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LITERATURA PORTUGUESA

TROVADORISMO

PROFª LETÍCIA GOMES


É chamado de trovadorismo o
primeiro movimento artístico e
literário que se deu na Idade Média,
sobretudo, a partir dos séculos XI e
XII.
Esse movimento, que ocorreu somente na
Europa, teve como principal característica a
aproximação da música e da poesia.
Nessa época, as poesias eram feitas para
serem cantadas ao som de instrumentos
musicais. Geralmente, eram acompanhadas por
flauta, viola, alaúde, e por isso ficaram
conhecidas como “cantigas”.
Tipos de compositores
• Trovador: Compositor, cantor e instrumentador que pertencia à
nobreza.
• Segrel: Fidalgo inferior. Era compositor e cantor, geralmente
andarilho e profissional, ou seja vivia desse trabalho.
• Jogral: era bailarino, declamador e servia a senhores feudais
para distrair a corte ou o exército.
• Menestrel: apresenta e declama composições nos castelos ou
feudos, cantor e instrumentador.
• Soldadeira: moça que acompanhava os artistas dançando,
cantando ou tocando castanholas.
O autor das cantigas era chamado de
“trovador”, enquanto o “jogral” as
declamava e o “menestrel”, além de recitar
também tocava os instrumentos. Por isso, o
menestrel era considerado superior ao
jogral por ter mais instrução e habilidade
artística, pois sabia tocar e cantar.
Contexto Histórico
• Essa dinastia tinha
origens no sul da França,
em Provença;
• Sua estrutura
socioeconômica era
marcada pelo
feudalismo. nç a
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Prov
Contexto Histórico
• Idade média, aproximadamente
entre os séculos XII e XIV,
período marcado por uma
sociedade religiosa.
•Portugal é reconhecido como
reino independente em 1143.
Teocentrismo
1. Crença ou doutrina
que vê em Deus o
centro do universo, de
todas as coisas.
2. Poder cultural e
religioso nas mãos da
igreja e influência
direta nas relações
econômicas, políticas
da sociedade
medieval.
Nobreza

Clero

Povo
A língua oficial desse período era o galego-
português. Foi Dom Dinis I, no final do século
XIII, quem estabeleceu-a como língua como
oficial do reino, junto às primeiras
universidades.

Exemplo: “Noso Pai que estás no ceo:


santificado sexa o teu nome, veña a nós o teu
reino e fágase a túa vontade aquí na terra coma
no ceo”.
No mundo non me sei parelha,
Mentre me for’como me vay
Marco Inicial Ca já moiro por vos – e ay!
Mia senhor branca e vermelha,
Queredes que vos retraya
Texto: A Canção da Ribeirinha Quando vus eu vi em saya!
Autor: Paio Soares de Taveirós Mao dia me levantei,
Que vus enton non vi fea!
Para: Maria Pais Ribeiro
E, mia senhor, des aquel di’ ay!
Data: 1189 ou 1198 Me foi a mi muyn mal,
E vos, filha de don Paay
Moniz, e bemvus semelha
D’aver eu por vos guarvaya
Pois eu, mia senhor d’alfaya
Nunca de vos ouve, nem ei
Valia d’ua correa.
CANÇÃO DA RIBEIRINHA
Não existe no mundo alguém como eu
Enquanto eu viver,
Eu cá sofro de amor por vós,
Minha senhora, branca e vermelha,
Quereis que vos retrate (nos versos)

ção Quando eu a entrevi sem manto, em trajes íntimos.

r adu Mau dia em que me levantei


T E que não a achei feia
E, minha senhora, desde aquele dia
Eu passei a sofrer, ai!
E vós, filha de Don
Moniz e sabeis que
Eu não sou nobre.
Pois eu, minha senhora,
Nunca recebi nem receberei da senhora
Nenhuma prova de amor.
Principais Autores do Trovadorismo

• El-rei D. Dinis
• Martim Codax
• Paio Soares Taveirós
• Nuno Fernandes Torneol

Manuscrito de Martim Cordax


Todos os manuscritos das cantigas
trovadorescas encontradas estão reunidas
em documentos chamados de
“cancioneiros”. Havia três tipos de
cancioneiros:
Cancioneiros:  
• Cancioneiro da Ajuda
(Séc. XIII/Afonso X – 310 cantigas)

• Cancioneiro da Vaticana Biblio


teca d
a Aju
da
(Afonso III e D. diniz – 1647 cantigas)

• Cancioneiro da Biblioteca Nacional de Lisboa.


