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HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA: PERSPECTIVAS POLÍTICO SOCIAIS E

POLÍTICO ECONÔMICAS

Kamila Rodrigues Ribeiro 1

O presente estudo traz consigo a proposta de discutir a educação contemporânea,


para tanto foi realizada uma breve introdução situando o assunto e aspectos históricos
ao qual nos trouxeram o formato da educação atual e suas relevâncias políticas,
econômicas e sociais. Em seguida têm-se um apanhado histórico sobre a educação no
Brasil, discutindo a educação desde o tempo colonial com a educação dos Jesuítas até os
dias atuais onde se contextualiza o Brasil Na era colonial, que foi submetido à coroa
portuguesa, inclusive no que tange à educação, trouxeram um modelo fundamentado na
obra dos Jesuítas através da Companhia de Jesus.

Em 1549 os jesuitas - ordem religiosa católica chamada


Companhia de Jesus,fundada por Inácio de Loyola, em 1534 -
chegaram ao Brasil e permaneceram até 1759, comandando a
educação, baseados nos métodos e conteúdos da Ratio
Studiorum. (Moacir Gadotti, 1987: 72).

O ensino no Brasil-colônia era permitido aos filhos primogênitos ou aos filhos


homens que seriam os sucessores dos pais. O alicerce da educação no Brasil constituía-
se nos dogmas religiosos, na autoridade, na tradição literária, no descaso com a ciência
e com a arte. Essa educação catequista cedeu lugar à educação da burguesia, aparecendo
no cenário do país após a expulsão dos Jesuítas em 1759.

A saída dos Jesuítas do Brasil deu início na entrada do Estado na educação.


A proposta não trouxe avanços educacionais, continuaram com perspectivas
dogmáticas, autoritárias, acessibilidade burguesa do período colonial ao imperial o que
ocasionou influências e mudanças apenas no período Republicano.

Em 1759, os jesuitas foram expulsos do reino português,


inclusive do Brasil, sob a alegação de obscurantismo cultural e
envolvimento político. (Moacir Gadotti, 1987: 74).

1
Graduada em Serviço Social pela Universidade Estadual de Montes Claros e graduanda na pós
graduação Didática e Metodologia do Ensino Superior pelo departamento de Métodos e técnicas
Educacionais – DMTE da Universidade Estadual de Montes Claros- UNIMONTES
No inicio do século XIX, sob influência do desenvolvimento da Indústria e de
uma conscientização da classe operária, mão de obra especializada, a população vai
reivindicar escolas e ensinos básicos e técnicos de qualidade.

Por volta de 1800, no Brasil, foram construídas algumas escolas primárias,


secundárias e seminários de cunho eclesiástico e privado. Já o ensino superior, surge
com o Príncipe D. João VI. Segundo Romanelli, (1998:33), “a valorização do ensino
superior por parte do Príncipe, serviu somente ao motivo de proporcionar educação para
uma elite aristocrática e nobre que compunha a corte. Os outros níveis de ensino
ficaram em total abandono”.

Segundo Demerval Saviani 1997, em 1834, o império outorga que o ensino


superior seria de sua responsabilidade e delega às províncias (que seriam hoje, os
Estados) o direito de legislar sobre a instituição pública.

A constituição de 1891 reservou à União o direito de criar instituições de ensino


secundários e superiores nos Estados. Aos Estados foi outorgado o dever e a
competência com o ensino primário.

Para Demerval Saviani 1997, os anos 30, foram importantes no processo de


expansão do ensino público, partir da modernização do processo produtivo e da
economia. Surgem, assim, novos anseios educativos. O Brasil está em pleno
desenvolvimento, a educação necessita se adequar a essa realidade. Nessa perspectiva,
há uma expansão da escola para a preparação para mão-de-obra especializada.

