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Duarte Pacheco Pereira

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Duarte Pacheco Pereira (Lisboa, 1460 – 1533) foi um


navegador, militar e cosmógrafo português. Denominado Duarte Pacheco Pereira
"Aquiles lusitano" por Luís de Camões, foi um dos grandes
navegadores dos séculos XV e XVI.[1]

Embora a historiografia oficial afirmar que os portugueses não


soubessem da existência do Brasil antes da chegada de Pedro
Álvares Cabral — uma vez que a numerosa esquadra
cabralina com 13 naus e caravelas declaradamente afirmou ter
descoberto uma ilha —, existe uma teoria embasada em uma
interpretação do livro Esmeraldo de Situ Orbis (1505) que
aponta Duarte Pacheco Pereira como o possível descobridor
do Brasil, por ter ele supostamente comandado uma
expedição secreta que teria percorrido a costa brasileira e o
mar do Caribe em fins do século XV. A viagem objetivaria
identificar os territórios que pertenciam a Portugal ou a
Castela de acordo com o Tratado de Tordesilhas, de 1494 — Conhecido(a) Supostamente ter
Pacheco Pereira participou das negociações do tratado. Seria por descoberto o Brasil e
explorar o Caribe.
portanto uma expedição anterior à primeira viagem
comprovada de um europeu ao território brasileiro, feita pelo Nascimento 1460
Lisboa
espanhol Vicente Yáñez Pinzón e cujo desembarque deu-se
em 26 de janeiro de 1500. A viagem do navegador português Morte 1533 (73 anos)
ao Brasil teria sido em 1498. Nacionalidade Português
Progenitores Mãe: Isabel de
Albuquerque Galvão
Pai: João Fernandes
Índice Pacheco
Biografia Ocupação Navegador

Cronologia[5]
Notas
Referências
Bibliografia
Ligações externas

Biografia
Filho de João Fernandes Pacheco, ou simplesmente João Pacheco (c. 1440, Tânger, a. 1477), e de sua
mulher (c. 1459) Isabel Pereira (c. 1440–). A 21 de julho de 1455 D. Afonso V de Portugal doou a João
Pacheco, filho de Gonçalo Pacheco, Tesoureiro-Mor das coisas régias de Ceuta, enquanto sua mercê for,
uma tença anual de 4 800 reais brancos, para seu estudo, a partir de 1 de janeiro de 1455. Numa inquirição
feita em Lisboa a 4 de Abril de 1497 sobre seu filho Duarte Pacheco Pereira Fidalgo da Casa Real a
feita em Lisboa a 4 de Abril de 1497 sobre seu filho Duarte Pacheco Pereira, Fidalgo da Casa Real, a

testemunha Pedro Vaz de Almeida, Fidalgo da Casa Real, morador em Lisboa, parente de Duarte Pacheco
Pereira, disse que sabia que os mouros mataram João Pacheco em Tânger muito primeiro que seu pai,
Gonçalo Pacheco, finasse, que passara de 20 e tantos anos que é finado.

Duarte era descendente próximo de Lopo Fernandes Pacheco, Senhor de Ferreira de Aves, assim por meio
dele era descendente ilegítimo de sete gerações do rei Sancho IV de Castela.

Cavalheiro dos mais notáveis da história da Índia Portuguesa, nasceu em Lisboa em 1460. Um dos seus
antepassados por varonia e por bastardia foi seu trisavô D. Diogo Lopes Pacheco, 8.º Senhor de Ferreira de
Aves, um dos executores de Inês de Castro, casado com D. Joana Vasques Pereira. Tendo fugido para a
Espanha, retornou à época da Crise de 1383-1385, apoiando o Mestre de Avis, com quem conseguiu
recuperar todos os seus bens, tornando-se um dos conselheiros do novo monarca.

