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O tempo e a literatura:

Parnasianismo e Simbolismo: pg. 104...


REVISÃO DA
LITERATURA
MEDIEVAL
ATÉ A ERA
CLÁSSICA!
TROVADORISM
O
Século XII ao século XIV.
Panorama histórico

As Cruzadas e o feudalismo
Teocentrismo:
Deus é o centro
do Universo!
•Poder espiritual do clero
CANTIGA DA RIBEIRINHA
No mundo ninguém se assemelha a
mim
No mundo nom me sei parelha, enquanto a minha vida continuar
mentre me for' como me vai, como vai
ca ja moiro por vos - e ai porque morro por ti e ai
mia senhor branca e vermelha, minha senhora de pele alva e faces
queredes que vos retraia rosadas, • (Esta cantiga de Paio
quando vos eu vi em saia! quereis que eu vos descreva (retrate) Soares de Taveirós é
Mao dia que me levantei, quanto eu vos vi sem manto (saia : considerada o mais
que vos enton nom vi fea! " roupa íntima) antigo texto escrito em
E, mia senhor, des aquel di' , ai! Maldito dia! me levantei / que não vos galego-
me foi a mim muin mal, vi feia (ou seja, viu a mais bela). português: portanto fins
e vós, filha de don Paai E, minha senhora, desde aquele dia, do século XII. Segundo
Moniz, e ben vos semelha ai
d'aver eu por vós guarvaia,
consta, esta cantiga
tudo me foi muito mal
pois eu, mia senhor, d'alfaia teria sido inspirada por
e vós, filha de don Pai
nunca de vós ouve nem ei Moniz, e bem vos parece
D. Maria Pais Ribeiro, a
valia d'ua correa". de ter eu por vós guarvaia Ribeirinha, mulher muito
(guarvaia: roupas luxuosas) cobiçada e que se
(Paio Soares de Taveirós) pois eu, minha senhora, como mimo tornou amante de D.
(ou prova de amor) de vós nunca Sancho, o segundo rei
recebi de Portugal. )
algo, mesmo que sem valor.
Poesia
Trovadoresca
• Cantigas Lírico-amorosas
• Cantiga de amor: amor impossível,
respeitoso, tradição para cortejar a
amada. Sempre do homem para a
mulher (eu-lírico masculino);
• Cantiga de amigo: amor de separação,
saudade, com linguagem mais simples e
como se a mulher chorasse a partida do
amado (eu-lírico é feminino).

• Cantigas Satíricas
• Cantiga de escárnio (críticas indiretas)
• Cantiga de Maldizer (críticas diretas)
Humanismo
Início em 1418

O Nascimento de Vênus - Sandro Botticelli, 1483.


O Humanismo
• O Humanismo ou Segunda Época medieval, vai desde a nomeação de Fernão
Lopes (cargo de cronista-mor), em 1434 até o retorno de Sá de Miranda da
Itália em 1527.
• Uma manifestação que se desenvolve no humanismo é o teatro popular, com a
produção ode Gill Vicente.
• O humanismo marca a transição de valores medievais para uma realidade
mercantil, em que se percebe a ascensão de dois ideais burgueses.

As medidas do corpo humano, profundamente


sintonizado com o Humanismo renascentista e que
buscava estabelecer a relação entre a arte e a ciência.
O Humanismo
Início do século XV ao início do século XVI.

Surge a historiografia portuguesa, desenvolve-se um teatro de


caráter popular e a poesia ganha novas características – Um
momento fértil para as artes.

Na Pintura: Giotto Arte e Ciência –Leonardo Na Literatura – Dante Alighieri


da Vinci Xilografia de Salvador Dalí
COMPARE:
CARACTERÍSTICAS
• Culturalmente , a melhoria técnica da imprensa propiciou uma divulgação mais
ampla e rápida do livro , democratizando um pouco o acesso a ele .
• O homem desse período passa a se interessar mais pelo saber , convivendo com a
palavra escrita . Adquire novas idéias e outras culturas como a greco-latina .
Teocentrismo X
Antropocentrismo
• . Acreditando-se que o homem
é dotado de "livre arbítrio", isto
é , capacidade de decisão
sobre a própria vida , não mais
determinada por Deus , afasta-
se do teocentrismo ,
assumindo , lentamente , um
comportamento baseado no
antropocentrismo .
• O Humanismo funcionará
como um período de
transição entre duas
posturas .
• Por isso , a arte da época é
marcada pela convivência
de elementos
espiritualistas
(teocêntricos) e terrenos
(antropocêntricos) .
• A historiografia , a poesia ,
a prosa doutrinária e o
teatro apresentaram
características específicas.
A Poesia Palaciana
• A poesia palaciana
(feita de nobres para a
nobreza).
• A principal modificação
apresentada por essa
poesia é a separação
entre a música e o
texto.
Teatro popular – Gil Vicente
• O teatro vicentino é basicamente
caracterizado pela sátira ao
comportamento de todas as camadas
sociais.
• Os personagens do teatro vicentino
formam uma riquíssima galeria de tipos
humanos.
• O teatro vicentino é extremamente simples.
• Outro aspecto no teatro de Gil Vicente, é
que, ao lado de algumas características
tipicamente medievais.

