QUINHENTISMO (SÉCULO XVI) Refere-se ao período que compreende a chegada dos portugueses ao Brasil. A literatura dessa época era composta pelos relatos de viagem que o povo europeu fazia a respeito das terras brasileiras e pelos textos religiosos que eram usados para a catequização dos povos indígenas. O Quinhentismo no Brasil também é chamado de Literatura de informação. CONTEXTO HISTÓRICO 1500: A esquadra de Cabral chega ao Brasil. 1521: Início da colonização do Brasil. 1532: A maior colônia portuguesa é estabelecida no Brasil com a fundação da cidade de São Vicente. D. João III implanta o regime de capitanias hereditárias. 1549: Chega ao Brasil Tomé de Sousa, governador geral da colônia, com uma comitiva de mais de mil pessoas. Estava autorizado a matar e escravizar os índios que resistissem ao domínio português. Na comitiva encontrava-se padre Manuel da Nóbrega. 1565: Os portugueses fundam o Rio de Janeiro. CARACTERÍSTICAS LITERÁRIAS RELATOS DE VIAGEM: Descrição da terra e do povo nativo; Catalogação de espécimes da fauna e da flora; Identificação de possíveis interesses econômicos para a coroa portuguesa; Apresentação da nova colônia de modo positivo e promissor (descrições idealizadas); Uso frequente de comparações; Pero Vaz de Caminha. Desembarque de Pedro Álvares Cabral, em Porto Seguro, Oscar Pereira da Silva – 1922. Capítulo Sexto: Das Fruitas da Terra Tambem ha huma fruita que lhe chamão Bananas, e pela lingua dos indios Pacovas: ha na terra muita abundancia dellas: parecem-se na feição com pepinos, nascem numas arvores mui tenras e não são muito altas, nem têm ramos senão folhas mui compridas e largas. Estas bananas crião-se em cachos, algum se acha que tem de cento e cincoenta pera cima, e muitas vezes he tam grande o peso dellas que faz quebrar a arvore pelo meio; como são de vez colhem estes cachos, e depois de colhidos amadurecem, e tanto que estas arvores dão huma fruita, logo as cortão porque não frutificão mais que a primeira vez, e tornão a rebentar pelos pés outras novas. Esta he huma fruita mui sabrosa e das boas que ha na terra, tem huma pelle como de figo, a qual lhes lanção fora quando as querem comer e se come muitas dellas fazem dano á saude e causão febre a quem se desmanda nellas. E assadas maduras são muito sadias e mandão-se dar aos enfermos. Com esta fruita se mantem a maior parte dos escravos desta terra, porque assadas verdes passão por mantimento e quasi tem sustancia de pão. Ha duas qualidades desta fruita huma são pequenas como figos berjaçotes, as outras são maiores e mais com pridas. Estas pequenas têm dentro em si huma cousa estranha, a qual he que quando as cortão pelo meio com huma faca ou por qualquer parte que seja acha-se nellas hum signal á maneira de Crucifixo, e assi totalmente o parecem. Carta(...)de Pero Vaz de Caminha a terra por cima é toda chã e muito cheia de grandes arvoredos. De ponta a ponta é tudo praia redonda, muito chã e muito formosa. (...) Até agora não podemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal, ou ferro; nem o vimos. Contudo a terra em si é de muito bons ares, frescos e temperados como os de Entre Douro e Minho, porque neste tempo de agora os achávamos como de lá. As águas são muitas; infinitas. Em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa das águas que tem! Porém, o melhor fruto que dela se pode tirar parece-me que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza nela deve lançar. CARACTERÍSTICAS LITERÁRIAS LITERATURA JESUÍTICA: “Educação” como parte da missão; Literatura religiosa e pedagógica; Escrita de poemas e de peças teatrais para converter os índios à religião católica; Visão teocêntrica medieval; Padre José de Anchieta: Iperoig (Ubatuba); Na Festa de São Lourenço; Arte da Gramática da Língua mais Usada na Costa do Brasil. Texto de Anchieta Não há coisa segura Tudo quanto se vê, se vai passando; A vida não tem dura; O bem se vai gastando; Toda criatura vai voando.
Em Deus, meu Criador;
Só ‘sta todo o meu bem, toda a esperança, Meu gosto e meu amor E bemaventurança. Quem serve a tal Senhor não faz mudança. Principais textos da época: Carta de Pero Vaz de Caminha (1500) Diário de navegação, de Pero Lopes de Sousa (1530) Tratado da Terra do Brasil e a História da Província de Santa Cruz a que vulgarmente chamamos Brasil, de Pero de Magalhães Gandavo (1576) Tratado Descritivo do Brasil, de Ambrósio Fernandes Brandão (1618) História do Brasil, de Frei Vicente do Salvador (1627) Duas Viagens ao Brasil, de Hans Staden (1557) Viagem à terra do Brasil, de Jean de Léry (1578) Cartas dos Jesuítas à Metrópole, dando contas de suas atividades nos primeiros séculos de catequese. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ABAURRE, Maria L. M.; PONTARA, Marcela. Literatura Brasileira – tempos, leitores e leituras. Volume Único. São Paulo: Moderna, 2005. OBRIGADA!