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As Grandes Navegações

As Grandes Navegações foram navegações oceânicas realizadas ao longo do século XV que permitiram a
exploração do Oceano Atlântico. Foram possíveis graças à acumulação de conhecimento náutico e à
chegada de novas tecnologias que facilitaram a navegação. O país que possuiu as condições necessárias
para iniciar as Grandes Navegações foi Portugal. Ao longo do século XV, Portugal organizou inúmeras
expedições no Oceano Atlântico, tendo como ponto de partida a conquista de Ceuta, em 1415. Os
portugueses chegaram a uma série de ilhas no Atlântico, encontraram uma rota alternativa para a Índia, e
chegaram ao Brasil no final do século XV. Os espanhóis, por sua vez, chegaram à América primeiro, em 1492.

Pioneirismo português

A exploração do Oceano Atlântico sempre foi algo que intrigou os europeus, e, desde o período medieval,
alguns avanços permitiram que ela fosse possível. Um dos primeiros povos europeus a lançarem-se numa
exploração oceânica foram os nórdicos, que, no final do século VIII, alcançaram a Inglaterra, e, a partir daí,
chegaram à Islândia, no século IX, e à América do Norte, no final do século X.

O acúmulo de conhecimento náutico e o desenvolvimento de novas tecnologias possibilitaram que as


Grandes Navegações se iniciassem no século XV, e os portugueses são considerados os pioneiros nesse
processo. Isso aconteceu porque Portugal reunia uma série de condições que permitiram que o país se
lançasse na navegação e exploração do Oceano Atlântico. Portugal reunia condições políticas, econômicas,
geográficas, e até mesmo a sociedade portuguesa abraçou a exploração marítima. No longo prazo, sabemos
que isso fez com que Portugal chegasse a locais até então desconhecidos para os europeus em geral. Novos
caminhos foram descobertos e novos comércios foram abertos para eles. Contudo, por que Portugal foi o
país pioneiro nas Grandes Navegações? Os fatores são variados e podemos começar pela estabilização
política. Desde o final do século XIV, quando aconteceu a Revolução de Avis, Portugal gozava de
uma monarquia consolidada e um poder político estável nas mãos da dinastia de Avis. Outras regiões da
Europa, como a Espanha, passavam por grandes conflitos de poder.

Além disso, Portugal gozava de unificação territorial, uma vez que a última parcela do território português foi
anexada ao reino na metade do século XIII, quando a região de Algarve foi reconquistada e os mouros foram
expulsos dela. Novamente em comparação com a Espanha, o reino de Castela travou conflitos contra os
mouros durante o século XV, e o reino de Aragão travou conflitos com a França por territórios no mesmo
século.

Na questão econômica, Portugal era um importante centro de comércio, e sua principal cidade, Lisboa, desde
o século XIII, já mantinha contatos comerciais de longa distância. Outro fator que não podemos esquecer é
a localização geográfica de Portugal. Esse país tem todo o seu litoral voltado para o Oceano Atlântico. Além
disso, Portugal fica muito próximo das correntes marítimas do Atlântico, o que facilitava e incentivava a
navegação desse oceano.

Por fim, toda a sociedade portuguesa incentivava a navegação atlântica, o que fez dela um grande projeto
nacional. A navegação atlântica agradava aos comerciantes porque lhes trazia perspectivas de bons
negócios; para a Coroa, representava a chance de reforçar os cofres; para nobreza e Igreja, trazia
possibilidade de cristianizar pagãos e conquistar influência e riqueza; e para o povo em geral, trazia chance
de uma vida melhor.

Feitos das navegações portuguesas

Os historiadores consideram que o ponto de partida da expansão marítima dos portugueses foi a conquista
de Ceuta, no norte da África, em 1415. Isso aconteceu porque os portugueses queriam ter acesso ao ouro
árabe e queriam encontrar o mítico reino de João Preste, para juntarem-se a ele na luta contra os
muçulmanos. A exploração oceânica feita pelos portugueses concentrou-se em explorar a costa do
continente africano, e, aos poucos, chegou-se a locais até então desconhecidos por eles.