Em 1455 encontra-se letrado, recebendo uma bolsa de estudos do monarca. Cavaleiro da casa de D. João II
(1481–1495), contrariamente à tradição é pouco provável que tenha ido em 1482 a São Jorge da Mina,
onde Diogo de Azambuja iniciava a construção da Feitoria de São Jorge da Mina. De acordo com a obra
Décadas da Ásia, do cronista João de Barros, na viagem de retorno do cabo da Boa Esperança, em 1488,
Bartolomeu Dias encontrou-o gravemente doente na ilha do Príncipe e levou-o para Portugal.

Reconhecido geógrafo e cosmógrafo, em 1490 viveu em Lisboa da pensão real a que o seu título lhe dava
direito. Em 7 de Junho de 1494 assinou, na "qualidade de contínuo da casa do senhor rei de Portugal", o
Tratado de Tordesilhas.

Em 1498, D. Manuel I terá encarregado Duarte Pacheco Pereira de uma expedição secreta, organizada com
o objectivo de reconhecer as zonas situadas para além da linha de demarcação de Tordesilhas, expedição
que, partindo do Arquipélago de Cabo Verde, se acredita que teria culminado com o descobrimento do
Brasil, em algum ponto da costa entre o Maranhão e o Pará, entre os meses de Novembro e Dezembro
deste mesmo ano. Dali, teria acompanhado a costa Norte, alcançando a foz do rio Amazonas e a ilha do
Marajó.

Em relação ao possível descobrimento do Brasil ou da eventual exploração das Antilhas e parte da América
do Norte, tendo em conta as revelações cartográficas contidas no Planisfério de Cantino, o autor apresenta
informações no segundo capítulo da primeira parte. Resumidamente, o texto relata:

Como no terceiro ano de vosso reinado do ano de Nosso Senhor de mil quatrocentos e
noventa e oito, donde nos vossa Alteza mandou descobrir a parte ocidental, passando além
a grandeza do mar Oceano, onde é achada e navegada uma tam grande terra firme, com
muitas e grandes ilhas adjacentes a ela e é grandemente povoada. Tanto se dilata sua
grandeza e corre com muita longura, que de uma arte nem da outra não foi visto nem
sabido o fim e cabo dela. É achado nela muito e fino brasil com outras muitas cousas de
que os navios nestes Reinos vem grandemente povoados.[a]

É este referido Esmeraldo de Situ Orbis (1505) um dos primeiros manuscritos portugueses a mencionar a
costa do Brasil e a abundância de pau-brasil nele existente.[2]

A hipotética viagem está embasada exclusivamente no relato do explorador em seu livro. O texto, contudo,
é ambíguo: Pacheco Pereira diz textualmente que o rei de Portugal "mandou descobrir a parte ocidental", o
que sugere que ele falava não de suas explorações, mas de tudo que já fora explorado por vários
navegadores e era conhecido em 1505. Esta visão é reforçada pelas latitudes e longitudes informadas, que
vão da Groenlândia ao atual Sul do Brasil. Além disso, a possibilidade da existência de uma política de
sigilo dos monarcas portugueses, escrita na primeira metade do século XX pelo historiador Damião Peres,
não se sustenta, uma vez que era prática comum, na ausência de um tratado, reclamar a soberania de uma
terra publicitando a sua descoberta.[2]

No Atlântico Sul, entre as ilhas oceânicas, apresenta, com suas "ladezas" (latitudes) conhecidas à época:

A ilha de Sam Lourenço (ilha de Fernando de Noronha);


A ilha d'Acensam (ilha da Trindade);
A ilha de S. Crara (ilha de Santana, ao largo de Macaé) e;
O cabo Frio.

