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H I STÓ R IA D O B RAS I L

ANTECEDENTES DO DESCOBRIMENTO DO BRASIL

A História do Brasil começa com a de Portugal, e esta com a da Península Ibérica.


Os primeiros povoadores, os íberos, misturaram-se depois com lígures e celtas, dando
origem aos Celtíberos.
Os fenícios, há 3.200 anos e os gregos, há 2.700 anos, também lá estiveram. Os
Cartagineses exploraram os minerais da região, e Aníbal, com seu exército de elefantes,
partiu da Ibéria, cruzou os Alpes e invadiu Roma há 2.200 anos. Há 2.100 anos, os
romanos tiveram grande dificuldade em conquistar a região, pois já nessa época os
íberos eram organizados e civilizados.
A Ibéria foi rapidamente cristianizada, apesar das perseguições de alguns imperadores
romanos. No século V, os Vândalos e Alanos, bárbaros germânicos, invadiram a
Península Ibérica. Lá permaneceram os Visigodos, que foram convertidos ao
cristianismo.
No século VIII, a Ibéria foi invadida pelos árabes, fanáticos islamitas. A reconquista
demorou 700 anos e, nesse período, nasceu o Reino de Portugal.
A fim de combater os mouros (árabes), o rei de Espanha, D. Afonso VI, solicitou a
ajuda a nobres franceses. Assim, os irmãos Raimundo e Henrique de Borgonha
casaram-se com as filhas do Rei, recebendo os Condados de Galiza e Portugal, que
iriam formar depois o Reino de Portugal, sob a dinastia de Borgonha. D. Afonso
Henriques foi proclamado em 1139, D. Afonso I, Rei de Portugal.
A seguir, a título de ilustração, a sucessão da monarquia portuguesa :

REIS DE PORTUGAL - (1139 – 1910)

DINASTIA DE BORGONHA - (1139 – 1383)


# REINADO NOME COGNOME
- 1095- Conde D. Henrique -----
1 1139-1185 D. Afonso Henriques – D. Afonso I O Fundador
2 1185-1211 D. Sancho I O Povoador
3 1211-1223 D. Afonso II O Gordo
4 1223-1248 D. Sancho II O Capelo
5 1248-1279 D. Afonso III O Bolonhês
6 1279-1325 D. Dinis O Pai da Pátria
7 1325-1357 D. Afonso IV O Bravo
8 1357-1367 D. Pedro I O Justiceiro
9 1367-1383 D. Fernando I O Formoso
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DINASTIA DE AVIS - (1383-1580)
# REINADO NOME COGNOME
10 1383-1433 D. João I O Mestre de Avis
11 1433-1438 D. Duarte I O Eloqüente
12 1438-1481 D. Afonso V O Africano
13 1481-1495 D. João II O Príncipe Perfeito
14 1495-1521 D. Manuel I O Venturoso
15 1521-1557 D. João III O Colonizador
16 1557-1578 D. Sebastião I O Desejado
17 1578-1580 Cardeal D. Henrique O Cardeal Rei

A QUESTÃO DINÁSTICA – ESPANHÓIS QUE GOVERNARAM PORTUGAL


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CASA DE HABSBURGO - (1580-1640)
# REINADO NOME COGNOME
18- 1580-1598 D. Felipe I D. Felipe II de Espanha
19- 1598-1621 D. Felipe II D. Felipe III de Espanha
20- 1621-1640 D. Felipe III D. Felipe IV de Espanha

DINASTIA DE BRAGANÇA - (1640-1910)


# REINADO NOME COGNOME
21- 1640-1656 D. João IV O Restaurador
22- 1656-1683 D. Afonso VI O Vitorioso
23- 1683-1706 D. Pedro II O Pacífico
24- 1706-1750 D. João V O Fidelíssimo
25- 1750-1777 D. José I O Reformador
26- 1777-1816 D. Maria I A Piedosa (A Louca)
27- 1816-1826 D. João VI (*) O Clemente
28- 1826-1828 D. Pedro IV (**) O Libertador
29- 1828-1853 D. Maria II (***) ----
30- 1828-1834 D. Miguel I (***) O Absolutista
31- 1853-1861 D. Pedro V ----
32- 1861-1889 D. Luís I ----
33- 1889-1908 D. Carlos I ----
34- 1908-1910 D. Manuel II ----

- Em 05 de outubro de 1910 foi proclamada a República em Portugal.


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(*) – D. João VI foi Príncipe-Regente de Portugal de 1792 a 1816, período em que a
Rainha D. Maria I esteve impedida de reinar, por estar mentalmente doente.

(**) - D. Pedro IV de Portugal é o D. Pedro I, do Brasil. Após abdicar ao trono do


Brasil, assumiu o trono de Portugal após a morte de seu pai, D. João VI. Logo depois
abdicou em nome de sua filha, D. Maria da Glória (D. Maria II).

(***) - D. Miguel I, irmão de D. Pedro IV e tio e marido de D. Maria II, governou no


período de 1828 a 1834, destronando a Rainha. Esta, no entanto, recuperou o trono
com a ajuda de seu pai, D. Pedro IV.

- Os Papas, que tanta importância tiveram, tanto na História do Brasil, quanto na


História Mundial, encontram-se relacionados no anexo.

- A Carta de Pero Vaz de Caminha ao Rei D. Manuel I também se encontra em


anexo.

AS NAVEGAÇÕES

Há indícios de que povos muito antigos, como os fenícios, aqui estiveram há mais de
3000 anos. Depois desses, também os Vikings podem ter por aqui passado em suas
viagens de conquista há 1000 anos. Sabe-se que antes da data oficial do descobrimento,
espanhóis e portugueses já conheciam terras da América. O espanhol Vicente Yañez
Pinzón chegou ao Cabo de Santo Agostinho (PE) em 26 de janeiro de 1500, e navegou
pelo nordeste, passou pelo Rio Amazonas (Mar Dulce), até chegar ao Caribe. No século
XV, os íberos (espanhóis e portugueses) eram senhores dos mares. Devido à sua
localização geográfica, diretamente no Oceano Atlântico, já navegavam pelo Mar
Tenebroso, enquanto outros povos não se arriscavam a sair do Mediterrâneo.
A invenção da bússola, a construção das caravelas e o estudo científico de técnicas de
navegação, foram fatores que muito favoreceram a segurança e a precisão das
navegações. Também a Escola de Sagres, fundada por volta de 1430 pelo Infante D.
Henrique , o Navegador (1394-1460 – quinto filho do Rei D. João I), muito contribuiu
para o desenvolvimento da ciência da navegação.
Os produtos originários dos países orientais eram muito apreciados na Europa, e lá
chegavam através de navios italianos. Com a queda do Império Romano do Oriente
(tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos em 1453), esse comércio ficou
interrompido. Então, era necessário descobrir um “caminho marítimo para as Índias”
(por Índias, entende-se oriente, incluídos China e Japão).
Portugal e Espanha utilizaram métodos diferentes: os portugueses resolveram contornar
a África, a fim de chegar ao oriente, ao passo que os espanhóis, já conhecedores da
redondeza da Terra, preferem partir para oeste a fim de chegar a leste.
Os portugueses exploraram organizadamente o litoral africano. Descobriram vários
portos do litoral ocidental da África, as Ilhas Açores, Madeira e outras. Em 1487,
Bartolomeu Dias descobriu o extremo sul da África, a que denominou Cabo das
Tormentas. D. João II mudou o nome para Cabo da Boa Esperança, pois tinha a
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esperança de chegar à Índia. Conseguiu-o Vasco da Gama em 1498, chegando a
Calicut. Essa viagem foi narrada no poema "Os Lusíadas", de Luís de Camões.
DESCOBRIMENTO DA AMÉRICA

Cristóvão Colombo nasceu em Gênova, na Itália, em 1451 - Grande navegador,


viajou por todo o mundo conhecido. Estando certo de ser a Terra redonda, expôs ao Rei
de Portugal, D. João II, seu plano de chegar à Índia viajando para Oeste.
O rei recusou, preferindo seguir através do Sul da África. Colombo, então, procura os
Reis de Espanha, Fernão de Aragão e Isabel de Castela, “Os Reis Católicos”. Esses
soberanos financiam a viagem de Colombo, fornecendo-lhe três Caravelas: Santa
Maria, Pinta e Niña. Em troca, Colombo comprometia-se a converter ao cristianismo
os povos encontrados.
A frota partiu do porto de Palos (na Espanha), no dia 3 de agosto de 1492. Após uma
viagem acidentada, em que os marinheiros várias vezes rebelaram-se, querendo
regressar, no dia 12 de outubro de 1492, o marinheiro Rodrigo Berguemo, natural de
Triana, da gávea da Pinta, avista terra. Era a ilha de Guanaaní (hoje San Salvador), nas
Antilhas. Depois de descobrir Cuba e Haiti, Colombo chega de volta a Palos no dia 14
de março de 1493, certo de haver chegado às Índias.
Colombo fez mais três viagens à nova terra: em 1493 descobriu Porto Rico, Pequenas
Antilhas e Jamaica; em 1498 esteve na Venezuela e em 1502 esteve na Costa da
América Central, onde teve contato com o Império Asteca.
Colombo não soube tirar proveito das riquezas e honrarias recebidas em suas viagens,
e morreu em maio de 1506, no Convento de Valadolid, na Espanha, pobre, esquecido e
quase cego, sem saber que era descobridor de um novo e grande Continente.
O nome do novo Continente descoberto, América, deve-se ao italiano de Florença
Américo Vespúcio, que levou à Espanha a notícia do descobrimento, afirmando
tratar-se de uma nova terra, ao passo que Colombo insistia em que as terras descobertas
eram parte das Índias. Também devido ao seu engano, Colombo chamou os habitantes
da terra descoberta de índios, denominação que permanece até hoje.

O TRATADO DE TORDESILHAS

As terras situadas a oeste já eram suficientemente conhecidas no Velho Mundo para


despertar o interesse das maiores potências marítimas da época: Portugal e Espanha.
Assim, após diversas tentativas de acordo, e o arbitramento do Papa Alexandre VI, os
dois países ibéricos resolveram negociar diretamente e assinaram na localidade
espanhola de Tordesilhas, no dia 7 de junho de 1494, o Tratado de Tordesilhas, que
estipulava que todas as terras descobertas a até 370 léguas (2.220 km) a oeste das ilhas
de Cabo Verde pertenceriam a Portugal e, daí em diante, à Espanha.
Isso corresponde a uma linha reta traçada de norte a sul do Brasil, passando pelas
cidades de Belém, no Pará, e Laguna em Santa Catarina.
Por esse Tratado, parte da ilha da Groen1ândia também pertenceria a Portugal.
Com a Reforma Protestante, no século XVI, os países que adotaram o Protestantismo
não respeitavam o Tratado de Tordesilhas, pois não reconheciam a autoridade do Papa
para dividir o mundo entre Portugal e Espanha.
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O Tratado de Tordesilhas teve validade até 1750, quando foi revogado pelo Tratado de
Madri. Passa a vigorar o princípio do “Uti Possidetis” (Direito de Posse), ou seja, a
terra pertence a quem a ocupar.
O DESCOBRIMENTO DO BRASIL

Com o objetivo de tomar posse das terras que lhe eram asseguradas pelo Tratado de
Tordesilhas, o Rei D. Manuel I, organizou uma esquadra composta por 13 navios, de
diferentes tonelagens, sendo naus, caravelas e duas embarcações financiadas por
particulares. A expedição, entre marinheiros, soldados, padres, mercadores e
degredados era formada por cerca de 1.500 homens.
Para o comando dessa frota foi nomeado o fidalgo D. Pedro Álvares de Gouveia,
nascido em Belmonte em 1467, que mais tarde, com o falecimento de seu irmão mais
velho, passaria a chamar-se D. Pedro Álvares Cabral.
Cabral não era um marinheiro, pois jamais havia navegado anteriormente. No entanto,
estava assessorado por experientes navegadores, como Bartolomeu Dias, seu irmão
Diogo Dias, Nicolau Coelho, Sancho de Tovar, Pero Escobar, Simão de Miranda, Pero
de Ataíde, Vasco de Ataíde, Nuno Leitão da Cunha, Luís Pires, Aires Gomes da Silva,
Simão de Pina e Gaspar de Lemos. O escrivão da frota era Pero Vaz de Caminha, e o
Frei Henrique Soares, de Coimbra, chefiava um grupo de frades franciscanos.
A frota partiu de Lisboa, descendo o Rio Tejo, no dia 9 de março de 1500. Navegou até
as ilhas de Cabo Verde, e daí tomou o rumo sudoeste, mantendo este curso até atingir a
costa da Bahia, no Brasil.
A primeira terra avistada foi um monte, ao qual deram o nome de Pascoal, por estarem
na semana da páscoa. Era uma quarta-feira, dia 22 de abril de 1500.
À terra descoberta deram o nome de Ilha de Vera Cruz.
No dia seguinte, foi a terra Nicolau Coelho, e fez o primeiro contato com os índigenas
da Tribo dos Tupiniquins.
Procurando um local propício para ancorar a esquadra, encontraram uma baía a que
chamaram Porto Seguro, hoje Baía Cabrália.
No domingo de Páscoa, dia 26 de abril de 1500, frei Henrique Soares rezou a primeira
missa no Brasil, no ilhéu da Coroa Vermelha. A esquadra ficou fundeada durante uma
semana, ocupada no carregamento de água doce e lenha, sendo os marinheiros
auxiliados pelos indígenas. Foi erguida uma cruz em terra firme, próxima à foz do rio
Mutari, junto com as armas e divisa reais, sendo a nova terra empossada em nome de
Portugal e da Igreja. Na sexta-feira, dia 1o. de maio de 1500, foi rezada a 2a. missa no
Brasil. No dia seguinte, a frota segue para a Índia, deixando em terra dois degredados e
talvez dois desertores.
Separando-se do resto da esquadra, por ordem de Cabral, o navegador Gaspar de Lemos
parte de volta a Portugal, comandando a nau de mantimentos, levando uma extensa e
minuciosa carta, escrita por Pero Vaz de Caminha, ao Rei D. Manuel I (Anexo).
Cabral perdeu oito navios e centenas de homens em sua viagem à Índia. Regressou a
Portugal com 4 navios no dia 21 de julho de 1501, recebendo calorosa recepção. Nunca
mais empreendeu viagens, e passou a viver em suas propriedades de Santarém, onde
morreu por volta de 1520, com a idade aproximada de 53 anos.
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O NOME DA TERRA

Ao chegar ao Brasil, os descobridores julgaram tratar-se de uma ilha, por isso Cabral
deu à terra o nome de Ilha de Vera Cruz. Esse nome não agradou ao Rei, pois para
ele, “vera cruz” era a Verdadeira Cruz de Cristo e não um lugar. Por esse
desentendimento, Cabral ficou com as relações abaladas com o Rei.
Logo depois, explorando melhor, os descobridores verificaram tratar-se de um vasto
Continente e o Rei D. Manuel I deu-lhe o nome de Terra de Santa Cruz.
Com as primeiras expedições exploradoras, o principal produto da terra passou a ser
uma madeira vermelha que os indígenas chamavam ibira-pitanga (madeira-vermelha), e
servia para fazer uma excelente tinta vermelha para tingir tecidos. Os portugueses
chamavam essa madeira de pau-brasil (da cor de brasa), e aos que com ela
comercia1izavam, de brasileiros. Mais tarde, a terra ficou conhecida como Brasil.
Na época do descobrimento, havia cerca de 3 a 5 milhões de índios na Pindorama
(Terra das Palmeiras). Atualmente, não passam de 350 mil.

EXPEDIÇÕES EXPLORADORAS

Para explorar a nova terra descoberta, o Rei D. Manuel mandou algumas expedições:
A primeira Expedição foi em 1501. Não se sabe com certeza a quem competiu o
comando da flotilha, mas este é atribuído a Gaspar de Lemos.
Ela era composta por 3 navios, comandados por Gaspar de Lemos, Américo Vespúcio
e Gonçalo Coelho.
Atingiu o Brasil na altura do Rio Grande do Norte, e rumou para o sul, dando nome aos
acidentes geográficos conforme o Santo do dia nos calendários da época.
Assim, tivemos:
16 de agosto de 1501 --------- Cabo de São Roque (RN)
28 de agosto de 1501 --------- Cabo de Santo Agostinho (PE)
29 de setembro de 1501------ Rio São Miguel (AL)
04 de outubro de 1501-------- Rio São Francisco (AL/SE)
01 de novembro de 1501----- Baía de Todos os Santos (BA)
21 de dezembro de 1501------Cabo de São Tomé (RJ)
01 de janeiro de 1502 --------- Rio de Janeiro (RJ)
06 de janeiro de 1502 --------- Angra dos Reis (RJ)
20 de janeiro de 1502 --------- Ilha de São Sebastião (SP)
22 de janeiro de 1502 --------- Porto de São Vicente (SP)

A expedição continuou a navegar para o sul, e presume-se que tenha chegado à costa
Argentina. Aí encontrou "grandes frios no mar” e voltou para a pátria , ainda em 1502.

Expedição de 1503 - Consta os nomes de Américo Vespúcio e Gonçalo Coelho, como


os prováveis comandantes. Era formada por 6 navios. Esteve na Ilha de Fernando de
Noronha, na Baía de Todos os Santos (BA) e em Cabo Frio (RJ), onde descobriu
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grandes reservas de pau-brasil. Em Cabo Frio construiu uma feitoria fortificada,
destinada ao resgate dessa madeira aos indígenas. Deixou aí uma guarnição de 24
homens e regressou a Portugal em 1504.
A Nau-Bretoa - Em 1503, o negociante Fernão de Noronha (judeu convertido),
arrendou a terra descoberta. Quatro navios aqui estiveram nesse mesmo ano. Em 1511,
veio a Nau Bretoa, que levou para Portugal a mercadoria existente na terra: animais,
pau-brasil e índios escravizados.

Expedição de 1530 - Foi comandada por Martim Afonso de Sousa e tinha uma triplíce
incumbência: combater os contrabandistas franceses que exploravam o pau-brasil;
explorar o litoral entre o Maranhão e o Rio da Prata e estabelecer núcleos de
povoamento mais estáveis que as antigas feitorias para resgate de madeira, dando-lhes
caráter político e administrativo. A frota era formada por 5 navios, trazendo 400
tripulantes e passageiros, além de sementes, plantas e animais domésticos.
Em março de 1531, encontraram na Baía de Todos os Santos (BA), o português Diogo
Álvares Correia, o Caramuru (Moréia, porque era muito magro), que estava na terra
desde 1510, talvez náufrago ou degredado. Ele era casado com a índia Paraguaçu, filha
do Cacique Taparica, e tinha uma grande descendência. Caramuru tinha grande
prestígio entre os indígenas e foi de grande ajuda para os exploradores portugueses.
A expedição seguiu até à Argentina e voltou para o norte. No litoral de São Paulo,
resolve fundar uma povoação na ilha de São Vicente, em 1532. Essa vila progrediu,
dando origem à cidade de São Vicente, a primeira cidade, propriamente dita, fundada
no Brasil. Martim Afonso de Sousa partiu de volta para Portugal em março de 1533,
chegando a Lisboa em agosto do mesmo ano.
No ano seguinte (1534), Martim Afonso de Sousa retorna ao Brasil, a fim de tomar
posse da Capitania de São Vicente, que lhe foi doada pelo Rei D. João III.

Expedições Guarda-Costas - Também foram enviadas ao Brasil duas expedições,


chamadas de Expedições Guarda-Costas, uma em 1516 e a outra em 1526. Ambas
foram comandadas por Cristóvão Jacques, com o objetivo de fiscalizar a costa
brasileira para impedir que estrangeiros, principalmente franceses, contrabandeassem o
pau-brasil para a Europa.

