastos públicos e à estabilidade
financeira. Essas questões costumam ter prioridade na agenda dos governos e dos principais atores políticos,
uma vez que são vistas como cruciais para o crescimento e a prosperidade do país.

Por outro lado, as pautas políticas, sociais e culturais envolvem questões relacionadas aos direitos humanos,
à democracia, à justiça social, à diversidade cultural e à inclusão social. Embora essas questões sejam
importantes para garantir uma sociedade mais justa e igualitária, elas muitas vezes acabam ficando em segundo
plano em relação à pauta econômica.

Isso pode ter consequências negativas para a sociedade, uma vez que as políticas públicas acabam priorizando
o desenvolvimento econômico em detrimento de outras questões igualmente importantes. Por exemplo, pode
haver uma redução nos investimentos em áreas como saúde, educação e cultura, o que pode levar a um
aumento da desigualdade social e da exclusão.

Além disso, a ênfase na pauta econômica pode levar a uma mercantilização da vida social e cultural, em que
as relações humanas são cada vez mais vistas como transações comerciais. Isso pode contribuir para a perda
de valores como a solidariedade, a empatia e o respeito mútuo.

Portanto, é importante que as pautas econômicas, políticas, sociais e culturais sejam tratadas de forma
equilibrada, com o objetivo de promover um desenvolvimento sustentável e uma sociedade mais justa e
inclusiva.

O QUE CARACTERIZA O MODELO NEOLIBERAL

O modelo neoliberal é um conjunto de ideias e políticas econômicas que defendem a liberdade de mercado, a
desregulação do Estado e a redução dos gastos públicos como forma de promover o desenvolvimento
econômico e a prosperidade. Esse modelo se consolidou nas últimas décadas do século XX, especialmente a
partir da década de 1980, como resposta às crises econômicas e ao esgotamento do modelo de Estado de Bem-
Estar Social.

Os defensores do modelo neoliberal argumentam que a intervenção do Estado na economia pode levar a
distorções de mercado e a ineficiências econômicas, além de limitar a liberdade individual e empresarial.

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Assim, eles defendem a redução das barreiras comerciais, a abertura dos mercados, a privatização de empresas
estatais e a diminuição das regulamentações.

De acordo com o modelo neoliberal, a livre competição entre empresas levará a uma alocação eficiente dos
recursos e à inovação tecnológica, o que por sua vez promoverá o crescimento econômico e a geração de
empregos. Além disso, a redução dos gastos públicos permitiria a diminuição da carga tributária e o aumento
da renda disponível das famílias e das empresas.

No entanto, críticos do modelo neoliberal argumentam que ele pode levar a uma concentração de renda e poder
econômico, além de aprofundar as desigualdades sociais e a exclusão de grupos vulneráveis. Eles argumentam
que a redução do papel do Estado pode deixar áreas como saúde, educação e segurança pública sem recursos
adequados, o que pode afetar negativamente a qualidade de vida da população.

Em resumo, o modelo neoliberal é uma abordagem econômica que prioriza a liberdade de mercado e a redução
do papel do Estado na economia. Embora tenha sido defendido por muitos como uma forma de promover o
desenvolvimento econômico e a prosperidade, ele também tem sido criticado por seus efeitos negativos sobre
a justiça social e a qualidade de vida da população.

PAPEL DO ESTADO-NAÇÃO FACE À INTERNACIONALIZAÇÃO

O papel do Estado-nação tem sido um tema bastante debatido no contexto da internacionalização econômica
e política. A internacionalização pode ser entendida como a intensificação das relações econômicas, políticas
e culturais entre diferentes países e regiões do mundo. Com a globalização e o surgimento de uma economia
mundial integrada, o papel do Estado-nação tem sido questionado, uma vez que ele enfrenta desafios e
limitações para exercer sua soberania e autonomia.

Por um lado, o Estado-nação é ainda a principal unidade política e jurídica da sociedade internacional. Ele é
responsável por proteger e garantir os direitos e interesses de seus cidadãos, bem como por estabelecer e fazer
cumprir as normas jurídicas e políticas dentro de seu território. Nesse sentido, o Estado-nação ainda exerce
um papel importante na regulação das atividades econômicas e sociais, na promoção do bem-estar e na
proteção dos direitos humanos.

Por outro lado, a internacionalização da economia e das relações políticas tem levado a uma crescente
interdependência entre os países e a uma maior circulação de pessoas, bens e informações. Isso significa que
as decisões tomadas por um país podem ter efeitos significativos em outros países e regiões do mundo. Além
disso, o aumento da mobilidade de capitais e da atividade econômica transnacional pode limitar a capacidade
dos Estados-nação de regular e controlar as atividades econômicas dentro de suas fronteiras.

Assim, o papel do Estado-nação tem sido desafiado pela necessidade de enfrentar questões globais que
transcendem as fronteiras nacionais, como as mudanças climáticas, o terrorismo, a migração, a segurança
cibernética e a regulação do comércio internacional. Nesse contexto, os Estados-nação têm buscado
estabelecer parcerias e cooperação com outros países e organizações internacionais para enfrentar esses
desafios e promover o desenvolvimento econômico e social.

Em resumo, o papel do Estado-nação tem sido questionado no contexto da internacionalização, uma vez que
ele enfrenta desafios para exercer sua soberania e autonomia diante da crescente interdependência entre os
países. No entanto, ele ainda é responsável por garantir e proteger os direitos e interesses de seus cidadãos,
bem como por estabelecer e fazer cumprir as normas jurídicas e políticas dentro de seu território.

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EXEMPLOS DE INTERNACIONALIZAÇÃO DA ECONOMIA

Existem muitos exemplos de internacionalização da economia, que é um processo caracterizado pela crescente
integração dos mercados e das atividades econômicas entre diferentes países e regiões do mundo. Aqui estão
alguns exemplos:

1. Comércio internacional: O comércio internacional é um dos principais exemplos de


internacionalização da economia. Com a globalização, os países passaram a comprar e vender mais
bens e serviços entre si, gerando uma maior interdependência entre as economias.
2. Investimentos estrangeiros: Outro exemplo de internacionalização da economia são os investimentos
estrangeiros, que envolvem a aplicação de recursos financeiros por empresas e indivíduos de um país
em atividades econômicas em outro país. Esses investimentos podem ser de longo prazo, como a
aquisição de empresas estrangeiras, ou de curto prazo, como a especulação financeira.
3. Migração de trabalhadores: A migração de trabalhadores também pode ser considerada um exemplo
de internacionalização da economia. Com a crescente mobilidade de pessoas entre os países, muitas
empresas passaram a contratar trabalhadores estrangeiros para preencher vagas em seus quadros,
gerando uma maior integração dos mercados de trabalho.
4. Intercâmbio tecnológico: A troca de tecnologia entre os países é outro exemplo de internacionalização
da economia. Com a globalização, empresas e governos passaram a compartilhar conhecimento e
experiências em diversas áreas, como ciência, tecnologia e inovação, visando aperfeiçoar seus
produtos e processos.
5. Regulação econômica internacional: A regulação econômica internacional também pode ser
considerada um exemplo de internacionalização da economia. Com o aumento da atividade econômica
transnacional, tornou-se necessário estabelecer regras e normas internacionais para garantir a
estabilidade financeira, proteger os direitos dos consumidores e promover o comércio justo entre os
países. Exemplos de organizações internacionais que atuam nesse sentido são a OMC, o FMI e o Banco
Mundial.

ECONOMIA TRANSNACIONAL

Atividade econômica transnacional é um termo que se refere a empresas, organizações e indivíduos que
realizam atividades econômicas que ultrapassam as fronteiras de um único país. Essas atividades podem
incluir a produção, distribuição, marketing, vendas e investimentos em mercados estrangeiros, além de outras
formas de interação econômica entre diferentes países e regiões do mundo.

A atividade econômica transnacional é impulsionada pelo processo de globalização, que tem permitido uma
maior interconexão entre as economias e mercados em todo o mundo. Através da atividade econômica
transnacional, as empresas podem explorar novos mercados, buscar recursos e matérias-primas em outros
países, obter vantagens competitivas, reduzir custos e aumentar seus lucros.

No entanto, a atividade econômica transnacional também pode gerar impactos negativos, como a exploração
de mão de obra barata, a evasão fiscal, a degradação ambiental e a violação dos direitos humanos. Por isso,
muitos governos e organizações internacionais têm trabalhado para regulamentar e fiscalizar as atividades
econômicas transnacionais, a fim de garantir a justiça social, econômica e ambiental.