Em 1441, uma nova embarcação foi desenvolvida pelos portugueses: a caravela. Ela facilitou a
navegação marítima, sobretudo nas situações em que o vento estava contra a embarcação. Essa
embarcação utilizava-se de velas para navegar e mesclava velas quadradas com
velas latinas (triangulares). Foi o principal meio de transporte marítimo dos portugueses até o
século XVII. Nesse mesmo ano, registrou-se também que a compra de escravizados africanos pelos
portugueses tornou-se muito comum. Em 1481, d. João II foi coroado rei de Portugal e a exploração
atlântica ganhou novo incentivo, com o enfoque ainda na exploração da costa africana. O objetivo era
encontrar uma passagem que permitisse aos portugueses alcançarem o comércio de especiarias na
Índia. À medida que exploravam a costa africana, novas feitorias portuguesas eram estabelecidas. Além
dos escravizados, os portugueses compravam marfim e pimenta. Com a exploração do Atlântico, os
portugueses também puderam iniciar a exploração econômica dos locais a que chegavam. Em Madeira,
eles realizaram o plantio de trigo e da cana-de-açúcar. Já em São Tomé, por exemplo, estabeleceram o
plantio da cana-de-açúcar, e o local tornou-se um entreposto de escravizados que eram comprados para
ser enviados ao Brasil. Outro momento de destaque das navegações portuguesas foi a travessia do
Cabo da Boa Esperança, no extremo sul do continente africano, realizada pelo navegante Bartolomeu
Dias em 1488. Esse cabo também era conhecido como Cabo das Tormentas por conta de suas águas
agitadas, e a passagem por ele permitiu a descoberta de uma nova rota para a Índia, feito realizado pelo
navegante Vasco da Gama em 1498. Vasco da Gama regressou a Portugal da Índia em julho de 1499, e,
meses depois, uma nova expedição foi organizada. Essa foi a expedição de Pedro Álvares Cabral, que
tinha como destino final a Índia, mas que também tinha como missão verificar as possibilidades dos
portugueses no oeste, o que o levou, em 1500, às terras que hoje são o Brasil

Navegações espanholas

Como mencionado neste artigo, Portugal tinha condições que outros países da Europa, como a Espanha, não
possuíam. Os portugueses foram os grandes pioneiros das Grandes Navegações, mas foram os espanhóis
quem enviaram a primeira expedição para a América nesse contexto.

Primeiramente, durante a segunda metade do século XV, a Espanha (que correspondia aos Reinos de Castela
e Aragão) enfrentou conflitos dinásticos, conflitos contra os franceses e, principalmente, contra os mouros,
estabelecidos ainda no reino de Granada, no sul da Península Ibérica. Só depois que os espanhóis
conquistaram Granada, em 1492, é que eles se lançaram na navegação atlântica.

A primeira grande expedição espanhola foi liderada pelo genovês Cristóvão Colombo, que convenceu os reis
espanhóis a financiarem sua viagem para o oeste. Em outubro de 1492, a expedição de Colombo, que
consistia em três embarcações, chegou a Guanahani, ilha que faz parte das Bahamas, na América.

Consequências

As Grandes Navegações foram um acontecimento muito importante na história europeia e contribuíram para
mudar o mundo radicalmente. Entre as consequências das Grandes Navegações, estão:

• O estabelecimento do tráfico negreiro;

• O início da colonização (da América);

• O estabelecimento das práticas econômicas do mercantilismo;

• A transformação de Portugal e Espanha em dois grandes impérios ultramarinos.

Exploração da América Portuguesa

Sempre que ouvimos falar da colonização portuguesa na América, lembramos logo da colonização do Brasil.
Será que o Brasil foi realmente descoberto pelos portugueses? Ou o processo de colonização portuguesa foi
uma conquista?

A colonização portuguesa no Brasil teve como principais características: civilizar, exterminar, explorar,
povoar, conquistar e dominar. Sabemos que os termos: civilizar, explorar, exterminar, conquistar e dominar
estão diretamente ligados às relações de poder de uma determinada civilização

sobre outra, ou seja, os portugueses submetendo ao domínio e conquista os indígenas. Já os termos


explorar, povoar remete-se à exploração e povoamento do novo território (América).

A partir de então, já sabemos de uma coisa, que o Brasil não foi descoberto pelos portugueses, pois
afirmando isto, estaremos negligenciando a história dos indígenas (povoadores) que viviam há muito tempo
neste território antes da chegada dos europeus. Portanto, o processo de colonização portuguesa no Brasil
teve um caráter semelhante a outras colonizações europeias, como, por exemplo, a espanhola: a conquista e
o extermínio dos indígenas. Sendo assim, ressaltamos que o Brasil foi conquistado e não descoberto.