ENTRADAS E BANDEIRAS

Os primeiros colonizadores europeus a chegar ao Brasil fixaram-se no litoral. Poucos se


atreveram a avançar uns poucos quilômetros para o interior. A fim de desbravar e
explorar o interior do país, os governantes organizaram expedições oficiais (entradas)
e incentivaram a organização de expedições particulares (bandeiras).
As entradas não ultrapassavam os limites do Tratado de Tordesilhas. Tinham por
objetivo a procura de ouro e pedras preciosas e a captura de índios. As bandeiras,
sempre que possível, ultrapassavam os limites do Tratado de Tordesilhas. Seus
objetivos eram os mesmos das entradas. Não se pode afirmar categoricamente essa
diferença entre entrada-oficial e bandeira-particular, pois houve entradas particulares e
bandeiras oficiais.
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Os bandeirantes aproveitaram a união de Portugal e Espanha (União Ibérica -
1580/1640), quando praticamente deixou de ter validade o Tratado de Tordesilhas, para
elevar a mais de 8 milhões de quilômetros quadrados a superfície do Brasil.
Conquistaram Goiás, Mato Grosso, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e parte
de Minas Gerais, que estavam além da linha de Tordesilhas. Mesmo quando não
conseguiam os objetivos fixados pelas suas expedições, nas regiões por onde eles
passaram deixaram núcleos de povoamento, que seriam o início de futuras cidades e de
atividades de efetiva Colonização dessas regiões, influindo fortemente na formação do
Brasil atual.

PRINCIPAIS ENTRADAS

- Em 1504, a primeira Entrada é atribuída a Américo Vespúcio, na região de Cabo


Frio (RJ), onde construiu uma feitoria para resgate de pau-brasil.

- Em 1531, Martim Afonso de Sousa mandou alguns integrantes ao interior,


comandados pelo português João Ramalho, que vivia entre os índios desde 1510, e era
casado com a índia Potira, filha de Tibiriçá, cacique dos Guaianás.

- Em 1533, Tomé de Sousa organizou uma Entrada chefiada pelo espanhol Bruza
Espinosa, que já na administração de Duarte da Costa, percorreu mais de 2 mil km.
pela Bahia e Minas Gerais.

- Em 1561, Vasco Rodrigues Caldas, com autorização de Mem de Sá, empreendeu


uma viagem pelo interior da Bahia à procura de ouro.

- Em 1569/1570, Martins Carvalho percorreu a Bahia e Minas Gerais, voltando


pensando haver encortrado ouro.

- Em 1574, Antonio Dias Adorno, neto de Caramuru, realizou uma Entrada por ordem
do Governador Luís de Brito e Almeida. Encontrou esmeraldas e tornou-se um rico
senhor de engenho na Bahia.

- Belchior Dias Moréia, também neto de Caramuru, e seu filho Robério Dias,
descobriram minas de prata na região do rio São Francisco, mas não revelaram o local
exato.

- Em 1587, Gabriel Soares, o autor de um dos primeiros livros sobre nossa terra, o
Tratado Descritivo do Brasil, foi um importante entradista que muito explorou o sertão.

- Em 1603, Pero Coelho de Sousa chefiou uma fracassada expedição pelo interior do
Ceará.

- Em 1607, os jesuítas Francisco Pinto e Luís Figueira, também tiveram suas


expedições fracassadas.
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- Em 1608, Martim Soares Moreno iniciou o povoamento do Ceará. Vivia entre os


índios e adquiriu grande prestígio entre eles. Inspirou o personagem do "guerreiro
branco", por quem se apaixona a índia “Iracema”, no romance de José de Alencar.

- Marcos de Azevedo explorou o sertão do Espírito Santo e descobriu esmeraldas, mas


jamais revelou a localização das minas.

PRINCIPAIS BANDEIRAS

- Em 1559, Brás Cubas, o fundador de Santos, por ordem de Mem de Sá, organiza
duas bandeiras para procura de ouro.

- Heliodoro Eobanos descobriu ouro em São Paulo e Paraná.

- Em 1590, Afonso Sardinha, o Velho e seu filho Afonso Sardinha, o Moço,


descobriram ouro de lavagem em Jaraguá e Ivuturuna.

- Em 1601, André de Leão comandou uma bandeira.

- Em 1628, Manuel Preto comandou a maior bandeira que partiu de São Paulo com o
objetivo de destruir a Missão de Guairá. Era segundo em comando Antônio Raposo
Tavares. No caminho atacaram as Missões de San Miguel, San Antonio, Jesus Maria,
Encarnación, San Xavier e San José. Em 1632 destruíram Guairá.

- Em 1648, Antônio Raposo Tavares chefiou uma bandeira que percorreu 10 mil km
de território, com o objetivo de explorar as terras além da linha de Tordesilhas. Saiu de
São Paulo, indo até Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, e de lá, até Belém, no Pará,
onde chegou em 1651.

- Em 1674, Fernão Dias Paes (Leme) comandou uma expedição que partiu de São
Paulo e explorou durante sete anos o interior de Minas Gerais. Regressou trazendo
pedras que julgava serem esmeraldas e, no entanto, eram turmalinas sem valor.
Inspirou o poema "0 Caçador de Esmeraldas" de Olavo Bilac.

- Por volta de 1682, Bartolomeu Bueno da Silva encontrou na região do rio Araguaia,
em Goiás, índios utilizando enfeites de ouro. Como estes se recusassem a indicar a
lozalização das minas, despejou numa vasilha um pouco de aguardente e incendiou-a,
ameaçando os índios de incendiar a água dos rios. Estes ficaram amedrontados e
levaram-no às minas de ouro, passando a chamá-lo “Anhangüera”, que significa
"Diabo Velho".

- Em 1687, Domingos Jorge Velho, foi contratado pelo governador Antonio Luís de
Sousa de Menezes, para atacar e destruir o Quilombo dos Palmares, na Serra da
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Barriga (SE), e matar seu chefe Zumbi, sobrinho do rei Ganga Zumba. Ele nada
conseguiu nessa tentativa.
- Em 1690, Garcia Rodrigues Paes Leme, filho de Fernão Dias Paes Leme, encontrou
ouro em Minas Gerais.

- Em 1698, Antonio Dias de Oliveira descobriu as jazidas de Ouro Preto (MG).

- Em 1700, Manuel Borba Gato, genro de Fernão Dias Paes Leme, encontrou os
depósitos de Sabará (MG).

- Em 1719, Pascoal Moreira Cabral encontrou o primeiro ouro em Cuiabá.

- Em 1722, Bartolomeu Bueno da Silva, o Moço, filho de Anhangüera, descobriu as


minas goianas nos rios Tocantins e Araguaia.

GOVERNANTES DO BRASIL

Desde a descoberta, em 1500, até à Proclamação da Independência, em 1822, os


legítimos governantes do Brasil foram os soberanos portugueses. No entanto, a fim de
melhor administrar as imensas e inexploradas terras brasileiras, estes nomearam
representantes que governavam o Brasil em seus nomes.
0 primeiro sistema de governo foi o das Capitanias Hereditárias.

Capitanias Hereditárias - foram porções de terra, doadas a pessoas que se destacaram


na Corte portuguesa. Têm esse nome porque seus governadores eram chamados
Capitães-mor, daí Capitanias, e Hereditárias, porque sua posse era vitalícia e passava
por herança aos descendentes.
A primeira Capitania Hereditária foi concedida por D. Manuel I a Fernando de
Noronha, em 1504. Tratava-se da Ilha de São João ou da Quaresma, que mais tarde
viria a receber o nome do seu donatário e designar todo o arquipélago que se encontra
situado a 50 léguas (300 km) da costa do estado de Pernambuco.
Prosseguindo o plano de Colonização do Brasil, o Rei D. João III criou na costa
brasileira, no período entre 1534 e 1536, 14 Capitanias Hereditárias limitadas, no
interior, pela demarcação com os domínios espanhóis, prefixada no Tratado de
Tordesilhas, de 1494.
D. João III criou posteriormente, mais duas Capitanias: em 1539, a da Ilha da Trindade,
doada a Belchior Camacho e, em 1556 a da Ilha de Itaparica, doada a D. Antônio de
Ataíde, 1o. Conde de Castanheira.
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Em 1566, o Rei D. Sebastião I criou a Capitania de Peroaçu, Paraguaçu ou
Recôncavo da Bahia, doada a D. Álvaro da Costa, filho do Governador Duarte da
Costa. O Brasil teve, então, dezoito Capitanias Hereditárias:

CAPITANIA DONATÁRIO
Ilha de São João ou da Quaresma Fernando de Noronha
Primeira do Maranhão Aires da Cunha
Segunda do Maranhão Fernando Álvares de Andrade
Ceará Antônio Cardoso de Barros
Rio Grande João de Barros
Itamaracá Pêro Lopes de Sousa
Nova Lusitânia ou Pernambuco Duarte Coelho
Bahia de Todos os Santos Francisco Pereira Coutinho
Ilhéus Jorge de Figueiredo Correia
Porto Seguro Pêro do Campo Tourinho
Espírito Santo Vasco Fernandes Coutinho
São Tomé Pêro de Góis
São Vicente Martim Afonso de Sousa
Santo Amaro Pêro Lopes de Sousa
Santana Pêro Lopes de Sousa
Ilha da Trindade Belchior Camacho
Ilha de Itaparica D. Antônio de Ataíde
Peroaçu, Paraguaçu ou Recôncavo da Bahia D. Álvaro da Costa

O regime de Capitanias Hereditárias não teve o sucesso esperado pelo Rei D. João III.
Apenas as Capitanias de Pernambuco e São Vicente prosperaram.
No entanto, não chegou a ser um fracasso total, pois diversas cidades foram fundadas
ao longo da Costa do Brasil e foram iniciadas plantações que, mesmo precárias,
contribuíram para impedir o estabelecimento de estrangeiros em áreas anteriormente
abandonadas. As Capitanias Hereditárias contribuíram, também, no sentido de iniciar o
povoamento da nova terra, o que fizeram brilhantemente, distribuindo sesmarias (lotes
que deveriam ser cultivados e explorados convenientemente). Sob esse regime
iniciou-se a plantação de cana-de-açúcar que até nossos dias é uma das maiores
riquezas do nosso país.
O Sistema de Capitanias Hereditárias, com algumas modificações introduzidas
posteriormente, durou 225 anos (de 1534 a 1759), quando Sebastião José de Carvalho
e Melo, o Marquês de Pombal, ministro do Rei D. José I, revogou o caráter hereditário
das Capitanias.
Algumas Capitanias foram revertidas à Coroa, com pagamento de indenização aos
herdeiros, ou foram retomadas devido ao abandono.

=(A 31 de outubro de 1517, Martinho Lutero afixou na porta da igreja do castelo de


Wittenberg suas 95 Teses contra os abusos da Igreja e especialmente contra a venda de
12
indulgências. Logo o conteúdo destas Teses explodiu por toda a Europa, tornando-se
a base da posterior Reforma Protestante)=

GOVERNADORES GERAIS

D. João III criou alguns cargos no Brasil, a fim de dar ajuda e assistência às Capitanias.
Entre esses cargos, o maior era o de Governador. (A partir de 1577 o cargo foi
denominado Governador-Geral, e a partir de 1720 os Governadores passaram a receber
o título de Vice-Reis).
Os regimentos do primeiro Governador e do Provedor-Mor da Fazenda constituem tão
elaborados e minuciosos códigos administrativos, que há quem lhes atribua o caráter de
primeira Constituição do Brasil.

Foram os seguintes os Governadores do Brasil:

1 – (1549-1553) - Tomé de Sousa - O primeiro Governador do Brasil era um homem


enérgico, ex-soldado da Àfrica e da Índia, dotado de grandes qualidades de
administrador. Chegou à Capitania da Bahia de Todos os Santos em 29 de março de
1549, trazendo cerca de 1.000 pessoas em 3 navios.
Essa expedição era formada por funcionários, soldados, artífices, degredados e os
primeiros jesuítas chefiados pelo padre Manuel da Nóbrega. Mais tarde, começaram a
chegar moças órfãs, recolhidas pela Rainha D. Catarina, as quais casaram-se com os
colonos, dando origem a muitas famílias baianas.
Durante o seu governo, o Papa Júlio III nomeou o primeiro Bispo do Brasil, D. Pero
Fernandes Sardinha.

2 - (1553-1557) – D. Duarte da Costa - O segundo governador chegou a Salvador


trazendo mais moças órfãs para casar e alguns jesuítas, entre eles o padre José de
Anchieta, que em 1554 fundou o Colégio de São Paulo, que iria dar origem à cidade de
mesmo nome.
D. Duarte da Costa iniciou também as Entradas (expedições organizadas pelo governo
para exploração do interior do país).
Seu filho, D. Álvaro da Costa, muito se destacou nas lutas contra os índios hostis da
região, e por causa de seus desmandos, o Governador teve grandes desentendimentos
com o Bispo D. Pero Fernandes Sardinha. Este, em 1556 embarcou para Portugal a fim
de fazer um relatório ao Rei, mas naufragou na costa de Alagoas e foi devorado pelos
índios Caetés.

3 – (1557-1572) - Mem de Sá - Em 1559, por ordem do Governador, Brás Cubas


fundou a Vila de Santos. Mem de Sá combateu os indígenas e os piratas franceses. Seu
filho, Fernão de Sá, foi morto numa batalha contra os índios no Espírito Santo.
Em 1560, o Governador dirigiu-se ao sul e atacou e venceu os franceses que haviam
ocupado a Baía de Guanabara. Mas logo que Mem de Sá retirou-se, os franceses, que
haviam se escondido nas matas em torno da baía, voltaram a ocupar a Ilha de Serigipe
(Villegaignon) e a Ilha de Paranapuan (Governador).
13
Para expulsar definitivamente os franceses, Mem de Sá enviou uma expedição sob o
comando de seu sobrinho Estácio de Sá. Esta chegou à Baía de Guanabara no dia 1o.
de março de 1565 e imediatamente fundou uma cidade à que deu o nome de São
Sebastião do Rio de Janeiro, em homenagem ao Rei D. Sebastião I.
Essa vila foi fundada entre os morros Pão de Açúcar e Cara de Cão (hoje São João).
Durante 2 anos, Estácio de Sá combateu os franceses no Rio de Janeiro. Em janeiro de
1567, Mem de Sá levou reforços para ajudar o sobrinho e então, os franceses foram
definitivamente derrotados. Nessa batalha, Estácio de Sá foi ferido no rosto por uma
flecha, vindo a falecer um mês depois.
Mem de Sá ficou mais um ano no Rio de Janeiro, transferindo a cidade para o Morro do
Castelo. Voltou para Salvador em 1568, deixando como Governador da nova Capitania
da Coroa, seu outro sobrinho, Salvador Correia de Sá.
Mem de Sá faleceu em Salvador, em 1572.
Para melhor defender a Baía de Guanabara, o índio Araribóia fundou a cidade de
Niterói, do outro lado da baía, em 1573.
=(Em 1572, Luís de Camões publica em Lisboa o poema épico “Os Lusíadas”)=

4 - (1573-1578) - Nesse período, o Brasil teve dois Governadores:


Luís de Brito de Almeida - Governou da Capitania de Ilhéus, inclusive, para o norte.
Antônio de Salema - Governou da Capitania de Porto Seguro para o sul, tendo a sede
do governo no Rio de Janeiro. No seu governo, novas entradas saíram da Capitania de
Porto Seguro, atingindo terras pertencentes ao atual estado de Minas Gerais.
Ambos os governadores tentaram, de forma um tanto infrutífera, fundar novas cidades,
mas encontraram forte oposição dos indígenas aliados aos franceses.

5 - (1578-1581) - Lourenço da Veiga - Foi o primeiro a ter o título de Governador-


Geral. No seu governo houve grandes mudanças na Europa e no mundo: Em 1578, na
batalha de Alcácer-Kibir, no Marrocos, morreu o Rei D. Sebastião I. Foi substituído
pelo seu tio-avô, o Cardeal-Rei D. Henrique, que morreu em 1580, não deixando
descendentes.
Desse modo, extinta a Dinastia de Avis, assumiu o Trono de Portugal o Rei D. Filipe II
de Espanha. Assim, mesmo pertencendo a Portugal, o Brasil ficou sujeito ao governo
de Madri.
O Governador-Geral Lourenço da Veiga morreu na Bahia em 1581.

6 - (1581-1583) - Cosme Rangel de Macedo, Bispo da Bahia e Câmara Municipal


de Salvador - Governaram o Brasil até a indicação de um novo Governador.
=(Em outubro de 1582, o Papa Gregório XIII determina um ajuste no calendário,
pulando do dia 4 para dia 15. O Calendário Gregoriano, usado até nossos dias, veio
substituir o já defasado Calendário Juliano)=

7 - (1583-1587) - Manuel Teles Barreto - Nomeado pelo Rei Filipe II de Espanha


(Filipe I de Portugal), realizou a conquista definitiva da Paraíba. Em 1584 é fundada a
cidade de Filipéia, hoje João Pessoa. No seu governo o Brasil foi muito assediado por
navios ingleses e franceses, rivais da Espanha que, no entanto, não chegaram a
desembarcar, devido às providências tomadas pelo Governador.
14
Manuel Teles Barreto morreu em Salvador em 1587.

8 - (1587-1591) - Antônio Barreiros, Cristóvão de Barros e Antônio Coelho de


Aguiar – Em 1590, é criado o Quilombo dos Palmares, na Serra da Barriga (SE),
agregando escravos fugidos de várias partes do país.

9 - (1591-1602) - D. Francisco de Sousa - No seu governo, o Brasil foi


freqüentemente invadido por tropas francesas, inglesas e holandesas, assim como teve
cidades atacadas e pilhadas por piratas ingleses.
Em 1599 foi construído o Forte dos Reis Magos, cujo comando foi entregue ao
mameluco Jerônimo de Albuquerque, e fundada a cidade de Natal (RN).
=(No dia 17 de fevereiro de 1600, foi queimado na fogueira, em Roma, pela Santa
Inquisição Católica, o pensador e cientista italiano Giordano Bruno, acusado de heresia.
Seu crime foi afirmar que a Terra não era o Centro do Universo)=

10 – (1602-1607) - Diogo Botelho - Iniciou a exploração do Ceará.

11 - (1608-1612) - O Brasil foi novamente dividido em dois governos:


D. Diogo de Menezes e Siqueira - Governou as Capitanias do norte. Por ordens
suas, o jovem português Martim Soares Moreno, que vivia entre os índios Potiguaras,
fundou a cidade de Fortaleza (CE), em 1612. A aventura de Moreno inspirou, dois
séculos depois, o escritor José de Alencar a escrever o romance “Iracema”.
D. Francisco de Sousa - Já havia governado o Brasil no período 1591-1602.
Governou as Capitanias do sul, e descobriu e explorou minas de ouro.

12 - (1612-1616) - Gaspar de Sousa - Reunificou o governo das Capitanias e


cuidou da expulsão dos franceses do Maranhão e da fundação do Grão-Pará. Em 1612
os franceses lançaram as bases para o estabelecimento da França Equinocial, erguendo
na Ilha do Maranhão o Forte de São Luís (em homenagem ao Rei Luís XIII). Os
franceses renderam-se em 1615. Em janeiro de 1616, Francisco Caldeira de Castelo
Branco fundou o Forte do Presépio, hoje a cidade de Belém (PA).

13 - (1616-1621) - D. Luís de Sousa (Conde do Prado) - Também se manteve


ocupado em combater os franceses no norte do Brasil.

14 - (1621-1624) - Diogo de Mendonça Furtado - Em seu governo os holandeses


iniciaram a invasão do norte do país. Em 1624 foi aprisionado pelos holandeses, na
Bahia. O Bispo D. Marcos Teixeira e Antão de Mesquita e Oliveira assumiram
interinamente o governo de Pernambuco enquanto Matias de Albuquerque se preparava
para assumir a defesa do nordeste. Criaram o sistema de guerrilhas para combater os
holandeses. / Com o objetivo de resistir aos invasores, Matias de Albuquerque retirou-
se para o interior de Pernambuco e aí fundou o famoso núcleo de resistência
pernambucana, o Arraial de Bom Jesus. Profundos conhecedores da terra, os
brasileiros empregaram o sistema de emboscadas contra os invasores. Após as
primeiras vitórias sobre os holandeses, em 1625 Matias de Albuquerque foi nomeado
governador das Capitanias de Pernambuco, Itamaracá, Paraíba e Rio Grande,
15
governando-as até 1635. Além de Matias de Albuquerque, destacaram-se o índio
Poti, batizado com o nome de Antônio Filipe Camarão, e o negro Henrique Dias.
A traição de Domingos Fernandes Calabar, exímio conhecedor da região e do sistema
de guerrilhas, proporcionou várias vitórias aos holandeses, que culminaram com a
conquista do Arraial de Bom Jesus. Os brasileiros retiraram-se para Alagoas, e em
Porto Calvo aprisionaram Calabar que estava em visita à mãe, enforcando-o como
traidor em 1635.