Estátua de Gil Vicente em Lisboa


Biografia de Gil Vicente
•São escassos e incertos os dados biográficos
do autor mas supõe-se que Gil Vicente tenha
nascido em Guimarães por volta de 1465.
•Não se sabe qual o seu ofício mas pensa-se
que era o ourives da rainha D. Leonor, autor
da Custódia de Belém.
•Em 1520, o rei D. Manuel I encarregou-o de
escrever, organizar e ensaiar os autos para a
corte.
•Entre 1502 e 1536 fez representar cerca de
meia centena de peças, sempre ao serviço da
família real.
•Supõe-se que terá morrido pouco depois de
1536.
RENASCIMENTO
& LITERATURA:
•CONTEXTO HISTÓRICO

•. Crise da Igreja.
•. Expansão marítima.
•. Mercantilismo: desenvolvimento do
comércio.
•. Absolutismo monárquico.
•. Reforma protestante.
•. Antropocentrismo.
•. Formação cultural da burguesia.

•Desenvolvimento científico:
•. Copérnico: heliocentrismo
(o Sol como centro do sistema solar)
•. Galileu Galilei: sistema astronômico.
Luís Vaz de Camões
Maior poeta da Língua Portuguesa
Imortalizou as glórias de seu povo.
Os Lusíadas
Registrou de forma sublime os sofrimentos
amorosos.
Neoplatonismo
Indagou sobre as inconstâncias e incertezas da
vida.
Desconcerto do mundo
• Principal obra: Os Lusíadas: são 8.816 versos decassílabos.
“Os Lusíadas” – Características da estrutura.
Canto I –
- Concílio dos deuses
- Acidentes atribuídos a Baco/ intervenções
salvadoras de Vênus
- Chegada a Mombaça.

Canto II
-Traição do rei de Mombaça,
-Intervenção de Vênus,
-Profecia de Júpiter,
-Em Melinde:
-O rei de Melinde pede a Vasco da Gama
que lhe conte a História de Portugal.
Canto III
-História dos reis de Portugal – D. Henrique
a D. Fernando
- Batalha do Salado (episódio) Canto IV
- “Inês de Castro”(episódio) -Hist. dos reis de Portugal: D. João I a D. Manuel,
- Sonho profético de D. Manuel
- “O velho do Restelo”
A lírica camoniana
O desconcerto do mundo – a
vida humana não está
condicionada a essas
imperfeições, mas o espírito
anseia por outros horizontes.
Disso resulta uma visão
extremamente pessimista da
vida.

O amor – a lírica amorosa camoniana está ligada a uma


concepção neoplatônica do amor. Isso quer dizer, o Amor é um
ideal superior, único e perfeito. Mas, seres decaídos e imperfeitos,
somos incapazes de atingir esse ideal.
• Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem


querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que se ganha em se
perder.

É querer estar preso por vontade


É servir a quem vence o vencedor,
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor


Nos corações humanos amizade;
Se tão contrário a si é o mesmo
amor?
•Luís de Camões Túmulo de Inês de Castro e D. Pedro I
•Os Lusíadas (1572)
O poema se organiza tradicionalmente em cinco partes:

1. Proposição (Canto I, Estrofes 1 a 3)


Apresentação da matéria a ser cantada: os feitos dos navegadores
portugueses, em especial os da esquadra de Vasco da Gama e a história do
povo português.

•2. Invocação (Canto I, Estrofes 4 e 5)


O poeta invoca o auxílio das musas do rio Tejo, as Tágides, que irão inspirá-lo
na composição da obra.

•3. Dedicatória (Canto I, Estrofes 6 a 18)


O poema é dedicado ao rei Dom Sebastião, visto como a esperança de
propagação da fé católica e continuação das grandes conquistas portuguesas
por todo o mundo.

