Você está na página 1de 84

UNIVERSIDADE FEEVALE

CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO

JÉSSICA LOUIS SILVA DE OLIVEIRA

A EFETIVA NOCIVIDADE DA EXPOSIÇÃO AOS AGENTES NOCIVOS E O


RECONHECIMENTO DO DIREITO À APOSENTADORIA ESPECIAL

Novo Hamburgo
2019
JÉSSICA LOUIS SILVA DE OLIVEIRA

A EFETIVA NOCIVIDADE DA EXPOSIÇÃO AOS AGENTES NOCIVOS E O


RECONHECIMENTO DO DIREITO À APOSENTADORIA ESPECIAL

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado como requisito parcial para
obtenção do título de Bacharel em Direito
pela Universidade Feevale.

Orientador: Profª Me. Bárbara Raquel de Azeredo da Silva

Novo Hamburgo
2019
JÉSSICA LOUIS SILVA DE OLIVEIRA

Trabalho de Conclusão do Curso de Direito, com o título A EFETIVA NOCIVIDADE


DA EXPOSIÇÃO AOS AGENTES NOCIVOS E O RECONHECIMENTO DO
DIREITO À APOSENTADORIA ESPECIAL, submetido ao corpo docente da
Universidade Feevale, como requisito necessário para a obtenção do Grau de
Bacharel em Direito.

Encaminho o presente trabalho para avaliação de banca examinadora:

__________________________________________
Prof. Me. Bárbara Raquel de Azeredo da Silva
Orientador

__________________________________________
Prof.
Banca Examinadora

__________________________________________
Prof.
Banca Examinadora

Novo Hamburgo, junho de 2019.


RESUMO

Nos dias de hoje, há milhares de segurados da previdência social pleiteando


a aposentadoria na forma especial. A presente monografia tem como objetivo
esclarecer o conceito da aposentadoria especial, suas vertentes e requisitos, através
de diálogos entre diversos autores de grande relevância no âmbito do direito
previdenciário. Ainda, serão abordadas as hipóteses de obtenção do benefício,
assim como os agentes nocivos ensejadores, as diferentes formas de comprovação
da exposição aos referidos agentes e sua efetiva nocividade, que poderá ou não ser
elidida pelo uso do equipamento de proteção individual. O nível de pesquisa é
exploratório com método de abordagem comparativo, diante da apresentação de
entendimentos distintos, doutrinários e jurisprudenciais, mediante pesquisas em
obras de diferentes autores e análises de julgados sobre o tema. Na pesquisa,
constatou-se que o equipamento de proteção individual nem sempre é capaz de
neutralizar a prejudicialidade da exposição ao agente nocivo, em que pese alguns
agentes sejam extremamente nocivos à saúde humana. Contudo, ainda que os
entendimentos sejam divergentes nesse sentido, o que prejudica o trabalhador na
hora de postular o que é seu de direito, há diversas formas de comprovar a
exposição prejudicial, cada uma de acordo com a via escolhida pelo segurado, seja
administrativa ou judicial, mediante apresentação de prova documental, pericial ou
testemunhal.

Palavras-chave: Aposentadoria especial. Agentes nocivos. Equipamento de


proteção individual. Previdência Social.
RESUMEN

Actualmente, hay miles de asegurados de la seguridad social demandando la


jubilación de la manera especial. La presente monografía tiene como objetivo
elucidar el concepto de la jubilación especial, sus vertientes y requisitos, a través de
diálogos entre varios autores de gran relevancia en el ámbito del derecho
previsional. Además, se abordarán las hipótesis de obtención del beneficio, así como
los agentes peligrosos, las diferentes formas de comprobación de la exposición a
dichos agentes y su efectiva nocividad, que puede o no ser erradicada por el uso del
equipo de protección individual. El nivel de investigación és de caracter exploratorio
con método de enfoque comparativo, ante la presentación de entendimientos
distintos, doctrinarios y jurisprudenciales, por meio de investigaciones en obras de
diversos autores y estudios de juzgados sobre el tema. En la investigación se
constató que el equipo de protección individual no siempre es capaz de contrarrestar
el daño de la exposición al agente peligroso, aunque algunos agentes son
extremadamente nocivos para la salud humana. Pero, aunque los entendimientos
sean ampliamente divergentes en este sentido, lo que perjudica al trabajador a la
hora de buscar lo que es suyo de derecho, hay diversas maneras de comprobar la
exposición dañosa, cada una según la vía elegida por el asegurado, ya sea
administrativa o judicial, mediante presentación de pruebas documentales, periciales
o testimoniales.

Palabras clave: Jubilación especial. Agentes dañosos. Equipo de protección


individual. Directo de la Seguridad Social.
LISTA DE SIGLAS

APS Agência da Previdência Social


CF Constituição Federal
CLT Consolidação das Leis do Trabalho
CRPS Conselho de Recursos da Previdência Social
CTC Certidão de Tempo de Contribuição
DER Data de entrada do requerimento
DIB Data do início do benefício
EPI Equipamento de Proteção Individual
IN Instrução Normativa
INSS Instituto Nacional do Seguro Social
IRDR Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas
JA Justificação Administrativa
JFRS Justiça Federal do Rio Grande do Sul
LBPS Lei de Benefícios da Previdência Social
LINACH Lista Nacional de Agentes Cancerígenos para Humanos
LTCAT Laudo Técnico de Condições do Ambiente de Trabalho
NR Norma Regulamentadora
PCMSO Programa de Controle Médico em Saúde Ocupacional
PEC Proposta de Emenda Constitucional
PPRA Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
RGPS Regime Geral da Previdência Social
RPPS Regime Próprio de Previdência Social
SAT Seguro de Acidentes de Trabalho
STF Supremo Tribunal Federal

STJ Superior Tribunal de Justiça


TNU Turma Nacional de Uniformização
TRF Tribunal Regional Federal
7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 8

1 APOSENTADORIA ESPECIAL ............................................................................. 11

1.1 CONCEITO E REQUISITOS DA APOSENTADORIA ESPECIAL ....................... 11


1.2 FORMAS DE COMPROVAÇÃO DA EFETIVA EXPOSIÇÃO AOS AGENTES
NOCIVOS .................................................................................................................. 25

2 A APOSENTADORIA ESPECIAL NAS ESFERAS ADMINISTRATIVA E


JUDICIAL .................................................................................................................. 38

2.1 A EFICÁCIA DO EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL PARA


NEUTRALIZAR A NOCIVIDADE DO CONTATO COM OS AGENTES
AGRESSIVOS............................................................................................................38
2.2 ENTENDIMENTO JURISPRUDENCIAL E DOUTRINÁRIO ACERCA DA
COMPROVAÇÃO DA EFETIVA EXPOSIÇÃO AOS AGENTES E IMPACTOS NA
MANUTENÇÃO DO BENEFÍCIO .............................................................................. 53
2.3 ANÁLISE DA PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO N. 06, DE 2019,
QUE PREVÊ A REFORMA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL ...................... 61

CONCLUSÃO ........................................................................................................... 72

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 75
8

INTRODUÇÃO

Atualmente, há milhares de trabalhadores, segurados da previdência social,


que trabalham expostos à agentes nocivos, independentemente de perceberem em
sua remuneração mensal o adicional de insalubridade e/ou periculosidade. Todavia,
o que muitos desses trabalhadores desconhecem, é que podem fazer jus à
aposentadoria na forma especial.
O objetivo desta pesquisa é justamente esclarecer o conceito da
aposentadoria especial, quem tem o direito e quais os agentes nocivos ensejadores
do benefício, assim como as possibilidades de acréscimo do tempo de contribuição
por reconhecimento da especialidade da atividade, em que pese o trabalhador não
obtenha o jubilamento na forma aqui apresentada.
Há diversos agentes considerados nocivos à saúde humana, que dão causa a
diversas doenças ocupacionais, sendo a referida exposição sem a proteção
adequada que caracteriza a atividade como especial e enseja o benefício. Contudo,
há vários requisitos para o enquadramento e formas de comprovação desse contato
do obreiro com o agente nocivo.
Existem agentes mais e menos agressivos à saúde humana, alguns até
mesmo são comprovadamente cancerígenos, porém, na seara previdenciária, o
enquadramento é o mesmo, seguindo um padrão de análise. O que difere essa
análise são fatores determinantes, como o uso de equipamento de proteção
individual eficaz e a habitualidade e permanência da exposição, fatores estes que
serão abordados no desenvolvimento do presente trabalho.
O requerimento de aposentadoria deve ser realizado diretamente ao Instituto
Nacional do Seguro Social, autarquia responsável pela análise e concessão de
benefícios previdenciários. Em caso de indeferimento administrativo, é possível a
interposição de recurso pelo próprio segurado, ainda na via administrativa, ou, o que
é mais comum, o ingresso na via judicial, por intermédio de um advogado, para se
obter a aposentadoria especial.
O que será especificamente abordado, sendo aprofundado no capítulo 02,
são as dificuldades enfrentadas pelos segurados para se obter o reconhecimento do
labor como especial, as divergências entre a via administrativa e judicial, bem como
9

as distintas maneiras de produzir prova para a comprovação do labor, como prova


testemunhal e pericial, além da documental.
Na via administrativa, o INSS não reconhece certos meios de prova, sendo a
análise extrajudicial adstrita tão somente às Instruções Normativas editadas pela
própria autarquia, muitas vezes obstando o segurado de comprovar o seu direito, se
vendo sem outra alternativa a não ser o ingresso na via judicial, ainda que seu
conjunto probatório esteja de acordo com a legislação vigente.
Ainda, a divergência de entendimentos se mostra também quando o segurado
apresenta documentos que informam quais os equipamentos de proteção individual
utilizados, se os mesmos neutralizam e/ou elidem a nocividade da exposição aos
agentes. Enquanto na via administrativa não há muita flexibilidade quanto ao
enquadramento com uso de EPI, na esfera judicial há a possibilidade de produzir
conjunto probatório distinto, bem como a aplicação de súmulas e entendimentos
jurisprudenciais, de instâncias superiores.
Para responder aos problemas de pesquisa referidos acima, serão analisados
os requisitos para o enquadramento das atividades como especiais e consequente
concessão do benefício, indicados os agentes nocivos ensejadores da
aposentadoria especial, sua efetiva prejudicialidade à saúde do trabalhador exposto,
e, ainda, serão brevemente relatados os equipamentos de proteção individual
disponíveis e a sua verdadeira funcionalidade para proteger o empregado dos
efeitos danosos à sua integridade.
Na presente pesquisa, será feita uma visão geral sobre o tema e apontados
os principais pontos obscuros e controvertidos na sistemática da análise da
concessão do benefício, sendo então utilizado o nível de pesquisa exploratório, com
método de abordagem comparativo, eis que serão expostas diferentes análises
sobre o mesmo tema, ou seja, a aposentadoria especial vista sob o prisma
doutrinário, jurisprudencial e administrativo.
Os resultados foram obtidos através de pesquisas em obras de diversos
autores relevantes para o assunto, assim como, foram realizadas análises
minuciosas em julgados de tribunais de todo o País e pesquisas de teses e artigos
científicos redigidos por especialistas no âmbito do direito previdenciário, como
juízes federais, advogados experientes atuantes na área e servidores da autarquia
previdenciária.
10

Para melhor compreensão do assunto proposto, este trabalho divide-se em


dois grandes capítulos e quatro subcapítulos. O primeiro grande capítulo trata da
aposentadoria especial como um todo, seu conceito geral, os requisitos gerais
perante o INSS, quem possui o direito e como se dá a concessão do benefício nas
esferas administrativa e judicial.
Este primeiro capítulo fragmenta-se em dois subcapítulos, o primeiro, para
estudo geral da aposentadoria especial, o passo-a-passo do requerimento até a
concessão, passando pelo possível indeferimento, requisitos e análises judiciais e
probabilidade de acréscimo de tempo de serviço por atividade especial, sem a
efetiva concessão do benefício.
O segundo subcapítulo aprofunda-se nas formas de comprovação da
especialidade do labor, o conjunto probatório que deve ser produzido, as
possibilidades em caso de empresa fechada ou atividade genérica, sem indicação
de agentes nocivos nos formulários, ou seja, tem como objetivo ilustrar o que de
praxe é indeferido pelo INSS e há possibilidade de êxito na via judicial.
Na sequência, o segundo grande capítulo aborda e analisa de forma
minuciosa as divergências entre as duas esferas, havendo de igual forma dois
subcapítulos que dividem-se para o estudo aprofundado dos equipamentos de
proteção individual, observados os limites do direito previdenciário, assim como sua
eficácia e funcionalidade.
Por fim, a pesquisa é finalizada com um último subcapítulo que demonstra um
panorama dos entendimentos jurisprudenciais e doutrinários distintos acerca do
mesmo tema, demonstrando os embasamentos mais utilizados no ato da concessão
do benefício e o consequente impacto positivo ou negativo para os segurados que
desejam o jubilamento na forma especial, ou mesmo o acréscimo no seu tempo de
contribuição.
11

1 APOSENTADORIA ESPECIAL

O presente capítulo tem como objetivo introduzir ao estudo sobre a


aposentadoria especial, explorando o conceito e os requisitos para a concessão do
referido benefício, bem como esclarecer a maneira na qual se dá o reconhecimento
do período de labor como especial, para fins de acréscimo no tempo de contribuição.
Será objeto de estudo, ainda neste capítulo, as formas de comprovação da
efetiva exposição aos agentes ensejadores do benefício, como, por exemplo, os
laudos técnicos e formulários que devem ser acostados no ato do requerimento
administrativo, assim como na via judicial.

