Você está na página 1de 6

FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO


Licenciatura de Educação Básica – 2.º Semestre
1.º Ciclo/ 1.º Ano – Estudo do Meio II

Leonor de Sousa Camacho, N.º 2109321


Sara Francisca Santos Barbeito, N.º 2109521

A EXPANSÃO PORTUGUESA: AS PRINCIPAIS


ETAPAS

Funchal
2021
Resumo

O tema deste trabalho é “A Expansão Portuguesa: as principais etapas”, cujo


principal objetivo é analisar as várias fases dos Descobrimentos e compreender quais as
melhores abordagens a adotar, de acordo com esta faixa etária. Este é desenvolvido a
partir de documentos e artigos históricos e científicos de diversas autorias.

PALAVRAS-CHAVE: Expansão; Descobrimentos; Portugal; Marítima

Introdução

No âmbito da unidade curricular de Estudo do Meio II, foi-nos proposto pela


docente Ana Almeida, a elaboração de um trabalho escrito, a pares, sobre um tópico, à
escolha, contido no programa.
O tema abordado pelo par foi “A Expansão Portuguesa: as principais etapas”, com
intuito de explorar e aprimorar os conhecimentos sobre esta temática bem como
entender o seu enquadramento em contexto escolar.
Segundo o Dicionário de Língua Portuguesa, os Descobrimentos foram um
“período histórico de expansão marítima, sobretudo nos séculos XV e XVI, durante o
qual os navegadores encontraram territórios até então desconhecidos”, ou seja, uma
época fundamental para a descoberta do mundo.
Em Portugal, na dinastia de Avis, mais propriamente, no reinado de D. João I,
deu-se início à expansão marítima portuguesa, sendo a primeira conquista a tomada de
Ceuta, em 1415.