No ano de 1500, os primeiros portugueses chegaram ao chamado “Novo Mundo” (América), e com eles o
navegador Pedro Álvares Cabral desembarcou no litoral do novo território. Logo, os primeiros europeus
tomaram posse das terras e tiveram os primeiros contatos com os indígenas denominados pelos
portugueses de “selvagens”. Alguns historiadores chamaram o primeiro contato entre portugueses e
indígenas de “encontro de culturas”, mas percebemos com o início do processo de colonização portuguesa
um “desencontro de culturas”, começando então o extermínio dos indígenas tanto por meio dos conflitos
entre os portugueses quanto pelas doenças trazidas pelos europeus, como a gripe e a sífilis.

Entre 1500 a 1530, os portugueses efetivaram poucos empreendimentos no novo território conquistado,
algumas expedições chegaram, como a de 1501, chefiada por Gaspar de Lemos e a expedição de Gonçalo
Coelho de 1503, as principais realizações dessas expedições foram: nomear algumas localidades no litoral,
confirmar a existência do pau-brasil e construir algumas feitorias.

O pau-brasil é uma árvore nativa do Brasil e sua exploração foi a primeira atividade econômica realizada
pelos portugueses, quando chegaram aqui, no século XVI. A exploração dessa árvore foi tão intensa que a
árvore quase foi extinta. O trabalho de derrubada da árvore era realizado pelos indígenas com base no
escambo.

O pau-brasil (Paubrasilia echinata) é uma árvore nativa do Brasil, típica da Mata Atlântica e era chamada
pelos tupis de ibirapitanga. A árvore pode alcançar até 15 metros de altura e é conhecida por ter galhos com
espinhos. No século XVI, a árvore ganhou importância, porque sua madeira era usada na construção de
objetos. Mas a real importância do pau-brasil derivava da resina vermelha encontrada na madeira e que era
utilizada na produção de um corante que tingia tecidos.

Em 1516, Dom Manuel I, rei de Portugal, enviou navios ao novo território para efetivar o povoamento e a
exploração, instalaram-se em Porto Seguro, mas rapidamente foram expulsos pelos indígenas. Até o ano de
1530, a ocupação portuguesa ainda era bastante tímida, somente no ano de 1531, o monarca português Dom
João III enviou Martin Afonso de Souza ao Brasil nomeado capitão-mor da esquadra e das terras coloniais,
visando efetivar a exploração mineral e vegetal da região e a distribuição das sesmarias (lotes de terras).

No litoral do atual estado de São Paulo, Martin Afonso de Souza fundou no ano de 1532 os primeiros
povoados do Brasil, as Vilas de São Vicente e Piratininga (atual cidade de São Paulo). No litoral paulista, o
capitão-mor logo desenvolveu o plantio da cana-de-açúcar; os portugueses tiveram o contato com a cultura
da cana-de-açúcar no período das cruzadas na Idade Média.

As primeiras experiências portuguesas de plantio e cultivo da cana-de-açúcar e o processamento do açúcar


nos engenhos aconteceram primeiramente na Ilha da Madeira (situada no Oceano Atlântico, a 978 km a
sudoeste de Lisboa, próximo ao litoral africano). Em razão da grande procura e do alto valor agregado a este
produto na Europa, os portugueses levaram a cultura da cana-de-açúcar para o Brasil (em virtude da grande
quantidade de terras, da fácil adaptação ao clima brasileiro e das novas técnicas de cultivo), desenvolvendo
os primeiros engenhos no litoral paulista e no litoral do nordeste (atual estado de Pernambuco), a produção
do açúcar se tornou um negócio rentável.

Para desenvolver a produção do açúcar, os portugueses utilizaram nos engenhos a mão de obra escrava, os
primeiros a serem escravizados foram os indígenas, posteriormente foi utilizada a mão de obra escrava
africana, o tráfico negreiro neste período se tornou um atrativo empreendimento juntamente com os
engenhos de açúcar.

Engenhos

Para que o caule da cana fosse transformado no açúcar a ser consumido em diferentes partes da Europa, era
necessário que várias instalações fossem construídas. Mais conhecidos como engenhos, tais localidades
eram compostas por uma moenda, uma casa das caldeiras e das fornalhas e a casa de purgar. Com o
desenvolvimento da economia açucareira, os engenhos se espalharam de forma relativamente rápida no
espaço colonial, chegando a contar com 400 unidades no começo do século XVII.
Após a colheita, a cana-de-açúcar era levada à moenda para sofrer o esmagamento de seu caule e a extração
do caldo. Em sua grande maioria, as moendas funcionavam com o uso da tração animal. Também conhecida
como trapiche, esse tipo de moenda era mais comum por conta dos menores gastos exigidos para a sua
construção. Além do trapiche, haviam as moendas movidas por uma roda-d’água que exigiam a dificultosa
construção de um canal hidráulico que pudesse movimentá-la.