EXEMPLOS DE ATIVIDADE ECONÔMICA TRANSNACIONAL:

1. Empresas multinacionais: Empresas multinacionais são empresas que operam em vários países. Elas
podem ter sua sede em um país, mas possuem filiais, subsidiárias e operações em outros países. Essas
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empresas realizam atividades econômicas em diferentes mercados e muitas vezes transferem recursos
e conhecimento entre suas operações em todo o mundo.
2. Comércio internacional: O comércio internacional é uma das formas mais conhecidas de atividade
econômica transnacional. Ele envolve a compra e venda de bens e serviços entre diferentes países.
Empresas e governos podem importar produtos e serviços de outros países para atender às necessidades
de seus mercados locais, ou podem exportar seus produtos e serviços para outros países para expandir
seus negócios.
3. Investimentos estrangeiros: Investimentos estrangeiros ocorrem quando empresas ou indivíduos
investem recursos financeiros em atividades econômicas em outros países. Eles podem comprar ações
de empresas estrangeiras, construir fábricas ou escritórios em outros países, ou investir em projetos de
infraestrutura em outras partes do mundo.
4. Turismo internacional: O turismo internacional é outra forma de atividade econômica transnacional.
Pessoas de diferentes países viajam para outros países para visitar atrações turísticas, participar de
eventos e experiências culturais, e gastar dinheiro em hotéis, restaurantes e lojas locais. O turismo
internacional pode ser uma fonte importante de receita para muitos países.
5. Remessas de imigrantes: As remessas de imigrantes são pagamentos de dinheiro que os trabalhadores
imigrantes enviam para suas famílias em seus países de origem. Esses pagamentos são uma forma de
atividade econômica transnacional, já que o dinheiro é transferido através de fronteiras internacionais.
As remessas de imigrantes podem representar uma importante fonte de renda para muitos países em
desenvolvimento.

EMPRESAS MULTINACIONAIS QUE OPERAM NO BRASIL:

1. Coca-Cola: A Coca-Cola é uma empresa multinacional americana que fabrica bebidas. Ela está
presente no Brasil desde 1942 e opera em todo o país.
2. McDonald's: O McDonald's é uma empresa multinacional americana que é uma das maiores redes de
fast-food do mundo. Ela chegou ao Brasil em 1979 e hoje tem mais de 1.000 restaurantes em todo o
país.
3. Nestlé: A Nestlé é uma empresa multinacional suíça que fabrica alimentos e bebidas. Ela está presente
no Brasil desde 1921 e tem mais de 30 fábricas no país.
4. Ford: A Ford é uma empresa multinacional americana que fabrica carros. Ela tem uma longa história
no Brasil e atualmente tem fábricas em São Paulo e Bahia.
5. IBM: A IBM é uma empresa multinacional americana de tecnologia da informação. Ela está presente
no Brasil desde 1917 e tem mais de 20 escritórios em todo o país.
6. Unilever: A Unilever é uma empresa multinacional anglo-holandesa que fabrica produtos de consumo,
como alimentos, produtos de higiene pessoal e de limpeza. Ela está presente no Brasil desde 1929 e
tem mais de 9.000 funcionários no país.
7. Volkswagen: A Volkswagen é uma empresa multinacional alemã que fabrica carros. Ela chegou ao
Brasil em 1953 e tem fábricas em São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro.

A DICOTOMIA ‘INDIVIDUO X SOCIEDADE’ E O INDIVIDUALISMO

A dicotomia "indivíduo x sociedade" é um dos temas centrais da sociologia. Ela se refere à relação entre o
indivíduo e a sociedade em que ele vive. Por um lado, o indivíduo é visto como uma unidade autônoma, com
vontades e desejos próprios, capaz de tomar decisões e agir de acordo com seus próprios interesses. Por outro
lado, a sociedade é vista como um sistema complexo de normas, valores e instituições que moldam e
influenciam o comportamento dos indivíduos.

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O individualismo é uma ideologia que enfatiza o papel do indivíduo em detrimento da sociedade. Ele valoriza
a autonomia e a liberdade individual, e defende que o indivíduo deve ser livre para tomar suas próprias
decisões e seguir seus próprios interesses, sem ser limitado pelas demandas ou necessidades da sociedade. O
individualismo é uma ideologia que valoriza a competitividade, a realização pessoal e a autoexpressão.

O individualismo tem sido uma força poderosa na história da modernidade ocidental, e tem influenciado
muitas áreas da vida social, incluindo a economia, a política e a cultura. Na economia, o individualismo é
associado ao liberalismo econômico, que enfatiza a liberdade de mercado e a iniciativa privada. Na política,
o individualismo é associado ao liberalismo político, que enfatiza a liberdade individual e a proteção dos
direitos individuais. Na cultura, o individualismo é associado a um foco crescente na autoexpressão, na
realização pessoal e na valorização da singularidade e da originalidade.

Embora o individualismo tenha muitos aspectos positivos, ele também tem sido criticado por muitos
estudiosos da sociologia. Alguns argumentam que o individualismo pode levar ao egoísmo, à alienação e à
fragmentação social, e que ele pode enfraquecer os laços sociais e a solidariedade. Outros argumentam que o
individualismo pode levar a desigualdades sociais, especialmente quando os indivíduos não têm as mesmas
oportunidades e recursos para realizar seus interesses e objetivos pessoais.

EXEMPLOS DE INDIVIDUALISMO OU ATITUDES INDIVIDUALISTAS:

1. Priorização do sucesso individual em detrimento do bem-estar coletivo.


2. Busca por vantagens competitivas e maximização do lucro, mesmo que isso signifique a exploração
de trabalhadores ou a degradação do meio ambiente.
3. Desconsideração ou minimização das necessidades e interesses coletivos em prol dos interesses
individuais.
4. Valorização excessiva da independência e da autonomia individual, muitas vezes em detrimento das
relações e conexões sociais.
5. Ênfase na liberdade individual como um valor supremo, ignorando as interdependências e
responsabilidades sociais.
6. A busca incessante pelo consumo de bens e serviços que satisfaçam as necessidades individuais,
mesmo que isso implique na degradação do meio ambiente ou na exploração de outros grupos sociais.
7. A ideia de que o sucesso é determinado apenas pelo esforço individual, sem levar em conta as
desigualdades estruturais, culturais e sociais que afetam a vida dos indivíduos.
8. A tendência de responsabilizar o indivíduo por seus fracassos, sem considerar os fatores sociais e
estruturais que podem ter contribuído para isso.
9. A valorização da competição em detrimento da cooperação e da solidariedade, o que pode levar a um
enfraquecimento dos laços sociais.
10. A tendência de construir identidades individuais baseadas em características pessoais, como a
aparência física, a personalidade ou as escolhas de consumo, em vez de identidades coletivas baseadas
em fatores sociais, culturais ou políticos.

RELAÇÃO ENTRE O LIBERALISMO ECONÔMICO, O CAPITALISMO E A DEMOCRACIA

A relação entre o liberalismo econômico, o capitalismo e a democracia é complexa e tem sido objeto de muitos
debates ao longo da história. O liberalismo econômico é uma teoria que defende a liberdade econômica, a
livre iniciativa, a propriedade privada e a não intervenção do Estado na economia. O capitalismo, por sua vez,
é um sistema econômico que se baseia na propriedade privada dos meios de produção e na livre concorrência
entre empresas.

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A democracia, por sua vez, é um sistema político que se baseia na participação popular, na liberdade de
expressão e na igualdade perante a lei. Embora esses três conceitos possam parecer distintos, eles estão
interligados em muitos aspectos.

O liberalismo econômico e o capitalismo são frequentemente associados à democracia porque, em teoria, eles
promovem a liberdade individual e a autonomia econômica. No entanto, essa relação nem sempre é positiva,
pois a busca pelo lucro e a desigualdade econômica podem criar obstáculos para a igualdade e a participação
democráticas.

Por outro lado, a democracia também pode limitar o poder econômico e o acúmulo de riqueza em mãos
privadas, por meio da regulação estatal e da redistribuição de recursos. Essa tensão entre o poder econômico
e o poder político é uma característica central da relação entre o liberalismo econômico, o capitalismo e a
democracia.

Portanto, embora haja uma relação entre esses conceitos, é importante reconhecer que eles podem entrar em
conflito e que é necessário encontrar um equilíbrio entre a liberdade econômica e a igualdade política para
garantir uma sociedade justa e democrática.

