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Grandes Novidades
Literatura em Cena
2021
@literaturaemcena19
Editor:
Eduardo Lucas Andrade
Capa:
Indries Andrade Simões
Diagramação e revisão:
Geralda Andrade Simões
Agosto/2021
809
E77M Espírito Santo Jr., Lúcio Emílio do
2021 Museu de Grandes Novidades / Lúcio Emílio do Espírito Santo Júnior;
ilustrações da Capa Indries Andrade Simões; revisão e diagramação de
Geralda Andrade Simões. Bom Despacho : Literatura em Cena, 2021.
148p.
Tiragem: 100 examplares
ISBN :
“Sou levado
Como um navio sem piloto
Como através do ar
Um pássaro à deriva;
Nenhum vínculo me prende,
Nenhuma chave me aprisiona,
Busco meus semelhantes
E me junto aos insensatos.”
Carmina Burana, In Taberna
Introdução
Que fim levou a crítica literária? Esta pergunta nos remete à
situação das artes - e em especial da literatura - neste final do século
XX. Introduzindo a questão diz Leyla Perrone que a questão hoje, em
tempos ditos pós-modernos, ela (a crítica literária) anda um pouco
anêmica, reduzida ao rápido resenhismo jornalístico, necessário, mas
não suficiente.1
A questão da crítica literária é colocada por Leyla Perrone-Moi-
sés como inserida dentro de uma problemática maior, a da luta entre
a cultura e a descultura pura e simples. Segundo ela,
nos campi universitários, os teóricos acadêmicos mo-
dernos discutem com os acadêmicos pós-modernos,
os literários com os culturalistas, os machistas com as
feministas, o vale-tudo ideológico e estético prospera
e aufere lucros, indiferente a qualquer teorização ou
crítica. (...) As querelas acadêmicas relativas à cultura
apenas refletem parte de uma luta maior, que se trava
em âmbito mundial, e do resultado da qual dependem
coisas fundamentais que, se formos ‘pós-modernos’,
não nomearemos, já que têm a ver com metanarrativas
e projetos. Coisas como os rumos da história e da es-
pécie humana.2
Modernidade e Cânone
Anelito tematiza, no segmento seguinte, que se intitula “o tem-
po dos contrários”, a própria Modernidade:
Antes da modernidade, o tempo era concebido como
uma estrutura linear, formada por passado, presente e
futuro. Era um tempo sistematizado a partir de uma vi-
Considerações Finais
1. Introdução
Desde que lançou seu blog na rede mundial de computadores,
em 2007, o poeta Wilson Torres Nanini vem chamando a atenção de
diversas pessoas, entre elas, poetas conceituados e de renome e que
exploram este moderno mundo das letras.
Intitulando-se um poeta em fase de berçário, Wilson Nanini
busca nos versos de “Quebrantos, relances e abismos ao relento”,
seu primeiro livro de poemas (e que permanece inédito em papel),
uma poética que oscila entre o sagrado e o profano. Ainda pouco co-
nhecido, o poeta mesmo se intitula “um poeta em fase de berçário”.
No entanto, ele não é poeta aprendiz e já se apresentada dotado de
maestria no terreno da palavra poética.
Wilson Nanini, nascido em Poços de Caldas, mas criado desde
o berço em Botelhos, chegou a cursar Letras na Faculdade de São
João da Boa Vista, mas, após fazer um curso para soldado da Polícia
Militar, em Lavras, teve que abandonar a faculdade, só voltando para
Botelhos em 2007.
E foi em ambiente familiar da pequena cidade de Botelhos, jun-
to de sua mãe e suas tias, todas professoras, que Wilson Nanini teve
seus primeiros contatos com a literatura. Livros de fábulas e de histórias
cotidianas moldaram sua veia poética. Morando numa cidadezinha de
dezesseis mil habitantes, Nanini tem como leitora sua esposa, sempre
a primeira leitora crítica de seus poemas. Graças à internet, estabeleceu
contato com poetas tais como Cláudio Daniel, Renato Mazzini, José
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Aloise Bahia e Micheliny Verunschk, por exemplo, cujos contatos foram
tão fundamentais para seu aprendizado, tanto quanto seus versos.
No Ginásio, incentivado pelas professoras, Divina Moreira, Sil-
vana Siqueira e Márcia Frazão, Wilson Nanini começou a colocar no
papel seus primeiros versos. O poeta narra ter começado fazendo
letras de músicas para uma banda, formada por amigos, inspiradas
principalmente na poesia de Renato Russo, da Legião Urbana. As-
sim, fui aperfeiçoando e buscando referências nas letras do Renato,
como por exemplo, os poetas Arthur Rimbaud e Carlos Drumonnd
de Andrade. Em 2000, participou do Concurso de Poesia Falada
da cidade de São Paulo, promovido pela Prefeitura e pelo Instituto
Mario de Andrade. Ficou em segundo lugar, com a poesia O Corpo
Cervo Corpo.