•4. Narração (Canto I, Estrofe 19 a Canto X, Estrofe 144)


A matéria do poema em si. A viagem de Vasco da Gama e as glórias da história
heróica portuguesa.

•5. Epílogo (Canto X, Estrofes 145 a 156)


Grande lamento do poeta, que reclama o fato de sua “voz rouca” não ser
ouvida com mais atenção.
QUINHENTISMO:
O INÍCIO DA
LITERATURA
BRASILEIRA

Em Portugal, as grandes navegações impelem o espírito


português à sua vocação desbravadora e navegante.
Contexto histórico

A ocupação efetiva do território só começou por volta de 1530 com as capitanias hereditárias e o
envio de jesuítas para catequizar os índios.
Literatura
•A literatura desta primeira
fase faz um levantamento da
novainformativa
terra, sua flora, sua
fauna, sua gente.
•O objetivo principal é
descrever e informar tudo o
que pudesse interessar aos
governantes portugueses.
•Havia a exaltação da terra,
resultante do assombro
europeu diante da exuberância
natural desta terra tropical.
•Muitos adjetivos e o uso exagerado de superlativos servem
à exaltação da terra exótica, o ufanismo dá origem ao
movimento nativista.
•Os nativos eram vistos com certa simpatia e malícia.
Resumo
esquemático
A Carta de Pero Vaz de Caminha marca, também, o início de uma longa tradição, o ufanismo ou
nativismo, que consiste na exaltação (geralmente exagerada) das virtudes da terra e da gente,
e que se irá desdobrar em todos os períodos subsequentes.

Com relação ao índio, a atitude de Caminha foi de certa simpatia:

"Andam nus sem nenhuma cobertura, nem estimam nenhuma cousa de cobrir nem mostrar suas
vergonhas e estão acerca disso com tanta inocência como têm de mostrar no rosto. (...)Eles porém
contudo andam muito bem curados e muito limpos e naquilo me parece ainda mais que são como as
aves ou alimárias monteses que lhes faz o ar melhor pena e melhor cabelo que as mansas, porque
os corpos seus são tão limpos e tão gordos e tão fremosos que não pode mais ser."

Alude também, maliciosamente, à nudez das índias:

"(...) Ali andavam entre eles três ou quatro moças bem novinhas e gentis, com cabelo mui pretos e
compridos pelas costas e suas vergonhas tão altas e tão saradinhas e tão limpas das cabeleiras que
de as nós muito bem olharmos não tínhamos nenhuma vergonha."

A Carta de Caminha é o relato mais rico e confiável da primeira semana após o


Descobrimento.
Literatura jesuítica

•Os jesuítas, chegaram ao


Brasil com a missão de catequizar os
índios.
•Produziram várias cartas, tratados
descritivos, crônicas históricas e
poemas.
•As composições dos jesuítas
representavam o pensamento da
Contrarreforma, a intenção é
puramente “salvacionista”.
PRODUÇÃO JESUÍTICA
A poesia didática : dar exemplo moralizantes aos indígenas;

 A poesia sem finalidade catequizadora: relacionada


à necessidade individual de expressão;

 O teatro pedagógico: baseado


em textos extraídos da Bíblia;

 As cartas de informação:
relatavam, aos líderes da Igreja
Católica Portuguesa, como iam os
trabalhos de catequese no Brasil.
Comparando:

LITERATURA LITERATURA
INFORMATIVA JESUÍTICA

- europeia -transplante literário da


- ultramarina Europa para a América
-reflete o Brasil visto -reflete o Brasil visto de fora
dentro.
• Chegou no Brasil apenas com
17 anos.
• Era espanhol.
• Teve um papel importante na
fundação de São Paulo e na
catequese dos índios.
• Iniciou o teatro no Brasil.
• Pesquisador do folclore e da
Língua indígena
• Conhecido como:
Abarebebe
( padre santo voador, em língua tupi.)

• predisposição por caminhar


duas vezes por mês,
a trilha litorânea de 105 km.
Iriritiba – Ilha de Vitória.

Percurso é percorrido por turistas


e peregrinos à semelhança do
Caminho de Santiago (Espanha)
OBRAS PUBLICADAS EM VIDA:
• “De gestis Mendi de Saa” (“Os feitos de Mem de Sá”) impressa em Coimbra -
1563 retrata a luta dos portugueses para expulsar os franceses da baia de
Guanabara.
Escrita em latim antes do que Os Lusíadas, é o 1º poema
brasileiro impresso e a 1ª obra de Anchieta publicada.

