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Resumo: O presente texto trata de um estudo sobre os reflexos do Liberalismo voltado para
as políticas públicas da educação no Brasil. Como metodologia de pesquisa, imputou-se um
estudo de cunho bibliográfico com base nos conhecimentos teóricos de Teixeira (1977)
Merquior (1991), Rousseau (1996), Locke (1998), Freitas (2018), dentre outros. Nessa
perspectiva, o resultado da pesquisa demonstrou, a partir dos clássicos, e em uma breve
reflexão, que a historicidade na qual o liberalismo foi forjado representa um cenário
instigante e que através de articulações políticas uma nova história para as políticas públicas
educacionais foi sendo desvelada aos olhos do cidadão, o que levou, por conseguinte, a
refletir sobre os aspectos da educação contemporânea na perspectiva do Estado Brasileiro.
Por fim,foi verificado que esse estudo possibilitou uma discussão e visualização de
desdobramentos sobre a realidade educacional, atentando-se para as mudanças da política
social na educação, atribuídas à política do Estado liberal.
Abstract: This text deals with a study on the reflexes of Liberalism focused on public
education policies in Brazil. As a research methodology, a bibliographic study was applied
based on the theoretical knowledge of Teixeira (1977) Merquior (1991), Rousseau (1996),
Locke (1998), Freitas (2018), among others. In this perspective, the result of the research
demonstrated, from the classics, and in a brief reflection, that the historicity in which
liberalism was forged represents an instigating scenario and that through political articulations
a new history for educational public policies was being unveiled. in the eyes of the citizen,
which led, therefore, to reflect on aspects of contemporary education from the perspective of
the Brazilian State. Finally, it was verified that this study made possible a discussion and
visualization of developments on the educational reality, paying attention to the changes in
social policy in education, attributed to the policy of the liberal State.
Keywords: Liberalism; State; Public policy; education in Brazil
Introdução
discurso e prática de não apoio aos setores primordiais para uma nação, como ocorre na
educação que está sendo violentamente ultrajada por politicas que desmerecem o trabalho do
professor, a ciencia e as pesquisas cientificas.
A educação do Brasil carece de reformas que diminuam os altos e incongruentes
níveis de não qualificação, no entanto, a atenção que lhe é dada por meio das políticas
públicas ainda não alcançou os patamares necessários para dizimar essa incongruência, a qual
certamente tende a ser intensificada com o novo modelo de política econômica.
O objetivo geral desta pesquisa é analisar como o modelo Liberal tem opoder de
refletir nas políticas públicas educacionais no Brasil. Os objetivos específicos foram
definidos: compreender a construção teórica do liberalismo clássico e o avanço do Estado
Liberal frente ao neoliberalismo;identificar a adição das políticas públicas e ducacionais
iniciadas com Anísio Spinola Teixeira frente ao direito constitucional da educação no Brasil.
A atenção se apresenta apenas nos termos gerais por estudos feitos em uma
bibliografia mais restrita com autores que irão teoricamente ensejar subsídios para as referidas
análises, sendo eles: Teixeira (1977) Merquior (1991), Rousseau (1996) Locke (1998), Freitas
(2018) dentre outros. Cabe mencionar ainda que, para compreender as vertentes sobre a
educação é necessário refletir nessa pesquisa, uma breve referência ao neoliberalismo, já que
o mesmo se apresenta com uma “nova roupagem” do liberalismo, implicando nas políticas
públicas sociais no Brasil. O estudo advém de leituras centradas no Liberalismo Clássico, cuja
bibliografia possibilita a reflexão do “direito natural” do século XVII e XVIII, sendo o
arcabouço para a compreensão das políticas sociais na educação no Brasil, considerando as
reflexões nos documentos do site do Ministério da Educação e Cultura (MEC), para
compreensão das mudanças do objeto investigado.
Em Rousseau (1996 ) uma das questões que se observa nesse contexto, é a liberdade
natural do homem, todos nascem livres. Segundo esse autor, para resguardar e garantir a
liberdade e a segurança em sociedade, o homem deveria juntar-se por meio de um contrato
social, sendo esse viável da soberania ou da vontade do povo.
A liberdade pode ser reconstituída pelo povo através de suas escolhas, por meio de
uma convenção. Segundo Rousseau (1996, p. 21) “cada um , dando-se a todos , não se dá a
ninguém, e, como não existe um associado sobre o qual não se adquira o mesmo direito que
se lhe cede sobre si mesmo, ganha-se o equivalente de tudo o que se perde e mais força para
conservar o que se tem”. Ressalta ainda Rousseau:
Trata-se de saber que convenções são essas [...] a força não faz o direito e que só
se é obrigado a obedecer aos poderes legítimos [...] visto que homem algum tem
autoridade natural sobre seus semelhantes e que a força não produz nenhum
direito, só restam as convenções como base de toda a autoridade legítima
existente entre os homens [...] encontrar uma forma de associação que defenda e
proteja a pessoa e os bens de cada associado com toda a força comum, e pela qual
cada um, unindo-se a todos, só obedece contudo a si mesmo, permanecendo
assim tão livre quanto antes, esse é o problema fundamental cuja solução o
contrato social oferece (ROUSSEAU, 1996, p. 53-70).
sustentar a ordem e deter a maldade e a violência que destrói os indivíduos que vivem em
sociedade. Logo, não pode violar o direito um do outro, inibindoou coagindo.