1.1 CONCEITO E REQUISITOS DA APOSENTADORIA ESPECIAL

Atualmente, o benefício de aposentadoria especial é concedido aos


trabalhadores, homens e mulheres, sem distinção de sexo, 1 nem de idade,2 que
laboraram por 15, 20 ou 25 anos (de acordo com o tipo do agente) expostos a
agentes físicos (ruído, frio, calor, umidade, pressão, vibrações, radiações ionizantes
e não ionizantes, eletricidade), químicos (neblinas, poeiras, fumos, gases,
vapores...) ou biológicos (microorganismos),3 previstos na legislação previdenciária.4
A aposentadoria especial, diante das suas particularidades, pode ser
considerada uma forma diferente de aposentadoria, distinta daquelas já existentes
no ordenamento jurídico, eis que proporciona ao trabalhador a possibilidade de
aposentar-se antes de sofrer, de fato, os efeitos da nocividade da exposição aos
agentes.5 Ou seja, o objetivo da aposentadoria especial tem natureza extraordinária,
proporcionando uma espécie de “compensação” ao obreiro que desempenha suas

1 IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário. 16. ed. rev., ampl. e atual. Rio de
Janeiro: Impetus, 2011, p. 611.
2 MARTINEZ, Wladimir Novaes. Aposentadoria Especial. 4. ed. São Paulo: LTr, 2006, p. 28.
3 MARTINEZ, Wladimir Novaes. Curso de Direito Previdenciário. 4. ed. São Paulo: LTr, 2011, p.

855.
4 BRASIL. Presidência da República. Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os planos

de benefícios da Previdência Social e dá outras providências. Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm>. Acesso em: 03 maio 2018.
5 IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário. 15. ed. rev., ampl. e atual. Rio de

Janeiro: Impetus, 2010, p. 646.


12

atividades laborais em ambiente insalubre, em condições prejudiciais à sua saúde


e/ou integridade física, com riscos superiores aos demais.6
Contudo, houve uma pretensão de extinguir tal modalidade de aposentadoria,
eis que autoridades passaram a perceber a aposentadoria especial como um
benefício excessivamente oneroso aos cofres públicos, na medida em que os
segurados, mesmo estando aposentados, voltavam ao trabalho exercendo o mesmo
labor dito especial e com exposição a agentes nocivos. A ideia inicial era de exigir
uma comprovação da ocorrência de danos à saúde do trabalhador, através de uma
perícia médica, o que tornaria a aposentadoria especial semelhante à aposentadoria
por invalidez,7 o que não se confunde, eis que para a concessão da segunda
modalidade, o segurado deverá estar total e permanentemente incapacitado para o
labor, sendo caracterizado como inválido.8
A ideia da aposentadoria especial não se confundir com a aposentadoria por
invalidez não obsta o fato de os dois benefícios cumprirem uma mesma função, em
razão do mesmo risco social, qual seja, de cobrir a incapacidade para o trabalho,
causada pelo efetivo exercício de labor em contato com agentes prejudiciais à
saúde, ou, até mesmo, uma associação de agentes.9 Wladimir Novaes Martinez
corrobora os entendimentos, ao afirmar que:

Detém alguma semelhança com a aposentadoria por invalidez. O segurado


fica sujeito às agressões nocivas do meio ambiente ou condição laboral
artificial, sem necessariamente estar incapaz para o trabalho.10

A pretensão de extinguir a aposentadoria especial não se concretizou,


havendo apenas modificações na legislação que disciplinou a manutenção do
benefício, como, por exemplo, no caso do empregador, o ônus de expor os
empregados à condições insalubres é o acréscimo de 6, 9 ou 12% na contribuição,
de acordo com o tipo da atividade desempenhada, nos termos do artigo 57, §6º da
Lei 8.213/91.11

6 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 31. ed. São Paulo: Atlas, 2011, p. 357.
7 MARTINEZ, Wladimir Novaes. Curso de Direito Previdenciário. 4. ed. São Paulo: LTr, 2011, p.
853.
8 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 31. ed. São Paulo: Atlas, 2011, p. 331.
9 VIANNA, João Ernesto Arangonés. Curso de Direito Previdenciário. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2012,

p. 518.
10 MARTINEZ, Wladimir Novaes. Aposentadoria Especial. 4. ed. São Paulo: LTr, 2006, p. 41.
11 IBRAHIM, Fábio Zambitte. O financiamento da aposentadoria especial – Disciplina legal dos

adicionais de contribuição de 6, 9 e 12%. Migalhas. 11 set. 2017. Disponível em:


13

Tal acréscimo na contribuição se deu após 01 de abril de 1999, antes disso,


ele era de apenas 1, 2 e 3%, de acordo com o grau de risco da atividade. O que se
pode extrair da instauração desse acréscimo na alíquota, é que, além do uso para
custeio da aposentadoria especial, também servirá para financiamento das
prestações acidentárias, oriundas de acidentes de trabalho. Assim, o empregador é
onerado para que invista em segurança do trabalho, ainda que o recolhimento da
contribuição “a maior”, por parte do empregador, não obste a concessão da
aposentadoria especial aos empregados que assim tiverem o direito.12
Ainda se tratando do empregador, este possui o dever legal (previsto no §4º
do artigo 58 da LBPS) de elaborar o perfil profissiográfico previdenciário, mantendo-
o atualizado de acordo com as atividades desempenhadas pelo trabalhador,
alterando o documento em caso de mudança de posto ou setor, bem como em caso
de mudança nas instalações da empresa. O formulário também deverá conter a
informação sobre a eventual exposição do segurado à agentes nocivos,
possibilitando a busca pelo reconhecimento da especialidade do labor.13
Em casos nos quais o empregador se nega a fornecer o formulário, por
desídia, ou por entender que isto lhe prejudicará futuramente (principalmente pelo
fato de expor o empregado à condições insalubres), ou ainda, omitir a exposição aos
agentes de risco, é caso de o empregado ingressar com reclamatória trabalhista
para a entrega ou mesmo para retificação do PPP, cujo direito de ação não
prescreve.14
O entendimento majoritário acima mencionado, de que o direito de pleitear a
obtenção de documentos para fins de comprovação de tempo de serviço na seara
previdenciária não prescreve se fundamenta na própria Consolidação das Leis
Trabalhistas (CLT), em seu artigo 11, parágrafo primeiro:

<https://www.migalhas.com.br/Previdencialhas/120,MI265009,91041-
O+financiamento+da+aposentadoria+especial+Disciplina+legal+dos> Acesso em: 11 set. 2018.
12 MARTINEZ, Wladimir Novaes. Aposentadoria Especial. 4. ed. São Paulo: LTr, 2006, p. 173-174.
13 RIBEIRO, Maria Helena Carreira Alvim. Aposentadoria Especial - Regime Geral da Previdência

Social. 4. ed. rev. e atual. Curitiba: Juruá, 2010. p. 199-200.


14 JUSTIÇA DO TRABALHO. Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região. Ação de

reconhecimento de trabalho em atividade insalubre para fins de aposentadoria especial junto ao INSS
não prescreve. Publicado em 08 ago. 2016. Disponível em: <https://portal.trt3.jus.br/internet/conheca-
o-trt/comunicacao/noticias-juridicas/importadas-2015-2016/acao-de-reconhecimento-de-trabalho-em-
atividade-insalubre-para-fins-de-aposentadoria-especial-junto-ao-inss-nao-prescreve-08-08-2016-06-
00-acs>. Acesso em: 05 abr. 2019.
14

Art. 11. A pretensão quanto a créditos resultantes das relações de trabalho


prescreve em cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o
limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho.
(...)
§1º O disposto neste artigo não se aplica às ações que tenham por objeto
anotações para fins de prova junto à Previdência Social.15

Salienta-se que o empregado não é prejudicado em uma eventual ausência


de contribuições previdenciárias, sendo também ônus do empregador efetuar o
recolhimento, bastando o empregado comprovar o vínculo laboral e o exercício de
atividades caracterizadas como especiais para obter a aposentadoria especial. Ou, o
acréscimo no tempo de serviço mediante a conversão do tempo de serviço especial
para comum pelos multiplicadores definidos na legislação, o que será esclarecido
em seguida.16
A aposentadoria especial é devida aos segurados empregados, trabalhadores
avulsos e contribuintes individuais, estes últimos na qualidade de cooperados de
cooperativa de trabalho ou produção. Quanto aos contribuintes individuais que
realizam trabalhos esporádicos, sem vínculo empregatício, o entendimento do INSS
é de que, a partir do advento da Lei 9.032/95, em 29 de abril de 1995, não terão
mais o reconhecimento da especialidade de suas atividades, considerando a
impossibilidade de se reproduzir o seu ambiente de trabalho e comprovar o contato
com agentes nocivos. Há entendimento jurisprudencial em contrário, desde que o
segurado contribuinte individual não cooperado faça robusta prova em juízo das
suas atividades.17
Os segurados facultativos, empregados domésticos e eclesiásticos não
possuem o direito à benesse, haja vista a presunção de que não exercem atividades
nocivas. Como em muitas vezes, há exceções à regra, em caso de se comprovar
que o segurado empregado doméstico exerce atividades em contato com agentes
nocivos, nada obsta que requeira a contagem de tempo especial, desde que
comprovada a especialidade. Quanto aos contribuintes eclesiásticos, a doutrina e
jurisprudência são sólidas no sentido de que não possuem direito, eis que suas

15 BRASIL. Presidência da República. Decreto-Lei n. 5.452, de 1º de Maio de 1943. Aprova a


Consolidação das Leis do Trabalho. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-
Lei/Del5452compilado.htm>. Acesso em: 05 abr. 2019.
16 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 31. ed. São Paulo: Atlas, 2011, p. 359.
17 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário.

19. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2016, p. 728.
15

atividades de ministério religioso não os expõem a risco à saúde ou integridade


física.18
Uma vez concedido o benefício de aposentadoria especial, seja no âmbito
administrativo ou mediante ação judicial, a data de início do benefício (DIB) será
estabelecida de acordo com o tempo em que o segurado agendou o requerimento
perante o INSS, ou seja, se o requerimento foi em até noventa dias após o
desligamento da empresa, no âmbito administrativo, o trabalhador recebe os valores
remanescentes desde a data do desligamento. Outrossim, em caso de requerer
após noventa dias do último vínculo, ou em caso de ainda estar trabalhando,
receberá desde a data de entrada do requerimento (DER) no INSS.19
A maior vantagem da aposentadoria na forma especial, além do tempo
reduzido de contribuição, é a renda mensal do benefício, na qual não incide o fator
previdenciário, isto é, o segurado, por ser mais jovem (menos tempo de
contribuição), ficaria sujeito a um índice alto, considerando que o fator previdenciário
é baseado na expectativa de sobrevida, acabando o segurado por ser prejudicado
na renda do benefício com relação aos demais aposentados na forma comum. Por
conseguinte, o trabalhador que se aposenta na forma especial recebe 100% do seu
salário-de-benefício, tendo assim, uma renda mensal inicial mais vantajosa.20
Para aquele segurado que deseja obter a aposentadoria especial e continuar
trabalhando em atividade comum, sem exposição à agentes nocivos, é possível,
desde que continue vertendo contribuições ao Regime Geral de Previdência Social,
bem como, só poderá receber cumulativamente com a aposentadoria os benefícios
de salário maternidade, salário família e realizar a reabilitação profissional.21
Para o retorno à atividade insalubre, há vedação legal para tanto. O parágrafo
8º do artigo 57 da Lei de Benefícios prevê o cancelamento do benefício àquele
segurado que continua exercendo o labor que ensejou a aposentadoria especial.
Sendo assim, pela previsão legal, o aposentado na forma especial poderá continuar
trabalhando, somente sendo permitido o exercício de atividade que não seja aquela

18 MARTINEZ, Wladimir Novaes. Aposentadoria Especial. 4. ed. São Paulo: LTr, 2006, p. 38.
19 ALENCAR, Hermes Arrais. Benefícios Previdenciários. São Paulo: Livraria e Editora Universitária
de Direito, 2003, p. 123.
20 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário.

19. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2016, p. 558.
21 ALENCAR, Hermes Arrais. Benefícios Previdenciários. São Paulo: Livraria e Editora Universitária

de Direito, 2003, p. 125.


