Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1. Introdução
1
Em muitos outras passagens, dentro do romance, pode-se dizer
que Razhumikin e Raskolnikov são bastante conservadores, criticam os
progressistas como Radischev, considerado o Rousseau russo. O único
elemento mesmo que é convincente nesse sentido é a devoção a Napoleão,
que aliás, era um monarquista. A leitura de Raskolnikov de Napoleão é
equivocada. Pode-se dizer que essa devoção a Napoleão aproximou o
personagem ao Napoleão de hospício. Igualmente, ao final do romance, a
análise da justiça russa é que Raskolnikov teve um acesso de loucura, o que
favoreceu sua defesa.
2. Lukács e Dostoievski
2
As questões são no mínimo pitorescas para um pensador que
tornou-se conhecido por dedicar a vida ao marxismo ocidental, uma vertente
crítica ao marxismo-leninismo, embora quase nunca apresente-se assim.
3
É curioso que, no romance, Porfiri não mente para chegar a
verdade, muito pelo contrário, daí que não há sentido nessa conclusão de
Razumíkhin a respeito de Porfiri. O investigador, ao encontrar a teoria dos
homens extraordinários que podem matar num artigo de Raskolnikov, passa a
desconfiar desse rapaz, evidentemente; outra de suas pesquisas é que Ródia
procurou outro apartamento na data próxima do assassinato, outra evidência
que condena o estudante. Nada disso é mentira. A partir de evidências, ele
chega a Ródia e o pressiona. Porfiri é uma figura paternal, se Raskolnikov é
estudante, já Porfiri é formado, daí que ele se impõe sobre o mais novo.
4
tratando aqui. A não ser que a morte da velha fosse uma metáfora da
revolução.
5
No entanto, nota-se que surgiu outra pessoa que confessou o crime cometido
por Raskolnikov e o “anjo” Porfiri não descartou a hipótese logo de cara.
Há, por outro lado, a teoria de Bakhtin, que supõe que Dostoievski
inventou uma polifonia, ou seja, os romances teriam inúmeras posições
ideológicas, não reforçariam as posições reacionárias do autor do Diário de um
Escritor. Posições essas que, a despeito de Bakhtin, precisam ser procuradas
em obras como Crime e Castigo e não apenas questões de diálogos e estilo. E
sem dúvida pode-se ler Crime e Castigo como obra que rejeita as ideias
liberais e receita ideias religiosas em seu lugar. Assim, portanto, Bakhtin, ao
refugiar-se nas questões de forma, deixa de lado de investigar a ideologia
reacionária religiosa de Dostoiévski, escondendo-a. Mas pode-se dizer que
Bakhtin escondeu-a porque tinha seus motivos:
6
nos valores religiosos representados por Sônia e por sua conversão. Quando
perguntamos a respeito de quem ajuda Raskolnikov, concluímos que Sônia o
ajuda, o amigo Razumikhin também, enquanto Lújin, Svridrigailov, Aliena
Ivanova lhe fazem oposição. E em quem ajuda são investidos valores positivos,
em quem opõe, negativos.
7
Fora o evidente problema que é criar um psicólogo que
enlouquece, por exemplo. E também o problema em dizer que Raskolnikov
seria um rebelde, em seu próprio nome estaria referida uma cisão da Igreja
Ortodoxa russa. Há uma linha de pensamento que julga Raskolnikov cheio de
niilismo, ideias ocidentais como as de Napoleão e nessas ideias e suas
práticas estaria o mal.
8
inventa. E inventa e é útil socialmente, hoje em dia, para que o pobre não mate
o rico.
9
ortodoxos é uma intepretação que pressupõe que o símbolo religioso no texto
dostoievskiano emana do autor empírico, escritor religioso.
Os leitores não russos não percebem duas coisas: que nem todos os russos
amam Dostoiévski tanto quanto os americanos, e que a maioria dos russos
que o amam o veneram como um místico e não como um artista. Ele era um
profeta, um jornalista idiota e um comediante descuidado. Admito que
algumas de suas cenas, algumas de suas brigas tremendas e ridículas são
extraordinariamente divertidas. Mas seus assassinos sensíveis e prostitutas
emocionantes não devem ser tolerados por um momento - por este leitor de
qualquer maneira (NABOKOV, apud: SEIDEN, 2022).
10
Dostoiévski morre e renasce, tal qual um Lázaro trânsfuga, do
outro lado, do lado dos que o prenderam, censuraram e puniram, validando,
então, a punição a outros jovens como o jovem Dostoiévski. Tanto que é
inegável que Dostoiévski estava, em Os Demônios, execrando o círculo
revolucionário do qual participou e, em prol do czar, demonizando seus antigos
amigos, representando-os como monstros e criminosos, pondo-se a serviço de
seus algozes de anteontem.
11
já foi provado como algo recorrente em outros textos do autor: seu
antissemitismo, sua hostilidade aos poloneses católicos.
3.Conclusão
12
4.Bibliografia:
13