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Políticas Educacionais

Aula 2
Turma: Ciências Biológicas 4ª fase – 2022/2
Professora Vanessa dos Santos Moura
Sentidos de “Política” – polity, politics e policy

 Trata-se de um conceito polissêmico (múltiplos sentidos)


 Polity: aspecto institucional  às organizações e às regras do jogo que regem os processos políticos.
Por exemplo: o parlamento, os partidos políticos, as organizações administrativas estatais (ministérios,
secretarias, etc.), a Constituição Federal, etc.
 Politics: atividade política  marcada pelo caráter conflituoso inerente à necessidade de tomar
decisões sobre assuntos coletivos em contextos de pluralidade de atores.
 Policy: refere-se às iniciativas de ação pública, isto é, dispositivos político-administrativos coordenados
em torno de objetivos explícitos  esse é o sentido de Políticas Públicas, que é o que nos interessa!!!
O foco, nesta terceira acepção, está no conteúdo das políticas públicas, nas suas formas de
implementação bem como na avaliação de suas condições de funcionamento, eficácia e efetividade.
Fonte: ROSA; LIMA; AGUIAR, 2021, p. 12.
O que são Políticas Públicas?

 Trata-se de um conceito polissêmico (múltiplos sentidos)


 Cada conceito oferecerá “uma perspectiva distinta que chama nossa atenção para um
determinado elemento ou dimensão das políticas” (ROSA; LIMA; AGUIAR, 2021, p. 13).
 Conceito que nos interessa  enfoque no propósito das Políticas Públicas  Por que
fazemos Políticas Públicas? Para promover mudanças sociais.
A educação como política
pública
Janete M. Lins de Azevedo
Prefácio

 “O estudo da educação, na qualidade de uma política pública, necessariamente


implica no enfrentamento dessa tensão [Tensão decorrente da necessidade de
uma postura objetiva nas práticas investigativas x comprometimento político com
a luta pela construção de alternativas sociais significativas, que resultem na
emancipação e felicidade humanas]. A política educacional definida como policy
é um fenômeno que se produz no contexto das relações de poder expressas na
politics e, portanto, no contexto das relações sociais que plasmam as assimetrias,
a exclusão e as desigualdades que se configuram na sociedade e no nosso objeto.
(AZEVEDO, 2004, p. VIII).
A educação como política pública

 1 – Abordagem neoliberal
 2 – Teoria liberal moderna da cidadania
 2.1 – Abordagem pluralista
 2.2 – Abordagem social-democrata
 3 – Abordagem marxista
Contexto

 Anos 1960
 Anos 1970
 Anos 1980

 Pergunta: qual o perfil deveriam assumir as políticas públicas?


1 - Abordagem neoliberal

 Filosofia de ação orientadora das políticas públicas em inúmeros países


 Bebe na teoria do Estado formulada a partir do século XVII (Liberalismo clássico)
 Implicações significativas para a organização social e política, para a educação como
pratica social e para a compreensão os meandros pelos quais se define e
implementam a política educacional
 O neoliberalismo teve, no campo da cultura e da ideologia, o êxito do convencimento
a respeito da não existência de outras alternativas para organização e para as práticas
sociais
 Resultado: Hegemonização dos padrões de relação entre estado, sociedade e mercado
1 - Abordagem neoliberal

Pensamento reformista  Fortalecimento dos laços entre escolarização, trabalho,


produtividade, serviços e mercado  Reformas buscam obter um melhor
desempenho escolar  Aquisição de competências e habilidades relacionadas ao
trabalho, controles mais diretos sobre os conteúdos curriculares e sua avaliação,
adoção de teorias e técnicas gerenciais próprias do campo da administração de
empresas  “Gerencialismo” – Reformas em nome da redução dos gastos
governamentais e da busca de um envolvimento direto da comunidade nos
processos das decisões escolares e nas pressões por escolhas conforme os critérios
de mercado.
1 - Abordagem neoliberal

 Economia política clássica  Dela surge a concepção da democracia utilitarista, que


postula a neutralidade do Estado  Adam Smith, Jeremy Benthan e James Mill.
 Ao Estado cabe a guarda de bens essenciais  Educação, defesa e aplicação das leis
 Anos 1970  Milton Friedman e Hayek  Estado é responsável pela produção de
normas gerais (somente). É por isso que neoliberais veem as ingerências estatais como
coibidoras da liberdade individual  Estado Mínimo
 “Defensores do Estado Mínimo, os neoliberais creditam ao mercado a capacidade de
regulação do capital e do trabalho e consideram as políticas públicas as principais
responsáveis pela crise que perpassa as sociedades (AZEVEDO, 2004, p.12)”.
1 - Abordagem neoliberal

