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O QUINHENTISMO

Professora Rosangela do Nascimento Costa


Quinhentismo – (1500 – 1601)

Imagem: Oscar Pereira da Silva / Desembarque de Pedro Álvares Cabral em Porto Seguro em 1500, 19002 / Museu Paulista / Public Domain.

22 de Abril.
O que eles queriam aqui?

Dia do Descobrimento
O Descobrimento do Brasil e o Quinhentismo

Imagem: Mapa de Luís Teixeira (c. 1574) com a divisão da


América portuguesa em capitanias, 1574 / Biblioteca da
Ajuda, Lisboa / Domínio Público.
SÉCULO XVI - A EXPLORAÇÃO

■ O 1º produto que atraiu a atenção


dos portugueses para a nova terra
foi o pau-brasil.

Imagem: André Thevet / Public Domain.


O que eles pensavam de nós e o que pensávamos deles?

■ Índios x portugueses

Imagem: Oscar Pereira da Silva / Desembarque de Pedro Álvares Cabral em Porto Seguro em
1500, 19002 / Museu Paulista / Public Domain.
Índios
Renato Russo

 Quem me dera, ao menos uma vez, Quem me dera, ao menos uma vez,
Ter de volta todo o ouro que entreguei Explicar o que ninguém consegue entender:
A quem conseguiu me convencer Que o que aconteceu ainda está por vir
Que era prova de amizade E o futuro não é mais como era antigamente.
Se alguém levasse embora até o que eu não tinha.
 
Quem me dera, ao menos uma vez,
Quem me dera, ao menos uma vez, Provar que quem tem mais do que precisa ter
Esquecer que acreditei que era por brincadeira Quase sempre se convence que não tem o bastante
Que se cortava sempre um pano-de-chão E fala demais por não ter nada a dizer
De linho nobre e pura seda.
Eu quis o perigo e até sangrei sozinho.
Entenda - assim pude trazer você de volta prá mim,
Quem me dera, ao menos uma vez, Quando descobri que é sempre só você
Que me entende do início ao fim
Que o mais simples fosse visto como o mais E é só você que tem a cura para o meu vício
importante De insistir nessa saudade que eu sinto
Mas nos deram espelhos De tudo que eu ainda não vi.
E vimos um mundo doente.  
Quem me dera, ao menos uma vez,
Acreditar por um instante em tudo que existe
E acreditar que o mundo é perfeito
 Quem me dera, ao menos uma vez, E que todas as pessoas são felizes.
Entender como um só Deus ao mesmo tempo é
três
Quem me dera, ao menos uma vez,
E esse mesmo Deus foi morto por vocês - Fazer com que o mundo saiba que seu nome
É só maldade então, deixar um Deus tão triste. Está em tudo e mesmo assim
Ninguém lhe diz ao menos obrigado.
Quem me dera, ao menos uma vez,
Como a mais bela tribo, dos mais belos índios,
Não ser atacado por ser inocente.
 
Eu quis o perigo e até sangrei sozinho.
Entenda - assim pude trazer você de volta prá mim,
Quando descobri que é sempre só você
Que me entende do início ao fim
E é só você que tem a cura para o meu vício
De insistir nessa saudade que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi.
 
Nos deram espelhos e vimos um mundo doente
Tentei chorar e não consegui.
QUINHENTISMO - Período: Século XVI

Início: 1500 - “Carta de Achamento do Brasil”, de


Pero Vaz de Caminha.
Término: 1601- “Prosopopeia”, de Bento Teixeira.

Nem crônicas, nem memórias, pois não resultavam de


nenhuma intenção literária.

Imagem: Francisco Aurélio de Figueiredo e Melo / Public Domain.


QUINHENTISMO

Os escritos dos cronistas e viajantes eram uma tentativa


de descrever e catalogar a terra e o povo recém-
descoberto.

A essa descrição, no entanto, acrescentavam-se elementos


mágicos e características muitas vezes fantásticas.

Imagem: Carta de Pero Vaz de Caminha ao Rei D.


