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Gilson Lucas
Resumo
Introdução
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conceito de adolescência e o contexto da sociedade brasileira atual, marcada pelo
fenômeno da ascensão da extrema-direita e da guerra cultural.
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É muito comum que o conceito de geração seja utilizado de forma muito
ampla na mídia. O próprio conceito de adolescência é de origem histórica muito
recente. Num passado não muito afastado, não havia essa fase entre a infância e a
idade adulta, especialmente entre as classes trabalhadoras, fenômeno que acontece
ainda hoje, quando ainda existem casos de trabalho infantil que precisam ser
combatidos, em especial em regiões brasileiras como Norte e Nordeste. Ortega e
Gasset trabalhou esse tema de forma muito aguda, vejamos abaixo esse
comentário, citado por Margarida Amoedo:
Em En torno a Galileo ele tem uma das suas exposições principais. Com clareza e
sistematicidade são aí apresentadas, graças a um peculiar entendimento e uso da categoria
de idade, três grandes etapas da nossa vida: a primeira, que dura até cerca dos trinta anos,
é o período em que o homem se apercebe do mundo em que tem de viver; a segunda é
aquela em que reage de uma forma original ao mundo, produzindo novas ideias nos
domínios da ciência, da técnica, da arte, da religião, da política, da sociedade, ideias que
são reforçadas pelos coetâneos e que acabam por se impor sob a forma de mundo vigente;
a terceira grande etapa começa quando o homem governa o mundo que criou e tem de o
defender das reações que lhe são dirigidas por novos homens de trinta anos .[20]
(GASSET, apud: ROSZAK, 1972, p. 54).
Essa análise explica muito do que estamos vivendo hoje, com a geração 68
pouco a pouco perdendo espaço para a geração seguinte, geração de seus filhos, a
chamada “geração”. E há também a geração dos millenials, o que nasceram depois
do milênio, ou também “nativos digitais”. A geração X fez a passagem do analógico
ao digital, bem como a geração 68.
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Para os jovens, ser chamado de criança incomoda quando é dito pelos pais,
mas nessa idade os pais deixam de ser os portadores de referência. Na
adolescência, o grupo é muito importante. E a aceitação nele, vital. Muitos são os
casos em que o bullying provoca suicídios nessa idade, agravado nos últimos anos
pelo ciberbullying.
Se por um lado a juventude é criticada por ser demais atendida e mimada, por
outro lado existe a questão dos estudos serem prolongados. A tendência dos jovens
a ficar em casa, bem com seus hábitos mais e mais sedentários levanta argumentos
contra quem quer uma maioridade antecipada. Esse debate de certa forma foi
encerrado pela pandemia de coronavírus: os jovens precisam ficar em casa para
não contaminar ou serem contaminados.
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O embate entre quem alega que a maioridade precisa ser antecipada e os
que se opõe, existem bons argumentos como os elementos acima exemplificados
pela ciência (tecido cerebral, ossificação) que demonstram a incompletude da
maioridade. O fim da adolescência dificilmente poderá ser vivido antes dos
dezesseis anos, uma vez que a sociedade não permite. A respeito desse tópico,
explicou Françoise Dolto em A Causa dos Adolescentes: “A passagem para a idade
adulta se traduz, pois, hoje, da maneira mais concreta em termos de independência
econômica” (DOLTO, 2004, p. 26). Para Dolto, o certo seria a relação dos jovens
com pessoas da mesma geração:
Então, o jovem começa a amar uma pessoa que o compreende e fica completamente
bloqueado, porque é justamente alguém da geração anterior. Um jovem precisa amar as
pessoas de sua idade e ser formado por aqueles que são de sua geração, e não ficar
independente de uma pessoa de uma geração anterior, que foi modelo num certo momento
(DOLTO, 2004, p. 28).
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profundamente a geração de adolescentes que a viveu, pois tiveram de reinventar o
dia a dia junto aos pais, irmãos e os de sua idade.
A pandemia de agora, que ocorre quando a AIDS passou a ser tratável com o
coquetel de remédios antivirais, afeta indiretamente a vida sexual dos adolescentes,
mas não permitiu a voga moralista anterior. A voga moralista, inclusive, hoje é
reanalisada como tentativa de genocídio da população gay por parte de Miterrand e
Reagan, governantes que, diante do drama dos gays, não investiram mais verbas na
pesquisa da doença e apresentaram atitude acomodada. Pelo contrário: sempre
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levantavam a questão da necessidade de cortes de verba dos serviços públicos para
poder equilibrar a máquina do estado. Bem como Reagan e Thatcher, em especial,
divulgavam a ideia de que não existe sociedade e sim indivíduos. Essa crença
subjaz a uma ideia de liberdade absoluta dos jovens que irá desaguar, na
atualidade, no negacionismo da pandemia, fato que não ocorreu antes com a AIDS.