• “A arte de gramática da língua mais


• usada na costa do Brasil”
- impressa em Coimbra- 1595.
- 1ª gramática com os fundamentos
da língua tupi. (7 exemplares)

A sua vasta obra só foi totalmente publicada no


Brasil, na segunda metade do século XX
O Barroco
Interior da igreja São
Benedito

Igreja São Benedito –


Cuiabá
O Barroco

A valorização das luzes, movimentos e santos: pontos


fundamentais da arte barroca.
O Barroco em
Portugal
Retrato de D.
Sebastião

Com o sumiço do rei D. Sebastião, Felipe II da Espanha, assume o


poder, consolidando a unificação da Península Ibérica, o que
possibilitou e favoreceu o avanço da Companhia de Jesus em nome da
Contra-Reforma, o que ocasionou a permanência de uma cultura
praticamente medieval na península, enquanto o restante da Europa
vivia as descobertas científicas de Galileu, Kepler e Newton, por
exemplo.
Os outros evoluíam na ciência e Portugal estava estacionado.
É durante este quadro cultural
europeu que o estilo Barroco surgiu,
em meio à crise dos valores
renascentistas, ocasionada pelas lutas
religiosas e dificuldades econômicas.
O contexto assimétrico e rebuscado
do barroco, citado anteriormente, é
reflexo do conflito do homem entre as
coisas terrenas e as coisas celestiais,
o homem e Deus, antropocentrismo
(homem no centro) e o teocentrismo
(Deus no centro), pecado e o perdão,
enfim, constantes dicotomias.
No Barroco podemos classificar
dois estilos literários:
O Cultismo e o Conceptismo.

Cultismo – caracterizado pela linguagem culta,


rebuscada, ligado à forma, jogo de palavras, com
influência do poeta espanhol Luís de Gôngora, e por
isso, chamado também de Gongorismo.
No Barroco podemos classificar dois estilos
literários:
O Cultismo e o Conceptismo.

Conceptismo – caracterizado pelo jogo de


ideias, ligado ao conteúdo, raciocínio lógico,
com influência do espanhol Quevedo, e por
isso, chamado também de Quevedismo.
Alguns exemplos de arte barroca, observe:

A Crucificação de São Pedro (1600-01)


Caravaggio
Alguns exemplos de arte barroca, observe:

Andrea Pozzo
A lição de anatomia do Dr. Tulp - Rembrandt Alguns exemplos de arte barroca, observe:
Alguns exemplos de arte barroca, observe:
Alguns exemplos de arte barroca,
observe:

Moça com brinco de pérola Papa Inocêncio


Vermeer Diego Velásquez
ESCULTURA
Características:
• predomínio das linhas
curvas, dos drapeados das
vestes e do uso do dourado;
• os gestos e os rostos das
personagens revelam
emoções violentas e atingem
uma dramaticidade
desconhecida no
Renascimento.
• principal representante:
Bernini
Apolo e Dafne
Bernini
Êxtase de Santa Tereza (1645-1652)
Bernini
O rapto de
PROSERPINA

Gian Lorenzo Bernini (1598-1680)


Linguagem Barroca
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS da LINGUAGEM Barroca

 Dualidade, contradição e complexidade;


 Obscurantismo e sensualismo;
 Temas religiosos e profanos;
 Preciosismo vocabular;
 Valorização dos detalhes;
 Linguagem rebuscada, dramática e exagerada;
 Uso de figuras de linguagem: antítese, paradoxo, hipérbole e
metáforas;
 Cultismo ou Gongorismo (jogo de palavras);
 Conceptismo ou Quevedismo (jogo de ideias).
Linguagem Barroca
O Amor Fino
O amor fino não busca causa nem fruto. Se amo, porque me amam,
tem o amor causa; se amo, para que me amem, tem fruto: e amor fino
não há-de ter porquê nem para quê. Se amo, porque me amam, é
obrigação, faço o que devo: se amo, para que me amem, é negociação,
busco o que desejo.
Pois como há-de amar o amor para ser fino? Amo, quia amo; amo, ut
amem: amo, porque amo, e amo para amar. Quem ama porque o
amam é agradecido. quem ama, para que o amem, é interesseiro:
quem ama, não porque o amam, nem para que o amem, só esse é
fino.
Padre António Vieira, in "Sermões"
Padre Antonio Vieira
O padre Vieira foi um grande e produtivo escritor do barroco
em língua portuguesa. Escreveu 200 sermões - entre os
quais pode-se destacar o "Sermão da Sexagésima" -, cerca
de 500 cartas e profecias que reuniu no livro "Chave dos
Profetas", que nunca acabou.

