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DE PORTUGAL ÀS ILHAS ATLÂNTICAS E AO CABO

DA BOA ESPERANÇA
O caminho do mar
No início do séc. XV, a Europa vivia isolada do resto do mundo.
Apenas se conhecia, além da Europa, a Ásia e o norte de África.

Nesta altura, Portugal era um reino pobre. No entanto, encontrava-se


num período de paz e sentiu a necessidade de alargar os seus
territórios. Os portugueses não podiam alargar as suas fronteiras para
território castelhano, de forma a evitar entrar em guerra com Castela,
por isso decidiram encontrar novos territórios pelo mar.

A procura de novas terras interessou todos os grupos sociais:

 a burguesia procurava riquezas e novos mercados


 a nobreza queria novos títulos e terras
 o clero pretendia converter outros povos ao cristianismo
 o povo desejava melhores condições de vida

Início da expansão portuguesa


Em 1415, Portugal conquistou Ceuta, no norte de África, com o desejo
de obter ouro e dominar o comércio do mar Mediterrâneo. Contudo, os
mouros, ao perderem Ceuta, desviaram as rotas do ouro e das
especiarias para outras cidades.
Para obterem as riquezas que tanto ambicionavam os portugueses
tinham então que descobrir a origem dos produtos que os mouros
comerciavam mas, para isso, tinham que ir para terras desconhecidas.

Mercadores e aventureiros tinham criados várias lendas sobre o


mundo desconhecido. Pensava-se que os navios que navegassem
para sul ao longo da costa africana seriam atacados por monstros
marinhos e que o calor era tanto que os homens brancos se tornavam
negros. Imaginava-se também que nas terras desconhecidas existiam
seres maravilhosos e fantásticos: animais estranhos e homens sem
cabeça, só com uma perna e só com um olho.

Os portugueses, aventureiros e corajosos, decidiram enfrentar os


medos sobre o mundo desconhecido e navegaram para sul ao longo
da costa africana para áreas totalmente desconhecidas pelos
europeus. O infante D. Henrique foi quem planeou e organizou estas
viagens e foi ele o responsável pelos Descobrimentos até à chegada
a Serra Leoa, em 1460.

1ª Fase dos Descobrimentos – Acontecimentos mais importantes na época


de D. Henrique:
 1415 – Conquista de Ceuta – D. João I com os seus filhos D.
Duarte, D. Pedro e D. Henrique
 1419 – Redescoberta do arquipélago da Madeira – João
Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira
 1424 – Descoberta do arquipélago dos Açores – Diogo de Silves
 1434 – Passagem do cabo Bojador – Gil Eanes
 1460 – Chegada a Serra Leoa – Pedro de Cintra

Técnicas de navegação
Quando navegavam no mar alto orientavam-se pelos astros (estrela
polar e sol), utilizando para isso o quadrante, o astrolábio e
a balestilha.
Passou-se a utilizar a caravela que era um navio inovador pois possuía
velas triangulares que permitiam bolinar, ou seja, navegar com ventos
contrários.
Começaram a ser desenhadas as cartas náuticas com as novas terras
descobertas e com informações sobre os ventos para facilitar as
viagens futuras.
Sendo assim, as viagens marítimas feitas pelos portugueses
contribuíram para o desenvolvimento das técnicas de navegação,
da cartografia, da astronomia e da matemática.

Da Serra Leoa ao Cabo de Santa Catarina


Depois da morte do infante D. Henrique, D. Afonso V encarregou ao
burguês Fernão Gomes de continuar as descobertas na costa africana.
Em troca, tinha o direito de comerciar nas terras descobertas por ele.
2ª fase dos Descobrimentos – Acontecimentos mais importantes na época
de Fernão Gomes:

 1471 – descoberta das ilhas de S. Tomé e Príncipe


 1474 – chegada ao cabo de Santa Catarina

Do Cabo de Santa Catarina ao Cabo da Boa Esperança


Em 1474, o infante D. João passa a dirigir do descobrimentos porque
as terras descobertas tinham muitas riquezas como o ouro, marfim e
escravos. Em 1488 subiu ao trono e ordenou que nas terras
descobertas se colocassem padrões (um pilar de pedra gravado com
uma cruz, as armas reais e a data de implantação). Mandou também
afundar os navios de outros reinos que se encontrassem a sul das
ilhas Canárias. foi na sua época que se descobriu o limite a sul do
continente africano e a passagem para o oceano Índico.

3a fase dos Descobrimentos – Acontecimentos mais importantes na época


de D. João II:
 1480 – Tratado de Alcáçovas
 1482 – Chegada à foz do rio Zaire
 1488 – Passagem do cabo da Boa Esperança – Bartolomeu Dias

Tratado de Tordesilhas
O grande desejo de D. João II era chegar à Índia por mar por causa do
comércio das especiarias. No entanto, também Castela tinha o mesmo
desejo. Em 1492, Cristóvão Colombo, ao serviço de Castela, chega à
América quando procurava chegar à Índia navegando para oeste. Esta
descoberta criou um conflito entre Portugal e Castela porque segundo
o Tratado de Alcáçovas, assinado em 1480, as terras a sul das ilhas
Canárias pertenciam a Portugal. Sendo assim, as terras descobertas
por Cristóvão Colombo deveriam pertencer a Portugal.
Para resolver este conflito foi necessária a intervenção do papa que
levou os dois monarcas dos dois reinos a assinar um novo acordo –
o Tratado de Tordesilhas. Segundo este tratado o mundo ficava
dividido em duas partes por um meridiano a passar a 370 léguas a
ocidente de Cabo Verde. As terras que fossem descobertas a oriente
pertenceriam aos portugueses e a ocidente seriam para Castela.
Chegada à Índia
D. João II acabou por não ver o seu sonho realizado. Após a sua
morte, sucedeu-lhe o seu primo D. Manuel I que decidiu continuar os
descobrimentos. Em 1497 nomeou Vasco da Gama capitão-mor de uma
armada constituída por quatro navios: as naus S. Gabriel, S. Rafael e
Bérrio, mais uma embarcação com mantimentos. O objetivo desta
armada era chegar à Índia por mar. A viagem durou um ano e em
maio de 1498 os portugueses chegam a Calecut.

Descoberta do Brasil
Quando Vasco da Gama chega à Índia, os portugueses foram no
início bem recebidos. No entanto, começaram a sentir algumas
hostilidades e para garantir o domínio português partiu de Portugal
uma armada em Março de 1500. Esta nova armada, chefiada
por Pedro Álvares Cabral, era constituída por treze navios. Um desvio
feito a ocidente levou os portugueses a descobrirem o Brasil.
Importância da cidade de Lisboa no séc. XVI
No séc. XVI Lisboa era uma das cidades mais importantes da Europa
devido à chegada de mercadorias oriundas do Oriente, África e Brasil,
que depois eram distribuídas pelo centro e norte da Europa.

Produtos que chegavam a Lisboa


 Oriente: especiarias, sedas, porcelanas, pedras preciosas
 África: ouro, malagueta, marfim, escravos
 Brasil: açucar, pau-brasil, animais exóticos

Crescimento da cidade
Nos reinados de D. João II e de D. Manuel I Lisboa teve um
desenvolvimento tão grande que as suas construções começaram a
ocupar espaços fora das muralhas construídas por D. Fernando
(Cerca Nova ou Cerca Fernandina).

O rei D. Manuel deixou o Paço de Alcáçova, junto ao Castelo, para ir


viver mais junto ao Tejo, no Paço da Ribeira, para melhor vigiar o
movimento marítimo.

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