Manoel / Public Domain.
Carta de Pero Vaz de Caminha

[...]
Dali avistamos homens que andavam pela praia, obra de sete ou oito, segundo disseram os navios
pequenos, por chegarem primeiro.
Então lançamos fora os batéis e esquifes, e vieram logo todos os capitães das naus a esta nau do
Capitão - mor, onde falaram entre si.
E o Capitão - mor mandou em terra no batel a Nicolau Coelho para ver aquele rio. E tanto que ele
começou de ir para lá, acudiram pela praia homens, quando aos dois, quando aos três, de maneira
que, ao chegar o batel à boca do rio, já ali havia dezoito ou vinte homens.
Eram pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. Nas mãos traziam
arcos com suas setas. Vinham todos rijos sobre o batel; e Nicolau Coelho lhes fez sinal que
pousassem os arcos. E eles os pousaram.

Imagem: Ships through ages / Boston Public Library / Creative Commons Attribution 2.0 Generic.
Imagem: Autor Desconhecido, 1509 / Battle of
Analisando a Carta

Diu / Public Domain.


■ principais características das cartas:

■ Espírito de fidelidade e submissão ao rei

■ Posto que o Capitão-mor desta Vossa frota, e assim os outros capitães escrevam a Vossa Alteza a
notícia do achamento desta Vossa terra nova, que se agora nesta navegação achou, não deixarei
de também dar disso minha conta a Vossa Alteza, assim como eu melhor puder, ainda que -- para
o bem contar e falar -- o saiba pior que todos fazer!
Nativismo

A feição deles é serem pardos, um tanto avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos.
Andam nus, sem cobertura alguma. Nem fazem mais caso de encobrir ou deixar de encobrir suas
vergonhas do que de mostrar a cara. Acerca disso são de grande inocência.

Imagem: Hércules Florence / Índios apiaká no rio


Arinos, Mato Grosso , 1827/ Domínio Público.
Preocupação em catequização indígena

Parece-me gente de tal inocência que, se nós entendêssemos a sua fala e eles a nossa, seriam logo
cristãos, visto que não têm nem entendem crença alguma, segundo as aparências.

Imagem: Victor Meirelles / Primeira missa no


Brasil,1860 / Domínio Público.
Ufanismo e preocupação mercantilista

Até agora, não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou


outra coisa de metal, ou ferro; nem lha vimos. Contudo
a terra em si é de muito bons ares frescos e temperados
como os de Entre-Douro-e-Minho, porque neste tempo
d'agora assim os achávamos como os de lá. Águas são
muitas; infinitas. Em tal maneira é graciosa que,
querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa
das águas que tem!

Imagem: Adelano Lázaro /  Cachoeira de Santa Bárbara -


Cavalcante - Goiás - Brasil / Domínio Público
QUINHENTISM0
A produção literária no Brasil-Colônia

 Ainda não havia condições essenciais sólidas para o florescimento da literatura (público leitor
ativo e influente, grupos de escritores atuantes, vida cultural rica e abundante, sentimento de
nacionalidade, liberdade de expressão, imprensa e gráficas).
 Não se pode falar numa literatura propriamente brasileira. É uma literatura sobre o Brasil, de
caráter meramente informativo.
 Duas manifestações literárias: Literatura informativa (material) e Literatura dos jesuítas
(catequese).
QUINHENTISMO - ( Séc. XVI )

Imagem: Jean de Léry / Historia navigationis in Brasiliam... Geneva,


■ Literatura Informativa (viagens):

• Cartas de viagem

1586 / United States Public Domain.


• Diários de navegação
• Tratados descritivos

■ Textos em prosa
■ Objetivo: narrar e descrever as viagens e
■ os primeiros contatos com a terra e nativos
Principais produções literárias no Brasil-Colônia:

• A Carta, de Pero Vaz de Caminha;


• O Diário de navegação, de Pero Lopes de Sousa (1530);
• O Tratado da terra do Brasil e a História da Província de Santa Cruz a que vulgarmente
chamamos Brasil, de Pero de Magalhães Gândavo (1576);
• O Tratado descritivo do Brasil, de Gabriel Soares de Sousa (1587);
• Os Diálogos das grandezas do Brasil, de Ambrósio Fernandes Brandão (1618);
• As cartas dos missionários jesuítas escritas nos dois primeiros séculos de catequese;
• A História do Brasil, de Frei Vicente do Salvador (1627);
• As Duas viagens do Brasil, de Hans Staden (1557);
• A Viagem à terra do Brasil, de Jean de Léry (1578).
Como era a terra ?