A família Vieira veio para o Brasil e fixou residência em


Salvador, na Bahia, quando Antonio tinha seis anos. Seu pai
era funcionário do império português. Aos 15 anos, ingressou
na Companhia de Jesus

Formou-se noviço em 1626, e além de teologia estudou lógica, física, metafísica, matemática e
economia. Lecionou humanidades e retórica em Olinda e em 1634 foi ordenado sacerdote, na
Bahia.

Aos 33 anos, voltou a Portugal com uma comissão de apoio ao novo rei Dom João 4 o. Nessa época
Portugal passava pela guerra da Restauração da Coroa contra a Espanha. Existiam ainda conflitos
contra a Holanda, França e Inglaterra
Padre Antonio Vieira
“O ladrão que furta para comer, não vai nem leva ao inferno: os que não
só vão, mas levam, de que eu trato, são outros ladrões de maior calibre e
de mais alta esfera; (...). Não só são ladrões, diz o santo, os que cortam
bolsas, ou espreitam os que se vão banhar para lhes colher a roupa; os
ladrões que mais própria e dignamente merecem este título são aqueles
a quem os reis encomendam os exércitos e legiões ou o governo das
províncias, ou a administração das cidades, os quais já com mancha, já
com forças roubam cidades e reinos: os outros furtam debaixo do seu
risco, estes sem temor nem perigo: os outros se furtam, são enforcados,
estes furtam e enforcam.”
BARROCO
no
BRASIL
Contexto Histórico
• O Barroco no Brasil iniciou-se com os
missionários católicos, especialmente jesuítas.
• Surge no Brasil depois de cerca de cem anos de
presença colonizadora no território.
• Exploração pela metrópole
• Sociedade escravocrata
• Ambiente de escassez e pobreza
• O marco inicial do barroco é a publicação da
obra “Prosopopeia” (1601) de Bento Teixeira. Na
escultura e arquitetura, Aleijadinho foi sem
dúvida um dos maiores artistas barrocos
brasileiros.
São Francisco Xavier, Museu Júlio de Castilhos
Arte das Missões jesuíticas
Características da arte
plástica barroca

• Arte para doutrinação cristã;


• Influências europeia e local;
• Estilo tocado de inspiração religiosa;
• A espontaneidade naïf (vem do Francês que quer dizer “arte
ingênua”, a simplicidade e a liberdade de formas) é uma
característica de grande parte do barroco brasileiro;
• Enorme ênfase na sensorialidade e na opulência dos
materiais e formas;
• Ambiguidade entre glória espiritual e êxtase carnal;
• Teatralização das imagens;
• Dramático jogo de luz e sombra;
• Uso das diagonais marcando a presença de movimento.
Aleijadinho
Al (Antônio Francisco Lisboa) nasceu em Vila Rica no
Aleijadinho
eij (não há registros oficiais sobre esta data). Era filho
ano de 1730
ad
de uma escrava com um mestre-de-obras português. Iniciou sua
in ainda na infância, observando o trabalho de seu pai
vida artística
que tambémho era entalhador.
Por volta de 40 anos de idade, começa a desenvolver uma
doença degenerativa nas articulações.
Não se sabe exatamente qual foi a doença, mas provavelmente
pode ter sido hanseníase ou alguma doença reumática.

Aos poucos, foi perdendo os movimentos dos pés e mãos. Pedia a um ajudante para amarrar as
ferramentas em seus punhos para poder esculpir e entalhar. Demonstra um esforço fora do
comum para continuar com sua arte. Mesmo com todas as limitações, continua trabalhando na
construção de igrejas e altares nas cidades de Minas Gerais.
Na fase anterior a doença, suas obras são marcadas pelo equilíbrio, harmonia e serenidade. São
desta época a Igreja São Francisco de Assis, Igreja Nossa Senhora das Mercês e Perdões (as
duas na cidade de Ouro Preto).
Última Ceia de Aleijadinho - Congonhas
OBRAS PROVÁVEIS DE ALEIJADINHO

“Estamos diante de mais um Aleijadinho, sem


dúvida. Esta Nossa Senhora do Rosário tem
muitos sinais do mestre: cabelos, rosto, olhos,
perfil do rosto, ventre proeminente, pés em
ângulo reto, planejamento em toda perna
direita em diversos V, todos os entalhes do
pano muito parecidos com os de diversas
imagens do artista. Ressalvando ter que olhar
pessoalmente, creio que é um Aleijadinho”
ESTADÃO.COM
Gregório de Matos
Gregório de Matos Guerra era o terceiro filho de um fidalgo
português, estabelecido no Recôncavo baiano como senhor de
engenho, e de uma brasileira. Ao contrário dos irmãos mais
velhos que não se adequaram aos estudos e dedicaram a
ajudar o pai na fazenda, Gregório recebeu instrução na infância
e adolescência e foi enviado para a Universidade de Coimbra,
onde bacharelou-se em direito.