16

que ensejou a aposentadoria especial, sob pena de cancelamento do benefício em


caso do segurado voltar a exercer o labor em contato com os agentes nocivos. 22
A Constituição Federal de 1988 prevê, em seu artigo 5º, inciso XIII, o livre
exercício qualquer trabalho, ofício ou profissão. Seria, então, o parágrafo 8º do artigo
57 da Lei de Benefícios, uma norma inconstitucional, ao vetar o exercício da função
insalubre ao segurado aposentado? Segundo João Ernesto Arangonés Vianna, a
vedação possui razão legal, eis que objetiva proteger a integridade física do
empregado, não violando a Carta Magna.23
Contudo, há entendimento majoritário, do Superior Tribunal de Justiça,
pacificando a matéria, decidindo pela inconstitucionalidade do dispositivo da Lei n.
8.213/91, permitindo aos segurados o retorno à atividade insalubre, ainda que
estejam percebendo a aposentadoria especial.24 O referido entendimento será
melhor discorrido no capítulo 2 do presente trabalho.
Para fins de reconhecimento da especialidade das atividades
desempenhadas, a efetiva exposição aos agentes agressivos deverá ser
comprovada, bem como a ineficácia dos equipamentos de proteção fornecidos pelo
empregador, sob pena de indeferimento do benefício postulado. Ou seja, o
empregado que ingressa com o requerimento de aposentadoria especial assume o
ônus de provar as condições de trabalho.25
Não é necessário que a empresa na qual o empregado exerça o labor
especial tenha obrigatoriamente como atividade principal o dito labor insalubre, ou
seja, um segurado que trabalha em uma escola, por exemplo, que aparentemente
não é um ambiente insalubre ou que ofereça riscos ao empregado, pode, sim, ter o
direito à aposentadoria especial, desde que comprove que, especificamente, na sua
atividade, está exposto de forma habitual e permanente, não ocasional, nem
intermitente, à agentes biológicos, físicos ou químicos.26

22 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 23. ed. São Paulo: Atlas, 2011, p. 361.
23 VIANNA, João Ernesto Aragonés. Curso de Direito Previdenciário. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2012,
p. 522.
24 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Agravo em Recurso Especial n. 426.177/PR. Relator

Ministro Sérgio Kukina. Julgado em 27/03/2014. Disponível em:


<https://ww2.stj.jus.br/processo/pesquisa/?tipoPesquisa=tipoPesquisaNumeroRegistro&termo=20130
3704250&totalRegistrosPorPagina=40&aplicacao=processos.ea>. Acesso em: 18 nov. 2018.
25 MARTINEZ, Wladimir Novaes. Curso de Direito Previdenciário. 4. ed. São Paulo: LTr, 2011, p.

856.
26 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 31. ed. São Paulo: Atlas, 2011, p. 359.
17

Além do exposto acima, acerca das atividades desempenhadas pelo obreiro


na empresa, sinala-se que, ainda que o segurado esteja há, por exemplo, 25 anos
exercendo atividade especial, não são considerados no âmbito administrativo
aqueles períodos em que esteve em gozo de auxílio-doença, serviço militar
obrigatório ou for dirigente sindical exercendo mandato fora da empresa.27
Contudo, quanto ao interregno em que o trabalhador ficou afastado
percebendo auxílio-doença não acidentário, o Egrégio Tribunal Regional Federal da
4ª Região julgou, em 25 de outubro de 2017, o oitavo Incidente de Resolução de
Demandas Repetitivas (IRDR), que tramitou sob nº 5017896-60.2016.4.04.0000,
tendo por resultado possibilitar o cômputo do período em gozo de auxílio-doença
como tempo especial, desde que não acidentário.28
Do IRDR acima descrito foi interposto o Recurso Especial n. 1.759.098/RS
pelo INSS, o qual fora afetado como representativo de controvérsia repetitiva,
cadastrada como Tema 998, que aguarda julgamento até o presente momento,
restando suspensos todos os processos de primeiro e segundo grau que objetivam a
contagem de tempo em gozo de auxílio-doença de origem não acidentária, como
tempo especial.29
Ainda, podem ser agregados à contagem de tempo de labor especial o
período em que o trabalhador esteve em gozo de férias, bem como o período de
aviso prévio, benefícios por incapacidade (como já mencionado) e, por último, o
interregno em que a segurada percebeu salário-maternidade. Todos com a premissa
de que, no ato do afastamento, o segurado esteja exercendo o trabalho em
condições especiais.30
É relevante consignar que aquele trabalhador que recebe o adicional de
insalubridade, previsto na legislação trabalhista através da Norma Regulamentadora

27 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 31. ed. São Paulo: Atlas, 2011, p. 360.
28 JUSTIÇA FEDERAL. Tribunal Regional da 4ª Região. TRF4 uniformiza entendimento sobre
contagem do período de auxílio-doença como tempo especial. Publicado em 26 out. 2017. Disponível
em: <https://www2.trf4.jus.br/trf4/controlador.php?acao=noticia_visualizar&id_noticia=13259> Acesso
em 04 out. 2018.
29 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Cômputo de tempo especial durante auxílio-doença não

acidentário é tema de repetitivo. Publicado em 23 out. 2018. Disponível em:


<http://www.stj.jus.br/sites/STJ/default/pt_BR/Comunica%C3%A7%C3%A3o/noticias/Not%C3%ADcia
s/C%C3%B4mputo-de-tempo-de-servi%C3%A7o-especial-durante-
aux%C3%ADlio%E2%80%93doen%C3%A7a-n%C3%A3o-acident%C3%A1rio-%C3%A9-tema-de-
repetitivo>. Acesso em: 05 abr. 2019.
30 ALENCAR, Hermes Arrais. Benefícios Previdenciários. São Paulo: Livraria e Editora Universitária

de Direito, 2003, p. 117.


18

nº 15 (popularmente conhecida como NR-15),31 nem sempre terá o reconhecimento


da sua atividade laboral como especial no âmbito do direito previdenciário,
considerando que as legislações trabalhista e previdenciária não se confundem,
sendo o adicional de insalubridade apenas um mero indício de que a atividade
exercida poderá ser considerada especial.32
Além do adicional de insalubridade, o adicional de periculosidade previsto na
legislação trabalhista, no artigo 193, §1º da CLT,33 também não necessariamente
enseja o reconhecimento do período como especial. Isso porque o Decreto n. 2.172,
de 06 de março de 1997, deixou de considerar especiais as atividades penosas e
perigosas, sendo somente mantidas as atividades insalubres, desde que
devidamente comprovada a exposição, como já mencionado anteriormente. 34
Existe um impasse no ato da concessão do benefício de aposentadoria
especial, eis que o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), por muitas vezes,
deixa de reconhecer a especialidade do labor no que concerne aos períodos em que
o segurado esteve exposto a agentes agressivos, com a alegação do uso do
equipamento de proteção eficaz. O indeferimento administrativo enseja o segurado a
postular o benefício na via judicial, a qual propicia outras formas de comprovação,
assim como na esfera administrativa através de recurso.35
Em caso de indeferimento administrativo do requerimento de aposentadoria
especial, o segurado não necessariamente precisará apelar diretamente à justiça,
podendo se valer de recurso administrativo direcionado ao Conselho de Recursos da
Previdência Social, mediante uma das Juntas de Recurso, no prazo de trinta dias
contados da ciência da decisão que indeferiu a aposentadoria. O INSS também
poderá recorrer, bem como, desse recurso administrativo também cabe
contrarrazões da parte recorrida, assim como na via judicial.36

31 BRASIL. Ministério do Trabalho. Norma Regulamentadora n. 15, de 08 de junho de 1978.


Disponível em: <http://trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR15/NR-15.pdf> Acesso em 02
out. 2018.
32 DUARTE, Marina Vasques. Direito Previdenciário. 5. ed. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2008, p.

212.
33 BRASIL. Presidência da República. Decreto-Lei n. 5.452, de 01 de maio de 1943. Aprova a

Consolidação das Leis do Trabalho. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-


lei/Del5452.htm>. Acesso em: 17 nov. 2018.
34 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário.

19. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2016, p. 721.
35 IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário. 16. ed. rev., ampl. e atual. Rio de

Janeiro: Impetus, 2011, p. 615.


36 TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito Previdenciário. 9. ed. rev., ampl. e atual. Rio de Janeiro:

Lumen Juris, 2007, p. 215-216.


19

O diferencial é que, na Junta de Recursos, a irresignação poderá ser


protocolada diretamente pelo beneficiário, não havendo necessidade de auxílio de
um advogado ou nomeação de procurador habilitado, possibilitando que o acesso à
justiça seja utilizado como ultima ratio37, propiciando uma filtragem de ações
judiciais, a fim de colaborar com a celeridade e economia processual. Antes de o
recurso ser remetido à Junta competente para julgá-lo, o INSS, que proferiu a
decisão recorrida, terá a oportunidade de reavaliar o processo e proceder o juízo de
retratação, se assim entender necessário. Caso contrário, há a remessa do processo
administrativo para julgamento pela Junta de Recursos.38
A presente pesquisa versará acerca da concessão do benefício apenas aos
segurados filiados ao Regime Geral de Previdência Social, contudo, cabe mencionar
que também há a possibilidade dos filiados aos Regimes Próprios de Previdência
Social (especificamente quanto aos servidores públicos) serem beneficiados pelo
acréscimo do tempo de serviço por exercício de labor tido como especial. É
praticamente inexistente o regramento acerca de tal possibilidade, eis que a maioria
dos cargos públicos possuem gratificações e/ou prêmios específicos, não cabendo
um regramento universal para todos os cargos.39
Sendo assim, o segurado filiado a um regime próprio que exerça atividade
exposto à agentes nocivos, caso o regime não possua a previsão do acréscimo de
tempo, deverá se reportar ao Poder Judiciário, a fim de obter a benesse, ou, em
caso de ter exercido atividade especial antes de ingressar no serviço público, deverá
requerer a Certidão de Tempo de Contribuição (CTC) diretamente na Agência da
Previdência Social (APS), para fins de averbação junto ao regime próprio ao qual é
filiado.40
Salienta-se que todo servidor público tem direito de requerer a CTC com as
devidas averbações de tempo exercido em condições especiais, não devendo haver

37 “Ultima ratio” significa “última razão” ou “último recurso”. É uma expressão com origem no latim e
frequentemente empregada no Direito. Disponível em: <https://www.significados.com.br/ultima-ratio/>
Acesso em: 17 nov 2018.
38 IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário. 16. ed. rev., ampl. e atual. Rio de

Janeiro: Impetus, 2011, p. 501.


39 RODRIGUES, Demian do Prado Marçal. Aposentadoria Especial dos Servidores Públicos e os

Projetos Legislativos para sua Regulação. Disponível em:


<https://seer.agu.gov.br/index.php/EAGU/article/download/1284/94> Acesso em: 26 set. 2018.
40 JÚNIOR, Hilário Bocchi. Servidor Público tem regras de aposentadoria diferentes; entenda.

Globo, São Paulo, 22 out. 2017. Disponível em: <https://g1.globo.com/sp/ribeirao-preto-franca/pode-


perguntar/noticia/servidor-publico-tem-regras-de-aposentadoria-diferentes-entenda.ghtml> Acesso
em: 02 out. 2018.
20

objeções por parte da autarquia pública, para fins de averbação no RPPS. Nesse
sentido, importante decisão do Supremo Tribunal Federal:

1. O servidor público tem direito à emissão pelo INSS de certidão de tempo


de serviço prestado como celetista sob condições de insalubridade,
periculosidade e penosidade, com os acréscimos previstos na legislação
previdenciária.
2.A autarquia não tem legitimidade para opor resistência à emissão da
certidão com fundamento na alegada impossibilidade de sua utilização para
a aposentadoria estatutária; requerida esta, apenas a entidade à qual
incumba deferi-la é que poderia se opor à sua concessão.41

Ou seja, o acréscimo de tempo de contribuição também poderá beneficiar os


segurados servidores públicos, filiados aos regimes próprios de previdência, de
acordo com cada estatuto.42
O tema ainda é objeto de muito debate e divergências doutrinárias e
jurisprudenciais, o que se abordará no segundo capítulo desta obra, no entanto, ao
se fazer uma breve análise da Constituição Federal no que se concerne às
disposições aos regimes próprios de previdência, observa-se, no artigo 4º, §12, que
os regimes próprios observarão, no que couber, a legislação aplicada para o regime
geral.43
Até a promulgação da Carta Magna, a grande maioria dos servidores da
Administração Pública eram celetistas, contudo, a Constituição Federal implementou
um regime jurídico universal, passando os servidores a serem estatutários. A partir
de então, passaram a se suscitar dúvidas quanto ao cômputo dos períodos
laborados em condições especiais na época em que a relação entre a Administração
Pública e os seus servidores era regida pela Consolidação das Leis do Trabalho. A
Constituição Federal bem observou os princípios do direito adquirido e da
irretroatividade das leis, ou seja, podendo haver o reconhecimento dos períodos e o
cômputo junto ao Regime Próprio ao qual o trabalhador está filiado.44

41 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário n. 433.305/PB. Relator Ministro


Sepúlveda Pertence. Julgado em 14 fev. 2006. Disponível em:
<http://stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%28RE%24%2ESCLA%2E+E+433
305%2ENUME%2E%29+OU+%28RE%2EACMS%2E+ADJ2+433305%2EACMS%2E%29&base=bas
eAcordaos&url=http://tinyurl.com/pqfbsrc> Acesso em: 13 nov. 2018.
42 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário.

19. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2016, p. 756.
43 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 26
nov. 2018.
44 RIBEIRO, Maria Helena Carreira Alvim. Aposentadoria Especial - Regime Geral da Previdência

Social. 4. ed. rev. e atual. Curitiba: Juruá, 2010. p. 419.