TRANSNACIONALISMO E COMUNITARISMO E SUA RELAÇÃO COM OS MOVIMENTOS DE


IDENTIDADE REGIONAL.

Transnacionalismo e comunitarismo são duas correntes teóricas que têm influenciado os movimentos de
identidade regional, que buscam reivindicar e valorizar as especificidades culturais, políticas e sociais de uma
determinada região em um contexto globalizado. Embora essas duas correntes tenham enfoques diferentes,
elas têm em comum a ideia de que a identidade regional é um fator importante para a compreensão das relações
sociais e políticas em um mundo cada vez mais interconectado.

O transnacionalismo, por um lado, é uma corrente teórica que se concentra nas conexões e fluxos que
transcendem as fronteiras nacionais, e que têm um impacto significativo na vida das pessoas e na política
global. Essas conexões podem ser econômicas, culturais, políticas ou sociais, e podem ter um impacto tanto
positivo quanto negativo nas identidades regionais. O transnacionalismo valoriza a ideia de que as identidades
regionais não são fixas ou estáticas, mas estão em constante transformação e são influenciadas por fatores
externos.

Por outro lado, o comunitarismo é uma corrente teórica que enfatiza a importância da comunidade e das
relações sociais para a construção das identidades regionais. O comunitarismo valoriza a ideia de que a
comunidade é uma unidade fundamental da sociedade, e que as identidades regionais são construídas a partir
das relações sociais e culturais que se desenvolvem dentro dessa comunidade. Para os comunitaristas, as
identidades regionais são marcadas pela tradição, pela história e pela cultura local, e são uma forma importante
de resistência ao homogeneização cultural e política promovida pela globalização.

Ambas as correntes teóricas têm sido utilizadas pelos movimentos de identidade regional para reivindicar seus
direitos e valorizar suas especificidades culturais, políticas e sociais. No entanto, elas têm abordagens
diferentes para entender a relação entre a identidade regional e o contexto globalizado. O transnacionalismo
destaca a importância das conexões e fluxos globais para a compreensão das identidades regionais, enquanto
o comunitarismo enfatiza a importância da comunidade e das relações sociais para a construção dessas
identidades. Ambas as abordagens são importantes para entender a complexidade dos movimentos de
identidade regional em um mundo cada vez mais globalizado.

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EXEMPLOS DE TRANSNACIONALISMO

1. Empresas multinacionais que possuem operações em vários países, como a Coca-Cola, a Apple e a
Toyota.
2. Fluxos financeiros que transcendem as fronteiras nacionais, como investimentos em bolsas de valores
estrangeiras e transferências bancárias internacionais.
3. Migração transnacional, onde indivíduos se mudam de um país para outro, muitas vezes em busca de
trabalho ou melhores oportunidades econômicas.
4. Organizações internacionais, como as Nações Unidas e a Organização Mundial do Comércio, que
promovem a cooperação entre países em questões como direitos humanos, comércio internacional e
meio ambiente.
5. Redes sociais e comunidades virtuais que conectam pessoas de diferentes partes do mundo e permitem
a troca de informações e ideias.
6. Cultura popular global, como filmes de Hollywood, músicas pop e jogos eletrônicos que são
consumidos em diferentes países.

Esses exemplos mostram como o transnacionalismo afeta diferentes aspectos da vida social e econômica, e
como ele pode mudar as relações entre países e regiões.

EXEMPLOS DE COMUNITARISMO

1. Grupos étnicos ou religiosos que valorizam sua identidade coletiva e mantêm tradições e práticas
culturais distintas. Por exemplo, as comunidades indígenas na América Latina, que lutam pela
preservação de suas línguas e costumes.
2. Movimentos sociais que defendem a participação comunitária na tomada de decisões políticas e na
gestão de recursos locais. Por exemplo, os conselhos populares em Cuba, que envolvem os
moradores nas decisões sobre questões locais.
3. Iniciativas comunitárias que promovem a economia solidária e a colaboração entre produtores locais.
Por exemplo, as cooperativas de agricultores em áreas rurais.
4. Programas educacionais que enfatizam a importância da educação cívica e da participação
comunitária. Por exemplo, as escolas comunitárias na América Latina, que buscam envolver os pais
e a comunidade no processo educativo.
5. Práticas de cuidado e apoio mútuo em famílias e comunidades, como o cuidado com os idosos ou
com as crianças, que são compartilhados entre os membros da comunidade.

Esses exemplos mostram como o comunitarismo pode ser praticado em diferentes contextos sociais e
culturais, e como ele pode promover a coesão social e a solidariedade dentro de uma comunidade.

EXERCÍCIOS

1. Qual a definição de globalização?

a) Um fenômeno restrito a alguns países desenvolvidos.


b) O processo de integração econômica, social e cultural entre países de todo o mundo.
c) A expansão de ideias religiosas pelo mundo.

2. Qual o principal objetivo do modelo neoliberal?

a) Promover a centralização do poder nas mãos do Estado.


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b) Estimular a livre concorrência e reduzir a intervenção do Estado na economia.


c) Fomentar a ideia de que a sociedade deve se organizar em comunidades locais.

3. O que é individualismo?

a) A valorização da coletividade em detrimento do indivíduo.


b) A valorização do indivíduo em detrimento da coletividade.
c) A valorização do Estado em detrimento do mercado.

4. Qual a relação entre liberalismo econômico, capitalismo e democracia?

a) Não há relação direta entre esses conceitos.


b) A democracia é incompatível com o capitalismo e o liberalismo econômico.
c) O liberalismo econômico e o capitalismo são fundamentais para o funcionamento da democracia.

5. O que é comunitarismo?

a) A ideia de que a comunidade local deve se organizar de forma autônoma, sem interferência do Estado ou
do mercado.
b) A ideia de que a coletividade deve se sobrepor ao indivíduo.
c) A ideia de que a identidade e os valores de uma comunidade local são fundamentais para a organização
social.

OBSERVAÇÃO: Todas as atividades feitas em sala de aula e em casa serão avaliadas posteriormente. O
primeiro intuito de realizar os exercícios é a aprendizagem e revisão de conteúdos estudados. Portanto, é de
suma importância que os alunos façam os exercícios como forma de complementação do estudo.

- MOVIMENTOS SOCIAIS E CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA DEMOCRÁTICA

Os movimentos sociais têm um papel fundamental na construção da cidadania democrática, pois atuam como
agentes de mudança social, reivindicando direitos e lutando por mudanças em diversas áreas da sociedade,
como a política, a economia, a educação, a cultura, entre outras.

Ao reivindicar direitos e lutar por mudanças, os movimentos sociais estimulam a participação cidadã,
fortalecendo a democracia e contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Além
disso, os movimentos sociais promovem o diálogo entre diferentes grupos e estimulam o debate público sobre
temas relevantes para a sociedade.

Na história do Brasil, os movimentos sociais tiveram um papel fundamental na luta contra a ditadura militar,
na conquista da democracia e na promoção da justiça social. Diversos movimentos sociais têm atuado de
forma significativa nas últimas décadas, como os movimentos de mulheres, de negros, de LGBTs, de sem-
teto, de sem-terra, entre outros.

Sua importância também está em garantir a participação das minorias na vida pública, promovendo a
diversidade e a inclusão social. Ao exigir a garantia de direitos e a proteção dos grupos vulneráveis, os
movimentos sociais contribuem para a construção de uma sociedade mais justa e solidária.

Subjetividade e Emancipação social nas teorias sociológicas

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Sociologia Jurídica - 1º período – Prof.ª Tânia Danielle Vieira Neto

A relação entre subjetividade e emancipação social é um tema central em muitas teorias sociológicas. A
subjetividade se refere ao universo individual das emoções, sentimentos, desejos e experiências de cada
pessoa, enquanto a emancipação social se relaciona com a libertação dos indivíduos de situações opressivas e
a construção de uma sociedade mais igualitária e justa.

Algumas teorias sociológicas destacam a importância da subjetividade para a emancipação social,


argumentando que a mudança social só é possível quando as pessoas transformam suas visões de mundo e
suas formas de agir no mundo. Nesse sentido, os movimentos sociais e as lutas por direitos são vistos como
processos de transformação subjetiva, em que as pessoas passam a perceber a si mesmas e ao mundo de
maneiras diferentes e a agir de forma mais consciente e engajada na luta por uma sociedade mais justa.

