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No capitulo V, o autor aborda o golpe civil-militar, como uma estratégia da classe elitista em
se manterem com os privilégios o qual detinham, pois se sentiram ameaçados pelas reformas de base
proposta pelo governo de Goulart, e passaram a fazer forte oposição. Um importante marco que
trouxe muitas influências ao processo de ensino, ele defende a ideia de golpe fazendo uma critíca a
contemporaneidade sobre movimentos que defendem o período como “revolução”. Possuí uma
linguagem com um tom até agressivo, demonstrando seu total repúdio a estes movimentos.
Com este golpe em 1964, é um processo onde a educação seguiu rumo ao projeto que surgirá
em 1990 citado no capitulo 1 desta obra, uma educação calcada nas regras de mercado, conceito de
qualidade restrito e operativo, ligada a meritocracia e parceria com o privado. Podemos dizer que
neste período a educação foi um dos pilares dos militares, como afirma Patrícia Sposito Mechi, no
relatório da comissão da verdade de são paulo:
A educação foi uma das grandes preocupações dos grupos que atuaram no
âmbito do Estado após 1964, pois o regime necessitava, tanto de técnicos
altamente qualificados quanto de mão-de-obra desqualificada. Mão-de-obra
desqualificada e “dócil”. A rede física foi expandida, um maior número de
pessoas pôde freqüentar a escola e nela aprendiam que o Brasil era um país
democrático, católico e alinhado ao mundo Ocidental. O investimento em
educação, porém, não permitia que se absorvesse toda a demanda escolar.
Os recursos para a educação foram minguando ao longo do período
ditatorial, pois a prioridade do regime era o desenvolvimento acelerado. [...]
a desigualdade social não diminuiu, ao contrário, aprofundou-se. O setor
educacional foi alvo constante dos ataques do governo. Qualquer forma de
discordância era logo taxada de “subversiva” ou “comunista”, e seu autor
era banido dos meios acadêmicos. O movimento estudantil sofreu muitas
baixas, até que perdeu sua força, mantendo-se quase inerte nos anos mais
truculentos da ditadura. Essa foi a outra forma de educar encontrada pelo
regime: disseminando o terror, para desencorajar atitudes de apoio ao
“subversivos” ou “comunistas”. A educação funcionou durante a ditadura
militar como uma estratégia de hegemonia. O regime procurou difundir seus
ideais através da escola, buscando o apoio de setores da sociedade para seu
projeto de desenvolvimento, simultaneamente ao alargamento controlado
das possibilidades de acesso ao ensino pelas camadas mais pobres. (p. 2 e 3)
Tais ações são abordados com clareza na construção do texto onde o autor afirma que o Brasil
possui em sua história muitas dificuldades para que se estabeleça uma educação democrática,
universal e de qualidade, cabe aos defensores da educação a pesquisa e lutar por politicas que
garantam uma efetiva educação democrática.
a) nunca houve na história do Brasil a construção de uma sociedade política
que perseguisse firmemente e de maneira contínua a construção de uma
democracia burguesa. Não foi assim na colonização, não foi assim no
Império e não foi assim na República. Então, mesmo essa democracia
limitada, porque burguesa, não é o forte da prática da vida social brasileira.
Prevalece a vigência de uma sociedade conservadora e reacionária
estruturalmente. Não é nem mesmo a questão de uma legislação
democrática, pois embora ela possa existir, a sociedade não a executa. b) as
desigualdades sociais, raciais e de gênero são impeditivas para a construção
democrática. c) os antagonismos que afloraram na luta de classes foram
sempre resolvidos por golpes políticos, ditaduras e repressão. Assim, o
retorno a essas práticas que se tornaram “triviais” não deve nos pegar de
surpresa, embora houvesse esperanças de que elas não mais aconteceriam.
(p. 124 e 125).
referências:
Comissão da verdade. Disponível em:
<https://www.pucsp.br/comissaodaverdade/dowloads/movimento-estundantil/documentos/
I_Tomo_Parte_1_O-legado-da-ditadura-para-a-educaçao-brasileira.pdf>. Acesso em: 01/12/2018