Desenvolvimento

Devido às consequências da guerra da independência, Portugal encontrava-se num


estado precário, uma vez que havia falta de alimentos, riqueza e população, mas, em
contrapartida, localizava-se numa área geograficamente conveniente, eram um povo
culto, de saberes relacionados com a navegação e a pesca. Assim sendo, graças a estes
fatores, o país sentiu necessidade de expandir o seu território e progredir a sua
participação no comércio. Deste modo, é a partir do século XV, no reinado de D. João I,
que se dá o início da expansão marítima portuguesa.
De facto, os vários grupos sociais tinham diferentes interesses, ao realizar esta
expedição, sendo a procura de riqueza, de comércio e de melhores condições de vida,
objetivos gerais.
Primeiramente, este fenómeno iniciou-se com a conquista de Ceuta em 1415, a
qual teve uma extrema importância para a continuação de descobertas de novas terras.
Ao comando de D. João I, as tropas portuguesas invadiram a cidade islâmica, situada no
norte de África, e, posto isto, o rei alcançou um local comercial crucial, assim como a
admiração da Igreja, que aprovava o combate contra os infiéis do Cristianismo, e de
outros membros das cortes europeias. Desta forma, segundo Peres (1943), “a África
constituiu o primeiro e o mais constante dos objectivos do Infante”, uma vez que a
conquista da referida cidade foi bem sucedida, fazendo com que os navegadores
prosseguissem a sua viagem.
Mais tarde, em 1418/1419, deu-se a descoberta do arquipélago da Madeira, sendo
colonizado a partir de 1422, por agricultores, membros da família dos descobridores
(João Gonçalves Zarco, Tristão Vaz e Bartolomeu Perestrelo), condenados, artesãos,
entre outros. Nesta ilha, introduziram um dos maiores e mais lucrativos produtos do
comércio português, a cana de açúcar, na metade do século XV. Após alguns anos, foi
descoberto o outro arquipélago de Portugal, o dos Açores, em 1427. Diogo de Silves foi
o responsável pela exploração dos Açores, sendo que, nos anos seguintes, foram
executadas expedições às restantes ilhas deste arquipélago. Assim como a Madeira, há
notícias e documentos sobre a existência dos Açores, anteriormente à chegada dos
portugueses.
Segundo Azurara, citado por Peres (1943), “situa em 1434 a ultrapassagem do
Bojador, dizendo-a realizada por Gil Eanes no remate duma série de infrutíferas
tentativas, a última das quais realizada no ano anterior por êsse mesmo navegador”, isto
é, os portugueses, ao comando de Gil Eanes, atravessaram o Cabo Bojador,
anteriormente, denominado “fim do mundo”. Consequentemente, navegavam com o
objetivo de transpor este cabo, visto que, devido à falta de conhecimentos geográficos,
achavam que era o limite da costa ocidental africana. Com a passagem deste,
continuaram assim a sua jornada, percorrendo o litoral de África, em direção ao Sul.
Ainda sobre as conquistas do país africano, em 1444, os portugueses alcançaram a
costa da Guiné, que se situava a sul do Cabo Bojador. Posteriormente à derrota em
Tânger, no ano 1437, onde Portugal perde para os muçulmanos a cidade de Ceuta,
existe um maior investimento na procura direta da matérias-primas.
Seguidamente, desde 1456, foram descobertas as dez ilhas, que constituem o
arquipélago de Cabo Verde, sendo este um ponto geográfico crucial nas rotas
comerciais do Brasil e da Índia. O tráfico de escravos destinados para a América era
uma das formas de comércio, embora, a partir do século XVIII entrasse em decadência.
Entretanto, Bartolomeu Dias foi o primeiro homem da Europa a transpor o Cabo
da Boa Esperança, em 1488. Já havia conhecimentos sobre a costa africana ocidental,
mas existiam dúvidas sobre a ligação deste ao oceano Índico. Posto isto, é depois deste
acontecimento que se inicia a descoberta do caminho marítimo para a Índia.
Devido à vasta exploração de territórios de Portugal e Espanha, outro marco
importante foi a assinatura do Tratado de Tordesilhas, que consistia numa divisão do
Oceano Atlântico, numa linha de 370 léguas a oeste de Cabo Verde, onde os territórios,
conhecidos ou desconhecidos, a Oeste ficavam à responsabilidade de Espanha e a Leste
pertenciam a Portugal. Este tratava-se de uma decisão bilateral, deixando outros países
europeus de fora, uma vez que não lutavam por esta área.
Como referido anteriormente, o caminho para a Índia ainda estava por descobrir.
Então, em 1497, Vasco da Gama partiu de Lisboa com este objetivo. E, só no ano
seguinte, em 1498, é que as naus portuguesas chegaram a Calecut, abrindo portas a uma
nova rota comercial, mais propriamente entre a Europa e a Ásia.
Após o regresso desse navegador, seguiu-se um segundo conjunto de embarcações
com o mesmo destino, coordenados por Pedro Álvares Cabral. Durante a viagem, foi
feito um desvio que proporcionou a descoberta do Brasil, fazendo com que, em 1500,
tenham atracado nas terras de Vera Cruz. Esta ocorrência é caraterizado como um
acidente, mas existem crenças de que já havia conhecimentos sobre a localização deste
continente. Com isto, os portugueses relacionaram-se com os índios e espalharam a sua
fé cristã.
Os lusitanos ainda alcançaram algumas terras a Oriente, para além da Índia, como
a China, sendo Jorge Álvares o responsável por essa chegada, em 1513. Posto isto,
criaram um porto de trocas comerciais, em 1557, na região de Macau. Ainda assim,
Portugal descobriu a terra de Timor, em 1512, tendo aí construído a sua fortaleza no ano
de 1515, que se manteve até 1975.
Por fim, é importante realçar e louvar a volta ao mundo, que contou com 234
homens, apesar de apenas 18 terem concluído a viagem. Esta teve início em 1519, tendo
sido planeada e realizada, em destaque, por Fernão de Magalhães, que faleceu no
decorrer dessa, em 1521. Após a morte deste, Sebastián Elcano assumiu o cargo de
capitão e planeou o regresso, que durou cerca de três anos, dando-se por concluída no
dia 6 de setembro de 1522. Para além disso, foi recompensado pelo rei de Espanha à
chegada, mas, infelizmente, o principal responsável, Fernão de Magalhães, só recebeu o
devido mérito muito depois, sendo reconhecido como um elemento fundamental nas
navegações e no descobrimento do mundo.
Num contexto escolar, o tema da “Expansão marítima portuguesa” está incluído
nas “Orientações Curriculares e Programas” de 2.º Ciclo, mais propriamente na
disciplina de História e Geografia de Portugal. Existem variadas formas e métodos de
aprendizagem para o ensino desta matéria, cabendo ao professor adotar a mais
adequada, de acordo com os seus alunos e as capacidades cognitivas destes.
Um exemplo significativo é a utilização de frisos, de maneira a que haja uma
perceção mais clara dos acontecimentos e da sua ordem cronológica, mais
especificamente entre os séculos XV e XVI. O “contar uma história”, juntamente com a
menção de curiosidades sobre os episódios históricos, é outra abordagem eficaz no
ensino dos Descobrimentos, visto que é uma atividade mais lúdica e cativante, que capta
a atenção dos alunos mais facilmente. Para além disto, o uso de cartazes chamativos
sobre as várias conquistas e descobertas, de modo a apelar a visualização destas e a
respetiva compreensão, é um método que estimula a memória visual. Por último, a
forma mais recorrente de ensino é a presença de tabelas-síntese nos manuais, contendo
as informações base, como o nome, a data e a explicação do sucedido, resumidamente.