O termo liberal como processo histórico e filosófico teve diversos pensadores
teóricos representantes das ideias no período da razão (Iluminismo), na modernidade e na
contemporaneidade, inúmeras fases. Muitos deles ou quase todos estavam e estão
defendendo a tese do equilíbrio entre a liberdade e a justiça, e das vezes o direito dos
homens e das mulheres e suas autonomias individuais protegidas por leis. Como ressalta
Paiva (2021, p. 147) “O cidadão necessita, enquanto viver, de Leis, Instituições e Governo,
amplamente fundamentados na Vontade Geral e no poder soberano do povo”.
E toda essa ideia do liberalismo ou seu termo em uso, coloca-se ligado a processos
históricos e filosóficos, porque, existe a compreensão de que a sociedade, principalmente a
moderna e logo mais à frente a contemporânea, tem interesses e carências e que, o “ser”
humano necessita ainda de justiça, benefícios, igualdade de direitos e livre comércio, e
porque ainda vivemos com base em um sistema capitalista-gerador das desigualdades entre
as classes, cabendo ao Estado Neoliberal resguardar os direitos e deveres dos cidadãos.
germinava nesse momento com novas imposições. Ainda obeserva o educador que, essa
liberdade do indivíduo acabou por deixá-lo aflito e incapaz, não sobrando espaço para sua
integração adequada, na emergente sociedade democrática.
Destarte, o liberalismo econômico, que vigorou nos séculos XVIII e XIX, com
pressupostos ideais de uma economia próspera de concentração de riqueza, acumulação de
capital, sem normatização do Estado, foi modificando, aos poucos nos séculos seguintes por
novas dinâmicas econômicas. O Neoliberalismo se apresenta com pretensões de diminuir a
presença do Estado cada dia mais, ponderando privatizações, circulação de capital
estrangeiro, entrada de empresas estrangeiras em um certo país.
O Estado interferiria de forma ativa e dinâmica na política das indústrias, ajustando
os modelos de ordenamento coletivo, edificando uma organização diversificada que traria
cuidados e satisfação na economia e na sociedade. Quanto ao desempenho neoliberal e
desenvolvimento do Estado no mundo pós 1930, Freitas (2018, p. 13-14) ressalta que, no
período de 1930 a 1970, a abordagem tida no modelo neoliberalista se reinventou por meio
das concepções democráticas trazidas pela preservação do bem-estar social dos cidadãos, e
que logo mais tarde, com uma alteração econômica, este cenário passou a ser hegemônico
em países como a Inglaterra, por exemplo.
No ano de 1990, a expansão do neoliberalismo na América Latina passou por várias
reformas econômicas, sendo implantados métodos ideológicos de liberalismo econômico,
como na situação do livre mercado (FREITAS, 2018).
Freitas (2018, p. 14), explica que a situação democrática, neste sentido, fica sendo
como processo ambicionado, uma vez que não é um caso de favorecimento ao
neoliberalismo. Logo, o consentimento dado no caso da política, reverbera que não dispõe
da comprovação absoluta ao abrigo do “novo liberalismo econômico”. Na direção das
políticas neoliberais, as garantias carecem de inclusão do conjunto de normas reguladoras,
sendo estas normas inalteráveis, no caso de um ensejo que conseguisse revelar a ruptura
com a proposição da democracia liberal, destruindo, assim, os lampejos de desejo de uma a
vida social e livre para os indivíduos e educação de qualidade.
A política neoliberal busca a cada dia, mais e mais não contrariar as questões
econômicas de um livre mercado, às custas de políticas impostas pelo neoliberalismo que
geram aniquilação e destruição da proteção social. O Estado demonstra sua necessidade de
dependência quanto a economia monopolista que são ditadas pelos grupos empresariais,
que se expõe minimamente como ampliação do privado.
Privilegiam-se informações de uma iniciativa privada desfavorecendo o público,
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Essa escola deveria ser pública de qualidade, gratuita, obrigatória, laica e que atendesse a
todos, independente de situação financeira, étnica ou credo. Segundo Teixeira (1977, p.
209-219)
A escola democrática é, por sua vez, a escola que põem em prática esse ideal
democrático e procura torna-lo a atitude fundamental do professor, do aluno e da
administração.(...) A sociedade democrática é uma sociedade de pares, em que os
indivíduos, a despeito de diferenças individuais de talento, aptidão, ocupação,
dinheiro, raça, religião e, mesmo, posição social, se encontrem associados, como
seres humanos fundamentalmente iguais, independentes mas solidários.