Dizemos que existem cada vez mais homossexuais, mas não é verdade! Eles se acreditam
homossexuais e vivem como tais depois de terem escaldado e fracassado num primeiro
amor. É um comportamento de facilidade. Um descompromisso ” (DOLTO, 2004, p. 36).
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Dentre os jovens, assume grande relevância a questão do gênero não-binário
e a busca do neutro. São questões colocadas por Barthes e Blanchot nos anos 70 e
que agora chegam às massas, causando controvérsia.
Francoise Dolto fornece uma importante pista para lidar com os adolescentes:
eles são de uma forma quando em grupo, mas são diversos separadamente. O
educador deve, então, ter paciência e perseverar, pois o educador é alguém que é
importante para aqueles adolescentes, embora, diante do grupo, eles o
ridicularizem, ele seja “vaiado”. Eduardo Lucas Andrade explicou sua experiência
junto aos adolescentes:
Certa vez fui convidado a palestrar para adolescentes, era em média 800
adolescentes, tidos como os mais terríveis. As pessoas da escola queriam que eu falasse
de valores, pois naqueles, segundo eles, estavam escassos. Topei a empreitada e bolei
uma dinâmica tendo em vista a realidade dos adolescentes. Falar de coisas boas e valores,
de como deviam se comportar, certamente causariam náuseas aos adolescentes. Como o
ensino tocar na tara da descoberta que os adolescentes carregam, a sexualidade está em
jogo e as relações pedagógicas devem considerá-la. Para falar sobre violência,
comportamento e valores, comecei junto a um colega, fizemos a palestra estilo Rap, a falar
de sexo. Do sexo, cuja temática atiçou a presença dos adolescentes, fomos para casos de
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violências e a participação dos adolescentes foi ficando ativa. Falavam mediante os
desassossegos e no fim de um tempo eles é que deram a palestra sobre um tema que até
então não percebiam neles, os valores. De fato ninguém tem valor, tem existência e disso
eles falaram (ANDRADE, 2019, p. 39).
O assassino é o único dos membros das forças invasoras que ele recorre à categoria do
todo para justificar seus atos. Com ele nos revela outro aspecto das relações morais que
constituem a burguesia. Essa dialética, que se refere conforme o caso do indivíduo para o
grupo ou do grupo para o indivíduo, que separa ou reúne, abstrai ou sintetiza de acordo
com o trabalho que realiza no sistema, mostra uma das categorias morais fundamentais da
classe. Tornam-se completamente independentes e se colocam à margem como pessoas –
fora da política, fora da economia, fora da guerra que promovem –, ou diluem seu
significado no todo, mas depois eles desaparecem como pessoas. Em um caso, eles evitam
o significado social cuja maldade os contamina; no outro, como executores desse mal
delegado, eles retornam ao grupo para destacar a conexão. Quando é conveniente
reivindicar a pureza, recorre-se à individualidade; quando você quer encobrir suas misérias,
você se dilui em sua totalidade. Mas em nenhum dos casos considerados houve
reclamação de verdadeira relação dialética entre indivíduos e grupo como para mostrar as
conexões completas que existem entre eles, e que permitem redescobrir o grupo no
indivíduo ao mesmo tempo que o indivíduo no grupo. Em todos os casos, o processo foi de
exceção, separação discriminada ou fusão indiscriminada. Podemos concluir: a ocultação
das relações que unem os indivíduos entre si e que originam o grupo como uma atividade
coletiva constitui a base sobre a qual o moral da burguesia capitalista como classe é
estabelecido (ROZITCHNER, 2012, p. 95)
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Pode-se dizer, então, que os jovens estavam mordidos pela “mosca azul”, ou
seja, pela moral burguesa. Tal não seria somente um condicionamento psíquico. A
consciência fragmentada produzida pela internet afetou muitíssimo os adolescentes
a partir de quando surgiu a era digital e as redes sociais.
É muito importante, para lidar com os adolescentes, saber lidar com a relação
dialética que eles estabelecem entre o indivíduo e o grupo, relação curiosamente
abordada por Eduardo Lucas Andrade e por Leon Rozitchner. Andrade tratou de
uma palestra e do trabalho junto a eles na atualidade e Rozitchner num contexto
diferente.
3.Conclusão
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4.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DOLTO, Françoise. A Causa dos Adolescentes. Aparecida: Ideias & Letras, 2004.
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