Em 1503 comandou a nau Espírito Santo, integrante da esquadra de Afonso de Albuquerque à Índia. Ali
guarneceu a Fortaleza de Cochim com 150 homens e alguns indianos onde sustentou vitorioso o cerco do
Samorim de Calecute que dispunha de 60.000 homens. Tendo exercido os cargos de Capitão-General da
Armada de Calecute e de Vice-Rei e Governador do Malabar na Índia, pelos seus feitos teve Armas Novas
por Carta de 2 de Agosto de 1504, dadas pelo Rei de Cochim; tais Armas são: de vermelho, com cinco
coroas de oito florões de ouro, postas em sautor, bordadura de prata, aguada de azul, carregada de oito
castelos de madeira de verde, cada castelo armado sobre dois navios rasos de sua cor, o escudo cercado de
sete estandartes Mouriscos, quatro à direita, de vermelho, de prata, de vermelho e de azul, e três à esquerda,
de prata, de vermelho e de azul; timbre: um castelo do escudo, rematado por um estandarte Mourisco, de
vermelho;[3] e retornou a Lisboa em 1505, quando foi recebido em grande triunfo. Em Lisboa e em todo o
lado os seus feitos da Índia foram divulgados e um relato dos mesmos foi enviado ao Papa e a outros reis da
cristandade. Foi como uma espécie de herói internacional que, nesse ano iniciou a redacção do Esmeraldo
de situ orbis, obra que ele interrompeu nos primeiros meses de 1508. Nesse ano foi encarregado pelo
soberano de dar caça ao corsário francês Mondragon que actuava entre os Açores e a costa portuguesa,
onde atacava as naus vindas da Índia. Duarte Pacheco localiza-o, em 1509, ao largo do cabo Finisterra,
onde o derrotou e capturou.

Em 1511 comandou uma frota enviada em socorro a


Tânger, sob cerco das forças do Rei de Fez. ...a experiencia he madre das cousas, por
Desposou no ano seguinte Antónia de Albuquerque, ella soubemos rradicalmente a verdade.
filha de Jorge Garcês e de sua mulher Isabel de ("A experiência é a madre de todas as
Albuquerque Galvão, única filha de Duarte Galvão e cousas, per ela soubemos radicalmente
de sua primeira mulher Catarina de Sousa e a verdade...")
Albuquerque, que recebe do Rei um dote de 120 000
reais, que lhe será entregue em fracções, até 1515. Esmeraldo de Situ Orbis, p. 196
Tiveram cinco filhos e duas filhas.

Em 1519 foi nomeado capitão e governador de São Jorge da Mina, onde serviu até 1522. Veio sob prisão
para Portugal por ordem de D. João III pela acusação de contrabando de ouro, embora actualmente ainda
não se conheçam os reais motivos de tal decisão do monarca.

Quando libertado por ordem do Rei, recebeu 300 cruzados a título de parte de pagamento por joias que
tinha trazido de São Jorge da Mina e havia confiado à Casa da Mina para serem fundidas.

Faleceu nos primeiros meses de 1533 e, pouco depois, o monarca concedeu a seu filho, João Fernandes
Pacheco, uma pensão anual de 20.000 reais. Como as pensões reais frequentemente eram pagas com atraso,
mãe e filho passaram dificuldades, o que os levou a recorrer a um empréstimo.[4]

A lenda de Duarte Pacheco Pereira desenvolveu-se após a sua morte. Luís de Camões, n'Os Lusíadas
chama-lhe fortíssimo e Grão Pacheco Aquiles Lusitano. Mais tarde, no século XVII, Jacinto Cordeiro
lh d édi b t t l t lh Vi t C i D d
consagrou-lhe duas comédias bastante longas em castelhano e, Vicente Cerqueira Doce, um poema em dez
cantos, de que se perdeu o rasto.
De acordo com um de seus mais importantes biógrafos, o historiador português Joaquim Barradas de
Carvalho, que viveu exilado no Brasil na década de 1960, Duarte Pacheco foi um génio comparável a
Leonardo da Vinci. Com a antecipação de mais de dois séculos, o cosmógrafo foi o responsável pelo
cálculo do valor do grau de meridiano com uma margem de erro de apenas 4%.

