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Ensino jurídico: uma proposta pedagógica.

Perspectiva
curricular axiológica para uma nova cultura jurídica

ENSINO JURÍDICO: UMA PROPOSTA PEDAGÓGICA. PERSPECTIVA


CURRICULAR AXIOLÓGICA PARA UMA NOVA CULTURA JURÍDICA
Legal teaching: a pedagogical proposal. Axiological curricular perspective for a new legal
culture
Revista de Direito Privado | vol. 90/2018 | p. 193 - 249 | Jun / 2018
DTR\2018\15638

Leonardo Gomes de Aquino


Mestre em Ciências Jurídico-Empresariais. Especialista em Direito pelo Centro
Universitário do Maranhão – Uniceuma. Pós-Graduado em Ciências Jurídico-Processuais e
em Ciências Jurídico-Empresariais pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra
(Portugal). Especialista em Direito Empresarial pela FADOM. Professor Universitário na
UNICEUB e na UNIEURO. Advogado. lgomesa@ig.com.br

Área do Direito: Educação


Resumo: O apego a uma forma tradicional de se pensar e ensinar o Direito é uma fonte
de dificuldades práticas. A realidade com que se confrontam os operadores do Direito,
independentemente da opção profissional exercida, evidencia a defasagem entre o
ensino oferecido e aquilo que efetivamente seria necessário em face da realidade social,
que se manifesta irrequieta nos seus interesses mais legítimos. Assim, a proposta do
texto é uma mostra uma nova perspectiva curricular axiológica para uma cultura jurídica
contemporânea.

Palavras-chave: Curso de direito – História – Mecanismo de aprimoramento – A questão


curricular – Perspectiva curricular axiológica para uma nova cultura jurídica
Abstract: Clinging to a traditional way of thinking and teach the law is a source of
practical difficulties. The reality faced by operators in the law, regardless of the option
exercised professional, highlights the gap between the education offered and what
effectively would be necessary in the face of social reality, which manifests itself more
restless in their legitimate interests. Thus, the proposed text is a curricular perspective
shows a new axiological for a new legal culture.

Keywords: Law Course – History – Mechanism of improvement – Question course –


Axiological perspective curriculum for a new legal culture
Sumário:

1 Introdução - 2 Sociabilidade humana - 3 Sociedade, interação e controle social - 4 O


Direito e o ensino do jurídico no Brasil – Evolução histórica - 5 Uma proposta pedagógica
- 6 Conclusões - 7 Referências bibliográficas

1 Introdução

A habilidade de saber pensar e intervir, no sentido de atingir níveis crescentes de


autonomia individual e coletiva, que permitem conduzir a história própria e mesmo
imaginar inovações no processo natural evolucionário fazem parte da sociabilidade
humana. Assim, nenhuma sociedade poderia subsistir se ela se omitisse diante do
choque de forças sociais e do conflito de interesse que se verificam constantemente no
seu interior. Neste momento, surge a necessidade de regras e, para a sua aplicação, se
faz imprescindível a inserção do estudo destas normas. Desta forma, este trabalho tem
como tema central o ensino jurídico: uma proposta pedagógica, dentro de uma
perspectiva curricular axiológica para uma nova cultura jurídica.

Faremos a nossa análise sobre a ótica da história do direito educacional no Brasil, pois é
suma importância pela interferência jurídico-cultural, econômica, sociológica e política
que exerce na sociedade.

Escolhemos este tema em virtude das raízes da formação do jurista, de maneira a


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conhecê-la e estudá-la dentro de sua evolução histórica até alcançar as grandes


modificações a que se subordinou o ensino jurídico, em especial depois da Resolução
9/2004, levando a modelar um plano do ensino jurídico na nossa sociedade.

O interesse pelo tema vem mobilizando políticos, juristas, sociólogos, filósofos e


antropólogos desde as primeiras manifestações acerca da criação dos cursos jurídicos no
país. Desta forma, defendemos a importância, haja vista que representa uma nova visão
no meio jurídico da necessidade de uma reformulação nos conteúdos e métodos do
ensino da graduação de ciências jurídicas (Direito).

Pretendemos desenvolver esse trabalho pesquisando as regras jurídicas impostas pelo


ordenamento jurídico brasileiro e nos doutrinadores citados no corpo do trabalho. E para
essa compreensão se faz necessário inquirir: a) qual a necessidade do estudo do Direito?
b) Em que contexto surgiu o ensino jurídico brasileiro e em qual contexto ocorreu a
última reforma do ensino jurídico? c) Qual a necessidade de atitudes que levem a uma
modificação constante do ensino jurídico? d) Como alcançar a excelência do ensino
jurídico? e e) Como conciliar os interesses econômicos, sociais e educacionais dentro do
sistema jurídico-politico brasileiro?

Tem-se como objetivo uma reflexão por todos que se interessam pelo tema e, em
especial, que contribua nos seguintes aspectos: a) uma nova visão acerca da
necessidade de o estudo jurídico mesclar o ensino de conteúdos zetéticos, dogmáticos e
práticos; b) identificar o perfil do bacharel em Direito e o estado de seu conhecimento
adquirido para os desafios e demandas sociais; c) suprir as lacunas de estudos e
avaliações acerca dos dogmas educacionais previsto na legislação brasileira.

A metodologia empregada usa o método fenomenológico, que consiste numa coerência


do conteúdo: a organização lógica dos fatos e atos não advém de uma forma que lhes
seria superposta, mas é o conteúdo mesmo desses atos e fatos que é suposto
ordenar-se espontaneamente de maneira a tornar-se pensável, ou seja, a vontade
bipartida de maneira a coligar as experiências concretas e não somente o conhecimento,
mas também as experiências verificadas em sociedade.

No primeiro tópico, abordaremos a sociabilidade humana. No segundo, refletiremos


acerca da sociedade, interação e controle social. Já no terceiro, descreveremos a
evolução histórica do ensino jurídico no Brasil. No quarto, discutiremos uma proposta
pedagógica.

2 Sociabilidade humana

2.1 A pessoa, ser social e político

A pessoa é todo ser humano que nasceu com vida. É ela a própria justificativa da ciência
jurídica, que é feita pelo homem para o homem. Assim sendo, pouco interessa se a
pessoa é oriunda de concepção natural ou artificial.

Onde quer que se observe o ser humano, seja qual for a época e por mais rude e
selvagem que possa ser na sua origem, ele sempre é encontrado em estado de
convivência com os outros. De fato, desde o seu primeiro aparecimento sobre a terra,
surgiram em grupos sociais, incialmente pequenos, como as famílias, os clãs e as tribos,
e depois maiores, como as aldeias, as cidades e os Estados.

Assim, podemos afirmar que a pessoa apresenta duas dimensões fundamentais: a


sociabilidade e a politicidade.

Segundo Battista Modin, a sociabilidade vem a ser “a propensão do homem para viver
junto com os outros e comunicar-se com eles, torná-los participantes das próprias
experiências e dos próprios desejos, conviver com eles as mesmas emoções e os
mesmos bens”. Já a politicidade seria “o conjunto de relações que o indivíduo mantém
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com os outros, enquanto faz parte de um grupo social” .
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Miguel Reale demonstra que:

A sociedade, longe de constituir um fator originário e supremo, é condicionada pela


sociabilidade do homem, isto é, por algo que é inerente a todo ser humano e que é
condição de possibilidade da vida de relação. O fato do homem só vir a adquirir
consciência de sua personalidade em dado momento de evolução histórica não elide a
verdade de que o “social” já estava originariamente no ser mesmo homem, no caráter
bilateral de toda atividade espiritual: a tomada de consciência do valor da personalidade
é uma expressão histórica da atualização do ser do homem como ser social, uma
projeção social se não fosse inerente ao homem a condição transcendental de ser
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pessoa, ou, por outras palavras, de ser todo homem a priori uma pessoa.

De acordo com Pedro Demo, a politicidade seria “a habilidade de saber pensar e intervir,
no sentido de atingir níveis crescentes de autonomia individual e coletiva, que permitem
conduzir a história própria e mesmo imaginar inovações no processo natural
evolucionário”, ou seja, “no conceito de politicidade, entretanto, o centro é menos a
capacidade de alargar limites dados do que a habilidade de se confrontar limites
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impostos, ou de superar os entraves pela via precípua da auto-superação” .

Na realidade, são dois fenômenos correlatos em um único fator. O homem é sociável e,


por isso, tende a entrar em contato com os seus semelhantes e a formar com eles certas
relações estáveis. Porém, começando a fazer parte de grupos organizados, torna-se um
ser político, ou seja, membro de uma pólis, de uma cidade, de um Estado, e, como
membro de tal organismo, adquire certos direitos e assume determinados deveres.

O fato indiscutível é que o elemento humano é dado a relações. Não há para o ser
humano outro ambiente para a sua existência senão o social. O homem existe e
coexiste; para ele, viver é conviver, ser com. Se a pessoa tem uma estrutura de
interioridade, ela é também uma realidade aberta; é um ser para o encontro.

2.2 Interpretações da dimensão social

Como explicar o impulso associativo do ser humano?

a) Platão (428-348 a. C.) e Aristóteles (384-322 a. C.) interpretam, de maneira oposta a


dimensão social do homem. Segundo Platão, trata-se de um fenômeno contingente,
enquanto para Aristóteles cuida-se de uma propriedade essencial. Tal divergência nasce
das suas concepções diversas do ser humano.

Para Platão, o homem é essencialmente alma, ele realiza a sua perfeição e chega a
alcançar sua felicidade na contemplação das ideias, que povoam um mundo denominado
metaforicamente por ele de lugar celeste. Nessa atividade, não necessita de ninguém;
cada qual existe e se realiza por sua própria conta, independentemente de ninguém.
Mas, em razão de uma grande culpa, as almas perderam sua condição original de
absoluta espiritualidade e caíram na terra, onde teriam sido obrigadas a assumir um
corpo para pagar as próprias culpas e purificar-se. Agora o corpo comporta toda a série
de necessidades que podem ser satisfeitas apenas com a ajuda dos outros. A
sociabilidade é, portanto, uma consequência da corporeidade, e dura apenas enquanto
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as almas estiverem ligadas ao corpo .

Aristóteles, de maneia oposta, vê o homem como essencialmente constituído de corpo e


alma, e, movido por tal constituição, é necessariamente ligado aos vínculos sociais.
Sozinho ele não pode satisfazer suas próprias necessidades nem realizar aspirações. É,
portanto, a própria natureza que induz o indivíduo a associar-se com os outros
indivíduos e a se organizar em uma sociedade. Por isso, considerava o homem fora da
sociedade um bruto ou um deus, significando algo inferior ou superior à condição
humana: o homem é, por natureza, um animal político. Aquele que, por natureza, não
possui estado, é superior ou mesmo inferior ao homem, quer dizer: ou é um deus ou é
um animal. Donde se conclui que: “nenhum pode bastar a si mesmo. Aquele que não
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precisa dos outros homens, ou não pode resolver-se a ficar com eles, ou é um deus ou
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um bruto. Assim, a inclinação natural leva os homens a este gênero de sociedade.”

b) São Tomás de Aquino (1225-1274), como Aristóteles, considera que o homem é


naturalmente sociável: “O homem é, por natureza, animal social e político, vivendo em
multidão, ainda mais que todos os outros animais, o que evidencia pela natural
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necessidade”. Assim, a sociedade política deriva a sua origem diretamente das
exigências naturais da pessoa humana. São Tomás de Aquino afirma, então, que a vida
solitária e fora da sociedade é exceção. Que pode ser enquadrada numa das três
hipóteses: mala fortuna, ou seja, quando, por um infortúnio qualquer, o indivíduo
acidentalmente passa a viver em isolamento; corruptio naurae, quando o homem, em
caso de anomalia ou alienação mental, desprovido de razão, vai viver distanciado dos
seus semelhantes; e excellentia naturae, que é a hipótese de um indivíduo notavelmente
virtuoso, possuindo uma grande espiritualidade, isolar-se para viver em comunhão com
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a própria divindade .

c) Contratualismo – Durante a época moderna, a interpretação platônica do fundamento


da sociabilidade encontrou adesão por parte de muitos filósofos como Spinoza, Hobbes,
Locke, Vico e Rousseau. Sustentavam que a sociedade é tão só o produto de um acordo
de vontades, ou seja, de um contrato hipotético celebrado entre seres humanos.

Existe uma diversidade muito grande de contratualismo, encontrando-se diferentes


explicações para a decisão do homem de unir-se a seus semelhantes e de passar a viver
em sociedade. Porém, há um ponto em comum entre eles: a negativa do impulso
associativo natural, ou seja, a sociabilidade é fenômeno secundário, derivado, com a
afirmação de que só a vontade humana justifica a existência da sociedade; esta se
assenta sobre o contrato e é uma criação humana, algo deposto pelo homem e que o
homem pode desfazer ou alterar segundo seu arbítrio.

Partindo de um homem concebido como sendo anterior à organização da convivência


social, essa pessoa natural é um homem criado pela razão, com qualidades e tendências
variáveis, segundo as preferências e os interesses dos vários autores contratualistas.
Não é de espantar, portanto, que o contratualismo possa chegar às conclusões mais
desencontradas, uma vez que seus adeptos partem sempre de uma pessoa natural, que
tenha precisamente aqueles defeitos ou qualidades indispensáveis à realização de um
contrato social, com as cláusulas e condições desejadas.

Thomas Hobbes (1588-1679) defendia que o homem não possui o instinto natural de
sociabilidade; por sua natureza, é um ser mau antissocial. Por isso, cada homem encara
seu semelhante como um concorrente que precisa ser dominado. A consequência dessa
disputa dos homens entre si teria gerado um permanente estado de guerra nas
comunidades primitivas. Para dar fim à brutalidade social primitiva, os homens firmaram
um contrato entre si, pelo qual cada um transferia seu poder de governar a si próprio a
um terceiro, o Estado, para que este governasse a todos impondo ordem e segurança à
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vida social .

Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), por sua vez, afirma a preponderância da bondade


humana no estado de natureza; nele o homem é essencialmente bom e livre. É o
aparecimento da propriedade privada que marca o fim desse estado e o início de uma
época de conflitos, males e guerras. Aconselhadas pelos ricos, as pessoas são levadas a
viver em sociedade e sob o poder de uma autoridade, que deveria manter a paz e a
justiça por meio das leis. Contudo, deram assim mais força aos ricos, que acabaram por
destruir as liberdades naturais, endeusaram a propriedade, fixaram as desigualdades e
sujeitaram os demais homens ao trabalho, à servidão e à miséria. O homem,
afastando-se do estado de natureza, foi situar-se no estado de sociedade, que só serve
para corrompê-lo e torná-lo ineficaz. O problema, então, é como formar uma sociedade
que defenda e proteja a pessoa e os bens de cada associado, e na qual qualquer um
deles, ao unir-se a todos os outros, não obedeça senão a si mesmo, e permaneça tão
livre como antes.
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A solução para Jean-Jacques Rousseau encontra-se em organizar um Estado que só se


guie pela vontade geral, e não pela vontade particular de cada um, de alguns ou da
maioria dos indivíduos. E temos a vontade geral governando a sociedade quando esta só
pratica atos ou edita lei cujo conteúdo sempre contenha somente interesses comuns a
todos, todos permanecem livres e senhores de si e de suas coisas: dão os direitos
naturais, como os da liberdade e igualdade, próprios da natureza humana. Vale lembrar
que o direito, ou lei, que vige no Estado do contrato, expressa a vontade geral.

Note-se que, para Jean-Jacques Rousseau, o contrato social não cria a sociedade ou o
Estado: é um programa que diz como eles devem ser para o bem da humanidade; nele
são estipuladas as condições que permitem às pessoas retornar a viver sob os benefícios
de um estado de natureza aperfeiçoado e no qual reencontram a sua autêntica natureza
humana.

3 Sociedade, interação e controle social

3.1 Conceito de sociedade


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Maria Helena Diniz demonstra que o termo apresenta controvérsia por causa de seu
caráter amplo. De fato, o termo é tomado em vários sentidos. Tanto é verdade que hoje
é frequente os sociólogos empregarem o termo sociedade como sinônimo de grupo
social, significando qualquer agrupamento de pessoas em processo de interação.

3.2 Características da sociedade

Para a sua caracterização, faz-se necessário analisar três fatores: multiplicidade de


indivíduos, interação e previsão de comportamentos:

a) multiplicidade de indivíduos: as realidades que consideramos com a denominação


genérica de sociedade apresentam como pressuposto primeiro a multiplicidade de
indivíduos; trata-se de um conjunto ou agrupamento de indivíduos;

b) interação social: não basta, porém, para existência de uma sociedade, que indivíduos,
em número maior ou menor, unam-se. É indispensável que os indivíduos se
inter-relacionem, ou seja, que desenvolvam ações recíprocas, de maneira que à ação de
uns correspondam ações correlatas de outros, dentro de uma estrutura bem definida.
Desta forma, a interação pode ser encarada de três formas distintas: 1) cooperação; 2)
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competição; 3) conflito. Paulo Nader demonstra que, na cooperação, as pessoas estão
movidas por um mesmo objetivo e valor e, por isso, conjugam o seu esforço. Na
competição, há uma disputa, uma concorrência, em que as partes procuram obter o que
almejam, uma visando à exclusão da outra. O conflito se faz presente a partir do
impasse quando os interesses em jogo não logram uma solução pelo diálogo e as partes
recorrem à agressão, moral ou física, ou buscam a mediação da justiça. Em relação aos
conflitos, eles são fenômenos naturais a qualquer sociedade; e, quanto mais esta se
desenvolve, mais se sujeita a novas formas de conflito, tornando-se a convivência, se-
não o maior, certamente um dos seus maiores desafios;

c) previsão de comportamento: a interação, por seu turno, pressupõe uma previsão de


comportamento, ou de relações ao comportamento dos outros. Em verdade, cada um
atua na expectativa de que os demais indivíduos corresponderão às atitudes que
assumimos dentro de um quadro de significações bem definidas. Cada um age
orientando-se pelo provável comportamento do outro e também pela interpretação que
faz das expectativas do outro com relação a seu comportamento.

3.3 Instrumentos de controle social

Nenhuma sociedade poderia subsistir se ela se omitisse diante do choque de forças


sociais e do conflito de interesses que se verificam constantemente no seu interior. Não
haveria vida coletiva se fosse permitido que cada indivíduo procedesse de acordo com
seus impulsos e desejos pessoais, sem respeitar os interesses dos demais. Esse processo
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de regulamentação da conduta em sociedade pode ser concebido como controle social. E


os meios de que se serve a sociedade para regular a conduta de seus membros nas
relações com os demais são os instrumentos de controle social como a religião, a moral,
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as regras de trato social e o direito .

3.4 O direito como instrumento de controle social

É de se ressaltar, de início, que o direito não é o único responsável pela harmonia da


vida em sociedade, uma vez que a religião, a moral, as regras de trato social igualmente
contribuem para o sucesso das relações sociais. Se devemos dizer que o direito não é o
único valor, nem o mais alto, ele é, contudo, a garantia precípua da vida em sociedade.

Se há outros instrumentos de controle social, cada um o é em sua faixa própria.