(Diversos autores – 1205 cantigas)
Características das cantigas
• Língua galego-português;
• Tradição oral e coletiva;
• Poesia cantada e acompanhada por
instrumentos musicais colecionada em
cancioneiros;
• Autores: trovadores;
• Intérpretes: jograis e menestréis;
• Gêneros: lírico (cantigas de amigo, cantigas
de amor) e satírico (cantigas de escárnio,
cantigas de maldizer).
Produção Literária
1. Verso
A. Poesia Lírica
• Cantiga de Amor
• Cantiga de Amigo
B. Poesia Satírica
• Cantiga de Escárnio
• Cantiga de Maldizer
Características das cantigas de amor

• Eu lírico masculino;
• Tratamento dado à mulher: mia
senhor;
• Expressão da vida da corte;
• Convenções do amor cortês;
• Idealização da mulher;      
•Vassalagem amorosa;
•Expressão do sofrimento;
•Origem provençal.
A dona que eu am’e tenho (Bernardo de Bonaval)

A dona que eu amo e tenho por Senhor


amostra-me-a Deus, se vos en prazer for,
se non dade-me-a morte.

A que tenh'eu por lume d'estes olhos meus


e porque choran sempr(e) amostrade-me-a Deus,
se non dade-me-a morte.

Essa que Vós fezestes melhor parecer


de quantas sei, a Deus, fazede-me-a veer,
se non dade-me-a morte.

A Deus, que me-a fizestes mais amar,


mostrade-me-a algo possa con ela falar,
se non dade-me-a morte.
Características das Cantigas de amigo

• Eu lírico feminino;

• Tratamento dado ao namorado: amigo;

• Expressão da vida campesina e urbana;

• Simplicidade - pequenos quadros sentimentais;

• Origem popular e nacionalista;

• Declaração de saudade (às vezes de culpa);

• Presença de diálogos (conversa com a natureza).


CANTIGA DE AMIGO (D. Dinis)
− Ai flores, ai flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo!
Ai Deus, e u é?
Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado!
Ai Deus, e u é?
 

Se sabedes novas do meu amigo,


aquel que lmentiu do que pôs comigo!
Ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi á jurado!
Ai Deus, e u é?
 

− Vós me preguntades polo voss’amado,


e eu bem vos digo que é san’e vivo.
Ai Deus, e u é?
Vós me preguntades polo voss’amado,
e eu bem vos digo que é viv’e sano.
Ai Deus, e u é?
Poesia Satírica
Cantigas de escárnio
- São as que ridicularizam
alguém com palavras
simuladas, de dois sentidos
ou com eufemismos.
Cantigas de maldizer 
- São as que ridicularizam
alguém com palavras claras
e diretamente ofensivas.
Constituem a maior parte
da sátira trovadoresca.
Cantiga de escárnio

Conheceis uma donzela
por quem trovei e a que um dia
chamei de Dona Beringela?
nunca tamanha porfia
vi nem mais disparatada.
Agora que está casada
chamam-lhe Dona Maria.

Algo me traz enjoado,
assim o céu me defenda:
um que está a bom recato
(negra morte o surpreenda
e o Demônio cedo o tome!)
quis chamá-la pelo nome
e chamou-lhe Dona Ousenda.
(Dom Afonso Sanches )
Cantiga de maldizer

Ai, dona fea, foste-vos queixar


que vos nunca louv[o] em meu cantar;
mais ora quero fazer um cantar
em que vos loarei toda via;
e vedes como vos quero loar:
dona fea, velha e sandia!

Ai dona fea! Se Deus mi pardon!
E pois havedes tan gran coraçon
Que vos eu loe en esta razon,
Vos quero já loar toda via;
E vedes qual será a loaçon:
Cantiga de maldizer

Martim Gil, um homem vil


se ele quiser te processar:
que você o tinha amarrado
grosseiramente para ele, Dando-lhe
mil surras;
e este, Martim Gil,
Parece muito feio para todos.
2. Prosa
Novelas de cavalaria
 As novelas de cavalaria são narrativas
derivadas de poemas épicos e das
canções de gesta, ou seja, surgem da
poesia medieval, e por serem longas,
foram sendo escritas em prosa.

 São, portanto, narrativas típicas do


período medieval divididas em capítulos
e sua principal característica são os
relatos das aventuras fantásticas dos
destemidos, leais e honrados cavaleiros
errantes medievais, os quais
enfrentavam diversas batalhas.
Novelas de cavalaria
1.º) Ciclo clássico: novelas que
apresentam aventuras dos heróis da
mitologia greco-romana.

2.º) Ciclo bretão ou arturiano:


novelas que apresentam aventuras do
rei Artur e seus cavaleiros.

3.º) Ciclo carolíngio: novelas que


apresentam aventuras de Carlos Magno
e os doze pares de França.
O Rei Artur e os cavaleiros da Távola Redonda

O livro retrata uma prosa trovadoresca, de um


garoto chamado Arthur, que se torna rei,
herdando o trono de seu pai quando retira uma
espada mágica de uma bigorna. Para unificar seu
reino, criou a Ordem da Távola Redonda,
reunindo os melhores cavaleiros de todos os
lugares. Os cavaleiros que quisessem ter um
assento nesta Távola tinham que conquistar este
assento, conseguido por meio de uma ação nobre.
Um dos cavaleiros mais famosos da Távola
Redonda era Sir Lancelot, um cavaleiro hábil e
forte que embora fosse muito fiel ao rei amava a
rainha, formando um triângulo amoroso.

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