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GRUPOS HUMANOS NO

CONTINENTE “AMERICANO”
ANTES DO CONTATO COM O
EUROPEU
O QUE É DIVERSIDADE?
• A produção da identidade tem relação com a diferença, ambas só existem em
relação.
• Assim a identidade existe como um processo histórico em relação direta
com as diferenças. Tudo o que permite que digamos, nós e eles compõe a
identidade coletiva, e essa identidade é composta da consciência de diversos
elementos; familiaridades e estranhamentos, ideias, objetos e valores que um
grupo acredita fazerem parte de seus atributos exclusivos e excludentes.

• COMO A CONSTRUÇÃO DA IDEINTIDADE E DA DIFERENÇA NA


MODERNIDADE ESTÁ VINCULADA AS RELAÇÕES DE PODER NAS
COLÔNIAS AMERICANAS?
Quais eram os grupos que habitavam o continente
antes do contato com os Europeus?
• Em 12/10/1492 Colombo chegou ao “novo mundo”?

• “Logo apareceu gente nua, e o Almirante saiu rumo à terra no barco armado, com Martín Alonso
Pinzón e Vicente Anés (Vicente Yánez), seu irmão, e comandante da Niña. O Almirante empunhou a
bandeira real e os comandantes as duas bandeiras da Cruz Verde, que o Almirante levava como
emblema em todos os navios,(...), a primeira feita de um cabo da cruz e a segunda do outro. Ao
desembarcar viram árvores muito verdes, muitas águas e frutas de várias espécies. O Almirante chamou
os dois comandantes e demais acompanhantes, e Rodrigo de Escovedo, escrivão de toda a armada, e
Rodrigo Sánchez de Segovia, e pediu que lhe dessem por fé e testemunho como ele, diante de todos,
tomava, como de fato tomou, posse da dita ilha em nome de El-Rei e da Rainha, seus soberanos,
fazendo os protestos que se requeriam, como mais extensamente se descreve nos testemunhos que ali
se procederam por escrito. Logo viram-se cercados por vários habitantes da ilha. O que se segue são
palavras textuais do Almirante, em seu livro sobre a primeira viagem e descobrimento dessas índias:
“Eu – diz ele –, porque nos demonstraram grande amizade, pois percebi que eram pessoas que melhor
se entregariam e converteriam à nossa fé pelo amor e não pela força, dei a algumas delas uns gorros
coloridos e umas miçangas que puseram no pescoço, além de outras coisas de pouco valor, o que lhes
causou grande prazer e ficaram tão nossos amigos que era uma maravilha.” (COLOMBO, 1492)
• Depois vieram nadando até os barcos dos navios onde estávamos, trazendo papagaios e fio de algodão em
novelos e lanças e muitas outras coisas, que trocamos por coisas que tínhamos conosco, como miçangas e
guizos. Enfim, tudo aceitavam e davam do que tinham com a maior boa vontade. Mas me pareceu que era
gente que não possuía praticamente nada. Andavam nus como a mãe lhes deu à luz; inclusive as mulheres,
embora só tenha visto uma robusta rapariga. a. E todos os que vi eram jovens, nenhum com mais de trinta
anos de idade: muito bem-feitos, de corpos muito bonitos e cara muito boa; os cabelos grossos, quase como
o pêlo do rabo de cavalos, e curtos, caem por cima das sobrancelhas, menos uns fios na nuca que mantêm
longos, sem nunca cortar. Eles se pintam de preto, e são da cor dos canários, nem negros nem brancos, e se
pintam de branco, e de encarnado, e do que bem entendem, e pintam a cara, o corpo todo, e alguns somente
os olhos ou o nariz. Não andam com armas, que nem conhecem, pois lhes mostrei espadas, que pegaram
pelo fio e se cortaram por ignorância. Não têm nenhum ferro: as suas lanças são varas sem ferro, sendo que
algumas têm no cabo um dente de peixe e outras uma variedade de coisas. Todos, sem exceção, são de boa
estatura, e fazem gesto bonito, elegantes. Vi alguns com marcas de ferida no corpo e, por gestos, perguntei o
que era aquilo e eles, da mesma maneira, demonstraram que ali aparecia gente de outras ilhas das imediações
com a intenção de capturá-los e então se defendiam. E eu achei e acho que aqui vêm procedentes da terra
firme para levá-los para o cativeiro. Devem ser bons serviçais e habilidosos, pois noto que repetem logo o
que a gente diz e creio que depressa se fariam cristãos; me pareceu que não tinham nenhuma religião. Eu,
comprazendo a Nosso Senhor, levarei daqui, por ocasião de minha partida, seis deles para Vossas
Majestades, para que aprendam a falar. Não vi nesta ilha nenhum animal de espécie alguma, a não ser
papagaios”. Todas as palavras que acabo de transcrever são do Almirante e nelas se refletem as impressões
que colheu no primeiro contato com os índios. (Diários da descoberta, COLOMBO, 1492)
• O Primeiro desembarque de Colombo na América' de Dióscoro Teófilo Puebla y Tolín, 1862
• Qual o sentido da data?
• Comemorar 370 anos da “descoberta”, no reinado de Isabel II, A I foi quem
patrocinou Colombo.
• Qual a função do quadro em pleno século XIX?
• Celebrar a “conquista” do “novo mundo”.
• Quem é o protagonista na obra?
• Colombo e os Europeus.
• Qual a posição dos indígenas representados na obra?
• Na carta de colombo eles foram anunciados como covardes e tímidos, na
prática os nativos exterminaram a pequena colônia de 39 marinheiros que o
navegador deixou em terra.
• Por qual motivo na obra tem a presença da cruz?