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Preceitua Paulo Nader que a do direito é regrar a conduta social, com vistas à ordem e
à justiça, e somente os fatos sociais mais importantes para o convívio social é que são
juridicamente disciplinados. Assim, o direito, não visa ao aperfeiçoamento interior do
homem; essa meta pertence à moral. Não pretende preparar o seu humano para uma
vida supraterrena, ligada a Deus, finalidade buscada pela religião. Nem se preocupa em
incentivar a cortesia, o cavalheirismo ou as normas de etiqueta, campo específico das
regras de trato social, que procuram aprimorar o nível das relações sociais.

O fato é que o direito, dentro da faixa que lhe é própria, provoca, pela precisão de suas
regras e sanções, um grau de certeza e segurança no comportamento humano, que não
pode ser alcançado pelos outros tipos de controle social.

3.5 Sociedade e Direito coexigem-se

Não pode haver sociedade sem direito, porque nenhuma sociedade poderia subsistir sem
um conjunto mínimo de regras, capazes de nortear a vida em comum. Assim, a vida em
comum sem uma delimitação precisa da esfera de atuação de cada indivíduo, de modo
que a liberdade de um vá até onde começa o direito do outro, é inteiramente
inconcebível. O fato inegável é que as relações entre os homens não se dão sem o
concomitante aparecimento de normas de organização da conduta social.

A convivência exige ser ordenada e o direito, mais do qualquer outro tipo de controle
social, corresponde a essa exigência de ordem, essencial à sociedade e conatural ao ser
humano; ele é a máxima expressão desse imperativo da ordem. Em suma, assim como
o não se concebe o homem fora da sociedade, igualmente não se concebe o indivíduo
convivendo com os demais sem o direito. Desta forma, o Direito pode ser encarado
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como uma integração normativa de fatos segundo valores .

Não há direito sem sociedade, pois o direito não tem existência em si próprio; ele existe
na sociedade e em função da sociedade. Por isso, é inconcebível fora do ambiente social.
É essencial à sociedade, mas não prescinde dela. Se isolarmos um indivíduo numa ilha
deserta, a ele não importarão regras de conduta. Não existem relações jurídicas sem
substrato social. Porém, a convivência postula regras que disciplinam os
comportamentos de cada pessoa e transmitem a segurança necessária à vida de relação
com os outros. Tais regras corporizam a ordem social que importa estudar.
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O fundamento para a criação do direito (norma jurídica) é o mais variado . Segundo
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Miguel Reale , a norma tem origem em fato que sofre uma valoração e que se
consubstancia na criação da norma.

Componentes da Teoria de Miguel Reale: há um mundo do ser que aprecia a realidade


social como ela é de fato; há um quadro de ideias e valores; e há um modelo de
sociedade desejado (mundo do dever-ser).

O fato refere-se às necessidades da sociedade para que seja criada uma norma; o valor
reporta-se à ponderação feita pelos criadores da norma em relação ao fato, por
exemplo, é necessário criar normas para fiscalizar a emissão de cheques de maneira a
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evitar as fraudes; e a norma criada é o resultado da relevância do fato acrescida da


ponderação do valor necessário.

Preceitua Paulo Nader que o direito, ao separar o lícito do ilícito, segundo os valores da
convivência que a própria sociedade elege, torna possíveis os nexos de cooperação e
disciplina a competição, estabelecendo as limitações necessárias ao equilíbrio e à justiça
nas relações sociais.

O direito procura, assim, responder às necessidades de ordem e justiça da convivência


em sociedade.

3.6 Princípios e fundamentos para o ensino jurídico

O ensino jurídico é objeto de indagações contemporâneas na tentativa de requalificar e


reordenar sua estrutura curricular, tornando-a diretiva da compreensão da Ciência do
Direito. Em face da característica multidisciplinar do ensino superior e da inegável
interação da Ciência Jurídica com as demais ciências sociais, verifica-se a necessidade de
reordenar suas diretrizes didático-pedagógicas, de forma a estabelecer uma estrutura
curricular voltada a identificar o Direito como elemento intrínseco ao equilíbrio social, à
estruturação do poder e à proteção dos cidadãos, coibindo práticas abusivas, seja nas
relações horizontais – entre indivíduos, seja nas verticais – entre Estado e cidadão.

A partir de uma análise antropológica, é possível constatar a coincidência entre o homem


– seu comportamento – e a sua produção, quer intelectual, quer material. Essa análise é
indissociável de sua formação sociocultural e, consequentemente, de sua concepção do
mundo e do papel que nele exerce como ser criativo e agente de mudanças.

4 O Direito e o ensino do jurídico no Brasil – Evolução histórica

O Direito é uno e indivisível, ou seja, é um sistema de normas, orientado por princípios


gerais; contudo, por questões metodológicas e propedêuticas, divide-se o Direito em
várias disciplinas de forma a melhor estudá-lo. Esta divisão é estabelecida em função de
seu conteúdo, de sua forma de aplicação e das responsabilidades que estabelecem. Não
seria possível, e nem prático, englobar tudo numa sistematização única. As divisões,
obviamente, não são estanques. Elas se interligam, se comunicam e muitas derivam
uma das outras, inclusive num processo de subdivisões. Isso na prática é extremamente
necessário.

4.1 O ensino jurídico no período imperial

As primeiras faculdades de Direito surgidas no Brasil foram institucionalizadas pela


aprovação do Projeto de 31 de agosto de 1826 – convertido em Lei em 11 de agosto de
1827 – que primava pela instalação de dois centros dedicados ao estudo jurídico em
nosso país. Desta forma, São Paulo e Olinda foram as localidades escolhidas para abrigar
esta nova vanguarda no ensino, graças, principalmente, à situação geográfica – uma
para atender ao sul e outra para suprir as necessidades dos habitantes do norte do Brasil
16
.
17
A Lei de 11 de agosto de 1827 , além de criar as duas primeiras Faculdades de Direito
do Brasil, também determinou o conteúdo mínimo a ser estudado nas faculdades, mas
não havia previsão de projeto pedagógico, atividades complementares e trabalho de
conclusão de curso.

O prazo mínimo para conclusão do curso era de cinco anos e com nove cadeiras.

No primeiro ano, o aluno deveria estudar direito natural, direito público, análise da
Constituição do Império, direito das gentes e diplomacia. No segundo ano, além das
matérias do primeiro ano, deveria estudar direito eclesiástico. No terceiro ano, deveria
estudar direito pátrio civil e direito criminal pátrio com teoria do processo criminal. No
quarto ano, deveria continuar a estudar o direito civil pátrio e o direito mercantil e
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marítimo. No quinto ano, deveria estudar economia política e teoria e prática do


processo adotado pelas leis do império.

Para o ingresso no curso de direito, o aluno deveria ter mais de 15 anos e a aprovação
em provas dos seguintes conteúdos: língua francesa, gramática latina, retórica, filosofia
racional e moral e geometria.

Os que frequentassem os cinco anos e obtivessem a aprovação conseguiam o grão de


bacharéis. Poderiam também obter o grão de Doutores aqueles que se habilitassem com
os requisitos especificados nos Estatutos do Visconde da Cachoeira (arts. 8º e 9º, da Lei
18
de 11 de agosto de 1827) .

Luiz António Bove afirma que o currículo desta época possuía uma influência eclesiástica,
tanto que uma das disciplinas estudadas era o Direito Eclesiástico. Portanto, “o ensino do
Direito Processual ficou relegado a segundo plano, favorecendo a Prática Forense e, por
19
último, a falta de método para o ensino” .

Sabrine Pierobon de Souza disciplina que após a aprovação do Decreto Regulamentar de


7 de novembro de 1831, a legislação atinente ao ensino jurídico vem a sofrer alterações
apenas vinte anos depois, através dos Decretos 608, de 16 de agosto de 1851, e 1.134,
datado de 30 de março de 1853, quase que integralmente mantido pelo diploma
20
imediatamente posterior (Decreto 1.386, de 28 de abril de 1854) .
21
O Decreto 1.134, de 30 de março de 1853 , permitiu a criação de duas cadeiras novas:
Direito Romano e Direito Administrativo. Esta data tornou-se um marco histórico nos
estudos acadêmicos graças à sua extensão enquanto motivação para uma nova
realidade, pois um novo cenário acadêmico começava a desenhar-se. Esse decreto,
apesar de não introduzir significativas mudanças no texto anterior, procurou consolidar
as duas cadeiras introduzidas e, ainda, passou a prever as disciplinas Processo Criminal
Pátrio (2ª cadeira do 3º ano) e Processo Civil (1ª cadeira do 5º ano). No ano seguinte, o
Decreto Regulamentar do curso de direito 1386 passou a aglutinar o processo civil e o
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criminal, incluindo o militar e a prática forense .

Cabe mencionar que, em 26 de abril de 1865, foi promulgado o Decreto 3.454, gerando
a redução do período de integralização dos cursos de cinco para quatro anos, a
subdivisão das faculdades de Direito nas Seções de Ciências Jurídicas e de Ciências
Sociais, além do avanço na questão do ensino livre e a transformação em optativa da
23
cadeira de Direito Eclesiástico .

A Reforma de Leôncio de Carvalho, consubstanciada no Decreto 7.247, de 19 de abril de


1879, veio em seguida efetivar o livre ensino primário, secundário e o superior na Corte,
trazendo uma nova estrutura organizacional e curricular para os cursos jurídicos em
geral.

Fabrizio Marchese expõe que:

No tocante à estrutura curricular, disciplina o art. 23 que:

As faculdades de Direito serão divididas em duas sessões:

§ 1º A seção de Ciências Jurídicas compreenderá o ensino das seguintes matérias:


Direito Natural; Direito Romano; Direito Constitucional; Direito Eclesiástico; Direito Civil;
Direito Criminal; Medicina Legal; Direito Comercial; Teoria do Processo Criminal, Civil e
Comercial e uma aula prática do mesmo processo.

§ 2º A Seção das Ciências Sociais constará das matérias seguintes: Direito Natural;
Direito Público Universal; Direito Constitucional; Direito Eclesiástico; Direito das Gentes;
Diplomacia e História dos Tratados; Direito Administrativo; Ciência da Administração e
Higiene Pública; Economia Política; Ciências das Finanças e Contabilidade do Estado.

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Ensino jurídico: uma proposta pedagógica. Perspectiva
curricular axiológica para uma nova cultura jurídica

§ 3º Para o ensino das matérias que formam o programa das duas seções haverá as
seguintes cadeiras: uma de Direito Natural; uma de Direito Romano; uma de Direito
Eclesiástico; duas de Direito Criminal; uma de Medicina Legal; duas de Direito
Comercial; uma de Direito Público e Constitucional; uma de Direito das Gentes; uma de
Diplomacia e História dos Tratados; duas de Direito Administrativo e Ciência da
Administração; uma de Economia Política; uma de Ciência das Finanças e Contabilidade
do Estado; uma de Higiene Pública; duas de Teoria e Prática do Processo Criminal; Civil
e Comercial.

§ 4º Nas matérias que compreendem duas cadeiras o ensino de uma será a continuação
do da outra. [...]

§ 8º O grau de Bacharel em Ciências Sociais habilita, independentemente de exame,


para os lugares de adidos de legações, bem como para os praticantes e amanuenses das
secretarias de Estado e mais repartições públicas.

§ 9º O grau de Bacharel em Ciências Jurídicas habilita para a advocacia e a


24
magistratura.

Durante o Império, o governo central controlou o ensino do Direito, e os cursos foram


criados, mantidos e controlados de forma absolutamente centralizada. Segundo Horácio
25
Wanderlei Rodrigues , o jusnaturalismo a doutrina dominante; à metodologia de ensino,
a limitação às aulas-conferência, no estilo de Coimbra; e ter sido o local de comunicação
das elites econômicas, onde formavam os seus filhos para ocuparem os primeiros
escalões políticos e administrativos do país.

4.2 O ensino jurídico na primeira e na segunda República

A Constituição Republicana (LGL\1988\3) de 1891, no capítulo destinado à educação,


admitia no art. 34, item 30, que ao Congresso incumbiria, privativamente, legislar sobre
o ensino superior.

A primeira norma expedida pelo governo republicano acerca da educação foi o Decreto
1.030-A, de 14 de novembro de 1890, que suprimiu do currículo jurídico a disciplina
Direito Eclesiástico, por causa da separação entre Estado e Igreja.
26
O Decreto Republicano 1.232-H, de 2 de janeiro de 1891 , primeiro na área
educacional, ficou conhecido como Reforma Benjamin Constant e inovou ao estabelecer
a divisão das faculdades de Direito em três cursos: o de Ciências Jurídicas, o de Ciências
Sociais e o de Notariado. Fundamenta-se na classificação das competênciasdas ciências.
Habilitava o primeiro o exercício da advocacia, da magistratura e da justiça, o segundo,
o exercício de cargos do corpo diplomático e consultor e aos mais altos escalões da
27
administração pública e o terceiro, o exercício dos ofícios de justiça . Procurou com isso
acolher as reivindicações da República, livre da influência burocrática da igreja na
organização dos serviços cartoriais civis e laicos.

Nos dois primeiros cursos da faculdade de Direito, houve acréscimo de matérias e


adaptação de nomenclatura de outras, porém, o curso de notariado era composto por
um currículo todo voltado para suas particularidades.

Cada Curso possuía uma duração diferente: o de Ciências Jurídicas poderia ser concluído
no prazo mínimo de quatro anos; o de Ciências Sociais era de três anos e o de notariado
era de dois anos.
28
As disciplinas lecionadas nos cursos eram :

Ano Curso Matéria

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Ensino jurídico: uma proposta pedagógica. Perspectiva
curricular axiológica para uma nova cultura jurídica

1º ano Ciências jurídicas Filosofia e História do


Direito; Direito Público e
Constitucional
Ciências sociais Filosofia e História do
Direito; Direito Público e
Constitucional
Notariado Noções de Direito Pátrio,
Constitucional; Noções de
Direito Pátrio Administrativo,
Criminal, Civil e Comercial
2º ano Ciências jurídicas Direito Romano; Direito Civil;
Direito Comercial; Direito
Criminal
Ciências sociais Direito das Gentes;
Diplomacia e História dos
Tratados; Economia Política;
Higiene Pública
Notariado Noções de Direito Pátrio
Processual; Prática Forense
3º ano Ciências jurídicas Medicina Legal; Direito Civil;
Direito Comercial
Ciências sociais Ciência da Administração e
Direito Administrativo;
Ciência das Finanças e
Contabilidade do Estado;
Legislação Comparada de
Direito Privado
4º ano Ciências jurídicas História do Direito Nacional;
Processo Criminal, Civil e
Comercial; Noções de
Economia Política e Direito
Administrativo; Prática
Forense

No aspecto atinente ao currículo, esta Reforma eliminou a disciplina Direito Eclesiástico,


que simbolizou a ruptura do Estado com a Igreja, entretanto, manteve os padrões
imperiais, em que as disciplinas oferecidas continuavam apoiadas no ensino do Direito
Civil e a hermenêutica jurídica baseada no Direito Romano.

Um aspecto positivo do currículo instituído para o curso de Ciências Jurídicas da Reforma


Benjamin Constant foi a inserção da disciplina História do Direito na primeira série do
curso e da disciplina de História do Direito Nacional, no último ano, dando destaque ao
Direito Brasileiro e às instituições nacionais.
29
Segundo Fabrizio Marchese , na Primeira República, ao contrário do que se esperava,
estabeleceu-se o mesmo prisma político e ideológico predominante nos últimos anos do
Império.

A Lei 314, de 30 de outubro de 1895, modificou o currículo de forma a ampliar a duração


do curso de ciências jurídicas para cinco anos, aboliu os cursos de ciências sociais e
30
notariado, bem como ampliou as matérias do currículo .

Ano Curso Matéria


1º ano Ciências jurídicas Filosofia do Direito; Direito
Romano; Direito Público e
Constitucional
Página 10
Ensino jurídico: uma proposta pedagógica. Perspectiva
curricular axiológica para uma nova cultura jurídica

2º ano Ciências jurídicas Direito Civil (1ª cadeira);


Direito Criminal (1ª cadeira);
Direito Internacional Público
e Diplomacia; Economia
Política
3º ano Ciências jurídicas Direito Civil (2ª cadeira);
Direito Criminal
(especialmente militar e
regime penitenciário - 2ª
cadeira); Ciência das
Finanças e Contabilidade do
Estado; Direito Comercial (1ª
Cadeira)
4º ano Ciências jurídicas Direito Civil (3ª cadeira);
Direito Comercial (2ª
Cadeira); Teoria do Processo
Civil, Comercial e Criminal;
Medicina Pública
5º ano Ciências jurídicas Prática Forense (continuação
de Teoria do Processo);
Ciência da Administração e
Direito Administrativo;
História do Direito e,
especialmente, do Direito
Nacional e Legislação
comparada sobre direito
privado

Em 5 de abril de 1911, foram promulgados os Decretos 8.659 e 8.662, que modificaram


a duração do curso para seis anos e a estrutura curricular, retirando as disciplinas Direito
Comparado e Filosofia do Direito, incluindo Enciclopédia Jurídica ou Introdução Geral ao
31
Estudo do Direito , com o fulcro de introduzir e familiarizar os alunos iniciantes com o
mundo jurídico que lhes seria apresentado, e transferindo para o 3º ano a cadeira de
32
Direito Romano .
33
Rui de Melo Cabral demonstra que o Decreto 8.662/1911 “estabeleceu o novo currículo
das faculdades de Direito com dois períodos letivos cada ano. Para efeito de exame
instituiu-se três sessões: a primeira, prova preliminar; a segunda, prova básica e a
terceira, a prova final”.
34
As disciplinas foram assim divididas nos seis anos do curso :

Ano Curso Matéria


1º ano Ciências jurídicas Introdução Geral ao Estudo
do Direito ou Enciclopédia
Jurídica; Direito Público e
Constitucional
2º ano Ciências jurídicas Direito Internacional Público
e Privado e Diplomacia;
Direito Administrativo;
Economia Política; Ciências
das Finanças
3º ano Ciências jurídicas Direito Romano; Direito
Criminal (1ª parte) Direito
Civil (Direito de Família)
4º ano Ciências jurídicas Direito Criminal
Página 11
Ensino jurídico: uma proposta pedagógica. Perspectiva
curricular axiológica para uma nova cultura jurídica

(especialmente Direito Militar


– Regime Penitenciário);
Direito Civil (Direito
Patrimonial e Direitos Reais);
Direito Comercial (1ª parte)
5º ano Ciências jurídicas Direito Civil (Direito das
Sucessões); Direito
Comercial (especialmente
marítimo, falência e
liquidação judicial); Medicina
Pública.
6º ano Ciências jurídicas Teoria do Processo Civil e
Comercial; Prática do
Processo Civil e Comercial;
Teoria e Prática do Processo
Criminal.

Em 1915, o currículo jurídico foi novamente alterado, mas, desta vez, houve um
retrocesso, pois eliminou a inovadora disciplina Introdução Geral do Estudo do Direito,
ou Enciclopédia Jurídica, cujo objetivo era familiarizar o aluno ingressante com o
universo jurídico que lhe seria ministrado nos anos posteriores, passando o conteúdo a
ser demonstrado pela Filosofia do Direito, de cunho tradicionalista e conservador.
Também reduziu para cinco anos o tempo mínimo do curso de direito.