Outras teorias sociológicas enfatizam a importância da emancipação social para a subjetividade,


argumentando que a libertação de opressões sociais permite que as pessoas expressem sua subjetividade de
forma mais plena e autêntica. Nesse sentido, as lutas por direitos são vistas como processos de libertação
subjetiva, em que as pessoas podem expressar seus sentimentos, desejos e experiências de forma mais livre e
autêntica, sem o peso das opressões sociais que limitam sua liberdade e expressão.

Essas perspectivas teóricas são apenas algumas das muitas que abordam a relação entre subjetividade e
emancipação social. É importante destacar que as teorias sociológicas não são um consenso e há uma
diversidade de abordagens e perspectivas sobre esse tema complexo.

Subjetividade e o mundo do trabalho no sistema de produção capitalista

O trabalho é uma dimensão central da vida das pessoas e influencia diretamente sua subjetividade, ou seja,
suas emoções, sentimentos, valores e percepções de si e do mundo.

No sistema de produção capitalista, o trabalho é organizado em torno da produção de mercadorias e da busca


do lucro, o que pode gerar condições de trabalho precárias, exploração, alienação e desumanização. Essas
condições podem ter impacto negativo na subjetividade dos trabalhadores, levando à perda de sentido e
propósito no trabalho, à desvalorização pessoal, ao aumento do estresse e da ansiedade, e à deterioração da
saúde física e mental.

Por outro lado, alguns teóricos argumentam que é possível construir uma subjetividade positiva no mundo do
trabalho no sistema de produção capitalista. Essa perspectiva defende que é possível criar relações de trabalho
mais justas, mais participativas e mais criativas, capazes de promover o desenvolvimento humano e a
realização pessoal. Nesse sentido, a subjetividade positiva no trabalho pode ser entendida como um processo
de autotransformação, no qual os trabalhadores conseguem criar condições de trabalho mais favoráveis e
desenvolver habilidades e competências para superar os desafios do trabalho.

A sociologia do trabalho também destaca a importância da organização dos trabalhadores em sindicatos e


movimentos sociais para a defesa de seus direitos e interesses. Essas organizações podem contribuir para a
criação de condições de trabalho mais justas e para a construção de uma subjetividade positiva no trabalho,
por meio da negociação coletiva, da pressão social e da mobilização política.

A relação entre subjetividade e o mundo do trabalho no sistema de produção capitalista é um tema complexo
e controverso, que envolve múltiplas dimensões e perspectivas. A sociologia e outras ciências sociais têm
buscado compreender as diversas facetas desse fenômeno e desenvolver teorias e práticas capazes de promover
uma subjetividade mais positiva e realizadora no trabalho.

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Sociologia Jurídica - 1º período – Prof.ª Tânia Danielle Vieira Neto

Movimentos Sociais e as gerações de direitos fundamentais.

Os movimentos sociais têm sido fundamentais para a luta pelos direitos fundamentais em diferentes momentos
históricos. Uma das formas de entender essa relação é por meio das gerações de direitos fundamentais, que se
referem aos diferentes momentos históricos em que os direitos foram reconhecidos e protegidos.

A primeira geração de direitos fundamentais refere-se aos direitos civis e políticos, que surgiram no contexto
da Revolução Francesa e da Independência Americana, no final do século XVIII. Esses direitos incluem a
liberdade de expressão, de reunião, de religião, de imprensa, entre outros, e foram conquistados principalmente
por meio da luta por democracia e participação política.

A segunda geração de direitos fundamentais surgiu no século XX, em um contexto de transformações sociais
e econômicas. Esses direitos incluem os direitos sociais, como o direito à educação, à saúde, à moradia, ao
trabalho, à segurança social, entre outros, e foram conquistados principalmente por meio da luta por justiça
social e igualdade de oportunidades. Nesse contexto, os movimentos sociais desempenharam um papel
fundamental, na medida em que reivindicaram esses direitos e pressionaram o Estado a reconhecê-los e
protegê-los.

A terceira geração de direitos fundamentais refere-se aos direitos coletivos, difusos e ambientais, e surgiu a
partir da década de 1970. Esses direitos incluem o direito ao meio ambiente saudável, à paz, ao
desenvolvimento, à comunicação, à cultura, entre outros, e foram conquistados principalmente por meio da
luta por sustentabilidade, diversidade cultural e respeito aos direitos humanos.

Nesse sentido, os movimentos sociais têm sido importantes agentes de mudança na luta por direitos
fundamentais em todas as gerações, ao mobilizar a sociedade civil em torno de demandas coletivas e
pressionar o Estado a reconhecer e proteger esses direitos. Além disso, os movimentos sociais têm contribuído
para a ampliação e aprofundamento dos direitos fundamentais, ao trazer novas demandas e perspectivas para
a agenda pública e política.

TRABALHO 1 – MOVIMENTOS SOCIAIS

Escolha um dos Movimentos Sociais a seguir e faça uma pesquisa a fim de compreender melhor como atuam
na defesa dos direitos fundamentais e na construção de uma sociedade mais justa e igualitária. O importante
é que a pesquisa contribua para sua formação crítica e engajada em relação aos temas estudados na disciplina
de sociologia e ao mundo ao seu redor.

Tipo de trabalho: Pesquisa bibliográfica. Realizar pesquisas bibliográficas sobre o tema, buscando artigos,
livros e outros materiais que abordem a relação entre movimentos sociais e direitos fundamentais. Poderá
utilizar plataformas de pesquisa online, bibliotecas físicas e virtuais, entre outros recursos.

Use a formatação adequada para trabalhos acadêmicos e siga as orientações que serão repassadas em sala de
aula.

1. Movimentos por direitos sociais: esses movimentos lutam por direitos sociais, como moradia, saúde,
educação, alimentação, cultura, entre outros. Exemplos: Movimento Nacional de Luta pela Moradia,
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Sociologia Jurídica - 1º período – Prof.ª Tânia Danielle Vieira Neto

Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, Movimento Nacional da População em Situação de Rua,
Movimento dos Atingidos por Barragens, entre outros.
2. Movimentos ambientalistas: esses movimentos lutam pela preservação do meio ambiente e pela
sustentabilidade. Exemplos: Greenpeace, WWF, Movimento Xingu Vivo para Sempre, entre outros.
3. Movimentos feministas: esses movimentos lutam pela igualdade de gênero e pelo fim da violência
contra as mulheres. Exemplos: Marcha das Mulheres, Marcha Mundial das Mulheres, Coletivo
Feminista Sexualidade e Saúde, entre outros.
4. Movimentos LGBT: esses movimentos lutam pelos direitos das pessoas LGBT, como o direito à livre
orientação sexual e identidade de gênero, e pela luta contra a homofobia e a transfobia. Exemplos:
Grupo Gay da Bahia, Grupo de Resistência Asa Branca, Casa 1, entre outros.
5. Movimentos de trabalhadores: esses movimentos lutam pelos direitos dos trabalhadores, como
melhores condições de trabalho e salários justos. Exemplos: Central Única dos Trabalhadores,
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Movimento dos Atingidos pela Vale, entre outros.
6. Movimentos estudantis: esses movimentos lutam por uma educação pública de qualidade e por
melhores condições de estudo e pesquisa. Exemplos: União Nacional dos Estudantes, Diretório Central
dos Estudantes, Grêmios Estudantis, entre outros.

TÓPICO 5 - A SOCIOLOGIA DOS TRIBUNAIS E A DEMOCRATIZAÇÃO DA JUSTIÇA

A Sociologia dos Tribunais é um ramo da sociologia que se dedica ao estudo das instituições judiciárias e da
justiça em uma sociedade. O objetivo principal é analisar como os tribunais e os profissionais do direito atuam
no sistema de justiça, assim como suas implicações na construção da cidadania e na democratização do acesso
à justiça.

Nesse sentido, a Sociologia dos Tribunais tem um papel fundamental na democratização da justiça, pois
possibilita a compreensão dos processos e práticas judiciárias e suas relações com a sociedade. Dessa forma,
permite a identificação de possíveis desigualdades e exclusões que possam ocorrer no sistema de justiça e
contribui para a proposição de medidas que garantam a igualdade e a justiça para todos.

Um dos principais temas abordados pela Sociologia dos Tribunais é a relação entre justiça e democracia. Para
a sociologia, a democracia só é verdadeira quando os cidadãos têm acesso igualitário ao sistema judiciário e
quando o processo judicial é justo e transparente. Além disso, é importante entender que o acesso à justiça
não se limita apenas ao acesso formal aos tribunais, mas também se refere à capacidade de as pessoas
influenciarem as decisões judiciais e participarem do processo de construção da justiça.

