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Escola Estadual Ruy Araújo

Português

Laís Duarte dos Santos

QUINHENTISMO NO BRASIL
Laís Duarte dos Santos

Quinhentismo

Trabalho solicitado pela


professora Aline da
matéria de Língua
portuguesa para obtenção
de nota parcial.
Introdução

O Quinhentismo representa a primeira manifestação literária no Brasil que


também ficou conhecida como “literatura de informação”.

É um período literário que reúne relatos de viagem com características


informativas e descritivas. São textos que descrevem as terras descobertas
pelos portugueses no século XVI, desde a fauna, a flora e o povo. O
Quinhentismo brasileiro ocorreu paralelo ao Classicismo português e o nome do
período refere-se a data de início: 1500.
Desenvolvimento

O final da Idade Média (476-1453) foi marcado pelo aperfeiçoamento e uso da


bússola, na navegação, e da pólvora, na fabricação de armas. Esses fatores deram
ao ser humano uma sensação de independência em relação às forças divinas, pois,
com tamanho poder, eles se viram capazes de vencer os obstáculos da natureza,
atravessar o mar e conquistar novas terras. O uso bússola permitiu o surgimento
das Grandes Navegações, já a pólvora fez os europeus invencíveis no domínio das
novas terras.

Dessa forma, nos séculos XV e XVI, Portugal buscou expandir os seus domínios.
Houve, então, expedições para a África, Ásia e América. Esta, oficialmente,
descoberta por Cristóvão Colombo (1451-1506) em 12 de outubro de 1492. Tal
descoberta levou espanhóis e portugueses a assinarem o Tratado de Tordesilhas
(1494), que dividia o novo continente entre essas duas nações. Assim, em 22 de
abril de 1500, a frota portuguesa chegou ao nosso país, data que ficou, oficialmente,
registrada como da descoberta do Brasil.
Apesar do fim da Idade Média e do advento da Reforma Protestante, a Igreja católica
ainda detinha grande poder político. A Coroa portuguesa, portanto, tinha o apoio da
Igreja e vice-versa.

Com a Reforma Protestante, a Igreja católica empreendeu a chamada


Contrarreforma Católica, e uma das medidas adotadas para combater a ameaça
protestante foi a criação da Companhia de Jesus pelo padre Inácio de Loyola (1491-
1556). Desse modo, os jesuítas foram enviados ao Brasil para catequizar os
indígenas, ou seja, converter os nativos ao catolicismo.

CARACTERÍSTICAS DO QUINHENTISMO

Fazem parte do quinhentismo (1500-1601) os primeiros textos, não


necessariamente literários, escritos no Brasil ou sobre ele durante o primeiro século
da invasão portuguesa. Desse modo, essas obras estão inseridas em uma destas
categorias:
Literatura de informação

Estão inseridos nessa classificação os textos dos chamados cronistas, que


relatavam sobre o que viam na nova terra. O público-alvo desses documentos eram
os europeus, curiosos para saberem o que havia na terra descoberta. Por isso, essa
literatura informativa é também chamada de literatura de viagem, já que é composta
por relatos de viajantes europeus ao território brasileiro.

Assim, para portugueses, franceses e alemães que descreveram a nova terra, o


Brasil era um paraíso tropical, pois o quinhentismo foi marcado por uma visão
teocêntrica, religiosa, da realidade. Além disso, as crônicas dos viajantes europeus
eram cheias de descrições e comparações, que buscavam, com base nos detalhes,
mostrar aos leitores a beleza, as riquezas e as curiosidades da terra descoberta.

Literatura de formação

A literatura de formação ou literatura de catequese tinha o objetivo de converter os


indígenas ao cristianismo. Portanto, os poemas e peças de teatro, de cunho
catequético, eram direcionados a esse público.

Autores do Quinhentismo

• Pero Vaz de Caminha (1450-1500): português e escrivão da frota de


Pedro Álvares Cabral (1467-1520).

• Hans Staden (1525-1579): alemão que passou nove meses prisioneiro


dos índios tupinambás.

• Pe. Manuel da Nóbrega (1517-1570): padre português, chefe da primeira


missão jesuítica no Brasil.
• Pe. José de Anchieta (1534-1597): jesuíta espanhol.

Obras do Quinhentismo

As principais obras do quinhentismo são:

• A carta de Pero Vaz de Caminha.

• A carta de mestre João Faras.

• Relação do piloto anônimo.

• Cartas de Pe. Manuel da Nóbrega.

