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EXPANSÃO MARÍTIMA EUROPÉIA

O mundo conhecido pelos europeus resumia-se à sua vizinhança:



a própria Europa;

parte da África;

parte da Ásia.
O conhecimento que se tinha do mundo, no século XV, era muito limitado, geralmente, vindo
de mapas gregos, romanos e, principalmente, dos comerciantes que viajavam pela região.
A maioria dos europeus pouco sabia sobre o extremo Oriente, e a pouca informação que
chegava era baseada nos relatos dos viajantes de forma imprecisa e repleta de elementos
fantásticos.
O livro do viajante Marco Polo, nascido em Veneza, é um exemplo de fonte de informação, em que
relatava as viagens que fez pelo Oriente (incluindo a China), as riquezas, as características e os
costumes dos povos com que teve contato.

Imagem: Marco Pollo viajando / miniatura do livro "As Viagens


de Marco Polo“ / Autor Desconhecido / Public Domain.
Na época, acreditava-se que a Terra era
plana (semelhante ao formato de um prato) e
que os navios, quando chegavam ao fim do
mundo (na linha do horizonte), caíam em
um abismo sem fim.

Imagem: Ilustração do livro de Edward Grant, "Celestial Orbs in the


Latin Middle Ages", Isis, Vol. 78, No. 2. (Jun., 1987), pp. 152-173. /
Autor Desconhecido / Disponibilizado por Fastfission / United
States Public Domain.
O Oceano Atlântico era conhecido como “Mar Tenebroso” com temperaturas escaldantes, povoado
por monstros e outros perigos.
Em busca de novos caminhos

Até o século XV, o Oceano Atlântico era um obstáculo intransponível, mas os europeus começaram
a se lançar nele em busca de novas rotas marítimas que os levassem a novas possibilidades e às
riquezas existentes no Oriente relatadas pelos viajantes.

O desbravamento do Atlântico foi uma alternativa encontrada por portugueses e espanhóis, uma vez
que as rotas comerciais conhecidas (por onde eram trazidas as riquezas do Oriente) eram
controladas por mercadores árabes e comerciantes de Gênova e Veneza (cidades italianas).
Rotas comerciais dominadas por comerciantes árabes, genoveses e venezianos.
Além do acesso às especiarias e aos metais preciosos, a Expansão Marítima foi
norteada por:

- conquistas de mais terras;

- conquista de fiéis para a Igreja Católica;

-conquista de mercados consumidores do que era produzido na Europa.


O pioneirismo português
O primeiro povo que se propôs a explorar o Oceano Atlântico foram os portugueses. Uma
série de fatores favoreceram essa iniciativa pioneira:
- posição geográfica favorável;
- precoce centralização política;
- capital disponível para investir;
- existência de comércio marítimo com o norte da Europa;
- domínio das técnicas de navegação.
Quanto ao domínio das técnicas de navegação, podemos destacar a importância da Escola de
Sagres, um centro de estudos náuticos que reunia geógrafos, cartógrafos, matemáticos,
astrônomos, navegadores e construtores que desenvolveram e aperfeiçoaram instrumentos
náuticos (bússola e balestilha), mapas, embarcações e estudos sobre navegação. Isso tudo
possibilitou que os portugueses pudessem navegar cada vez mais longe do litoral.
Neste contexto, vários navegadores portugueses se destacaram:

- Bartolomeu Dias: chegou ao sul da África (1488), até então denominado “Cabo das
Tormentas”, passando a chamar-se “Cabo da Boa Esperança”;
-Vasco da Gama: primeiro navegador a chegar à Índia (1498), trazendo um grande
carregamento de especiarias;
- Pedro Álvares Cabral: veio ao Brasil (1500) antes de seguir até a Índia.
A navegação espanhola
A Espanha foi a segunda a iniciar no empreendimento das navegações. Seu atraso deveu-se à
finalização do processo de expulsão dos muçulmanos de seu território, chamado de
Reconquista.