15 - (1625-1626) - D. Francisco de Moura Rolim - Comandou as tropas terrestres


na Bahia, enquanto o Almirante espanhol D. Fradique de Toledo comandava o ataque
pelo mar. Os holandeses renderam-se em 1º de maio de 1625.

16 - (1626-1635) - Diogo Luís de Oliveira - Também manteve-se ocupado em


apoiar o combate aos holandeses no nordeste do Brasil.

17 - (1635-1638) - Pedro da Silva (Conde de São Lourenço) - Em seu governo,


chegou ao Brasil, em 1637, o Príncipe holandês João Maurício de Nassau-Siegen para
governar a colônia holandesa. Estes são expulsos de Salvador em 1638, retirando-se
para Pernambuco.
O Príncipe Maurício de Nassau fez um excelente e próspero governo, até ser demitido
pela Companhia das Índias Ocidentais e retornar à Holanda em 1644.

18 - (1639-1640) - D. Fernando de Mascarenhas (Conde da Torre) -

19 - (1640-1641) - D. Jorge de Mascarenhas (Marquês de Montalvão) - Foi o


primeiro Vice-Rei do Brasil. Iniciou seu governo com Portugal ainda sob dominação
espanhola. Quando D. João IV restabeleceu a monarquia portuguesa, a ela prontamente
aderiu o Vice-Rei. Foi deposto do cargo pela Câmara de Salvador, acusado de
colaborar com os holandeses. Julgado em Lisboa, foi absolvido e nomeado Presidente
do Conselho Ultramarino, órgão responsável pela centralização dos assuntos político-
administrativos do Brasil.

20 - (1641-1642) - D. Pedro da Silva, Luís Barbalho e Lourenço de Brito


Correia - Essa junta de governo assumiu o cargo após a deposição de D. Jorge de
Mascarenhas. Em 1o. de abril de 1641, os paulistas, que não aceitavam D. João IV,
tentaram aclamar Amador Bueno Rei de São Paulo. Este, no entanto, não aceitou a
indicação e jurou fidelidade ao Rei de Portugal.

21 - (1642-1647) - Antônio Teles da Silva - Foi nomeado com o objetivo de depor e


punir a junta que governou o Brasil durante um ano. Em seu governo teve início a
Insurreição Pernambucana contra os invasores holandeses, em 1645.
Ela foi liderada pelo paraibano André Vidal de Negreiros, o índio Poti (Antônio Filipe
Camarão) e o negro Henrique Dias, com o apoio do rico português João Fernandes
Vieira, muito endividado com a Companhia das Índias Ocidentais. Seu lema era
“Deus e Liberdade”. Como Portugal havia assinado um tratado de paz com a Holanda,
os revoltosos eram secretamente auxiliados pelos governadores.
16
Os insurgentes obtiveram vitórias nas Batalhas de Monte das Tabocas (1645), as
duas de Guararapes (1648-1649) e a última na Campina da Taborda, em janeiro de
1654, quando os invasores holandeses retiraram-se definitivamente para a Europa.
A ocupação de Itaparica pelos holandeses em 1647, provocou veementes ataques do
Padre Antônio Vieira ao governador, que acabou sendo demitido por D. João IV nesse
mesmo ano.

22 - (1647-1649) - Antônio Teles de Menezes (Conde de Vila-Pouca de Aguiar) -


Apoiou a Insurreição Pernambucana no que foi possível.

23 - (1650-1654) - João Rodrigues de Vasconcelos e Souza (2o. Conde de Castelo-


Melhor) - Este, como seus dois antecessores, muito incentivou e apoiou a Insurreição
Pernambucana contra os holandeses, conseguindo a expulsão definitiva em 1654.
Conseguiu também equilibrar as finanças da Colônia.

24 - (1654-1657) - Jerônimo de Ataíde (6o. Conde de Atouguia) -

25 - (1657-1663) - Francisco Barreto de Menezes - Em 1660, o governador da


Capitania do Rio de Janeiro, Salvador Correia de Sá e Benevides foi deposto pela
população revoltada, que o acusava de corrupção e enriquecimento ilícito. Ele morreu
em Lisboa em 1688, chamando os revoltosos de inconfidentes.

26 - (1663-1667) - D. Vasco de Mascarenhas (Conde de Óbidos) - Foi o segundo


Vice-Rei do Brasil. A população antipatizava com o governador de Pernambuco,
Jerônimo de Mendonça Furtado, e o apelidava de Xumberga, devido aos seus fartos
bigodes. Em 1664, uma violenta epidemia de varíola assolou Pernambuco e a
população chamou as feridas da varíola de xumbergas. Finalmente eles se revoltaram e
depuseram o governador em 1666, nomeando André Vidal de Negreiros governador da
Capitania de Pernambuco.

27 - (1667-1671) - Alexandre de Sousa Freire -


=(Em 1669 Guilherme de Orange e Mary Stuart vencem a Revolução Gloriosa,
assumem o trono da Inglaterra e assinam a Declaração de Direitos (Bill of Rights),
assegurando liberdade de imprensa e dando mais poderes ao Parlamento. Isso marca o
fim do absolutismo na Inglaterra, e é a base do desenvolvimento econômico inglês)=

28 - (1671-1675) - Afonso Furtado de Castro do Rio de Mendonça (Visconde de


Barbacena) - Enviou o bandeirante Fernão Dias Paes (Leme) em uma bandeira que
durou sete anos, pelo sertão de Minas Gerais, em busca de prata e pedras preciosas.

29 - (1675-1678) - Álvaro de Azevedo, Antônio Guedes de Brito, Agostinho de


Azevedo Monteiro e Cristóvão de Burgos de Contreiras - Formaram uma junta
governativa. Em 1677, Fernão Carrilho ataca o Quilombo dos Palmares, e derrota o
Rei Ganga Zumba, obrigando-o a aceitar uma paz desfavorável.
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30 - (1678-1682) - Roque da Costa Barreto - Trouxe para o Brasil um novo
Regimento, pelo qual deveria regular-se, bem como seus sucessores. Em 1680 foi
fundada a Colônia do Sacramento, às margens do Rio da Prata, de frente para a cidade
de Buenos Aires.

31 - (1682-1684) - Antônio de Sousa Menezes, o Braço de Prata -

32 - (1684-1687) - Antônio Luís de Sousa Teles de Menezes (2o. Marquês das


Minas) - Em seu governo houve a Revolta de Beckman, no Maranhão, em 1684. Os
irmãos Manuel e Tomás Beckman revoltaram-se contra a Companhia Geral do
Comércio do Maranhão, criada em 1682 para vender produtos europeus e comprar
produtos da terra, “as drogas do sertão”. No entanto, a Companhia vendia caro os seus
produtos e pagava um baixo preço aos artigos nativos. O movimento foi vencido pelas
tropas do governo e seus líderes enforcados, mas a Companhia foi extinta em 1685,
depois de confirmadas as acusações feitas pelos revoltosos.

33 - (1687-1688) - Matias da Cunha - Em 1688 foi descoberto ferro no Maranhão.

34 - (1688-1690) - Arcebispo Frei D. Manuel da Ressurreição -

35 - (1690-1694) - Antônio Luís Gonçalves da Câmara Coutinho - Em 1692


contratou Domingos Jorge Velho para combater o Quilombo dos Palmares, na Serra da
Barriga (SE). Este foi rechaçado em sua primeira investida, no entanto, obteve êxito
em 1694, destruindo o Quilombo. Para isso, utilizou 1300 índios e 80 brancos. Seu
chefe, Zumbi, conseguiu fugir, mas foi traído, sendo capturado e morto em 20 de
novembro de 1695.

36 - (1694-1702) - D. João de Lencastre - Modernizou a Cidade da Bahia


(Salvador), criando a 1a Casa da Moeda do Brasil, a Alfândega, a Casa da Relação e
concluiu a construção da Matriz de Salvador. Fundou também várias cidades na Bahia
e em Sergipe.

37 - (1702-1705) - D. Rodrigo da Costa - Em 1703, Portugal assina com a


Inglaterra os dois tratados de Methuen, em que Portugal se torna altamente dependente
da Inglaterra, o que viria mais tarde a comprometer a economia brasileira.

38 - (1705-1710) - Luís César de Menezes - Em seu governo houve a Guerra dos


Emboabas, em Minas Gerais (1708-1709): a descoberta de ouro pelos bandeirantes
paulistas na região das Minas Gerais, atraiu colonos de todas as regiões. Os paulistas
consideravam-se donos das minas e freqüentemente hostilizavam os forasteiros a quem
chamavam “emboabas” (estrangeiros). Em 1709, para melhor administrar a região o
governo português separou as Capitanias de São Paulo e Minas Gerais da Capitania do
Rio de Janeiro. Logo depois, os paulistas partiram em busca de ouro em Mato Grosso e
Goiás.
Também teve início a Guerra dos Mascates entre Recife e Olinda (PE) - (1709-1711):
com a expulsão dos holandeses, decaiu a economia açucareira, e a aristocracia rural de
18
Olinda passou a enfrentar dificuldades econômicas, enquanto os comerciantes
portugueses (apelidados de mascates) do Recife prosperavam. Em 1709, Recife passou
a ser uma Vila independente. Os Olindenses não se conformaram e invadiram Recife,
iniciando a Guerra dos Mascates. O conflito terminou com a intervenção da Coroa, e
Recife passou a ser a sede administrativa de Pernambuco.

39 - (1710-1711) - D. Lourenço de Almada - Em agosto de 1710, o capitão francês


Jean François Duclerc desembarcou com mil homens em Guaratiba (RJ). No entanto,
foi derrotado e feito prisioneiro, tendo sido assassinado em março de 1711, nas ruas da
cidade do Rio de Janeiro.

40 - (1711-1714) - Pedro de Vasconcelos de Sousa (3o. Conde de Castelo Melhor)-


- Em setembro de 1711, o Almirante francês Duguay-Trouin invadiu o Rio de Janeiro
com 17 navios e 5800 homens. Para libertar a cidade, os franceses receberam um
resgate de 12 milhões de cruzados.

41 - (1714-1718) - Pedro Antônio de Noronha Albuquerque e Sousa (Marquês de


Angeja) - Foi o terceiro Vice-Rei do Brasil.

42 - (1718-1719) - Sancho de Faro e Souza (2o. Conde de Vimieiro) - Em 1718,


Pascoal Moreira Cabral descobre ouro em Mato Grosso.

43 - (1720-1735) - Vasco Fernandes César de Menezes (Conde de Sabugosa) -


Foi o quarto Vice-Rei do Brasil. A partir de sua administração, todos os governadores
do Brasil receberam o título de Vice-Reis. Em seu governo houve a Revolta de Felipe
dos Santos em Vila Rica (MG), em 1720: o governo português proibiu a circulação do
ouro em pó, exigindo que ele fosse transformado em barras e quintado nas Casas de
Fundição, criadas especialmente para esse fim. Vencida a revolta, dos mais de 2 mil
participantes somente Felipe dos Santos, um dos mais pobres, foi enforcado e
esquartejado.
Bartolomeu Bueno da Silva, filho de Anhangüera, descobre ouro e funda a Cidade de
Goiás (GO), em 1726.

44 - (1735-1749) - André de Melo e Castro (2o. Conde de Galvêas) - Foi o 5o.


Vice-Rei do Brasil.

45 - (1749-1755) - D. Luís Pedro Peregrino de Carvalho Menezes e Ataíde (10o.


Conde de Atouguia) - Foi o 6o. Vice-Rei. Em 1750 assume o Rei D. José I, que
nomeia o poderoso Ministro Marquês de Pombal. No período entre 1750 e 1754 a
produção de ouro no Brasil atingiu o auge, com 15.760 kg. anuais.

46 - (1755-1760) - D. Marcos de Noronha e Brito (6o. Conde dos Arcos) - Foi o


7o. Vice-Rei. Um terremoto destrói Lisboa em 1755, e os impostos no Brasil são
aumentados para a reconstrução da cidade. Em 1759, o Rei D. José I extingue
definitivamente o caráter hereditário das Capitanias Hereditárias.
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47 - (1760-1763) - D. Antônio de Almeida Soares Portugal de Alarcão d’Eça e
Melo (1o. Marquês de Lavradio) - Foi o 8o. Vice-Rei.

48 - (1763-1767) - D. Antônio Álvares da Cunha (1o. Conde da Cunha) -


9o. Vice-Rei. Em 1763, para melhor controlar a região das Minas Gerais, muda a
Capital da Colônia para o Rio de Janeiro. Deu início à construção do Arsenal de
Guerra e do Arsenal de Marinha, e fundou o Hospital dos Lázaros, no Rio de Janeiro.

49 - (1767-1769) - D. Antônio Rolim de Moura Tavares (1o. Conde de Azambuja)


- Foi o 10o. Vice-Rei.

50 - (1769-1779) - D. Luís de Almeida Soares Portugal de Alarcão d’Eça e Melo


Silva Mascarenhas (2o. Marquês de Lavradio e Conde de Avintes) - Foi o 11o.
Vice-Rei. Em 1777 assume o trono português a Rainha D. Maria I.
=(Em 04 de julho de 1776, é proclamada a Independência dos Estados Unidos)=

51 - (1779-1790) - D. Luís de Vasconcelos e Sousa (Conde de Figueiró) - Foi o


12o. Vice-Rei. Fez vários melhoramentos no Rio de Janeiro: criou o Passeio Público
(ainda existente, projeto de Mestre Valentim), reformou o Largo do Carmo, abriu
várias ruas e protegeu artistas, fundando a Sociedade Literária do Rio de Janeiro.
Em 1789, eclodiu em Vila Rica (hoje Ouro Preto, MG), a revolução denominada
Inconfidência Mineira:
- A cidade de Vila Rica tivera ricas minas de ouro que pagavam altos impostos. No
entanto, as minas se esgotaram e a produção decaiu, mas o governo português exigia
que os impostos pagos tivessem o mesmo valor dos tempos de grande produção.
Ocorreram diversos distúrbios entre os mineiros e os fiscais arrecadadores, e isso
exacerbou ainda mais o sentimento nativista entre os brasileiros mais esclarecidos e
bem informados, que haviam estudado na Europa e tido contato com países mais
evoluídos.
Entre os intelectuais, estavam os poetas Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio
Gonzaga, Álvares Maciel, Inácio José de Alvarenga Peixoto e sua esposa Bárbara
Heliodora. Também estavam os Padres José de Oliveira Rolim, Carlos Correia de
Toledo e Melo e Manuel Rodrigues da Costa. Entre os militares, estavam o Tenente-
Coronel Francisco de Paula Freire de Andrade, os Coronéis Domingos de Abreu e
Joaquim Silvério dos Reis e o antigo Alferes do Regimento dos Dragões de Minas
Gerais, Joaquim José da Silva Xavier, apelidado de Tiradentes, porque exercia a
profissão de dentista prático. Participavam de reuniões em que planejavam uma
rebelião que seria executada no dia da Derrama (cobrança dos impostos atrasados), e
tinha como objetivo a proclamação da República e a libertação dos escravos na
Província de Minas Gerais, tornando-a independente do resto do país. Idealizaram a
bandeira, que seria branca, com um triângulo verde no centro e a inscrição “Libertas
quae sera tamen” (Liberdade ainda que tardia), adotada depois, como bandeira do
Estado de Minas Gerais.
Sendo o menos culto entre os participantes, Tiradentes era o mais exaltado. A ele
competiria efetuar a prisão do Visconde de Barbacena, governador de Minas Gerais.
Mas a conspiração teve um traidor, o português Joaquim Silvério dos Reis, Coronel do
20
Exército, que devia muito dinheiro à coroa em impostos atrasados, e em troca de sua
delação teria suas dívidas perdoadas.
Tiradentes foi preso no Rio de Janeiro, quando aliciava mais adeptos à sua causa. Os
outros, presos em Vila Rica e trazidos para o Rio de Janeiro a fim de serem julgados.
“Os Autos da Devassa” (Julgamento dos Inconfidentes) levaram três anos, e as
sentenças variaram de prisão perpétua a degredo. Somente Tiradentes, que assumiu
toda responsabilidade pela conspiração, foi condenado à morte. Foi enforcado no Rio
de Janeiro no dia 21 de abril de 1792. Seu corpo foi esquartejado e suas partes
espalhadas pelos locais por onde ele passou pregando a revolta, a fim de servir de
exemplo ao povo rebelado contra o governo português.
Tiradentes tornou-se símbolo do patriotismo nacional, e a data de sua execução é
reverenciada em nossos dias.
=(Em 14 de julho de 1789 eclode em Paris a Revolução Francesa, com a tomada da
prisão da Bastilha. Esse fato marcou o início da Idade Contemporânea e o declínio do
absolutismo)=

52 - (1790-1801) - D. José Luís de Castro (2o. Conde de Resende) - Foi o 13o.


Vice-Rei. Era muito severo, e no seu governo realizaram-se algumas revoluções e
foram julgados e condenados os Conjurados Mineiros. Fechou a Sociedade Literária,
fundada por seu antecessor, mandando prender e julgar os seus membros. Organizou o
serviço de Correios no Brasil, e realizou a conquista dos Sete Povos das Missões
Orientais do Uruguai.
Com a transferência da Capital da Colônia para o Rio de Janeiro, em 1763, Salvador
ficou abandonada à sua própria sorte. O povo, sobrecarregado de impostos rebelou-se
na que ficou conhecida como Inconfidência Baiana ou Conjuração dos Alfaiates,
em 1798.
Eram os líderes os alfaiates João de Deus e Manuel Faustino dos Santos Lira; os
soldados Lucas Dantas de Amorim Torres, Luís Gonzaga das Virgens e Romão
Pinheiro; o Padre Francisco Gomes; o farmacêutico João Ladislau de Figueiredo; o
professor Francisco Barreto e o médico Cipriano Barata.
Inspirados na Independência dos Estados Unidos (1776), na Revolução Francesa (1789)
e na Independência do Haiti (1793), eles almejavam a Independência do Brasil, com a
libertação dos escravos e a Proclamação da República.
Foram delatados e seus líderes presos e julgados. Alguns foram enforcados, outros
receberam castigos corporais, outros degredados e os mais influentes inocentados.

53 - (1801-1806) - D. Fernando José de Portugal e Castro (Conde e 2o. Marquês


de Aguiar) - Foi o 14o. Vice-Rei. Introduziu o uso da vacina no Brasil.

54 - (1806-1808) - D. Marcos de Noronha e Brito (8o. Conde dos Arcos) - Foi o


15o. e último Vice-Rei. Governou até a chegada da Família-Real no Brasil.
21
TRANSFERÊNCIA DA CORTE PORTUGUESA PARA O BRASIL

A guerra entre França e Inglaterra estendia-se de forma intermitente. Tratados de Paz


eram assinados e logo a seguir a guerra reiniciava.
D. João, Príncipe-Regente de Portugal desde 1792 (devido ao impedimento de sua mãe,
a Rainha D. Maria I, que era doente mental), procurava, prudentemente, manter-se
neutro nessa disputa.
Em 1807, Napoleão I, Imperador dos franceses, decretou o Bloqueio Continental, isto é,
o fechamento de todos os portos da Europa aos navios ingleses. Com isso, pretendia
golpear mortalmente o comércio inglês.
D. João, que mantinha bom relacionamento com a Inglaterra, não atendeu a essa
determinação. Assim, em outubro de 1807, Napoleão declarou deposta a dinastia de
Bragança e mandou invadir o território português, ficando o Brasil e demais colônias
Portuguesas a serem posteriormente divididas entre França e Espanha, sua aliada.
O Príncipe-Regente, numa manobra tática, resolve transferir a Família-Real e toda a
Corte Portuguesa para o Brasil, fixando a sede da monarquia no Rio de Janeiro.
Em novembro de 1807, o General Junot invade Portugal. No dia 29 de novembro de
1807, a esquadra portuguesa partiu de Lisboa, acompanhada por diversos navios
mercantes e comboiada por uma divisão naval inglesa.
Com o Príncipe-Regente D. João vinham todos os componentes da Casa Real, inclusive
a Rainha D. Maria I (a Louca), fidalgos e funcionários, num total de mais de 15 mil
pessoas, superlotando os 36 navios da frota.
Dispersados por uma tempestade na altura da Ilha da Madeira, alguns navios, inclusive
o que trazia D. João, aportaram na cidade de Salvador, a 22 de janeiro de 1808.
Aí permaneceu durante um mês, quando prosseguiu viagem, chegando ao Rio de
Janeiro, com grandes festas, a 7 de março de 1808.
Nessa época, o Brasil era dividido em 10 Capitanias-Gerais, 2 Autônomas e 5
Subalternas, com uma população calculada em 3 milhões de habitantes, metade dos
quais escravos.