 Educação na abordagem neoliberal  Uma das funções permitidas ao Estado


Guardião de Friedman
 A crise dos sistemas educacionais na atualidade são vistos como integrantes da
própria crise que perpassa a forma de regulação assumida pelo Estado no séc.
XX.
 A política educacional, tal como outras políticas sociais, será bem sucedida na
medida em que tenha por orientação principal os ditames e as leis que regem os
mercados: o privado.
2 - Teoria liberal moderna da cidadania

 O bem-estar e a igualdade constituem-se em pré-requisitos indispensáveis ao


exercício pleno da individualidade e da liberdade.
 Construiu-se a partir das lutas históricas dos trabalhadores por emprego e pelos
direitos de proteção ao trabalho. Migração do conceito de caridade para o de
justiça social.
 Concepção de Estado: responsável pela promoção do bem comum 
Contribuições de Durkheim.
2.1 - Abordagem pluralista

 Ponto de partida: captar o modo como as reivindicações e demandas originadas na estrutura


social são processadas pelo sistema político. Pretende-se o desvelamento das estratégias
pelas quais a intervenção estatal é definida e legitimada na busca da realização do bem
comum.
 Nó górdio: PARTICIPAÇÃO POPULAR
 “Reconhecendo, porém, a existência de uma distribuição desigual do poder, os pluralistas
postulam que esta participação deva ser mediada. Já que nem todos os cidadãos são capazes
de atuar como políticos racionais e decidir qual a forma mais adequada de condução das
políticas governamentais, numa democracia representativa os eleitores podem delegar às
elites o poder de tomar as decisões, pois a estas, se atribui a capacidade de agir com maior
grau de racionalidade, posto que detém um maior grau de conhecimento a respeito do social
(AZEVEDO, 2004, p. 25)”.
2.1 - Abordagem pluralista

 Formulação de políticas: os pluralistas tendem a abstrair a articulação entre o


sistema político e a própria sociedade, tratando este sistema como se fora uma
esfera autônoma (desvinculada do todo social).
 Política educacional: educação como um dos mais poderosos meios de
transformação das mentalidades tradicionais em direção à racionalidade.
 “A escola, enquanto uma das principais agências socializadoras, tem por função
inculcar nos indivíduos normas, valores e atitudes que possibilitem a formação
de agentes sociais e políticos, dentro dos marcos racionais requeridos pela
modernidade (AZEVEDO, 2004, p. 28)”.
2.2 - Abordagem social-democrata

 Expoentes dessa corrente: Titmuss, Briggs, Wilenski.


 Preocupados com a crise do Estado de bem-estar social (Welfare State)
 Como transpor estudos que têm como base a Europa, berço do próprio
capitalismo, para países periféricos?
 “Os avanços democráticos nas sociedades capitalistas nunca resultaram de
concessões unilaterais da parte da burguesia; resultaram Da organização, lutas e
pressões do setor popular, que terminaram convencendo a burguesia e/ou os
governos da conveniência (ou necessidade, para preservar o sistema de
denominação social) de convalidar esses avanços democratizantes” (O’DONNELL
apud AZEVEDO, 2004, p. 31-32)”.
3 - Abordagem marxista

 “Abordagem” não seria o termo mais correto  Paradigma contrahegemônico.


 Educação é compreendida como um dos instrumentos de apoio na organização e na luta
do proletariado contra a burguesia.
 Offe e Poulantzas  Expoentes do pensamento marxista
 Política educacional  Offe afirma a importância da educação pública e universal como
mecanismo de sustentação da própria ordem capitalista. Oliveira, de outro lado, procura
demonstrar como o exercício do direito à escolaridade tornou-se um valor que
transcendeu a própria dimensão que lhe conferiu o ethos capitalista. Questão: Offe tem
por referência países de capitalismo avançado. Oliveira afirma que historicamente, no
Brasil, não se constituiu a esfera pública da regulação (Brasil situado na periferia do
capitalismo).
3 - Abordagem marxista

 “Como, pois estas características articulam-se com a política educacional no


Brasil e com a negação do direito ao usufruto da escola básica, direito que,
segundo Offe e outros autores aqui tratados, é essencial para a própria
reprodução da ordem capitalista? Por que, no capitalismo brasileiro, a
escolarização das massas foge a esta regra? E de que modo isto se articula ao
padrão autoritário que rege as relações sociais, e que se configura na ausência da
esfera pública da regulação?” (AZEVEDO, 2004, p. 55).
Referências

ROSA, Júlia Gabriele Lima da; LIMA, Luciana Leite; AGUIAR, Rafael Barbosa de. Políticas públicas: introdução [recurso eletrônico].
Porto Alegre: Jacarta, 2021.

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