O Boca do Inferno, devido o senso crítico.

A fama de Gregório de Matos - um dos grandes poetas barrocos não só do


Brasil, mas da língua portuguesa - é devida a uma obra efetivamente sólida,
em que o autor soube manejar os cânones da época, seja de modo erudito
em poemas líricos de cunho filosófico e religioso, seja na obra satírica de
cunho popularesco. O virtuosismo estilístico de Gregório de Matos não
encontra um rival a altura na poesia portuguesa do mesmo período.
EPIGRAMA E que justiça a resguarda?... Bastarda.
Que falta nesta cidade?... Verdade. É grátis distribuída?... Vendida.
Que mais por sua desonra?... Honra. Que tem, que a todos assusta?... Injusta.
Falta mais que se lhe ponha?... Vergonha. (...)
E nos frades há manqueiras?... Freiras.
O demo a viver se exponha, Em que ocupam os serões?... Sermões.
Por mais que a fama a exalta, Não se ocupam em disputas?... Putas.
Numa cidade onde falta
Verdade, honra, vergonha. Com palavras dissolutas
Me concluo na verdade,
Quem a pôs neste rocrócio?... Negócio. Que as lidas todas de um frade
Quem causa tal perdição?... Ambição. São freiras, sermões e putas.
E no meio desta loucura?... Usura. (...)
(...) À Bahia aconteceu
Quais são seus doces objetos?... Pretos. O que a um doente acontece:
Tem outros bens mais maciços?... Mestiços. Cai na cama, e o mal cresce,
Quais destes lhe são mais gratos?... Mulatos. Baixou, subiu, morreu.

Dou ao Demo os insensatos, A Câmara não acode?... Não pode.


Dou ao Demo o povo asnal, Pois não tem todo o poder?... Não quer.
Que estima por cabedal, É que o Governo a convence?... Não vence.
Pretos, mestiços, mulatos.
Quem haverá que tal pense,
E que justiça a resguarda?... Bastarda. Que uma câmara tão nobre,
É grátis distribuída?... Vendida. Por ver-se mísera e pobre,
Que tem, que a todos assusta?... Injusta. Não pode, não quer, não vence.
Arcadismo:
A valorização da vida bucólica
ARCADISMO: período de transição.
A ORIGEM DO NOME

• Arcadismo vem da palavra Arcádia –


região do Peloponeso na Grécia –
considerada região de morada dos deuses.
Lá habitavam pastores que, além do
pastoreio, se dedicavam à poesia.
• As arcádias portuguesas foram grupos de
poetas que queriam redescobrir o equilíbrio
e a sabedoria da antiguidade greco-
latina, também chamada de clássica. Daí,
então, o nome NEOCLASSICISMO.
Imagem: Badseed / public
domain
O PROJETO LITERÁRIO DO ARCADISMO
“É importante que se compreenda o verdadeira sentido da artificialidade própria da poesia
árcade. A repetição insistente do cenário acolhedor e natural foi a forma encontrada pelos autores do
período para divulgar os ideais de uma sociedade mais igualitária e justa. Na simplicidade dos
pastores que se preocupam somente em cuidar do seu rebanho e desfrutar dos prazeres da
natureza está a proposta de uma vida que valorize menos a pompa e a sofisticação características
das cortes europeias.
Nesse sentido, cada poema árcade transforma-se em uma espécie de propaganda que
pretende, como resultado final, modificar a mentalidade das elites do período. Por esse motivo, o
combate à futilidade é dos principais objetivos dos autores da época.”

REAÇÃO DA BURGUESIA AO ESTILO DE VIDA DA NOBREZA.

A BUSCA PELA SIMPLICIDADE


PASTORALISMO E BUCOLISMO
A natureza é representada no Arcadismo como um espaço acolhedor, onde se
desfruta da harmonia e tranquilidade. Os poetas, que têm origem nobre e querem
negá-la, fingem-se pastores e escrevem para louvar a simplicidade da vida no campo,
para valorizar o saber e a cultura, como defendia a perspectiva iluminista.