REALIZAÇÕES DE D. JOÃO VI NO BRASIL

- No dia 28 de janeiro de 1808, logo após a sua chegada, ainda na Bahia, D. João
assina o Decreto de Abertura dos Portos do Brasil a todas as nações amigas. Com isso,
não só o comércio brasileiro teve um excepcional progresso, como também a
agricultura e a pecuária, da mesma forma que foi proporcionado o advento das
indústrias.

- D. João fundou a Imprensa Régia, no Rio de Janeiro, em 1808 o que muito concorreu
para o desenvolvimento cultural do Brasil.
Também na Bahia e em outras províncias estabeleceram-se bibliotecas e tipografias.
Diversos jornais e revistas foram fundados durante seu governo.

- Em 1808 foi criado o primeiro estabelecimento de crédito do Brasil, o Banco do


Brasil, no Rio de Janeiro.
22
- Na área da Educação, D. João facilitou a criação de escolas particulares de ensino
primário. Aumentou também o número de escolas-régias (que seriam escolas de
segundo grau), que preparava os alunos para exame de admissão às grandes
Universidades européias. Foram criadas também Escolas de Artes e Ofícios por todo
país. Nas sedes dos bispados funcionavam seminários. D. João criou o primeiro
estabelecimento de Ensino Superior do Brasil, a Escola Médico-Cirúrgica, em Salvador
em 1808. A seguir, uma outra Escola de Medicina foi criada no Rio de Janeiro.
D. João criou no Rio de Janeiro uma Escola de Ciências Econômicas regida por José da
Silva Lisboa, depois Visconde de Cairu.
A Biblioteca Real, muito rica para a época, foi primeiramente franqueada aos
pesquisadores, e depois ao público.
Em 1820 foi criada a Academia Real de Desenho, Pintura, Escultura e Arquitetura
Civil, onde também se estudava a Música, muito protegida por D. João, principalmente
a sacra.
Para formação de oficiais fundou no Rio de Janeiro a Academia Militar e a Academia
de Marinha, e na Bahia e no Maranhão fundou Escolas de Artilharia e Fortificação.

- No governo de D. João, vários cientistas estrangeiros visitaram longamente o Brasil


escrevendo importantes tratados sobre a flora, a fauna e a mineralogia de nosso país.

- As Letras e as Artes foram amplamente estimuladas no seu governo. Em 1816 chegou


ao Brasil a Missão Artística Francesa, contratada em Paris pelo Embaixador Marquês
de Marialva, trazendo o que de melhor havia na Europa, como os pintores Nicolau
Antônio Taunay e Jean Baptiste Debret, o escultor Auguste Taunay, o arquiteto
Grandjean de Montigny, os gravadores Charles Simon Pradier e Zeferino Ferrez e o
ornamentista Marcos Ferrez.

- Ainda em 1808, D. João criou o Tribunal da Real Junta do Comércio, Agricultura,


Fábricas e Navegação do Estado do Brasil, e uma de suas primeiras iniciativas foi
instituir prêmios a quem transplantasse, para o Brasil, árvores de especiarias finas da
Índia e produtos exóticos. Dessa forma, várias plantas foram trazidas, como
muscadeira, canforeira, cravo da Índia, manga, chá da China, e abacate (da América).
Da Güiana Francesa vieram a cana-de-açúcar denominada caiana e as palmeiras reais,
depois chamadas imperiais.

- Em 1811 foi fundado o Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

- Para facilitar o escoamento da produção, D. João construiu estradas e melhorou as


poucas já existentes.
Também facilitou a fixação de colônias estrangeiras no Brasil, sendo a primeira a de
suíços em Nova Friburgo (RJ) em 1818.
Para favorecer o comércio interno, permitiu a abertura de lojas e as vendas realizadas
por mascates, revogando proibição anterior.
23
o
- Tendo em vista fomentar o desenvolvimento no setor industrial, em 1 . de abril de
1808, D. João assinou um Alvará revogando um de 1785, que proibia o estabelecimento
de manufaturas e fábricas no Brasil.
Em 1809, concedeu isenção de direitos às matérias-primas das manufaturas nacionais.
Outro Alvará, de 1810, livrou do pagamento de taxas Alfandegárias o fio e tecidos de
algodão, seda e lã produzidos no Brasil, favorecendo as fábricas que se montassem no
país.

- As indústrias extrativas minerais foram incentivadas em 1813, determinando-se que os


mineradores de ouro não poderiam ter penhoradas suas lavras, e permitindo-se em
1815, ampla liberdade aos ourives. Também a extração de diamantes foi bastante
incentivada.
Em 1809, o mineralogista brasileiro Manuel Ferreira da Câmara Bittencourt e Sá, deu
início à construção da Fábrica de Ferro do Morro de Gaspar Soares ou do Pilar, nas
Minas Gerais. Nessa fábrica foi produzido ferro-gusa pela primeira vez no Brasil, em
1814.
A primeira fábrica a fundir ferro no país foi a Fábrica Patriótica, situada perto de
Congonhas do Campo (MG), em 1812.
Em 1810 foi criada a Fábrica de São João de Ipanema (Sorocaba - SP) , que foi a
segunda a produzir ferro-gusa, em 1818.

AS CORTES

Com a invasão francesa de Portugal, houve uma grande propagação de idéias liberais e
o descontentamento tomou conta do povo português, ocasionado pela ausência da
Família Real e a inferiorização administrativa e econômica da antiga sede da
Monarquia.
O resultado dessa situação foi a articulação de uma conspiração de origem nitidamente
maçônica, no início de 1817, visando substituir o poder estabelecido, por outro.
Descobertos, os conspiradores foram presos e muitos condenados à morte. Isto, porém,
não arrefeceu o ânimo dos descontentes.
Em 24 de agosto de 1820, foi vitoriosa, no Porto, uma revolta militar que resultou na
organização de uma Junta de Governo, de que faziam parte membros do Sinédrio
(sociedade secreta destinada à defesa da reunião das antigas Cortes Gerais
Portuguesas).
Esse movimento chegou a Lisboa a 15 de setembro de 1820. Os Governadores
nomeados pelo Rei foram destituídos, e foi criada uma Junta Provisional do Governo
Supremo do Reino, que assumiu o poder. Essa Junta determinou as condições em que
seriam eleitos os deputados que formariam as Cortes. (As Cortes Gerais Portuguesas,
eram Assembléias convocadas pelos reis nos momentos culminantes da vida nacional.
Com o incremento do absolutismo real, desde 1698 não se reuniam Cortes em
Portugal).
Com a ausência da Família-Real de Portugal, os membros das Cortes não estavam
satisfeitos com a cada vez maior autonomia que o Brasil ia adquirindo, e legislavam
sempre de forma a fazer o Brasil voltar a ser dependente de Portugal.
As Cortes queriam, também, o retorno da Família-Real para Portugal.
24
O PROCESSO DA INDEPENDÊNCIA

Pode-se considerar 1808, o ano da chegada da Família-Real ao Brasil, como o início do


processo que culminaria com a Independência do Brasil.
Sendo o Rio de Janeiro a sede da Corte Real Portuguesa, o Brasil teve um grande
desenvolvimento político, material, financeiro, em suma, em todos os sentidos. Foram
criadas várias repartições e instituições que em muito contribuíram para o
desenvolvimento do país.
Em 16 de dezembro de 1815, o Brasil deixa de ser uma simples colônia de Portugal.
Nesse dia, D. João assinou uma Carta de Lei, elevando o Brasil a Reino-Unido de
Portugal e Algarves.
Com a morte de D. Maria I, em 1816, D. João recebeu o título de D. João VI, Rei de
Portugal, Brasil e Algarves.
Em 1817, houve em Portugal uma revolta para o restabelecimento das Cortes Gerais
Portuguesas, logo dominada por tropas fiéis ao Rei.
Em 1820, os revoltosos conseguiram êxito e as Cortes começaram a governar Portugal
ao seu bel-prazer. Legislavam freqüentemente em detrimento dos interesses do Brasil e
muitas vezes em desobediência a determinações do próprio Rei D. João VI.
D. João VI, percebendo que estava perdendo sua autoridade para as Cortes de Lisboa,
resolve regressar a Portugal. No dia 22 de abril de 1821, o Rei nomeia seu filho D.
Pedro Príncipe-Regente do Reino do Brasil. Já prevendo a possibilidade de o Brasil
vir a separar-se de Portugal, diz D. João a D. Pedro antes de partir: "Pedro, se o Brasil
vier a se separar, antes seja para tí, que me hás de respeitar, do que para algum desses
aventureiros".
No dia 26 de abril de 1821, o Rei embarca para Portugal, deixando aqui como Regente
o filho e herdeiro. Chegando D. João VI a Portugal em julho, continuaram as Cortes a
agir como soberanas, não perdendo ocasião de impor sua autoridade à do monarca.
As Cortes elaboraram as bases da Constituição do Brasil sem a presença de
representantes brasileiros, e em outras ocasiões, mesmo quando estes estavam
presentes, não lhes era dada a menor importância.
A situação política agravou-se quando chegou o Decreto das Cortes mandando que o
Príncipe-Regente voltasse para Portugal a fim de dar prosseguimento aos seus estudos,
em viagens pela Europa, e com a notícia da supressão de tribunais e repartições criadas
por D. João no Brasil. Os patriotas brasileiros, avaliando as conseqüências da ida de D.
Pedro para Portugal, lançaram um manifesto e conseguiram um abaixo-assinado com
milhares de assinaturas, solicitando ao Príncipe-Regente que permanecesse no Brasil.
A 9 de janeiro de 1822, D. Pedro recebia a petição. Ainda hesitou um pouco em
desobedecer as ordens vindas de Lisboa. No entanto, pressionado pelos representantes
do povo, no sentido de tomar uma resolução mais decisiva, permitiu que se tornasse
oficial a seguinte resposta: “Como é para o bem de todos e felicidade geral da Nação,
estou pronto. Diga ao povo que fico”. Esta data ficou conhecida como o “Dia do
Fico”.
As tropas portuguesas sediadas no Brasil tentaram reagir contra a desobediência do
Príncipe-Regente, mas este, com o apoio de tropas brasileiras, do povo e até de
sacerdotes, mostrou que estava mesmo disposto a permanecer no Brasil e dedicar-se a
governar da maneira que julgava mais apropriada para o país.
25
Não chegou a haver graves confrontos armados, mas as tropas portuguesas foram
forçadas por D. Pedro a deixar o país e retornar a Portugal.
As Cortes enviaram uma esquadra ao Rio de Janeiro, trazendo uma Divisão para
substituir as tropas expulsas do Brasil, mas o Príncipe-Regente não permitiu o
desembarque, autorizando apenas vir a terra os oficiais e praças que quisessem servir ao
Brasil. Cerca de 400 homens, a terça parte do total, aqui permaneceram. Os restantes
retornaram a Lisboa.
As Cortes continuaram a legislar sobre o Brasil, e a 4 de maio de 1822, D. Pedro
assinou uma Portaria determinando que só teriam execução no Brasil os Decretos das
Cortes que obtivessem o seu “Cumpra-se”.
A 3 de junho de 1822, a pedido do Senado da Câmara e do Conselho de
Procuradores-Gerais das Províncias, D. Pedro decretou a convocação de uma
Assembléia-Geral Constituinte e Legislativa para o Brasil, independente das Cortes de
Lisboa.
No entanto, nem todas as províncias do Brasil eram favoráveis à autonomia brasileira, e
D. Pedro precisou agir com energia na Bahia, Pernambuco, Ceará, Piauí, Maranhão,
Grão-Pará e Cisplatina. Houve também tumultos em São Paulo.
Em agosto de 1822, D. Pedro partiu para São Paulo a fim de fazer valer a sua
autoridade. Percorreu o interior onde teve sua autoridade acatada e ao regressar à
capital do estado, no dia 7 de setembro de 1822, recebeu, perto do riacho Ipiranga, o
mensageiro Paulo Bregaro, enviado do Rio de Janeiro por José Bonifácio, portador de
importantes novidades vindas de Lisboa, com comentários do deputado Antônio Carlos,
de José Bonifácio e da Princesa Leopoldina.
As novidades eram a respeito de decisões tomadas pelas Cortes. Em resumo seriam
elas: D. Pedro continuaria como regente até a publicação da Constituição elaborada
pelas Cortes, mas sujeito ao Rei e às Cortes, com autoridade apenas sobre as províncias
em que já a exercia. Seria assistido por um novo Ministério, nomeado pelo Rei. Seria
nula a convocação da Assembléia-Geral Constituinte e Legislativa, e responsabilizado e
processado o Ministério da época e o governo de São Paulo, por seu pedido de
permanência do Príncipe no Brasil.
Os comentários eram sobre como o Rei D. João e o Ministério português estavam
dominados pelas Cortes, e como o Príncipe era por elas criticado. Lembravam também
a D. Pedro a necessidade de uma imediata decisão e o seu regresso, mostrando o perigo
da vinda de tropas Portuguesas, como as que haviam chegado à Bahia.
Conforme os depoimentos de várias testemunhas presentes, depois de ler as
comunicações, D. Pedro pediu a opinião do Padre Belchior Pinheiro de Oliveira, que o
acompanhava. Este teria respondido que, se D. Pedro não se fizesse Rei do Brasil, seria
prisioneiro das Cortes e talvez até deserdado por elas.
O Príncipe teria então, retirado do chapéu o Laço com as cores portuguesas, atirando-o
fora, e proferido a seguinte frase: “Laços fora, soldados! As Cortes querem mesmo
escravizar o Brasil! A partir de agora separamo-nos definitivamente de Portugal.
Independência ou morte! Seja a nossa divisa”.
26
O PRIMEIRO REINADO - (1822-1831)

No dia 12 de outubro de 1822, data do vigésimo quarto aniversário de D. Pedro, ele foi
aclamado Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil, com o título de D.
Pedro I.
A escolha do regime monárquico, ao invés de republicano para o Brasil, foi devido ao
malogro que esse regime estava tendo na América Latina e na Europa, com grande
instabilidade política e freqüentes guerras civis. Com efeito, no período Imperial, o
Brasil gozou de grande estabilidade e experimentou um progresso comparável ao de
qualquer outra grande potencia mundial.
Muito importante foi a participação da maçonaria no processo da independência. José
Bonifácio de Andrada e Silva, mais tarde cognominado “O Patriarca da
Independência”, era Grão-Mestre da Loja Maçônica do Grande Oriente. Também
vários ministros e políticos influentes junto a D. Pedro faziam parte da maçonaria.
D. Pedro I - D. Pedro de Alcântara Francisco Antonio João Carlos Xavier de Paula
Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e
Bourbon - (1798-1834) - Nasceu no Paço Real da Quinta de Queluz, em Portugal, a
12 de outubro de 1798. Chegou ao Brasil com 9 anos de idade - Deu muito trabalho
aos seus professores, pois era mais esportista do que intelectual e preferia fazer
trabalhos de carpintaria e cuidar dos cavalos a estudar; mas possuía um forte espírito de
liderança. Casou-se em 1817, aos dezoito anos, com D. Maria Leopoldina,
Arquiduquesa da Áustria, com a qual teve sete filhos. A Imperatriz morreu em 1826
com 29 anos de idade e D. Pedro casou-se novamente, com D. Amélia, com quem teve
uma filha.
D. Pedro teve vários casos extraconjugais, sendo o mais célebre deles o que manteve
durante sete anos com D. Domitila de Castro Canto e Melo, com a qual teve quatro
filhos e a quem deu o título de Marquesa de Santos.
Até a proclamação da Independência do Brasil, D. Pedro fora muito popular entre os
brasileiros. As dificuldades surgidas no novo Império, no entanto, começaram a minar
a popularidade do Imperador.
Foi convocada uma Assembléia Constituinte, formada po 100 membros, representantes
das províncias, a fim de dar ao Brasil uma nova Constituição.
D. Pedro desentendeu-se com a Assembléia, dissolvendo-a em 1823 e nomeou um
Conselho de Estado composto por 10 membros para elaborar uma Carta
Constitucional. O Conselho aproveitou parte do trabalho já realizado pela Assembléia
Constituinte e D. Pedro, a 25 de março de 1824, autorgava ao Brasil a sua primeira
Constituição que, com pequenas modificações, vigoraria até 1889. Essa Constituição
era centralizadora. Constava de quatro Poderes: Executivo, Legislativo, Judiciário e
Moderador. O Poder Moderador era exercido pelo Imperador e tinha ascendência sobre
os outros três.
Outro fator de enfraquecimento da popularidade do Imperador foi a deflagração da
revolta conhecida como Confederação do Equador, que deu-se em Pernambuco, em
1824, contra o fechamento da Constituinte e as medidas autoritárias de D. Pedro. Eram
seus líderes Manuel de Carvalho Paes de Andrade, Cipriano Barata e o Padre Carmelita
Joaquim do Amor Divino Rebelo (conhecido como Frei Caneca). Vencida a revolta, o
Imperador não perdoou seus líderes, condenando-os à morte.
27
D. Pedro também não se adaptou ao Controle do Legislativo e tinha freqüentes
desentendimentos com este Poder.
Em 1826, com a morte de D. João VI, D. Pedro foi aclamado Rei de Portugal, com o
título de D. Pedro IV, mas abdicou em favor de sua filha mais velha, D. Maria da
Glória, então com 8 anos de idade.
Em 1828, a Província Cisplatina tornou-se independente do Brasil, com o nome de
República Oriental do Uruguai.
Em março de 1831, houve no Rio de Janeiro, um conflito entre brasileiros e
portugueses, que foi denominado Noite das Garrafadas. Com o objetivo de restabelecer
a ordem, D. Pedro substitui o Ministério, nomeando elementos de confiança dos
brasileiros. Como esses não conseguem restabelecer a paz, são destituídos e
substituídos por um outro, escolhido pelo Imperador, o Ministério dos Medalhões.
Estes, no entanto, eram suspeitos ao povo que se rebela, com o apoio das Forças
Armadas, e intima o Imperador a substituir o Ministério. Este, com sua forte
personalidade, não aceita a intimação, e com o intuito de evitar uma luta armada no
país, abdica ao trono, em favor de seu filho mais novo e único homem, D. Pedro de
Alcântara, então com 5 anos de idade, no dia 7 de abril de 1831.
D. Pedro parte então para Portugal e recupera o trono de Portugal para sua filha D.
Maria da Glória (D. Maria II), que havia sido usurpado pelo seu tio D. Miguel.
D. Pedro morreu, vítima da sífilis, no dia 24 de setembro de 1834, na mesma quinta em
que nascera há 35 anos.
=(Em 17 de dezembro de 1830, morre na Colômbia, o venezuelano Simón Bolívar, “El
Libertador”, responsável pela independência de 7 países da América do Sul)=

AS REGÊNCIAS - (1831-1840)

1 - Regência Trina Provisória: (07/04/1831 - 17/06/1831) - Composta pelo


Brigadeiro Francisco de Lima e Silva e dos Senadores José Joaquim Carneiro de
Campos (Marquês de Caravelas) e Nicolau Pereira de Campos Vergueiro.
Governou até a eleição da Regência Permanente, em meio a grande agitação do povo e
indisciplina das tropas.

