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Perspectiva
curricular axiológica para uma nova cultura jurídica
1 Introdução
Faremos a nossa análise sobre a ótica da história do direito educacional no Brasil, pois é
suma importância pela interferência jurídico-cultural, econômica, sociológica e política
que exerce na sociedade.
Tem-se como objetivo uma reflexão por todos que se interessam pelo tema e, em
especial, que contribua nos seguintes aspectos: a) uma nova visão acerca da
necessidade de o estudo jurídico mesclar o ensino de conteúdos zetéticos, dogmáticos e
práticos; b) identificar o perfil do bacharel em Direito e o estado de seu conhecimento
adquirido para os desafios e demandas sociais; c) suprir as lacunas de estudos e
avaliações acerca dos dogmas educacionais previsto na legislação brasileira.
2 Sociabilidade humana
A pessoa é todo ser humano que nasceu com vida. É ela a própria justificativa da ciência
jurídica, que é feita pelo homem para o homem. Assim sendo, pouco interessa se a
pessoa é oriunda de concepção natural ou artificial.
Onde quer que se observe o ser humano, seja qual for a época e por mais rude e
selvagem que possa ser na sua origem, ele sempre é encontrado em estado de
convivência com os outros. De fato, desde o seu primeiro aparecimento sobre a terra,
surgiram em grupos sociais, incialmente pequenos, como as famílias, os clãs e as tribos,
e depois maiores, como as aldeias, as cidades e os Estados.
Segundo Battista Modin, a sociabilidade vem a ser “a propensão do homem para viver
junto com os outros e comunicar-se com eles, torná-los participantes das próprias
experiências e dos próprios desejos, conviver com eles as mesmas emoções e os
mesmos bens”. Já a politicidade seria “o conjunto de relações que o indivíduo mantém
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com os outros, enquanto faz parte de um grupo social” .
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De acordo com Pedro Demo, a politicidade seria “a habilidade de saber pensar e intervir,
no sentido de atingir níveis crescentes de autonomia individual e coletiva, que permitem
conduzir a história própria e mesmo imaginar inovações no processo natural
evolucionário”, ou seja, “no conceito de politicidade, entretanto, o centro é menos a
capacidade de alargar limites dados do que a habilidade de se confrontar limites
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impostos, ou de superar os entraves pela via precípua da auto-superação” .
O fato indiscutível é que o elemento humano é dado a relações. Não há para o ser
humano outro ambiente para a sua existência senão o social. O homem existe e
coexiste; para ele, viver é conviver, ser com. Se a pessoa tem uma estrutura de
interioridade, ela é também uma realidade aberta; é um ser para o encontro.
Para Platão, o homem é essencialmente alma, ele realiza a sua perfeição e chega a
alcançar sua felicidade na contemplação das ideias, que povoam um mundo denominado
metaforicamente por ele de lugar celeste. Nessa atividade, não necessita de ninguém;
cada qual existe e se realiza por sua própria conta, independentemente de ninguém.
Mas, em razão de uma grande culpa, as almas perderam sua condição original de
absoluta espiritualidade e caíram na terra, onde teriam sido obrigadas a assumir um
corpo para pagar as próprias culpas e purificar-se. Agora o corpo comporta toda a série
de necessidades que podem ser satisfeitas apenas com a ajuda dos outros. A
sociabilidade é, portanto, uma consequência da corporeidade, e dura apenas enquanto
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as almas estiverem ligadas ao corpo .
precisa dos outros homens, ou não pode resolver-se a ficar com eles, ou é um deus ou
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um bruto. Assim, a inclinação natural leva os homens a este gênero de sociedade.”
Thomas Hobbes (1588-1679) defendia que o homem não possui o instinto natural de
sociabilidade; por sua natureza, é um ser mau antissocial. Por isso, cada homem encara
seu semelhante como um concorrente que precisa ser dominado. A consequência dessa
disputa dos homens entre si teria gerado um permanente estado de guerra nas
comunidades primitivas. Para dar fim à brutalidade social primitiva, os homens firmaram
um contrato entre si, pelo qual cada um transferia seu poder de governar a si próprio a
um terceiro, o Estado, para que este governasse a todos impondo ordem e segurança à
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vida social .
Note-se que, para Jean-Jacques Rousseau, o contrato social não cria a sociedade ou o
Estado: é um programa que diz como eles devem ser para o bem da humanidade; nele
são estipuladas as condições que permitem às pessoas retornar a viver sob os benefícios
de um estado de natureza aperfeiçoado e no qual reencontram a sua autêntica natureza
humana.
b) interação social: não basta, porém, para existência de uma sociedade, que indivíduos,
em número maior ou menor, unam-se. É indispensável que os indivíduos se
inter-relacionem, ou seja, que desenvolvam ações recíprocas, de maneira que à ação de
uns correspondam ações correlatas de outros, dentro de uma estrutura bem definida.
Desta forma, a interação pode ser encarada de três formas distintas: 1) cooperação; 2)
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competição; 3) conflito. Paulo Nader demonstra que, na cooperação, as pessoas estão
movidas por um mesmo objetivo e valor e, por isso, conjugam o seu esforço. Na
competição, há uma disputa, uma concorrência, em que as partes procuram obter o que
almejam, uma visando à exclusão da outra. O conflito se faz presente a partir do
impasse quando os interesses em jogo não logram uma solução pelo diálogo e as partes
recorrem à agressão, moral ou física, ou buscam a mediação da justiça. Em relação aos
conflitos, eles são fenômenos naturais a qualquer sociedade; e, quanto mais esta se
desenvolve, mais se sujeita a novas formas de conflito, tornando-se a convivência, se-
não o maior, certamente um dos seus maiores desafios;
O fato é que o direito, dentro da faixa que lhe é própria, provoca, pela precisão de suas
regras e sanções, um grau de certeza e segurança no comportamento humano, que não
pode ser alcançado pelos outros tipos de controle social.
