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Professora : Rosangela do Nascimento Costa

A Crase
Dizem que a crase não foi inventada para humilhar
ninguém. No entanto, sabemos muito bem que seu uso
adequado dá um certo trabalho a todos que escrevemos.
O primeiro motivo para isso é que a crase, para nós
brasileiros, é um problema exclusivo da escrita: nós
não ouvimos a crase. Na fala, não existe nenhuma
diferença perceptível entre a e à, ou entre as e às.
Trata-se de uma convenção para marcar graficamente a
contração da preposição a com o artigo feminino a ou
as. Em vez de escrevermos aa ou aas, escrevemos um só
a com o acento grave (à ou às).
A Crase
 A fusão de duas vogais iguais. Normalmente, a
crase acontece quando a palavra “a” (preposição) se
junta com outro “a” (artigo ou pronome
demonstrativo).

Exemplo:
Chegamos à estação.

Chegamos a a estação.
PARA INDICARMOS NA ESCRITA ESSA UNIÃO
FONÉTICA, USAMOS O ACENTO GRAVE (`).
Observe:
A criança obedeceu à regra do jogo.

a preposição
+ a artigo

à
REGRA GERAL
 A crase só pode ser empregada antes de palavras
femininas que admitem o artigo definido a (as) e
quando a preposição a é exigida pelo termo anterior
(nome ou verbo).
Exemplos:
O trem chegou à estação às 18 horas.
(verbo) (subst. fem.)

Procedeu-se à apuração dos votos.


(verbo) (subst. fem.)
Casos de ausência de crase
A. Diante de palavras masculinas:

Isto cheira a vinho.


preposição

Cheguei, graças a Deus.


preposição
CASOS DE AUSÊNCIA DA CRASE
B. Antes de substantivos femininos, de sentido geral e
indeterminado, isto é, quando o substantivo estiver no
plural e o a for uma simples preposição.
Não vai a festas, nem a reuniões.

prep. subst. plural prep. subst. plural


CASOS DE AUSÊNCIA DA CRASE
C. Antes da palavra casa, no sentido de lar,
domicílio, indicando a própria residência.
Voltamos a casa tristes.

(Voltamos para casa tristes.)


Observe que a troca pela preposição para não
aparece o artigo, portanto, não ocorre crase.
Importante
Quando a palavra casa vem acompanhada de uma
expressão modificadora, que a especifica (determina),
permite o uso do artigo a, podendo, portanto, ocorrer a
crase antes dela.
Retornei à casa dos meus pais.

Expressão modificadora (específica)


CASOS DE AUSÊNCIA DA CRASE
D. Antes da palavra terra, no sentido de terra
firme, com ideia oposta a bordo.

Os marinheiros tinham descido a terra para


visitar a cidade.
preposição
CASOS DE AUSÊNCIA DA CRASE
E. Antes de pronomes pessoais e de tratamento.
Recorreram a mim.
pron. pessoal

Não me referi a Vossa Excelência.


pron. de tratamento
Importante:
Os pronomes senhora, senhorita e dona admitem o
artigo a, logo, permitem a crase antes deles.
Refiro-me à senhorita e à dona Josefa.
CASOS DE AUSÊNCIA DA CRASE
F. Entre expressões repetidas;
Estavam frente a frente.
Dia a dia nossa empresa foi crescendo.

G. Antes de verbos;
Estamos dispostos a trabalhar.
verbo
Puseram-se a discutir em voz alta.
verbo
CASOS DE AUSÊNCIA DA CRASE
H. Antes do nome de cidades, estados, países e lugares que
não apresentam artigo.

Iremos a Curitiba e depois a Londrina.

Referiu-se a Jundiaí.
IMPORTANTE
Se o nome dessas cidades, estados ou países vier
modificado por um adjetivo ou locução adjetiva, haverá o
emprego do acento indicador da crase.
Iremos à bela Curitiba.

Referiu-se à Recife das belas pontes.


SEMPRE OCORRE CRASE
A. Nas expressões que indicam horas.
Cheguei às dez e meia.
Às duas horas começaremos a reunião.

B. Na expressão a moda de, mesmo que a palavra moda


esteja oculta.
Vestia-se à moda baiana.
Vestia-se à baiana.
IMPORTANTE
Podemos usar a crase antes de expressões masculinas,
desde que possamos subentender a moda de.

Vestiu calças à Pierre Cardin.

Usava sapatos à Luís XV.


SEMPRE OCORRE CRASE
C. Nas locuções adverbiais, conjuntivas e prepositivas
quando a palavra principal for feminina.
1.Locuções adverbiais: à noite, à tardinha, à força, etc.
Fizeram tudo às pressas.
2. Locuções prepositivas: à custa de, à frente de, etc.
Estou à procura de alguém.
3. Locuções conjuntivas: à medida que, à proporção que,
etc.
À medida que a noite chega, a dor aumenta.

IMPORTANTE
Na locuções adverbiais de instrumento, a crase é
facultativa.
Foi morto a bala ou Foi morto à bala.
A exceção ocorre em frases com duplo sentido.
Feriu-o à faca. (com a faca)
SEMPRE OCORRE CRASE
D. Antes dos pronomes demonstrativos aquele(s),
aquela(s), aquilo.