2 - Regência Trina Permanente: (17/06/1831 – 12/10/1835) - Composta pelo


Brigadeiro Francisco de Lima e Silva e pelos Deputados João Bráulio Muniz e José
da Costa Carvalho (depois Marquês de Monte Alegre).
Foi um período difícil, em que a tranqüilidade foi perturbada por movimentos de
rebeldia na Capital e nas Províncias. Para combatê-los foram criados o Corpo de
Guardas Municipais Permanentes e a Guarda Nacional.
Era Ministro da Justiça o Padre Diogo Antônio Feijó, homem enérgico e voluntarioso,
que renunciou quando não foi aprovado seu projeto de destituição do tutor de D. Pedro
II, José Bonifácio, que ele acusava de conspirador e participante dos movimentos
rebeldes. A Assembléia-Geral, em vista das dificuldades oriundas de uma administração
dividida entre três membros, resolveu modificar a Constituição e a 12 de agosto de
1834 institui a Regência Una. Nesse mesmo ato foi criado o Município da Corte, que
mais tarde seria o Município Neutro e depois Distrito Federal.
28
3 - Regência Una - (1835-1837) - Para Regente foi eleito o Padre Diogo Antônio
Feijó, que teve de enfrentar forte oposição política e novos movimentos rebeldes.
O primeiro foi A Cabanagem, no Pará (1835-1840), que começou com as disputas
locais em torno da nomeação do Presidente da Província. Quase toda a população
participou da revolta. Depois de tomado o governo, os insurgentes proclamaram a
independência da Província. As tropas governamentais sufocaram a revolução, que
culminou com mais de 40 mil mortos, de uma população total de 100 mil habitantes da
Província do Grão-Pará.
O mais grave desses movimentos foi a Revolução Farroupilha (ou Guerra dos
Farrapos), no Rio Grande do Sul, comandada pelo Coronel Bento Gonçalves da Silva,
que começou em 1835 e somente em 1845 foi dominada, graças à ação política e
militar de Luís Alves de Lima e Silva, o futuro Duque de Caxias.
Em setembro de 1837, Feijó já bastante doente e cansado da insistente oposição
parlamentar que recebia, renunciou ao cargo, a favor do chefe do grupo oposicionista,
Pedro de Araújo Lima.

4 - Pedro de Araújo Lima (Marquês de Olinda) - (1837-1840) - Na sua


administração foi fundado o Colégio Pedro II, o Instituto Histórico e Geográfico
Brasileiro e o Arquivo Público Nacional.
Teve de enfrentar a continuação da Guerra dos Farrapos e da Cabanagem e ainda a
Sabinada, na Bahia (1837-1838), chefiada por Francisco Sabino Barroso, contra a
centralização do poder; e a Balaiada, no Maranhão (1838-1841), chefiada por Manuel
dos Anjos Ferreira, o Balaio, contra os privilégios das elites locais.

A MAIORIDADE

Os grupos políticos continuavam a lutar entre si e a Assembléia-Geral, objetivando


acalmar as paixões partidárias e dar melhores dias ao Brasil, resolve proclamar a
maioridade de D. Pedro II, no dia 23 de julho de 1840, quando ele contava 14 anos de
idade. Foi coroado no dia 18 de julho de 1841.

O SEGUNDO REINADO – (1840-1889)

D. Pedro II - D. Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano


Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga – (1825-1891) -
Nasceu no Palácio da Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, no dia 2 de dezembro de
1825 - Filho de D. Pedro I e de D. Leopoldina. Com a abdicação de D. Pedro I
tornou-se Imperador aos 5 anos de idade. Devido à sua pouca idade, o Brasil passou a
ser governado por Regências até que o Príncipe atingisse a maioridade. D. Pedro II
ficou sob a tutela de José Bonifácio de Andrada e Silva (O Patriarca da
Independência).
As Regências que se sucederam não conseguiram agradar a todos e para por fim às
lutas e agitações no país, o Congresso decidiu pela maioridade de D. Pedro II, no dia 23
de julho de 1840, quando contava 14 anos de idade. Foi coroado no dia 18 de julho de
29
1841. Em 1843, aos 17 anos, casou-se com D. Teresa Cristina de Bourbon, filha de
Francisco II, Rei das Duas Sicílias.
Governou o Brasil durante quase 50 anos, até a proclamação da República.
Em 1889, foi exilado para a Europa, com toda a família, e morreu em Paris, no dia 5 de
dezembro de 1891, logo após completar 66 anos de idade.
A história do Império de D. Pedro II pode ser dividida em quatro fases:
a - 1840 – 1849 - Pacificação das lutas internas.
b - 1850 - 1863 - Apogeu.
c - 1864 – 1870 - Guerras externas.
d - 1871 - 1889 - Decadência.

a) Pacificação das Lutas Internas (1840-1849) - Os primeiros tempos do 2o. Reinado


foram difíceis. Quando D. Pedro II assumiu o governo, em 1840, estavam em curso a
Guerra dos Farrapos, no Rio Grande do Sul e a Balaiada no Maranhão.
Um elemento de destaque na pacificação do país foi um militar chamado Luís Alves de
Lima e Silva, filho do Brigadeiro Francisco de Lima e Silva, que foi Regente no
período de 1831 a 1835. Esse valoroso militar nasceu no dia 25 de agosto de 1803, na
freguesia da Estrela, no Município de Nova Iguaçu (RJ).
Em 1808, aos cinco anos de idade, por decreto especial de D. João, ingressou na
carreira militar no Regimento comandado por seu avô, o Brigadeiro José Joaquim de
Lima e Silva.
Em 1841, o Coronel Lima e Silva venceu a revolta chefiada por Manoel Francisco dos
Anjos Ferreira, o Balaio, no Maranhão. Essa revolta chamou-se Balaiada. Após essa
campanha, conquistou o posto de General e recebeu o título de Barão de Caxias.
Combateu também movimentos revolucionários em Minas Gerais e São Paulo em
1842.
Em dezembro de 1842, é mandado ao Rio Grande do Sul, onde assume o governo da
Província a fim de combater os Farroupilhas. Obtém várias vitórias e em 1845
consegue a paz com os revoltosos, assinando a “Paz de Ponche Verde”, anistiando seus
chefes: Bento Gonçalves, Davi Canabarro e Antônio Neto. Com isto, recebe o título
de Conde de Caxias, em 1845. (Caxias ficou também conhecido como “O Pacificador
do Império”).
- O último movimento revolucionário do Império foi a Revolta Praieira, em
Pernambuco (1848-1849), liderada pelo Capitão Pedro Ivo e o General Abreu e Lima,
que pregavam a divisão das fortunas, dominada sem maiores dificuldades.

b) Apogeu (1850-1863) - 0 período entre 1850 e 1863 foi o de maior desenvolvimento


do País. A agricultura desenvolveu-se, principalmente o café. Foi criado o Ministério da
Agricultura. A imigração européia foi bastante incentivada e as indústrias prosperaram,
principalmente as de Fiação e Tecelagem, Madeiras e de Produtos Químicos.
Uma das principais figuras do desenvolvimento brasileiro foi Irineu Evangelista de
Sousa, Barão e depois Visconde de Mauá.
Mauá teve atuação em várias áreas. Em 1854, construiu a primeira estrada de ferro na
América do Sul, que ia de Mauá à Raiz da Serra de Petrópolis, com 14,5 km de
extensão. Sob a supervisão de Mariano Procópio Lajes construiu, em 1861, a primeira
30
Estrada de Rodagem do país, a União e Indústria, que vai de Petrópolis (RJ) a Juiz
de Fora (MG), e é utilizada até nossos dias.
Irineu Evangelista fundou o Banco Mauá, e atuou na implantação dos bondes e no
abastecimento de água e gás.
O Telégrafo e o Serviço Postal também foram implantados nessa época.
Os maiores nomes das Letras e das Artes brasileiras provêem da época do Império.
=(Em 1861, começa nos Estados Unidos, a Guerra de Secessão, entre os estados do
norte, industrializado, e os do sul, escravista. Esta termina em 1865, com a vitória do
norte / Em 14 de abril de 1865, o presidente americano Abraham Lincoln é assasinado
no teatro, em Washington)=

c) Guerras Externas (1864-1870) - No Segundo Império, o Brasil fez guerras contra


a Argentina, o Uruguai e o Paraguai.

- A primeira guerra foi contra o ditador argentino Juan Manoel Rosas, que se prevaleceu
da disputa interna no Uruguai, entre os partidos blanco e colorado, apoiando Manoel
Oribe, do partido blanco. O objetivo desses ditadores era restabelecer o Vice-Reino do
Prata, que congregava Argentina, Uruguai e Paraguai. O exército brasileiro,
comandado pelo General Manuel Marques de Sousa, depois Conde de Porto Alegre,
teve o apoio do governador da província argentina de Entre-Rios, D. Justo José
Urquiza. Após levantar o cerco de Montevidéu, invadiu a Argentina e derrotou as
tropas de Rosas na Batalha de Monte Caseros em 3 de fevereiro de 1852.

- Em 1863, novamente o Brasil manda tropas ao Uruguai, devido às invasões havidas


em nossa fronteira. O General Venâncio Flores queria depor o Presidente Atanásio Cruz
Aguirre quando a esquadra brasileira, sob o comando do Almirante Joaquim Marques
Lisboa (o Almirante Tamandaré), se preparava para bombardear a cidade de
Montevidéu, em fevereiro de 1865.

- (Guerra do Paraguai) (1864-1870) - A guerra contra o governo paraguaio de


Francisco Solano Lopez, foi a mais longa que o Brasil sustentou. Iniciada em
novembro de 1864, com o aprisionamento em Assunción, do navio brasileiro Marquês
de Olinda, terminou em março de 1870, quando foi morto o ditador paraguaio.
Lopez queria formar o "Grande Paraguai", que abrangeria o Paraguai, Uruguai, parte
da Argentina e as províncias brasileiras do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Depois de aprisionar o “Marquês de Olinda”, Lopez invadiu o sul do Mato Grosso, por
terra e por via fluvial. A invasão paraguaia encontrou resistência no Forte Coimbra,
onde o Coronel Hermenegildo de Albuquerque Portocarrero resistiu durante três dias
com 150 homens, conseguindo evadir-se para voltar à luta mais adiante em Dourados,
onde o Tenente Antônio João resistiu até à morte à frente de 18 homens.
Depois, Lopez invadiu a província argentina de Corrientes, o que determinou a entrada
desse país na guerra, ao lado do Brasi1 e Uruguai. Formou-se a Tríplice Aliança
(01/05/1865), onde Brasil, Argentina e Uruguai firmaram a declaração de que faziam
guerra contra o governo de Solano Lopez, e não contra o povo paraguaio.
O primeiro grande embate dessa guerra foi a Batalha Naval do Riachuelo, onde o
Almirante Francisco Manuel Barroso, a 11 de junho de 1865 venceu os paraguaios,
31
utilizando pela primeira vez navios a vapor e sem blindagem ou couraça.
Destacaram-se nessa batalha o marinheiro Marcílio Dias e o guarda-marinha
Greenhalg, ambos mortos em combate.
A 24 de maio de 1866 ocorreu a Batalha de Tuiuti, sendo o exército brasileiro
comandado pelo General Manuel Luís Osório, o Marquês de Herval. Os brasileiros
obtiveram grande vitória, inspirados na coragem de seu comandante.
Em 1867, os paraguaios obtiveram uma significativa vitória sobre os Aliados na
localidade de Laguna (SC), ocorrendo a Retirada de Laguna, ocasião em que os
brasileiros sofrem pesadas perdas, em homens e material.
Outra derrota dos Aliados é o ataque ao forte de Curupaiti, em 1867. O Comando
Aliado estava a cargo do Presidente argentino General Bartolomeu Mitre.
Após essas derrotas, o Comando Aliado fica a cargo do Marquês de Caxias. Este
constrói uma estrada que contorna a região pantanosa do Chaco, para chegar a
Assunción, onde estavam as tropas paraguaias.
A nossa esquadra, comandada pelo Capitão-de-Mar-e-Guerra Delfim Carlos de
Carvalho, o Barão da Passagem, tomou a fortaleza do Humaitá, no Rio Paraguai, o que
abriu caminho para Assunción.
O exército brasileiro, sob o comando de Caxias, venceu as batalhas da Dezembrada
(dezembro de 1868): Itororó, Avaí, Lomas Valentinas e Angostura.
A 5 de janeiro de 1869, Caxias entra em Assunción, e Lopez se retira para as montanhas
ao norte do país, decidido a lutar até o fim.
Já bastante cansado, Caxias voltou ao Brasil e foi substituído pelo Príncipe Gastón
d’Orleans, o Conde d’Eu, marido da Princesa IsabeI, filha do Imperador D. Pedro II.
Em agosto de 1869, ocorre a Campanha das Cordilheiras, ao norte do Paraguai e as
tropas brasileiras vencem as Batalhas de Peribebuí e Campo Grande.
Enquanto a fase final da Guerra se desenrola nas Cordilheiras, um novo governo já se
instalara en Assunción e a paz pode ser firmada. Muito contribuiu nesse sentido o
Ministro dos Negócios Estrangeiros do Brasil, José Maria da Silva Paranhos, depois
Barão e Visconde do Rio Branco.
A 1o. de março de 1870, Solano Lopez é encurralado na Batalha de Cerro Corá, e não
querendo render-se é morto pelo Cabo de Cavalaria Francisco Lacerda, apelidado o
“Chico Diabo”. Comandava as tropas brasileiras o General Corrêa da Câmara, mais
tarde Visconde de Pelotas.
Esse episódio põe término a uma Guerra que durou mais de 5 anos e custou muitas
vidas aos quatro países envolvidos e durante a qua1 “Coragem, audácia, heroísmo,
multiplicaram-se em ambos os lados do conflito”. Estima-se que metade da população
paraguaia tenha morrido nesse conflito.
Voltando ao Rio de Janeiro, Caxias recebe do Imperador o mais alto título conferido a
um brasileiro, o de Duque.
Após dedicar toda sua vida ao Exército, o Duque de Caxias morreu na Fazenda Santa
Mônica, no Rio de Janeiro, no dia 8 de maio de 1880, com a idade de 76 anos.

d) Decadência (1871-1889) - Apesar de sua grande competência administrativa e de


seu inegável patriotismo, o Imperador começa a perder gradativamente o seu prestígio.
Os fatores que mais contribuíram para esse declínio foram a Questão Religiosa, a
Questão Militar e a Escravatura.
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A QUESTÃO RELIGIOSA

Pela Constituição do Império de 1824, a religião oficial do Brasil era a católica


apostólica romana, sendo permitida a existência de outras.
Competia ao governo a indicação dos Sacerdotes que deveriam ser nomeados para os
principais cargos eclesiásticos do Império e o clero era pago pelo Estado, assim como o
funcionalismo público. Além disso, as bulas e breves do Papa, só teriam aplicação no
Brasil, após a obtenção da placitação, isto é, da aprovação Imperial.
A Igreja não aprovava a maçonaria, e em 1872, os Bispos de Olinda (PE) e do Pará,
suspenderam os Sacerdotes das ordens e excluíram das confrarias religiosas os
elementos que se recusaram a desligar-se da maçonaria.
As Irmandades maçônicas apelaram para a intervenção da Coroa, e os Bispos foram
julgados pelo Supremo Tribunal de Justiça, e condenados à prisão. Em 1875, o Duque
de Caxias, presidente do novo Ministério, propôs a anistia aos bispos presos, com a
qual concordou o Imperador. Esta questão evidenciou a inconveniência da manutenção
do regime de união entre a Igreja e o Estado.

A QUESTÃO MILITAR

Durante a Guerra do Paraguai, os militares brasileiros tiveram um prolongado contato


com países platinos, cujo regime político era o republicano. Lá eles tiveram
oportunidade de averiguar as vantagens e a maior liberdade da república.
As questões militares foram episódios em que militares discutiram, através da
imprensa, assuntos de ordem estritamente militar, o que ocasionou punições por
indisciplina. Os militares punidos, com o apoio do Marechal Deodoro, e do Ministro da
Guerra, solicitaram ao Imperador a suspensão das punições, não sendo atendidos. O
incidente foi agravado com a exoneração do Marechal Deodoro e do Ministro da
Guerra, só sendo resolvido com a intervenção do Senado, já em maio de 1887.
A questão foi encerrada, mas deixou um enorme mal-estar no seio das forças armadas,
em relação ao Imperador.

A ESCRAVATURA

Os primeiros colonizadores que aqui chegaram, tentaram escravizar o indígena, para


utilização no trabalho da lavoura. Esse, porém, não se prestou ao regime de escravidão,
pois era altivo e acostumado à liberdade, além de não ser muito resistente para tarefas
pesadas e repetitivas. Dessa forma, os portugueses lançaram mão dos negros trazidos da
África.
O Brasil não foi o primeiro nem o único país da América a adotar a escravidão. Os
estados sulinos da América do Norte e as Antilhas também adquiriram escravos negros.
Os escravos eram comprados principalmente no Sudão, na Guiné e na tribo Banto. Em
sua terra, eles eram livres e possuíam sua própria cultura. Caçados pelos mercadores de
escravos, eram aprisionados e vendidos. Trazidos para o Brasil nos "navios negreiros",
viajavam em condições sub-humanas, amontoados em porões sem higiene, sem ar, e
com água e comida escassas. Muitos morriam antes de chegar ao destino, e os que
chegavam estavam fracos e doentes.
33
Mal tinham tempo de se recuperar, e eram levados para as senzalas (local onde
moravam, toscas construções sem o menor conforto). Freqüentemente eram atacados
pelo banzo, uma tristeza profunda de saudade da terra natal, chegando muitos a morrer
dessa forma.
Nas fazendas e nas cidades havia o pelourinho, um local onde os escravos eram
castigados (acorrentados, chicoteados e muitas vezes mutilados). Muitos escravos
revoltavam-se e fugiam para o mato, formando núcleos chamados quilombos.
Os escravos negros foram elementos importantes no desenvolvimento do nosso país,
trabalhando na lavoura, na mineração e nas cidades.

A ABOLIÇÃO DA ESCRAVIDÃO

Muitos foram os movimentos que visavam a extinção da escravatura no Brasil.


Após a independência, o Brasil assinou, em 1826, um tratado com a Inglaterra que
extinguia o tráfico negreiro. Essa medida não obteve êxito, como a lei de autoria do
Regente Feijó, de 1831, que declarava Livres todos os escravos do Brasil.
A Inglaterra tinha interesses econômicos na extinção da escravatura, pois ela mesma já
não utilizava mão-de-obra escrava nas suas colônias, e sofria concorrência em seus
produtos. Assim, patrulhavam o Atlântico, fazendo com que os navios negreiros
retornassem à África com sua carga. Muitas vezes os traficantes de escravos lançavam
sua carga humana ao mar, ao perceber que seriam abordados por navios ingleses.
Muitos brasileiros se rebelaram contra a escravidão. Já na Inconfidência Mineira
(1789), poetas como Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga, Álvares
Maciel, Inácio José de Alvarenga Peixoto e sua esposa Bárbara Heliodora, levantaram
suas vozes contra a escravidão.
No Segundo Império, entre os intelectuais abolicionistas destacaram-se Antônio de
Castro Alves (“O Poeta dos Escravos”), Saldanha da Gama, Luís Gama, Joaquim
Nabuco, Rui Barbosa e Manuel Pinto de Sousa Dantas.

- A Lei Eusébio de Queiroz, proibindo o tráfico de escravos, assinada em 4 de


setembro de 1850, foi a primeira medida eficaz para a extinção do tráfico de escravos.
Somente 5 anos depois (1855), cessou definitivamente o tráfico.
Depois da Guerra do Paraguai (1870), a campanha abolicionista tomou mais força.

- A Lei do Ventre Livre, assinada a 28 de setembro de 1871, determinava que eram


livres todos os filhos de escravos nascidos dessa data em diante. Pelo cálculo de seus
autores, não haveria mais escravos no Brasil em 1910. Era Presidente do Gabinete, na
época, o Visconde do Rio Branco.
Os abolicionistas não julgaram satisfatória essa abolição a longo prazo e continuaram
seus movimentos. Em 1883, fundaram a Confederação Abolicionista, no Rio de
Janeiro. Dela participavam Joaquim Nabuco, José do Patrocínio, o engenheiro negro
André Rebouças, Rui Barbosa, João Clapp e José Mariano.

- A Lei dos Sexagenários, decretada a 28 de setembro de 1885, declarava livres todos


os escravos que atingissem a idade de 60 anos.
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Foi de autoria do Conselheiro José Antônio Saraiva e do Barão de Cotegipe, daí ser
também conhecida como Lei Saraiva-Cotegipe.

- A Lei Áurea, aprovada pelo parlamento brasileiro, foi assinada a 13 de maio de


1888, pela Princesa Isabel, Regente do Trono em virtude de estar o Imperador em
viagem à Europa. Declarava definitivamente extinta a escravidão no Brasil.