Não pode haver sociedade sem direito, porque nenhuma sociedade poderia subsistir sem
um conjunto mínimo de regras, capazes de nortear a vida em comum. Assim, a vida em
comum sem uma delimitação precisa da esfera de atuação de cada indivíduo, de modo
que a liberdade de um vá até onde começa o direito do outro, é inteiramente
inconcebível. O fato inegável é que as relações entre os homens não se dão sem o
concomitante aparecimento de normas de organização da conduta social.
A convivência exige ser ordenada e o direito, mais do qualquer outro tipo de controle
social, corresponde a essa exigência de ordem, essencial à sociedade e conatural ao ser
humano; ele é a máxima expressão desse imperativo da ordem. Em suma, assim como
o não se concebe o homem fora da sociedade, igualmente não se concebe o indivíduo
convivendo com os demais sem o direito. Desta forma, o Direito pode ser encarado
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como uma integração normativa de fatos segundo valores .
Não há direito sem sociedade, pois o direito não tem existência em si próprio; ele existe
na sociedade e em função da sociedade. Por isso, é inconcebível fora do ambiente social.
É essencial à sociedade, mas não prescinde dela. Se isolarmos um indivíduo numa ilha
deserta, a ele não importarão regras de conduta. Não existem relações jurídicas sem
substrato social. Porém, a convivência postula regras que disciplinam os
comportamentos de cada pessoa e transmitem a segurança necessária à vida de relação
com os outros. Tais regras corporizam a ordem social que importa estudar.
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O fundamento para a criação do direito (norma jurídica) é o mais variado . Segundo
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Miguel Reale , a norma tem origem em fato que sofre uma valoração e que se
consubstancia na criação da norma.
O fato refere-se às necessidades da sociedade para que seja criada uma norma; o valor
reporta-se à ponderação feita pelos criadores da norma em relação ao fato, por
exemplo, é necessário criar normas para fiscalizar a emissão de cheques de maneira a
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Preceitua Paulo Nader que o direito, ao separar o lícito do ilícito, segundo os valores da
convivência que a própria sociedade elege, torna possíveis os nexos de cooperação e
disciplina a competição, estabelecendo as limitações necessárias ao equilíbrio e à justiça
nas relações sociais.
O prazo mínimo para conclusão do curso era de cinco anos e com nove cadeiras.
No primeiro ano, o aluno deveria estudar direito natural, direito público, análise da
Constituição do Império, direito das gentes e diplomacia. No segundo ano, além das
matérias do primeiro ano, deveria estudar direito eclesiástico. No terceiro ano, deveria
estudar direito pátrio civil e direito criminal pátrio com teoria do processo criminal. No
quarto ano, deveria continuar a estudar o direito civil pátrio e o direito mercantil e
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Para o ingresso no curso de direito, o aluno deveria ter mais de 15 anos e a aprovação
em provas dos seguintes conteúdos: língua francesa, gramática latina, retórica, filosofia
racional e moral e geometria.
Luiz António Bove afirma que o currículo desta época possuía uma influência eclesiástica,
tanto que uma das disciplinas estudadas era o Direito Eclesiástico. Portanto, “o ensino do
Direito Processual ficou relegado a segundo plano, favorecendo a Prática Forense e, por
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último, a falta de método para o ensino” .
Cabe mencionar que, em 26 de abril de 1865, foi promulgado o Decreto 3.454, gerando
a redução do período de integralização dos cursos de cinco para quatro anos, a
subdivisão das faculdades de Direito nas Seções de Ciências Jurídicas e de Ciências
Sociais, além do avanço na questão do ensino livre e a transformação em optativa da
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cadeira de Direito Eclesiástico .
§ 2º A Seção das Ciências Sociais constará das matérias seguintes: Direito Natural;
Direito Público Universal; Direito Constitucional; Direito Eclesiástico; Direito das Gentes;
Diplomacia e História dos Tratados; Direito Administrativo; Ciência da Administração e
Higiene Pública; Economia Política; Ciências das Finanças e Contabilidade do Estado.
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§ 3º Para o ensino das matérias que formam o programa das duas seções haverá as
seguintes cadeiras: uma de Direito Natural; uma de Direito Romano; uma de Direito
Eclesiástico; duas de Direito Criminal; uma de Medicina Legal; duas de Direito
Comercial; uma de Direito Público e Constitucional; uma de Direito das Gentes; uma de
Diplomacia e História dos Tratados; duas de Direito Administrativo e Ciência da
Administração; uma de Economia Política; uma de Ciência das Finanças e Contabilidade
do Estado; uma de Higiene Pública; duas de Teoria e Prática do Processo Criminal; Civil
e Comercial.
§ 4º Nas matérias que compreendem duas cadeiras o ensino de uma será a continuação
do da outra. [...]
A primeira norma expedida pelo governo republicano acerca da educação foi o Decreto
1.030-A, de 14 de novembro de 1890, que suprimiu do currículo jurídico a disciplina
Direito Eclesiástico, por causa da separação entre Estado e Igreja.
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O Decreto Republicano 1.232-H, de 2 de janeiro de 1891 , primeiro na área
educacional, ficou conhecido como Reforma Benjamin Constant e inovou ao estabelecer
a divisão das faculdades de Direito em três cursos: o de Ciências Jurídicas, o de Ciências
Sociais e o de Notariado. Fundamenta-se na classificação das competênciasdas ciências.
Habilitava o primeiro o exercício da advocacia, da magistratura e da justiça, o segundo,
o exercício de cargos do corpo diplomático e consultor e aos mais altos escalões da
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administração pública e o terceiro, o exercício dos ofícios de justiça . Procurou com isso
acolher as reivindicações da República, livre da influência burocrática da igreja na
organização dos serviços cartoriais civis e laicos.
Cada Curso possuía uma duração diferente: o de Ciências Jurídicas poderia ser concluído
no prazo mínimo de quatro anos; o de Ciências Sociais era de três anos e o de notariado
era de dois anos.
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As disciplinas lecionadas nos cursos eram :
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Em 1915, o currículo jurídico foi novamente alterado, mas, desta vez, houve um
retrocesso, pois eliminou a inovadora disciplina Introdução Geral do Estudo do Direito,
ou Enciclopédia Jurídica, cujo objetivo era familiarizar o aluno ingressante com o
universo jurídico que lhe seria ministrado nos anos posteriores, passando o conteúdo a
ser demonstrado pela Filosofia do Direito, de cunho tradicionalista e conservador.