François Boucher
O bucolismo
Marília de Dirceu: Lira XIII

Num sítio ameno,


Cheio de rosas
De Brancos lírios,
Murtas viçosas,

Dos seus amores


Na companhia,
Dirceu passava
Alegre o dia.
(...)
O adjetivo bucólico faz referência a tudo aquilo (Tomás Antônio Gonzaga)
que é relativo a pastores e seus rebanhos, à
vida e aos costumes do campo.
O pastoralismo
Um dos aspectos
mais artificiais da
estética árcade é o
fato de os poetas e
de suas musas
serem identificados
como pastores e
pastoras.
Sou pastor, não te nego; os meus montados
São esses, que aí vês; vivo contente
Ao trazer entre a selva florescente
A doce companhia dos meus gados;
(Soneto IV - Cláudio Manuel da Costa)
PRECEITOS ÁRCADES Lira I, parte 1 (Marília de Dirceu - fragmento )
Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,
 Fugere urbem: Para os líricos do Arcadismo, a Que viva de guardar alheio gado,
cidade não era o ambiente ideal para viver, De tosco trato, de expressões grosseiro,
pregando-se, portanto, a fuga da cidade Dos frios gelos e dos sóis queimado.
Tenho próprio casal e nele assisto;
 Aurea mediocritas: O homem mediano é aquele Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
que alcança a felicidade, não se devendo, assim, Das brancas ovelhinhas tiro o leite,
procurar riquezas e posses em vida. Valorização E mais as finas lãs, de que visto.
das coisas simples, cotidianas... Graças, Marília bela,
 Locus amoenus: Lugar ameno, onde se desfruta Graças à minha Estrela!
os prazeres da natureza. o campo, o ambiente Eu vi o meu semblante numa fonte,
bucólico, é o ideal para o homem. Dos anos inda não está cortado;
Os Pastores, que habitam este monte,
 Inutilia truncat: cortar o inútil, ou seja, evitar a
Respeitam o poder do meu cajado.
linguagem rebuscada, elaborada, o excesso de Com tal destreza toco a sanfoninha,
rebuscamento formal do movimento Barroco. Que inveja até me tem o próprio Alceste:
 Carpe diem: Aproveitar o dia. Segundo esse Ao som dela concerto a voz celeste
Nem canto letra que não seja minha.
preceito, é necessário aproveitar o presente para
contemplar a realidade, sem preocupar-se com o Graças, Marília bela,
futuro. Graças à minha Estrela! .
(...)
POETAS DO ARCADISMO BRASILEIRO

Tom Clá Ba Sa Sil Alv


ás A udio síli nta va ar
ntô M o da Rit A en
nio anu a lva ga
G el d G am Du ren Pe
onz a Cos a rão ga ixo
aga ta to
TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA
Mais velho membro do grupo árcade mineiro;
Filho e neto de magistrados brasileiros;
Nasce em Portugal;
Forma-se em Direito, em Coimbra.
Ouvidor em Vila Rica, participou da Inconfidência;
Foi preso em 1789 e, em, 1792, condenado ao degredo em
Moçambique, onde falece, em 1810.

 Casa-se com a rica herdeira Juliana Mascarenhas. Na África, recupera a fortuna e a influência
perdidas
 Nascido no Porto, em Portugal, de pai brasileiro, estudou na Bahia e formou-se em Coimbra.
Jurista de rara habilidade, já em 1782 era designado Ouvidor de Vila Rica.
 Apaixonado pela jovem Maria Joaquina Dorotéia de Seixas, Gonzaga dedicou-lhe os poemas
líricos de Marília de Dirceu, em que se retrata como Dirceu e à amada como Marília.
A obra lírica – MARÍLIA DE DIRCEU

Mais fiel das tendências árcades no Brasil;

Ideais
◦ Locus amoenus e aurea mediocritas;
◦ Homem natural
◦ Mulher como musa inspiradora.

Marília – Maria Dorotéia de Seixas, noiva de


Gonzaga, de dezesseis anos;

Poesia simples e acessível, sem


rebuscamentos – opta pelas redondilhas.
A ingênua e doce “Marília de
Dirceu”

Esta é uma obra pré-romântica; o autor idealiza sua amada e supervaloriza


o amor, mas é árcade em todas as outras características. É um monólogo de
Dirceu em que Marília é um vocativo.

A obra foi escrita em três partes que correspondem a momentos históricos


diferentes na vida do poeta. I parte em liberdade. A II na prisão. E a III
provavelmente logo após o degredo para a África.
“Minha bela Marília, tudo passa
a sorte deste mundo é mal segura,
se vem depois dos males a ventura,
vem depois dos prazeres a desgraça...