Com as relações de produção, emergiram os movimentos sociais e as lutas de


classe. O embate por escolas e por educação são influenciadas por essa realidade
econômica e social. De um lado a elite, com a pretensão de controlar o ensino, limitando
o número de escolas e editando leis. Do outro, havia a pressão social por uma educação
mais democrática.

Segundo Moacir Gadotti 1992, o Ensino, a Escola e a Educação Pública no país


até então tem servido à uma minoria da população e não contribui para o favorecimento
de uma sociedade que corresponda aos ideais da cidadania. Pelo contrário, o ensino
brasileiro prima pela divisão do trabalho manual e trabalho intelectual, estabelece assim,
a divisão de classe e é definitivamente excludente.

Em subsequência destacamos a educação contemporânea brasileira, resgatando e


refletindo acerca dos aspectos políticos sociais e políticos econômicos que assolam as
escolas e o ensino.

No Brasil a Escola tem sido, até nossos dias, a serviço de uma classe da
sociedade que tenta perpetuar seu poder. Nota-se que há uma continuidade da
Instituição Escola em servir a uma pequena parcela da sociedade.
O Projeto para a educação, apresenta-se como econômico, porque visa à preparação de
mão-de-obra para o trabalho. Este projeto tem sido considerado por teóricos como Pablo
Gentili 1994, hegemônico do ponto de vista dos bens de produção e individuais do
ponto de vista social e de acessos a tais bens.

Afinal, o Estado tem priorizado o político social ou o econômico em se tratando


de política educacional? Para Moacir Gadotti 1990, as ações por parte do Estado, que se
direcionam à educação, tem sido elaboradas de forma intencional e objetiva. Os
interesses das políticas educacionais são pontuais, desde a perpetuação do poder do
Império até os enfoques mercantilistas e economicistas da atualidade. A educação tem
sido uma “arma“ do Estado contra as forças opositoras ao poder estabelecido.

“A educação brasileira limitou-se, ao longo de sua história, a


atender aos interesses das elites, visando formar, entre elas, os
dirigentes, e tendo-se voltado para o povo apenas nos limites da
formação de mão-de-obra e de inculcação ideológica para
direcionar a escolha dos governantes”. (Saviani, 1997:66).

Analisando o contexto histórico, a escola vem pregando e defendendo que seu


papel é o de formar os indivíduos para a sociedade. Essa mesma sociedade da forma
como está estruturada não comporta os homens e mulheres com saberes e entendimento
da vida que na escola aprendem. A problemática está fundamentada em um sistema
econômico ideológico (capitalismo) que a própria escola contribui para se propagar. Seu
projeto pedagógico não tem uma análise social do homem na universalidade. Mas sim, a
ação humana na perspectiva de mero ser produtivo e reprodutivo das mazelas do
sistema vigente.

Para Gentili 1994, Sabe-se que há resistências no campo progressista


educacional, mas a política que se afirma na educação nacional não foge à regra do
campo ideológico neoliberal O supracitado autor destaca outra característica neoliberal,
a compreensão de que o mercado é o único setor e instrumento capaz de regular os
interesses e as relações sociais. O setor público, no caso o Estado, é responsável por
toda a crise pela qual a sociedade passa. Essa é a base de sustentação do neoliberalismo:
o Estado é insuficiente para administrar o setor público, enquanto o setor privado é
considerado altamente eficiente.

Demerval Saviani 1997, esclarece que os estabelecimentos de ensino não estão


apresentando qualidade desejada. Os neoliberais afirmam que a escola não vive mais a
falta de democratização e sim uma crise de cunho administrativo. Assim se encontra o
setor educacional, administrado por quem não sabe. Os seus administrados são os
professores que por sua vez, representam a ineficácia do Estado. Esta lógica também
afirma que recursos financeiros não faltam, o que falta é uma melhor distribuição e uso
adequado dos mesmos. Além de afirmar que o Estado é assistencialista e ineficaz.