OS MOVIMENTOS REPUBLICANOS

Em toda a América independente, o Brasil era a única nação que adotara a Monarquia
como forma de governo. Entretanto, em diversos movimentos armados, mesmo antes
de 1822, as idéias republicanas já apareciam nas cogitações dos revoltosos.
Em 1710 no Recife, com Bernardo Vieira de Melo; a Conjuração Mineira, em 1789
e a Revolução Pernambucana em 1817, são exemplos da longevidade dessas aspirações.
Após a Guerra do Paraguai, a idéia de um país republicano tomou vulto. Com a
abolição da escravatura, tanto abolicionistas quanto escravagistas dedicaram-se ao
movimento republicano. Os primeiros, por convicção política, e os segundos por um
sentimento de rancor contra o Império, que tanto os havia prejudicado.
A imagem do Imperador, embora ainda impusesse respeito, estava muito desgastada e
já perdera a popularidade. As questões religiosas e militares e a abolição da escravatura
culminaram com a queda da monarquia.
Também a avançada idade do Imperador e o seu estado de saúde, foram fatores
decisivos, pois mesmo os monarquistas temiam que ele morresse e a coroa passasse
para a Princesa Isabel, que era casada com um francês que certamente iria influenciá-la.

A PROPAGANDA REPUBLICANA

Em 1870, os republicanos fundaram o “Clube Republicano” e o jornal "A República”,


no Rio de Janeiro, que publicou o manifesto de apresentação das novas idéias. Em
1873, formou-se o Partido Republicano e reuniu-se em Itu (SP) a primeira convenção
republicana.
Daí em diante, e até a queda da monarquia, não mais cessou a propaganda republicana,
cujos principais executores foram: Silva Jardim, Lopes Trovão, José do Patrocínio,
Quintino Bocaiúna, Aristides Lobo, Saldanha Marinho, Benjamim Constant Botelho
de Magalhães e Rui Barbosa.
A propaganda republicana, apesar de ardorosa e realizada por homens talentosos, não
obteve grandes êxitos, pois o povo, de um modo geral, mantinha-se indiferente aos
acontecimentos políticos.

A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA

Quando o Gabinete presidido pelo Visconde de Ouro Preto subiu ao poder no dia 7 de
junho de 1889, o país estava agitado e descontente. A figura mais prestigiada nos
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meios militares era o Marechal Manuel Deodoro da Fonseca, cuja cooperação os
republicanos começaram a solicitar insistentemente.
Deodoro, que nutria grande simpatia pelo velho Imperador, resistiu o quanto pôde, mas
acabou cedendo aos apelos do Tenente-Coronel Benjamim Constant, em face aos
boatos de que medidas repressivas seriam tomadas, com a sua prisão e a de Benjamim
Constant.
No dia 14 de novembro de 1889, o Visconde de Ouro-Preto convoca às pressas o
Ministério, que se reúne à noite no Quartel-General, para discutir a grave crise. Na
madrugada do dia 15, o Marechal Deodoro assumiu o comando das forças rebeldes e
dirigiu-se ao Quartel-General, cuja defesa estava a cargo do General Floriano Peixoto,
que não opôs resistência, aderindo aos revoltosos. Deodoro encontrou o Ministério
reunido e declarou que o Governo estava deposto.
À tarde do dia 15 de novembro de 1889, alguns republicanos reuniram-se no edifício da
Câmara Municipal, entre eles Lopes Trovão e José do Patrocínio, e lavraram uma ata
declarando a instauração do regime republicano no Brasil.
A Família Imperial foi exilada, partindo para a França no dia 17 de novembro de 1889.

A CONSTITUIÇÃO DE 1891

A 3 de dezembro de 1889, o Governo Provisório do Marechal Deodoro da Fonseca


nomeou uma comissão de 5 juristas para elaborar a nova Carta Política do país. Essa
comissão apresentou o Ante-Projeto, cuja revisão foi feita por Rui Barbosa, o qual,
além de verificar a parte de linguagem influiu na orientação constitucional, sendo
assim muito importante a sua participação na elaboração da Constituição de 1891.
Instalada em 15 de novembro de 1890, a Constituinte baseou seu trabalho na obra dos
5 juristas a qual, no entanto, sofreu várias modificações por parte da nova comissão,
composta por 21 membros, representantes das Unidades da Federação.
A 24 de fevereiro de 1891, entrava em vigor, a 1ª Constituição da República do
Brasil, que regeria os destinos do país até 1930.
São três os Poderes criados pela nova Constituição: Executivo, Legislativo e
Judiciário.
- Poder Executivo - exercido pelo Presidente da República, eleito por voto direto, por
quatro anos, não podendo ser reeleito. Os Ministros eram escolhidos e demitidos
livremente pelo Chefe do Poder Executivo.
- Poder Legislativo - com duas Casas: o Senado e a Câmara dos Deputados. Os
Senadores eram em número de 3 por Estado, eleitos por 9 anos. Os Deputados, em
número proporcional ao número de habitantes por Estado, eram eleitos por 3 anos.
- Poder Judiciário – seu órgão máximo é o Supremo Tribunal Federal. Cada Estado
possui sua própria Justiça e a Justiça Federal funcionando nos Estados nas questões de
interesse da União.
Pela Constituição de 1891, a Igreja ficava independente do Estado.
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GOVERNOS REPUBLICANOS

PRESIDENTES DO BRASIL

-- Governo Provisório - 15/11/1889 - 26/02/1891 - Marechal Manuel Deodoro da


Fonseca - A República dos Estados Unidos do Brasil foi instituída pelo Decreto
número 1 de 15 de novembro de l889. Para administrar o país, enquanto não entrasse
em vigor a Constituição Republicana prevista para 1891, criou-se o Governo
Provisório, sob a chefia do Marechal Manuel Deodoro da Fonseca. As Câmaras foram
dissolvidas e declarados extintos os Conselhos de Estado e a vitaliciedade do Senado.
Por outro lado, o novo regime reconhecia a validade dos Tratados e compromissos
internacionais, a dívida pública e os direitos em vigor.
Entre os primeiros decretos do Governo Provisório, consta o da Convocação da
Assembléia Constituinte para 15 de novembro de 1890; a criação da Bandeira da
República, a 19 de novembro de 1889, e a conservação, a 20 de janeiro de 1890, da
música do Hino Nacional, de autoria de Francisco Manuel da Silva. A nova letra seria
feita, mais tarde, por Joaquim Osório Duque Estrada.
Também a separação entre Igreja e Estado foi realizada por Deodoro.

01 - 1891 - Marechal Manuel Deodoro da Fonseca - (1827-1892) – Natural de


Alagoas. Foi o 1o. Presidente eleito conforme determinação da nova Constituição.
Tomou posse a 26 de fevereiro de 1891, juntamente com o Vice-Presidente, o Marechal
Floriano Peixoto. Seus mandatos deveriam terminar a 15 de novembro de 1894.
A administração de Deodoro foi dificultada por suas freqüentes divergências com os
parlamentares, que lhe faziam aberta oposição. A 3 de novembro de 1891, Deodoro
dissolveu o Congresso e suspendeu as garantias constitucionais no Rio de Janeiro e
Niterói. Essa medida provocou grande descontentamento e, a 23 de novembro de 1891,
a esquadra revoltou-se sob o comando do Almirante Custódio José de Melo.
A fim de evitar derramamento de sangue brasileiro, o Presidente renunciou nesse
mesmo dia, entregando o poder ao Vice-Presidente, seu substituto legal.

02 – 1891-1894 - Marechal Floriano Vieira Peixoto - (1839-1895) - natural de


Alagoas. Tomou posse no dia 23 de novembro de 1891. Depôs os governadores que
haviam apoiado o golpe de dissolução do Congresso por Deodoro. Essa atitude não foi
bem recebida e houve revoltas populares e militares, todas repelidas por Floriano.
A deposição do governador Júlio de Castilho, do Rio Grande do Sul, provocou uma
sangrenta revolta que duraria dois anos.
Novamente, a 6 de novembro de 1893, a esquadra revoltou-se sob o comando do
Almirante Custódio de Melo, apoiado pelo Almirante Saldanha da Gama, prontamente
dominados pelo Presidente.
Pela sua firmeza em debelar revoltas e combater indisciplina, o Marechal Floriano ficou
conhecido como “O Consolidador da República” e “Marechal de Ferro”.

03 - 1894-1898 – Prudente José de Morais e Barros – (1841-1902) - Advogado,


natural de São Paulo – Procurou pacificar o país anistiando os rebeldes do governo
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anterior. Em seu governo houve a revolta de sertanejos fanáticos (jagunços), em
Canudos, no interior da Bahia, chefiados por Antônio Conselheiro. Esse reduto muito
resistiu antes de ser exterminado. A história dessa revolta está narrada, por Euclides da
Cunha, no livro “Os Sertões”. Prudente de Morais atenuou as dificuldades financeiras
do país; resolveu a questão de limites com a Argentina (questão de Palmas ou das
Missões) e obteve a restituição da Ilha da Trindade, indevidamente ocupada pelos
ingleses. Em 1896, o Palácio do Catete torna-se Sede do Executivo Federal.
No período de 10/11/1896 a 04/03/1897, governou interinamente o Vice-Presidente da
República e Presidente do Senado, Dr. Manuel Vitorino Pereira (1853-1902).

04 - 1898-1902 - Manuel Ferraz de Campos Sales - (1841-1913) - Advogado,


natural de São Paulo. Restaurou as finanças brasileiras, graças à orientação do
Ministro da Fazenda, Dr. Joaquim Murtinho. Iniciou também a elaboração do Código
Civil, confiado ao Jurisconsulto Clóvis Beviláqua, tarefa que somente seria concluída
anos mais tarde.
Em seu governo, deu-se a solução da questão de limites com as Güianas Holandesa e
Francesa, sendo representante do Brasil o Barão do Rio Branco.

05 - 1902-1906 - Francisco de Paula Rodrigues Alves - (1848-1919) - Advogado,


natural de São Paulo. Realizou grandes feitos em seu governo. O Ministro da Viação,
Lauro Müller, aparelhou e desenvolveu as vias de comunicação; Francisco Pereira
Passos, Prefeito do Distrito Federal (Rio de Janeiro), modernizou a cidade, construindo
as primeiras avenidas largas. Na Política Externa, o Barão do Rio Branco pôs fim à
questão de divisa com o Acre, através do Tratado de Petropólis, em 17 de novembro de
1903. Apesar da Revolta da Vacina em novembro de 1904, Osvaldo Cruz livrou o
Brasil da febre amarela. Morreu vítima da gripe espanhola, que assolou o país em
1919.

06 - 1906-1909 - Afonso Augusto Moreira Pena - (1847-1909) – Advogado, nascido


em Minas Gerais. Ocupou-se com a economia do país e com o reaparelhamento das
Forças Armadas. Construiu estradas e deu grande impulso à agricultura. Incentivou a
imigração, e chega a São Paulo o primeiro grupo de imigrantes japoneses, em 1908.
Nesse ano realizou a Exposição Nacional em comemoração ao Centenário da Abertura
dos Portos, onde foi atestado o grande progresso alcançado pelo Brasil.
=(Em 23 de outubro de 1906, Alberto Santos Dumont voa em Paris com o 14-bis,
primeiro voo do mais pesado que o ar)=
Afonso Pena morreu em 1909 e foi substuído pelo Vice-Presidente Nilo Peçanha.

07 - 1909-1910 - Nilo Procópio Peçanha - (1867-1924) - Advogado, nascido no Rio


de Janeiro. Criou o Ministério da Agricultura e procurou instituir o Ensino Industrial.
Celebrou com o Uruguai um Tratado de livre navegação na Lagoa Mirim e no Rio
Jaguarão.

08 - 1910-1914 - Marechal Hermes Rodrigues da Fonseca - (1855-1923) -


Nascido no Rio Grande do Sul. Sua eleição foi duramente disputada com Rui Barbosa.
Seu governo foi gravemente prejudicado pelas paixões políticas decorrentes da disputa
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eleitoral. Apesar da honestidade e das boas intenções do Presidente, sua gestão foi
pobre em realizações, embora tenha criado o Serviço de Proteção aos Índios (SPI), sob
a orientação pessoal do então Coronel Cândido Mariano Rondon.
Em 22 de novembro de 1910, estoura no Rio de Janeiro, a Revolta da Chibata, liderada
pelo marinheiro João Cândido, com o objetivo de fazer cessar os castigos corporais
impostos aos marinheiros. Terminou com a intermediação do Senador Rui Barbosa.

09 - 1914-1918 - Venceslau Brás Pereira Gomes – (1868-1966) - Advogado,


nascido em Minas Gerais. O Período de seu governo coincidiu com a duração da I
Guerra Mundial, e foi profundamente afetado pelas modificações econômicas, sociais e
políticas ocasionadas pela guerra.
=(No dia 28 de junho de 1914, inicia a I Guerra Mundial, com o assassinato, em
Sarajevo, na Sérvia, do Arquiduque Francisco Fernando de Habsburgo, herdeiro do
trono Austro-Húngaro. Em 1917, o Brasil declara guerra à Alemanha, participando as
forças brasileiras de terra e mar da fase final das hostilidades na Europa, que
terminaram com a vitória dos Aliados, em novembro de 1918. Morreram mais de 10
milhões de pessoas nessa guerra e a Europa foi quase toda destruída)=
=(Em outubro de 1917 a Revolução Russa, liderada por Lênin (Vladimir Illitch
Ulianov), derruba o czar Nicolau II (Nicolau Romanov) e cria o comunismo)=

(--) – Francisco de Paula Rodrigues Alves - (1848-1919) - O advogado paulista


Rodrigues Alves, reeleito para o período 18-22, não chegou a assumir, pois estava
gravemente enfermo no dia da posse, vindo a falecer logo depois.

(--) - Delfim Moreira da Costa Ribeiro - (1868-1920) - Advogado mineiro.


Enquanto eram providenciadas novas eleições, o Vice-Presidente Delfim Moreira
ocupou o governo, no período de novembro de 1918 a julho de 1919. Desempenhou
sua função com habilidade e competência, embora estivesse em mau estado de saúde.

10 - 1919-1922 - Epitácio da Silva Pessoa - (1865 – 1942) – Advogado paraibano.


Empreendeu remodelação no Exército e na Marinha, levados a efeito pelos respectivos
Ministros, Pandiá Calógeras e Veiga Miranda, ambos civis. Realizou importantes obras
contra a seca no nordeste. Apoiou o Prefeito do Distrito Federal, Carlos Sampaio, na
continuação da obra renovadora do Rio de Janeiro, aterrando parte da Lagoa Rodrigo
de Freitas e demolindo o Morro do Castelo, situado onde atualmente existe a Esplanada
do Castelo. Os Reis da Bélgica visitaram o Brasil no seu governo, e foi o primeiro
Presidente a pedir empréstimo aos Estados Unidos.
(Nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922, foi realizada a Semana de Arte Moderna, no
Teatro Municipal de São Paulo, com a participação de Mário de Andrade, Oswald de
Andrade, Tarsila do Amaral, Anita Malfati, Antônio Moya, Di Cavalcanti, e muitos
outros. Participou da Semana a jovem Iolanda Penteado, que após seu casamento com o
industrial Ciccilo Matarazzo, muito iria contribuir para a Arte no Brasil).
Houve acirrada disputa entre partidários dos candidatos à sucessão, Artur Bernardes e
Nilo Peçanha. Quando o Congresso Nacional reconheceu a eleição de Artur Bernardes
para Presidente da República, verificaram-se levantes armados na Vila Militar e no
Forte de Copacabana, em 05 de julho de 1922 (“Os Dezoito do Forte”).
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11 - 1922-1926 - Artur da Silva Bernardes - (1875-1955) - Advogado mineiro. Seu


governo transcorreu quase todo com o país sob Estado de Sítio, devido às constantes
divergências políticas e alguns movimentos armados (tenentismo). Em 1924, a Coluna
Prestes, liderada pelo capitão Luís Carlos Prestes, iniciou sua marcha de 3 anos pelo
interior do país, até exilar-se na Bolívia. Apesar dessas dificuldades à sua
administração, patrocinou a reforma da Constituição de 1891, modificando alguns
artigos. Tornou efetiva a cobrança do imposto de renda, e principalmente, preocupou-se
com a defesa das riquezas minerais do Brasil.
=(Em 25 de setembro de 1922 é inaugurada a primeira estação de rádio do Brasil)=
=(Em 21 de janeiro de 1924, morre Lênin, em Moscou)=

12 – 1926-1930 - Washington Luís Pereira de Sousa - (1870-1957) - Advogado


nascido no Rio de Janeiro, realizou sua carreira política em São Paulo. Tinha duas
metas de governo: abrir estradas, para facilitar o escoamento da produção para os
centros de consumo; e criar uma nova moeda, o Cruzeiro, com a qual pretendia
estabilizar a economia brasileira. Seu governo foi afetado pela quebra da Bolsa de
Nova Iorque em 24 de outubro de 1929, que gerou uma crise mundial a qual atingiu
profundamente nosso principal produto de exportação, o café, trazendo desequilíbrio à
nossa economia.
Para a sua sucessão, houve uma acesa luta eleitoral entre os candidatos Júlio Prestes e
Getúlio Vargas. Com a vitória de Júlio Prestes, eclodiram movimentos armados em
vários pontos do país. A 24 de outubro de 1930, no Rio de Janeiro, Washington Luís
viu-se obrigado a entregar o poder à Junta Militar, constituída para evitar a continuação
da luta armada entre brasileiros. Era o fim da República Velha.
Faltava menos de um mês para o término do mandato do Presidente deposto.

13 - 1930-1945 - Getúlio Dorneles Vargas – (1883-1954) - Advogado, nascido em


São Borja (RS). Chefiou o Governo Provisório instalado em 1930, denominado
“República Nova”. Imediatamente promulgou uma Lei Orgânica que limitava suas
próprias atribuições legais e mantinha algumas disposições da Constituição de 1891.
Foram criados o Ministério da Educação e Saúde e o Ministério do Trabalho, Indústria
e Comércio. Leis benéficas ao país e ao povo foram promulgadas pelo Governo
Provisório, como a limitaçao das horas de trabalho, a instituição do voto secreto e do
voto feminino em 1932, e a representação de classes profissionais no Parlamento.
Os paulistas, insatisfeitos com o tratamento recebido pelo estado, iniciaram, a 9 de
julho de 1932, a Revolução Constitucionalista. Embora vencida, veio apressar a
convocação da Assembléia Constituinte, que se instalou a 15 de novembro de 1933,
tendo a Constituição por ela elaborada entrado em vigor a 16 de julho de 1934. Getúlio
Vargas foi eleito Presidente da República pelos Constituintes, e seu mandato deveria
durar até 1938. =(Durante as Olimpíadas de 1936, em Berlim, é feita a primeira
transmissão de imagens pela televisão)=
O Estado Novo: A 10 de novembro de 1937, sob a alegação de combater o
comunismo e de que a campanha eleitoral poderia levar o país à guerra civil, o
Presidente Getúlio Vargas, apoiado pelas forças armadas e pelos governadores dos
Estados, dissolveu o Congresso e outorgou ao Brasil uma Carta Constitucional que
40
fortalecia o poder dos Estados e aumentava as atribuições conferidas ao Chefe do
Executivo, cujo mandato foi fixado em seis anos. Foram nomeados interventores para
os Estados, proibidos os Partidos políticos e a existência de bandeiras e símbolos
regionais. O Estado Novo durou até a deposição de Vargas, em 1945.
Nesse período, foi criada a Justiça do Trabalho e o Ministério da Aeronáutica. Foi
também criada a Usina Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda.
Getúlio Vargas desenvolveu a política da boa vizinhança com os Estados Unidos da
América, graças ao seu bom relacionamento com o Presidente Roosevelt. Também
perdoou a dívida do Paraguai, resultante da guerra contra Solano Lopez.
Em 1942, extingue o Real (mil réis), e adota o Cruzeiro como moeda do Brasil.
=(Em 01 de setembro de 1939, a Alemanha nazista invade a Polônia, dando início à II
Guerra Mundial. Em 07 de dezembro de 1941, os japoneses atacam a base americana
de Pearl Harbour, no Havaí, causando a entrada dos Estados Unidos no conflito)=
Por força de acordos internacionais, o Brasil envia, em 1944, tropas de terra e ar para a
Itália, a famosa Força Expedicionária Brasileira (FEB), comandada pelo Marechal
Mascarenhas de Morais. =(A 30 de abril de 1945, morre em Berlim o ditador nazista
Adolf Hitler)= / Cerca de 50 milhões de pessoas morreram nessa guerra.
Terminada a guerra, em 1945, os brasileiros começaram a considerar um paradoxo, o
Brasil ter lutado na Europa em defesa dos ideais democráticos e ao mesmo tempo ser
governado de forma ditatorial. A insatisfação popular teve repercussão em alguns
setores das Forças Armadas, e a 29 de outubro de 1945, Getúlio Vargas foi deposto.