Também reduziu para cinco anos o tempo mínimo do curso de direito.
Para atender aos objetivos assinalados, deveria constituir empenho máximo dos
institutos universitários na seleção de um corpo docente que oferecesse largas garantias
de devotamento no magistério, elevada cultura, capacidade didática e altos predicados
morais; mas, além disso, os mesmos institutos deveriam possuir todos os elementos
necessários à ampla objetivação do ensino (art. 33 do Decreto 19.851).
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O Decreto 19.852, de 1931, estabelecia, no artigo 26, que o ensino do Direito seria
oferecido na respectiva Faculdade em dois cursos: um de cinco anos, destinado à
formação de bacharéis em Direito e outro de dois anos, no qual, após a defesa de tese,
seria conferido o grau de doutor em Direito e o diploma correspondente. Esta reforma,
de forma precursora, deu ao doutorado organização acadêmica, com o escopo de
aperfeiçoar os professores baseados em estudos jurídicos elevados e na investigação
acadêmica.
Desta forma, a pós-graduação ficou organizada em três áreas: Direito Público, Direito
Privado e Direito Penal, sendo que a única matéria comum a todas as áreas deveria ser
Filosofia do Direito, o que revelava a sabedoria de que a avaliação jurídica de alto nível
deveria se objetivar no curso de doutorado, bem como no de bacharelado, mas deixando
as reflexões jurídicas para o campo da pós-graduação. No entanto, a Reforma não
ponderou o Direito Judiciário como matéria de alta reflexão, atribuindo-lhe conteúdo
essencialmente prático e profissional, para que fosse ministrada no bacharelado. Essa é
uma regra que persiste no ensino jurídico no Brasil, posto que o Direito Processual e a
organização judiciária foram frequentemente direcionados para o aprendizado militante e
não para estudos críticos, mesmo nos dias atuais.
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Rui de Melo Cabral afirma que esta legislação ocasionou o desdobramento do curso de
direito, transformando um em bacharelado e outro em doutorado, em que o primeiro
tinha caráter profissionalizante, o que acarretava uma formação prática do Direito, com
a exclusão das disciplinas zetéticas (puramente doutrinária ou cultural) e o outro
convergia às disciplinas de aperfeiçoamento, destinando-se a formar professores para o
curso de direito.
Em 1936, foi inserido o novo currículo dos cursos jurídicos pela Lei 176, confirmada
pelos parlamentares em 8 de janeiro de 1936, contendo disciplinas como Direito do
Trabalho e Direito Industrial, ambas destinadas a responder a um quadro social de
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reordenação econômica .
Outra mudança ocorreu com o Decreto-lei 2.639, de 27 de setembro de 1940 que deu à
disciplina de Direito Público Constitucional, duas cadeiras, a de Teoria Geral do Estado e
a de Direito Constitucional.
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Horácio Wanderlei Rodrigues afirma que:
O art. 70 da Lei 4.024 estabelecia que “o currículo mínimo e a duração dos cursos que
habilitem à obtenção de diploma capaz de assegurar privilégios para o exercício da
profissão liberal [...] vetado [...] serão fixados pelo Conselho Federal de Educação”, bem
como observa que “cada estabelecimento de ensino superior, na forma dos estatutos e
regulamentos respectivos o calendário escolar, aprovado pela congregação, de modo que
o período letivo tenha a duração mínima de 180 (cento e oitenta) dias de trabalho
escolar efetivo, não incluindo o tempo reservado a provas e exames” (art. 72, da Lei
4.024).
Desta forma, o Conselho Federal de Educação editou o Parecer 215/1962 que era
composto das seguintes disciplinas: Introdução à Ciência do Direito; Economia Política;
Direito Romano; Direito Penal; Direito Civil; Direito Constitucional (incluindo Teoria do
Estado); Direito Internacional Público; Direito Internacional Privado; Direito Judiciário
Penal (incluindo a prática); Direito Judiciário Civil (incluindo a prática); Direito
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Administrativo; Medicina Legal; Direito do Trabalho; e Direito Financeiro e Finanças .
Interessante questão é a Lei 5.872/1972 que dispõe sobre o estágio nos cursos de
graduação em Direito que tratava da seguinte forma o assunto:
Art. 2º Os Bacharéis em Direito, não inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil, e que
não realizaram estágio até o ano letivo de 1972, inclusive, poderão fazê-lo mediante
conveniente adaptação a ser fixada pelo Conselho Federal de Educação, no prazo de 90
(noventa) dias, a contar da publicação desta Lei.
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Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em
contrário.
Até 1994, era previsto para os cursos de Direito dois estágios diferenciados: a) o estágio
supervisionado (matéria do currículo mínimo, denominada de Prática Forense, sob a
forma de estágio supervisionado, prevista na Resolução CFE 3/1972), de caráter
obrigatório; e b) o estágio de prática forense e organização judiciária (Lei 5.842/1972 e
Resolução CFE 15/1973), de caráter facultativo e que, uma vez cursado pelo aluno com
aprovação, lhe dava o direito de inscrição na OAB, independentemente da prestação do
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exame de ordem .
O marco divisor foi a Portaria 1.886, de 30 de dezembro de 1994, que entrou em vigor
no dia 4 de janeiro de 1995. Esta Portaria trouxe novas diretrizes curriculares mínimas
para os cursos jurídicos do País.
As matérias eram articuladas com o estágio de prática jurídica, que passou a ser
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curricular .
Eixo Disciplina
Fundamentais • Introdução ao Direito
• Filosofia (geral e jurídica, ética geral e
profissional)
• Sociologia (geral e jurídica), Economia e
• Ciência Política (com teoria do Estado)
Profissionalizantes • Direito Constitucional
• Direito Civil
• Direito Administrativo
• Direito Tributário
• Direito Penal
• Direito Processual Civil
• Direito Processual Penal
• Direito do Trabalho
• Direito Comercial e
• Direito Internacional
O conteúdo mínimo do curso de direito foi assim dividido em três partes: a) parte
fundamental e reflexivo-crítica; b) parte profissionalizante ou técnico jurídica; e c) parte
prática (art. 3º da Portaria 1.884).