As disciplinas foram agrupadas da seguinte forma: 1º ano: Filosofia do Direito, Direito


Público e Constitucional, Direito Romano; 2º ano: Direito Internacional Público,
Economia Política e Ciência das Finanças, Direito Civil (1º ano); 3º ano: Direito
Comercial (1º ano), Direito Penal, Direito Civil (2º ano); 4º ano: Direito Comercial (2º
ano), Direito Penal (2º ano), Direito Civil (3º ano), Teoria do Processo Civil e Comercial;
e 5º ano: Prática do Processo Civil e Comercial, Teoria e Prática do Processo Criminal,
35
Medicina Pública, Direito Administrativo, Direito Internacional Privado .

Em 11 de abril de 1931, a Reforma Francisco Campos, efetivada pelos Decretos 19.851


(Estatuto da Universidade Brasileira) e 19.852 (reorganização da Universidade do Rio de
Janeiro), deliberou que o país obedeceria preferencialmente a um sistema universitário e
reformulou o currículo do ensino jurídico. Ambos foram precedidos de uma longa
exposição de motivos sobre o programa que pretendia executar.

Uma das finalidades do novo ensino universitário era:

elevar o nível da cultura geral, estimular a investigação científica em quaisquer domínios


dos conhecimentos humanos; habilitar ao exercício de atividades que requerem preparo
técnico e científico superior; concorrer, enfim, pela educação do indivíduo e da
coletividade, pela harmonia de objetivos entre professores e estudantes e pelo
aproveitamento de todas as atividades universitárias, para a grandeza na Nação e para o
aperfeiçoamento da Humanidade. (art. 1º do Decreto 19.851.)

Na organização didática e nos métodos pedagógicos adotados nos institutos


universitários, foi atendido, o duplo objetivo de ministrar ensino eficiente dos
conhecimentos humanos adquiridos e de estimular o espírito da investigação original,
indispensável ao progresso das ciências (art. 32 do Decreto 19.851).

Para atender aos objetivos assinalados, deveria constituir empenho máximo dos
institutos universitários na seleção de um corpo docente que oferecesse largas garantias
de devotamento no magistério, elevada cultura, capacidade didática e altos predicados
morais; mas, além disso, os mesmos institutos deveriam possuir todos os elementos
necessários à ampla objetivação do ensino (art. 33 do Decreto 19.851).

Página 12
Ensino jurídico: uma proposta pedagógica. Perspectiva
curricular axiológica para uma nova cultura jurídica

Nos métodos pedagógicos do ensino universitário, em qualquer um dos seus ramos, a


instrução seria coletiva, individual ou combinada, de acordo com a natureza e os
objetivos do ensino ministrado. A organização e seriação de cursos, os métodos de
demonstração prática ou exposição doutrinária, a participação ativa do estudante nos
exercícios escolares e quaisquer outros aspectos do regime didático foram instituídos no
regulamento de cada um dos institutos universitários (art. 34 do Decreto 19.851).

O Decreto 19.852, de 1931, estabelecia, no artigo 26, que o ensino do Direito seria
oferecido na respectiva Faculdade em dois cursos: um de cinco anos, destinado à
formação de bacharéis em Direito e outro de dois anos, no qual, após a defesa de tese,
seria conferido o grau de doutor em Direito e o diploma correspondente. Esta reforma,
de forma precursora, deu ao doutorado organização acadêmica, com o escopo de
aperfeiçoar os professores baseados em estudos jurídicos elevados e na investigação
acadêmica.

Desta forma, a pós-graduação ficou organizada em três áreas: Direito Público, Direito
Privado e Direito Penal, sendo que a única matéria comum a todas as áreas deveria ser
Filosofia do Direito, o que revelava a sabedoria de que a avaliação jurídica de alto nível
deveria se objetivar no curso de doutorado, bem como no de bacharelado, mas deixando
as reflexões jurídicas para o campo da pós-graduação. No entanto, a Reforma não
ponderou o Direito Judiciário como matéria de alta reflexão, atribuindo-lhe conteúdo
essencialmente prático e profissional, para que fosse ministrada no bacharelado. Essa é
uma regra que persiste no ensino jurídico no Brasil, posto que o Direito Processual e a
organização judiciária foram frequentemente direcionados para o aprendizado militante e
não para estudos críticos, mesmo nos dias atuais.
36
Rui de Melo Cabral afirma que esta legislação ocasionou o desdobramento do curso de
direito, transformando um em bacharelado e outro em doutorado, em que o primeiro
tinha caráter profissionalizante, o que acarretava uma formação prática do Direito, com
a exclusão das disciplinas zetéticas (puramente doutrinária ou cultural) e o outro
convergia às disciplinas de aperfeiçoamento, destinando-se a formar professores para o
curso de direito.

Em 1936, foi inserido o novo currículo dos cursos jurídicos pela Lei 176, confirmada
pelos parlamentares em 8 de janeiro de 1936, contendo disciplinas como Direito do
Trabalho e Direito Industrial, ambas destinadas a responder a um quadro social de
37
reordenação econômica .

Outra mudança ocorreu com o Decreto-lei 2.639, de 27 de setembro de 1940 que deu à
disciplina de Direito Público Constitucional, duas cadeiras, a de Teoria Geral do Estado e
a de Direito Constitucional.
38
Horácio Wanderlei Rodrigues afirma que:

da análise da legislação ora apresentada, podemos afirmar, em síntese, que, na Primeira


República, continuou havendo uma desvinculação entre a instância educacional e a
realidade social, e as principais mudanças foram: a) a introdução de alterações no
currículo dos cursos, procurando dar maior profissionalização aos seus egressos.
Continuou ele, no entanto, sendo rígido, não sendo introduzida nenhuma alteração
estrutural; b) a influência decisiva do positivismo na concepção de Direito e seu ensino;
e c) o início das discussões sobre a questão da metodologia de ensino. No entanto, a
aula-conferência continuou sendo, regra geral, a opção didático-pedagógica adotada.

A Reforma Francisco Campos de 1931, na área jurídica, possuía um cunho dogmático,


que se consolidou com a reinclusão do ensino do Direito Romano em 1935 no currículo
do bacharelado em Direito e alteração pelos Decretos 19.851 e 19.852 e pelo
Decreto-Lei 2.639. Este currículo com as devidas alterações sobreviveu até 1961, com a
promulgação da Lei 4.024 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a nossa
primeira LDB.
Página 13
Ensino jurídico: uma proposta pedagógica. Perspectiva
curricular axiológica para uma nova cultura jurídica

O art. 70 da Lei 4.024 estabelecia que “o currículo mínimo e a duração dos cursos que
habilitem à obtenção de diploma capaz de assegurar privilégios para o exercício da
profissão liberal [...] vetado [...] serão fixados pelo Conselho Federal de Educação”, bem
como observa que “cada estabelecimento de ensino superior, na forma dos estatutos e
regulamentos respectivos o calendário escolar, aprovado pela congregação, de modo que
o período letivo tenha a duração mínima de 180 (cento e oitenta) dias de trabalho
escolar efetivo, não incluindo o tempo reservado a provas e exames” (art. 72, da Lei
4.024).

Desta forma, o Conselho Federal de Educação editou o Parecer 215/1962 que era
composto das seguintes disciplinas: Introdução à Ciência do Direito; Economia Política;
Direito Romano; Direito Penal; Direito Civil; Direito Constitucional (incluindo Teoria do
Estado); Direito Internacional Público; Direito Internacional Privado; Direito Judiciário
Penal (incluindo a prática); Direito Judiciário Civil (incluindo a prática); Direito
39
Administrativo; Medicina Legal; Direito do Trabalho; e Direito Financeiro e Finanças .

4.3 Período da Ditadura

Em 1972, foi editada a Resolução 3, decorrente do Parecer 162 do CFE (Conselho


Federal de Educação) que disciplinava o prazo do curso de direito compreendido entre o
mínimo de quatro anos e o máximo de sete anos, desde que contivesse 2.700 horas/aula
e tinha como conteúdo mínimo as seguintes disciplinas: a) básicas: Introdução ao
Estudo do Direito; Economia; Sociologia; b) profissionais: Direito Constitucional (Teoria
do Estado – Sistema Constitucional Brasileiro); Direito Civil (Parte Geral, Obrigações –
Parte Geral e Parte Especial, Coisas, Família e Sucessões); Direito Comercial
(Comerciante, Sociedades, Títulos de Crédito, Contratos Mercantis e Falência); Direito do
Trabalho (relação de trabalho, contrato de trabalho, processo trabalhista); Direito
Administrativo (poderes administrativos, Atos e Contratos Administrativos, Controle da
Administração Pública e Função Pública); Direito Processual Civil (Teoria Geral,
Organização Judiciária, Ações, Recursos e Execução); Direito Processual Penal (Tipo de
procedimento, Recursos e Execução) e duas disciplinas dentre as seguintes: Direito
Internacional Público; Direito Internacional Privado; Ciência das Finanças e Direito
Financeiro (Tributário e Fiscal); Direito da Navegação (Marítima); Direito Romano;
Direito Agrário; Direito Previdenciário; e Medicina Legal. Exigem-se também: a) Prática
Forense, sob a forma de estágio supervisionado; b) Estudo dos Problemas brasileiros e
prática de Educação Física, com predominância desportiva de acordo coma legislação
40
específica .

Interessante questão é a Lei 5.872/1972 que dispõe sobre o estágio nos cursos de
graduação em Direito que tratava da seguinte forma o assunto:

Art. 1º Para fins de inscrição no quadro de advogados da Ordem dos Advogados do


Brasil, ficam dispensados do exame de Ordem e de comprovação do exercício e
resultado do estágio de que trata a Lei n. 4.215 de 27 de abril de 1963, os Bacharéis em
Direito que houverem realizado junto às respectivas faculdades estágio de prática
forense e organização judiciária.

§ 1º O estágio a que se refere este artigo obedecerá a programas organizados pelas


Faculdades de Direito.

§ 2º A partir do ano letivo de 1973, o Conselho Federal de Educação disciplinará o


estágio a que alude este artigo, garantida a situação aos que já o tenham feito, nos
termos da legislação em vigor.

Art. 2º Os Bacharéis em Direito, não inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil, e que
não realizaram estágio até o ano letivo de 1972, inclusive, poderão fazê-lo mediante
conveniente adaptação a ser fixada pelo Conselho Federal de Educação, no prazo de 90
(noventa) dias, a contar da publicação desta Lei.

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Ensino jurídico: uma proposta pedagógica. Perspectiva
curricular axiológica para uma nova cultura jurídica

Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em
contrário.

Brasília, 6 de dezembro de 1972; 151º da Independência e 84º da República.

4.4 Ensino jurídico depois de 1988: a Portaria 1.886/1994

Até 1994, era previsto para os cursos de Direito dois estágios diferenciados: a) o estágio
supervisionado (matéria do currículo mínimo, denominada de Prática Forense, sob a
forma de estágio supervisionado, prevista na Resolução CFE 3/1972), de caráter
obrigatório; e b) o estágio de prática forense e organização judiciária (Lei 5.842/1972 e
Resolução CFE 15/1973), de caráter facultativo e que, uma vez cursado pelo aluno com
aprovação, lhe dava o direito de inscrição na OAB, independentemente da prestação do
41
exame de ordem .

O marco divisor foi a Portaria 1.886, de 30 de dezembro de 1994, que entrou em vigor
no dia 4 de janeiro de 1995. Esta Portaria trouxe novas diretrizes curriculares mínimas
para os cursos jurídicos do País.

O conteúdo mínimo, previsto na Portaria 1.886, referia-se a matérias, mas a composição


delas ficava a critério de cada curso, na organização de seu currículo pleno. O conteúdo
mínimo era composto de matérias fundamentais e profissionalizantes.

As matérias eram articuladas com o estágio de prática jurídica, que passou a ser
42
curricular .

Eixo Disciplina
Fundamentais • Introdução ao Direito
• Filosofia (geral e jurídica, ética geral e
profissional)
• Sociologia (geral e jurídica), Economia e
• Ciência Política (com teoria do Estado)
Profissionalizantes • Direito Constitucional
• Direito Civil
• Direito Administrativo
• Direito Tributário
• Direito Penal
• Direito Processual Civil
• Direito Processual Penal
• Direito do Trabalho
• Direito Comercial e
• Direito Internacional

As demais matérias e novos direitos foram incluídos nas disciplinas em que se


desdobrasse o currículo pleno de cada curso, de acordo com as peculiaridades e com a
43
observância da interdisciplinaridade (art. 6º, parágrafo único, da Portaria 1886/1994) .

O conteúdo mínimo do curso de direito foi assim dividido em três partes: a) parte
fundamental e reflexivo-crítica; b) parte profissionalizante ou técnico jurídica; e c) parte
prática (art. 3º da Portaria 1.884).

A partir do 4º ano, ou do período letivo correspondente, e observado o conteúdo mínimo


previsto no art. 6º, pôde o curso concentrar-se em uma ou mais áreas de especialização,
segundo suas vocações e demandas sociais e de mercado de trabalho.

Cada curso jurídico mantinha um acervo bibliográfico atualizado de no mínimo dez mil
volumes de obras jurídicas e referentes às matérias do curso, além de periódicos de
jurisprudência, doutrina e legislação (art. 5º da Portaria 1.884).

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Ensino jurídico: uma proposta pedagógica. Perspectiva
curricular axiológica para uma nova cultura jurídica

Independentemente do regime acadêmico que adotasse o curso (seriado, crédito ou


outro), eram destinados cinco a dez por cento da carga horária total para atividades
complementares ajustadas entre o aluno e a direção ou coordenação do curso, incluindo
pesquisa, extensão, seminários, simpósios, congressos, conferências, monitoria,
iniciação científica e disciplinas não previstas no currículo pleno (art. 4º da Portaria
1.884).

A parte complementar não se confundia com as disciplinas optativas ou eletivas do


regime de crédito, porque estas eram previamente fixadas pelo currículo pleno, para
oferta aos alunos, portanto, curriculares. Na modalidade, a parte complementar era
livremente composta pelo aluno com disciplinas extracurriculares (não integrantes da
grade curricular), mas também com atividades estranhas às disciplinas formais, tais
como seminários ou núcleos temáticos, projetos de pesquisas, congressos, conferências,
monitoria, iniciação científica, publicações de trabalhos. Exigia-se apenas que as
atividades fossem aceitas e registradas pela direção ou coordenação do curso, como
adequadas à formação complementar do aluno.

Ao longo do tempo previsto para o curso, o aluno programava o conteúdo das atividades
de sua parte complementar, reunindo os comprovantes respectivos, que periodicamente
levava para o registro da coordenação ou direção. Cabia à instituição definir os limites da
carga horária de cada atividade, evitando-se que fosse composta a parte complementar
44
apenas de uma espécie, o que desvirtuava sua finalidade .

A Portaria 1.886/1994 fixou o currículo mínimo nacional do curso jurídico e sua duração
de, no mínimo, 3.300 horas de atividades, integralizáveis em, pelo menos, cinco anos,
ampliando-se desta forma a carga horária mínima de 2.700 (Resolução 3/1972) para
3.300 horas/atividades e majorando a duração mínima de quatro para cinco anos e a
máxima de sete para oito anos, parâmetros esses dentro dos quais cada instituição tinha
a liberdade de estabelecer a carga horária curricular e sua duração, para os controles
acadêmicos relativos à sua integralização.

Outra importante inovação foi a obrigatoriedade da apresentação e defesa de


monografia final, perante banca examinadora, com tema e orientador escolhidos pelo
aluno. Pode-se concluir que a monografia devia ser apresentada ao final do último
período letivo que o aluno estivesse cursando, devendo estar presentes a banca, o seu
examinador e pelo menos mais um professor, devendo para tanto ser professores com
45
conhecimentos jurídicos .

4.5 Ensino jurídico depois de 1988: A Resolução 9/2004

O Presidente da Câmara de Educação Superior (CES) do Conselho Nacional de Educação


(CNE), no uso de suas atribuições legais, com fundamento no art. 9º, § 2º, alínea “c”, da
Lei 4.024, de 20 de dezembro de 1961, com a redação dada pela Lei 9.131, de 25 de
novembro de 1995, tendo em vista as diretrizes e os princípios fixados pelos Pareceres
CES/CNE 776/97, 583/2001, e 100/2002, e as Diretrizes Curriculares Nacionais
elaboradas pela Comissão de Especialistas de Ensino de Direito, propostas ao CNE pela
46
SESu (Secretaria de Educação Superior)/MEC (Ministério da Educação) , considerando o
que consta do Parecer CES/CNE 55/2004 de 18/2/2004, reconsiderado pelo Parecer
CNE/CES 211, aprovado em 8/7/2004, homologado pelo Senhor Ministro de Estado da
Educação em 23 de setembro de 2004, institui as Diretrizes Curriculares do Curso de
Graduação em Direito, Bacharelado, a serem observadas pelas Instituições de Educação
Superior em sua organização curricular.

Segundo o art. 3º da Resolução CNE/CES 9, de 29 de setembro de 2004:

O curso de graduação em Direito deverá assegurar, no perfil do graduando, sólida


formação geral, humanística e axiológica, capacidade de análise, domínio de conceitos e
da terminologia jurídica, adequada argumentação, interpretação e valorização dos
fenômenos jurídicos e sociais, aliada a uma postura reflexiva e de visão crítica que
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Ensino jurídico: uma proposta pedagógica. Perspectiva
curricular axiológica para uma nova cultura jurídica

fomente a capacidade e a aptidão para a aprendizagem autônoma e dinâmica,


indispensável ao exercício da Ciência do Direito, da prestação da justiça e do
desenvolvimento da cidadania.

A organização curricular do curso de graduação em Direito estabelecerá expressamente


as condições para a sua efetiva conclusão e integralização curricular de acordo com o
regime acadêmico que as Instituições de Educação Superior adotarem: regime seriado
anual; regime seriado semestral; sistema de créditos com matrícula por disciplina ou por
módulos acadêmicos, com a adoção de pré-requisitos, atendido o disposto nesta
Resolução (art. 6º da Resolução CNE/CES 9, de 29 de setembro de 2004).

O curso de graduação em Direito deverá contemplar, em seu Projeto Pedagógico e em


sua Organização Curricular, conteúdos e atividades que atendam aos seguintes eixos
interligados de formação:

Eixo Conteúdos
Formação Fundamental • Antropologia
• Ciência Política
• Economia
• Ética
• Filosofia
• História
• Psicologia e
• Sociologia
Formação Profissional • Direito Constitucional
• Direito Administrativo
• Direito Tributário
• Direito Penal
• Direito Civil
• Direito Empresarial
• Direito do Trabalho
• Direito Internacional e
• Direito Processual
Formação Prática Objetiva a integração entre a prática e os
conteúdos teóricos desenvolvidos nos
demais Eixos, especialmente nas atividades
relacionadas com o Estágio Curricular
Supervisionado:
Trabalho de Curso e
Atividades Complementares.