• Qual o sentido da espada na obra?

• Qual o motivo das ‘poses’ da obra?

• O que a obra nos diz sobre o processo de chegada dos Europeus


no continente “americano” em 1492?
• O Manuscrito da Carta de Pero Vaz de
Caminha. Ano 1500.
TRECHOS DA CARTA
De ponta a ponta, é tudo praia-palma, muito chã e muito formosa. Pelo sertão nos
pareceu, vista do mar, muito grande, porque, a estender olhos, não podíamos ver
senão terra com arvoredos, que nos parecia muito longa. Nela, até agora, não
pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro;
nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares [...]. Porém o melhor
fruto que dela se pode tirar me parece que será salvar esta gente.
"Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e quartejados, assim pelos
corpos como pelas pernas, que, certo, assim pareciam bem. Também andavam
entre eles quatro ou cinco mulheres, novas, que assim nuas, não pareciam mal.
Entre elas andava uma, com uma coxa, do joelho até o quadril e a nádega, toda
tingida daquela tintura preta; e todo o resto da sua cor natural. Outra trazia
ambos os joelhos com as curvas assim tintas, e também os colos dos pés; e suas
vergonhas tão nuas, e com tanta inocência assim descobertas, que não havia nisso
desvergonha nenhuma.“ (CAMINHA, 1500)
"Mostraram-lhes um papagaio pardo que o Capitão traz consigo; tomaram-no logo
na mão e acenaram para a terra, como se os houvesse ali. Mostraram-lhes um
carneiro; não fizeram caso dele. Mostraram-lhes uma galinha; quase tiveram medo
dela, e não lhe queriam pôr a mão. Depois lhe pegaram, mas como espantados.
Deram-lhes ali de comer: pão e peixe cozido, confeitos, fartéis, mel, figos passados.
Não quiseram comer daquilo quase nada; e se provavam alguma coisa, logo a
lançavam fora. Trouxeram-lhes vinho em uma taça; mal lhe puseram a boca; não
gostaram dele nada, nem quiseram mais. Trouxeram-lhes água em uma albarrada,
provaram cada um o seu bochecho, mas não beberam; apenas lavaram as bocas e
lançaram-na fora.
Viu um deles umas contas de rosário, brancas; fez sinal que lhas dessem, e folgou
muito com elas, e lançou-as ao pescoço; e depois tirou-as e meteu-as em volta do
braço, e acenava para a terra e novamente para as contas e para o colar do
Capitão, como se dariam ouro por aquilo.“ (CAMINHA, 1500)
“Ao domingo de Páscoa, pela manhã, determinou o Capitão ir ouvir missa e
sermão naquele ilhéu. E mandou a todos os capitães que se arranjassem nos
batéis e fossem com ele. E assim foi feito. Mandou armar um pavilhão naquele
ilhéu, e dentro levantar um altar mui bem arranjado. E ali com todos nós outros
fez dizer missa, a qual disse o padre frei Henrique, em voz entoada, e oficiada
com aquela mesma voz pelos outros padres e sacerdotes que todos assistiram, a
qual missa, segundo meu parecer, foi ouvida por todos com muito prazer e
devoção.”(CAMINHA, 1500)

Como a carta de Pero Vaz de Caminha permite entender o projeto


colonizador da época?
Primeira Missa no Brasil, Victor Meirelles. Ano entre 1859 e 1861
Desembarque de Pedro Álvares Cabral em Porto Seguro em 1500, Oscar Pereira da Silva. Ano 1900.
Grupos da América do norte
• Entre o atual Canadá e o México havia aproximadamente 5 milhões de
pessoas.

• “Em geral, eram povos que viviam em grupos relativamente pequenos e se


juntavam para ajudarem-se mutuamente, mas colocavam limitações muito
claras ao poder das suas autoridades” Fonte: Charles C. Mann, 1491 -
Novas revelações das Américas antes de Colombo.
Indígenas Mohawk, Onondaga, Oneida, Cayuga
e Seneca, formavam o povo Haudenosaunee.
• Suas aldeias eram extensas e ficavam próximas uma à outra, mas não havia uma
capital específica, isso servia para garantir suprimentos de comida. Afinal, não
havia animais de carga como o cavalo.
• Os haudenosaunee formavam uma confederação regida por um governo com
leis aprovadas por um conselho em que homens e mulheres tinham poder de
decisão, inclusive sobre as guerras. Na prática, segundo especialistas, era
um governo de consenso.
Grupos Mesoamericanos
• Aproximadamente 24 milhões de indivíduos.