Cada curso jurídico mantinha um acervo bibliográfico atualizado de no mínimo dez mil
volumes de obras jurídicas e referentes às matérias do curso, além de periódicos de
jurisprudência, doutrina e legislação (art. 5º da Portaria 1.884).
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Ao longo do tempo previsto para o curso, o aluno programava o conteúdo das atividades
de sua parte complementar, reunindo os comprovantes respectivos, que periodicamente
levava para o registro da coordenação ou direção. Cabia à instituição definir os limites da
carga horária de cada atividade, evitando-se que fosse composta a parte complementar
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apenas de uma espécie, o que desvirtuava sua finalidade .
A Portaria 1.886/1994 fixou o currículo mínimo nacional do curso jurídico e sua duração
de, no mínimo, 3.300 horas de atividades, integralizáveis em, pelo menos, cinco anos,
ampliando-se desta forma a carga horária mínima de 2.700 (Resolução 3/1972) para
3.300 horas/atividades e majorando a duração mínima de quatro para cinco anos e a
máxima de sete para oito anos, parâmetros esses dentro dos quais cada instituição tinha
a liberdade de estabelecer a carga horária curricular e sua duração, para os controles
acadêmicos relativos à sua integralização.
Eixo Conteúdos
Formação Fundamental • Antropologia
• Ciência Política
• Economia
• Ética
• Filosofia
• História
• Psicologia e
• Sociologia
Formação Profissional • Direito Constitucional
• Direito Administrativo
• Direito Tributário
• Direito Penal
• Direito Civil
• Direito Empresarial
• Direito do Trabalho
• Direito Internacional e
• Direito Processual
Formação Prática Objetiva a integração entre a prática e os
conteúdos teóricos desenvolvidos nos
demais Eixos, especialmente nas atividades
relacionadas com o Estágio Curricular
Supervisionado:
Trabalho de Curso e
Atividades Complementares.
Esta resolução não está a salvo de críticas, pois podem apontar as seguintes: a retirada
do conteúdo de Introdução ao Estudo do Direito e a não inclusão de conteúdo das
disciplinas de bioética, métodos alternativos de resolução de litígios. Para resolver a
questão, bastava a Resolução conter um dispositivo como o previsto na Portaria
1886/1994, art. 6º, que previa o seguinte “as demais matérias e novos direitos serão
incluídos nas disciplinas em que se desdobrar o currículo pleno de cada curso, de acordo
com as peculiaridades e com a observância da interdisciplinaridade”.
Os primeiros cursos jurídicos no Brasil, fundados em 1827, exibiam grade curricular com
perfil nitidamente interdisciplinar, capaz de propiciar uma formação geral e política ao
acadêmico. A grade curricular adotada por aqueles primeiros cursos, com nove cadeiras
em cinco anos, previa o estudo da filosofia (Direito Natural), de história (Direito das
Gentes), de ciência política (análise da Constituição do Império, Diplomacia, Direito
Público etc.), de economia (Economia Política), de teoria do direito (Teoria do Processo
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Criminal, Teoria da Leis do Império etc.), de direito eclesiástico e das demais disciplinas
dogmáticas como direito civil, criminal, processual, mercantil e marítimo.
Essa resolução procurou estabelecer um perfil de grade curricular que pudesse romper
com o modelo de ensino estritamente tecnicista e dogmático. Entre as matérias
fundamentais, previstas no art. 6º da Resolução 1.886/1994, e que exibem um conteúdo
programático reflexivo com certo potencial crítico, estavam, a Introdução ao Direito,
Filosófica (geral e jurídica, ética geral e profissional), Sociologia (geral e jurídica),
Economia e Ciência Política (com teoria do Estado).
Com efeito, além da previsão de disciplinas que possam garantir um curso de qualidade
tanto do ponto de vista profissional quanto humanista, é imprescindível que se tenha o
cuidado de definir o conteúdo programático dessas disciplinas, a respectiva bibliografia e
o perfil do corpo docente que deverá executá-las, de forma que os objetivos pedagógicos
do curso possam ser efetivamente conseguidos.
Seja como for, parece certo afirmar que qualquer tentativa de mudança no modelo de
cultura jurídica atualmente hegemônico (individual, liberal e positivista) não se fará sem
uma modificação estrutural ou axiológica, no modelo de ensino jurídico vigente no país.
Mas é certo que o direito e o seu ensino foram, são e serão os primeiros a sofrer os
impactos das mudanças sociais e econômicas e, até de determiná-las. A comprovação
está na história evolutiva da própria sociedade.
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Por isso que os esforços de mudança devem se concentrar, se não exclusivamente, pelo
menos com grande intensidade, na mudança da grade curricular, dos conteúdos
programáticos das disciplinas, do perfil do corpo docente, dos objetivos pedagógicos do
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curso de direito e da didática empregada nesses cursos.
É um dado facilmente constatável a enorme ênfase conferida pelos currículos dos Cursos
de Direito de nosso País às disciplinas dogmáticas, em nítido desprezo a uma visão
zetética multidisciplinar e crítica, além de emancipatória, indispensável à formação de
bons operadores do Direito. O predomínio desta tendência certamente tem contribuído
para uma formação profissional acrítica, fechada à realidade social e pouco afeita à
concepção do Direito como uma ciência social aplicada. Em verdade, tem-se formado
uma massa de alunos moldados a partir de noções herméticas da realidade, pronta e
acabada a partir de dogmas, isto é, de verdades que ninguém pode discutir, sendo-lhes
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sonegada a possibilidade de indagar, investigar, duvidar, questionar e solucionar .
fenômeno jurídico.
Diga-se, por oportuno, ter ocorrido a grande defasagem de cerca de 200 anos (desde,
quem sabe, do Código Napoleônico de 1804, ao tempo das chamadas Escolas Exegéticas
do Direito) em relação ao conhecimento teórico ministrado no País, posto se ter
privilegiado, em todo aquele lapso de tempo, o caráter dogmático do Direito, com a
individualidade do sujeito proprietário, descurando-se caráter intelectual da zetética.
