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Aula 3
Turma: Ciências Biológicas 4ª fase – 2022/2
Professora Vanessa dos Santos Moura
07/10/2022
A “nova” direita e as
transformações na pedagogia da
política e na política da pedagogia
Tomaz Tadeu da Silva
TURMA DA MÔNICA EM
“CIDADANIA”
“Gibi divulga liberalismo nas escolas”
A razão do déficit, segundo a cartilha liberal (e sua versão infantil, o gibi), é que o
governo atua "em áreas que não deveria".
A revistinha afirma: "com o passar do tempo, o Estado acabou entrando em
outras áreas, extração de petróleo, transporte, turismo, esportes etc." A
publicação está sendo usada para fundamentar debates entre professores e
alunos.
Segundo o gibi, "com tantas atribuições, o governo precisa arrecadar mais, por
isso aumenta os impostos". Em tom "crítico", a revista mostra Cebolinha
espirrando. Ao seu lado, um homem usando uma cartola onde está escrito
"governo" diz: "Será que tem algum imposto sobre espirro?"
“Gibi divulga liberalismo nas escolas”
O gibi foi editado pelo IL (Instituto Liberal) e produzido pelos Estúdios Maurício
de Souza. Segundo Alberto Machado, diretor do IL, seu objetivo é divulgar os
ideais do liberalismo e o conceito de cidadania. Este conceito é colocado como
um "sentimento", que se reflete em fiscalizar a ação dos políticos.
A primeira edição do gibi foi de 500 mil exemplares, ao custo de US$ 60 mil,
patrocinado pelo Bradesco, Citibank, Unibanco, Shopping Eldorado e Metalac.
“Gibi divulga liberalismo nas escolas”
A diretora de Orientação Técnica da Secretaria de Educação, Kátia Issa Drugg, diz que
as crianças da rede municipal receberam o gibi quando visitaram a 1ª Feira da
Cidadania, promovida pelo Instituto Liberal, em maio do ano passado. "Algumas
escolas não receberam e pediram exemplares. Os pedidos foram encaminhados para
o instituto", diz.
Kátia afirma que a secretaria apenas autorizou a distribuição dos gibis: "as
ideologias devem ser discutidas nas escolas. Não há problema nisso",
afirmou. Segundo ela, "as diretoras das escolas não podem selecionar
ideologicamente o material que recebem sob pena de serem acusadas de
partidarismo", diz.
PARA REFLETIR...
CAPÍTULO III
DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO
Seção I
DA EDUCAÇÃO
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;
III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente
por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei;
VII - garantia de padrão de qualidade.
VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos termos de lei federal.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
IX - garantia do direito à educação e à aprendizagem ao longo da vida. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
Tese do texto de Silva:
“Um projeto alternativo que possa servir de contraposição à ofensiva neoliberal não terá nenhum sucesso
se não compreender primeiro como funciona essa nova economia do afeto e do sentimento, na qual a
apropriada utilização da mídia adquire um papel central. (...) Qualquer tentativa intelectualista e
racionalista de apenas refutar de forma lógica os “argumentos” neoliberais está longe de compreender os
mecanismos envolvidos na economia política dos sentimentos populares habilidosamente utilizada pelos
pedagogos da livre iniciativa e do livre mercado. A luta entre sistemas alternativos de sociedade não é
uma luta intelectual entre atores bem intencionados para determinar qual o melhor sistema de sociedade
(...) mas uma luta em torno de recursos materiais, na qual uma variedade de instrumentos culturais e
simbólicos são utilizados para produzir visões e conceitos sociais conflitantes” (SILVA, 2007, p. 15-16).
HERMENÊUTICA
“A presente ofensiva neoliberal precisa ser vista não apenas como uma luta em
torno da distribuição de recursos materiais e econômicos (o que ela também é),
nem como uma luta entre visões alternativas de sociedade (idem), mas
sobretudo como uma LUTA PARA CRIAR AS PRÓPRIAS CATEGORIAS, NOÇÕES E
TERMOS através dos quais se pode nomear a sociedade e o mundo” (SILVA, 2007,
p. 16).
DEMIURGO – o “dador” de nomes
HISTORICIDADE DOS CONCEITOS
APAGAMENTO PROPOSITAL DA HISTÓRIA E, HOJE, DA CIÊNCIA
“A intromissão de pessoas alheias ao campo da educação no fazer pedagógico,
justificada pelo simples fato de serem pagantes das escolas, de uma forma ideológica,
raivosa e desprovida de reflexão crítica, tem contaminado a saúde psicológica dos
professores”, pontua o dirigente sindical. “Isso somado a ameaças e exposição nas redes
sociais. O que leva ao sofrimento desses profissionais, que acabam não encontrando nas
suas próprias escolas a defesa de que precisam”.
Este não é o primeiro caso ocorrido este ano. Em março, um comentário que criticava o
desperdício de água por latifundiários, postado no perfil pessoal em uma rede social
pelo professor Ronan Moura Franco, do Colégio Marista Sant’ana, de Uruguaiana, virou
pretexto para uma campanha de ódio, difamação e ameaças protagonizada nas redes
sociais por pessoas ligadas ao agronegócio, muitas delas alheias à comunidade escolar. A
escola cedeu à pressão e demitiu o professor.
“(...) a estratégia liberal de retirar a educação institucionalizada da esfera pública
e submetê-la às regras do mercado significa não mais liberdade (a palavra-fetiche
da retórica neoliberal) e menos regulação, mas precisamente mais controle e
“governo” da vida cotidiana na exata medida em que a transforma num objeto de
consumo individual e não de discussão pública e coletiva. Nesse caso, menos
governo significa mais “governo”” (SILVA, 2007, p. 18).
Questão: por quais
motivos a escola
pública está em crise?
RESPOSTA DE SILVA:
“As escolas privadas não são mais eficientes que as escolas públicas por causa de alguma qualidade
inerente e transcendental da natureza da iniciativa privada (o contrário valendo para a administração
pública), mas porque um grupo privilegiado em termos de poder e recursos pode financiar
privadamente uma forma privada de educação (sem esquecer a vantagem de capital cultural inicial – de
novo resultante de relações sociais de poder – de seus/suas filhos/as, em cima do qual trabalham as
escolas privadas)”.
“As escolas públicas não estão no estado que estão simplesmente porque gerenciam mal seus recursos
ou porque seus métodos ou currículos são inadequados.”
É PRECISO QUE ISSO FIQUE CLARO: HÁ UMA DECISÃO POLÍTICA POR TRÁS DISSO.
A EDUCAÇÃO PÚBLICA VEM CONSTANTEMENTE SENDO SUCATEADA COMO UM
PROJETO PARA DESTRUÍ-LA.
“Elas (as escolas públicas) não têm os recursos que deveriam ter porque a
população a que servem está colocada numa posição subordinada em relação às
relações dominantes de poder (SILVA, 2007, p. 20)”.