Conclusão

Em suma, os séculos XV e XVI foram marcados pela expansão marítima, sendo


indispensáveis para o desenvolvimento económico, social e religioso de Portugal, uma
vez que os portugueses conseguiram expandir os seus territórios, criar novas rotas
comerciais, espalhar a fé cristã, a língua portuguesa, os seus costumes e aprimorar os
seus conhecimentos sobre o mundo e a navegação. Assim, devido ao sucedido, o país
tornou-se num grande ponto comercial, a nível mundial, e num produtor de novas
embarcações para a realização de extensas viagens marítimas, transformando homens
em navegadores com qualidade e experientes.
Referências

Andrade, S. (2012). Diário do Tempo. RTP Ensina.


https://ensina.rtp.pt/artigo/descoberta-do-brasil/

Crespo, M. (1998). Os Portugueses e o cabo da Boa Esperança. RTP Ensina.


https://ensina.rtp.pt/artigo/bartolomeu-dias/

Cuyvers, L. (1998). Na rota do Oriente - A Barreira do Medo. RTP Ensina.


https://ensina.rtp.pt/artigo/gil-eanes-dobra-o-cabo-bojador/

Paulino, F. F. (2020). A Madeira e a Viagem do Açúcar - Dá Polinésia à Madeira. RTP


Ensina. https://ensina.rtp.pt/artigo/historia-dos-primeiros-cem-anos-da-madeira/

Peres, D. (1943). História dos Descobrimentos Portugueses. Portucalense Editora.

Pinto, P. S. (2017). Os Dias da História - assinatura do tratado de Tordesilhas. RTP


Ensina. https://ensina.rtp.pt/artigo/assinatura-do-tratado-de-tordesilhas/

Pinto, P. S. (2017). Os Dias da História - O regresso da Nau Vitória. RTP Ensina.


https://ensina.rtp.pt/artigo/a-nau-vitoria-completa-a-primeira-volta-ao-mundo/

RTP (2013). Cronologia dos Descobrimentos. RTP Ensina.


https://ensina.rtp.pt/artigo/timeline-descobrimentos/

RTP (1994). O Mar e a Terra - Arquipélago da Esperança. RTP Ensina.


https://ensina.rtp.pt/artigo/nas-ilhas-de-cabo-verde/

Saraiva, J. H. (2002). Horizontes da Memória - A tomada de Ceuta. RTP Ensina.


https://ensina.rtp.pt/artigo/a-conquista-de-ceuta-um-dia-de-combate/

Silva, A. (2006). Aconteceu - Descoberta do caminho marítimo para a India. RTP


Ensina. https://ensina.rtp.pt/artigo/expedicao-india/

Você também pode gostar