Em 2001, na cidade de Machado participou do Primeiro Con-
curso Plínio Motta de Contos e Poesias, promovido pela Academia
Machadense de Letras, no qual foi premiado com a edição em livro
com o conto Farfalhas de Coisas Ambíguas. No Rio de Janeiro tam-
bém participou de um concurso de poemas promovido pela Editora
Líteres, cujos 20 melhores poemas, incluindo o seu, foram publica-
dos em livro. Segundo Wilson Nanini, todos estes anos de leitura e
produção resultou em uma coleção de poemas que já tem um des-
tino certo: o livro “Quebrantos, relances e abismos ao relento”, que
mesmo ainda sem data e edição para ser apresentado ao público,
traz toda sua verve literária, trazendo a poesia como forma lúdica
e de descarrego. Os “quebrantos” estão ligados ao sagrado e ao
profano, das rezas, das benzedeiras, dos maus-olhados, das curas
do corpo e da alma. Relances são as cenas cotidianas, da sua vida
como filho, marido, o poeta com o seu olhar mais singular. Os abis-
mos aos relentos trazem toda sua vivência como soldado militar,
Melancolia
luz lâmpada de torre telefônica
– a escureza dissimula o pedestal que a sustenta –
e vermelha verde vermelha amarela
(intermitente farol/sentinela
de pássaros insones/sonâmbulos
de aviões desgovernados/incautos)
paira: pseudo-astro alumbrado
ah meus cantares – policio
cata-ventos pipas em céus de ferrugem
: a alegria, devagar,
acata seus carrascos
e a cidade envolta em
catástrofes sem reparo
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: próteses dentárias extraviadas
relógios de pulso abduzidos
eu – poeta (matéria
escassa)? – nasci para
conciliar pedra e vidro
mas percorro uma distância subterrânea
subcutânea
subterfúgica
e o mundo (tudo tudo!) –
esta manhã vai ficando
cada vez mais noite ampla
(NANINI, 2010).
Conclusão
Referências Bibliográficas
CALABRESE, Omar. A Idade Neobarroca. São Paulo, Martins Fontes, 1988.
CUNHA, Pedro. Pensamentos e outras letras. Disponível em: >. Acesso em 17
de junho de 2011.
VERUNSCHK, Micheliny. O cotidiano sagrado da poética de Wilson Nanini.
Revista Cronópios. Disponível em: . Acesso em 19 de junho de 2011.
NOVAES, Marcelo. Nota de rodapé. Disponível em: . Acesso em 16 de junho
de 2011.
Bibliografia
ANDRADE, Oswald de. Beco do Escarro (fragmentos inéditos produzidos en-
tre 1947 e 1948). Campinas: CEDAE/UNICAMP, 2007.
____________________. Chão. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1974.
A todos agradeço.
Ave!
Grata surpresa ao receber missiva tão delicada e rara. Delicada
pelo gesto. Rara em nossos atribulados dias de atravessar pessoas
como se números estatísticos fôssemos todos, massa de notícias de
MUSEU DE GRANDES NOVIDADES ............................................................................................ 147
todos os cantos. Sem alma. Ou com a alma tão perdida que se fica
sem saber se a temos ou não. Ou se foi leiloada ao Diabo por trinta
moedas de prata, ou dólares, ou euros, ou: as do momento.
De gesto tão espontâneo, não se tratando de crítica de algum
literário participante de alguma mesa de algum concurso, brotou-se
do genuíno, o simples, o belo, que em mim despertou.
Grato, e alegre, e enriquecido, lembrei-me eu novamente de
mim mesmo. Escapei, por um átimo, e tornei a lembrar de como se
faz, das artimanhas do Demo, artífice desta contabilidade: lide áspera
de se viver nos dias de hoje... Fazer, fazer, fazer... Sem sabermos exa-
tamente para quê...
Nascente alegria perpassou meu ser. Silêncio falante impôs-se.
Hora de significados. Tempo sem tempo.
Algo que eu disse, ousando escrever e mostrar ao outro, fazen-
do com que esse outro ao ouvir-me digne-se a não se omitir, não me
deixa esquecer que bobagem é pensar que não existem mais almas
nesse mundo de Deus; e dos homens.
Viva a poesia!
Um abraço!
Celso Ribeiro.