A Sociologia dos Tribunais contribui para a democratização da justiça ao revelar as desigualdades e injustiças
existentes no sistema de justiça e ao propor soluções para a garantia da igualdade e da justiça para todos os
cidadãos. É fundamental para a formação de profissionais do direito conscientes e engajados na construção de
uma sociedade mais justa e democrática.

Diagnóstico do Poder Judiciário no Brasil


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O Poder Judiciário no Brasil é um dos três poderes da República, responsável pela aplicação da lei e pela
garantia dos direitos fundamentais dos cidadãos. Entretanto, há um consenso na sociedade brasileira de que o
sistema judiciário enfrenta problemas e desafios que impactam sua efetividade e eficiência.

Algumas das principais questões que afetam o Poder Judiciário no Brasil incluem a morosidade dos processos,
a burocratização excessiva, a falta de transparência e de acesso à justiça para a população mais vulnerável, a
desigualdade de recursos entre as partes envolvidas em processos judiciais e a falta de capacitação dos
profissionais do direito.

Além disso, outro aspecto relevante a ser considerado é a concentração de poder na mão de poucos juízes e
tribunais, o que pode levar a decisões que não são representativas da diversidade e das necessidades da
população.

Para enfrentar esses desafios, o Poder Judiciário brasileiro tem adotado algumas medidas, como a
modernização dos sistemas de gestão processual, a realização de conciliações e mediações, a criação de
juizados especiais e a promoção da transparência e participação popular.

No entanto, há um longo caminho a ser percorrido para a efetiva democratização da justiça no Brasil. É
necessário que haja uma maior participação da sociedade civil nas decisões judiciais, o fortalecimento da
independência e imparcialidade dos magistrados e uma maior valorização da cultura de conciliação e mediação
em detrimento do litígio. Além disso, é fundamental que o Poder Judiciário esteja comprometido com a
garantia dos direitos fundamentais de todos os cidadãos, independente de classe social, raça, gênero ou
orientação sexual.

Função social dos juízes no Estado Contemporâneo

A função social dos juízes no Estado contemporâneo é um tema relevante na atualidade, visto que a sociedade
espera que o Poder Judiciário atue de forma efetiva na garantia dos direitos fundamentais dos cidadãos e na
promoção da justiça social.

Os juízes têm como principal responsabilidade interpretar e aplicar as leis de forma imparcial e independente,
garantindo que as decisões judiciais estejam alinhadas aos valores constitucionais de justiça, igualdade e
liberdade. Nesse sentido, é fundamental que os juízes tenham uma compreensão ampla do contexto social,
político e econômico em que as demandas são apresentadas, a fim de que as decisões tomadas estejam de
acordo com as necessidades da sociedade.

Além disso, os juízes têm a função de garantir o acesso à justiça, especialmente para a população mais
vulnerável. Isso significa que devem buscar soluções que permitam a resolução de conflitos de forma rápida
e eficiente, além de promover a mediação e a conciliação como alternativas ao litígio.

Outra importante função social dos juízes é a promoção da transparência e da participação popular no processo
de tomada de decisões judiciais. Os juízes devem ser acessíveis à sociedade, prestando contas de suas decisões
e de sua atuação perante a opinião pública. Além disso, devem estar abertos ao diálogo e ao debate, ouvindo
as demandas da sociedade civil e buscando soluções que atendam aos interesses coletivos.

A função social dos juízes no Estado contemporâneo deve ser pautada pela ética, pela integridade e pelo
compromisso com a justiça social. Os juízes devem atuar como agentes de transformação social, buscando a
construção de uma sociedade mais justa e igualitária, livre de preconceitos e discriminações.

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Problemas estruturais do Poder Judiciário e acesso à justiça

O Poder Judiciário no Brasil enfrenta diversos problemas estruturais que impactam o acesso à justiça,
especialmente para a população mais vulnerável. Algumas das principais questões são:

1. Morosidade processual: o excesso de processos e a falta de recursos humanos e materiais fazem com
que muitos casos demorem anos para serem resolvidos, o que dificulta o acesso à justiça para quem
não pode esperar tanto tempo.
2. Desigualdade no acesso: a falta de recursos financeiros e de informação faz com que muitas pessoas
não consigam acessar o sistema de justiça, o que amplia as desigualdades sociais e econômicas.
3. Cultura de litigiosidade: a cultura de litigiosidade, que incentiva as pessoas a buscarem a solução de
conflitos apenas na esfera judicial, contribui para a sobrecarga do sistema de justiça e para a
morosidade processual.
4. Falta de transparência: a falta de transparência no funcionamento do Poder Judiciário, como a ausência
de dados sobre produtividade e qualidade do trabalho dos juízes, prejudica a avaliação da efetividade
do sistema de justiça.
5. Dificuldade de acesso à informação: a falta de informações claras e acessíveis sobre os processos
judiciais dificulta o entendimento do cidadão sobre os procedimentos e decisões judiciais, o que pode
limitar o exercício do direito de defesa e do acesso à justiça.

Para enfrentar esses problemas estruturais, é necessário que o Poder Judiciário implemente medidas que visem
à democratização do acesso à justiça, como a adoção de práticas de mediação e conciliação, a criação de
mecanismos de transparência e participação popular, a ampliação do acesso à informação e a garantia de
condições adequadas de trabalho para os profissionais do sistema de justiça.

Existem vários casos concretos que ilustram os problemas estruturais do Poder Judiciário e o impacto deles
no acesso à justiça. Algumas situações são:

1. Ações trabalhistas: muitos trabalhadores enfrentam dificuldades para acessar o sistema de justiça em
busca de seus direitos trabalhistas, como o pagamento de verbas rescisórias e horas extras. A falta de
recursos do Judiciário para lidar com o grande volume de processos e a cultura de litigiosidade, que
incentiva o ajuizamento de ações em vez de outras formas de resolução de conflitos, contribuem para
a morosidade e a baixa efetividade desses processos.
2. Processos criminais: a falta de recursos e a sobrecarga do sistema de justiça penal também prejudicam
o acesso à justiça, especialmente para as pessoas mais pobres. Muitos réus não têm condições de arcar
com os custos de um advogado particular, e o sistema de defensoria pública, que deveria garantir o
acesso à justiça, enfrenta problemas de falta de recursos e de profissionais.
3. Ações coletivas: as ações coletivas, que têm potencial de beneficiar um grande número de pessoas,
também enfrentam dificuldades para serem julgadas de forma rápida e efetiva. A falta de recursos, a
cultura de litigiosidade e a morosidade processual são alguns dos obstáculos que essas ações
enfrentam.
4. Judicialização da saúde: muitas pessoas recorrem ao Judiciário para conseguir tratamentos de saúde
que não são oferecidos pelo sistema público. A falta de recursos e de profissionais para lidar com esse
grande volume de processos contribui para a morosidade e a baixa efetividade dessas demandas, além
de gerar desigualdades no acesso à saúde.

Esses são apenas alguns exemplos de como os problemas estruturais do Poder Judiciário afetam o acesso à
justiça no Brasil.

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Problemas funcionais do Poder Judiciário e suas possibilidades Parte superior do formulário

Além dos problemas estruturais, o Poder Judiciário também enfrenta desafios em relação às suas funções e
operações cotidianas. Algumas das principais questões funcionais do Judiciário no Brasil incluem:

1. Morosidade processual: a lentidão no trâmite dos processos é um dos principais problemas enfrentados
pelo Judiciário brasileiro. Isso ocorre devido a diversos fatores, como a falta de recursos humanos e
materiais, a complexidade dos processos, a cultura do litígio e o excesso de recursos disponíveis.
2. Falta de efetividade das decisões: outra questão importante é a falta de efetividade das decisões
judiciais. Muitas vezes, mesmo após uma decisão favorável ao demandante, a sentença não é cumprida
na prática. Isso ocorre por diversos motivos, como a falta de mecanismos adequados de execução de
sentenças, a dificuldade de se identificar e localizar o devedor e a baixa cultura de cumprimento das
obrigações.
3. Falta de transparência: o Judiciário muitas vezes é visto como uma caixa preta, com pouca
transparência em suas decisões e atividades. Isso gera desconfiança por parte da sociedade em relação
ao Poder Judiciário e dificulta o controle social sobre suas atividades.
4. Questões de acesso à justiça: além dos problemas estruturais, o Judiciário enfrenta desafios em relação
ao acesso à justiça, como a falta de recursos para garantir o acesso à defesa e o excesso de burocracia
na tramitação dos processos.