21

Sendo assim, de acordo com a Constituição, o que não há previsão legal para
os regimes próprios, se utilizará como paradigma o disposto para o regime geral. Tal
dispositivo fortalece o entendimento supramencionado, qual seja, de que o servidor
poderá se valer do tempo exercido em contato com agentes nocivos, como tempo
especial, para aposentadoria junto ao RPPS, em caso de não haver disposição
nesse sentido na Lei própria.45
Quanto àqueles trabalhadores que não alcançaram os 15, 20 ou 25 anos de
tempo especial, conforme a atividade desempenhada, é possível obter um
acréscimo no tempo de serviço, ainda que a espécie de aposentadoria implantada
seja a de espécie B42, qual seja, aposentadoria por tempo de contribuição. O
acréscimo se dará de acordo com a tabela abaixo:

Tabela 1 – Multiplicadores para tempo de contribuição

Fonte: Governo do Brasil, 2012.46

Ou seja, em que pese não se obtenha o tempo necessário para a


aposentadoria especial (espécie B46), o empregado poderá se valer do acréscimo
acima, computando-se a mais o tempo laborado em condições especiais, para fins
de concessão da aposentadoria por tempo de contribuição nos moldes exigidos pelo
Instituto Nacional do Seguro Social, de acordo com o artigo 57, §5º, da Lei de
Benefícios da Previdência Social (Lei n. 8.213, de 1991):

Art 57. A aposentadoria especial será devida uma vez cumprida a carência
exigida nesta Lei, ao segurado que tiver trabalhado sujeito à condições
especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante 15
(quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme dispuser a Lei.
(Redação dada pela Lei n. 9.032, de 1995.
(...)

45 JUNIOR, Waldemar Ramos. Os servidores públicos têm direito à aposentadoria especial?


Jusbrasil, 03 de março de 2014. Disponível em:
<https://saberalei.jusbrasil.com.br/artigos/113727629/os-servidores-publicos-tem-direito-a-
aposentadoria-especial>. Acesso em: 16 nov. 2018.
46 BRASIL, Governo do. Tabela de Conversão – Aposentadoria Especial. Ministério da Previdência

Social. Publicado em 24 set. 2012. Disponível em: http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-


justica/2012/09/cidadao-que-trabalhar-em-condicoes-prejudiciais-a-saude-pode-aposentar-mais-
cedo/tabela-de-conversao-aposentadoria-especial/view>. Acesso em: 27 set. 2018.
22

§ 5º O tempo de trabalho exercido sob condições especiais que sejam ou


venham a ser consideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será
somado, após a respectiva conversão ao tempo de trabalho exercido em
atividade comum, segundo critérios estabelecidos pelo Ministério da
Previdência e Assistência Social, para efeito de concessão de qualquer
benefício. (Incluído pela Lei nº 9.032, de 1995)47

Do diploma legal transcrito acima, pode-se extrair que resta garantida ao


segurado a preservação do tempo de contribuição de labor exercido em contato com
agentes agressivos, independente da espécie de aposentadoria que terá concedida
pelo INSS, mediante os fatores de conversão correspondentes à espécie do
benefício.48
Pode-se citar como exemplo, um trabalhador do sexo masculino que possui
33 anos de contribuição (tempo comum). Durante sua vida laboral, trabalhou
exposto à agentes nocivos (ruído acima de 85 dB) por cinco anos, de 1984 a 1989.
Com a devida comprovação mediante formulário PPP emitido pela empresa, o INSS
enquadrou o devido período como de labor especial, convertendo-o pelo fator 1,4,
ou seja, multiplicando os cinco anos por 0,4. Com o referido acréscimo oriundo do
reconhecimento da atividade especial, o trabalhador passa a obter 35 anos de
contribuição, fazendo jus à aposentadoria por tempo de contribuição integral.49
Com base nas informações supra referidas, deve-se ressaltar que tal
modalidade de conversão (tempo especial em comum) é possível apenas para a
concessão do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição (espécie B42),
havendo a possibilidade do inverso, para fins de concessão da aposentadoria
especial, a qual será demonstrada a seguir.50
É incongruente prejudicar o obreiro que desempenhou atividades de risco
durante certo tempo, ainda que não tenha alcançado o mínimo para conseguir o
benefício integral. Ou, ainda, fadar o empregado que exerça a atividade especial a
se manter exposto, obrigatoriamente, durante 15, 20 ou 25 anos, causando prejuízos

47 BRASIL. Presidência da República. Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os planos
de benefícios da Previdência Social e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm>. Acesso em: 27 set. 2018.
48 CORREIA, Erica Paula Barcha; CORREIA, Marcus Orione Gonçalves. Curso de Direito da

Seguridade Social. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 390.


49 BENALI, Felipe Raul Borges; FUJISAWA, Renata Yuri Yokosawa. Planilha de contagem de

tempo para aposentadoria. Disponível em: <http://tempodeservico.blogspot.com/>. Acesso em: 30


mar. 2019.
50 IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário. 11. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro:

Impetus, 2008, p. 565.


23

irreversíveis à sua integridade física.51 Tal segregação contraria o princípio da


razoabilidade, na medida em que não seria nada razoável prejudicar aqueles
segurados que exerceram o labor especial por menos que o tempo necessário para
o jubilamento na forma especial.52
Além da conversão do tempo de labor especial em comum, pelos fatores
mencionados na tabela 1, também havia a possibilidade da conversão inversa, qual
seja, do tempo não preponderante (labor considerado comum) em tempo especial,
possibilitando ao trabalhador um acréscimo de tempo para fins de concessão da
aposentadoria especial (chamada administrativamente de espécie B46), ou seja,
ainda que o empregado não possuísse o tempo suficiente para a aposentação,
poderia valer-se de pequenos lapsos temporais de labor comum, para completar os
15, 20 ou 25 anos requisitados para a concessão do benefício.53
A referida conversão de tempo comum para especial também poderia se dar
em caso de atividades especiais distintas (conversão “especial para especial”), ou
seja, quando o empregado exercia por um determinado período de tempo uma
atividade dita insalubre, contudo, passou a exercer outro labor especial, em contato
com outros agentes, que lhe possibilitam a aposentadoria especial em tempos
diferentes (ex.: exposição à ruído: 25 anos, e trabalho em mina de carvão: 20 anos),
poderá converter o período em que passou menos tempo na atividade,54 conforme a
tabela abaixo:

Tabela 2 – Multiplicadores para tempo de contribuição

Fonte: Governo do Brasil, 2012. 55

51 MILANI, Daniel. Aposentadoria Especial: Possibilidade de Conversão para Comum. Revista


Científica FACIDER. Colíder, v. 07, p. 03, 2015.
52 CORREIA, Erica Paula Barcha; CORREIA, Marcus Orione Gonçalves. Curso de Direito da

Seguridade Social. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 389.


53 VIANNA, João Ernesto Aragonés. Curso de Direito Previdenciário. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2012,

p. 518.
54 IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário. 11. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro:

Impetus, 2008, p. 562.


55 BRASIL, Governo do. Tabela de Conversão – Aposentadoria Especial. Ministério da Previdência

Social. Publicado em 24 set. 2012. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-


24

Há hipóteses de vedação à conversão “especial para especial” e “especial


para comum”. O ordenamento jurídico veda tais possibilidades após a publicação da
Medida Provisória n. 1.663-10, que ocorreu em 28 de maio de 1998. A referida
medida revogou o §5º do artigo 57 da Lei de Benefícios, o qual possibilitava a
conversão “especial para comum”. Em 27 de agosto de 1998, a mesma Medida
Provisória supramencionada foi reeditada, sendo acrescentado o artigo 28, que
permitia a possibilidade de conversão até a publicação da Medida (28 de maio de
1998), desde que o segurado tivesse completado no mínimo 20% do tempo
necessário para o jubilamento na forma especial, o que foi denominado “direito
adquirido”.56
A Medida Provisória publicada em 28 de maio de 1998 foi convertida na Lei
9.711, de 28 de novembro de 1998. A revogação do §5º no artigo 57 da Lei n.
8.213/91 (Lei de Benefícios) não foi mantida expressamente, eis que a hipótese do
direito adquirido foi recepcionada no artigo 28 da Lei 9.711/98. Alguns
doutrinadores, em obras mais antigas, como Cláudia Salles Vilela Vianna, afirmam
que o INSS adotou o entendimento de que a inocorrência da revogação expressa do
§5º acarreta em uma “revogação tácita”, não devendo ser considerado o novo
ordenamento que versou sobre o tema (artigo 28 da Lei 9.711/98). Nessa senda, a
autarquia passaria a manter apenas a hipótese do direito adquirido, ou seja, a
conversão de tempo especial em comum, pelos fatores mencionados na tabela 1, só
poderia se dar nos períodos até 28 de maio de 1998, combinado com a regra de ter
no mínimo 20% do tempo necessário. 57
Por outro lado, Carlos Alberto Pereira de Castro e João Batista Lazzari, em
sua obra mais atualizada, do ano de 2016, observam que “na via administrativa, tem
sido adotada a posição de que, mesmo depois de 28/05/1998, é possível a
conversão do tempo especial em comum, uma vez que o §5º do art. 57 não teria
sido revogado.”, ou seja, nasce o entendimento de que a Lei n. 9.711/98 disciplinaria
uma situação transitória, não servindo como marco para a revogação do parágrafo
5º, supramencionado, que ainda estaria em pleno vigor, sendo majoritariamente

justica/2012/09/cidadao-que-trabalhar-em-condicoes-prejudiciais-a-saude-pode-aposentar-mais-
cedo/tabela-de-conversao-aposentadoria-especial/view> Acesso em: 24 out. 2018.
56 VIANNA, Cláudia Salles Vilela. Previdência Social – Custeio e Benefícios. 2. ed. São Paulo: LTr,

2008, p. 461.
57 VIANNA, Cláudia Salles Vilela. Previdência Social – Custeio e Benefícios. 2. ed. São Paulo: LTr,

2008, p. 459-460.
25

utilizado na jurisprudência o posicionamento provisório do Supremo Tribunal


Federal, qual seja, de que deve ser observada a legislação vigente à época do labor,
observado o princípio “tempus regit actum”.58
É importante ressalvar que há outras diversas possibilidades de
aposentadoria especial: do professor, do deficiente e do marítimo – as quais não
serão objeto de pesquisa no presente trabalho, por apresentarem requisitos
específicos e outras maneiras de comprovação.
Por fim, se demonstrará a seguir as formas de comprovação da efetiva
exposição aos agentes agressivos, eis que, conforme já exposto, o trabalhador
adquire o ônus de provar suas alegações, devendo buscar os formulários e laudos
junto ao empregador, ou justificar a impossibilidade de obtê-los.

1.2 FORMAS DE COMPROVAÇÃO DA EFETIVA EXPOSIÇÃO AOS AGENTES


NOCIVOS

Assim como todo benefício previdenciário, deve ser apresentado pelo


segurado um conjunto probatório no ato do requerimento perante o INSS. Todavia,
para a aposentadoria especial, a documentação é deveras específica e há também
outras hipóteses de comprovação que o segurado exerce o labor especial, o que se
estudará neste subcapítulo.
Tanto na via administrativa como na judicial, é imprescindível seja
comprovado que o segurado esteve, de fato, exposto aos agentes agressivos, de
forma habitual e permanente, não ocasional nem intermitente, não bastando o
segurado apenas fazer parte de uma categoria59, ou seja, o segurado deverá estar
exposto durante toda a jornada, bem como, tal exposição deverá ser indispensável
ao exercício do trabalho e prestação do serviço ao empregador.60
Oficialmente, são quatro os meios habituais de provar a presença dos
agentes agressivos no ambiente laboral. São eles: documentos, emitidos pelo

58 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário.
19. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2016, p. 755.
59 GOES, Hugo. Resumo de Direito Previdenciário. 8. ed. Rio de Janeiro: Ferreira, 2016, p. 98.
60 TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito Previdenciário. 9. ed. rev., ampl. e atual. Rio de Janeiro:

Lumen Juris, 2007, p. 158.


26

empregador; verificação in loco por profissionais habilitados pela autarquia


previdenciária; laudos elaborados por peritos oficiais, de confiança do Juízo ou
particulares, por iniciativa da empresa; e prova oral com a oitiva de testemunhas. Os
principais, que mais apontam veracidade no ato de aferir o reconhecimento à
aposentadoria especial são os documentos, eis que emitidos pelo empregador, com
a assinatura e sob responsabilidade de técnicos devidamente qualificados.61
Judicialmente, o entendimento da necessidade da exposição habitual e
permanente é flexibilizado, no período anterior ao advento da Lei n. 9.032/95, eis
que esta instaurou a necessidade de comprovação da efetiva exposição, bem como
da habitualidade e permanência. O requisito da habitualidade e permanência poderá
ser aferido em Juízo, em caso de não reconhecimento do período na via
administrativa.62
Contudo, a demonstração da não intermitência do exercício da atividade tida
como especial deverá se dar mediante prova pericial e/ou testemunhal, para que se
possa discernir os efeitos nocivos no trabalhador que é exposto eventualmente e
naquele exposto de forma habitual e permanente aos agentes agressivos. 63 Quanto
ao conceito de “habitualidade e permanência”, no âmbito do direito previdenciário,
considera-se unânime o entendimento de Marcelo Leonardo Tavares, qual seja:

Considera-se trabalho permanente aquele que é exercido de forma não


ocasional, nem intermitente, no qual a exposição ao agente nocivo seja
indissociável da produção do bem ou da prestação do serviço. 64

No que se trata de comprovar judicialmente a exposição, é objeto de


divergência jurisprudencial, especificamente quanto ao agente ruído, eis que alguns
tribunais entendem pela necessidade de apresentação de laudo técnico emitido pela
empresa para corroborar o informado no Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP),
outros entendem que basta a mera apresentação do formulário PPP.65

61 MARTINEZ, Wladimir Novaes. A prova no direito previdenciário. 2. ed. São Paulo: LTr, 2009, p.
153.
62 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário.

16. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2014, p. 720.
63 CORREIA, Erica Paula Barcha; CORREIA, Marcus Orione Gonçalves. Curso de Direito da

Seguridade Social. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 386.


64 TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito Previdenciário. 9. ed. rev, ampl e atual. Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2007, p. 158.
65 SANTOS, Marisa Ferreira dos. In: LENZA, Pedro (Coord). Direito Previdenciário Esquematizado.

6. ed. São Paulo: Saraiva, 2016, p. 305.


27

O trabalhador obrigatoriamente deverá apresentar no INSS, no mínimo, o


formulário PPP, caso queira comprovar a exposição ao agente ruído, com a
indicação do limite de tolerância, tendo em vista que, para este agente, o uso do
equipamento de proteção não neutraliza a nocividade da exposição, conforme se
verá no próximo capítulo. Fato é que, antes do advento da Lei n. 9.032, em 29 de
abril de 1995, não era exigido o laudo técnico, bastando meramente o formulário
preenchido pelo empregador, ou outro documento comprovando que o segurado
pertencia a uma certa categoria.66
A exigência de documentação varia de acordo com a Agência da Previdência
Social na qual o segurado ingressa com o requerimento, bem como de acordo com a
judicância, em caso de requerimento na esfera judicial, considerando que alguns
magistrados se atêm à jurisprudência na análise da prova apresentada. Entretanto, é
comum que a grande maioria dos requerimentos administrativos sejam indeferidos
em razão da ausência de documentação, bem como a justificação administrativa é
considerada insuficiente (prova unilateral), o que leva a lide ao judiciário, para que a
prova seja aferida in loco67 mediante perícia técnica.68
O que leva as questões ao judiciário é o fato de que, administrativamente, as
exigências, cada vez mais rigorosas com relação à documentação comprobatória,
acabam por inviabilizar a concessão do benefício na prática, onerando os
trabalhadores no sentido de buscar novas formas de comprovação da especialidade
das atividades desempenhadas, muitas vezes sem sucesso, o que têm diminuído
consideravelmente o número de aposentadorias concedidas na via administrativa,
fazendo-as passar pelo crivo do judiciário,69 não que este seja mais flexível, mas
possibilita ao empregado outras formas de demonstrar as condições de trabalho a
que era submetido.
Como já referido, há uma certa dificuldade para o segurado demonstrar o
cenário no qual exercia suas atividades, em caso de empresa inativa, eis que, para o
Instituto Nacional do Seguro Social, documentos unilaterais dificilmente são aceitos
como prova (fotos, recibos de pagamento e afins), apenas combinados com outras

66 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 31. ed. São Paulo: Atlas, 2011, p. 363-364.
67 In loco: no próprio local, in situ. Disponível em:
<https://www.google.com.br/search?safe=strict&rlz=1C1GCEA_enBR823BR823&q=Dicion%C3%A1ri
o#dobs=in%20loco> Acesso em: 13 nov 2018.
68 DUARTE, Marina Vasques. Direito Previdenciário. 5. ed. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2008, p.

225.
69 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 23. ed. São Paulo: Atlas, 2005, p. 361.
28

provas, como prova testemunhal e formulários emitidos pela empresa, como PPP e
laudo técnico emitido por profissional capacitado, como Médico do Trabalho ou
Engenheiro de Segurança do Trabalho. Declarações de sindicatos também são
pouco aceitas, exceto em conjunto com outros documentos para a análise do
INSS.70
A prova testemunhal poderá ser requerida administrativamente, por meio da
Justificação Administrativa, ou na via judicial por meio de audiência de instrução.
Contudo, não há garantias de ser um meio de prova acolhido pela autarquia ou
pelos magistrados, considerando que é uma prova frágil, sendo muitas vezes
considerada unilateral. As testemunhas deverão ter sido colegas de trabalho do
segurado requerente da aposentadoria, bem como preferencialmente ter trabalhado
no mesmo posto e função que o empregado. Ainda assim, é a JA é considerada um
começo de convencimento, devendo ser robustamente acompanhada de outros
meios de prova.71
Também é possível, mediante ação previdenciária, o reconhecimento do
tempo especial com base em sentença proferida na Justiça do Trabalho, no caso de
ter sido produzida prova pericial para aferição de direito à percepção de adicionais
como, por exemplo, insalubridade e periculosidade. Tal tipo de prova também se
mostra apta a demonstrar o reconhecimento, ou não, do trabalho como especial,
ainda que os adicionais no direito trabalhista não se confundam com o labor
especial, válido apenas no âmbito do direito previdenciário.72
O INSS restringe a utilização de laudos periciais produzidos no âmbito da
Justiça do Trabalho, bem como de sentenças trabalhistas, quando não
acompanhados por um início de prova material idônea, devendo o segurado recorrer
à Justiça Federal, que verificará a decisão e existência de provas aptas a
reconhecer o labor especial.73
Há uma distinção entre as expressões “perfil profissiográfico” e “perfil
profissiográfico previdenciário”, considerando que ambos possuíam funções

70 MARTINEZ, Wladimir Novaes. Curso de Direito Previdenciário. 5. ed. São Paulo: LTr, 2013, p.
853.
71 MARTINEZ, Wladimir Novaes. A prova no direito previdenciário. 2. ed. São Paulo: LTr, 2009, p.

218-219.
72 RIBEIRO, Maria Helena Carreira Alvim. Aposentadoria Especial - Regime Geral da Previdência

Social. 4. ed. rev. e atual. Curitiba: Juruá, 2010. p. 215.


73 MARTINEZ, Wladimir Novaes. A prova no direito previdenciário. 2. ed. São Paulo: LTr, 2009, p.

220-221.
29

distintas. O primeiro, tinha o condão de abranger as atividades e atribuições


desenvolvidas pelo empregado, bem como o mapeamento das circunstâncias do
ambiente laboral. No entanto, o Decreto n. 4.032, de 29 de novembro de 2001,
implementou o conceito de perfil profissiográfico previdenciário, atribuindo ao
empregador informar, além das atividades executadas pelo empregado, também as
condições laborais, os agentes nocivos aos quais esteve exposto, registros
ambientais e dados acerca de prevenção de riscos ocupacionais no ambiente
laboral.74
O Perfil Profissiográfico Previdenciário passou a ser exigido após 31 de
dezembro de 2003. Anteriormente, haviam os formulários DSS-8030, SB-40,
DIRBEN-8030,75 entre outros, os quais continham informações acerca da atividade
exercida pelo obreiro e os agentes aos quais estava exposto. Tais formulários
poderiam ser preenchidos por funcionário do setor de recursos humanos da
empresa ou mesmo pelo representante do sindicato da categoria, não sendo
necessário o preenchimento por profissional da segurança do trabalho, ao contrário
do PPP que exige responsável técnico.76
Até 28 de abril de 1995, bastavam os formulários SB-40 ou DSS-8030 para
comprovar que o segurado esteve exposto à agentes nocivos. Posteriormente, o
INSS passou a exigir o laudo técnico devidamente preenchido com a indicação dos
agentes nocivos aos quais o segurado esteve exposto, porém, após 05 de março de
1997, sobreveio a exigência não somente do laudo técnico, mas, sim, que este
contenha informações que comprovem a exposição habitual e permanente ao
agente agressivo e os mecanismos de proteção ao trabalhador.77
O formulário SB-40 se trata de um formulário preenchido unilateralmente pelo
empregador (ou preposto), sem a necessidade de um responsável técnico, onde
informa as atividades desempenhadas pelo trabalhador, bem como relata a
exposição à agentes nocivos, sem quaisquer informações técnicas. Era exigido até a
vigência da Lei 9.032/95, sem a necessidade de apresentação de laudo técnico. 78

74 RIBEIRO, Maria Helena Carreira Alvim. Aposentadoria Especial - Regime Geral da Previdência
Social. 4. ed. rev. e atual. Curitiba: Juruá, 2010. p. 207-209.
75 MARTINEZ, Wladimir Novaes. Aposentadoria Especial. 4. ed. São Paulo: LTr, 2006, p. 58.
76 IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário. 16. ed. rev., ampl. e atual. Rio de

Janeiro: Impetus, 2011, p. 612-613.


77 ALENCAR, Hermes Arrais. Benefícios Previdenciários. São Paulo: Livraria e Editora Universitária

de Direito, 2003, p. 119.


78 RIBEIRO, Maria Helena Carreira Alvim. Aposentadoria Especial - Regime Geral da Previdência
30

Da mesma forma, o DSS-8030, o que os diferencia é apenas o fato de que, o


DSS-8030, obrigatoriamente deveria ser baseado em laudo técnico, em caso de
apontar exposição do segurado a agentes que exigissem medição técnica (calor,
ruído), diferentemente do SB-40. A exigência da apresentação do laudo técnico em
conjunto com o DSS-8030 se deu após o advento da Lei 9.528/97. Ainda assim, a
empresa que preenche o documento estará sujeita à inspeção no local, mesmo que
os documentos gozem de presunção juris tantum79 de veracidade.80
Atualmente, o ordenamento jurídico exige a apresentação do laudo técnico
das condições de trabalho (LTCAT), entretanto, o Superior Tribunal de Justiça, no
julgamento do Incidente de Uniformização nos Juizados Especiais Federais (IUJEF)
n. 10.262/RS interposto pelo INSS, ocorrido em 08 de fevereiro de 2017, consolidou
o entendimento que apenas o PPP basta para o reconhecimento da exposição do
segurado ao ruído acima dos limites legais, considerando que, para a confecção do
referido formulário, é necessário o embasamento em um laudo técnico elaborado por
um especialista, que poderá ser o médico do trabalho ou engenheiro de segurança
do trabalho.81
Ainda, no julgamento acima mencionado, foi destacado pelo Ministro Relator
que o INSS não apresentou nenhuma irresignação formal ao conteúdo do formulário
PPP, o que gera uma presunção absoluta de que o conteúdo é fidedigno e
totalmente adstrito ao laudo técnico, não sendo necessária a apresentação deste
último. Segue ementa para melhor compreensão:

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA.


PREVIDENCIÁRIO. COMPROVAÇÃO DE TEMPO DE SERVIÇO
ESPECIAL. RUÍDO. PERFIL PROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO
(PPP). APRESENTAÇÃO SIMULTÂNEA DO RESPECTIVO LAUDO
TÉCNICO DE CONDIÇÕES AMBIENTAIS DE TRABALHO (LTCAT).
DESNECESSIDADE QUANDO AUSENTE IDÔNEA IMPUGNAÇÃO AO
CONTEÚDO DO PPP. 1. Em regra, trazido aos autos o Perfil
Profissiográfico Previdenciário (PPP), dispensável se faz, para o
reconhecimento e contagem do tempo de serviço especial do segurado, a
juntada do respectivo Laudo Técnico de Condições Ambientais de Trabalho
(LTCAT), na medida que o PPP já é elaborado com base nos dados

Social. 4. ed. rev. e atual. Curitiba: Juruá, 2010. p. 201.


79 Juris tantum: diz-se da presunção relativa ou condicional que, resultante do próprio direito, e,

embora por ele estabelecida como verdadeira, admite prova em contrário. Disponível em:
<https://www.google.com.br/search?safe=strict&rlz=1C1GCEA_enBR825BR825&q=Dicion%C3%A1ri
o#dobs=juris%20tantum> Acesso em: 10 nov. 2018.
80 RIBEIRO, Maria Helena Carreira Alvim. Aposentadoria Especial - Regime Geral da Previdência

Social. 2. ed. Curitiba: Juruá, 2005. p. 201-202.


81 IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário. 15. ed. rev., ampl. e atual. Rio de

Janeiro: Impetus, 2010, p 649.