REGRA PRÁTICA

Os pronomes demonstrativos aquele (s), aquela (s)


e aquilo podem apresentar crase quando puderem
ser substituídos por a este (s), a esta (s) e a isto,
respectivamente.
Iremos àquele sítio.
a este

Dirigiu-se àquela mulher.


a esta

Refiro-me àquilo que ouvi na sala.


a isto
SEMPRE OCORRE CRASE
E. Antes do pronome demonstrativo a (as) quando ele vier
antes do pronome relativo que e puder ser substituído por
aquela (ou aquelas).

Esta blusa é igual à que comprei.

Antecedente (a + aquela) (pronome relativo)


SEMPRE OCORRE CRASE
F. Antes dos pronomes relativos a qual ou as quais,
sempre que o verbo que está na oração desses pronomes
relativos precisar da preposição a, usaremos a crase.
A escola à qual iremos é excelente.
Se substituirmos a palavra feminina por uma masculina,
teremos a contração ao, justificando-se o uso da crase.
O colégio ao qual iremos é excelente.
A crase é facultativa
A. Antes de pronomes possessivos no singular (minha,
tua, sua, nossa, vossa).

Fez referência sua irmã.


B. Depois da preposição até.

Ela foi janela.


C. Diante de nomes próprios femininos de pessoa.
Fizeram alusão Carla.
Ortografia
Definição: orto- do grego orthós = “correto” + -
grafia do grego graphein = escrever; é o emprego
correto das letras.
“Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro."
Oswald de Andrade
Fenômenos do nível Semântico
relacionados à Ortografia
 Palavras Sinônimas

Não tenho meios para comprar este material agora. (=recursos)

Palavras que se assemelham no sentido.

 Palavras Antônimas

Traços cambiantes fixam uma qualidade precisa aos livros. (oposto a


permanente)

Palavras que se opõem semanticamente.


Palavras Homônimas
 Quem é são, não é Paulo, é verdão.

Palavras iguais no som (homófonas) e na escrita (homógrafas), porém


divergentes semanticamente.

 Palavras Heterônimas

Fernando Pessoa: Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis.

Nomes diferentes atribuídos a uma mesma pessoa.


Palavras Parônimas:
A despensa repleta de alimentos dispensa restaurante.
→ heterógrafas e heterófonas

O professor cerrou a porta e não deixou os alunos entrarem.


O marceneiro serrou a porta no tamanho solicitado pelo cliente.
→ heterógrafas e homófonas

A descrição é um tipo de texto.


A discrição é qualidade imprescindível a um psicólogo.
→ heterógrafas e heterófonas
Palavras parecidas no som e na escrita.
Emprega-se o “s”
a) Amoroso, carinhosa, afetuoso;
→ -oso/- osa quando formadores de adjetivos.

b) Burguês, burguesa; inglês, inglesa;


→ -ês/-esa quando formadores de adjetivos pátrios ou não.

c) Analisar (análise), pesquisar (pesquisa);


→ -isar quando a palavra primitiva for grafada com s.

3.2 Emprega-se o “c” e o “ç”

a) açaí, caçula, miçanga, paçoca;


→ em palavras de origem tupi / africana.

b) beiço, caiçara, foice, louça, traiçoeiro;


→ após ditongos
Usa-se ç
Em palavras derivadas de vocábulos terminados em
TO:

 Intento = intenção
 Canto = canção
 Excepto = excepção
 Junto = junção
Usa-se ç
Em palavras terminadas em TENÇÃO referentes a
verbos derivados de TER:

 Deter = detenção
 Reter = retenção
 Conter = contenção
 Manter = manutenção
Usa-se o ç
Em palavras derivadas de vocábulos terminados em
TOR:

 Infractor = infracção
 Redactor = redacção
 Sector = secção
Usa-se o ç
Em palavras derivadas de verbos dos quais se
retira a desinência (terminação) R:

 Reeducar = reeducação
 Importar = importação
 Repartir = repartição
 Fundir = fundição
Emprega-se o “h”:
a) No nome do estado Bahia (contudo, não há h em baía, baiano,
baianinha);
b) Em palavras compostas em que o segundo elemento é iniciado por
h, a palavra será grafada com hífen. Exs: sobre-humano, anti-
higiênico, pré-histórico (Exceção: subumano).

3.4 Emprega-se o “z”:

a) Em palavras derivadas em zal / zinho(a). Exs: cafezal, avezinha


b) Em palavras derivadas de primitivas já grafadas com z. Exs: Enraizar
(raiz), esvaziar (vazio);
c) Em substantivos abstratos derivados de adjetivos. Exs: Pobreza,
acidez, riqueza, leveza
d) Com o sufixo –izar quando a palavra primitiva não for grafada com
s. Exs: Canalizar (canal), cicatrizar (cicatriz), profetizar,
anarquizar (anarquia).
Emprega-se o “x”
a) Após ditongo. Exs: baixo, deixar, eixo, frouxo,
queixada;
b) Após “en”. Exs: Enxada, enxergar, enxofre,
enxerido, enxurrada, enxovalhar (Exceções:
encher / encharcar);
c) Após o “me”. Exs: Mexer, mexerica, mexicano
(Exceção: mecha)
d) Em palavras de origem tupi ou africana. Exs:
Abacaxi, caxambu, xará, maxixe.
Emprega-se o dígrafo “ch”:
a) Por razões epistemológicas (= origem da palavra). Exs:
chuchu, salsicha, mochila, pechincha, flecha, fachada,
bucha.