Incapacitada momentaneamente em dar a largada nas expedições marítimas, a corte espanhola


decidiu contratar navegadores em seu nome.
- Cristóvão Colombo: (natural de Gênova) propôs chegar à Índia navegando em sentido oeste,
mas acabou descobrindo a América (1492);

- Fernão de Magalhães: (natural de Portugal) fez a primeira expedição que circunavegou o


mundo;

- Hernán Cortez: conquistou a civilização Asteca, atual México (1519);

- Francisco Pizarro: conquistou a civilização Inca, atual Peru (1532).


A Expansão Marítima e Comercial Portuguesa e Espanhola
A divisão do mundo e o Tratado de Tordesilhas
A Expansão Marítima gerou um grande desentendimento entre Portugal e Espanha, pela terras
recém-descobertas do “Novo Mundo”, batizadas de América, e ainda as terras por descobrir.
Para evitar um conflito ainda maior, em 1493, o papa Alexandre IV foi chamado para resolver a
questão decidindo, através da Bula Inter Coetera, dividir as “novas terras” com um meridiano
situado à 100 léguas a oeste da ilha de Cabo Verde.
Percebendo que não ficaria com muita coisa, baseado nesta divisão, Portugal exigiu a
elaboração de um novo documento. E assim foi feito: um ano depois foi assinado o Tratado de
Tordesilhas, que estabelecia um meridiano a 370 léguas a oeste da Ilha de Cabo Verde.
Este é um mapa da América do Sul, de 1650, com
indicação das áreas de povoamento espanhol (em
vermelho), português (em verde) e holandês (em
amarelo). Entretanto, podemos observar os
meridianos (linhas imaginárias) propostos na divisão
do mundo por Espanha e Portugal.

O meridiano mais à direita representa o que seria a


Bula Inter Coetera, proposta pelo papa Alexandre IV.
O mais à esquerda é o Tratado de Tordesilhas. A
localização das cidades atuais é só ilustrativa.
Trocas Culturais
A Expansão Marítima e Comercial possibilitou aos europeus o conhecimento de novos
continentes, novos povos e novas culturas.
O comércio com o Oriente, sociedade extremamente diferente da europeia, promoveu intensa
troca não só de mercadorias, mas também de costumes e hábitos. Fez o homem ampliar a
visão e olhar fora de seu próprio mundo.

É notável a mudança na alimentação do europeu, com a inclusão da batata, do milho, da


mandioca e do tomate, por exemplo, produtos dos quais usufruímos até hoje.
A chegada dos portugueses ao Brasil

Em 1500, uma grande esquadra comandada


por Pedro Álvares Cabral saiu de Portugal.
Alguns historiadores afirmam que estavam
indo em direção ao Oriente, outros acreditam
que Cabral já sabia da existência das terras
brasileiras. O que se sabe, porém, é que em 22
de abril de 1500 Cabral ancorou na região que
hoje corresponde ao sul da Bahia.
Desembarque de Cabral em Porto Seguro, em 1500.

Imagem: Oscar Pereira da Silva/ Desembarque de Pedro Álvares Cabral em Porto Seguro em 1500, 1922/ Domínio Público
O rei de Portugal, na época, D. Manuel I, ficou
decepcionado com as informações da carta de
Caminha, pois ele esperava encontrar metais
preciosos nas terras recém-descobertas. Assim, os
primeiros trinta anos da presença portuguesa se
resumiram à exploração do pau-brasil, já que Portugal
estava mais interessado no comércio de especiarias
com o Oriente, que era bem mais lucrativo.
Pau-brasil

Árvore nativa da Mata


Atlântica e presente em todo
o litoral brasileiro. Era
comercializado com o
objetivo de fabricar móveis e
extrair a tinta vermelha de
sua madeira para tingir
tecidos. Devido à sua intensa
exploração, na época da
chegada dos portugueses,
acabou entrando em
extinção.
A exploração do pau-brasil

Ao longo do litoral brasileiro foram criadas feitorias (entrepostos


comerciais) para explorar o pau-brasil. A obtenção da madeira era
feita por meio do escambo (troca). Através desse sistema, os
indígenas recebiam objetos (canivetes, espelhos, miçangas, facas,
entre outros) em troca de serviços prestados na extração da
madeira. A Coroa portuguesa possuía o monopólio da exploração da
madeira, no entanto, em 1503, o português Fernão de Noronha
recebeu o direito de explorar a madeira. Com os lucros, ele deveria
enviar seis navios ao Brasil, anualmente, prosseguir nas
descobertas de outras riquezas e erguer fortificações para defender
o litoral.
O início da colonização

Necessidade de
Dificuldades na
explorar riquezas que
vigilância do litoral e
compensassem a
ameaça de invasões
perda dos lucros no
estrangeiras.
comércio oriental.