Cronologia[5]
1460(?) − nascimento
1480(?)–90(?) − Encontra-se envolvido na exploração do litoral ocidental africano
1488 − Doente na Ilha de São Tomé, é trazido para o reino por Bartolomeu Dias
1490 − Entre Janeiro e Outubro faz parte da guarda pessoal del-Rei
1494 − Integra a delegação portuguesa que negocia e assina o Tratado de Tordesilhas a 7
de Julho desse ano
1495–99 − Missão no Castelo de São Jorge da Mina

1498 − Viagem ao Atlântico Sul


1503 (6 de Abril) − parte para a Índia na “
armada de Afonso de Albuquerque
1504 − Defende heroicamente Cochim E vereis em Cochim assinalar-se
contra a investida da vizinha Calecute Tanto um peito soberbo e insolente,
Que cítara jamais cantou vitória,
1505 − Regressa a Lisboa, sendo recebido
Que assim mereça eterno nome e glória.
em festa nas ruas da cidade
1506 − Possível redacção do "Esmeraldo ”
de Situ Orbis" — «Canto II», Os Lusíadas, 1572, referência a Duarte
1509 (18 de janeiro) − trava batalha naval Pacheco Pereira.
no Cabo Finisterra contra o corsário
Mondragon
1510 − Entre Setembro e Novembro serve
na Armada do Estreito
1513(?) − Casa com D. Antónia, neta de Duarte Galvão, secretário de D. João II
1519–22 − Governador da feitoria e fortaleza de São Jorge da Mina
1522 − É trazido a ferros para Lisboa e encarcerado
1529 − Recebe da Coroa 300 cruzados de joias
1533(?) − Falecimento

Notas
a. Original:

Bemauenturado Príncipe, temos sabido e visto como no terceiro anno de


vosso Reinado do hanno de nosso senhor de 1498, donde nos vossa alteza
mandou descobrir a parte oucidental, passando alem ha grandeza do mar
oceano, onde he achada a navegada hûa tão grande terra firme, com muitas
e grandes ilhas ajacentes a ella, que se estende a setente graaos de ladeza
da linha equinoçial contra ho pollo artico e posto que seja asaz fora, he
grandemente pouorada, e do mesmo circulo equinocial torna outra vez e vay
alem em vinte e oito graaos e meo de ladeza contra ho pollo antartico, e tanto
se dilata sua grandeza e corre com muita longura, que de hûa parte nem da
Referências
1. «O caso Pacheco Pereira» (https://www.publico.pt/entrevista/jornal/o-caso-pacheco-pereira-
25408499). PÚBLICO. Consultado em 5 de abril de 2017
2. «O caso Pacheco Pereira» (https://www.publico.pt/entrevista/jornal/o-caso-pacheco-pereira-
25408499). PÚBLICO. Consultado em 5 de abril de 2017
3. "Armorial Lusitano", Afonso Eduardo Martins Zúquete, Editorial Enciclopédia, 3.ª Edição,
Lisboa, 1987, pp. 411 e 412
4. de Carvalho, Joaquim Barradas (1971), O descobrimento do Brasil através dos textos, 2,
p. 91.
5. da MOTA, Avelino Teixeira (1990), «Duarte Pacheco Pereira, capitão e governador de S.
Jorge da Mina», Mare Liberum, I: 1–27.

Bibliografia
de CARVALHO, Joaquim Barradas (1978), La Renaissance Portugaise. À la recherche de
sa specificité (em francês), Paris.
——— (1980), «Duarte Pacheco Pereira», O Renascimento Português. Em busca da sua
especificidade, Lisboa.
——— (1981), Portugal e as origens do pensamento moderno, Lisboa.
COUTO, Jorge (1995), A Construção do Brasil, Lisboa.
PEREIRA, Duarte Pacheco (1892), Basto, Raphael Eduardo de Azevedo, ed., Esmeraldo
de situ orbis, Lisboa: Imprensa Nacional.

Ligações externas
«Pacheco Pereira (Duarte), Portugal», Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico,
Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico (http://www.arqnet.pt/dicionario/pereiradua
rtepac.html), V, Manuel Amaral, outubro de 2000 [João Romano Torres 1904–15], pp. 333-
36.

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