Com os argumentos apresentados a alternativa encontrada é a reforma. E isso


que vem acontecendo com a educação brasileira nas duas últimas décadas. O Estado
controlou e reformou a Constituição Federal de l988 com a Emenda Constitucional nº
14, que fundamentou a lei 9424/96 – FUNDEF. Esta lei possibilitou a municipalização
do Ensino Fundamental e delegou às prefeituras a administração da educação. Outro
exemplo de mudança foi a promulgação da LDB 9394/96 que derrubou a expectativa de
se criar um Sistema Nacional de Educação, que teria um caráter unificador de propostas
educacionais para a população brasileira considerando, os fins sociais do ensino.

Como afirma Dermeval Saviani 1997, a Instituição Escola se corporifica através


de seus (as) profissionais que carecem de tomar a frente do projeto político da Escola e
não permitir o uso ideológico das ações, “impor uma resistência ativa”. Homens e
mulheres trabalhadores (as) na Escola precisam acreditar nessa Instituição e mudá-la a
partir de suas ações politizadas em nome de um povo mais consciente.

Não se pode continuar com a os erros históricos da formação do povo brasileiro.


É necessário formar cidadãos politizados capazes de lutar pelos seus ideais e aptos em
usar sua voz como libertadora em prol do bem comum saindo dos dogmatismos
passados. Tem-se que Colocar os profissionais e a população como atores ativos nas
lutas por educação e um ensino de qualidade. E de suma importância destacar a
importância de desvincular a escola como mercantilização de ensino, para formadora de
cidadãos com senso crítico e capazes de compreender a importância de lutar por uma
educação com integralidade e igualdade.

Por fim, as considerações tecidas ao fim deste trabalho procura acrescentar no


cenário contemporâneo da educação brasileira questionamentos e possíveis alternativas
para aprimorar e qualificar as escolas e o ensino. Viu-se a necessidade desta pesquisa
uma vez que, observa-se uma educação contemporânea escrava da mercantilização,
repleta de valores econômicos e deixando a margem o objetivo maior do ensino que é a
formação de cidadãos.

A apresentação oral do estudo se faz necessária para que tenhamos professores,


graduandos, graduados refletindo sobre a educação atual e propondo métodos, técnicas
e práticas para aprimorar a realidade. Destaca-se que foram utilizadas análises
bibliográficas adotando dados qualitativos tendo como metodologia a dialética. Esta
pesquisa assume relevância social por trazer para discussão em sociedade o ensino
contemporâneo fazendo paralelo com aspectos históricos da educação brasileira.
Pesquisas em educação são de extrema importância, visto a necessidade de
aprimoramentos na área, tanto do sistema vigente quanto dos profissionais que nele
atuam.
REFERÊNCIAS

Freire, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa.


São Paulo,SP: Paz e Terra, 1996. (Coleção Leitura).

GADOTTI, Moacir. Pensamento pedagógico brasileiro. São Paulo. Ática, 1987.

----------. Uma só escola para todos: caminhos da autonomia escolar.


Petrópolis,Vozes, 1990.

----------. Escola cidadã: uma aula sobre a autonomia da escola. São Paulo,
Cortez,1992.

GENTILLI, A.A. & SILVA, Tomaz Tadeu. Neoliberalismo, Qualidade Total e


Educação. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994, p. 113-117.

I CONED – Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública. Relatório com as


Diretrizes do I Congresso Nacional de Educação. Belo Horizonte-MG, 1997.

III CONED – Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública. Relatório III Coned.
Plano Nacional de Educação. Porto Alegre, RS, 1999, p. 7-19.

ROMANELLI, Otaíza de Oliveira. História da Educação no Brasil.


1930/1973. Petrópolis, RJ: Vozes, 1978, p. 33-46.

SAVIANI, Dermeval. A resistência ativa contra a nova lei de diretrizes e


bases da educação nacional. Revista Princípios, São Paulo: Editora Anita Garibaldi,
1997, p. 66-72.

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