Esta resolução não está a salvo de críticas, pois podem apontar as seguintes: a retirada
do conteúdo de Introdução ao Estudo do Direito e a não inclusão de conteúdo das
disciplinas de bioética, métodos alternativos de resolução de litígios. Para resolver a
questão, bastava a Resolução conter um dispositivo como o previsto na Portaria
1886/1994, art. 6º, que previa o seguinte “as demais matérias e novos direitos serão
incluídos nas disciplinas em que se desdobrar o currículo pleno de cada curso, de acordo
com as peculiaridades e com a observância da interdisciplinaridade”.

4.6 A questão curricular

Os primeiros cursos jurídicos no Brasil, fundados em 1827, exibiam grade curricular com
perfil nitidamente interdisciplinar, capaz de propiciar uma formação geral e política ao
acadêmico. A grade curricular adotada por aqueles primeiros cursos, com nove cadeiras
em cinco anos, previa o estudo da filosofia (Direito Natural), de história (Direito das
Gentes), de ciência política (análise da Constituição do Império, Diplomacia, Direito
Público etc.), de economia (Economia Política), de teoria do direito (Teoria do Processo
Página 17
Ensino jurídico: uma proposta pedagógica. Perspectiva
curricular axiológica para uma nova cultura jurídica

Criminal, Teoria da Leis do Império etc.), de direito eclesiástico e das demais disciplinas
dogmáticas como direito civil, criminal, processual, mercantil e marítimo.

A estrutura curricular dos cursos jurídicos manteve, ao longo do século 19 e nas


primeiras décadas do século XX, sempre um perfil equilibrado entre as disciplinas
técnicas, ou dogmáticas e aquelas de conteúdo mais político ou filosófico. Porém, a partir
de 1930, foi possível perceber uma modificação dessa estrutura curricular com o
crescente privilégio das disciplinas dogmáticas e a consequente atrofia das matérias
47
políticas ou filosóficas (propedêuticas ou Zetéticas) .

Atualmente, é visível que a política de massificação do ensino jurídico consumou essa


tendência de privilegiar matérias e disciplinas tecnológicas nas grades curriculares das
faculdades de direito, em detrimento daquelas que apresentam um conteúdo mais
humanista e reflexivo. Tais opções curriculares podem ser entendidas até mesmo como
parte da estratégia de despolitização do jurista e atrofia do seu senso crítico, como
ingredientes imprescindíveis para garantir a inteira subserviência dos profissionais do
direito aos reclamos do mercado.

No período em que se consolidou a massificação do ensino superior, durante o regime


militar, o currículo mínimo dos cursos de direito fora estabelecido pela Resolução
3/1972, decorrente do Parecer 162/1972 do Conselho Federal de Educação, cuja grade
se caracterizava pelo predomínio das disciplinas dogmáticas. Depois de um longo debate
de quase 20 anos, com a participação decisiva da Ordem dos Advogados do Brasil, bem
como da Comissão de Especialistas de Ensino de Direito, da SESu/MEC, as diretrizes
curriculares e o conteúdo mínimo dos cursos jurídicos foram estabelecidos pela Portaria
1.886, de 30 de dezembro de 1994, que entrou em vigor no dia 4 de janeiro de 1995,
que continha disposições importantes quanto à duração do curso; ao desenvolvimento
de atividades de ensino, pesquisa e extensão interligadas e obrigatórias; a matérias
destinadas à formação fundamental, sociopolítica e profissionalizante do bacharel do
direito; à carga horária reservada para atividades extracurriculares; a estágio prático e
supervisionado; e, por fim, à defesa de monografia perante banca examinadora para
48
conclusão do curso .

Essa resolução procurou estabelecer um perfil de grade curricular que pudesse romper
com o modelo de ensino estritamente tecnicista e dogmático. Entre as matérias
fundamentais, previstas no art. 6º da Resolução 1.886/1994, e que exibem um conteúdo
programático reflexivo com certo potencial crítico, estavam, a Introdução ao Direito,
Filosófica (geral e jurídica, ética geral e profissional), Sociologia (geral e jurídica),
Economia e Ciência Política (com teoria do Estado).

Atualmente, as diretrizes curriculares do curso de graduação em direito estão


determinadas pela Resolução CES/CNE 9/2004, que define no art. 2º, § 1º, a estrutura
do projeto pedagógico que deverá conter os seguintes elementos:

I – concepção e objetivos gerais do curso, contextualizados em relação às suas inserções


institucional, política, geográfica e social;

II – condições objetivas de oferta e a vocação do curso;

III – cargas horárias das atividades didáticas e da integralização do curso;

IV – formas de realização da interdisciplinaridade;

V – modos de integração entre teoria e prática;

VI – formas de avaliação do ensino e da aprendizagem;

VII – modos da integração entre graduação e pós-graduação, quando houver;

VIII – incentivo à pesquisa e à extensão, como necessário prolongamento da atividade


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Ensino jurídico: uma proposta pedagógica. Perspectiva
curricular axiológica para uma nova cultura jurídica

de ensino e como instrumento para a iniciação científica;

IX – concepção e composição das atividades de estágio curricular supervisionado, suas


diferentes formas e condições de realização, bem como a forma de implantação e a
estrutura do Núcleo de Prática Jurídica;

X – concepção e composição das atividades complementares; e

XI – inclusão obrigatória do Trabalho de Curso.

A Resolução 9/2004 propõe a busca de um perfil de bacharel com “sólida formação


geral, humanística e axiológica”, de tal forma que o graduando em direito possa
desenvolver certa capacidade valorativa dos fenômenos jurídicos e também sociais, bem
como a visão crítica e reflexiva, indispensável “ao exercício da Ciência do Direito, da
prestação jurisdicional e do desenvolvimento da cidadania” (art. 3º).

O currículo mínimo, definido no art. 5º da Resolução, é integrado por três eixos: de


Formação Fundamental, integrado das disciplinas propedêuticas; de Formação
Profissional, integrado das disciplinas dogmáticas; e de Formação Prática,
compreendendo o Estágio Curricular Supervisionado, Trabalho de Conclusão de Curso e
Atividades Complementares.

É interessante verificar que a Resolução CES/CNE 9/2004 segue o padrão metodológico


que já vinha a sendo traçado desde a Portaria 1.886/1994, numa clara tentativa de
superar o modelo exclusivamente dogmático do ensino jurídico brasileiro, o qual
favorece apenas a formação tecnicista e despolitizada do bacharel, frustrando todas as
propostas pedagógicas de ensino crítico, humanista e geral. Entretanto, a mera reforma
curricular nas faculdades de direito, com propostas de grades que contemplem ao
mesmo tempos conteúdos profissionalizantes e fundamentais, por si só, não basta para
garantir padrões mínimos aceitáveis de ensino jurídico em nível realmente superior, com
formação crítica, humanista e politizada do bacharel, a ponto de habilitá-lo a reconhecer
os novos problemas jurídicos, sociais e políticos que as sociedades contemporâneas vêm
enfrentando neste início de terceiro milênio.

Com efeito, além da previsão de disciplinas que possam garantir um curso de qualidade
tanto do ponto de vista profissional quanto humanista, é imprescindível que se tenha o
cuidado de definir o conteúdo programático dessas disciplinas, a respectiva bibliografia e
o perfil do corpo docente que deverá executá-las, de forma que os objetivos pedagógicos
do curso possam ser efetivamente conseguidos.

5 Uma proposta pedagógica

5.1 Perspectiva curricular axiológica para uma nova cultura jurídica

A mudança de cultura e de mentalidade jurídica é um fenômeno gradual e


provavelmente muito lento. Com efeito, não se modifica de repente o modo de pensar
dos juristas, nem muito menos o seu modo de atuação, com todos os hábitos que a
praxe jurídica e o seu senso comum consolidaram ao longo do tempo. Muito embora a
mudança seja uma constante, o fato é que os processos de mudança acelerada, em
qualquer campo, são sempre traumáticos, às vezes, muito dolorosos, porque implicam o
abandono de parâmetros antigos, a perda de modelos e ocasionalmente até mesmo a
49
perda de privilégios e comodidades .

Seja como for, parece certo afirmar que qualquer tentativa de mudança no modelo de
cultura jurídica atualmente hegemônico (individual, liberal e positivista) não se fará sem
uma modificação estrutural ou axiológica, no modelo de ensino jurídico vigente no país.
Mas é certo que o direito e o seu ensino foram, são e serão os primeiros a sofrer os
impactos das mudanças sociais e econômicas e, até de determiná-las. A comprovação
está na história evolutiva da própria sociedade.

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Ensino jurídico: uma proposta pedagógica. Perspectiva
curricular axiológica para uma nova cultura jurídica

É claro que a Portaria 1.886/1994 e Resolução CES/CNE 9/2004 já contribuíram para as


primeiras mudanças a título da legalidade, ou seja, criaram um padrão mais crítico,
humanista, social e politizado do bacharel. Mas é claro que essa mudança deve ser
levada a efeito, concomitantemente, também, no âmbito institucional, onde se interpreta
e se aplica o direito na prática, concretamente. Contudo, não há dúvida nenhuma de que
o espaço destinado à formação dos juristas, as escolas de direito, se constitui por
excelência no local adequado à revisão dos paradigmas jurídicos, à crítica dos modelos e
dos papéis atribuídos ao direito e aos juristas.

Por isso que os esforços de mudança devem se concentrar, se não exclusivamente, pelo
menos com grande intensidade, na mudança da grade curricular, dos conteúdos
programáticos das disciplinas, do perfil do corpo docente, dos objetivos pedagógicos do
50
curso de direito e da didática empregada nesses cursos.

5.2 Contextualização da realidade social

É um dado facilmente constatável a enorme ênfase conferida pelos currículos dos Cursos
de Direito de nosso País às disciplinas dogmáticas, em nítido desprezo a uma visão
zetética multidisciplinar e crítica, além de emancipatória, indispensável à formação de
bons operadores do Direito. O predomínio desta tendência certamente tem contribuído
para uma formação profissional acrítica, fechada à realidade social e pouco afeita à
concepção do Direito como uma ciência social aplicada. Em verdade, tem-se formado
uma massa de alunos moldados a partir de noções herméticas da realidade, pronta e
acabada a partir de dogmas, isto é, de verdades que ninguém pode discutir, sendo-lhes
51
sonegada a possibilidade de indagar, investigar, duvidar, questionar e solucionar .

Segundo o ponto de vista aqui defendido como mais adequado ao processo de


ensino-aprendizagem do Direito, deve-se ter em vista que este, como as normas
jurídicas em geral, nasce dos fatos que, por seu turno, encontram-se intimamente
vinculados à vontade humana. Tal certeza não permite que se identifique o interesse
social, o valor devidamente qualificado pela sociedade, apenas como o direito do
indivíduo, proprietário – burguês comum, ainda que tal expressão não tenha mais
sentido na modernidade. Se o direito é a integração normativa de fatos e valores, ante a
triplicidade do aspecto do jurídico, fato, valor e norma, não há como separar o fato da
conduta, nem o valor ou finalidade a que a conduta está relacionada, nem a norma que
incide sobre ela. Logo, a proposta pedagógica de um curso de Direito há de estar
permanentemente preocupada com o desenvolvimento de mecanismos de
ensino-aprendizagem que enfatizem a inter-relação entre norma jurídica e realidade
52
social, o que apenas a Zetética, como expressão da lógica de Thedor Viehweg , poderá
ensejar.

E a que se deve isso?


53
Dizer-se-á, sem embargo, a postura zetética , a qual inclui conteúdos com caráter
empírico, como Sociologia, Antropologia, História do Direito, Psicologia Jurídica, Ciência
Política e Economia, temas fundamentais à formação humanista dos estudantes que,
seja por força de sua importância estratégica ao alcance dos objetivos aqui defendidos,
seja pela imperatividade da previsão normativa inscrita no artigo 5º da Resolução
CNE/CES 9/2004, no Eixo Fundamental, deve constar no programa educacional.
54
Mas inclui também, na Zetética Analítica , o ensino competente de conteúdos
identificados com Filosofia, Lógica, Metodologia Jurídica, Teoria Geral do Direito,
Hermenêutica Jurídica, Teoria da Argumentação e Semiótica.

Há que se ressaltar, contudo, que semelhantes conteúdos precisam ser ministrados de


forma articulada, entre si e com aqueles de perfil estritamente dogmático. Negligenciada
essa postura, a consequência será a total desconexão dos conhecimentos mencionados,
com a repetição de conceitos prontos, ditados pelos professores, isolados em cada
disciplina, e que não conseguem articulação em uma visão conjunta e coerente do
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Ensino jurídico: uma proposta pedagógica. Perspectiva
curricular axiológica para uma nova cultura jurídica

fenômeno jurídico.

Diga-se, por oportuno, ter ocorrido a grande defasagem de cerca de 200 anos (desde,
quem sabe, do Código Napoleônico de 1804, ao tempo das chamadas Escolas Exegéticas
do Direito) em relação ao conhecimento teórico ministrado no País, posto se ter
privilegiado, em todo aquele lapso de tempo, o caráter dogmático do Direito, com a
individualidade do sujeito proprietário, descurando-se caráter intelectual da zetética.
Outro legado da chamada era das codificações certamente é o fechamento dos
conteúdos atribuídos aos diferentes ramos do Direito em espaços herméticos,
espraiando-se a crença da possibilidade de serem compreendidos e aplicados de forma
independente, sem um mínimo de diálogo interdisciplinar, ao menos entre os ramos de
uma mesma ciência.

5.3 Repensar o ensino jurídico

O apego a uma forma tradicional de se pensar e ensinar o Direito é uma fonte de


dificuldades práticas. A realidade com que se confrontam os operadores do Direito,
independentemente da opção profissional exercida, evidencia a defasagem entre o
ensino oferecido e aquilo que efetivamente seria necessário em face da realidade social,
que se manifesta irrequieta nos seus interesses mais legítimos.
55
Boaventura de Sousa Santos já alertou que estamos diante de um momento de
transição paradigmática, na busca de uma teoria crítica pós-moderna, portanto, ainda,
num estágio “moderno”. Para tanto, urge que tenhamos a consciência de que a busca do
conhecimento emancipatório há de ultrapassar a fase atual do conhecimento-regulação,
sem cair na tentação de se quedar ante discursos teóricos que ultimem transformar a
própria teoria. A emancipação seja de que matiz for se guiará pelo senso comum
histórico, tradicional e autorreflexivo.

É necessário, pois, aprender a pensar, já que pensar é uma forma de aprender básica
para o julgamento daqueles interesses sociais que estão por detrás de qualquer direito
subjetivo de qualquer cidadão. É o modo fundamental para qualquer atividade futura
que exija reflexão, conclusão, julgamento, avaliação. É refletir, ter raciocínios
intencionais, planejar. Pensar, querer e julgar são as três atividades mentais essenciais,
cuja análise compreende a própria realidade social.

Não basta, contudo, projetar semelhantes ideais para o curso se este não se encontrar
perfeitamente inserido na comunidade que o circunda. Afinal, o papel do ensino superior
somente se pode realizar plenamente na medida em que componha um projeto comum
de evolução social, onde o núcleo primeiro a ser atendido é a comunidade na qual se
encontre inserido, de onde provêm seus alunos e para onde estes devem retornar. Neste
turno, mostra-se imperioso que o curso seja pensado de forma a corresponder aos
interesses e às peculiaridades dos grupos humanos com os quais se relacione mais
intimamente, sendo imprescindível que se faça presente tal inserção, essencial para uma
efetiva troca de conhecimentos.

A ideia é colocar o bacharel na aplicação do direito voltado para a conscientização do


papel do cidadão como objetivo final do Direito, colocando em primeiro lugar o ente
social, o interesse social, como o valor máximo do princípio da dignidade humana, sem
se esquecer de outros como o da probidade e o da boa-fé, função social de qualquer
direito subjetivo, lealdade, cooperação etc.

Considerando que esse princípio é social e não individual, a instituição de ensino


superior, em consonância com sua filosofia educacional, deve oferecer ao bacharel
(discente) uma integração social e crítica, de forma a buscar a solução dos problemas
por meio da zetética, compreendendo a totalidade do ser humano, assim como uma
educação para a democracia, formando cidadãos e preparando profissionais no domínio
da Ciência e das Artes.

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Ensino jurídico: uma proposta pedagógica. Perspectiva
curricular axiológica para uma nova cultura jurídica

5.4 Projeto pedagógico

As crises do direito e da ciência jurídica revelam a necessidade de mudança no atual


modelo do ensino jurídico. O Próprio MEC deu importante passo nesse sentido com a
edição da Portaria 1.886/1994 e da Resolução CES/CNE 9/2004 que impôs aos cursos
jurídicos a adoção dos conteúdos zetéticos, dogmáticos e práticos, de forma a
possibilitar a formação crítica, humanista, enciclopédica e interdisciplinar dos bacharéis
para estimular o seu desenvolvimento.

Logo, a formação do bacharel em direito, sem perder a dimensão prática que implica
adequado conhecimento de leis e das técnicas de sua aplicação, deve também habilitar o
jurista para o enfrentamento dos grandes desafios propostos pelo mundo
contemporâneo. Tal significa dizer que, no âmbito de uma globalização contraditória e
intensamente conflituosa, o profissional do direito deverá reunir a capacidade de
manejar adequadamente as leis e ter um profundo sentido acerca das estruturas
socioeconômicas e políticas vigentes no mundo global.

Na verdade, o projeto pedagógico que decorre da Resolução CES/CNE 9/2004 está


baseado em pilares, expressos no art. 2º:

o perfil do formando, as competências e habilidades, os conteúdos curriculares, o estágio


curricular supervisionado, as atividades complementares, o sistema de avaliação, o
trabalho de curso como componente curricular obrigatório do curso, o regime acadêmico
de oferta, a duração do curso, sem prejuízo de outros aspectos que tornem consistente o
referido projeto pedagógico.

Assim, o projeto pedagógico deve promover uma formação mais ampla, de cunho geral
e humanístico, ao mesmo tempo que deve proporcionar o conhecimento necessário ao
desempenho efetivo da profissão jurídica. Há nesses pilares uma nítida relação de
complementaridade, na medida em que o conhecimento geral e humanista deve orientar
o domínio e a aplicação das habilidades e competências profissionais por meio dos quais
o saber humanístico encontra a possibilidade de realização prática.

A execução do projeto pedagógico deve gravitar em torno de três eixos básicos: o


fundamental, o profissional e o prático.

Mas, para a formação geral e humanística, as faculdades de direito devem proporcionar


conteúdos ajustados com as deliberações legais, de forma a evitar o ensino dos
conteúdos mínimos obrigatórios. Por esse motivo, a crítica que se faz das novas
determinações legais é a de não fomentar a inclusão dos novos direitos de forma
56
expressa como fez a anterior determinação do MEC .

5.4.1 Iniciativa de uma política institucionalizada

Destaque-se que as políticas de ensino encontram-se impregnadas com a preocupação


em disponibilizar os mais modernos instrumentos pedagógicos e, para tal, faz uso, já,
das ferramentas de ensino a distância em suas unidades, bem como de instrumentos
virtuais de aproximação professor/aluno, por meio dos quais são ofertados planos de
cursos, material de apoio ao aluno, entre outros. Some-se a isso a presença de
conteúdos inscritos nas disciplinas “Língua Portuguesa” e “Metodologia da Pesquisa
Científica”, que visam compor um programa de reforço ao aprendizado com o objetivo de
ampliar a autonomia intelectual dos alunos e, com isso, contribuir para a melhor
compreensão dos conteúdos teóricos ministrados e suas repercussões práticas.