Imagem: Benedito Calixto / Fundação de São Vicente, 1900 / Acervo da Prefeitura de São Vicente / Domínio Público.
Literatura Informativa

[...] Neste mesmo dia, à hora de vésperas, avistamos terra ! Primeiramente um grande monte, muito alto
e redondo; depois, outras serras mais baixas, da parte sul em relação ao monte e, mais, terra chã.
Com grandes arvoredos. Ao monte alto o Capitão deu o nome de Monte Pascoal; e à terra, Terra de
Vera Cruz. [...]

Característica da produção: (Carta de Pero Vaz de Caminha - fragmento)


• Relato;
• Descrição da terra (retrato compreensível de uma realidade inteiramente
desconhecida e estranha);
• Linguagem: estrutura descritiva (adjetivos – comparações).
A Literatura de catequese - Missionários jesuítas
( 1549 – 1605 )
Imagem: Anchieta e Nóbrega na cabana de Pindobuçu, 1927 / Benedito Calixto / Museu Paulista / Domínio Público.
Literatura de Catequese

■ Missionários jesuítas

■ Fundação de cidades: Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo


■ Inauguração de escolas

■ Textos:
• Poemas líricos (cunho religioso);
• Peças de teatro – autos (cenas bíblicas, passagens da vida de santos);
• Cartas;
• Tratados descritivos;
• Crônicas históricas.
Representantes e obras:

Pe. José de Anchieta (gramático, historiador, poeta e teatrólogo)

Textos:
Poesia religiosa;
Poesia épica (em louvor às ações do terceiro governador-geral Mem de Sá);
Cartas;
Crônica histórica;
Sermões;
Peças teatrais - Auto: Na festa de São Lourenço (versos: tupi, português e espanhol)
a Arte da gramática da língua mais usada na costa do Brasil, de 1595 (1ª tupi).

Manuel da Nóbrega
Fernão Cardim
Poesia religiosa

A Santa Inês
José de Anchieta

Cordeirinha linda,
como folga o povo
porque vossa vinda
lhe dá lume novo!

Cordeirinha santa,
de Iesu querida
vossa santa vinda Imagem: Lucílio de Albuquerque / Anchieta escrevendo o poema à Virgem,1906 /
Domínio Público.

o diabo espanta.
Por isso vos canta, Vossa formosura
honra é do povo,
com prazer, o povo,
porque vossa vinda
porque vossa vinda
lhe dá lume novo!
lhe dá lume novo.

Nossa culpa escura


fugirá depressa,
pois vossa cabeça
vem com luz tão pura.
Observe que o eu lírico, por meio de repetição de certos versos, ressalta a esperança que se
renova com a chegada da santa. Trata-se de uma produção simples, de versos breves,
marcada por refrãos e com clara intenção musical.
Peça teatral

O auto de São Lourenço Bom Jesus, quando te vejo


na cruz, por mim flagelado,
José de Anchieta eu por ti vivo e queimado
Primeiro ato
mil vezes morrer desejo.
(Cena do martírio de São Lourenço)

Cantam: Pois teu sangue redentor


lavou minha culpa humana,
Por Jesus, meu salvador, arda eu pois nesta chama
que morre por meus pecados, com o fogo do teu amor.
nestas brasas, morro assado
com fogo do seu amor.

■ Anchieta busca converter indígenas e colonos apresentando a


batalha entre o Bem (associado aos portugueses, à religião, a Deus)
e o Mal (associado à língua tupi, aos costumes indígenas).
QUINHENTISMO
Referências bibliográficas:

NICOLA, José de. Português – Vol 1. Ensino Médio. São Paulo: Scipione, 2011.
HERNANDES, Roberta; MARTIN, Vilma Lia. Projeto ECO – Língua Portuguesa – Vol 1. Curitiba: Editora
Positivo,2010.
CEREJA, Willian Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Português – Linguagens. Vol 1. São Paulo:
Editora Saraiva, 2010.
CAMPOS, Elizabeth; CARDOSO, Paula Marques; ANDRADE, Silvia Letícia de. Viva Português – Vol 1. São
Paulo: Editora Ática.
ABAURRE, Maria Luiza M.; ABAURRE, Maria Bernadete M.; PONTARA, Marcela. Português – Contexto,
Interlocução e Sentido. Vol 1. São Paulo: Moderna, 2010.

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