(--) - Outubro/45-janeiro/46 - José Linhares – (1886-1957) - Após a deposição de


Vargas, o governo foi entregue ao Presidente do Supremo Tribunal Federal, que ficou
no cargo até a posse do novo Presidente da República.

14 - 1946-1951 - General Eurico Gaspar Dutra - (1885-1974) - Natural do Mato


Grosso. O General Dutra foi eleito vencendo o Brigadeiro Eduardo Gomes, um dos
“Dezoito do Forte”, de 1922.
Em 18 de setembro de 1946, foi promulgada a nova Constituição do Brasil.
Durante o governo do Marechal Dutra foi instalada a Companhia Hidrelétrica do São
Francisco, na Cachoeira de Paulo Afonso (BA); aberta a Estrada Presidente Dutra, a
conhecida Rio-São Paulo, e construídas as primeiras refinarias de petróleo brasileiras.
Também foi proibido o Jogo de Azar e determinado o fechamento dos cassinos em todo
o país. =(Em 18 de setembro de 1950, Assis Chateaubriand inaugura a TV Tupi de São
Paulo, primeira emissora de televisão do Brasil)=
=(Em 30 de janeiro de 1948, morre assassinado Mohandas Karamchand Gandhi, o
Mahatma Gandhi, “a Grande Alma”, símbolo da Resistência Pacífica no mundo)=

15 - 1951-1954 - Getúlio Dorneles Vargas - (1883-1954) - O advogado gaúcho


Getúlio Vargas voltou ao poder em 1951, obtendo apreciável maioria de votos sobre os
adversários. No seu governo foram criados o Ministério da Saúde, a Eletrobrás e a
Petrobrás, ficando famoso o slogan "O Petróleo é Nosso".
Apesar do grande prestígio popular que possuía, Vargas enfrentou graves dificuldades,
ocasionadas pela campanha oposicionista. Um dos seus principais adversários
41
políticos, era o jornalista e Deputado Carlos Lacerda, que mais tarde viria a ser
governador do Estado da Guanabara.
A desconfiança contra o Presidente aumentava cada vez mais, até que, na apuração de
um atentado contra a vida do jornalista Carlos Lacerda (ocorrido na Rua Toneleros,
onde este morava), em que morreu o Major da Aeronáutica Rubens Vaz, descobriu-se
que o autor do crime foi um elemento chamado Gregório Fortunato, da Guarda Pessoal
do Presidente. As forças armadas exigiram o afastamento do Presidente do Poder, a fim
de que respondesse a processo criminal. Vargas concordou com essa exigência, mas
antes de transmitir o cargo ao Vice-Presidente da República, preferiu suicidar-se com
um tiro no coração na madrugada do dia 24 de agosto de 1954.
=(Em 05 de março de 1953 morre em Moscou o ditador soviético Joseph Stalin)=

16 - 1954-1955 - João Fernandes Campos Café Filho – (1899 – 1970) - Natural


do Rio Grande do Norte. Como Vice-Presidente da República, o Sr. Café Filho deveria
governar o país até o final do mandato do Presidente morto.
A 3 de outubro de 1955, houve eleições presidenciais, sendo eleito o Dr. Juscelino
Kubitschek. No início de novembro de 1955, o Presidente Café Filho licenciou-se do
poder para tratamento de saúde, ficando em seu lugar o Presidente da Câmara dos
Deputados, Dr. Carlos Coimbra da Luz.
Esse, por motivos políticos, tentou substituir o Ministro da Guerra, Marechal Henrique
Teixeira Lott, que não concordou com a substituição e comandou um movimento que
culminou com a deposição do Presidente em Exercício. Em seu lugar ficou o Presidente
do Senado, Sr. Nereu de Oliveira Ramos, até a posse do novo Presidente eleito.

17 - 1956-1961 - Juscelino Kubitschek de Oliveira - (1902-1976) - Médico,


natural de Minas Gerais. Os primeiros tempos de governo do Presidente Juscelino
foram marcados por movimentos de insatisfação nas forças armadas, principalmente na
Aeronáutica. Logo, porém, ficou bem clara a intenção do Presidente de promover o
desenvolvimento e o bem-estar no país. Abriu grandes rodovias, iniciou obras
hidrelétricas de vulto e fomentou importantes atividades industriais. A Indústria
Automobilística, que atualmente supre plenamente as necessidades nacionais, teve
início em seu governo, em 1958.
A obra mais extraordinária do Governo Kubitschek foi a construção, em tempo recorde,
de Brasília, uma das cidades mais modernas do mundo. A cidade foi construída no
interior do país, no planalto central, numa área pertencente ao Estado de Goiás, região
de difícil acesso, na época.
No dia 21 de abril de 1960, a Capital do país é transferida para Brasília, passando essa
cidade a ser o Distrito Federal. Os Arquitetos Lúcio Costa e Oscar Niemeyer foram os
responsáveis pelo planejamento e execução dessa grandiosa obra.
A cidade do Rio de Janeiro, antigo Distrito Federal, e Capital do Brasil desde 1763,
transformou-se no Estado da Guanabara. Em 1975, o pequeno, porém rico Estado,
fundiu-se ao Estado do Rio de Janeiro, passando a ser a Capital desse Estado.
Com a revolução de 1964, o ex-Presidente Juscelino teve cassado seu mandato de
Senador e os direitos políticos por 10 anos.
Faleceu em 22 de agosto de 1976, vítima de um acidente automobilístico na Via Dutra.
42
18 – 1961 - Jânio da Silva Quadros - (1917-1992) - Advogado e professor, natural
do Mato Grosso. Fez sua carreira política em São Paulo. O símbolo de sua campanha
eleitoral era uma vassoura, com a qual prometia “varrer” a máquina governamental.
Foi eleito com larga margem de votos. Governava de forma autoritária, através de
Decretos, o que logo o incompatibilizou com o Poder Legislativo. Não chegou a
executar grandes realizações, mas preocupava-se com pequenas coisas. Assim, aboliu o
uso do terno no Palácio do Planalto, proibiu as brigas de galo, o uso de biquinis nas
praias, etc. Condecorou o guerrilheiro Ernesto “Chê” Guevara, com a Ordem do
Cruzeiro do Sul, maior honraria brasileira, o que gerou protestos. Em agosto, o
Presidente Jânio Quadros foi acusado pelo Governador do Estado da Guanabara,
jornalista Carlos Lacerda, de estar aliciando pessoas do governo no sentido de ampliar
os poderes do Presidente em detrimento do Legislativo. A 25 de agosto de 1961, o
Presidente Jânio Quadros renunciou ao cargo, deixando uma carta em que acusava
“forças ocultas” de não o deixarem governar.
Ficou um longo período afastado da vida pública, retornando depois e elegendo-se
Prefeito da Cidade de São Paulo, quando governou sempre de forma polêmica.
Após longa doença, faleceu em São Paulo de insuficiência cardio-respiratória na noite
de 16 de fevereiro de 1992.
=(Em 13 de agosto de 1961, começa a construção do Muro de Berlim)=

19 - 1961-1964 - João Belchior Marques Goulart – (1918-1976) - Advogado,


natural do Rio Grande do Sul. O Vice-Presidente João Goulart encontrava-se em Cuba,
quando da renúncia do Presidente Jânio Quadros. Dessa forma, assumiu a presidência
interinamente o Presidente da Câmara dos Deputados, Sr. Pascoal Ranieri Mazzilli.
Os Ministros militares eram contra a posse do Dr. João Goulart, devido às suas
ligações com elementos comunistas. Para evitar um golpe de estado, o Congresso
instituiu o Sistema Parlamentarista de Governo, que limitava o poder do Presidente da
República. Assim, o Dr. João Goulart tomou posse no dia 7 de setembro de 1961. Era
Primeiro-Ministro o Dr. Tancredo Neves. Um plebiscito, realizado em 1963, derrubou
o Sistema Parlamentarista e restabeleceu o Presidencialismo.
O governo João Goulart foi marcado pela indisciplina: militantes de esquerda
incitavam greves freqüentes e pelos motivos mais insólitos; nas forças armadas,
notadamente na Marinha, os subordinados rebelavam-se contra os superiores
hierárquicos. A inflação também aumentou bastante. Com o objetivo de por fim a esse
estado de coisas, houve uma revolta militar, que iniciou em Minas Gerais, e teve o
apoio das guarnições do Rio de Janeiro e São Paulo. Mesmo havendo grande
movimentação de tropas, não houve combates e nem derramamento de sangue.
A 31 de março de 1964, o Presidente João Goulart foi deposto, retirando-se para o
Uruguai, onde possuía grandes latifúndios. Morreu na Argentina em 06/12/1976.
=(Betty Friedan lança o Movimento Feminista em 1963, ao publicar nos Estados
Unidos “A Mística Feminina”)=
=(Em 22 de novembro de 1963, o presidente americano John Fitzgerald Kennedy é
assassinado em Dallas, no Texas)=

20 - 1964-1967 - Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco - (1900-1967)-


Nasceu no Ceará. No posto de Tenente-Coronel, participou da II Guerra Mundial,
43
como integrante da Força Expedicionária Brasileira (FEB), na Itália, sob o comando
do Marechal Mascarenhas de Morais.
Foi Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA) no governo de João Goulart,
o que lhe permitiu o perfeito conhecimento da situação política do país, com a qual não
concordava. Expôs suas idéias aos Ministros militares, sendo o principal articulador do
movimento de 1964. Foi eleito Presidente da República pelo Congresso Nacional,
sendo o primeiro de uma série de cinco Presidentes militares eleitos de forma indireta
pelo Congresso, que governaram o país durante vinte e um anos. Castelo Branco
assumiu a presidência num momento difícil e tomou medidas severas, apoiado nos Atos
Institucionais. Rompeu relações com Cuba e cassou condecorações conferidas pelo
governo anterior.
Diversos cidadãos tiveram seus direitos civis suspensos e a Justiça Militar passou a ter
autoridade sobre os civis. Os Governadores dos Estados, os Prefeitos das Capitais e do
Distrito Federal, passam a ser nomeados pelo Presidente da República. Em 1967 é
promulgada nova Constituição para o país.
(No dia 26 de abril de 1965, o jornalista Roberto Marinho inaugura a TV Globo do Rio
de Janeiro, que daria origem à Rede Globo de Televisão, atualmente a quinta maior do
mundo e a maior fora dos Estados Unidos).
Em março de 1967, Castelo Branco passa a Presidência ao seu sucessor, e a 20 de julho
de 1967, morre num desastre de avião, no Ceará.
=(Em 21 de fevereiro de 1965, morre assassinado em Nova York, o ativista negro
islâmico Malcolm X)=

21 - 1967-1969 - Marechal Artur da Costa e Silva - (1902-1969) - Nasceu no Rio


Grande do Sul. Em 1932, quando capitão, participou da Revolução Constitucionalista
de São Paulo. Foi Ministro do Exército no governo Castelo Branco. Deu continuidade
aos programas de seu antecessor, apenas suavisando o sistema de governo.
Surgiram grupos armados de esquerda que agiam intensamente. Para combatê-los,
baixou o Ato Institucional número 5 (AI-5), que restabelecia e ampliava os poderes da
Presidência. Ampliou o sistema educacional obrigatório, deu combate à inflação e
muito se empenhou em dar impulso ao desenvolvimento do país.
(Em 1968, o brigadeiro Burnier, chefe de gabinete do ministro da aeronáutica, ordena
aos integrantes do PARASAR, tropa de elite da FAB, especializada em Busca e
Salvamento, que exploda o gasômetro do Rio de Janeiro, com o objetivo de
responsabilizar os grupos de esquerda por esse atentado. O comandante do grupo,
capitão Sérgio Miranda de Carvalho, o “Sérgio Macaco”, se recusa a obedecer,
juntamente com outros oficiais. Alguns pedem baixa do serviço, e outros são detidos).
Em agosto de 1969, acometido de uma crise no sistema circulatório, deixou o governo,
vindo a falecer em dezembro de 1969.
=(Em 8 de outubro de 1967, morre assassinado na Bolívia, aos 39 anos, o médico
argentino e revolucionário Ernesto “Che” Guevara de la Serna)=
=( Em 04 de abril de 1968, morre assassinado o pastor negro americano Martin Luther
King, defensor dos direitos civis dos negros)= / =(Em maio de 1968, estudantes
franceses fizeram uma grande rebelião, que teve repercussão em vários países )=
=(Em 21 de julho de 1969, o astronauta americano Neil Armstrong, à bordo da Apolo
XI, é o primeiro homem a pisar na Lua)=
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22 – 1969-1974 - General Emílio Garrastazu Médici - (1905-1985) - Nasceu no


Rio Grande do Sul. Como Tenente de cavalaria, participou da Revolução de 1930, em
Bagé (RS). Por ocasião da Revolução de março de 1964, era o Comandante da
Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), em Resende (RJ). Ele interpôs os
Cadetes entre as tropas do Governo, que seguiam para São Paulo, e as revolucionárias,
que se dirigiam ao Rio de Janeiro. Dessa forma, impediu o confronto, evitando o
derramamento de sangue que fatalmente ocorreria.
Foi o mais severo dos Presidentes revolucionários. Logo ao assumir a Presidência,
tomou severas medidas contra o terrorismo.
Em seu governo foi construída a Estrada Transamazônica; iniciou a construção da
Ponte Rio-Niterói e da Usina de Itaipu; incentivou a agricultura e a assistência ao
homem da lavoura; instalou o Mobral (Movimento Brasileiro de Alfabetização); fixou o
limite de 200 milhas para o nosso mar territorial; e criou o Programa de Integração
Social (PIS).

23 – 1974-1979 - General Ernesto Geisel - (1908-1996) - Nasceu no Rio Grande


do Sul. Participou da Revolução de 1930.
Antes de ser Presidente da República, ocupou cargos ligados à Indústria Petrolífera,
assim, sua administração foi muito voltada para esse setor, principalmente devido à
crise mundial do petróleo, que teve seu ponto culminante justamente nesse período.
Desenvolveu a extração de petróleo no País, e decretou medidas visando a economia de
combustível, como o fechamento dos postos de gasolina à noite e nos fins de semana, e
a limitação da velocidade dos veículos automotores em 80 km/h.
Em março de 1974, inaugura a Ponte Rio-Niterói. Em 1977, o Congresso aprova a Lei
do Divórcio, proposta pelo Senador Nelson Carneiro.
Geisel morreu de câncer no dia 12 de setembro de 1996.

24 - 1979-1985 - General João Batista de Oliveira Figueiredo - (1918-1999) -


Nasceu no Rio de Janeiro. Foi o fundador do Serviço Nacional de Informações (SNI),
em 1964, e o primeiro Chefe da Agência desse órgão no Rio de Janeiro.
O governo do Presidente Figueiredo marca o início da abertura política no Brasil. Foi
aprovada a Lei da Anistia, a mudança da Legislação Eleitoral e Partidária e alterações
na Legislação Trabalhista e Previdenciária.
Em 1981, devido a uma doença do Presidente, e posteriormente em outras ocasiões, a
Presidência foi exercida pelo Vice-Presidente Aureliano Chaves, um civil. Isso
comprova o início da redemocratizaçao do país.
Em 1984, começa a funcionar a primeira turbina da Usina Hidrelétrica de Itaipu, no Rio
Paraná, que viria a ser a maior hidrelétrica do mundo.
Morreu no Rio de Janeiro, na manhã do dia 24 de dezembro de 1999.

(-) - Tancredo de Almeida Neves - (1910-1985) - Advogado, nascido em Minas


Gerais. Desde cedo dedicou-se à política, iniciando sua carreira como Vereador em São
João Del Rei (MG), sua terra natal. Foi Ministro da Justiça no governo de Getúlio
Vargas e Primeiro-Ministro no período Parlamentarista do governo João Goulart.
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Na eleição presidencial de janeiro de 1985, ainda de forma indireta, realizada pelo
Colégio Eleitoral, teve como adversário o Sr. Paulo Maluf, empresário paulista.
Sua eleição obteve grande simpatia popular, no entanto, na véspera de sua posse, que
seria a 15 de março, foi diagnosticada uma diverticulite, sendo submetido a uma
cirurgia de urgência. Seu estado agravou-se, sendo submetido a outras cirurgias, vindo
a falecer no dia 21 de abril de 1985, sem assumir o cargo.

25 - 1985-1990 - José Ribamar Ferreira de Araújo Costa (José Sarney) – (1930-


- ) O Advogado maranhense José Sarney adotou esse nome utilizando o seu
primeiro nome e o primeiro nome do seu pai. Foi nomeado governador do Maranhão
em 1965. Presidente do PDS, partido do governo, em 1984 indispôs-se com o partido e
filiou-se ao PMDB, da oposição. Elegeu-se Vice-Presidente de Tancredo Neves e, com
a morte deste, assumiu a Presidência.
Logo após a sua posse, convocou eleições para a Assembléia Nacional Constituinte, e
no dia 5 de outubro de 1988, foi promulgada a atual Constituição do Brasil.
O Presidente Sarney é um homem de idéias próprias e, freqüentemente, indispõe-se
com o Congresso, legislando por Decretos que com a Nova Constituição, chamam-se
Medidas Provisórias. As principais metas de seu governo são a Consolidação da
Democracia e o combate à inflação.
Na tentativa de alcançar as suas metas, o Presidente Sarney vem pagando um alto preço
e milhares de greves foram deflagradas durante o seu governo.
A fim de combater a inflação, no dia 28 de fevereiro de 1986, o Presidente, juntamente
com o Ministro da Fazenda, Dilson Funaro, extingue o Cruzeiro e institui o Cruzado
como moeda nacional. A nova moeda tem o valor mil vezes maior que a antiga. Ao
mesmo tempo, congela todos os preços e salários por tempo indeterminado. Essa
medida tem o apoio de toda a população tornando o Presidente muito popular.
Coincidentemente, esse congelamento manteve-se até o dia 16 de novembro, dia
seguinte às eleições Parlamentares no país, quando o partido do Presidente obteve
significativa votação.
Após o descongelamento, os preços aumentaram rapidamente, elevando a inflação a
níveis praticamente desconhecidos.
O Ministro da Fazenda foi substituído, e em 15 de janeiro de 1988, o Presidente
assessorado pelo novo Ministro Bresser Pereira, muda novamente a moeda, agora
chamado Cruzado Novo, e decreta novo congelamento de preços e salários, dessa vez
pelo prazo de três meses. Mais uma vez a medida não deu certo, e a inflação sobe a
níveis incontroláveis, ultrapassando a faixa de mil por cento ao ano.
O Presidente Sarney, já bastante impopular, tentando controlar a inflação, dessa vez
com o novo Ministro Maílson da Nóbrega, decreta novas medidas econômicas que
também não surtem efeito.
Resta-lhe agora, esperar o término de seu mandato e passar o cargo ao seu sucessor.
A campanha eleitoral para a sucessão presidencial é uma festa democrática. 83 milhões
de eleitores escolhem entre 22 candidatos, que numa profusão de partidos, disputam
ferrenhamente o cargo, nas praças e em cadeia nacional de rádio e televisão.
=(O Muro de Berlim foi demolido na noite de 09 para 10 de novembro de 1989,
marcando o fim do comunismo e da guerra fria. Em 1991, é desfeita a União
Soviética, com a separação dos países que a formavam)=
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26 - 1990-1992 - Fernando Afonso Collor de Mello - (1949- ) - Nasceu no Rio