Mais que tudo, cuida-se para que a formação teórica esteja aliada às práticas, e a
combinação de enfoques dos temas gerais e específicos defina os programas de
disciplinas do Curso, não se esquecendo de que as questões de ordem metodológica e
pedagógica são objeto de atenção permanente. Diante desses prismas, a ação
didático-pedagógica é voltada à formação de um profissional capaz de formular,
questionar, resolver problemas e reconstruir realidades em âmbito interno, regional ou
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Ensino jurídico: uma proposta pedagógica. Perspectiva
curricular axiológica para uma nova cultura jurídica

nacional, sobretudo pela formação crítica que se pretende esboçar na construção plena
dos cursos da IES.

Para tanto, fundamental que o foco na interdisciplinaridade se faça presente ao longo de


todo o curso, o que se busca alcançar por meio da estruturação das disciplinas com
enfoque na inter-relação presente entre todos os ramos do Direito, evitando que os
conteúdos tradicionais sejam pensados de forma estanque; pela presença de disciplinas
de formação humanista que realcem a inserção da Ciência Jurídica nos contextos sociais,
evidenciando a influência direta que as realidades humana, política, econômica e
histórica exercem sobre a formação e a compreensão do Direito; pelo estímulo à prática
de atividades de extensão pautadas no diálogo com outras áreas do saber.

Desse modo, o curso de direito deve capacitar os alunos para atuar no campo do Direito
de forma a preservar e contribuir para a consolidação de valores morais, éticos, cívicos e
político-sociais, com vistas ao aperfeiçoamento da sociedade e à busca pelo bem-estar
comum. Muito disso é possível alcançar pela promoção do engajamento de alunos e
docentes na prestação de serviços jurídicos, atendendo às necessidades da comunidade
local e regional de modo a fielmente cumprir o preceito constitucional que prega a
indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.

5.4.2 A concepção para o ensino teórico

Considerando que o ensino jurídico envolve não só o estudo da norma jurídica, dos atos
ou valores em si considerados, mas a própria experiência jurídica genericamente
identificada – a vida em sociedade e a correlação com o ordenamento jurídico –, o
projeto didático-pedagógico se afirma a partir de premissas básicas de coerência
educacional.

A oferta de matérias, conteúdos programáticos e toda a elaboração das diretrizes básicas


objetivam a capacitação acadêmica em seus aspectos humanístico e ético, realçando a
articulação presente entre todos os conteúdos. Busca-se conferir especial ênfase à oferta
de disciplinas cujos conteúdos se identifiquem com o perfil sociopolítico regional e a
vocação do curso, pelo que matérias como Processo Constitucional, Direito
Previdenciário e Direito Eleitoral se fazem presentes ao lado dos demais temas de
abordagem obrigatória. Ademais, a convivência dos alunos com modernas ferramentas
pedagógicas oferecidas pelo domínio informático, especialmente de ensino a distância,
faz-se presente desde seu ingresso, com o que se fomenta o interesse e a familiaridade
com esta que tem se demonstrado uma rica forma de incrementar o processo de
ensino-aprendizagem, além de habilidade essencial para lidar com as necessidades da
profissão.

A aproximação com a prática deve ser promovida a todo instante, tanto por meio de
atividades realizadas dentro de sala de aula, quanto fora do ambiente estudantil. Há que
se estimular o permanente debate acerca de questões atuais, especialmente aquelas que
batem às portas dos tribunais, promovendo a inserção dos alunos em atividades de
iniciação científica e pesquisas voltadas à compreensão de problemas práticos e atuais.

Acerca desse tema, é importante consignar, mais uma vez, a existência de um programa
institucional de iniciação científica aliado a um programa de monitoria que se propõe a
permitir aos alunos maior participação no processo de ensino-aprendizagem,
ofertando-lhes a possibilidade de interagir diretamente com o corpo docente,
enfatizando-se as disciplinas de conteúdo profissionalizante. Com isso, incrementa-se a
construção de uma aprendizagem contextualizada, voltada claramente à realidade
prática do grupo, além de servir como estímulo à inserção dos alunos no universo da
pesquisa e da extensão.

O projeto pedagógico, em face da natureza variável do Direito, orienta-se pelo princípio


básico da adequação e conformação de suas disposições à realidade social, aos avanços
sociopolíticos e econômicos e às inovações tecnológicas, com o que se busca promover
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Ensino jurídico: uma proposta pedagógica. Perspectiva
curricular axiológica para uma nova cultura jurídica

sua permanente atualização, sem, contudo, desvirtuar suas diretrizes básicas. Nesse
turno, mostra-se relevante destacar a existência, em âmbito institucional, de programa
de atualização constante do projeto pedagógico, desenvolvido em parceria com o
Colegiado do Curso de Direito, órgão consultivo e deliberativo regularmente constituído.

Nesse Colegiado, encontra-se assentado o Núcleo Docente Estruturante do Curso de


Direito, responsável não apenas pelo aperfeiçoamento do presente projeto, mas também
pela sua formulação e implementação, cuja composição, em obediência às normas
contidas na Portaria MEC 147/2007, observa a necessidade de titulação mínima de seus
membros (pós-graduação strictosensu), regime de trabalho com dedicação integral ou
parcial e experiência docente.

5.4.3 A concepção para o ensino prático

O Estágio Curricular Supervisionado é concebido como mecanismo de ensino essencial


para a consecução das finalidades didático-pedagógicas definidas para o Curso de
Direito. Deve ser desenvolvido em Núcleo de Práticas Jurídicas estruturado
especialmente para receber os alunos e lhes proporcionar noções acerca da prática
profissional, sem, contudo, deixar de aproveitar a oportunidade para reforçar conceitos
teóricos e realçar a proximidade e o diálogo entre teoria e prática. Para tanto, atividades
como participação em audiências simuladas ou construção de processos igualmente
simulados devem ser realizadas, mostrando-se eficaz mecanismo de reforço ao
aprendizado e prevenção de vícios comuns à prática da profissão.

Ao lado do trabalho desenvolvido no Núcleo, será ofertada aos alunos a possibilidade de


desenvolverem atividades práticas em outros espaços conveniados, como escritórios de
advocacia e órgãos públicos, sempre, contudo, sob a supervisão e permanente
acompanhamento dos profissionais vinculados ao Núcleo de Práticas Jurídicas.

Prioriza-se no Núcleo o atendimento às necessidades da comunidade local, de modo a


permitir aos estudantes vivenciar as experiências cotidianas dos núcleos sociais que os
cercam, propiciando a efetiva inserção do Direito na comunidade. O estreito vínculo com
os grupamentos humanos locais, especialmente aqueles mais carentes, contribui
sobremaneira para reforçar nos estudantes a percepção acerca da proximidade que
precisa existir entre Direito e realidade social, ajudando a evidenciar o papel
transformador que pode ser exercido pela ordem jurídica.

5.4.4 A concepção para as atividades complementares e para a extensão

As atividades complementares representam, no Curso de Direito, o mecanismo mais


eficiente de transformação do meio acadêmico jurídico em um dinâmico e
contemporâneo instrumento de transmissão e produção de conhecimento capaz de criar
avaliações críticas sobre a sociedade, o Estado e o Direito. Objetiva-se, com o seu
incremento, possibilitar a prática de estudos independentes, que priorizem o diálogo com
outras áreas do saber humano e o contato mais próximo com diferentes correntes do
pensamento jurídico.

Sua oferta deve permear todo o curso, colocando-se, dessa forma, como importante
ferramenta para a complementação do ensino teórico e estímulo à sua correlação com a
realidade prática. As atividades complementares incluem, entre outros, projetos de
pesquisa, monitoria, iniciação científica, projetos de extensão, seminários internos e
externos, congressos e palestras. São incluídas, também, disciplinas oferecidas por
outros cursos e mesmo por outras instituições de ensino, incluindo-se aquelas que
eventualmente não componham o conteúdo do Curso de Direito, com o que se pretende,
mais uma vez, fomentar o diálogo interdisciplinar entre diferentes ciências, tudo em
conformidade com o competente regulamento, elaborado no âmbito do Programa de
Atividades Complementares Institucional.

A participação dos alunos em semelhantes atividades, além de compor a carga horária


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Ensino jurídico: uma proposta pedagógica. Perspectiva
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mínima do curso, deve ser estimulada pela conscientização acerca da necessidade de


ampliar horizontes, ultrapassando os limites do conhecimento teórico em busca do saber
pela via do autoaprendizado e do confronto com novas realidades, diversas do quadro
traçado dentro de sala de aula. Ademais, outros mecanismos de estímulo podem ser
oferecidos, como bolsas e descontos em função do engajamento e do aproveitamento
demonstrado pelos estudantes.

5.4.5 O processo de avaliação continuada

A constante avaliação do ensino e da aprendizagem apresenta-se como ferramenta


fundamental para o acompanhamento tanto da evolução discente quanto do acerto das
propostas educacionais do Curso de Direito. Além de se colocarem como mecanismos
para aferir a capacidade de assimilação dos conteúdos ordinariamente ministrados nas
disciplinas, as avaliações a que são submetidos regularmente os alunos compõem
parcela de um sistema que, corretamente manejado, permite o acompanhamento do
processo de aprendizado que se deve desenvolver ao longo de todo o curso.

Naturalmente que, dadas as peculiaridades da ciência jurídica, em que se destaca a forte


carga argumentativa que perpassa a sua operacionalização, há que se estimular
constantemente o desenvolvimento do uso da linguagem escrita. Isso demanda
prioridade às avaliações escritas que requisitem a redação de textos dissertativos, por
cujo intermédio sejam os alunos provocados a analisar, refletir e criticar os temas mais
relevantes de cada conteúdo de maneira articulada com suas repercussões práticas.

Em complementação a esse processo, fragmentado pelas disciplinas que compõem o


curso, busca-se integrar o sistema avaliativo por meio da realização de
acompanhamento periódico do aprendizado, promovido mediante avaliações regulares
que priorizem a verificação dos conhecimentos acumulados ao longo do curso.
Entende-se que esse sistema, além de contribuir na transmissão aos alunos da certeza
de que o curso deve ser compreendido de maneira global, em um permanente diálogo
entre todos os conteúdos ministrados, auxilia sobremaneira a Instituição na tarefa de
monitorar, de forma homogênea, seus estudantes, permitindo-lhe, inclusive,
diagnosticar casos problemáticos que ensejem alguma espécie de intervenção pontual.

A avaliação, contudo, não pode ser feita nem compreendida apenas em uma via, ou
seja, da Instituição para os alunos. É imprescindível que a mão oposta também esteja
aberta. Para tanto, cumpre que os exames impostos aos estudantes sejam analisados
também sob esse prisma, perscrutando-se as falhas porventura presentes no processo
de ensino, buscando, a partir destas, construir um mapa das virtudes e dos defeitos do
modelo educacional implementado.

5.4.6 Trabalho de conclusão de curso

Elemento que merece ser colocado em destaque é o Trabalho de Conclusão de Curso,


atividade acadêmica de cunho obrigatório que, além de servir como excelente parâmetro
para avaliação do processo de ensino-aprendizagem, tem o condão de fomentar nos
alunos a capacidade crítica, a articulação entre diferentes ramos do ensino jurídico, o
diálogo entre conhecimentos teóricos e suas repercussões práticas, além de contribuir
para o desenvolvimento de habilidades relacionadas à pesquisa científica.

Devemos assinalar como trabalho de conclusão de curso de graduação as seguintes


espécies: Artigo, Resenha e Monografia.

A modalidade de Trabalho de Conclusão escolhida é a Monografia, que é o documento


que representa o resultado de um estudo, devendo expressar conhecimento do assunto
escolhido, obrigatoriamente vinculado à disciplina do curso. Deve ser feito sob a
coordenação de um docente. Essa forma é entendida como a espécie de trabalho
científico mais completa e que, por isso, permite o desenvolvimento de maiores
habilidades, além de demandar maior grau de engajamento de alunos e professores.
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Ensino jurídico: uma proposta pedagógica. Perspectiva
curricular axiológica para uma nova cultura jurídica

O Trabalho de Conclusão cumpre, na concepção do Curso de Direito, etapas distintas e


sequenciais que possibilitam aos alunos, desde seu ingresso na Instituição, ter contato
com o universo da pesquisa científica. Para tanto, já nos momentos iniciais do curso, é
ofertada a disciplina Metodologia da Pesquisa Científica, por meio da qual se busca
despertar o interesse dos estudantes para a necessidade de aprofundarem suas
investigações acerca das questões jurídicas, não se contentando com lições superficiais
ou correntes únicas de pensamento. Esse é o momento, também, de dar início ao
processo de construção do Trabalho de Conclusão, de modo a garantir que ao longo de
todo o curso os alunos estarão envolvidos com ele.

5.5 Sugestões para a estrutura curricular

A formação do jurista, para estabelecer uma adequada sintonia com os novos rumos do
direito, vai exigir um ethos cultural humanista, crítico e interdisciplinar, com certa ênfase
no ensino e na prática dos direitos de nova geração. Daí que a estrutura curricular de
um curso capaz de proporcionar uma formação que habilite o bacharel para o
enfrentamento das questões atuais deve estar orientada pela publicização do direito
pelos novos paradigmas da ciência jurídica, para além, portanto, do paradigma
57
positivista e do método unidisciplinar de estilo lógico formal .

Assume, para tanto, a premissa de que o discente somente poderá se tornar responsável
por meio de um processo didático-pedagógico que o faça interagir e, consequentemente,
evidenciar a necessária coexistência com a história, movimentos socioculturais do seu
tempo, bem como os avanços tecnológicos. Em razão disso, torna-se imperioso e
imprescindível tanto a realização de estágio supervisionado curricular e extracurricular
como a integração do conteúdo didático-pedagógico de disciplinas que tenham como
finalidade permitir a complementação e atualização das matérias que mostrem evolução
no decorrer do processo de aprendizagem na área das ciências sociais.

Entende-se que, para ver a Ciência do Direito sob um novo ponto de vista, inserida em
sua dinâmica específica, e, principalmente, para iluminar, de maneira cientificamente
estabelecida, as novas discussões sobre a metodologia, compreensão e interpretação da
Ciência do Direito, deve-se agregar ao conteúdo básico os instrumentos modernos da
lógica, da linguística, da comunicação, trazendo os aspectos atuais da teoria da
argumentação, tema que deve permear o conteúdo de disciplinas como Direito
Constitucional e Filosofia Jurídica.

Para oferta de disciplinas por Período, observou-se a correlação entre os conteúdos e os


objetivos traçados para o curso dispostos no projeto pedagógico. Confere-se, desta
forma, ênfase ao juspublicismo, buscando-se inserir os alunos, desde os períodos
iniciais, no universo de disciplinas que tratam de temas correlatos, apresentados em
uma sequência que se entende natural para a formação do conhecimento, sempre
exaltando a íntima conexão existente entre a atuação estatal e a defesa dos interesses
sociais.

Ao lado das disciplinas de conteúdo eminentemente dogmático que, por sua natural
quantidade, se fazem presentes por todo o curso, buscou-se distribuir as disciplinas de
base humanista, de modo que estas não restassem concentradas nos períodos iniciais,
fazendo-se presentes, ao contrário, pelo correr do curso. O objetivo desta medida é
realçar a percepção dos alunos quanto à sua importância para a formação do espírito
crítico do jurista e a abertura do Direito aos aspectos da realidade social estudados em
outras áreas do saber, como a psicologia, a antropologia ou a sociologia.

Nessa linha de raciocínio, a alteração da matriz curricular do Curso de Direito se adéqua


ao Projeto Pedagógico Institucional porque, além da clara concepção do Curso de Direito,
com suas peculiaridades, seu currículo pleno e sua operacionalização, abrange, além de
outros, os elementos estruturais enunciados no § 1º do citado artigo 2º da Resolução
58
CES/CNE 9/2004 e no Parecer CES/CNE 8/2007 , contemplando, ao longo de suas
partes constitutivas, além da concepção e objetivos gerais do curso, também: as
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curricular axiológica para uma nova cultura jurídica

condições objetivas de oferta e a vocação do curso; as cargas horárias das atividades


didáticas e da integralização do curso; as formas de realização da interdisciplinaridade;
os modos de integração entre teoria e prática; as formas de avaliação do ensino e da
aprendizagem; o incentivo à pesquisa e à extensão; a concepção e a composição das
atividades de estágio curricular supervisionado, assim como a forma de implantação e a
estrutura do Núcleo de Prática Jurídica, sem mencionar a concepção e composição das
atividades complementares e a inclusão obrigatória do Trabalho de Conclusão de Curso.

Acima de tudo, o Curso de Graduação em Direito, busca assegurar, no perfil do


graduando, como requer o artigo 3º da Resolução CES/CNE 9/2004, uma sólida
formação geral humanística e axiológica, capacidade de análise, domínio de conceitos e
da terminologia jurídica, adequada argumentação, interpretação e valorização dos
fenômenos jurídicos e sociais, aliada a uma postura reflexiva e de visão crítica que
fomente a capacidade, a aptidão para a aprendizagem autônoma e dinâmica,
indispensável ao exercício da ciência do Direito, da prestação da justiça e do
desenvolvimento da cidadania. Mais ainda: cuida por resguardar os princípios
fundamentais de uma concepção social do direito, contemplando, em suas diretrizes
curriculares, propostas de adequação de seus cursos aos fins sociais, em respeito aos
fundamentos que orientam o Direito pós-moderno.

A matriz proposta com disciplinas de carga horária de 60 horas/aulas, presenciais e


algumas oferecidas em regime semipresencial de forma a familiarizar os alunos com
ferramentas de ensino a distância, e disciplinas optativas-eletivas, de modo a garantir a
flexibilidade da matriz, permitindo aos alunos direcionar seus estudos para áreas de
maior interesse, totalizando 3.800 h/a total, sendo que 3.180 h/a são disciplinas
cursadas na modalidade presencial e 420h/a são em semipresencial e 200h/a de
59
atividades complementares .

Em resumo, a proposta de grade que se segue procura adequar-se às diretrizes definidas


na Resolução CES/CNE 9/2004, divididos os anos em períodos, onde contêm as
disciplinas e a carga horária. As ementas de cada disciplina se encontra no anexo I.