Garantir a
posse da terra.
As primeiras expedições

Em 1530, a Coroa portuguesa envia para o


Brasil o nobre Martim Affonso de Sousa. A
expedição era formada por cinco navios e uma
tripulação de aproximadamente 500 homens
com a missão de proteger o litoral brasileiro,
fundar vilas e fortificações e descobrir novas
riquezas. Martim Affonso de Sousa capturou
navios franceses na costa brasileira entre 1531
e 1532 e fundou a Vila de São Vicente, primeira
povoação da América portuguesa. Distribuiu
lotes de terras a colonos e iniciou o cultivo da
cana-de-açúcar.
As Capitanias Hereditárias

Para iniciar a colonização, a Coroa portuguesa decidiu,


em 1534, dividir o territórios em lotes, chamados de
Capitanias Hereditárias. Cada Capitania foi entregue a um
capitão donatário que arcava com os custos da
colonização. Foram distribuídas 15 capitanias a 14
donatários que deveriam exercer a justiça e o comando
militar, doar lotes, fundar vilas, escravizar e vender
índios, entre outras atividades econômicas. O sistema de
Capitanias Hereditárias foi a primeira forma efetiva
encontrada pela Coroa portuguesa para defender,
explorar e administrar as terras portuguesas na América.
O fracasso das capitanias

Além dos capitães


Alguns donatários nem
donatários não possuírem
chegaram a tomar posse
recursos suficientes para
das terras. Outros
administrar os lotes, outras
acabaram abandonando as
capitanias enfrentaram a
possessões.
resistência dos indígenas.

Apenas as capitanias de
Pernambuco e São Vicente
tiveram sucesso, devido
ao cultivo da cana-de-
açúcar.
A escravidão negra

Nos primeiros trinta anos da


colonização, foi utilizado o
trabalho indígena na
exploração do pau-brasil.
Após a implantação da
cultura da cana-de açúcar,
passou-se a utilizar o
trabalho escravo negro. Os
negros eram trazidos da
África em navios negreiros,
explorados e submetidos a
todas as formas de
humilhação. O trabalho
escravo constituiu a base
para a consolidação da
economia da colônia.
O Governo-Geral

Com o fracasso das Capitanias Hereditárias, a Coroa


portuguesa decide centralizar a administração da
colônia e cria, em 1548, o governo-geral. Tomé de
Sousa foi o primeiro governador-geral e chegou ao
Brasil em 1549. Ao chegar à colônia, escolheu
Salvador para ser a sede do governo-geral e,
consequentemente, a primeira capital do Brasil. O
governo-geral possuía uma série de atribuições
contidas em um regimento. Entre suas principais
atribuições estavam: administrar as capitanias,
incentivar a ocupação do litoral, fundar novas vilas,
controlar a exploração do pau-brasil e incentivar a
catequese dos índios.
Os Jesuítas

Os jesuítas chegaram ao Brasil em 1549, com


Tomé de Sousa. Liderados pelo padre Manuel da
Nóbrega, os jesuítas inciaram uma das mais
importantes missões da Coroa portuguesa:
catequizar os índios. Assim, fundaram colégios,
construíram igrejas e desenvolveram projetos
assistenciais. É importante lembrar, porém, que
a catequização não respeitou a cultura indígena
e seus rituais religiosos, impondo-lhes uma
nova fé.
As Câmaras Municipais

Os vereadores das câmaras


As câmaras municipais eram eram chamados de “homens
responsáveis pela bons”. Eram os homens
administração das vilas e brancos, proprietários de
cidades. terras e escravos.

Assim, podemos concluir que


As câmaras regulavam as
as câmaras representavam os
feiras, os mercados, os ofícios
interesses dos grandes
e o comércio local, além de
proprietários de terras, os
executar as obras públicas.
chamados latifundiários.

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