de Janeiro. Formado em Administração de Empresas. Fez sua carreira política no
Estado de Alagoas. Seu avô, Lindolfo Collor, participante da Revolução de 1930, foi o
primeiro Ministro do Trabalho, no governo de Getúlio Vargas. Seu pai, Arnon de
Mello, foi governador do Estado de Alagoas, no período 1951-1956.
Grande desportista, é faixa preta em caratê e exímio praticante de vários esportes.
Possui dois filhos do primeiro casamento, e é casado em segundas núpcias com D.
Rosane Collor, (nascida em 1964), com a qual não tem filhos.
Começou sua vida política quando foi nomeado Prefeito de Maceió (AL), em 1979.
Depois foi eleito Governador do Estado de Alagoas, em 1986, ocasião em que ficou
nacionalmente conhecido como “O Caçador de Marajás”, pelo combate que deu à
corrupção e aos funcionários fictícios em seu Estado.
Concorreu no segundo turno das eleições presidenciais com o líder sindical Luís Inácio
Lula da Silva, ao qual venceu por larga margem de votos.
Tomou posse no dia 15 de março de 1990 e aos 40 anos torna-se o Presidente mais
jovem do Brasil.
Sua primeira medida, no ato de sua posse, foi restabelecer o Cruzeiro como moeda
nacional e promover um choque na economia, com o objetivo de combater a inflação de
mais de 4.000 por cento ao ano.
A pessoa mais forte e polêmica de seu governo é a Ministra da Economia, Fazenda e
Planejamento, a Economista Zélia Cardoso de Mello, que friamente decreta medidas
duras e impopulares, visando o controle da inflação.
O Presidente e seus Ministros, em sua maioria pessoas consideradas muito jovens e
inexperientes para os cargos que ocupam, tornam-se arrogantes, e em pouco tempo
perdem a popularidade. Mesmo com medidas econômicas rígidas, a Inflação não cede,
e permanece na faixa de 25% ao mês.
Os escândalos começam a aparecer no Governo, com a comprovação de corrupção no
Ministério da Saúde e no Ministério do Trabalho e Previdência Social. A Ministra
Zélia Cardoso de Mello é exonerada depois de um ano e meio de governo e escreve um
livro onde descreve seu envolvimento amoroso com o Ministro da Justiça, Senador
Bernardo Cabral. Os Ministros Alceny Guerra, da Saúde, e Antônio Rogério Magri, do
Trabalho e Previdência Social são também demitidos por corrupção.
Mas a corrupção continua no Governo, e a Primeira Dama, Rosane Collor, é acusada
de beneficiar parentes com verbas da Legião Brasileira de Assistência (LBA), da qual
é Presidente.
A Crise culmina com a denúncia que faz o irmão do Presidente, Pedro Collor de Mello,
da existência de um esquema em que o empresário alagoano Paulo César de Farias,
amigo pessoal do Presidente, pratica o tráfico de influência, auferindo altos lucros com
o chamado “Esquema PC”, com a participação do próprio Presidente da República.
Uma das testemunhas contra o Presidente, foi seu motorista particular, Eriberto França.
Numa atitude pouco usual no Brasil, o povo revo1ta-se e começam a acontecer
manifestações pacíficas contra o Presidente.
As pessoas fazem passeatas e os jovens, principalmente os estudantes universitários,
secundários e até de primeiro grau, com as “caras pintadas”, exigem a saída do
Presidente.
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0 Congresso instaura um inquérito em que o Presidente Collor é acusado de
corrupção passiva, ativa e prevaricação. (No dia 23 de junho de 1996, PC Farias é
assassinado em Alagoas, juntamente com sua namorada Suzana Marcolino).
No dia 29 de setembro de 1992, numa sessão histórica, pela primeira vez no Brasil a
Câmara dos Deputados aprovou o “impeachment” do Presidente da República, sendo
este afastado do cargo para responder na Justiça às acusações que lhe são feitas. No dia
01 de outubro de 1992, assume a Presidência o Vice-Presidente Itamar Franco.
Em 22 de dezembro de 1992, o Senado cassa definitivamente o mandato do ex-
Presidente Fernando Collor. Assim, o Presidente Itamar Franco é efetivado no cargo.

=(Em 02 de agosto de 1990, por ordem do ditador Saddam Hussein, o Iraque invade o
Kwait, pequeno emirado do Golfo Pérsico, produtor de petróleo, e um dos principais
fornecedores dos Estados Unidos. Isso faz com que o presidente americano, George
Bush, ordene o ataque de tropas americanas ao Iraque, em janeiro de 1991. A Guerra
do Golfo, chamada pelos americanos de “Operação Tempestade no Deserto”, é rápida, e
as tropas iraquianas são logo expulsas do Kwait)=

27 - 1992-1994 - Itamar Augusto Cautiero Franco - (1929- ) - Nasceu em Juiz


de Fora (MG), e formou-se em Engenharia. Fez sua carreira política em Juiz de Fora,
onde foi Prefeito por duas vezes. Eleito Vice-Presidente em 1989, assumiu a
Presidência em 01 de outubro de 1992, com o afastamento do ex-Presidente Collor, e
com a cassação definitiva deste, é efetivado no cargo, a 22 de dezembro de 1992.
O Presidente Itamar Franco procurou pautar seu governo na seriedade e na sobriedade.
Nomeia Ministros considerados sérios e honestos, mas seu relacionamento com o
Ministério é difícil, e muitas vezes critica publicamente seus auxiliares, fazendo com
que a substituição de Ministros seja freqüente.
No dia 21 de abril de 1993, como estava previsto na Constituição de 1988, há um
plebiscito nacional, em que o povo escolhe o sistema e a forma de governo. As opções
são: República Presidencialista, República Parlamentarista ou Monarquia
Parlamentarista. O regime de República Presidencialista foi o escolhido por larga
margem de votos.
A 01 de agosto de 1993, o Presidente Itamar Franco institui o Cruzeiro Real como
moeda oficial. Assim, o Cruzeiro perde três zeros, a fim de facilitar os cálculos, que já
superam a capacidade das calculadoras e registradoras.
As medidas moralizadoras incluem uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), na
qual diversos Parlamentares, entre Deputados Federais e Senadores são investigados e
têm pedida a cassação de seus mandatos. Mesmo comprovada a culpa de muitos
Parlamentares, a maioria não foi punida.
Como previsto na Constituição de 1988, tem início, em fevereiro de 1994, a Revisão
Constitucional, que não é concluída.
A 01 de março de 1994, o Ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, lança a
Unidade Real de Valor (URV), em mais uma tentativa de combater a inflação.
Este plano prevê a implantação de uma nova moeda, o Real, que entra em vigor a 01 de
julho de 1994, quando o dólar estava cotado a 2.750 Cruzeiros Reais, e a inflação a
45% ao mês. Já no primeiro mês do Real, a inflação diminui significativamente, e a
paridade com o dólar se mantém.
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O Ministro Fernando Henrique Cardoso, concorre à sucessão presidencial e é eleito
no primeiro turno, derrotando os outros candidatos com uma votação de 54%. 78
milhões de eleitores participaram das eleições de 3 de outubro de 1994.

28 - 1995-1998 – Fernando Henrique Cardoso - (1931- ) - Nasceu no Rio de


Janeiro e formou-se em Sociologia e Ciências Políticas em São Paulo, onde fez sua
carreira política. Casado com a também socióloga D. Ruth Cardoso.
Durante o regime militar, teve seu mandato político cassado, e viveu exilado no Chile.
Retornando ao Brasil, foi eleito Senador pelo Estado de São Paulo, e nomeado Ministro
da Fazenda pelo Presidente Itamar Franco. Foi um dos criadores do Plano Real.
Seu governo foi voltado quase que exclusivamente ao combate à inflação, o que
conseguiu. No entanto, o controle da inflação levou o país a uma recessão, e o nível de
empregos caiu. Em 1995 é criado o Mercosul.
Outra preocupação do Presidente Fernando Henrique foi a Emenda Constitucional que
permite a reeleição dos ocupantes dos cargos de Chefes do Executivo (Presidente da
República, Governador de Estado e Prefeito da Cidade).
Conseguida essa Emenda, o Presidente Fernando Henrique concorreu à reeleição nas
eleições de 1998, vencendo novamente no primeiro turno.
Tomou posse para seu segundo mandato a 01 de janeiro de 1999.

29 - 1999-2002 - Fernando Henrique Cardoso - (1931- ) - Em seu segundo


mandato, o Presidente Fernando Henrique mostra-se um tanto fraco na resolução dos
problemas que afligem os brasileiros. A inflação continua sob controle, e a taxa
cambial, embora tenha aumentado um pouco, ainda estava a níveis satisfatórios. No
entanto, a recessão e o desemprego já estavam a níveis bem elevados.
A paridade do Real com o Dólar cai significativamente e sua popularidade baixa
rapidamente. Já nos primeiros meses de seu governo, o povo demonstra claramente o
seu desagrado com o Presidente. Este realiza uma Reforma Ministerial só para constar,
apenas fazendo um rodízio com os mesmos Ministros.
A imprensa repetidamente denuncia corrupção no governo e nos órgãos públicos.
Algumas CPIs (Comissão Parlamentar de Inquérito) são instauradas e revelam ligação
de políticos, advogados, magistrados e empresários no desvio de dinheiro público. O
INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social) é vítima de fraude e parte de seus
autores são presos, como a advogada Jorgina de Freitas, o advogado Wilson Escócia da
Veiga, e o Juiz Nestor do Nascimento, mas o dinheiro não é recuperado.
Uns poucos Deputados Estaduais são cassados pelo seu envolvimento com a corrupção
em seus Estados.
A construção da Sede do Tribunal de Justiça Trabalhista de São Paulo foi super-
faturada, com a participação do Presidente da Tribunal, Juiz Nicolau dos Santos Neto e
do Senador Luiz Estevão de Oliveira, dono da INCAL, construtora responsável pela
realização da obra.
Em 1999, o Banco Central, sob a presidência de Francisco Lopes, libera milhões de
dólares para socorrer bancos particulares, beneficiando alguns banqueiros fraudulentos.
No dia 28 de junho de 2000, em votação secreta no Senado, o Senador Luiz Estevão
tem o seu mandato cassado (pela primeira vez na história do Brasil). Essa cassação
ensejou um outro fato: os Senadores Antonio Carlos Magalhães (BA), Presidente do
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Senado e José Roberto Arruda (DF), líder do Governo, em conluio com a diretora do
PRODASEN (Serviço de Processamento de Dados do Senado), violaram o painel de
votações do plenário do Senado a fim de tomar conhecimento do teor do voto de cada
Senador. O Senador Antonio Carlos, famoso por suas bravatas, se vangloria de saber o
voto de seus colegas, e é denunciado ao novo Presidente do Senado, Jarbas Barbalho
(PA), seu adversário político. Julgados pelo Conselho de Ética do Senado, têm sua
cassação aprovada, mas renunciam ao mandato em maio de 2001, antes da instauração
do processo de cassação.
As investigações sobre desvio de verbas na SUDENE (Superintendência de
Desenvolvimento do Nordeste) e SUDAM (Superintendência de Desenvolvimento da
Amazônia), revelam o envolvimento da esposa do novo Presidente do Senado, Jarbas
Barbalho (PA) com empréstimo irregular de 9 milhões de Reais do BANPARÁ para
sua empresa de criação de rãs no Pará. Julgado pelo Conselho de Ética, em setembro
de 2001 Jarbas Barbalho renuncia à Presidência e em outubro renuncia ao mandato,
numa manobra para evitar sua cassação.
(Antônio Carlos Magalhães e Jarbas Barbalho são reeleitos nas eleições de 2002).
A partir de maio de 2001, o país sofre uma grave crise de energia elétrica, devido a uma
grande estiagem e à falta de investimentos no setor energético. O governo adota rígidas
medidas de economia de energia nas regiões Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste, a partir
de junho de 2001, o que provoca uma grande insatisfação popular, tornando o governo
de Fernando Henrique cada vez mais impopular.
No segundo semestre de 2002, o Real tem uma grande desvalorização em relação ao
Dólar, chegando este a valer 4 Reais. A popularidade do Presidente Fernando Henrique
cai ainda mais nesse período.
Nas eleições de outubro de 2002, o candidato Luís Inácio Lula da Silva, do PT, depois
de concorrer pela quarta vez à presidência da república, vence no segundo turno ao
candidato do governo, José Serra, com 61% dos votos válidos, perfazendo um total de
quase 53 milhões de votos. Essas eleições foram as primeiras totalmente
informatizadas no mundo. O Brasil conta com mais de 115 milhões de eleitores e, em
menos de 12 horas, todas as 320.458 urnas de todo o país, já haviam sido apuradas.

=(Na terça-feira, dia 11 de setembro de 2001, um grupo de terroristas islâmicos


seqüestra simultaneamente 4 aviões de passageiros nos Estados Unidos. Dois desses
aviões são lançados contra as duas torres gêmeas de 110 andares do World Trade
Center, em Nova Iorque; um terceiro é lançado sobre o Pentágono, em Washington,
danificando-o seriamente, e um outro cai, provavelmente resultado de luta entre os
passageiros e os terroristas. Todo o complexo do World Trade Center desmorona,
causando cerca de 3 mil mortes e uma comoção mundial.
O responsável pelo ataque é o milionário Sheik saudita Osama Bin Laden, que vive
refugiado no Afeganistão, sob a proteção da milícia Taliban que governa o país.
O Presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, dá ultimato ao governo afegão para
que este entregue o terrorista, sob pena de ataque ao país. Não sendo atendido, ordena
o ataque ao Afeganistão no dia 07 de outubro de 2001, numa operação conjunta com a
Grã-Bretanha. A operação “Liberdade Duradoura” tem o apoio da maioria dos países
ocidentais e até mesmo islâmicos. O governo taliban é destituído, mas o terrorista Bin
Laden não é encontrado)=
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30 – 2003-2006 – Luís Inácio Lula da Silva – (1945- ) – O metalúrgico e líder


sindical Lula, nasceu no distrito de Caetés, pertencente ao município de Garanhuns, em
Pernambuco, no dia 27 de outubro de 1945. Sua família mudou-se em 1950 para São
Paulo, onde ele fez o curso de torneiro-mecânico no Senai. Com 18 anos, logo após
começar a trabalhar, perdeu parte do dedo mínimo da mão esquerda numa máquina.
Logo depois, dedicou-se ao sindicalismo, com sua base política no ABC paulista.
Casado com a dona de casa viúva Dona Marisa Letícia, com quem tem 3 filhos, é o
primeiro Presidente brasileiro a não possuir curso superior. Seu vice-presidente é o
político mineiro José Alencar, do PL. Assumiu o cargo no dia 1° de janeiro de 2003,
cercado de grande expectativa de mudanças no plano econômico e social. No entanto,
nos primeiros meses de sua gestão, se limita a seguir as diretrizes do governo anterior.
Seu plano de campanha da “Fome Zero” demora a ser implantado, e alguns radicais de
seu partido, o PT, começam a demonstrar descontentamento com seu governo.
Embora não faça grandes modificações no plano econômico, já a partir do primeiro
trimestre o dólar, que estava a R$ 4,00, cai a menos de R$ 3,00, estabilizando-se depois
em torno de R$ 2,20.
A reforma da Previdência Social, outra meta de seu governo, sofre grandes ataques por
parte do funcionalismo público, principalmente do Poder Judiciário, que não aceita
perder as vantagens que sempre teve.
O governo petista implanta uma série de programas assistencialistas e com isso angaria
a simpatia dos eleitores mais humildes e menos esclarecidos.
=(No dia 21 de junho de 2004, morre no Rio de Janeiro o polêmico político gaúcho
Leonel de Moura Brizola. Seu corpo é enterrado em São Borja, sua terra natal)=
No mês de maio de 2005, foi instaurada uma CPI para investigar irregularidades
ocorridas na administração da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (CPI dos
Correios). Um de seus diretores, indicado pelo PTB, é flagrado recebendo suborno. O
presidente nacional do PTB, Deputado Federal Roberto Jefferson, do RJ, denuncia que
essa prática é comum no Governo Federal, e que existe um “esquema” de recebimento
periódico de propinas por parte de membros dos Poderes Executivo e Legislativo. É
instaurada mais uma CPI para investigar essas acusações, a “CPI do Mensalão”. Fica
comprovado que realmente existe a prática do recebimento de propina, envolvendo o
tesoureiro do PT, Delúbio Soares e o publicitário Marcos Valério, dono de empresas de
publicidade que fazem a campanha do PT. O Presidente Lula nega ter conhecimento
dessas práticas, e o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, inicia o processo de
cassação de importantes figuras do governo. O primeiro a ser cassado é o próprio
deputado Roberto Jefferson. Depois o presidente da Câmara dos Deputados, Severino
Cavalcanti, também é cassado. A seguir, é cassado o deputado José Dirceu, o poderoso
ex-Ministro-Chefe da Casa Civil da Presidência da República, tido como a “Eminência
Parda” por trás do presidente Lula. Ele é também acusado de chefiar um plano para
tornar o PT um superpartido, para dominar o governo e mais tarde promover um golpe
para instalar uma ditadura de esquerda no Brasil. Para a realização desse plano, estão
incluídos o assassinato de pessoas para queima de arquivo, como o prefeito de Santo
André, Celso Daniel, a lavagem de dinheiro cuja origem é desconhecida, e a prática de
“caixa 2” ou, segundo o presidente Lula, “apenas dinheiro não-contabilizado”.
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Pouco antes das eleições de 2006, um novo escândalo recai sobre o Presidente Lula:
são apreendidos 1 milhão e 700 mil Reais, parte em dólares, com assessores de Lula,
para a compra de um dossiê falso contra adversários políticos. A origem do dinheiro
não é explicada, mas uma vez mais, o Presidente escapa ileso de mais um escândalo.
Nas eleições presidenciais de 01 de outubro de 2006, Lula, candidato à reeleição, vai a
segundo turno com o ex-governador paulista Geraldo Alckmin.
É reeleito no segundo turno, em 29 de outubro de 2006, com 60,82 % (58. 234.340),
contra 39,18 % (37.522.060) de Alckmin, de um total de 95.756.400 de votos válidos.
A maior parte dos votos para o presidente Lula é do Norte e Nordeste. Alckmin vence
nos estados das regiões Sul e Centro-Oeste e em São Paulo.

=(Na quinta-feira, dia 20 de março de 2003, o presidente norte-americano George W.


Bush, contrariando a resolução do Conselho de Segurança da ONU, que proibia a
operação, invadiu o Iraque, com o objetivo de prender ou matar o ditador Saddam
Hussein, com o apoio apenas da Grã-Bretanha e a Austrália. Sua alegação era a de que
o ditador escondia armas químicas e biológicas de destruição em massa, e mísseis de
longo alcance. Os fiscais da ONU, porém, nada encontraram. Essa atitude causou
manifestações de protesto em todo o mundo, principalmente porque, pela primeira vez,
imagens ao vivo das operações de combate eram transmitidas para o mundo pela
Internet, com o uso de câmeras portáteis de videofone. A “Operação Liberdade do
Iraque” bombardeia a capital, Bagdá, e as principais cidades do Iraque, enquanto tropas
de terra invadem o território Iraquiano. Depois de 3 semanas de ataques, o governo
americano dá por encerrada a operação de guerra, iniciando o período de ocupação. O
ditador Saddam Hussein foge e só é encontrado e capturado, sujo e abatido, no dia 13
de dezembro de 2003. Após longo julgamento por um tribunal iraquiano, Hussein é
condenado à morte por enforcamento em novembro de 2006 e executado em 30 de
dezembro de 2006)=

=(No dia 26 de dezembro de 2004, ocorreu na Tailândia e na Indonésia o maior


“Tsunami” que já se teve notícia na história do planeta, matando mais de 230 mil
pessoas, e deixando milhões de desabrigados. O fenômeno afetou diversos pontos do
planeta, mas com menor intensidade. Até no Brasil, foi percebida uma mudança da
maré, em conseqüência da onda gigante)=

=(No sábado, dia 02 de abril de 2005, morre no Vaticano o Papa João Paulo II, o
cardeal polonês Karol Józef Wojtyla)=
=(Na terça-feira, dia 19 de abril de 2005, é eleito o Papa Bento XVI, o cardeal alemão
Joseph Ratzinger)=

31 - 2007-2010 - Luís Inácio Lula da Silva - (1945- )-

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