Outro legado da chamada era das codificações certamente é o fechamento dos
conteúdos atribuídos aos diferentes ramos do Direito em espaços herméticos,
espraiando-se a crença da possibilidade de serem compreendidos e aplicados de forma
independente, sem um mínimo de diálogo interdisciplinar, ao menos entre os ramos de
uma mesma ciência.
É necessário, pois, aprender a pensar, já que pensar é uma forma de aprender básica
para o julgamento daqueles interesses sociais que estão por detrás de qualquer direito
subjetivo de qualquer cidadão. É o modo fundamental para qualquer atividade futura
que exija reflexão, conclusão, julgamento, avaliação. É refletir, ter raciocínios
intencionais, planejar. Pensar, querer e julgar são as três atividades mentais essenciais,
cuja análise compreende a própria realidade social.
Não basta, contudo, projetar semelhantes ideais para o curso se este não se encontrar
perfeitamente inserido na comunidade que o circunda. Afinal, o papel do ensino superior
somente se pode realizar plenamente na medida em que componha um projeto comum
de evolução social, onde o núcleo primeiro a ser atendido é a comunidade na qual se
encontre inserido, de onde provêm seus alunos e para onde estes devem retornar. Neste
turno, mostra-se imperioso que o curso seja pensado de forma a corresponder aos
interesses e às peculiaridades dos grupos humanos com os quais se relacione mais
intimamente, sendo imprescindível que se faça presente tal inserção, essencial para uma
efetiva troca de conhecimentos.
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Ensino jurídico: uma proposta pedagógica. Perspectiva
curricular axiológica para uma nova cultura jurídica
Logo, a formação do bacharel em direito, sem perder a dimensão prática que implica
adequado conhecimento de leis e das técnicas de sua aplicação, deve também habilitar o
jurista para o enfrentamento dos grandes desafios propostos pelo mundo
contemporâneo. Tal significa dizer que, no âmbito de uma globalização contraditória e
intensamente conflituosa, o profissional do direito deverá reunir a capacidade de
manejar adequadamente as leis e ter um profundo sentido acerca das estruturas
socioeconômicas e políticas vigentes no mundo global.
Assim, o projeto pedagógico deve promover uma formação mais ampla, de cunho geral
e humanístico, ao mesmo tempo que deve proporcionar o conhecimento necessário ao
desempenho efetivo da profissão jurídica. Há nesses pilares uma nítida relação de
complementaridade, na medida em que o conhecimento geral e humanista deve orientar
o domínio e a aplicação das habilidades e competências profissionais por meio dos quais
o saber humanístico encontra a possibilidade de realização prática.
Mais que tudo, cuida-se para que a formação teórica esteja aliada às práticas, e a
combinação de enfoques dos temas gerais e específicos defina os programas de
disciplinas do Curso, não se esquecendo de que as questões de ordem metodológica e
pedagógica são objeto de atenção permanente. Diante desses prismas, a ação
didático-pedagógica é voltada à formação de um profissional capaz de formular,
questionar, resolver problemas e reconstruir realidades em âmbito interno, regional ou
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Ensino jurídico: uma proposta pedagógica. Perspectiva
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nacional, sobretudo pela formação crítica que se pretende esboçar na construção plena
dos cursos da IES.
Desse modo, o curso de direito deve capacitar os alunos para atuar no campo do Direito
de forma a preservar e contribuir para a consolidação de valores morais, éticos, cívicos e
político-sociais, com vistas ao aperfeiçoamento da sociedade e à busca pelo bem-estar
comum. Muito disso é possível alcançar pela promoção do engajamento de alunos e
docentes na prestação de serviços jurídicos, atendendo às necessidades da comunidade
local e regional de modo a fielmente cumprir o preceito constitucional que prega a
indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.
Considerando que o ensino jurídico envolve não só o estudo da norma jurídica, dos atos
ou valores em si considerados, mas a própria experiência jurídica genericamente
identificada – a vida em sociedade e a correlação com o ordenamento jurídico –, o
projeto didático-pedagógico se afirma a partir de premissas básicas de coerência
educacional.
A aproximação com a prática deve ser promovida a todo instante, tanto por meio de
atividades realizadas dentro de sala de aula, quanto fora do ambiente estudantil. Há que
se estimular o permanente debate acerca de questões atuais, especialmente aquelas que
batem às portas dos tribunais, promovendo a inserção dos alunos em atividades de
iniciação científica e pesquisas voltadas à compreensão de problemas práticos e atuais.
Acerca desse tema, é importante consignar, mais uma vez, a existência de um programa
institucional de iniciação científica aliado a um programa de monitoria que se propõe a
permitir aos alunos maior participação no processo de ensino-aprendizagem,
ofertando-lhes a possibilidade de interagir diretamente com o corpo docente,
enfatizando-se as disciplinas de conteúdo profissionalizante. Com isso, incrementa-se a
construção de uma aprendizagem contextualizada, voltada claramente à realidade
prática do grupo, além de servir como estímulo à inserção dos alunos no universo da
pesquisa e da extensão.
sua permanente atualização, sem, contudo, desvirtuar suas diretrizes básicas. Nesse
turno, mostra-se relevante destacar a existência, em âmbito institucional, de programa
de atualização constante do projeto pedagógico, desenvolvido em parceria com o
Colegiado do Curso de Direito, órgão consultivo e deliberativo regularmente constituído.
Sua oferta deve permear todo o curso, colocando-se, dessa forma, como importante
ferramenta para a complementação do ensino teórico e estímulo à sua correlação com a
realidade prática. As atividades complementares incluem, entre outros, projetos de
pesquisa, monitoria, iniciação científica, projetos de extensão, seminários internos e
externos, congressos e palestras. São incluídas, também, disciplinas oferecidas por
outros cursos e mesmo por outras instituições de ensino, incluindo-se aquelas que
eventualmente não componham o conteúdo do Curso de Direito, com o que se pretende,
mais uma vez, fomentar o diálogo interdisciplinar entre diferentes ciências, tudo em
conformidade com o competente regulamento, elaborado no âmbito do Programa de
Atividades Complementares Institucional.