31

existentes no LTCAT, ressalvando-se, entretanto, a necessidade da


também apresentação desse laudo quando idoneamente impugnado o
conteúdo do PPP. 2. No caso concreto, conforme destacado no escorreito
acórdão da TNU, assim como no bem lançado pronunciamento do Parquet,
não foi suscitada pelo órgão previdenciário nenhuma objeção específica às
informações técnicas constantes do PPP anexado aos autos, não se
podendo, por isso, recusar-lhe validade como meio de prova apto à
comprovação da exposição do trabalhador ao agente nocivo "ruído". 82

O LTCAT e o PPP são documentos fornecidos pelos empregadores, que, em


regra, devem ser atualizados de acordo com as mudanças no leiaute da empresa,
ou, ainda, com a mudança de posto do empregado, e devem ser fornecidos no ato
da rescisão do contrato de trabalho. Ambos não devem ser fornecidos apenas aos
empregados que exercem atividade insalubre, mas, sim, para todos os funcionários,
contendo a informação se estão ou não sujeitos a agentes nocivos.83
O laudo técnico geralmente serve para embasar o preenchimento do PPP,
pois nele constam informações técnicas sobre os riscos aos quais o empregado está
exposto, disposição dos empregados nos setores e postos de trabalho da empresa,
e, principalmente, as tecnologias utilizadas para elidir ou neutralizar os riscos
laborais (agentes nocivos), tais como equipamentos de proteção individual ou
coletiva.84
Ainda, há o PCMSO (programa de controle médico de saúde ocupacional),
que deve ser formulado por um médico do trabalho e implementado, de acordo com
a atividade e quantidade de funcionários da empresa. Assim como o PCMSO, o
PPRA (programa de prevenção de riscos ambientais) também deve ser
implementado nas empresas em que há exposição dos trabalhadores a agentes de
risco, com a diferença que este deverá ser elaborado por um engenheiro de
segurança do trabalho. Ambos os programas podem ser apresentados pelo
empregador em formato de laudo técnico, com a premissa de terem as devidas
aferições dos agentes nocivos no ambiente laboral.85

82 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Petição nº 10.262-RS (2013/0404814-0). Relator Ministro


Sérgio Kukina. Data do Julgamento: 08 fev. 2017. Disponível em:
<https://ww2.stj.jus.br/processo/pesquisa/?aplicacao=processos.ea>. Acesso em: 20 ago. 2018
83 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 23. ed. São Paulo: Atlas, 2005, p. 360-361.
84 GOES, Hugo. Resumo de Direito Previdenciário. 8. ed. Rio de Janeiro: Ferreira, 2016, p. 99.
85 IANAGUIVARA, Carolina Perpétuo. Guia de legislação trabalhista para clínicas odontológicas

particulares. 2018. 102 f. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia em Saúde). Programa de


Pós-Graduação da Universidade de Mogi das Cruzes, Mogi das Cruzes, SP, 2018, p. 52. Disponível
em: <http://pergamumweb.umc.br/pergamumweb/vinculos/000002/00000262.pdf>. Acesso em: 07
abr. 2019.
32

Em recente decisão de Incidente de Uniformização de Jurisprudência (IUJEF)


apresentado pelo INSS, já mencionado acima, o Superior Tribunal de Justiça
considerou dispensável a apresentação do laudo técnico em conjunto com o PPP,
com a fundamentação de que este último estava devidamente preenchido, com a
indicação de responsável técnico, bem como, que o INSS não suscitou nenhuma
dúvida objetiva acerca do conteúdo do formulário.86
Para fins de concessão do benefício, em que pese o segurado não possua
nenhum documento comprobatório, apenas a Carteira de Trabalho e Previdência
Social (CTPS) indicando a existência do vínculo, bem como a negativa
administrativa, poderá, sim, ingressar com ação previdenciária para ver reconhecida
a atividade especial, formulando pedido de prova pericial por similaridade, conforme
a doutrinadora Maria Helena Carreira Alvin Ribeiro.87
Em regra, no ato do requerimento, deve ser acostado o laudo, de acordo com
a Lei n. 9.732/98, que modificou os parágrafos 1 e 2 do artigo 58 da Lei de
Benefícios (8.213/91), fazendo constar que deverá ser apresentado formulário
emitido pela empresa, em conjunto com laudo técnico que embasou o seu
preenchimento.88 Sendo assim, a doutrina é unânime, após 14 de dezembro de 1998
(data em que foi publicada no Diário Oficial a Lei 9.732) é necessária a juntada do
PPP em conjunto com o laudo técnico que embasou o seu preenchimento, para fins
de análise do período laborado em condições especiais.89
No laudo técnico em questão, obrigatoriamente deve conter os postos de
trabalho da empresa, bem como os agentes nocivos aos quais os empregados estão
expostos em cada setor, bem como os índices de tolerância.90 Além disso,
primordialmente, o laudo deve indicar as medidas de proteção aos trabalhadores,

86 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Aposentadoria especial pode ter laudo técnico dispensado
quando instruída com perfil profissiográfico. Publicado em 14 fev. 2017. Disponível em:
<http://www.stj.jus.br/sites/STJ/default/pt_BR/Comunica%C3%A7%C3%A3o/noticias/Not%C3%ADcia
s/Aposentadoria-especial-pode-ter-laudo-t%C3%A9cnico-dispensado-quando-instru%C3%ADda-com-
perfil-profissiogr%C3%A1fico>. Acesso em: 18 nov. 2018.
87 RIBEIRO, Maria Helena Carreira Alvim. Aposentadoria Especial - Regime Geral da Previdência

Social. 2. ed. Curitiba: Juruá, 2005. p. 305-306.


88 BRASIL. Presidência da República. Lei n. 9.732, de 11 de dezembro de 1998. Altera dispositivos

das Leis n. 8.212 e 8.213, ambas de 24 de julho de 1991, da Lei n. 9.317, de 05 de dezembro de
1996 e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9732.htm>.
Acesso em: 18 nov. 2018.
89 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário.
16. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2014, p. 725.
90 VIANNA, João Ernesto Aragonés. Curso de Direito Previdenciário. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2012,

p. 528-529.
33

individuais e coletivas, que têm o condão de minimizar (não neutralizando, como se


verá a seguir) a nocividade dos agentes presentes no ambiente de trabalho, bem
como a fiscalização de uso dos equipamentos.91
Em tempo, discorrendo sobre as informações constantes no laudo técnico,
importante salientar que a Lei 9.528 de 10 de dezembro de 1997 também alterou o
artigo 58, §2º da Lei de Benefícios, dispondo sobre a necessidade de haver
esclarecimento acerca das estratégias de proteção aos trabalhadores nos laudos,
conforme segue:

Art. 58. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos e biológicos ou


associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física
considerados para fins de concessão da aposentadoria especial de que
trata o artigo anterior será definida pelo Poder Executivo.
(...)
§ 2° Do laudo técnico referido no parágrafo anterior deverão constar
informação sobre a existência de tecnologia de proteção coletiva que
diminua a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância e
recomendação sobre a sua adoção pelo estabelecimento respectivo.92

A nocividade da exposição ao agente nocivo físico ruído e o uso do EPI serão


objeto de discussão no próximo capítulo. Há diversos empregadores que fornecem
formulários e/ou laudos inconclusivos no que se refere à proteção individual e
coletiva do trabalhador, o que enseja o indeferimento do benefício na esfera
administrativa, considerando que, como já consignado acima, os formulários devem
conter expressamente sobre estratégias de proteção individual e/ou coletiva aos
trabalhadores.93
Pautados os esclarecimentos pertinentes à documentação necessária, passa-
se a uma análise doutrinária e jurisprudencial acerca da concessão da
aposentadoria especial com base no grupo ou categoria profissional, bem como das
demais formas de comprovação previstas no ordenamento.
O Decreto n. 53.831, de 25 de março de 1964, foi o pioneiro, no qual, em seu
único quadro anexo, dispunha sobre o reconhecimento do tempo especial para fins
de concessão de aposentadoria, com base meramente no grupo profissional e
atividades desenvolvidas pelo segurado, bem como estabelecia os agentes nocivos

91 VIEIRA, Marco André Ramos. Manual de Direito Previdenciário. 3. ed. Rio de Janeiro: Impetus,
2003, p. 375.
92 BRASIL. Presidência da República. Lei n. 9.528, de 10 de dezembro de 1997. Altera dispositivos

das Leis n. 8.212 e 8.213, ambas de 24 de julho de 1991, e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9528.htm>. Acesso em: 18 nov. 2018.
93 DUARTE, Marina Vasques. Direito Previdenciário. 5. ed. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2008, p.

214-216.
34

em análise qualitativa, ou seja, bastando a mera exposição para caracterizar a


especialidade do labor.94
O referido Decreto foi revogado anos depois, e passou a vigorar o Decreto n.
83.080, de 24 de janeiro de 1979, o qual teve o condão de regulamentar os
benefícios da previdência social, com uma visão geral sobre todos os benefícios,
versando sobre acidentes do trabalho, tempo rural, etc., bem como, dividiu o único
quadro anexo do Decreto n. 53.831/64 em dois anexos, quais sejam, I e II, o
primeiro regulamentando os agentes nocivos (ainda em análise qualitativa) e o
segundo, dispondo sobre os grupos profissionais.95
A partir de 29 de abril de 1995, data da publicação da Lei n. 9.032, a qual
revogou o Anexo II do Decreto n. 83.080/79, passou a ser vedado o reconhecimento
de tempo especial com base apenas na categoria profissional a qual pertence o
trabalhador, devendo ser apresentados documentos comprobatórios da efetiva
exposição à agentes nocivos. Contudo, salienta-se que a Lei não retroage, ainda
que o obreiro tenha exercido atividades constantes nos Decretos já revogados, terá
o direito de ver computado o período até 1995, sem a necessidade de apresentar
documentação. 96
Sendo assim, exemplifica-se que um segurado que exercia a atividade de
motorista de caminhão no ano de 1991, poderá ter o tempo reconhecido como
especial, tendo em vista que a atividade de motorista estava prevista nos itens 2.4.4
e 2.4.2 dos Decretos n. 53.831/64 e 83.080/79, respectivamente. Assim como os
motoristas, estão inclusos seus ajudantes e cobradores, desde que o labor seja
executado no mesmo local e condições que o empregado cujo cargo é abrangido
pelos Decretos. Cabe salientar que a atividade de motorista fora utilizada como
exemplo, havendo mais atividades nos Decretos.97
Como já introduzido na presente pesquisa, é de responsabilidade apenas do
segurado providenciar a documentação comprobatória junto aos empregadores. Em

94 BRASIL. Presidência da República. Decreto n. 53.831, de 25 de março de 1964. Dispõe sobre a


aposentadoria especial instituída pela Lei n. 3.807, de 26 de agosto de 1960. Disponível em:
<http://sislex.previdencia.gov.br/paginas/23/1964/53831.htm>. Acesso em: 16 nov. 2018.
95 BRASIL. Presidência da República. Decreto n. 83.080, de 24 de janeiro de 1979. Aprova o

regulamento dos benefícios da previdência social. Disponível em:


<http://sislex.previdencia.gov.br/paginas/23/1979/83080.htm>. Acesso em: 16 nov. 2018.
96 DUARTE, Marina Vasques. Direito Previdenciário. 5. ed. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2008, p.

214-216.
97 AMADO, Frederico. Curso de Direito e Processo Previdenciário. 8. ed. rev. ampl. e atual.

Salvador: Juspodivm, 2016, p. 713, 716, 728.


35

caso de não obtenção de qualquer documento, apenas por extinção da empresa, há


a possibilidade de realizar a Justificação Administrativa, que poderá ser instruída
com base nas informações constantes na Carteira de Trabalho do empregado, bem
como em utilizar um laudo técnico de atividade similar à desempenhada pelo
trabalhador, em empresa paradigma.98
Assim, na via administrativa, são poucas as hipóteses nas quais o ente
público considera documentos emitidos por similaridade, com base na alegação que
é impossível descrever com exatidão o ambiente de trabalho já extinto ou com outro
leiaute, ocasionando a diminuição no número das aposentadorias especiais
concedidas diretamente pela via administrativa.99
No âmbito jurídico, o segurado ainda poderá requerer a prova pericial, a fim
de aferir, in loco, os índices de exposição aos agentes nocivos, seja para
complementar a prova documental (caso seja escassa ou parcial) ou, ainda, que a
empresa esteja extinta, e não houverem documentos aptos a comprovar a
especialidade do labor, a perícia poderá ser feita por similitude em empresa
paradigma, bem como se a empresa na qual o segurado exerceu o labor especial
teve modificações no seu leiaute e condições de trabalho. 100
A possibilidade da prova pericial por analogia ainda é objeto de debate
doutrinário, contudo, Wladimir Novaes Martinez entende que, desde que seja
devidamente elaborado por profissional qualificado e idôneo, é perfeitamente
possível o desenvolvimento de laudo pericial por similitude, considerando que o
perito possui capacidade técnica e científica para proceder a reconstrução do
ambiente laboral, também pautado no senso comum do expert em conjunto com as
declarações do próprio segurado e do representante da empresa paradigma.101
A perícia deverá ser realizada por perito nomeado pelo Juízo, podendo ser
realizada diretamente na empresa, ou, por similaridade, quando a empresa na qual o
empregado desempenhou o labor está extinta ou o setor não mais existe. Alguns
doutrinadores, como Elizeu Domingues Gomes, afirmam que, em caso de empresa

98 VIANNA, Cláudia Salles Vilela. Previdência Social. 2. ed. São Paulo: LTr, 2008, p. 456.
99 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 31. ed. São Paulo: Atlas, 2011, p. 364-365.
100 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário.

16. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2014, p. 735.
101 MARTINEZ, Wladimir Novaes. A prova no direito previdenciário. 2. ed. São Paulo: LTr, 2009, p.

158.
36

inativa, deve-se processar a Justificação Administrativa a fim de colher a prova


testemunhal das atividades.102
O laudo pericial deverá conter alguns elementos obrigatórios para a
compreensão do que se deseja aferir. Deve haver uma avaliação subjetiva, ou seja,
no ponto de vista do profissional, quanto aos agentes nocivos presentes no
ambiente laboral, bem como um breve relatório da situação fática no local de
trabalho no momento da perícia, e, obrigatoriamente, a resolução dos quesitos,
ofertados tanto pelo segurado quanto pelo INSS. Por fim, o perito deverá apresentar
um relatório final, conclusivo com relação ao objeto da perícia, a fim de demonstrar
ao Juízo quais as reais condições de labor do segurado que requer a especialidade
do período.103
Contudo, para Castro e Lazzari104, assim como para Maria Helena Ribeiro105,
é plenamente válido o laudo pericial realizado em empresa paradigma, ainda que
seja em época distinta à do exercício do labor, sendo esse o único meio possível de
comprovação. Nesse sentido, a Súmula n. 68 da Turma Nacional de Uniformização:
“O laudo pericial não contemporâneo ao período trabalhado é apto à comprovação
da atividade especial do segurado.”.106
Os magistrados também devem aceitar laudos periciais produzidos na Justiça
do Trabalho ou Ministério do Trabalho, a fim de comprovar
insalubridade/periculosidade, bem como laudos produzidos por peritos contratados,
considerando que sejam solicitados pelos empregadores.107 Este requisito, de que o
laudo deve ter sido requisitado pelo empregador, se dá diante do fato de que toda
empresa deve ter um laudo técnico atualizado, sob pena de incorrer nas multas

102 GOMES, Elizeu Domingues. Rotinas Trabalhistas e Previdenciárias. Belo Horizonte: Líder,
2006, p. 349.
103 MARTINEZ, Wladimir Novaes. A prova no direito previdenciário. 2. ed. São Paulo: LTr, 2009, p.

120.
104 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário.
16. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2014, p. 734-735.
105 RIBEIRO, Maria Helena Carreira Alvim. Aposentadoria Especial - Regime Geral da Previdência

Social. 2. ed. Curitiba: Juruá, 2005. p. 305-306.


106 BRASIL, Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais. Súmula nº 68 da

TNU. Disponível em:


<http://www.jf.jus.br/phpdoc/virtus/sumula.php?nsul=68&PHPSESSID=d5rpi552gvlk6fh099suantd96>.
Acesso em: 18 nov. 2018.
107 GOMES, Elizeu Domingues. Rotinas Trabalhistas e Previdenciárias. Belo Horizonte: Líder,

2006, p. 350.
37

previstas no artigo 133 da Lei de Benefícios108 e artigo 283 do Regulamento da


Previdência Social.109
Além da comprovação da efetiva exposição, a prova pericial também terá o
fito de comprovar o requisito primordial já mencionado, qual seja, a habitualidade e
permanência. Em que pese o agente não seja o mesmo, por exemplo, um
trabalhador que labora exposto de forma concomitante à ruído e agentes químicos,
sendo o primeiro de forma habitual e permanente, e o segundo de forma
intermitente, ainda assim terá o período reconhecido como especial, bem como em
caso de intervalos pequenos durante a jornada de trabalho.110
Na letra da lei, de acordo com o Decreto n. 2.172, de 03 de março de 1997, o
INSS deixou de considerar a periculosidade um fator determinante para considerar o
período como especial. Entretanto, a Súmula n. 198 do extinto TFR (Tribunal
Federal de Recursos) estabelece que “atendidos os demais requisitos, é devida a
aposentadoria especial, se perícia judicial constata que a atividade exercida pelo
segurado é perigosa, insalubre ou penosa, mesmo não inscrita em regulamento”.111
O Superior Tribunal de Justiça segue este entendimento, não exaurindo o
reconhecimento da especialidade, ainda que haja apenas indicação de
periculosidade em perícia técnica, pois tal indicação atende o conceito de atividade
prejudicial à saúde e/ou integridade física do trabalhador, nos termos do artigo 201,
§1º da Constituição Federal.112
Por fim, a referida pesquisa terá como objeto, além do já mencionado,
esclarecer os métodos de comprovação do exercício da atividade especial, tais
como laudos técnicos, periciais e formulários fornecidos pelos empregadores, bem
como os efeitos da exposição aos agentes nocivos para a saúde dos obreiros e
formas de prevenção, mediante o uso de equipamentos de proteção individual e
coletiva.

108 BRASIL. Presidência da República. Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os planos
de benefícios da Previdência Social e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm>. Acesso em: 18 nov. 2018.
109 BRASIL. Presidência da República. Decreto n. 3.048, de 06 de maio de 1999. Aprova o

regulamento da Previdência Social, e dá outras providências. Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3048.htm>. Acesso em: 18 nov. 2018.
110 IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário. 16. ed. rev., ampl. e atual. Rio de

Janeiro: Impetus, 2011, p. 611.


111 BRASIL. Tribunal Federal de Recursos. Súmula n. 198 do TFR. Disponível em:
<http://sislex.previdencia.gov.br/paginas/75/TFR/198.htm>. Acesso em: 16 nov. 2018.
112 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário.

19. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2016, p. 736.
38

2 A APOSENTADORIA ESPECIAL NAS ESFERAS ADMINISTRATIVA E


JUDICIAL

Neste capítulo, será aprofundado o estudo acerca do instituto da


aposentadoria especial, e suas formas de concessão administrativa ou por meio de
ação previdenciária perante o Poder Judiciário, bem como suas alterações
legislativas e normativas. Também será objeto da presente pesquisa as divergências
doutrinárias e jurisprudenciais quanto ao tema e seus impactos no ato de concessão
do benefício.
Ainda, serão tecidas considerações quanto à efetividade das tecnologias de
proteção ao trabalhador, seja pelo uso de equipamentos de proteção individual pelo
empregado ou pela implementação, pelo empregador, de tecnologias de prevenção
coletiva, assim como o dever de fiscalização do Poder Público e do empregador.
Por fim, serão trazidas as propostas de alteração na Previdência Social,
dentre elas as normas atinentes à aposentadoria especial.

2.1 A EFICÁCIA DO EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL PARA


NEUTRALIZAR A NOCIVIDADE DO CONTATO COM OS AGENTES AGRESSIVOS

De grande relevância para o entendimento do tema, esclarecer acerca dos


métodos de proteção ao trabalhador e seus impactos na manutenção do benefício
de aposentadoria especial pelo INSS e pelo poder judiciário, assim como a eficiência
dos referidos métodos e entendimentos seguidos na análise da documentação
comprobatória, para o devido enquadramento das atividades como especiais,
conforme se passará a expor.
Inicialmente, cumpre referir o que vem determinado através de duas súmulas
da Turma Nacional de Uniformização: a) “O uso de Equipamento de Proteção
Individual (EPI), ainda que elimine a insalubridade, no caso de exposição a ruído,
39

não descaracteriza o tempo de serviço especial prestado.” 113; b) “Para


reconhecimento de condição especial de trabalho antes de 29/04/1995, a exposição
a agentes nocivos à saúde ou à integridade física não precisa ocorrer de forma
permanente.”,114 ou seja, a Autarquia Federal deveria aplicar o entendimento
majoritário em suas decisões, não exigindo comprovação de habitualidade e
permanência, pelo menos antes de 1995.
O entendimento da TNU tem embasamento em estudos na área da
segurança do trabalho, os quais afirmam que a exposição a altos níveis de ruído por
período prolongado (o que justifica a exigência da habitualidade e permanência)
podem causar diversos efeitos colaterais oriundos das vibrações emitidas, efeitos
estes que vão muito além da relação apenas do som com o ouvido.115
Com a edição do Decreto n. 2.172/97, passou-se a considerar como
atividades especiais apenas aquelas insalubres, de análise quantitativa (observados
os limites de tolerância previstos na legislação), e não qualitativa, como se permitia
anteriormente, apenas com a mera exposição ao agente nocivo para a
caracterização da atividade como especial. O entendimento doutrinário aponta que a
edição do Dec. 2.172/97 não contém respaldo legal, eis que até mesmo o Superior
Tribunal de Justiça adota o posicionamento que é possível o enquadramento da
atividade especial em razão da periculosidade, após o julgamento do REsp n.
1.306.113/SC.116
A fiscalização do uso dos equipamentos de proteção individual deverá ser
feita pelo empregador. A mera aquisição e disponibilização dos equipamentos não
exime o empregador da culpa em caso de uma doença ocupacional, ou mesmo de
alegar que o empregado não está exposto a agentes nocivos. Deve haver uma

113 BRASIL, Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais. Súmula nº 09 da
TNU. Disponível em: <http://www.jf.jus.br/phpdoc/virtus/sumula.php?nsul=9>. Acesso em: 03 maio
2018.
114 BRASIL, Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais. Súmula nº 49 da

TNU. Disponível em:


<http://www.jf.jus.br/phpdoc/virtus/sumula.php?nsul=49&PHPSESSID=hhgupt1i1rt8bgmh3r1m1l04g4
> Acesso em: 06 jun. 2018.
115 BATISTA JUNIOR, Ernesto Emir Kugler; VILLATORE, Marco Antônio César. Aspectos

psicossociais no meio ambiente de trabalho e prevenção da saúde mental do trabalhador. Revista do


Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região. Curitiba, v. 7, n. 64, p. 47, dez./jan. 2017/2018.
Disponível em:
<https://juslaboris.tst.jus.br/bitstream/handle/20.500.12178/123416/2017_rev_trt09_v0007_n0064.pdf
?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em 30 mar. 2019.
116 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário.

16. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2014, p. 721.
40

fiscalização e cobrança do uso adequado, bem como trocas regulares de acordo


com a vida útil dos equipamentos.117
Dessa exigência às empresas, Sérgio Pinto Martins conclui que os
empregadores estão adquirindo equipamentos de proteção, não com a intenção de
proteger os empregados, mas, sim, para se abster do pagamento da contribuição
previdenciária adicional, já mencionada no capítulo anterior. Sendo assim, muitas
empresas acabam por disfarçar o ambiente laboral, deixando de lado o verdadeiro
intuito do equipamento de proteção, apenas para benefício próprio (isenção da
contribuição adicional), sem certificação de que a tecnologia de proteção contratada
surta seus efeitos perante os trabalhadores.118
Antes de abril de 1999, quando a Lei n. 9.732/98 passou a vigorar, ainda não
existia o adicional de contribuição acima mencionado aos empregadores, no caso de
haver empregados expostos à agentes nocivos, então, há doutrinadores que
entendem que à essa época, muitos empregadores forneciam formulários com
indicação de agentes nocivos, não indicando uso de EPI eficaz, de forma proposital,
para que o empregado possa se valer do acréscimo oriundo do enquadramento da
atividade como especial.119
Embora o segurado utilize o equipamento de proteção individual
eventualmente, este não tem, necessariamente, o condão de elidir a nocividade da
exposição, sendo devido o reconhecimento da especialidade da atividade, como
bem consignam Marcus Orione Gonçalves Correia e Erica Paula Barcha Correia:

Constate-se que inclusive eventual fornecimento de equipamento de


proteção individual não inviabiliza (...) a contagem do tempo de forma
especial. Por outro lado, há estudos no sentido de que mesmo a utilização
de equipamentos de proteção individual não é suficiente para neutralizar
totalmente o agente agressivo em certos casos, como por exemplo na
hipótese de exposição a ruídos. 120

Além do ruído, também faz jus à aposentadoria especial o empregado que


está exposto a outros agentes, como já mencionado. Entretanto, a análise da

117 TRIBUNAL Regional do Trabalho da 3ª Região. Empregador deve fiscalizar e cobrar o uso do EPI.
Jusbrasil, 25 de abril de 2013. Disponível em: <https://trt-
3.jusbrasil.com.br/noticias/100477786/empregador-deve-fiscalizar-e-cobrar-uso-do-epi>. Acesso em:
18 nov. 2018.
118 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 23. ed. São Paulo: Atlas, 2005, p. 361.
119 KERTZMAN, Ivan. Curso Prático de Direito Previdenciário. 14. ed. rev. atual. ampl. Salvador:

JusPodivm, 2016, p. 409.


120 CORREIA, Erica Paula Barcha; CORREIA, Marcus Orione Gonçalves. Curso de Direito da

Seguridade Social. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 390-391.


