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Belém/PA
2019
Doriedson Pereira de Araujo
Belém/PA
2019
1. INTRODUÇÃO
O Esmeraldo de situ orbis é um manuscrito de autoria do cosmógrafo português Duarte
Pacheco Pereira.
Dedicada ao rei D. Manuel I de Portugal (1495-1521), a obra foi montada em cinco
partes, com um total de duzentas páginas, em 1506. Conforme descrito nas próprias
palavras do autor, trata-se de uma obra de "cosmografia e marinharia". Apesar do título
em latim, foi escrita em língua portuguesa, contendo as coordenadas
geográficas de latitude e longitude de todos os portos conhecidos no seu tempo.
2. QUATRO LIVROS
A obra está dividida em quatro livros, ainda que seja impressa num único volume:
Prólogo
Primeiro Livro : (inclui Descobrimentos do Infante D. Henrique) - 33 capítulos
Segundo Livro : Descobrimentos de D. Afonso V - 11 capítulos
Terceiro Livro : Descobrimentos de D. João II - 9 capítulos
Quarto Livro : Descobrimentos de D. Manuel - 6 capítulos
Duarte Pacheco Pereira faz referência a vários mapas inclusos, mas que desapareceram
por completo.
4. DESCOBRMENTO DO BRASIL
Em relação ao descobrimento do Brasil, apresenta informações no segundo capítulo da
primeira parte. Resumidamente, o trecho relata:
"Como no terceiro ano de vosso reinado do ano de Nosso Senhor de mil
quatrocentos e noventa e oito, donde nos vossa Alteza mandou descobrir a parte
ocidental, passando além a grandeza do mar Oceano, onde é achada e navegada
uma tam grande terra firme, com muitas e grandes ilhas adjacentes a ela e é
grandemente povoada. Tanto se dilata sua grandeza e corre com muita longura,
que de uma arte nem da outra não foi visto nem sabido o fim e cabo dela. É
achado nela muito e fino brasil com outras muitas cousas de que os navios nestes
Reinos vem grandemente povoados."[2]
É, assim, o primeiro roteiro de navegação português a mencionar a costa do Brasil e a
abundância de pau-brasil (Caesalpinia echinata), nela existente. No Atlântico Sul, entre
as ilhas oceânicas, apresenta, com suas "ladezas" (latitudes) conhecidas à época:
5. UM MANUSCRITO SECRETO
O manuscrito era, de fato, tão precioso, que, em 1573, uma cópia foi remetida
secretamente para Filipe II da Espanha por um espião italiano, Giovanni Gesio, a
serviço na embaixada espanhola em Lisboa. Pela missão, Gesio foi regiamente
recompensado, encontrando-se o recibo do pagamento pelos seus serviços atualmente
na biblioteca do Mosteiro do Escorial, na Espanha.
O manuscrito só veio a ser publicado em 1892, a partir da localização de duas cópias: a
primeira numa biblioteca de Lisboa e a outra na cidade portuguesa de Évora.
De acordo com um dos mais importantes biógrafos de Duarte Pacheco Pereira, o
historiador português Joaquim Barradas de Carvalho, que viveu exilado no Brasil
na década de 1960, o "Esmeraldo de situ orbis", mais do que um roteiro de viagem, é
uma obra de erudição e uma síntese de todos os conhecimentos de navegação
acumulados pelos portugueses nos séculos XIV e XV.