Ano Período Matéria CH


1º ano 1º •Ciência Política: 60
Teoria do Estado e 60
Organização do 60
Estado Brasileiro 60
•Introdução ao 60
Estudo do Direito
•Língua Portuguesa
•História do Direito
•Antropologia
2º • Direito Civil I – 60
Parte geral 60
• Direito 60
Constitucional I: 60
Teoria da 60
Constituição e
Direitos
Fundamentais
• Direito Penal I –
Teoria do crime
• Sociologia
• Metodologia da
Pesquisa
2º ano 3º • Direito Civil II – 60
Obrigações 60
• Constitucional II: 60
Página 27
Ensino jurídico: uma proposta pedagógica. Perspectiva
curricular axiológica para uma nova cultura jurídica

Jurisdição 60
Constitucional e 60
Controle de
Constitucionalidade
• Direito Penal II –
Teoria da pena
• Teoria Geral do
Processo
• Economia Política
4º • Direito Civil III – 60
Contratos 60
• Direito 60
Administrativo I 60
• Direito Empresarial 60
I – Teoria da empresa 60
e Sociedades
empresárias
• Direito Penal III –
Parte Especial do
Código Penal
• Direito Processual
Civil I: Processo de
Conhecimento
• Introdução ao
Ensino a Distância

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Ensino jurídico: uma proposta pedagógica. Perspectiva
curricular axiológica para uma nova cultura jurídica

3º ano 5º • Direito Civil IV – 60


Coisas 60
• Direito Empresarial 60
II – Sociedades por 60
ações e Títulos de 60
crédito 60
• Direito Penal IV –
Defesa do interesse
público: crimes
contra a
Administração Pública
e crimes econômicos
• Direito Processual
Civil II: Sentença,
Coisa Julgada e
Recursos
• Direito
Administrativo II
• Direito Digital – Em
EAD
6º • Direito Civil V – 60
Família 60
• Direito Empresarial 60
III – Contratos 60
mercantis e Falência 60
e recuperação de 60
empresas 60
• Direito Processual
Civil III: Execução e
Cumprimento de
Sentença
• Ética Geral e
Profissional
• Direito
Administrativo III
• Direito Ambiental –
Em EAD

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Ensino jurídico: uma proposta pedagógica. Perspectiva
curricular axiológica para uma nova cultura jurídica

4º ano 7º • Direitos do 60
Consumidor – Em 60
EAD 60
• Direito Processual 60
Civil IV: Processo 60
Cautelar e 60
Procedimentos
Especiais
• Direito Processual
Penal I
• Direito do Trabalho
I
• Direito Civil VI –
Sucessões
• Estágio de Prática
Jurídica I
8º • Direito Processual 60
Penal II 60
• Direito 60
Internacional I 60
• Psicologia 60
• Direito do Trabalho 60
II
• Direito Eleitoral –
Em EAD
• Estágio de Prática
Jurídica II
5º ano 9º • Direito Tributário e 60
Finanças Públicas I 60
• Direito Processual 60
do Trabalho 60
• Filosofia do Direito 60
• Direito 60
Internacional II 60
• Direito
Previdenciário – Em
EAD
• Trabalho de
Conclusão de Curso I
• Estágio de Prática
Jurídica III
10º • Direito Tributário e 60
Finanças Públicas II 60
• Optativa-Eletiva – 60
Em EAD 60
• Trabalho de 60
Conclusão de Curso II 60
• Direito Humanos
• Tópicos Especiais:
Atualização em
direito público e
privado
• Estágio de Prática
Jurídica IV
5º ano Disciplinas Optativas- • Direito Sociais
Eletiva • Direito e Bioética
• Processo
Página 30
Ensino jurídico: uma proposta pedagógica. Perspectiva
curricular axiológica para uma nova cultura jurídica

Constitucional
• Execução Penal e
Sistema Prisional
• Argumentação
Jurídica
• LIBRAS –
Linguagem Brasileira
de Sinais

6 Conclusões

O homem é ser totalmente social e para viver em sociedade se faz necessário regras,
mas não basta ditar as regras devemos também estudar e aplicar as regras na tentativa
de evitar ou resolver conflitos.

O estudar as regras é feito por meio do ensino jurídico que inicialmente possui um
âmbito tanto dogmático como zetétitco e, com o passar dos tempos, passou a perder
este caráter zetético em razão da interferência dos governos no ensino brasileiro.

Passou o ensino a ser tecnicista, em decorrência da forte necessidade do


desenvolvimento, o que ocasionou a necessidade de uma diversificação maior de
habilitações técnicas específicas e menos humanistas em geral. Diante de todas essas
novas exigências, constatou-se que o ensino jurídico se encontrava despreparado,
obsoleto, elitista, bacharelesco, em suma, afastado da missão cultural e científica que
dela passava agora a esperar a sociedade. Os objetivos da mudança de paradigmas
passaram pela modernização administrativa, renovação do conceito de ensino superior;
integração da Universidade com o desenvolvimento da sociedade e redefinição do papel
do Estado com relação à Universidade, de tornar o ensino o mais técnico (positivista)
possível, de maneira a trazer o bacharel mais perto da dogmática jurídica da época.
Desta forma, o modelo do ensino jurídico humanista entrou em crise, uma vez que se
encontrava divorciado dos objetivos da Reforma Universitária.

Progressivamente, os bacharéis passaram a transmitir ideias pré-concebidas e se


tornaram incapazes de oferecer respostas satisfatórias ao entendimento do meio
ambiente de preparação em termos de qualificação profissional. Esse processo de
abastardamento do ensino superior tornou-se cada vez mais problemático, disfuncional e
desagregador.

O novo modelo de ensino jurídico, que combina a formação geral, humanística, crítica e
reflexiva com a formação profissionalizante e prática, é capaz de assegurar ao bacharel
uma sólida formação geral, humanística e axiológica, capacidade de análise, domínio de
conceitos e da terminologia jurídica, adequada argumentação, interpretação e
valorização dos fenômenos jurídicos e sociais, aliada a uma postura reflexiva e de visão
crítica que fomente a capacidade e a aptidão para a aprendizagem autônoma e
dinâmica, indispensável ao exercício da Ciência do Direito, da prestação da justiça e do
desenvolvimento da cidadania.

A ideia desta nova concepção é tornar o bacharel não um especialista, pois, sem a
profissionalização genérica, o bacharel ser seria apenas um repetidor de ideias, o que se
busca é a formação de um todo, ou seja, o bacharel deverá ser um sujeito capaz de gerir
os problemas políticos, sociais, econômicos e jurídicos, dentro de uma única realidade.
Assim sendo, o especialista não é quem sabe de um só assunto, e ser profissional não é
apenas conhecer técnicas específicas. O profissionalismo mais universal é saber pensar,
interpretar a regra e conviver com a exceção e, para tanto, deve o bacharel ter o
conhecimento dos vários conteúdos jurídicos presentes no ordenamento brasileiro, de
forma a capacitá-lo ao exercício da profissional de jurista que escolher, seja, professor,
advogado, delegado, promotor, magistrado, entre outras.

Página 31
Ensino jurídico: uma proposta pedagógica. Perspectiva
curricular axiológica para uma nova cultura jurídica

Para tanto, devem as instituições de ensino organizar o Curso de Graduação em Direito,


observando as Diretrizes Curriculares Nacionais que se expressam pelo seu projeto
pedagógico, que abrangerá o perfil do formando, as competências e as habilidades, os
conteúdos curriculares, o estágio curricular supervisionado, as atividades
complementares, o sistema de avaliação, o trabalho de curso como componente
curricular obrigatório do curso, o regime acadêmico de oferta e a duração do curso, sem
prejuízo de outros aspectos que tornem consistente o referido projeto pedagógico.

7 Referências bibliográficas

ALMEIDA FILHO, José Carlos de Araújo. O ensino jurídico, a elite dos bacharéis e a
maçonaria do século XIX. Dissertação (Mestrado em Direito, Estado e Cidadania) –
Universidade Gama Filho, Rio de Janeiro, 2005. Disponível em:
[http://bdjur.tjce.jus.br/jspui/bitstream/123456789/117/1/ALMEIDA%20FILHO,%20J.C.%20DE%20ARA

ARISTÓTELES. A política. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

BOVE, Luiz António. Uma visão histórica do ensino jurídico no Brasil. Revista do curso de
direito da Universidade Metodista de São Paulo,v. 3, n. 3, p. 115-138, 2006.

CABRAL, Rui de Melo. O currículo e o método de ensino na fronteira entre passado e


presente: o ensino jurídico no Distrito Federal à luz das mudanças emergentes de 1994.
Dissertação de Mestrado. Universidade Católica, Brasília, 2004. Disponível em:
[www.bdtd.ucb.br/tede/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=258]. Acesso em: 10/2012.

CARNIETTO, Alexsandro; SOUZA, André Luiz de et al. Igreja – sociedade política: a


importância, o poder e a manifestação do aspecto político e jurídico. Jus Navigandi,
Teresina, ano 4, n. 42, jun. 2000. Disponível em:
[http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=66]. Acesso em: 07.07.2010.

DEMO, Pedro. Politicidade: razão humana. Campinas: Papirus, 2002.

DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. v. 4.

DINIZ, Maria Helena. Compendio de introdução à ciência do direito. 18. ed. São Paulo:
Saraiva, 2006.

FERRAZ JR., Tercio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito: técnica, decisão,


dominação. São Paulo: Atlas, 2003.

LÔBO, Paulo Luiz. Netto. O novo currículo mínimo dos cursos jurídicos. In: Paulo Luiz
Netto Lôbo (Org.). Ensino jurídico – OAB novas diretrizes curriculares. 1. ed. Brasília: Ed.
Conselho Federal da OAB, 1996. v. 1: 33-37.

MACHADO, Antonio Alberto. Ensino jurídico e mudança social. 2. ed. São Paulo:
Espressão Popular, 2009.

MALMESBURY, Thomas Hobbes. Leviatã. Trad. João Paulo Monteiro et al. Disponível em:
[www.dhnet.org.br/direitos/anthist/marcos/hdh_thomas_hobbes_leviatan.pdf]. Acesso
em: 12.06.2012, cap. 40 e 41.

MODIN, Battista. O homem, quem é ele? São Paulo: Paulinas, 1986.

MEIRELLES, Delton R. S.; GOMES, Luiz Cláudio Moreira. Magistrados e processo:


impressões da literatura jurídica nacional (1832-1876). XXIV SNH, ST “Instituições,
Poder e Justiça”. Gizlene Neder e Arno Wehling (Coord.). Disponível em:
[http://snh2007.anpuh.org/resources/content/anais/Delton%20Meirelles.pdf]. Acesso
em 12.06/.2012.

MONTORO, André Franco. Introdução à ciência do direito. São Paulo: Ed. RT, 2005.

Página 32
Ensino jurídico: uma proposta pedagógica. Perspectiva
curricular axiológica para uma nova cultura jurídica

NADER, Paulo. Introdução ao estudo do direito. Rio de Janeiro: Forense, 2007.

RODRIGUES, Horácio Wanderlei. Pensando o ensino do direito no século XXI: diretrizes


curriculares, projeto pedagógico e outras questões pertinentes. Florianópolis: Fundação
Boiteux, 2005.

RODRIGUES, Horácio Wanderley. Novo currículo mínimo dos cursos jurídicos. São Paulo:
Ed. RT, 1995.

SANTOS, Boaventura de Sousa. Para um novo senso comum: a ciência, o direito e a


política na transição paradigmática. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2001. v. 1.

SOUZA, Sabrine Pierobon de. Pensando a História da Formação Jurídica no Brasil.


Revista do Curso de Direito da Faculdade Campo Limpo Paulista, Porto Alegre, v. 4, p.
7-20, 2006.

OLIVEIRA, Manfredo Araújo de. Ética e sociabilidade. 3. ed. São Paulo: Loyola, 1993.

REALE, Miguel. Pluralismo e liberdade. São Paulo: Saraiva, 1963.

REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. 27. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

VILAS-BÔAS, Renata Malta. Introdução ao estudo do direto. Brasília: Fortium, 2005.

VENÂNCIO FILHO, Alberto. Das Arcadas ao Bacharelismo. São Paulo: Perspectiva, 1977.

Anexo 1 Ementas

1º Período

CIÊNCIA POLÍTICA: TEORIA DO ESTADO E ORGANIZAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO.


Conceito e conteúdos de ciência política. Evolução histórica do pensamento político.
Ciência Política e Economia Política: introdução ao pensamento econômico e sua
evolução. Ciência Política e Teoria do Estado. Formação política do Estado. Sistemas
políticos e democracia. Partidos políticos. O Estado: conceito e caracterização. Elementos
configuradores clássicos: território; povo; soberania. Insuficiências diante do novo perfil
das nações. A trajetória do estudo do Estado. A democracia e o Estado contemporâneo.
Formas de Estado. A organização do Estado brasileiro: organização política; organização
administrativa; divisão de poderes na União, Estados e Municípios; competências
legislativas.

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO. Das “Teorias Gerais” do Direito, do Estado e do


Processo à Teoria do Direito. Caráter Epistemológico da Teoria do Direito. Direito como
ciência; direito e sociedade. Direito estatal e “outros” direitos. Categorias doutrinárias.
Direito e moral. Escolas Contemporâneas de Teoria do Direito. Teoria do ordenamento
jurídico. Teoria da norma jurídica. Eficácia da lei no tempo e no espaço. Interpretação.
Conflito de normas. Positivismo jurídico e o problema das lacunas do ordenamento.
Situações jurídicas subjetivas.

LÍNGUA PORTUGUESA. Lógica e linguagem. Teoria da comunicação. Funções da


linguagem. Leitura ativa, leitura analítica e leitura crítica de textos. Linguística;
coerência lógica. Texto, contexto e intertexto. Coerência e coesão. Estrutura do texto
jurídico. Análise textual. Atualidades ortográfico-gramaticais.

HISTÓRIA DO DIREITO. A inter-relação entre os eventos históricos, políticos e sociais e o


fenômeno jurídico. Direito como produto de um contexto histórico e Direito como
influência para eventos históricos. Ordenamentos primitivos. Direito clássico.
Fragmentação do Império Romano e surgimento de novos sistemas jurídicos. A Igreja
Católica e o resgate do Direito Romano. Renascimento e surgimento dos Estados
nacionais. Era das Revoluções. Formação do sistema jurídico brasileiro.

Página 33
Ensino jurídico: uma proposta pedagógica. Perspectiva
curricular axiológica para uma nova cultura jurídica

ANTROPOLOGIA SOCIAL. A sociedade de classes. Poder político e classes sociais.


Subdivisões da antropologia. Objeto de estudo da antropologia social.

2º Período

DIREITO CIVIL I – Parte Geral. Teoria Geral do Direito Civil. Sistema do Código Civil
(LGL\2002\400) Brasileiro. Sujeito como centro do direito civil. Relação jurídica. Sujeitos
da relação jurídica. Pessoa natural. Aquisição, modificação e extinção dos direitos
subjetivos. Objeto da relação jurídica: os bens. Fatos jurídicos. Negócio jurídico. Atos
ilícitos. Prescrição e decadência. Prova.

DIREITO CONSTITUCIONAL I – Teoria da constituição e Direitos fundamentais. Teoria


constitucional. Classificação tradicional das Constituições. Constituição liberal, social e o
neoconstitucionalismo. Supremacia da Constituição. A Constituição brasileira. Poder
constituinte. A norma constitucional. Interpretação constitucional. Princípios
constitucionais. Teoria dos direitos fundamentais. Direitos fundamentais em espécie.
Garantias constitucionais.

DIREITO PENAL I – Teoria do crime. O Direito Penal: objeto de estudo. Evolução


histórica do sistema de punitivo estatal. Ciências penais auxiliares. A Norma Penal. O
fato punível. Teoria da lei penal. Crimes omissivos e comissivos. Tentativa. Desistência
voluntária. Concurso de pessoas.

SOCIOLOGIA. Ciências sociais, sociologia e antropologia: campos de conhecimento e


áreas de interconexão. O pensamento sociológico. Conceitos sociológicos fundamentais.
Contexto histórico da sociologia jurídica. Sociologia jurídica e ciência. Sociologia jurídica
e sociologia do conhecimento. Os clássicos da sociologia jurídica. A teoria sistêmica no
direito. Função social do Direito. Conceito sociológico do Direito. Direito como fato social.
Os grandes problemas da sociologia do direito. Microssociologia jurídica. Sociologia
jurídica diferencial ou tipológica. Sociologia genética do direito.

METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA. Metodologia e epistemologia. Conceito de


ciência. O trabalho científico. Métodos. Elaboração de hipóteses. Marco teórico e modelo
de análise. Normas de produção acadêmica. Projeto de pesquisa. Leituras e fichamentos.
Análise e elaboração de textos. Pesquisa empírica.

3º Período

DIREITO CIVIL II – Obrigações. Introdução ao Direito das Obrigações. Noção, estrutura


e função das obrigações. Fontes e modalidades das obrigações. Transmissão das
obrigações. Cumprimento das obrigações. Pagamento indevido e enriquecimento sem
causa. Responsabilidade contratual e extracontratual. Garantia das obrigações.

DIREITO CONSTITUCIONAL II – Controle de constitucionalidade. Processo legislativo,


revisão e mutação constitucional. Origens e fundamentos do controle de
constitucionalidade. O controle de constitucionalidade no mundo. Controle de
constitucionalidade no Brasil. O Supremo Tribunal Federal. Controle pelo sistema difuso.
Controle pelo sistema concentrado. Novos métodos de decisão em controle de
constitucionalidade.

DIREITO PENAL II – Teoria da pena. A sanção criminal. Espécies de penas. Aplicação da


pena. Suspensão condicional da pena. Livramento condicional. Efeitos da condenação e
reabilitação. Medidas de segurança. Extinção da punibilidade. Prescrição da pretensão
punitiva.

TEORIA GERAL DO PROCESSO. Premissas da noção de processo. Formas de solução de


conflito: acesso à Justiça. Princípios gerais do direito processual. Norma processual.
Evolução histórica do direito processual. Jurisdição. Organização judiciária e funções
essenciais à justiça. Princípios éticos das carreiras jurídicas. Competência. Ação.
Processo. Sujeitos do processo.
Página 34
Ensino jurídico: uma proposta pedagógica. Perspectiva
curricular axiológica para uma nova cultura jurídica

ECONOMIA POLÍTICA. Introdução ao pensamento econômico. Conceito e objeto de


estudo da economia política. Inter-relação da economia com a ciência política, a
sociologia e o direito. Conceitos básicos. Preço. Circulação de riquezas. Desenvolvimento
econômico. Evolução do pensamento econômico. Intervenção do Estado na economia.

4º Período

DIREITO CIVIL III – Contratos. Teoria Geral do Contrato. Classificação dos contratos.
Elementos, requisitos e princípios. Vinculação de terceiros. Vícios redibitórios e evicção.
Contrato preliminar. Contratos de adesão. Contratos típicos. Contratos atípicos.
Declarações unilaterais de vontade.

DIREITO ADMINISTRATIVO I. Atividades e funções do Estado. Direito Administrativo:


conceito, origem, objeto e fontes. Princípios do Direito Administrativo. Administração
Pública. Agentes públicos. Regime jurídico administrativo. Poderes administrativos. Ato
administrativo. Regime jurídico dos servidores públicos.

DIREITO EMPRESARIAL I – Teoria da empresa e sociedades empresárias. O moderno


conceito de empresa e atividade empresária. Histórico e atualidade da legislação
empresarial. Atos de empresa. Empresário. Registro. Escrituração. Elementos de
identificação. Estabelecimento. Propriedade industrial. Sociedade. Espécies de sociedade.
Microempresas e empresas de pequeno porte. Dissolução; liquidação; extinção; fusão;
cisão; incorporação; transformação; e controle societário.