Para enfrentar esses problemas, existem diversas propostas e possibilidades, como a reforma do Judiciário
para garantir mais efetividade, transparência e agilidade, a adoção de tecnologias para tornar os processos
mais eficientes e reduzir a burocracia, a valorização e capacitação dos profissionais que atuam no sistema de
justiça, a promoção da cultura da mediação e conciliação como formas de solução de conflitos, entre outras.
O objetivo é garantir uma Justiça mais efetiva, acessível e democrática para a sociedade brasileira.

Alguns casos concretos que evidenciam os problemas funcionais do Poder Judiciário no Brasil incluem:

1. Caso dos Precatórios: Desde os anos 1990, o Brasil acumula um enorme estoque de precatórios, que
são dívidas do Estado com cidadãos ou empresas que foram condenadas judicialmente. Muitos desses
precatórios aguardam por anos ou até décadas para serem pagos, o que gera uma grande frustração por
parte dos credores e questiona a efetividade das decisões judiciais.
2. Caso dos processos trabalhistas: A Justiça do Trabalho brasileira enfrenta problemas graves de
morosidade, com processos que se arrastam por anos e anos sem uma decisão final. Isso ocorre
principalmente pela sobrecarga de processos, que supera a capacidade dos tribunais e juízes do
trabalho.
3. Caso do Direito à Saúde: Em muitos casos de direito à saúde, os pacientes recorrem à Justiça para
obter medicamentos ou tratamentos que não estão disponíveis na rede pública de saúde. No entanto,
mesmo após uma decisão favorável, a efetividade das decisões pode ser comprometida pela falta de
recursos financeiros para a implementação das medidas.
4. Caso da falta de transparência: Um exemplo de falta de transparência do Judiciário é a falta de
informações sobre a produtividade dos juízes e tribunais. Sem acesso a essas informações, a sociedade
tem dificuldade em avaliar a qualidade do serviço prestado pelos órgãos judiciais.

Esses são apenas alguns exemplos de como os problemas funcionais do Poder Judiciário afetam a sociedade
brasileira. É importante destacar que essas questões têm impacto direto no acesso à justiça e na efetividade
das decisões judiciais, e devem ser objeto de atenção constante por parte da sociedade e das autoridades
responsáveis pela administração da justiça no país.

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TRABALHO 2 – ANÁLISE SOBRE O ACESSO E/OU PERCEPÇÃO DA JUSTIÇA NA CIDADE/


REGIÃO ...

Tipo de trabalho: Pesquisa empírica

Uma pesquisa empírica é um método científico de coletar dados e informações através da observação direta
ou indireta de fenômenos do mundo real. Em outras palavras, é uma investigação que se baseia em dados
concretos obtidos por meio da observação, experimentação, entrevistas, questionários, entre outras técnicas.

A pesquisa empírica é utilizada em diversas áreas do conhecimento, como na sociologia, na psicologia, na


antropologia, na economia e na medicina, entre outras, com o objetivo de testar hipóteses e produzir
conhecimento científico. Ela é importante porque permite a obtenção de dados confiáveis e mensuráveis,
possibilitando uma análise mais precisa e rigorosa dos fenômenos estudados.

Algumas etapas importantes para se seguir ao fazer uma pesquisa empírica:

1. Escolha o tema: O primeiro passo é escolher um tema de pesquisa que seja relevante e interessante
para você. Certifique-se de que o tema é viável e que você terá acesso aos recursos e informações
necessários para conduzir a pesquisa.
2. Defina a pergunta de pesquisa: Uma vez que você escolheu o tema, é importante definir uma pergunta
clara e precisa que você deseja responder com a pesquisa. A pergunta deve ser formulada de uma
maneira que possa ser testada empiricamente, ou seja, que possa ser respondida com base em dados
objetivos e verificáveis.
3. Escolha o método de pesquisa: Existem muitos métodos de pesquisa disponíveis, como entrevistas,
questionários, estudos de caso, análise de dados estatísticos, entre outros. Escolha o método que melhor
se adapta ao seu tema de pesquisa e à pergunta que você está tentando responder.
4. Desenvolva um plano de amostragem: Dependendo do método de pesquisa escolhido, pode ser
necessário selecionar uma amostra de pessoas ou casos para estudar. Desenvolva um plano de
amostragem que seja representativo e adequado para responder à sua pergunta de pesquisa.
5. Coleta de dados: Execute o plano de amostragem e comece a coletar os dados de acordo com o método
escolhido. Certifique-se de seguir os protocolos éticos de pesquisa, obter consentimento dos
participantes e manter a confidencialidade dos dados coletados.
6. Antes de realizar a entrevista ou questionário, o participante precisa assinar o termo de consentimento
livre (TCLP) – (Veja no ANEXO ao final da apostila)
7. Análise de dados: Uma vez que os dados são coletados, é hora de analisá-los. Use as técnicas
estatísticas e métodos de análise de dados apropriados para o método de pesquisa escolhido. Os
resultados da análise devem responder à pergunta de pesquisa.
8. Interpretação dos resultados: Analise e interprete os resultados da pesquisa. Discuta as implicações
dos resultados para a teoria e prática, faça comparações com outras pesquisas relevantes e discuta as
limitações e implicações futuras da pesquisa.
9. Redação e apresentação dos resultados:
10. Escreva um relatório final da pesquisa, incluindo uma introdução, justificativa, objetivos, metodologia,
resultados e conclusões.
11. Use a formatação adequada para trabalhos acadêmicos e siga as orientações que serão repassadas em
sala de aula.

Temas para a pesquisa empírica

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1. Avaliação do acesso à justiça: Fazer uma pesquisa para avaliar o acesso à justiça na sua cidade ou
região ou para um determinado grupo de pessoas, como, por exemplo, as populações mais vulneráveis,
como os moradores de favelas, as pessoas em situação de rua ou as mulheres vítimas de violência
doméstica. A pesquisa pode envolver a coleta de dados em tribunais, entrevistas com juízes, advogados
e membros da sociedade civil, bem como a análise de estatísticas judiciais.
2. Percepção da sociedade sobre a justiça: Fazer uma pesquisa para avaliar a percepção da sociedade da
sua cidade ou região sobre a justiça em geral, como a confiança na instituição, a satisfação com as
decisões judiciais e a percepção de que a justiça é acessível a todos. A pesquisa pode envolver a
aplicação de questionários, entrevistas em profundidade ou grupos de discussão com membros da
sociedade civil.

TÓPICO 6 - VIOLÊNCIA URBANA, CRIMINALIDADE E SEGURANÇA PÚBLICA

A violência urbana, a criminalidade e a segurança pública são questões complexas e inter-relacionadas que
afetam a vida de milhões de pessoas em todo o mundo. A violência urbana é um fenômeno multifacetado que
inclui diferentes tipos de violência, como homicídios, roubos, assaltos, estupros, tráfico de drogas, entre
outros.

As causas são muitas e variadas, e incluem fatores socioeconômicos, políticos e culturais. A pobreza, a
desigualdade social, a falta de acesso a serviços básicos como saúde, educação e saneamento, a falta de
oportunidades de emprego e a exclusão social são fatores que contribuem para a violência urbana.

A criminalidade é um dos principais resultados da violência urbana, e é caracterizada pela prática de ações
que violam a lei. A criminalidade pode ser motivada por diversos fatores, incluindo a busca por dinheiro, a
necessidade de sobrevivência, a busca de status, a exclusão social e outros.

A segurança pública é a responsabilidade do Estado em garantir a proteção dos cidadãos contra a violência e
a criminalidade. A segurança pública envolve ações como a prevenção e o combate ao crime, o patrulhamento
ostensivo, a investigação criminal, entre outras. No entanto, as políticas de segurança pública são
frequentemente criticadas por não serem eficazes o suficiente, ou por serem implementadas de forma desigual,
resultando em violações dos direitos humanos e abusos por parte das forças de segurança.