A avaliação, contudo, não pode ser feita nem compreendida apenas em uma via, ou
seja, da Instituição para os alunos. É imprescindível que a mão oposta também esteja
aberta. Para tanto, cumpre que os exames impostos aos estudantes sejam analisados
também sob esse prisma, perscrutando-se as falhas porventura presentes no processo
de ensino, buscando, a partir destas, construir um mapa das virtudes e dos defeitos do
modelo educacional implementado.
A formação do jurista, para estabelecer uma adequada sintonia com os novos rumos do
direito, vai exigir um ethos cultural humanista, crítico e interdisciplinar, com certa ênfase
no ensino e na prática dos direitos de nova geração. Daí que a estrutura curricular de
um curso capaz de proporcionar uma formação que habilite o bacharel para o
enfrentamento das questões atuais deve estar orientada pela publicização do direito
pelos novos paradigmas da ciência jurídica, para além, portanto, do paradigma
57
positivista e do método unidisciplinar de estilo lógico formal .
Assume, para tanto, a premissa de que o discente somente poderá se tornar responsável
por meio de um processo didático-pedagógico que o faça interagir e, consequentemente,
evidenciar a necessária coexistência com a história, movimentos socioculturais do seu
tempo, bem como os avanços tecnológicos. Em razão disso, torna-se imperioso e
imprescindível tanto a realização de estágio supervisionado curricular e extracurricular
como a integração do conteúdo didático-pedagógico de disciplinas que tenham como
finalidade permitir a complementação e atualização das matérias que mostrem evolução
no decorrer do processo de aprendizagem na área das ciências sociais.
Entende-se que, para ver a Ciência do Direito sob um novo ponto de vista, inserida em
sua dinâmica específica, e, principalmente, para iluminar, de maneira cientificamente
estabelecida, as novas discussões sobre a metodologia, compreensão e interpretação da
Ciência do Direito, deve-se agregar ao conteúdo básico os instrumentos modernos da
lógica, da linguística, da comunicação, trazendo os aspectos atuais da teoria da
argumentação, tema que deve permear o conteúdo de disciplinas como Direito
Constitucional e Filosofia Jurídica.
Ao lado das disciplinas de conteúdo eminentemente dogmático que, por sua natural
quantidade, se fazem presentes por todo o curso, buscou-se distribuir as disciplinas de
base humanista, de modo que estas não restassem concentradas nos períodos iniciais,
fazendo-se presentes, ao contrário, pelo correr do curso. O objetivo desta medida é
realçar a percepção dos alunos quanto à sua importância para a formação do espírito
crítico do jurista e a abertura do Direito aos aspectos da realidade social estudados em
outras áreas do saber, como a psicologia, a antropologia ou a sociologia.
Jurisdição 60
Constitucional e 60
Controle de
Constitucionalidade
• Direito Penal II –
Teoria da pena
• Teoria Geral do
Processo
• Economia Política
4º • Direito Civil III – 60
Contratos 60
• Direito 60
Administrativo I 60
• Direito Empresarial 60
I – Teoria da empresa 60
e Sociedades
empresárias
• Direito Penal III –
Parte Especial do
Código Penal
• Direito Processual
Civil I: Processo de
Conhecimento
• Introdução ao
Ensino a Distância
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Ensino jurídico: uma proposta pedagógica. Perspectiva
curricular axiológica para uma nova cultura jurídica
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Ensino jurídico: uma proposta pedagógica. Perspectiva
curricular axiológica para uma nova cultura jurídica
4º ano 7º • Direitos do 60
Consumidor – Em 60
EAD 60
• Direito Processual 60
Civil IV: Processo 60
Cautelar e 60
Procedimentos
Especiais
• Direito Processual
Penal I
• Direito do Trabalho
I
• Direito Civil VI –
Sucessões
• Estágio de Prática
Jurídica I
8º • Direito Processual 60
Penal II 60
• Direito 60
Internacional I 60
• Psicologia 60
• Direito do Trabalho 60
II
• Direito Eleitoral –
Em EAD
• Estágio de Prática
Jurídica II
5º ano 9º • Direito Tributário e 60
Finanças Públicas I 60
• Direito Processual 60
do Trabalho 60
• Filosofia do Direito 60
• Direito 60
Internacional II 60
• Direito
Previdenciário – Em
EAD
• Trabalho de
Conclusão de Curso I
• Estágio de Prática
Jurídica III
10º • Direito Tributário e 60
Finanças Públicas II 60
• Optativa-Eletiva – 60
Em EAD 60
• Trabalho de 60
Conclusão de Curso II 60
• Direito Humanos
• Tópicos Especiais:
Atualização em
direito público e
privado
• Estágio de Prática
Jurídica IV
5º ano Disciplinas Optativas- • Direito Sociais
Eletiva • Direito e Bioética
• Processo
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Ensino jurídico: uma proposta pedagógica. Perspectiva
curricular axiológica para uma nova cultura jurídica
Constitucional
• Execução Penal e
Sistema Prisional
• Argumentação
Jurídica
• LIBRAS –
Linguagem Brasileira
de Sinais
6 Conclusões
O homem é ser totalmente social e para viver em sociedade se faz necessário regras,
mas não basta ditar as regras devemos também estudar e aplicar as regras na tentativa
de evitar ou resolver conflitos.
O estudar as regras é feito por meio do ensino jurídico que inicialmente possui um
âmbito tanto dogmático como zetétitco e, com o passar dos tempos, passou a perder
este caráter zetético em razão da interferência dos governos no ensino brasileiro.
O novo modelo de ensino jurídico, que combina a formação geral, humanística, crítica e
reflexiva com a formação profissionalizante e prática, é capaz de assegurar ao bacharel
uma sólida formação geral, humanística e axiológica, capacidade de análise, domínio de
conceitos e da terminologia jurídica, adequada argumentação, interpretação e
valorização dos fenômenos jurídicos e sociais, aliada a uma postura reflexiva e de visão
crítica que fomente a capacidade e a aptidão para a aprendizagem autônoma e
dinâmica, indispensável ao exercício da Ciência do Direito, da prestação da justiça e do
desenvolvimento da cidadania.