DIREITO PENAL III – Parte Especial do Código Penal (LGL\1940\2). Crimes contra a
pessoa. Crimes contra o patrimônio. Crimes contra os costumes. Crimes contra a família.
Crimes contra a incolumidade pública. Crimes contra a paz pública. Crimes contra a fé
pública.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – Processo de conhecimento. Processo de conhecimento.


Partes e procuradores. Competência. Processo e pressupostos processuais. Atos
processuais. Procedimentos do processo de conhecimento. Petição inicial e pedido.
Antecipação dos efeitos da tutela. Meios de defesa. Fase de saneamento e julgamento
conforme o estado do processo. Instrução processual. Prova. Audiência.

INTRODUÇÃO AO ENSINO A DISTÂNCIA. A modalidade de Educação a Distância:


histórico, características, definições, regulamentações. A Educação a Distância no Brasil.
A mediação pedagógica na modalidade Educação a Distância. Organização de situações
de aprendizagem. Ambientes virtuais de ensino-aprendizagem e seu funcionamento.

5º Período

DIREITO CIVIL IV – Coisas. Direito Civil patrimonial. Posse e propriedade. Propriedade e


domínio. Posse e proteção possessória: conceito e formas de aquisição da posse; efeitos;
proteção à posse. Conceito de direitos reais. Crise e superação do sistema clássico de
apropriação de bens. Os direitos reais na perspectiva do Novo Código Civil
(LGL\2002\400) Brasileiro. Propriedade. Direito de vizinhança. Condomínio. Propriedade
resolúvel. Propriedade fiduciária. Direitos reais sobre coisas alheias. Direitos reais de
garantia. Direito autoral.

DIREITO EMPRESARIAL II – Sociedades por ações e títulos de crédito. Sociedades


anônimas. Sociedades de economia mista. Comandita por ações. Títulos de crédito:
conceito e teoria. Títulos em espécie.

DIREITO PENAL IV – Defesa do interesse público: crimes contra a Administração Pública


e crimes econômicos. Crimes contra a Administração Pública. Direito Penal econômico.
Abuso de autoridade, improbidade administrativa e responsabilidade de agentes
públicos.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL II – Sentença, coisa julgada e recursos. Sentença. Coisa


Página 35
Ensino jurídico: uma proposta pedagógica. Perspectiva
curricular axiológica para uma nova cultura jurídica

julgada. Processo nos Tribunais. Uniformização da jurisprudência. Declaração de


inconstitucionalidade. Homologação de sentença estrangeira. Ação rescisória. Recursos:
disposições gerais. Recursos em espécie. Recursos para o STF e para o STJ. Ordem dos
processos no Tribunal.

DIREITO ADMINISTRATIVO II. Bens e serviços públicos. Agências reguladoras e


executivas. Intervenção do Estado na propriedade privada e no domínio econômico.
Desapropriação. Licitações e contratos administrativos.

DIREITO DIGITAL: Fundamentos de Direito Digital. Ética, privacidade e anonimato.


Validade do documento eletrônico: certificação digital e Infraestrutura de Chave Pública
(ICP), legislação brasileira e internacional aplicáveis. Responsabilidade civil e dano moral
no Direito Digital. Ciberespaço e aspectos de territorialidade. Internet e direitos autorais.
Fraudes e crimes digitais.

6º Período

DIREITO CIVIL V – Família. Família: transformações e ruptura. O sistema patrilinear.


Raízes históricas e sociológicas do sistema do Código Civil (LGL\2002\400) brasileiro. As
reformas contemporâneas. Tendências. Direito de família. Direito matrimonial; direito
parental; direito assistencial. Alimentos. “Comunidade de sangue” e “Comunidade de
afeto”. Filiação. Situação jurídica da mulher. União conjugal e união estável. Parentesco.
Tutela. Curatela. Tutela do patrimônio.

DIREITO EMPRESARIAL III – Contratos mercantis e falência e recuperação de empresas.


Contratos mercantis: conceito e espécies. Direitos e obrigações dos contratantes.
Falência e recuperação de empresas. A preservação da empresa e sua função social.
Recuperação extrajudicial da empresa. Recuperação judicial da empresa. Convolação da
recuperação judicial em falência. Falência.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL III – Execução e cumprimento de sentença. Execução em


geral. Partes. Competência. Requisitos necessários para realizar qualquer execução.
Título executivo. Liquidação de sentença. Cumprimento de sentença. As diversas
espécies de execução. Embargos do devedor. Execução por quantia certa contra devedor
insolvente. Suspensão e extinção do processo de execução.

ÉTICA GERAL E PROFISSIONAL. Ética geral. Consciência ética. Ética da alteridade. Ética
especial. Ética e Direito. Ética profissional no âmbito das diversas profissões jurídicas.
Ética e advocacia. Estatuto da OAB (LGL\1994\58) e Código de Ética profissional.

DIREITO ADMINISTRATIVO III. Responsabilidade civil do Estado. Controle da


Administração. Excessos do administrador. Controle judicial da atividade administrativa.

DIREITO AMBIENTAL. Ecologia e meio ambiente. Crise ambiental e movimento ecológico.


Direito ambiental: conceito; fontes; princípios; legislação ambiental; campos de
avaliação. Direito e os recursos ambientais. Direito ambiental comparado. Crimes
ambientais.

7º Período

DIREITO DO CONSUMIDOR: Noções introdutórias e conceitos básicos. Sociedade de


consumo e intervenção estatal nas relações privadas. Legislação brasileira específica. A
vulnerabilidade do consumidor. Direitos do consumidor e sua proteção. Defesa do
consumidor em juízo. Direito do consumidor e cidadania.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV – Processo cautelar e procedimentos especiais. Medidas


cautelares. Procedimentos cautelares específicos. Procedimentos especiais:
procedimentos especiais de jurisdição contenciosa; procedimentos especiais de jurisdição
voluntária. Processo coletivo.

Página 36
Ensino jurídico: uma proposta pedagógica. Perspectiva
curricular axiológica para uma nova cultura jurídica

DIREITO PROCESSUAL PENAL I. Sistemas processuais. A pretensão nos processos penais


de conhecimento, de execução e cautelar. Princípios fundamentais do processo penal.
Estrutura e base normativa do processo penal brasileiro. Pressupostos do processo
penal. Base investigatória. Inquérito policial. Jurisdição e competência. Sujeitos do
processo. Ação penal pública. Questões prejudiciais. Processo e procedimento. Ação
penal privada. Prisão provisória.

DIREITO DO TRABALHO I. Direito do Trabalho: noções gerais. Natureza fundamental


social do Direito do Trabalho. Direito Individual do Trabalho: empregado e empregador;
contrato de trabalho; proteção ao trabalhador; salário e remuneração; duração do
trabalho. Regulamentações especiais de trabalho.

DIREITO CIVIL VI – Sucessões. Direito das sucessões. Espécies de sucessão. Vocação


hereditária. Herdeiros necessários. Sucessão legítima. Herança jacente e vacante.
Sucessão testamentária. Inventário. Arrolamento. Inventário negativo. Partilha.

ESTÁGIO DE PRÁTICA JURÍDICA I. Estágio supervisionado, desenvolvido por meio de


atendimento e orientação jurídica à comunidade, elaboração e acompanhamento de
processos judiciais e mediação de conflitos. Estudo do Estatuto da OAB (LGL\1994\58) e
do Código de Ética do Advogado. Formação e acompanhamento de processos simulados
e participação em audiências simuladas. Pesquisa doutrinária e jurisprudencial.

8º Período

DIREITO PROCESSUAL PENAL II. Ação penal. Processos incidentes. Processo e


procedimentos. Prova no processo penal. Nulidades. Instrução criminal. Suspensão do
processo. Sentença e coisa julgada. Recursos criminais. Habeas corpus. Revisão
criminal. Execução penal: noções gerais.

DIREITO INTERNACIONAL I. Introdução e desenvolvimento histórico do Direito


Internacional Público. Sujeitos do direito internacional. Litígios internacionais e
responsabilidade internacional. Domínio público internacional. Blocos econômicos e
sistemas jurídicos. Normas internacionais. Direito de asilo e Estatuto jurídico do
estrangeiro. Direito internacional humanitário. Direito Internacional Privado: conceito,
história e principais doutrinas; fontes. Comunidades de países e normas materiais de
Direito Internacional Privado: moderna natureza substantiva dos tratados de DIPRI.

PSICOLOGIA. Papel da psicanálise no mundo jurídico. Ética e valores. Crime e punição.


Criminologia. O criminoso. Criminologia e sociologia. Criminologia e psicologia.

DIREITO DO TRABALHO II. Direito Individual do Trabalho: suspensão e terminação do


contrato de trabalho. Acidente de trabalho e danos morais e materiais. Direito Coletivo
do Trabalho: representação sindical; conflitos coletivos de trabalho e suas formas de
solução; direito de greve e lockout. O MERCOSUL e o Direito Coletivo do Trabalho.
Perspectivas do Direito Coletivo do Trabalho brasileiro e internacional.

DIREITO ELEITORAL. Teoria Geral do Direito Eleitoral. Democracia e participação


popular. Sistemas políticos e eleitorais. Partidos políticos. Sufrágio. Direitos políticos.
Alistamento eleitoral. Registro de candidatos. Inelegibilidade e ações eleitorais.
Organização do corpo eleitoral e votação. Propaganda política e eleitoral. Crimes
eleitorais e Processo Eleitoral Penal. O Ministério Público na jurisdição eleitoral

ESTÁGIO DE PRÁTICA JURÍDICA II. Estágio supervisionado, desenvolvido por meio de


atendimento e orientação jurídica à comunidade, elaboração e acompanhamento de
processos judiciais e mediação de conflitos. Estudo do Estatuto da OAB (LGL\1994\58) e
do Código de Ética do Advogado. Formação e acompanhamento de processos simulados
e participação em audiências simuladas. Pesquisa doutrinária e jurisprudencial.

9º Período

Página 37
Ensino jurídico: uma proposta pedagógica. Perspectiva
curricular axiológica para uma nova cultura jurídica

DIREITO TRIBUTÁRIO E FINANÇAS PÚBLICAS I. Atividade financeira do Estado. Do


Estado patrimonial ao Estado social. Conceito de receita e despesa pública. Gasto público
e responsabilidade fiscal. Responsabilidade social e balizamentos constitucionais para
receitas e despesas públicas. Orçamento e execução orçamentária. Sistemas de controle.
Repartição de receitas e federalismo fiscal. Direito Tributário: os tributos; sistema
tributário constitucional. Princípios de Direito Tributário. Legislação tributária.

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO: Direito Processual do Trabalho: conceito;


histórico; características; princípios. Justiça do Trabalho: organização e competência.
Dissídio individual no processo trabalhista. Dissídio coletivo no processo do trabalho.
Recursos no processo trabalhista. Execução. Ação rescisória e mandado de segurança
em matéria trabalhista. O Ministério Público do Trabalho. Perspectivas do Direito
Processual do Trabalho.

FILOSOFIA DO DIREITO. Conceito e objeto de estudo da Filosofia. Conexão entre


Filosofia e outras áreas do saber humano. As subdivisões tradicionais do estudo
filosófico. Filosofia do Direito. A busca pelo ideal da justiça. Relação entre Direito e
Moral. A lógica do direito. Formalismo e pensamento jurídico. Pensamento jus- filosófico
contemporâneo. A positivação de valores morais.

DIREITO INTERNACIONAL II. Os problemas do Direito Internacional Privado:


nacionalidade; domicílio; foro competente; legislação aplicável. Conflitos interespaciais:
regras de conexão; aplicação do direito estrangeiro. Comércio internacional. Questões
processuais.

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. A Seguridade Social: o novo modelo da Constituição de


1988; princípios; regulamento. Previdência: natureza. Regime Geral de Previdência.
Previdência privada. Regimes especiais de Previdência: os servidores públicos civis e
militares.

MONOGRAFIA I. Elaboração do projeto de monografia. A pesquisa científica: metodologia


e técnicas de pesquisa. Estrutura formal da monografia. Distribuição de conteúdos.
Identificação e delimitação de tema. Pesquisa bibliográfica. Técnicas de catalogação:
regras metodológicas da ABNT. Orientação coletiva.

ESTÁGIO DE PRÁTICA JURÍDICA III. Estágio supervisionado, desenvolvido por meio de


atendimento e orientação jurídica à comunidade, elaboração e acompanhamento de
processos judiciais e mediação de conflitos. Estudo do Estatuto da OAB (LGL\1994\58) e
do Código de Ética do Advogado. Formação e acompanhamento de processos simulados
e participação em audiências simuladas. Pesquisa doutrinária e jurisprudencial.

10º Período

DIREITO TRIBUTÁRIO E FINANÇAS PÚBLICAS II. Políticas fiscais e técnicas de


tributação. Justiça fiscal. Relação jurídica tributária. Competência tributária. Norma
jurídica tributária. Obrigação tributária. Crédito tributário: conceito; constituição;
exigibilidade do crédito tributário; cobrança; extinção. Tributos em espécie.

OPTATIVA.

MONOGRAFIA II. Elaboração da monografia e defesa. Orientação individual.

DIREITOS HUMANOS. Conceito de direitos humanos. Análise histórica e contextualização


dos sistemas de proteção a direitos humanos. Universalização da tutela dos direitos
humanos e diversidade cultural. Principais diplomas normativos. Órgãos de proteção.
Direito internacional dos refugiados. Direitos econômicos, sociais e culturais. Proteção a
povos nativos. Violência urbana. Intervenções humanitárias. Direitos humanos e estado
de segurança.

TÓPICOS ESPECIAIS: ATUALIZAÇÃO EM DIREITO PÚBLICO E PRIVADO. Conceitos


Página 38
Ensino jurídico: uma proposta pedagógica. Perspectiva
curricular axiológica para uma nova cultura jurídica

básicos de Direito Civil: parte geral; obrigações; teoria dos contratos; direitos reais.
Conceitos básicos de Direito Empresarial: empresário e atos de empresa; espécies de
sociedade; noções gerais de títulos de crédito; princípios de falência e recuperação de
empresas. Conceitos básicos de Direito Constitucional: conceito e classificação das
constituições; competências e processo legislativo; controle de constitucionalidade.
Conceitos básicos de Direito Administrativo: Administração Pública e sua organização;
atos administrativos; agentes públicos; aspectos gerais sobre licitações.

ESTÁGIO DE PRÁTICA JURÍDICA IV. Estágio supervisionado, desenvolvido por meio de


atendimento e orientação jurídica à comunidade, elaboração e acompanhamento de
processos judiciais e mediação de conflitos. Estudo do Estatuto da OAB (LGL\1994\58) e
do Código de Ética do Advogado. Formação e acompanhamento de processos simulados
e participação em audiências simuladas. Pesquisa doutrinária e jurisprudencial.

Optativas

DIREITOS SOCIAIS. A ordem econômica: aspectos constitucionais. O Estado Social.


Controle e aspectos da intervenção do Estado no domínio econômico. Controle da
concorrência e outros mecanismos de intervenção. Direitos Fundamentais Sociais.
Direitos Sociais na Constituição Federal (LGL\1988\3). Direito à saúde, à assistência
social, proteção à família, à criança e ao adolescente. Direito ambiental. Direito do idoso.

DIREITO E BIOÉTICA. Conceito e evolução da bioética. Ética e bioética. Distinção entre


bioética e ética biomédica. Princípios da bioética. Bioética do cotidiano e bioética de
fronteira. Biodireito. Sexualidade humana. Conceito de morte e eutanásia.

EXECUÇÃO PENAL E SISTEMA PRISIONAL.Coisa julgada e preclusão. Execução das


diversas espécies de pena. Incidentes da execução. Progressão de regime. Liberdade
provisória. Acompanhamento judicial da pena. Estabelecimentos prisionais. A pena
corporal e a dignidade humana. Proteção ao preso e proteção à sociedade. A
ressocialização do preso.

TEORIA DA ARGUMENTAÇÃO JURÍDICA. Hermenêutica jurídica. O senso comum teórico


dos juristas. Interpretação e ideologia. Teoria de argumentação jurídica: retórica e
sentido. Principais concepções argumentativas no direito (Siches, Wiehweg, Perelman).
Justificação da decisão jurídica. Falácias do Direito. Argumentação e Poder Judiciário.

LIBRAS: LINGUAGEM BRASILEIRA DE SINAIS. Introdução: aspectos clínicos,


educacionais e socioantropológicos da surdez. A Língua Brasileira de Sinais – Libras:
características básicas da fonologia. Noções básicas de léxico, de morfologia e de sintaxe
com apoio de recursos audiovisuais. Noções de variação. Praticar Libras: desenvolver a
expressão visual-espacial.

PROCESSO CONSTITUCIONAL. Jurisdição constitucional e controle de


constitucionalidade. Controle concentrado: diferentes espécies; modelo brasileiro. Ações
no Supremo Tribunal Federal – processo e julgamento. Reclamação. Controle difuso.
Outras ações constitucionais.

1 MODIN, Battista. O homem, quem é ele? São Paulo: Paulinas, 1986. p. 154.

2 REALE, Miguel. Pluralismo e liberdade. São Paulo: Saraiva, 1963. p. 64.

3 DEMO, Pedro. Politicidade: razão humana. Campinas: Papirus, 2002. p. 11.

4 OLIVEIRA, Manfredo Araújo de. Ética e sociabilidade. 3. ed. São Paulo: Loyola, 1993.
p. 49. VILAS-BÔAS, Renata Malta. Introdução ao estudo do direto. Brasília: Fortium,
2005. p. 34.
Página 39
Ensino jurídico: uma proposta pedagógica. Perspectiva
curricular axiológica para uma nova cultura jurídica

5 ARISTÓTELES. A política. São Paulo: Martins Fontes, 2000. p. 5.

6 AQUINO, São Tomaz. SummaTheologica, I, 96, 4, apudVILAS-BÔAS, Renata Malta.


Introdução ao estudo do direto. Brasília: Fortium, 2005. p. 35.

7 AQUINO, São Tomaz. SummaTheologica, I, 96, 4, apud CARNIETTO, Alexsandro;


SOUZA, André Luiz de et al. Igreja – sociedade política: a importância, o poder e a
manifestação do aspecto político e jurídico. Jus Navigandi, Teresina, ano 4, n. 42, jun.
2000. Disponível em: [http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=66]. Acesso em:
07.07.2010.

8 MALMESBURY, Thomas Hobbes. Leviatã. Trad. João Paulo Monteiro et al. Disponível
em: [www.dhnet.org.br/direitos/anthist/marcos/hdh_thomas_hobbes_leviatan.pdf].
Acesso em: 12.06.2012, cap. 40 e 41.

9 DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. v. 4, p. 486.

10 NADER, Paulo. Introdução ao estudo do direito. Rio de Janeiro: Forense, 2007. p.


25-28.

11 NADER, Paulo. Introdução ao estudo do direito. Rio de Janeiro: Forense, 2007. p.


27-28.

12 NADER, Paulo. Introdução ao estudo do direito. Rio de Janeiro: Forense, 2007. p.


31-49.

13 REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. 27. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. p.
64.

