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A Idade Média foi um período histórico que durou de 476 a 1453. A sociedade medieval estava
dividida entre clero, nobreza e povo. No entanto, a Igreja Católica era detentora de poder
político e econômico no Ocidente. Nessa época, portanto, predominou o teocentrismo — a
ideia de que Deus é o centro de tudo.
A Europa estava imersa em uma guerra santa entre cristãos e muçulmanos (mouros) — as
Cruzadas. Além disso, o Tribunal do Santo Ofício torturava e condenava à fogueira aqueles
que se opunham ao que era imposto pela Igreja.
Características do Trovadorismo
Nesse contexto, em que a liberdade artística e de pensamento eram restringidas pelo clero,
surgiu o Trovadorismo, movimento literário medieval caracterizado por uma “poesia cantada”,
as chamadas cantigas trovadorescas. Elas são assim classificadas: de amor, de amigo, de
escárnio e de maldizer.
Tais composições eram cantadas pelo trovador (troubadour, como era chamado o poeta
provençal), daí o termo “trovadoresco”. Assim, as cantigas trovadorescas podem ser chamadas
também de cantigas provençais. Isso porque foi na Provença, no Sul da França, que esse tipo
de arte surgiu, no século XI, devido a um clima de maior independência em relação à Igreja.
A poesia trovadoresca, portanto, possui uma vertente lírico-amorosa (as cantigas de amor e de
amigo) e outra satírica (as cantigas de escárnio e de maldizer). Na primeira, predominam os
temas do sofrimento amoroso e da saudade. Na segunda, são feitas críticas a pessoas ou
costumes, algo bastante ousado em uma época de repressão ao livre pensamento.
Trovadorismo em Portugal
Cantigas do Trovadorismo
As cantigas trovadorescas ou provençais são divididas em quatro tipos; cada um com
características específicas. Assim, temos:
1 - Cantigas de amor
Manifestam uma paixão infeliz, um amor não correspondido do trovador pela sua dama;
A mulher é tratada como superior, a partir de adjetivos tais como “dona” e “senhora”, e seu
nome jamais é revelado pelo trovador;
O eu lírico é sempre masculino;
A dama, a “senhora”, é membro da corte;
O trovador se diz coitado, cativo, enlouquecido, sofredor;
A dama é identificada por suas qualidades físicas, morais e sociais; portanto é uma mulher
idealizada;
Muitas cantigas apresentam refrão.
2 - Cantigas de amigo
A temática desse tipo de cantiga é a saudade;
Evidenciam a relação amorosa concreta entre pessoas do campo;
O eu lírico é sempre feminino;
A mulher (amiga) manifesta saudade pela ausência do amigo (namorado ou amante);
Quem compõe as cantigas é um homem, o trovador, que cria um eu lírico feminino;
O cenário sempre caracteriza um ambiente campesino;
Além da mulher e seu “amigo”, outros personagens podem aparecer, como mães, amigas,
irmãs;
Apresentam refrão.
3 - Cantigas de escárnio
Críticas ao comportamento social;
Palavras de duplo sentido;
Ironias e trocadilhos;
Sem identificação direta da pessoa atacada.
A seguir, um trecho de uma cantiga de escárnio de João Garcia de Guilhade. Note que o
trovador não menciona o nome da mulher que é objeto da ofensa, a qual é chamada de “dona
feia”:
4 - Cantigas de maldizer
Críticas feitas explicitamente, com identificação da pessoa satirizada;
Linguagem ofensiva e palavrões.
Note que, na cantiga de maldizer seguinte, de Afonso Anes do Cotom, a pessoa ofendida é
nomeada – Urraca López:
Resumo
Exercício
Vocabulário
Essa é uma cantiga feita por Manuel Bandeira, um poeta modernista brasileiro. Nesse poema,
ele recria a escrita trovadoresca medieval. A partir de versos como “Meu coraçon non sei o que
ten” e “E pois tal coita non mereci”, é possível concluir que o título desse poema é:
a) Cantar de amor.
b) Cantar de amigo.
c) Cantar de escárnio.
d) Cantar de maldizer.
Questão 3 - Leia a primeira estrofe de uma cantiga satírica de Dom Dinis, adaptada ao
português atual:
Após a leitura, é possível concluir que esse texto é parte de uma cantiga de escárnio, uma vez
que:
a) demonstra o sofrimento do eu lírico no verso “em mim começou grande aborrecimento
crescer”.
b) demonstra saudade do eu lírico no verso “porque irás e me deixarás”, em referência ao
misterioso “amigo”.
c) não há identificação da pessoa a quem o eu lírico critica, pois ela é chamada de “Dom
Fulano”.
d) não há a identificação do trovador no texto, o que mostra sua sutileza ao fazer a sua crítica.