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Os Inimigos Não Mandam Flores: Teatro e Cinema em Bom Despacho

Ao pesquisar sobre o teatro em Bom Despacho, fiquei sabendo, através


de minha querida amiga, a professora Laudelina Silva, que já foi encenado aqui
na cidade o monólogo Mãos de Eurídice, considerado o primeiro monólogo
brasileiro. Pedro Bloch, o autor, era da família Bloch, dono da revista e depois
TV Manchete, verdadeiro império de comunicações encerrado nos anos 90.
Dácio, que teve carreira política local, foi quem encenou essa obra. A figura
predominante e inspiradora do teatro no início dos anos 60 (período aqui
referido) foi Paulino Menezes.

Outro dia vi uma entrevista da poeta Adélia Prado onde ela conta que
participava de um grupo de teatro que rodava a região a partir de Divinópolis,
grupo chamado A Cara e a Coragem. Fico imaginando se esse grupo não
deveria ter passado por Bom Despacho. Adélia comentou que tudo o que seu
grupo teatral tinha era isso: a cara e a coragem. Imagino que esses pequenos
grupos teatrais da época, que marcam a memória de uma geração,
possivelmente tinham somente isso. E que, com tão pouco, que bela história
escreveram! Pedro Bloch tinha também outras peças com títulos incríveis, tais
como Esta Noite Choveu Prata e Morre um Gato na China.

Anos depois, acompanhei entusiasmado a carreira de um cineasta de


Bom Despacho, filho do Zuca: Pablo Lobato. Ele foi a Cuba antes das pessoas
mandarem a gente para lá. E gravou um documentário muito emocionante,
chamado “Mira” que vi e revi várias vezes. Ele observa que o bloqueio que
Cuba vive é também um bloqueio de sonhos. Ao entrevistar um tatuador, o
jovem convida as pessoas a visitarem a ilha, pois é algo muitíssimo diferente. E
vi também Macarrão com Cachaça, que contava a curiosa história de
Macarrão, um negro operário que morre e é “bebido” pelos amigos em seu
velório, ou seja, eles seguem uma tradição onde é servida bebida alcóolica no
velório, tal como em outras tradições culturais, em que a morte não é
sofrimento e sim celebração. Macarrão não estava morte e ergue-se meio à
festa, causando grande reboliço. O curta é intensamente divertido e curioso. Eu
vi ambos em cinemas em Belo Horizonte, naquele rito coletivo que era o
cinema no passado. As pessoas comentavam, davam risada juntos, era
emocionante! Depois Pablo reinventou-se artista plástico e estudioso de
Filosofia e Literatura, mas ainda outro dia assisti uma palestra sua aqui numa
escola. Ele não perde suas raízes.

Outra peça desse mesmo dramaturgo encenada aqui foi Os Inimigos


Não Mandam Flores, também de Pedro Bloch. A peça foi encenada no Brasil e
no exterior com enorme sucesso e conta a história de um casal em crise que
consegue reencontrar o amor e a paixão.

Igualmente, foi gravado aqui na cidade em 2012, com apoio de


Fernando Cabral, o filme de terror A Chácara do Corvo 1, com pessoas da
cidade fazendo papéis enquanto atores amadores, utilizando-se também de
uma chácara na zona rural. O filme está todo disponível no youtube. Foi
dirigido pelo espanhol Jordi Lores. ada na íntegra em Bom Despacho e que
nasceu como continuação ao filme anterior, a chácara do corvo, que também
foi realizado na cidade sorriso.

Sem perder a essência inicial da saga, A Chácara do Corvo 2 é um filme


diferente, que deixa mais de um lado o terror puro para levar ao espectador
pelos caminhos de um autêntico "thriller", numa investigação policial, tentando
descobrir o que aconteceu com os jovens desaparecidos nos caminhos do
interior de Minas Gerais.

O ator José Altino, que foi muito reconhecido pelo seu papel na Chácara
do Corvo 1, encarna novamente o Roberto, um psicopata perturbado e
submetido à mãe dele, que não duvida em levar adiante às piores ações. Altino
interpreta magistralmente o personagem e está se destacando como um ator
natural de prometedor futuro.

O filme é interpretado também, nos papéis principais, por Clécio de


Paula, Dênis Pereira, Felipe Tavares, Gilberto Cançado e Nathalia Chagas. E
destacam as interpretações do Maurício Simbera, Rejane Gontijo e Maria
Edsonina Israel, que também repete elenco nesta produção.

A Chácara do Corvo 2 é um filme de 75 minutos, de excelente qualidade,


que oferece entretenimento, ação e suspense em partes iguais. Um filme onde
a verdadeira protagonista é a cidade de Bom Despacho e que lança em seus
títulos de crédito uma reivindicação da produção: o apoio a uma iniciativa
cultural e popular que leve Bom Despacho a ter num futuro um local
especializado em cinema, teatro e artes. Por esse motivo, o diretor, Jordi Lores
criou a marca "Bom Despacho Cinema". Marca visual e virtual, a modo de
bandeira desta petição pública.

Zélia e Remo desapareceram nas profundezas do mato durante uma


viagem. Os pais dela denunciam o fato à polícia e uma investigação será
iniciada ao descobrir que uma terceira pessoa ia no carro com eles. Os
trabalhos da polícia e de um detetive particular desvendarão o segredo de
horror e loucura que esconde a Chácara do Corvo.

Read more: http://fernandocabral.blogspot.com/2012/05/vem-ai-chacara-do-


corvo-2.html#ixzz7XqQaaKvh

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