14 DINIZ, Maria Helena. Compêndio de introdução à ciência do direito. 18. ed. São
Paulo: Saraiva, 2006. p. 13-254. MONTORO, André Franco. Introdução à ciência do
direito. São Paulo: Ed. RT, 2005. p. 377-428.

15 REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. 27. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. p.
93.

16 As Academias de Direito de São Paulo e de Pernambuco possuíam linhas filosóficas


distintas; a escola de Olinda era voltada à superação do positivismo e buscou restaurar a
Filosofia como crítica do conhecimento, ao contrário da escola de São Paulo em que
“diante da necessidade de se criarem cargos públicos, com bacharéis formados e
talhados para tal, o positivismo jurídico seria uma forma concreta de estabilização das
idéias” (ALMEIDA FILHO, José Carlos de Araújo. O ensino jurídico, a elite dos bacharéis e
a maçonaria do século XIX. Dissertação (Mestrado em Direito, Estado e Cidadania) –
Universidade Gama Filho, Rio de janeiro, 2005. Disponível em:
[http://bdjur.tjce.jus.br/jspui/bitstream/123456789/117/1/ALMEIDA%20FILHO,%20J.C.%20DE%20ARA
O perfil dos acadêmicos de São Paulo destinava-se à composição da elite política
brasileira, enquanto o dos bacharéis formados em Recife era dirigido ao exercício da
Magistratura, do Ministério Público e ao ensino do Direito.

17 Disponível em: [www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_63/Lei_1827.htm].


Acesso em: 12.06.2012.

18 O Estatuto pode ser acessado em: CABRAL, Rui de Melo. O currículo e o método de
ensino na fronteira entre passado e presente: o ensino jurídico no Distrito Federal à luz
das mudanças emergentes de 1994. Dissertação de Mestrado.– Universidade Católica,
Brasília, 2004. Disponível em:
[www.bdtd.ucb.br/tede/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=258]. Acesso em:
Página 40
Ensino jurídico: uma proposta pedagógica. Perspectiva
curricular axiológica para uma nova cultura jurídica

12.06.2012. O conteúdo é o seguinte: 1º ano: Direito Natural; Direito Público universal;


institutos do Direito Romano. 2º ano: Direito das Gentes; Direito Público Marítimo;
Direito Comercial. 3º ano: Direito Pátrio Público; Direito Pátrio Particular; Direito Pátrio
Criminal; Direito Público Eclesiástico. 4º ano: Hermenêutica jurídica (De obligationibus,
De Actionibus, De Jure Crimine). 5º ano: Hermenêutica Jurídica; Noções de Processo
Civil e Criminal.

19 BOVE, Luiz António. Uma visão histórica do ensino jurídico no Brasil. Revista do curso
de direito da Universidade Metodista de São Paulo,v. 3, n. 3, 2006, p. 127.

20 MARCHESE, Fabrizio. A crise do ensino jurídico no Brasil e as possíveis contribuições


da educaçãogeral. Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual de Campinas, 2006,
p. 50 apud SOUZA, Sabrine Pierobon de. Pensando a História da Formação Jurídica no
Brasil. Revista do Curso de Direito da Faculdade Campo Limpo Paulista, Porto Alegre, v.
4, 2006, p. 9.

21 Este decreto foi promulgado conforme autorização concedida pelo Decreto 608, de 16
de agosto de 1851. O texto do Decreto está disponível em:
[http://books.google.com.br/books?id=4g0PAQAAIAAJ&pg=RA6-PA29&lpg=RA6-PA29&dq=decreto+-+1
Acesso em: 12.06.2012. O texto se encontra na página 29 dos Anais do Parlamento
Brasileiro de 1865.

22 Interessante texto sobre a questão processual pode ser lido em MEIRELLES, Delton R.
S.; GOMES, Luiz Cláudio Moreira. Magistrados e processo: impressões da literatura
jurídica nacional (1832-1876). XXIV SNH, ST “Instituições, Poder e Justiça”. Gizlene
Neder e Arno Wehling (Coord.). Disponível em:
[http://snh2007.anpuh.org/resources/content/anais/Delton%20Meirelles.pdf]. Acesso
em: 12.06.2012.

23 MARCHESE, Fabrizio. Acrise do ensino jurídico no Brasil e as possíveis


contribuiçõesdaeducaçãogeral. Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual de
Campinas, 2006, p. 50 apud SOUZA, Sabrine Pierobon de. Pensando a História da
Formação Jurídica no Brasil. Revista do Curso de Direito da Faculdade Campo Limpo
Paulista, Porto Alegre, v. 4, 2006, p. 9.

24 MARCHESE, Fabrizio. A crise do ensino jurídico no Brasil e as possíveis contribuições


da educação geral. Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual de Campinas, 2006,
p. 54 apud SOUZA, Sabrine Pierobon de. Pensando a História da Formação Jurídica no
Brasil. Revista do Curso de Direito da Faculdade Campo Limpo Paulista, Porto Alegre, v.
4, 2006, , p. 10.

25 RODRIGUES, Horácio Wanderlei. Pensando o ensino do direito no século XXI:


diretrizes curriculares, projeto pedagógico e outras questões pertinentes. Florianópolis:
Fundação Boiteux, 2005. p. 25-26.

26 Essa reforma facultava em seu artigo 217 a possibilidade de se criar cursos


superiores em estabelecimentos particulares, que receberiam a nomenclatura de
“Faculdades Livres”. PINTO, Jefferson de Almeida. Francisco Mendes Pimentel: o
intelectual, a política e a ideias jurídicas. Temporalidades – Revista Discente do
Programa de Pós-graduação em História da UFMG, v. 2, n. 1, p. 141, jan./jul. 2010.
Disponível em [www.fafich.ufmg.br/temporalidades]. Acesso em: 12.06.2012.

27 VENÂNCIO FILHO, Alberto. Das Arcadas ao Bacharelismo. São Paulo: Perspectiva,


1977. p. 179.

28 CABRAL, Rui de Melo. O currículo e o método de ensino na fronteira entre passado e


presente: o ensino jurídico no Distrito Federal à luz das mudanças emergentes de 1994.
Página 41
Ensino jurídico: uma proposta pedagógica. Perspectiva
curricular axiológica para uma nova cultura jurídica

Dissertação de Mestrado. Universidade Católica, Brasília, 2004, p. 572. Disponível em:


[http://www.bdtd.ucb.br/tede/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=258]. Acesso em:
12.06.2012.

29 MARCHESE, Fabrizio. A crise do ensino jurídico no Brasil e as possíveis contribuições


da educação geral. Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual de Campinas, 2006,
p. 54 apud SOUZA, Sabrine Pierobon de. Pensando a História da Formação Jurídica no
Brasil. Revista do Curso de Direito da Faculdade Campo Limpo Paulista, Porto Alegre, v.
4, 2006, , p. 10.

30 CABRAL, Rui de Melo. O currículo e o método de ensino na fronteira entre passado e


presente: o ensino jurídico no Distrito Federal à luz das mudanças emergentes de 1994.
Dissertação de Mestrado. Universidade Católica, Brasília, 2004. P. 575. Disponível em:
[www.bdtd.ucb.br/tede/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=258]. Acesso em:
12.06.2012.

31 VENÂNCIO FILHO, Alberto. Das Arcadas ao Bacharelismo. São Paulo: Perspectiva,


1977. p. 177-79.

32 MARCHESE, Fabrizio. A crise do ensino jurídico no Brasil e as possíveis contribuições


da educação geral. Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual de Campinas, 2006,
p. 58 apud SOUZA, Sabrine Pierobon de. Pensando a História da Formação Jurídica no
Brasil. Revista do Curso de Direito daFaculdade Campo Limpo Paulista, Porto Alegre, v.
4, 2006, , p. 10.

33 CABRAL, Rui de Melo. O currículo e o método de ensino na fronteira entre passado e


presente: o ensino jurídico no Distrito Federal à luz das mudanças emergentes de 1994.
Dissertação de Mestrado. Universidade Católica, Brasília, 2004, p. 99. Disponível em:
[www.bdtd.ucb.br/tede/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=258]. Acesso em:
12.06.2012.

34 CABRAL, Rui de Melo. O currículo e o método de ensino na fronteira entre passado e


presente: o ensino jurídico no Distrito Federal à luz das mudanças emergentes de 1994.
Dissertação de Mestrado. Universidade Católica, Brasília, 2004, p. 573. Disponível em:.
[www.bdtd.ucb.br/tede/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=258]. Acesso em:
12.06.2012.

35 Brasil. Decreto n. 11.530, de 18 de março de 1915. Disponível em:


[www6.senado.gov.br/legislacao/listatextointegral.action?id=36895]. Acesso em:
12.06.2012.

36 CABRAL, Rui de Melo. O currículo e o método de ensino na fronteira entre passado e


presente: o ensino jurídico no Distrito Federal à luz das mudanças emergentes de 1994.
Dissertação de Mestrado. Universidade Católica, Brasília, 2004, p. 117. Disponível em:.
[www.bdtd.ucb.br/tede/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=258]. Acesso em:
12.06.2012.

37 MARCHESE, Fabrizio. A crise do ensino jurídico no Brasil e as possíveis contribuições


da educação geral. Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual de Campinas, 2006,
p. 73 apud SOUZA, Sabrine Pierobon de. Pensando a História da Formação Jurídica no
Brasil. Revista do Curso de Direito da Faculdade Campo Limpo Paulista, Porto Alegre, v.
4, 2006, , p. 10.

38 RODRIGUES, Horácio Wanderlei. Pensando o ensino do direito no século XXI:


diretrizes curriculares, projeto pedagógico e outras questões pertinentes. Florianópolis:
Fundação Boiteux, 2005. p. 26.

39 CABRAL, Rui de Melo. O currículo e o método de ensino na fronteira entre passado e


Página 42
Ensino jurídico: uma proposta pedagógica. Perspectiva
curricular axiológica para uma nova cultura jurídica

presente: o ensino jurídico no Distrito Federal à luz das mudanças emergentes de 1994.
Dissertação de Mestrado. Universidade Católica, Brasília, 2004, p. 565-569. Disponível
em: [www.bdtd.ucb.br/tede/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=258]. Acesso em:
12.06.2012.

40 RODRIGUES, Horácio Wanderley. Novo currículo mínimo dos cursos jurídicos. São
Paulo: Ed. RT, 1995. p. 43. CABRAL, Rui de Melo. O currículo e o método de ensino na
fronteira entre passado e presente: o ensino jurídico no Distrito Federal à luz das
mudanças emergentes de 1994. Dissertação deMestrado. Universidade Católica, Brasília,
2004, p. 565-569. Disponível em:
[www.bdtd.ucb.br/tede/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=258]. Acesso em:
12.06.2012.

41 RODRIGUES, Horácio Wanderley. Novo currículo mínimo dos cursos jurídicos. São
Paulo: Ed. RT, 1995. p. 50.

42 Art. 10. O estágio de prática jurídica, supervisionado pela instituição de ensino


superior, será obrigatório e integrante do currículo pleno, em um total de 300 horas de
atividades práticas simuladas e reais desenvolvidas pelo aluno sob controle e orientação
do núcleo correspondente. § 1º O núcleo de prática jurídica, coordenado por professores
do curso, disporá instalações adequadas para treinamento das atividades de advocacia,
magistratura, Ministério Público, demais profissões jurídicas e para atendimento ao
público. § 2º As atividades de prática jurídica poderão ser complementadas mediante
convênios com a Defensoria Pública outras entidades públicas judiciárias empresariais,
comunitárias e sindicais que possibilitem a participação dos alunos na prestação de
serviços jurídicos e em assistência jurídica, ou em juizados especiais que venham a ser
instalados em dependência da própria instituição de ensino superior. Art. 11. As
atividades do estágio supervisionado serão exclusivamente práticas, incluindo redação
de peças processuais e profissionais, rotinas processuais, assistência e atuação em
audiências e sessões, vistas a órgãos judiciários, prestação de serviços jurídicos e
técnicas de negociações coletivas, arbitragens e conciliação, sob o controle, orientação e
avaliação do núcleo de prática jurídica. Art. 12. O estágio profissional de advocacia,
previsto na Lei n. 8.906, de 4/7/94, de caráter extracurricular, inclusive para graduados,
poderá ser oferecido pela Instituição de Ensino Superior, em convênio com a OAB,
complementando-se a carga horária efetivamente cumprida no estágio supervisionado,
com atividades práticas típicas de advogado e de estudo do Estatuto da Advocacia e da
OAB e do Código de Ética e Disciplina. Parágrafo único. A complementação da horária,
no total estabelecido no convênio, será efetivada mediante atividades no próprio núcleo
de prática jurídica, na Defensoria Pública, em escritórios de advocacia ou em setores
jurídicos, públicos ou privados, credenciados e acompanhados pelo núcleo e pela OAB.
Art. 13. O tempo de estágio realizado em Defensoria Pública da União, do Distrito
Federal ou dos Estados, na forma do artigo 145, da Lei complementar n. 80, de 12 de
janeiro de 1994, será considerado para fins de carga horária do estágio curricular
previsto no art. 10 desta Portaria.

43 Além desses conteúdos, exigiu também a prática de educação física com


predominância desportiva (art. 7º), e permitiu que o curso, a partir do quarto ano ou do
período letivo correspondente, desde que respeitado o conteúdo mínimo nacional contido
no art. 6º transcrito, se direcionasse a “uma ou mais áreas de especialização segundo as
vocações e demandas sociais e de mercado de trabalho” (art. 8º), retoma assim o que
se concebia com as “habilitações específicas” nos atos normativos anteriores.
Reexaminado pelo Parecer CNE/CES 211/2004. Disponível em:
[http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/2004/ces0055_2004.pdf]. Acesso em:
12.06.2012.

44 Paulo Luiz. Netto LÔBO (O novo currículo mínimo dos cursos jurídicos. In: LÔBO,
Paulo Luiz Netto (Org.). Ensino jurídico: OAB novas diretrizes curriculares. Brasília: Ed.
Conselho Federal da OAB, 1996, v. 1, p. 36) afirma que não se exige que orientador seja
Página 43
Ensino jurídico: uma proposta pedagógica. Perspectiva
curricular axiológica para uma nova cultura jurídica

docente do curso jurídico. Pode ser docente de outra área conexa ou mesmo qualquer
profissional que tenha experiência em pesquisa e orientação científica.

45 LÔBO, Paulo Luiz. Netto. O novo currículo mínimo dos cursos jurídicos. In: LÔBO,
Paulo Luiz Netto (Org.). Ensino jurídico: OAB novas diretrizes curriculares. Brasília: Ed.
Conselho Federal da OAB, 1996, v. 1, p. 35.

46 SESu/MEC.

47 MACHADO, Antonio Alberto. Ensino jurídico e mudança social. 2. ed. São Paulo:
Espressão Popular, 2009. p. 109.

48 LÔBO, Paulo Luiz Netto. O novo currículo mínimo dos cursos jurídicos. In: LÔBO,
Paulo Luiz Netto (Org.). Ensino jurídico: OAB novas diretrizes curriculares. Brasília: Ed
Conselho Federal da OAB, 1996, v. 1, p. 33.

49 MACHADO, Antonio Alberto. Ensino jurídico e mudança social. 2. ed. São Paulo:
Espressão Popular, 2009. p. 231.

50 A didática é a educação voltada par ao raciocínio jurídico, pondo em evidência o


exame e a solução das controvérsias específicas, e não no estudo apenas expositivo.
Deve-se situar o aluno ao fato social de forma a solucioná-lo não de forma arbitrária,
mas de forma harmônica, usando os preceitos jurídicos.

51 “O campo das investigações zetéticas do fenômeno jurídico é bastante amplo.


Zetéticas são, por exemplo, as investigações que têm como objeto o Direito no âmbito
da Sociologia, da Antropologia, da Psicologia, da História, da Filosofia, da Ciência Política
etc. Nenhuma dessas disciplinas é especificamente jurídica. Todas elas são disciplinas
gerais, que admitem, no âmbito de suas preocupações, um espaço para o fenômeno
jurídico. À medida, porém, que esse espaço é aberto, elas incorporam-se ao campo das
investigações jurídicas, sob o nome de Sociologia do Direito, Filosofia do Direito,
Psicologia Forense, História do Direito etc. Existem, ademais, investigações que se valem
de métodos, técnicas e resultados daquelas disciplinas gerais, compondo, com
investigações dogmáticas, outros âmbitos, como é o caso da Criminologia, da Penalogia,
da Teoria da Legislação” (FERRAZ JR., Tercio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito:
técnica, decisão, dominação. São Paulo: Atlas, 2003. p. 45).

52 Theodor Viehweg, em meados da década de 50 do século passado, lançou as bases


do pós-positivismo, que, sem se afastar do normativismo kelseniano, o complementou,
visto que buscou, na razão prática (phronésis), o alicerce valorativo da decisão judicial,
sem o extremo apego àquela moldura, de conteúdo vazio, da norma enquanto regra
elaborada pela autoridade competente (VIEHWEG, Theodor. Tópica e jurisprudência.
In:FERRAZ JR., Tercio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito: técnica, decisão,
dominação. São Paulo: Atlas, 2003. p. 44).

53 No Direito, o campo da investigação zetética é bastante amplo. É formado por


disciplinas gerais que admitem, no âmbito de suas preocupações, um espaço para o
fenômeno. Assim, são disciplinas zetéticas, por exemplo, a Filosofia do Direito, a
Sociologia do Direito, a Criminologia, a Medicina Legal, a Psicologia Forense. São, assim,
disciplinas funcionais e não estruturais; com base no direito se torna não uma ciência,
mas uma disciplina de premissas vinculantes para o seu estudo.

54 Dois conceitos seguem nessa linha, a saber: Zetética Analítica Pura – “desse ponto de
vista, o teórico ocupa-se com os pressupostos últimos e condicionantes bem como com a
crítica dos fundamentos formais e materiais do fenômeno jurídico”. Zetética Analítica
Aplicada – desse ponto de vista, o teórico ocupa-se com a instrumentalidade dos
pressupostos últimos e condicionantes do fenômeno jurídico e seu conhecimento, quer
nos aspectos formais, quer nos materiais”. (FERRAZ JR., Tercio Sampaio. Introdução ao
Página 44
Ensino jurídico: uma proposta pedagógica. Perspectiva
curricular axiológica para uma nova cultura jurídica

Estudo do Direito: técnica, decisão, dominação. São Paulo: Atlas, 2003. p. 46.)

55 SANTOS, Boaventura de Sousa. Para um novo senso comum: a ciência, o direito e a


política na transição paradigmática. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2001. v. 1 , p. 25-27.

56 As demais matérias e novos direitos serão incluídos nas disciplinas em que se


desdobrar o currículo pleno de cada curso, de acordo com as peculiaridades e com a
observância da interdisciplinaridade (art. 6º, parágrafo único, da Portaria 1.886/1994).

57 MACHADO, Antonio Alberto. Ensino jurídico e mudança social. 2. ed. São Paulo:
Espressão popular, 2009. p. 241.

58 Disponível em: [http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/2007/pces008_07.pdf[.


Acesso em 12.06.2012.

59 Resolução CNE/CES 2/2007. Diário Oficial da União, Brasília, 19 de junho de 2007,


Seção 1, p. 6

Página 45

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