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Elzenir Apolinário: Releituras de Mundo

Nesse Dia Internacional da Mulher, quero apresentar um talento de poeta que


talvez vocês não conheçam: minha amiga e colega de trabalho Elzenir Apolinário. De
origem humilde, Elza, como nós a chamamos no dia a dia, combina de forma rara o
talento de gestora, professora e poeta. Ela fala de forma muito terna e maravilhosa
sobre as mulheres. Talentosa e chique com ela só, Elza escreveu esse texto
originalmente em francês (excelente aluna que ela é de Brigitte Paredaens, essa
professora tão chique quanto discreta), mas gentilmente colocou a tradução em seu
blog:

Canção das mulheres

As mulheres são belas como rosas

elas encantam silenciosas os caminhos por que passam

mesmo as flores selvagens sob seus grossos espinhos

que lhes protegem de que elas sejam colhidas perfumam o ar.

Suas almas carregam seus sonhos tão azuis

seus olhos às vezes tão tristes escondem

os sofrimentos que somente uma mulher sente

seus tênues sorrisos brilham para esconder suas solitárias noites

Seus lábios não dizem as palavras

porque o mundo não as compreende e não respeita

elas seguem o curso do tempo que também é seu antagonista

ninguém quer saber de seus desejos

E elas caminham apesar das dores que fere seus corações


porque elas são muito fortes, elas são mulheres!!!

Há alguns anos Elza contou-me, com certo pudor, que tinha um blog onde
escreve textos e poemas, mas não passou o endereço. Nesse dia internacional da
mulher, é com muitíssimo prazer que encontrou seus textos e recomendo a vocês,
pois trazem importantíssimas reflexões, como nessa postagem Elas Usam a Cor
Púrpura, com data de 8 de março de 2015, mas ainda muitíssimo atual. Não resisto a
reproduzir a crônica na íntegra:

Você já terminou? Ouviu a menina que se dividia entre as atividades da escola, o


choro do irmão caçula e os afazeres domésticos enquanto seu irmão se divertia em
frente à televisão. A mãe acreditava que o menino não deveria se envolver com as
tarefas do lar, pois poderia afeminar-se causando a tragédia da família. Assim,
cresciam as meninas em tempos remotos e a história se repete hodiernamente. O
sexo feminino se acua entre a família e a sociedade machista e não avista a saída
para a sua ascensão pessoal e profissional.

Estamos no século XXI e ainda se veem mulheres bem sucedidas que se


acorrentam a relações tóxicas por submissão ou dependência emocional. O olhar duro
da sociedade ainda as espreita minando seus sonhos e elas fingem que estão felizes,
mas seus olhos são tristes como os dos pássaros cativos. Recolhem-se em sua
fatídica condição de serem mulheres neste mundo de homens e se resignam à espera
de que algumas delas, em atitude de coragem, possam reverter este quadro ou
mesmo acreditam ser sua sina irreversível e seguem sem esperanças.

Fala-se em emancipação feminina, mas na calada da noite, em cantos escuros,


meninas, mulheres são violentadas e agredidas em sua integridade física e moral
como se fossem apenas um pedaço de carne ou desvalorizadas em sua capacidade
mesmo proferindo belos discursos vestidas com seus taillers. Não importam suas
considerações, estão fadadas ao desrespeito por sua condição de mulher, é o fardo
que terão que carregar em todos os meios sociais.

Quando agraciadas pela beleza, tornam-se objeto de desejo sexual masculino e


perdem ainda mais seu vínculo com o cordão umbilical da humanidade. São bonecas
de luxo para se apresentar ao mundo, são seres vazios que apenas sorriem
superficialmente escondendo um traço de amargura e ressentimento por não terem
voz, por se aprisionarem na bela aparência que esconde o que se revolve em seu
coração. São também escravas de padrões rígidos que determinam que elas têm um
prazo de validade.

Moramos em um país que machuca suas mulheres e as relega à cultura de


inoperância e baixa autoestima. Cresceram sob a égide de uma educação castradora
que limitou sua crença em seu próprio poder de decisões e escolhas. Certamente
temeram seu potencial e as educaram para serem como os seres rastejantes, quando
poderiam voar. Recearam sua potencialidade, pois estas saberiam guiar-se tanto pela
inteligência, quanto pela emoção.

Mulheres, ergam suas cabeças e lutem contra este sistema que faz uma
execução sumária de suas vontades, enfrentem esta sociedade limitante, saíam desta
submissão velada e assumam seu verdadeiro poder, o poder que existe em cada uma
de nós e que pode transformar uma realidade, mudar o tom púrpura que nos colore as
faces e nos deixa um traço de descontentamento com a vida. Firmem os passos em
direção a um futuro glorioso para o sexo forte.

Convido, então, vocês para conhecerem o blog dessa mulher


maravilhosa que é Elzenir Apolinário: releiturasdemundo.blogspot.com

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