Feito o recolhimento do caldo, o produto era levado até a casa das caldeiras e fornalhas, onde sofria um
longo processo de cozimento realizado em grandes tachos feitos de cobre. Logo em seguida, o melaço era
refinado na casa de purgar, lugar onde a última etapa de refinamento do açúcar era finalmente concluída. O
beneficiamento completo do açúcar era realizado em terras brasileiras pelo fato de Portugal não possuir
refinarias que dessem fim ao serviço.

Além dessas unidades produtivas, um engenho também contava com construções utilizadas para o abrigo da
população que ali vivia. Na casa-grande eram alojados o proprietário das terras, sua família e alguns
escravos domésticos. Na senzala ficavam todos os escravos que trabalhavam nas colheitas e instalações
produtivas do engenho. Por meio dessa configuração, podemos ver que a formulação desses espaços influiu
nos contastes que marcaram o desenvolvimento da sociedade colonial.

Questões

1)O que foram as Grandes Navegações? Por que elas foram possíveis?

2)O pioneirismo português nas Grandes Navegações, se deveu a uma série de fatores. Qual das alternativas
abaixo não se refere a um desses fatores.

A)Portugal não gozava de uma monarquia consolidada e um poder político estável;

B)Portugal era um importante centro de comércio, e sua principal cidade, Lisboa, desde o século XIII, já
mantinha contatos comerciais de longa distância.

C)A localização geográfica de Portugal, com o seu litoral voltado para o Oceano Atlântico, facilitava a
navegação desse oceano.

D)A sociedade portuguesa incentivava a navegação atlântica, o que fez


dela um grande projeto nacional.

3)Por que a caravela foi importante para as navegações portuguesas?

4)Sobre as navegações portuguesas, qual alternativa abaixo está errada.

A)O ponto de partida da expansão marítima dos portugueses foi a conquista de Ceuta, na África, em 1415;

B)A exploração oceânica feita pelos portugueses concentrou-se em explorar a costa do continente africano,
e, aos poucos, chegou-se aos locais até então desconhecidos por eles;

C)Não tinham a intenção de encontrar uma passagem na costa africana para alcançar o comércio de
especiarias na Índia;

D)Com a expedição de Pedro Alvares Cabral, que navegou para o oeste, chegou em 1500, às terras que hoje
são o Brasil.
5)As Grandes Navegações foram um acontecimento muito importante na história europeia e contribuíram
para mudar o mundo radicalmente. Qual alternativa abaixo não corresponde a uma consequência das
Grandes Navegações.

A)O estabelecimento do tráfico negreiro; B)O início da colonização da Ásia;

C)O estabelecimento das práticas econômicas do mercantilismo;

D)A transformação de Portugal e Espanha em dois grandes impérios ultramarinos.

6)Por que podemos dizer que o Brasil não foi descoberto pelos portugueses, mas sim, conquistado?

7)O pau-brasil é uma árvore nativa do Brasil e sua exploração foi a primeira atividade econômica realizada
pelos portugueses, quando chegaram aqui, no século XVI. A exploração dessa árvore foi tão intensa que ela
quase foi extinta. Por que o pau-brasil era importante para os portugueses?

8)Por que a cultura (plantação) da cana de açúcar, foi trazida para o Brasil pelos portugueses?

9) Para que o caule da cana fosse transformado no açúcar a ser consumido em diferentes partes da
Europa, era necessário que várias instalações fossem construídas. Isso ocorreu nos engenhos, que eram
grandes propriedades produtoras de cana. Em relação aos engenhos, relacione as colunas 1 e 2.

Coluna 1

A Nesse espaço, a cana-de-açúcar sofria o esmagamento de seu caule e a extração do caldo.

B Nesse espaço, o caldo sofria um longo processo de cozimento realizado em grandes tachos feitos de
cobre.

C Nesse espaço, o melaço era refinado, lugar onde a última etapa de refinamento do açúcar era concluída.

D Nela, eram alojados o proprietário das terras, sua família e alguns escravos domésticos.

E Nela, ficavam todos os escravos que trabalhavam nas colheitas e instalações produtivas do engenho.

Coluna 2

( ) casa das caldeiras e fornalhas ( ) casa de purgar ( ) moenda ( ) senzala ( ) casa-grande

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