Para enfrentar a violência urbana e a criminalidade, é necessário um enfoque integrado que leve em conta os
diferentes fatores que contribuem para o problema. Isso inclui investimentos em educação, saúde, habitação e
outras áreas sociais, bem como o desenvolvimento de políticas públicas de segurança efetivas e que respeitem
os direitos humanos. É fundamental que as políticas de segurança sejam baseadas em evidências e em
abordagens participativas que incluam a sociedade civil, as comunidades afetadas pela violência e as vítimas
de crimes.

A violência urbana, a criminalidade e a segurança pública são desafios complexos e persistentes que exigem
soluções multifacetadas e ações coordenadas em diferentes níveis de governo e da sociedade em geral. O
diálogo e a colaboração entre as diferentes partes interessadas são essenciais para a construção de sociedades
mais seguras e justas.

Reflexões à luz da Sociologia Jurídica sobre a Violência e criminalidade

A violência urbana, a criminalidade e a segurança pública são temas complexos que afetam diretamente a vida
das pessoas e apresentam desafios para a sociedade e para o Estado. A sociologia jurídica pode oferecer
algumas reflexões importantes sobre essas questões.
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Sociologia Jurídica - 1º período – Prof.ª Tânia Danielle Vieira Neto

A primeira reflexão é sobre a construção social da violência e da criminalidade. A sociologia jurídica destaca
que a violência e a criminalidade não são fenômenos naturais, mas sim construções sociais que dependem de
fatores culturais, econômicos, políticos e históricos. Por exemplo, as condições de pobreza, exclusão social,
desigualdade e discriminação podem contribuir para o aumento da violência e da criminalidade em
determinadas áreas urbanas.

A segunda reflexão é sobre a seletividade do sistema penal. A sociologia jurídica aponta que o sistema penal
não trata todos os crimes da mesma forma e que a aplicação da lei pode ser seletiva, favorecendo certos grupos
sociais em detrimento de outros. Por exemplo, há evidências de que pessoas negras e pobres têm mais chances
de serem presas e condenadas do que pessoas brancas e ricas por crimes semelhantes. Isso significa que a
segurança pública pode ser vista como um instrumento de controle social e de manutenção da ordem
dominante, ao invés de um meio de proteção dos cidadãos.

A terceira reflexão é sobre a eficácia das políticas de segurança pública. A sociologia jurídica destaca que as
políticas de segurança pública não podem ser limitadas à repressão e à punição dos crimes, mas devem incluir
medidas de prevenção, de promoção da cidadania e de garantia dos direitos humanos. Por exemplo, a melhoria
das condições de vida, a promoção da educação, da saúde, do emprego e da cultura, e o fortalecimento da
participação cidadã podem contribuir para a redução da violência e da criminalidade.

É importante destacar que a reflexão sociológica sobre a violência urbana, a criminalidade e a segurança
pública não pode ser isolada da análise das estruturas sociais e políticas mais amplas. A sociologia jurídica
destaca que a construção de uma sociedade mais justa e igualitária depende da superação das desigualdades
sociais e da promoção da democracia, da participação cidadã e da justiça social. Isso implica em pensar a
segurança pública como um direito humano fundamental e como um compromisso do Estado em garantir a
proteção e a segurança de todos os cidadãos, sem exceção.

Diagnóstico do Sistema Prisional no Brasil

O sistema prisional brasileiro é um dos mais precários do mundo. De acordo com o Conselho Nacional de
Justiça (CNJ), o país tem a terceira maior população carcerária do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e
da China. Segundo dados do Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN), em dezembro de 2021, havia
758.676 pessoas presas no Brasil, em um sistema que tem capacidade para cerca de 450 mil.

O sistema prisional brasileiro é marcado por uma série de problemas estruturais que afetam a vida das pessoas
que estão presas e também daquelas que trabalham nas unidades prisionais. Dentre esses problemas, podemos
destacar:

1. Superlotação: A superlotação é um dos principais problemas do sistema prisional brasileiro. As


unidades prisionais têm capacidade para abrigar um número limitado de pessoas, mas, na prática, são
muitas vezes ocupadas por uma quantidade muito maior de detentos.
2. Condições precárias de saúde: As condições de saúde nos presídios são muito precárias. Muitos presos
sofrem de doenças crônicas, como tuberculose e HIV, que se espalham rapidamente devido às
condições de superlotação e higiene inadequada.
3. Falta de assistência jurídica: Muitos presos não têm acesso à assistência jurídica, o que dificulta o
acesso à justiça e pode levar a violações de direitos humanos.
4. Violência e tortura: A violência e a tortura são comuns no sistema prisional brasileiro. Presos são
muitas vezes submetidos a condições desumanas, como celas superlotadas, falta de higiene e falta de
acesso a serviços básicos, como água e alimentação.

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Sociologia Jurídica - 1º período – Prof.ª Tânia Danielle Vieira Neto

5. Falta de atividades e de trabalho: Muitos presos passam o tempo ocioso, o que pode levar a problemas
psicológicos e emocionais. Além disso, a falta de atividades e de trabalho dificulta a ressocialização
dos detentos e pode levar a uma reincidência no crime.

O sistema prisional brasileiro também é marcado pela seletividade e pelo racismo institucional. A maioria dos
presos é composta por jovens, negros e pobres, o que reflete as desigualdades sociais do país.

Para enfrentar esses problemas, é necessário um conjunto de políticas públicas que visem a melhoria das
condições do sistema prisional, a redução da superlotação, a garantia de direitos humanos e a promoção da
ressocialização dos detentos. É necessário ainda combater as desigualdades sociais e o racismo institucional
que levam à seletividade do sistema penal.

Função social da polícia no Estado Contemporâneo

A origem da função social da polícia pode ser traçada a partir da criação dos primeiros corpos policiais no
século XIX, quando as forças de segurança passaram a ser vistas como instituições públicas responsáveis pela
manutenção da ordem e segurança da população. A ideia de que a polícia tem uma função social surgiu como
uma resposta à necessidade de controle social em meio às transformações sociais e políticas ocorridas na
época, como a urbanização, a industrialização e a formação do Estado moderno. Com o tempo, essa função
social foi sendo ampliada e redefinida, levando em conta as mudanças nas demandas da sociedade e nos
valores e princípios que regem a atuação da polícia. Hoje em dia, espera-se que a polícia não apenas combata
o crime e a violência, mas que também trabalhe para promover a segurança e o bem-estar da população,
respeitando os direitos humanos e a democracia.

A função social da polícia no Estado contemporâneo é complexa e multifacetada. Em termos gerais, a polícia
é responsável por manter a ordem e garantir a segurança pública. No entanto, essa função não é simples e
envolve uma série de desafios e tensões.

Por um lado, a polícia precisa ser eficaz na prevenção e repressão ao crime, garantindo a segurança dos
cidadãos. Para isso, é necessário que ela tenha recursos adequados e treinamento de alta qualidade, além de
uma estrutura organizacional bem definida e eficiente. Por outro lado, a polícia deve agir dentro dos limites
da lei e respeitar os direitos dos cidadãos, evitando o uso excessivo da força e a violação de direitos humanos.

Além disso, a polícia também tem um papel importante na promoção da justiça social e na construção de uma
sociedade mais justa e igualitária. Por exemplo, ela pode trabalhar para reduzir a discriminação e o preconceito
em relação a minorias étnicas, de gênero e de orientação sexual, além de garantir o acesso igualitário à justiça
e aos serviços públicos.

Para cumprir essa função social de forma eficaz, a polícia precisa ser constantemente avaliada e monitorada
pela sociedade civil e pelos órgãos de controle, a fim de garantir que ela esteja agindo de acordo com os
princípios do Estado de Direito e respeitando os direitos humanos. Além disso, é importante que a polícia seja
parte de um sistema de justiça criminal mais amplo, que enfrente as causas estruturais da violência e da
criminalidade, como a pobreza, a exclusão social e a desigualdade econômica.

Problemas estruturais e funcionais do sistema de segurança pública e suas possibilidades

A segurança pública é uma das principais responsabilidades do Estado, sendo fundamental para garantir a paz
e o bem-estar da sociedade. No entanto, o sistema de segurança pública no Brasil apresenta diversos problemas
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estruturais que impedem a realização plena de suas funções. Neste texto, abordaremos alguns desses
problemas e possibilidades de solução.

Um dos principais problemas do sistema de segurança pública no Brasil é a falta de integração entre as diversas
instituições responsáveis pela sua execução. Polícia militar, polícia civil, guardas municipais, agentes
penitenciários e outros órgãos atuam de maneira isolada, sem uma coordenação adequada. Essa falta de
integração dificulta o combate ao crime e a proteção da população.