A ideia desta nova concepção é tornar o bacharel não um especialista, pois, sem a
profissionalização genérica, o bacharel ser seria apenas um repetidor de ideias, o que se
busca é a formação de um todo, ou seja, o bacharel deverá ser um sujeito capaz de gerir
os problemas políticos, sociais, econômicos e jurídicos, dentro de uma única realidade.
Assim sendo, o especialista não é quem sabe de um só assunto, e ser profissional não é
apenas conhecer técnicas específicas. O profissionalismo mais universal é saber pensar,
interpretar a regra e conviver com a exceção e, para tanto, deve o bacharel ter o
conhecimento dos vários conteúdos jurídicos presentes no ordenamento brasileiro, de
forma a capacitá-lo ao exercício da profissional de jurista que escolher, seja, professor,
advogado, delegado, promotor, magistrado, entre outras.
Página 31
Ensino jurídico: uma proposta pedagógica. Perspectiva
curricular axiológica para uma nova cultura jurídica
7 Referências bibliográficas
ALMEIDA FILHO, José Carlos de Araújo. O ensino jurídico, a elite dos bacharéis e a
maçonaria do século XIX. Dissertação (Mestrado em Direito, Estado e Cidadania) –
Universidade Gama Filho, Rio de Janeiro, 2005. Disponível em:
[http://bdjur.tjce.jus.br/jspui/bitstream/123456789/117/1/ALMEIDA%20FILHO,%20J.C.%20DE%20ARA
BOVE, Luiz António. Uma visão histórica do ensino jurídico no Brasil. Revista do curso de
direito da Universidade Metodista de São Paulo,v. 3, n. 3, p. 115-138, 2006.
DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. v. 4.
DINIZ, Maria Helena. Compendio de introdução à ciência do direito. 18. ed. São Paulo:
Saraiva, 2006.
LÔBO, Paulo Luiz. Netto. O novo currículo mínimo dos cursos jurídicos. In: Paulo Luiz
Netto Lôbo (Org.). Ensino jurídico – OAB novas diretrizes curriculares. 1. ed. Brasília: Ed.
Conselho Federal da OAB, 1996. v. 1: 33-37.
MACHADO, Antonio Alberto. Ensino jurídico e mudança social. 2. ed. São Paulo:
Espressão Popular, 2009.
MALMESBURY, Thomas Hobbes. Leviatã. Trad. João Paulo Monteiro et al. Disponível em:
[www.dhnet.org.br/direitos/anthist/marcos/hdh_thomas_hobbes_leviatan.pdf]. Acesso
em: 12.06.2012, cap. 40 e 41.
MONTORO, André Franco. Introdução à ciência do direito. São Paulo: Ed. RT, 2005.
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Ensino jurídico: uma proposta pedagógica. Perspectiva
curricular axiológica para uma nova cultura jurídica
RODRIGUES, Horácio Wanderley. Novo currículo mínimo dos cursos jurídicos. São Paulo:
Ed. RT, 1995.
OLIVEIRA, Manfredo Araújo de. Ética e sociabilidade. 3. ed. São Paulo: Loyola, 1993.
REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. 27. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.
VENÂNCIO FILHO, Alberto. Das Arcadas ao Bacharelismo. São Paulo: Perspectiva, 1977.
Anexo 1 Ementas
1º Período
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Ensino jurídico: uma proposta pedagógica. Perspectiva
curricular axiológica para uma nova cultura jurídica
2º Período
DIREITO CIVIL I – Parte Geral. Teoria Geral do Direito Civil. Sistema do Código Civil
(LGL\2002\400) Brasileiro. Sujeito como centro do direito civil. Relação jurídica. Sujeitos
da relação jurídica. Pessoa natural. Aquisição, modificação e extinção dos direitos
subjetivos. Objeto da relação jurídica: os bens. Fatos jurídicos. Negócio jurídico. Atos
ilícitos. Prescrição e decadência. Prova.
3º Período
4º Período
DIREITO CIVIL III – Contratos. Teoria Geral do Contrato. Classificação dos contratos.
Elementos, requisitos e princípios. Vinculação de terceiros. Vícios redibitórios e evicção.
Contrato preliminar. Contratos de adesão. Contratos típicos. Contratos atípicos.
Declarações unilaterais de vontade.
DIREITO PENAL III – Parte Especial do Código Penal (LGL\1940\2). Crimes contra a
pessoa. Crimes contra o patrimônio. Crimes contra os costumes. Crimes contra a família.
Crimes contra a incolumidade pública. Crimes contra a paz pública. Crimes contra a fé
pública.
5º Período
6º Período
ÉTICA GERAL E PROFISSIONAL. Ética geral. Consciência ética. Ética da alteridade. Ética
especial. Ética e Direito. Ética profissional no âmbito das diversas profissões jurídicas.
Ética e advocacia. Estatuto da OAB (LGL\1994\58) e Código de Ética profissional.
7º Período
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Ensino jurídico: uma proposta pedagógica. Perspectiva
curricular axiológica para uma nova cultura jurídica
8º Período
9º Período
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Ensino jurídico: uma proposta pedagógica. Perspectiva
curricular axiológica para uma nova cultura jurídica
10º Período
OPTATIVA.
básicos de Direito Civil: parte geral; obrigações; teoria dos contratos; direitos reais.
Conceitos básicos de Direito Empresarial: empresário e atos de empresa; espécies de
sociedade; noções gerais de títulos de crédito; princípios de falência e recuperação de
empresas. Conceitos básicos de Direito Constitucional: conceito e classificação das
constituições; competências e processo legislativo; controle de constitucionalidade.
Conceitos básicos de Direito Administrativo: Administração Pública e sua organização;
atos administrativos; agentes públicos; aspectos gerais sobre licitações.
Optativas
1 MODIN, Battista. O homem, quem é ele? São Paulo: Paulinas, 1986. p. 154.
4 OLIVEIRA, Manfredo Araújo de. Ética e sociabilidade. 3. ed. São Paulo: Loyola, 1993.
p. 49. VILAS-BÔAS, Renata Malta. Introdução ao estudo do direto. Brasília: Fortium,
2005. p. 34.