Arte de gramática da língua mais usada na costa do Brasil (1595), de Pe. José
de Anchieta.

Duas viagens ao Brasil (1557), de Hans Staden.

Auto da festa de São Lourenço (1583), texto teatral de Pe. José de Anchieta.

Contudo, o texto mais importante desse período, devido ao seu valor histórico, é
A carta de Pero Vaz de Caminha, assinada em 1º de maio de 1500, em que o
autor descreve a nova terra e menciona suas primeiras impressões sobre ela ao
rei de Portugal. Além disso, evidencia a intenção, da Coroa portuguesa, em
explorar a terra descoberta, e da Igreja, em catequizar os indígenas, como se
pode ver nos trechos a seguir:

“Parece-me gente de tal inocência que, se nós entendêssemos a sua fala e eles
a nossa, seriam logo cristãos, visto que não têm nem entendem crença alguma,
segundo as aparências. E portanto se os degredados que aqui hão de ficar
aprenderem bem a sua fala e os entenderem, não duvido que eles, segundo a
santa tenção de Vossa Alteza, se farão cristãos e hão de crer na nossa santa fé,
à qual praza a Nosso Senhor que os traga, porque certamente esta gente é boa
e de bela simplicidade. E imprimir-se-á facilmente neles qualquer cunho que lhe
quiserem dar, uma vez que Nosso Senhor lhes deu bons corpos e bons rostos,
como a homens bons. E o Ele nos para aqui trazer creio que não foi sem causa.
E portanto Vossa Alteza, pois tanto deseja acrescentar a santa fé católica, deve
cuidar da salvação deles. E prazerá a Deus que com pouco trabalho seja assim!

[...]

Esta terra, Senhor, parece-me que, da ponta que mais contra o sul vimos, até à
outra ponta que contra o norte vem, de que nós deste porto houvemos vista, será
tamanha que haverá nela bem vinte ou vinte e cinco léguas de costa. Traz ao
longo do mar em algumas partes grandes barreiras, umas vermelhas, e outras
brancas; e a terra de cima toda chã e muito cheia de grandes arvoredos. De
ponta a ponta é toda praia... muito chã e muito formosa. Pelo sertão nos pareceu,
vista do mar, muito grande; porque a estender olhos, não podíamos ver senão
terra e arvoredos — terra que nos parecia muito extensa.

Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal,
ou ferro; nem lha vimos. Contudo a terra em si é de muito bons ares frescos e
temperados como os de Entre-Douro-e-Minho, porque neste tempo d’agora
assim os achávamos como os de lá. Águas são muitas; infinitas. Em tal maneira
é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa das águas
que tem!

Contudo, o melhor fruto que dela se pode tirar parece-me que será salvar esta
gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar.
E que não houvesse mais do que ter Vossa Alteza aqui esta pousada para essa
navegação de Calicute bastava. Quanto mais, disposição para se nela cumprir e
fazer o que Vossa Alteza tanto deseja, a saber, acrescentamento da nossa fé!”

Se Caminha é o principal representante da literatura de informação do


quinhentismo, Pe. José de Anchieta tem essa mesma importância na literatura
de formação, com suas peças de teatro e poemas de cunho catequizante, como
se pode verificar neste trecho do Auto da festa de São Lourenço, referente à fala
do personagem Aimbirê, um dos criados de Guaixará, o rei dos diabos:

AIMBIRÊ

Usarei de igual destreza


Para arrastar outras presas
Nesta guerra pouco santa.

O povo Tupinambá
Que em Paraguaçu morava,
E que de Deus se afastava,
Deles hoje um só não há,
Todos a nós se entregaram.

Tomamos Moçupiroca,
Jequei, Gualapitiba,
Niterói e Paraíba,
Guajajó, Carijó-oca,
Pacucaia, Araçatiba

Todos os tamoios foram


Jazer queimando no inferno.
Mas há alguns que ao Padre Eterno
Fiéis, nesta aldeia moram,
Livres do nosso caderno.

Estes maus Temiminós


Nosso trabalho destroem.

CONCLUSÃO

Em conclusão, o classicismo é um movimento artístico e literário que surgiu


durante o Renascimento e teve uma influência significativa na cultura ocidental.
Caracterizado pela valorização da ordem, da simetria e da proporção, o
classicismo buscou resgatar os ideais da antiguidade greco-romana, sendo
marcado por obras que são consideradas atemporais e universais.

FONTES
https://www.todamateria.com.br
https://www.portugues.com.br
https://www.educamaisbrasil.com.br

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