A LDBEN nº 9.394/96 estabelecia que a criança teria que começar o seu processo
de alfabetização e letramento, ou seja, tinha que ingressar no ensino fundamental, aos seus 7
(sete) anos de idade e terminar aos 14 (quatorze) anos, sendo assim, considerado um tempo
de 8(anos) deste ensino.Com a finalide de “[...] assegurar a todas as crianças um tempo mais
longano convívio escolar, mais oportunidades de aprender e um ensino de
qualidade.”(MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2004, p. 7), foram surgindo ideias e
especulações para o aumento da duração do Ensino Fundamental I, ele passaria a ter 9
(nove)anos, ao invés de 8 (oito). Esse assunto começou a ser discutido no Brasil por volta de
2004, porém, esse programa Ensino Fundamental de Nove anos, só começou a ser posto em
prática a partir de 2005, quando a Lei nº 11.114 de 16 de maio de 2005, alterou o Art 32° da
LDBEN nº 9.394/96 e tornou obrigatória a matrícula das crianças de seis anos de idade no
Ensino FundamentalI.
Vale ressaltar que, a implantação da proposta do Ensino Fundamental de 9 anos
ocorreu de forma gradual, tanto para as redes públicas estaduais, municipais e privadas. Em
Goiás, amparada pelas Resoluções do Conselho Estadual de Educação -CEE/Go nº 186/2004
e 258/2005, a proposta teve início em 2004 sendo implantada por meio do Projeto Aprender,
tendo as chamadas turmas transitórias a partir do 2º ano escolar. Para as escolas isto
significou um grande desafio, pois teve que trabalhar com duas propostas curriculares,
reagrupar turmas, analisar documentação de alunos para atender às diretrizes das resoluções
e inseri-los na turma adequada, promover formação e capacitação aos seus docentes para
atuarem com a nova proposta. Sobre as mudanças ocorridas na organização pedagógica,
quatro itens sofreram alterações: o primeiro deles foi o currículo, o qual é associado a
diferentes concepções, sejam elas sociais, econômicas, políticas e culturais. Para auxiliar as
escolas durante esse período de transição curricular, foram desenvolvidos alguns
documentos que possuíam uma coletânea de textos.Um desses se denomina Ensino
Fundamental de Nove Anos: orientações pedagógicas para a inclusão das crianças de seis
anos de idade, o qual apresenta como textos:“Letramento e a alfabetização no Ensino
Fundamental: pensando a prática pedagógica; a organização do trabalho pedagógico:
alfabetização e letramento como eixo. (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO 2004).
O segundo é sobre as elaborações e/ou reestruturações dos projetos pedagógicos das
escolas, pois com o ensino fundamental ampliado, cada escola individualmente precisou
desenvolver o seu, fazendo as alterações necessárias.
A Lei nº 9.424/96 tornou obrigatório que os Estados e Municípios investissem
anualmente um determinado percentual de suas receitas em educação no ano de 1998 em que
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reafirma no ensino de qualidade, para todos, sem discriminação para com as classes menos
favorecidas. Esses avanços apresentam em seus bojos direitos imprescindíveis para o povo:
Educação e Saúde para todos, contudo, não se mostram eficientes na atualidade.
no “Manifesto dos Educadores pela Educação Nova”, de 1932, do qual é signatário, junto com mais 25
personalidades do mundo educacional e cultural brasileiro; Pioneiro da questão ambiental, ao instituir na Bahia,
em 1924, o Dia da Árvore (inicialmente 13 de maio);Inspirador do atual Programa Mais Educação, do MEC,
iniciado no governo Lula, em 2007.Contribuições de Anísio Teixeira para a renovação da educação brasileira -
(apub.org.br)
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Considerações Finais
enfrentamento das escolas públicas mediante este cenário pandêmico. Precária em suportes
tecnológicos, precisou se reinventar para garantir um mínimo de qualidade educacional ao
seu alunado.
A educação procura assentir a função reparadora quando se busca resgatar o ser
humano que não obteve a oportunidade de aprender a ler e escrever e, principalmente,
quando assume a responsabilidade de diminuir o número dea nalfabetos ou pessoas sem o
ensino completo, além de oferecer também a capacitação de aperfeiçoamento para o
trabalho.
É preciso garantir e devolver o sentimento de dignidade a estas pessoas que estão
sendo privadas de seus direitos. No Brasil o neoliberalismo é excludente, desassistindo os
indivíduos da saúde, do bem-estar social e educação de qualidade e muitos outros benefícios,
para que todos possam contribuir com seu trabalho, assegurando sua cidadania e seu
conhecimento para o crescimentodo país.
Por fim, cabe mencionar que o referido texto demonstrou-se importante quando a
compreensão teórica fomentada e baseada em conceitos de liberalismo e neoliberalismo, ao
passo que foi possível de se enxergar, dificuldades enfrentadas no atual sistema educacional
do Brasil, que podem servir como ponte para futuras pesquisas, eis que se colocam como
lacunas a serem investigadas com rigor.
Referências
LOCKE, John, 1632-1704. Dois tratados sobre o governo. Tradução Júlio Fischer - São
Paulo :Martins Fontes, 1998.
MERQUIOR, José Guilherme. O liberalismo: antigo e moderno.2ª ed. Rio deJaneiro, Nova
Fronteira, 1991.
TEIXEIRA, Anísio Spinola, (1900-1971). Educação e o mundo moderno.2ª ed. São Paulo,
Ed Nacional, 1977.