Estão os mesmos deuses


sujeitos ao poder do ímpio Fado:
Apolo já fugiu do céu brilhante,
Já foi Pastor de gado!”

12/01/2024 83
Marília de Dirceu

“Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,


Que viva de guardar alheio gado;
De tosco trato, de expressões grosseiro,
Dos frios gelos, e dos sóis queimado.
Tenho próprio casal, e nele assisto;
Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
Das brancas ovelhinhas tiro o leite,
E mais as finas lãs, de que me visto.
Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela!”
12/01/2024
(Gonzaga – Marília de Dirceu)
SÁTIRA – Cartas Chilenas

Publicadas entre 1787 e 1788;


Crítica aos desmandos morais e
administrativos de Luís Cunha
Meneses (Fanfarrão Minésio),
governador de Minas;
Chilenas – Mineiras
Remetente: Critilo – Destinatário:
Doroteu
Estilo vivo e colorido, direto e
simples – detalhismo dos fatos e
tom narrativo.
Além de valor literário, possui valor
histórico.
 Publica Obras Poéticas, em 1768 – Marco inicial do Arcadismo brasileiro.
 Nasce em Mariana;
 Torna-se bacharel em Direito em Coimbra, e, em 1729 fez respeitável carreira como
advogado em Vila Rica;
 Envolve-se com a Inconfidência, e é preso, sendo encontrado enforcado na cela, em
1789.
 Obras
 Obras poéticas - lírica
 Glauceste Satúrnio (pseudônimo)

CLÁUDIO  Vila Rica – (composto por volta de 1773) – poema épico falando sobre a história da
cidade de Vila Rica.
MANUEL Valor histórico
DA COSTA  Descoberta de Minas;
 Fundação da cidade;
 Revoltas no lugar.
Incorporou
influências de Virgílio, Petrarca e Camões;
Poemas apresentam elementos quinhentistas, barrocos e arcádicos;
Desilusão amorosa, inspirados pela idealizada Nise.
Destes penhascos fez a natureza
O berço, em que nasci! oh quem cuidara,
Que entre penhas tão duras se criara
Uma alma terna, um peito sem dureza!
Amor, que vence os tigres por empresa
Tomou logo render-me; ele declara
Contra o meu coração guerra tão rara,
Que não me foi bastante a fortaleza.
Por mais que eu mesmo conhecesse o dano,
A que dava ocasião minha brandura,
Nunca pude fugir ao cego engano:
Vós, que ostentais a condição mais dura,
Temei, penhas, temei; que Amor tirano,
Onde há mais resistência, mais se apura

(pedra, penhascos, penhas, rochas – símbolo de algo eterno, frio; serve


de contraste a uma alma terna; mostra o enraizamento na terra natal).
Basílio da Gama
( 1741 -  1795)
Tentou realizar uma epopeia, usando como tema a tomada
das Missões pela expedição punitiva de Gomes Freire de
Andrade, escreveu “O Uruguai”.

Luta empreendida pelos portugueses, auxiliados pelos


espanhóis, contra índios dos Sete Povos das Missões,
instigados pelos jesuítas (a culpa caberia aos jesuítas e não
aos índios). Apresenta algumas inovações, como os versos
decassílabos brancos, não apresentando divisão em estrofes
e constando de apenas cinco cantos. Respeita a divisão
tradicional (proposição, invocação, dedicatória, narração e
epílogo), embora quebre a estrutura ao iniciar o poema pela
narração.
Personagens do poema são: Gomes Freire de Andrada (herói
português); Balda (vilão, um jesuíta caracterizado); e os
indígenas: Lindóia, Cacambo (marido de Lindóia), Sepé, Tatu-
Guaçu, Caitutu e Tanajura (a vidente).
Santa Rita Durão (1722- 1784)
 Estudou Teologia em Coimbra, onde teve grande participação
política, e prega violento sermão contra a Companhia de Jesus.
O Frei, orador e poeta pode ser considerado o criador do
indianismo no Brasil.

 Seu poema épico Caramuru é a primeira obra a ter como tema o


habitante nativo do Brasil

Obra- Caramuru
Durão faz menção ao estilo neocamoniano;
Penetra na vida do índio com um intento analítico;
Em Caramuru encontramos uma narrativa histórica
do descobrimento e conquista da Bahia. O poema
caracteriza-se pela exaltação das terras brasileiras,
incorrendo o autor em descrições de paisagens
lembrando a literatura informativa. Também observa-
se uma visão analítica indígena.

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