Página 39
Ensino jurídico: uma proposta pedagógica. Perspectiva
curricular axiológica para uma nova cultura jurídica
8 MALMESBURY, Thomas Hobbes. Leviatã. Trad. João Paulo Monteiro et al. Disponível
em: [www.dhnet.org.br/direitos/anthist/marcos/hdh_thomas_hobbes_leviatan.pdf].
Acesso em: 12.06.2012, cap. 40 e 41.
9 DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. v. 4, p. 486.
13 REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. 27. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. p.
64.
14 DINIZ, Maria Helena. Compêndio de introdução à ciência do direito. 18. ed. São
Paulo: Saraiva, 2006. p. 13-254. MONTORO, André Franco. Introdução à ciência do
direito. São Paulo: Ed. RT, 2005. p. 377-428.
15 REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. 27. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. p.
93.
18 O Estatuto pode ser acessado em: CABRAL, Rui de Melo. O currículo e o método de
ensino na fronteira entre passado e presente: o ensino jurídico no Distrito Federal à luz
das mudanças emergentes de 1994. Dissertação de Mestrado.– Universidade Católica,
Brasília, 2004. Disponível em:
[www.bdtd.ucb.br/tede/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=258]. Acesso em:
Página 40
Ensino jurídico: uma proposta pedagógica. Perspectiva
curricular axiológica para uma nova cultura jurídica
19 BOVE, Luiz António. Uma visão histórica do ensino jurídico no Brasil. Revista do curso
de direito da Universidade Metodista de São Paulo,v. 3, n. 3, 2006, p. 127.
21 Este decreto foi promulgado conforme autorização concedida pelo Decreto 608, de 16
de agosto de 1851. O texto do Decreto está disponível em:
[http://books.google.com.br/books?id=4g0PAQAAIAAJ&pg=RA6-PA29&lpg=RA6-PA29&dq=decreto+-+1
Acesso em: 12.06.2012. O texto se encontra na página 29 dos Anais do Parlamento
Brasileiro de 1865.
22 Interessante texto sobre a questão processual pode ser lido em MEIRELLES, Delton R.
S.; GOMES, Luiz Cláudio Moreira. Magistrados e processo: impressões da literatura
jurídica nacional (1832-1876). XXIV SNH, ST “Instituições, Poder e Justiça”. Gizlene
Neder e Arno Wehling (Coord.). Disponível em:
[http://snh2007.anpuh.org/resources/content/anais/Delton%20Meirelles.pdf]. Acesso
em: 12.06.2012.
presente: o ensino jurídico no Distrito Federal à luz das mudanças emergentes de 1994.
Dissertação de Mestrado. Universidade Católica, Brasília, 2004, p. 565-569. Disponível
em: [www.bdtd.ucb.br/tede/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=258]. Acesso em:
12.06.2012.
40 RODRIGUES, Horácio Wanderley. Novo currículo mínimo dos cursos jurídicos. São
Paulo: Ed. RT, 1995. p. 43. CABRAL, Rui de Melo. O currículo e o método de ensino na
fronteira entre passado e presente: o ensino jurídico no Distrito Federal à luz das
mudanças emergentes de 1994. Dissertação deMestrado. Universidade Católica, Brasília,
2004, p. 565-569. Disponível em:
[www.bdtd.ucb.br/tede/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=258]. Acesso em:
12.06.2012.
41 RODRIGUES, Horácio Wanderley. Novo currículo mínimo dos cursos jurídicos. São
Paulo: Ed. RT, 1995. p. 50.
44 Paulo Luiz. Netto LÔBO (O novo currículo mínimo dos cursos jurídicos. In: LÔBO,
Paulo Luiz Netto (Org.). Ensino jurídico: OAB novas diretrizes curriculares. Brasília: Ed.
Conselho Federal da OAB, 1996, v. 1, p. 36) afirma que não se exige que orientador seja
Página 43
Ensino jurídico: uma proposta pedagógica. Perspectiva
curricular axiológica para uma nova cultura jurídica
docente do curso jurídico. Pode ser docente de outra área conexa ou mesmo qualquer
profissional que tenha experiência em pesquisa e orientação científica.
45 LÔBO, Paulo Luiz. Netto. O novo currículo mínimo dos cursos jurídicos. In: LÔBO,
Paulo Luiz Netto (Org.). Ensino jurídico: OAB novas diretrizes curriculares. Brasília: Ed.
Conselho Federal da OAB, 1996, v. 1, p. 35.
46 SESu/MEC.
47 MACHADO, Antonio Alberto. Ensino jurídico e mudança social. 2. ed. São Paulo:
Espressão Popular, 2009. p. 109.
48 LÔBO, Paulo Luiz Netto. O novo currículo mínimo dos cursos jurídicos. In: LÔBO,
Paulo Luiz Netto (Org.). Ensino jurídico: OAB novas diretrizes curriculares. Brasília: Ed
Conselho Federal da OAB, 1996, v. 1, p. 33.
49 MACHADO, Antonio Alberto. Ensino jurídico e mudança social. 2. ed. São Paulo:
Espressão Popular, 2009. p. 231.
54 Dois conceitos seguem nessa linha, a saber: Zetética Analítica Pura – “desse ponto de
vista, o teórico ocupa-se com os pressupostos últimos e condicionantes bem como com a
crítica dos fundamentos formais e materiais do fenômeno jurídico”. Zetética Analítica
Aplicada – desse ponto de vista, o teórico ocupa-se com a instrumentalidade dos
pressupostos últimos e condicionantes do fenômeno jurídico e seu conhecimento, quer
nos aspectos formais, quer nos materiais”. (FERRAZ JR., Tercio Sampaio. Introdução ao
Página 44
Ensino jurídico: uma proposta pedagógica. Perspectiva
curricular axiológica para uma nova cultura jurídica
Estudo do Direito: técnica, decisão, dominação. São Paulo: Atlas, 2003. p. 46.)
57 MACHADO, Antonio Alberto. Ensino jurídico e mudança social. 2. ed. São Paulo:
Espressão popular, 2009. p. 241.
Página 45