• Os povos nativos desviavam o curso natural de rios, construíam enormes lagos


impermeáveis e plantavam dentro de balsas flutuantes. Extraíam borracha das
árvores para jogar bola e, ao contrário do que acreditavam os espanhóis,
conheciam muito bem a roda, apesar de não a utilizarem porque era inútil em
seus terrenos irregulares e sem animais de carga. Os maias estão entre os
poucos povos da humanidade, e são o único em todo o continente, a
desenvolver a escrita de forma independente.
O povo Mexica
• Os mexicas não necessariamente tinham presença militar nos territórios
conquistados, mas obrigavam seus novos súditos a enviar produtos e soldados a
Tenochtitlán, a sede do império, como tributo. Também se casavam com as filhas
dos chefes locais para que seus herdeiros, educados na capital, comandassem as
regiões no futuro. Tudo isso lhes permitia manter um império
hegemônico, mesmo que dentro dele se falassem muitos idiomas além do oficial,
o náuatle.
Fragmento da Segunda Carta de Cortez enviada ao Imperador Carlos I, datada de 30 de outubro de 1520.Representação da cidade de Tenochtitlán e da região da costa do Golfo do México
“Quando foi para seguirmos para a cidade de Montezuma,os emissários deste
queriam nos levar por um caminho muito íngreme, de muitas pontes e passagens
difíceis. Isto nos pareceu muito ruim e temeroso de alguma emboscada. Mas quando
os nossos espanhóis foram observar as montanhas cobertas de neve descobriram um
outro caminho, muito bom, que de acordo com os nativos levava a Culúa. Os
espanhóis foram por ele até encontrar as serras, por meio das quais segue o
caminho, tendo ido até as planícies de Culúa, a grande cidade de Tenochtitlán e as
lagoas que existem nesta província e que adiante relatareia vossa majestade. Os
mensageiros de Montezuma disseram que não queriam nos guiar por aquele
caminho porque passava pelas terras de Guasucingo, que era inimigo deles, o que
faria com que sofrêssemos privações de mantimentos. Eu insisti que queria ir por ali
e assim partimos, com grande temor de que quisessem praticaralguma burla.”
(CORTEZ, Hernán. A conquista do México. Carta de Cortez enviada a Carlos I)
• "Era uma cidade refinada, com banheiros públicos, mais de 30 palácios que
tinham cerâmicas finas e tecidos elegantes. E ficava em meio a mais de 2 mil
km² de lagos ricos em peixes, enquanto que a agricultura nos arredores era
bastante produtiva e permitia sustentar a população da região, mas, a capital era,
acima de tudo, um triunfo da engenharia sem comparação.”, Esteban Mira
Caballos, doutor em História da América pela Universidade de Sevilha, na
Espanha.
Império Tarasco
• Os arqui-inimigos dos mexicas são menos conhecidos porque sobraram menos
registros da sua sociedade e relatos de como viviam antes do contato com os
espanhóis. No entanto, os tarascos tinham o segundo maior Estado da
Mesoamérica quando os europeus pisaram pela primeira vez no continente.
• No final do século 15, a capital tarasca, Tzintzuntzan, tinha quase 30 mil
habitantes e era parte de um centro de poder formado por três cidades-estado
próximas a um lago, assim como no império mexica. Tzintzuntzan era a capital
administrativa e tinha um grande centro religioso com edifícios e pirâmides de
estrutura mista, retangular e circular, chamadas de yácatas. Nessas construções
viviam os sacerdotes, se realizavam rituais e se acendiam fogueiras como sinal de
que o império entraria em guerra.
América do SUL – Povos Amazônicos
• Aproximadamente 25 milhões de pessoas.
• Durante muito tempo se pensou que somente grupos pequenos e itinerantes
podiam viver em um ambiente tão complexo. Atualmente, estima-se que entre
oito e 10 milhões de pessoas viviam na Amazônia, falando cerca de 300
idiomas.
• “Não podemos dizer que eram cidades como as dos incas ou maias. Eram espaços
com valor político e religioso, que eram ocupados habitualmente, se misturavam
com a floresta e estavam hiperconectados por um sistema de estradas”. Eduardo
Góes Neves, do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo
(MAE-USP).
• A floresta amazônica também não era completamente virgem quando os europeus
chegaram, como se pensou durante muito tempo. Esses povos a transformaram e
já plantavam nos territórios.
• A costa atlântica do continente, por sua vez, também abrigava uma variedade
enorme de povos como os tupinambás, os guaranis e os charrúa, mas o
colonialismo e a fundação das cidades apagaram grande parte das evidências
materiais de suas vidas pré-colombianas.

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