Emprega-se o “g”:
a) Com as terminações –agem/-igem/-ugem. Exs: viagem,
origem, vertigem, ferrugem;

b) Com as terminações –ágio/-égio/-ígio/-ógio/-úgio. Exs:


Contágio, sacrilégio, prodígio, relógio, refúgio;

c) Com palavras derivadas de primitivas já grafadas com g.


Exs: Massagista (massagem), vertiginoso (vertigem),
faringite (faringe), salvageria (selvagem).
Emprega-se o “j”:
a) Com palavras derivadas de primitivas já grafadas
com j. Exs: Laranjada (laranja), lojista (loja),
cerejeira (cereja), nojento (nojo);

b) Com verbos terminados em –jar. Exs: Viajar,


arranjar, despejar;

c) Com palavras de origem africana. Exs: Canjica,


jenipapo, jerimum, jiló, jiboia, pajé.
Emprego do “e” ou “i”:
a) Emprega-se “e” no final de verbos cuja
desinência infinitiva é (-uar/-oar). Exs: (-
uar) - continue, habitue, pontue; (-oar) -
Abençoe, magoe, perdoe;
b) Emprega-se o “i” no final de verbos cuja
desinência é –uir. Exs: Diminui, influi,
possui.
Usa-se o s
Após o ditongo quando houver som de z:

 Creusa
 Coisa
 Maisena
Usa-se o s
Em palavras terminadas em ISA, substantivos
femininos:

 Luísa
 Heloísa
 Poetisa

(Juíza escreve-se com z, por ser feminino de


juiz, que também se escreve com z)
Usa-se o s
Em palavras derivadas de verbos terminados em
CORRER ou PELIR:

 Concorrer = concurso
 Expelir = expulso
 Compelir = compulso, compulsório
Usa-se o s
Na conjugação dos verbos PÔR, QUERER, USAR:

 Ele pôs
 Ele quis
 Ele usou
Usa-se o s
Em palavras terminadas em ASE, ESE, ISE, OSE:

 Frase
 Tese
 Crise
 Osmose
(Excepções: deslize e gaze)
Usa-se o s
Em palavras terminadas em OSO, OSA:

 Horroroso
 Bondosa

(Exceção: gozo)
Usa-se o
sufixo indicador de diminutivo INHO com s
quando esta letra fizer parte do radical da
palavra de origem; com z quando a palavra de
origem não tiver radical terminado em s:

 Teresa = Teresinha
 Casa = casinha
 Mulher = mulherzinha
 Pão = pãozinho
Usa-se o s
Os verbos terminados em ISAR serão escritos com s
quando esta letra fizer parte do radical da palavra de
origem; os terminados em IZAR serão escritos com z
quando a palavra de origem não tiver o radical
terminado em s:

 Improviso = improvisar
 Análise = analisar
 Pesquisa = pesquisar
 Terror = aterrorizar
 Útil = utilizar
 Economia = economizar
Usa-se o s
As palavras terminadas em ÊS e ESA serão escritas
com s quando indicarem nacionalidade, títulos ou nomes
próprios; as terminadas em EZ e EZA serão escritas
com z quando forem substantivos abstractos provindos
de adjectivos, ou seja, quando indicarem qualidade:

 Teresa
 Camponês
 Inglês
 Embriaguez
 Limpeza
Usa-se o ss
Os verbos terminados em CEDER terão palavras
derivadas escritas com CESS:

 Exceder = excesso, excessivo


 Conceder = concessão
 Preceder = processo
Usa-se o ss
Os verbos terminados em PRIMIR terão palavras
derivadas com PRESS:

 Imprimir = impressão
 Deprimir = depressão
 Comprimir = compressa
Usa-se o ss
Os verbos terminados em GREDIR terão palavras
derivadas com GRESS:

 Progredir = progresso
 Agredir = agressor; agressão; agressivo
 Transgredir = transgressão
Usa-se o ss
Os verbos terminados em METER terão palavras
derivadas com MISS ou MESS:

 Comprometer = compromisso
 Prometer = promessa
 Intrometer = intromissão
 Remeter = remessa
Valores do x
O x tem cinco valores fonéticos diferentes,
conforme as circunstâncias:

1. Valor de ch (no início de palavra tem sempre este


valor): xadrez, xarope, Xavier
Valores do x
2. Valor de ss: auxiliar, máximo, trouxe
3. Valor de z no prefixo EXA, ou em EX seguido de
vogal: exame, exercício, êxito
4. Valor de cs, no interior e no final de certas
palavras: anexo, fixo, fluxo, maxilar
5. Valor de s, quando no final de sílaba: contexto,
explicação, expor, sexto

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