Além disso, o sistema de segurança pública é marcado pela falta de investimentos em tecnologia e capacitação
dos agentes. Equipamentos obsoletos, falta de treinamento adequado e salários baixos são apenas alguns
exemplos de problemas que afetam a eficácia do trabalho policial. Essa falta de recursos também se reflete na
estrutura física das delegacias e presídios, muitas vezes superlotados e em condições precárias.

Outro problema grave é a corrupção dentro do sistema de segurança pública. A atuação de policiais corruptos
é uma realidade que compromete a credibilidade da instituição e afeta a confiança da população na polícia.
Esse problema é agravado pela falta de transparência e de controle externo das atividades policiais.

Diante desse cenário, é necessário pensar em possibilidades de solução para os problemas estruturais do
sistema de segurança pública. Uma das soluções possíveis é a integração das diversas instituições, com a
criação de um sistema de segurança pública único e integrado. A adoção de tecnologia moderna e a capacitação
dos agentes também são fundamentais para aprimorar a eficácia do trabalho policial.

Outra medida importante é o fortalecimento do controle externo das atividades policiais, com a criação de
mecanismos de fiscalização e transparência. A atuação de órgãos independentes, como o Ministério Público
e a Defensoria Pública, pode contribuir para a prevenção e punição de abusos policiais.

É importante destacar a importância da participação da sociedade na discussão e na formulação de políticas


públicas de segurança. A sociedade civil organizada pode contribuir para a construção de um sistema de
segurança pública mais eficiente e transparente, capaz de garantir a proteção e a segurança de todos os
cidadãos.

PROBLEMAS ESTRUTURAIS

1. Desigualdade social: a violência e a criminalidade tendem a ser mais prevalentes em áreas de maior
vulnerabilidade social, onde há menor acesso a serviços públicos de qualidade, como saúde, educação
e segurança.
2. Corrupção e impunidade: a falta de transparência e dos órgãos de segurança pública, aliada à
impunidade de crimes cometidos por agentes de segurança, contribui para a perpetuação de práticas
corruptas e violações aos direitos humanos.
3. Ausência de planejamento e coordenação: a fragmentação e falta de articulação entre os órgãos
responsáveis pela segurança pública, bem como a ausência de um planejamento estratégico efetivo,
dificultam o enfrentamento da violência e da criminalidade.
4. Uso excessivo da força e violações aos direitos humanos: a atuação violenta e arbitrária de alguns
agentes de segurança, bem como a falta de preparo para lidar com situações de conflito e crise, podem
resultar em violações aos direitos humanos e agravar o problema da violência.

Por fim, a falta de investimento em políticas sociais e de prevenção à violência também afeta a efetividade do
sistema de segurança pública. É necessário investir em políticas públicas que visem a redução da desigualdade
social, o fortalecimento dos laços comunitários e a prevenção da violência, como forma de reduzir a demanda
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por serviços de segurança pública. Essas são algumas das possibilidades de enfrentamento dos problemas
funcionais do sistema de segurança pública, visando a garantia dos direitos humanos e a melhoria da qualidade
de vida da população.

TRABALHO 3 – VIOLÊNCIA URBANA, CRIMINALIDADE E SEGURANÇA PÚBLICA

Tipo de trabalho: Pesquisa de campo e análise de dados

A pesquisa de campo é um método de pesquisa que envolve coleta de dados diretamente no local ou ambiente
onde o fenômeno de interesse ocorre. Essa técnica pode incluir observações, entrevistas, questionários,
medições, entre outros instrumentos de coleta de dados, e é frequentemente utilizada em diversas áreas, como
sociologia, antropologia, psicologia, entre outras.
Use a formatação adequada para trabalhos acadêmicos e siga as orientações que serão repassadas em sala de
aula.

Orientações para o trabalho:

Para fazer uma pesquisa de campo, siga os seguintes passos:

1. Defina o tema da pesquisa e o problema de pesquisa que você quer investigar.


2. Escolha a técnica de coleta de dados que você vai utilizar, como entrevistas, questionários, observação
participante, entre outros.
3. Selecione o grupo ou população que você pretende estudar.
4. Faça um planejamento da pesquisa, incluindo cronograma, recursos necessários e orçamento.
5. Faça contatos com os participantes da pesquisa e estabeleça um local para realizar as entrevistas ou
observações.
6. Antes de realizar a entrevista ou questionário, o participante precisa assinar o termo de consentimento
livre (TCLP) – (Veja no ANEXO ao final da apostila)
7. Colete os dados de acordo com a técnica escolhida.
8. Analise os dados coletados e interprete os resultados.
9. Escreva um relatório final da pesquisa, incluindo uma introdução, justificativa, objetivos, metodologia,
resultados e conclusões.

É importante lembrar que, para fazer uma pesquisa de campo, é necessário ter habilidades de comunicação,
empatia e ética, além de ter conhecimento prévio sobre o tema da pesquisa. Também é fundamental seguir as
normas éticas e legais em relação à pesquisa com seres humanos.

Temas para o trabalho:

1. Pesquisa de campo sobre a experiência de violência urbana vivida por grupos sociais específicos, como
moradores de favelas, jovens negros, mulheres, LGBTs, entre outros, e suas estratégias de resistência
e de busca de proteção.
2. Estudo de comunidades marginalizadas: conduzir uma pesquisa em uma comunidade marginalizada,
como um bairro de baixa renda ou uma área rural isolada, para entender as dinâmicas sociais e culturais
que moldam a vida dessas comunidades e as questões que enfrentam.
3. Pesquisa de campo na área de segurança pública: realizar entrevistas com policiais e agentes de
segurança pública para investigar suas percepções sobre a eficácia das políticas públicas de segurança,
bem como suas experiências cotidianas no trabalho.

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ANEXOS

TERMO DE CONSENTIMENTO DE LIVRE PARTICIPAÇÃO

Um termo de consentimento de livre participação (TCLP) é um documento que esclarece as informações sobre
um estudo ou pesquisa, informando aos participantes sobre o objetivo, os procedimentos, possíveis riscos e
benefícios, e outros detalhes relevantes para que possam tomar uma decisão informada sobre participar ou
não.

O TCLP é uma medida importante para proteger os direitos dos participantes, assegurando que eles tenham
conhecimento suficiente sobre o estudo e seus possíveis impactos antes de decidir se desejam participar ou
não. Normalmente, os pesquisadores precisam obter o consentimento informado de todos os participantes
antes de iniciar a coleta de dados, e o TCLP é um documento que formaliza essa etapa.

É importante destacar que o TCLP é apenas uma parte do processo de proteção aos participantes de um estudo.
Os pesquisadores também devem garantir a privacidade e confidencialidade dos dados coletados, bem como
seguir todas as leis e regulamentações aplicáveis.

MODELO DE TCLP

TERMO DE CONSENTIMENTO DE LIVRE PARTICIPAÇÃO

Título do Estudo: [insira o título do estudo]

Pesquisador Responsável: [insira o nome do pesquisador responsável]

Eu, _____________________ [insira o nome completo do participante], declaro ter sido informado sobre o
objetivo, procedimentos, possíveis riscos e benefícios do estudo acima mencionado e concordo em participar
do mesmo.

1. Objetivo do estudo: [insira o objetivo do estudo]


2. Procedimentos do estudo: [insira os procedimentos que serão realizados no estudo]
3. Possíveis riscos: [insira os possíveis riscos que o participante poderá enfrentar ao participar do estudo]
4. Benefícios: [insira os possíveis benefícios que o participante poderá receber ao participar do estudo]
5. Confidencialidade: As informações coletadas durante o estudo serão mantidas em sigilo e serão
utilizadas exclusivamente para fins de pesquisa. As informações não serão compartilhadas com
terceiros sem a autorização expressa do participante.
6. Direitos do participante: O participante tem o direito de recusar-se a participar do estudo, bem como
de interromper sua participação a qualquer momento sem sofrer qualquer penalidade ou prejuízo.
7. Contato para esclarecimentos: Caso o participante tenha dúvidas sobre o estudo, poderá entrar em
contato com o pesquisador responsável através do seguinte endereço de e-mail: [insira o endereço de
e-mail do pesquisador responsável]

Eu, __________________________________ [insira o nome completo do participante], li e compreendi todas


as informações contidas neste Termo de Consentimento de Livre Participação e concordo em participar do
estudo.

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Assinatura do Participante

Data

Assinatura do Pesquisador Responsável

Data

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