41

intensidade da exposição é baseada em outros aspectos, tais como concentração,


natureza, intensidade e fator de exposição.121
Quanto aos agentes biológicos, por exemplo, possuem uma análise
diferenciada, tanto pelo servidor do INSS, na esfera administrativa, quanto pelo
magistrado, nos casos em que é necessário acionar o Poder Judiciário. Esta análise
mais flexibilizada é comprovada pela própria autarquia, que, por vezes, reconhece
que o equipamento de proteção individual não neutraliza a exposição aos agentes
biológicos (microrganismos).122
Na via administrativa, atualmente, para se obter o reconhecimento, é
necessário que o formulário apresentado no ato do requerimento conste que o
empregado estava sujeito à exposição a doenças infectocontagiosas, não bastando
apenas a indicação genérica de agentes biológicos, conforme expresso na Instrução
Normativa n. 77, que estabelece os requisitos:

Art. 285. A exposição ocupacional a agentes nocivos de natureza biológica


infectocontagiosa dará ensejo à caracterização de atividade exercida em
condições especiais.123

A sujeição a agentes biológicos não necessariamente ocorre apenas nas


atividades na área da saúde, como em hospitais e clínicas médicas. Os
mencionados agentes estão presentes também na indústria dos frigoríficos e
abatedouros, onde os funcionários não raramente exercem atividades que os
colocam em contato direto com restos de animais infectados.124
Tamanha é a nocividade do exercício de trabalho em abatedouros de animais,
que foi criada a Norma Regulamentadora n. 36, que dispõe exclusivamente sobre
segurança e saúde nesse tipo de ambiente laboral. Especificamente o item 36.9.4 da
NR versa sobre os agentes biológicos, o tipo de controle que deve ser realizado,

121 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário.
16. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2014, p. 723.
122 MORAIS, Richard. Previdência afirma que EPI não neutraliza o risco biológico. Quality Safety

Assessoria em Segurança do Trabalho. Lorena, 28 de setembro de 2017. Disponível em:


<https://www.qualitysafetyassessoria.com.br/previdencia-afirma-que-epi-nao-neutraliza-o-risco-
biologico/>. Acesso em: 18 jun. 2018.
123 BRASIL. Previdência Social. Instrução Normativa n. 77, de 21 de janeiro de 2015. Estabelece

rotinas para agilizar e uniformizar o reconhecimento de direitos dos segurados e beneficiários da


Previdência Social, com observância aos princípios estabelecidos no artigo 37 da Constituição
Federal de 1988. Disponível em: <http://sislex.previdencia.gov.br/paginas/38/inss-pres/2015/77.htm>.
Acesso em: 05 abr. 2019.
124 MARRA, Gabriela Chaves; SOUZA, Luciana Hugue de; CARDOSO, Telma Abdalla de Oliveira.

Biossegurança no trabalho em frigoríficos: da margem do lucro à margem da segurança. Revista


Ciência & Saúde Coletiva. Rio de Janeiro, v. 18, n. 11, nov. 2013, p. 3259-3271. Disponível em:
<https://www.scielosp.org/pdf/csc/2013.v18n11/3259-3271/pt>. Acesso em: 05 abr. 2019.
42

inspeções sanitárias e o uso dos EPIs adequados para proteção, ainda que o uso,
como mencionado anteriormente, não obste o direito do empregado de pleitear o
reconhecimento da especialidade da atividade.125
Além dos trabalhadores em empresas de abate de animais, também há a
possibilidade de trabalhadores na coleta de lixo urbano na via pública e em locais
privados, bem como lixo hospitalar, obterem o acréscimo de tempo especial por
exposição a agentes biológicos, como vírus, fungos e bactérias, assim como
doenças infectocontagiosas, no caso do lixo hospitalar.126
O agravante da exposição aos agentes biológicos nos casos dos
trabalhadores em nosocômios, é principalmente o contato com material contaminado
por agentes patogênicos, sendo alguns transmissíveis pelo ar, não bastando, por
exemplo, o uso de luvas e máscaras para a proteção do trabalhador.127
Ainda no caso dos profissionais da saúde, estes, antes do advento da Lei
9.032/95, obtinham o reconhecimento da especialidade do labor por categoria
profissional (já esclarecido no capítulo 01), sem a necessidade de provar a
exposição aos agentes nocivos e/ou a ineficácia do equipamento de proteção
individual, como é necessário atualmente, eis que nas atividades de enfermagem e
semelhantes, há contato direto com pacientes doentes e é obrigatório o uso do
EPI,128 Portanto, deve ser realizada a comprovação, oficialmente, pelo menos
perante a autarquia previdenciária, no ato do requerimento administrativo, ainda que,
como mencionado anteriormente, algumas agências possuem um entendimento
mais flexibilizado na análise da exposição aos agentes biológicos, por ser de forma
qualitativa, conforme a Orientação Interna nº 187, de 19 de março de 2008, da
Diretoria de Beneficios do INSS, em seu artigo 16:

125 BRASIL. Ministério do Trabalho. Norma Regulamentadora n. 36, de 19 de abril de 2013.


Disponível em: <http://www.trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR36.pdf>. Acesso em: 05
abr. 2019.
126 LAZZARI, Michelly Angelina; REIS, Cássia Barbosa. Os coletores de lixo urbano no município de

Dourados (MS) e sua percepção sobre os riscos biológicos em seu processo de trabalho. Revista
Ciência & Saúde Coletiva. Rio de Janeiro, v. 16, n. 8, ago. 2011, p. 3437-3442. Disponível em:
<https://www.scielosp.org/article/csc/2011.v16n8/3437-3442/>. Acesso em: 07 abr. 2019.
127 CALHEIROS, Juliana de Morais; NASCIMENTO, Ana Simone Silva do; SANTOS, Arly Karolyne

Albert, et at. A utilização dos equipamentos de proteção individual nos acidentes com materiais
biológicos. Revista Gep News. Maceió, v. 02, n. 02, abr./jun. 2018, p. 23-28. Disponível em:
<http://www.seer.ufal.br/index.php/gepnews/article/view/5234>. Acesso em: 09 abr. 2019.
128 CARRARA, Gisleangela Lima Rodrigues; MAGALHÃES, Deisy Monier; LIMA, Renan Catani.

Riscos ocupacionais e os agravos à saúde dos profissionais de enfermagem. Revista Fafibe On-
Line. Bebedouro, v. 08, n. 01, out. 2015, p. 10. Disponível em:
<http://unifafibe.com.br/revistasonline/arquivos/revistafafibeonline/sumario/36/30102015185405.pdf>.
Acesso em: 09 abr. 2019.
43

Art. 16. A análise da exposição ao agente nocivo Agentes Biológicos


atenderá aos critérios de:
I - avaliação: qualitativa [...]129

Os equipamentos de proteção indicados para proteger o empregado dos


riscos biológicos, seja em casas de saúde ou outros ambientes, são protetores
faciais (máscaras), luvas, mangas de proteção, calçados impermeáveis e aventais
e/ou capas. Salienta-se que cada equipamento deve ser utilizado de acordo com a
atividade desempenhada, por exemplo, um trabalhador em frigorífico ou coleta de
lixo não utiliza o mesmo equipamento de proteção usado por empregados da área
da saúde.130
Quanto aos agentes químicos, há alguns considerados carcinogênicos para
humanos, de acordo com o rol previsto na Lista Nacional de Agentes Cancerígenos
para Humanos – LINACH,131 os quais também possuem análise qualitativa perante a
autarquia previdenciária, bem como perante o poder judiciário, bastando a mera
exposição, independentemente do uso do EPI ou observância de limites legais, para
a caracterização da especialidade do labor, considerando que podem ser absorvidos
não só pelas vias aéreas, mas também por via cutânea e ocular, o que o
equipamento de proteção individual não consegue neutralizar totalmente a
nocividade da exposição.
Além dos previstos na LINACH, é pacificado que os químicos previstos no
Anexo 13 da NR-15 também são de análise qualitativa. Assim, no caso dos
hidrocarbonetos aromáticos, a análise não se sujeita a limites específicos de
tolerância, bastando a inspeção no local de trabalho ou menção nos formulários
utilizados como prova.132 Contudo, quanto aos do Anexo 13, bem como quanto aos

129 BRASIL. Ministério da Previdência Social. Orientação Interna n. 187, de 19 de março de 2008.
Recomendação para análise de tempo especial. Disponível em:
<http://www.consultaesic.cgu.gov.br/busca/dados/Lists/Pedido/Attachments/485468/RESPOSTA_PE
DIDO_oidirben187.pdf>. Acesso em: 09 abr. 2019.
130 NEVES, Roberpaulo Anacleto. Noções Gerais de Biossegurança. Goiás: Pontifícia Universidade

Católica de Goiás, 2016, p. 18-26. Disponível em:


<http://professor.pucgoias.edu.br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/15347/material/Biosseguran%C
3%A7a.pdf>. Acesso em: 19 maio 2019.
131 BRASIL. Ministérios do Trabalho e Emprego, da Saúde e da Previdência Social. Portaria

Interministerial MTE/MS/MPS nº 09, de 07 de outubro de 2014. Publica a Lista Nacional de


Agentes Cancerígenos para Humanos (LINACH), como referência para políticas públicas, na forma
do anexo a esta portaria. Disponível em: <http://sislex.previdencia.gov.br/paginas/65/MPS-MTE-
MS/2014/9.htm>. Acesso em: 27 abr. 2019.
132 JUSTIÇA Federal. Conselho da Justiça Federal. Análise da exposição de trabalhador a agentes

químicos do anexo 13 da NR 15 deve ser qualitativa e não sujeita a limites de tolerância.


Publicado em 27 jul. 2016. Disponível em: <https://www.cjf.jus.br/cjf/noticias/2016-1/julho/analise-da-
44

demais agentes nocivos (exceto ruído, como já mencionado), deve haver a


comprovação da não utilização ou ineficácia de EPI para o enquadramento da
atividade como especial, em que pese alguns sejam de análise qualitativa.
O embasamento da afirmação se dá conforme entendimento fixado pelo
Superior Tribunal de Justiça no Agravo em Recurso Extraordinário n. 664.335/SC, o
qual teve repercussão geral reconhecida (tema 555), que pacificou duas teses: a
primeira, que a menção de uso de equipamento de proteção eficaz descaracteriza o
trabalho como especial para fins previdenciários; a segunda, alinha-se com o
entendimento da Turma Nacional de Uniformização (súmula nº 09), que,
especificamente quanto ao agente físico ruído, o uso do EPI não neutraliza a relação
nociva da exposição do segurado. Ainda, no que tange a primeira tese, se houver
dúvida quanto à real eficácia do equipamento, a premissa é sempre em favor do
segurado.133
Ou seja, como bem ressaltado pela doutrinadora Marisa Ferreira dos Santos,
no caso da primeira tese, a presunção é relativa, eis que deve haver comprovação
de ineficácia do EPI, outrossim, na segunda tese, a qual versa sobre o agente
nocivo ruído, a presunção é absoluta, considerando que basta o empregado
comprovar exposição ao ruído acima do nível de tolerância à época para se obter o
enquadramento da especialidade, independentemente de utilização ou eficácia de
equipamento de proteção individual.134
A relativização da eficácia do equipamento de proteção individual para os
agentes químicos fundamenta-se no fato de que muitos podem causar dependência
e sérios danos à saúde do trabalhador, ainda que não estejam no rol dos
cancerigenos. Pode ocorrer, além da dependência física e psíquica, um quadro
severo de intoxicamento e envenenamento, que pode levar o obreiro à morte.135
O agente nocivo físico ruído é o mais citado na doutrina e jurisprudência, haja
vista os entendimentos divergentes e alterações legislativas que normatizaram os

exposicao-de-trabalhador-a-agentes-quimicos-deve-ser-qualitativa-e-nao-sujeita-a-limites-de-
tolerancia>. Acesso em: 27 abr. 2019.
133 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Agravo em Recurso Extraordinário n. 664.335. Relator

Ministro Luiz Fux. Repercussão geral reconhecida em 15 de junho de 2012. Disponível em:
<http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/verAndamentoProcesso.asp?incidente=41707
32&numeroProcesso=664335&classeProcesso=ARE&numeroTema=555#>. Acesso em: 27 abr.
2019.
134 SANTOS, Marisa Ferreira dos. In: LENZA, Pedro (Coord). Direito Previdenciário
Esquematizado. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2016, p. 310-311.
135 MICHEL, Oswaldo. Controle do uso de produtos perigosos causadores de dependência e

lesões entre os trabalhadores. São Paulo: LTr, 2002, p. 07.


45

limites de tolerância à exposição. Durante o advento dos Decretos n. 53.831 e


83.080, o nível de tolerância era de 80 decibéis, no entanto, com a vigência do
Decreto n. 2.172/97, em 05/03/1997 até a edição do Decreto n. 4.882, em
18/11/2003, a tolerância era de até 90 decibéis. Atualmente, desde 19/11/2003, a
regra geral é respeitar o nível de 85 decibéis, independentemente do uso de EPI (de
acordo com o entendimento jurisprudencial).136
Para a proteção do obreiro quanto ao agente físico ruído, existem dois tipos
de protetores auriculares: tipo plug (por meio de inserção no canal auditivo) e tipo
concha (por vedação na orelha). Ambos possuem o condão de diminuir, em média,
16 a 19 decibéis de ruído no ambiente laboral.137
Outrossim, ainda que haja essa atenuação do ruído, é cediço apontar a
importância da utilização do equipamento, em que pese não seja fator determinante
para o enquadramento da atividade como especial, eis que, como brevemente
mencionado, os efeitos da exposição do empregado ao ruído excessivo vão muito
além da relação do barulho apenas com o canal auditivo, ou seja, não sendo
garantia total da proteção da audição, contudo, podendo afetar de forma irreversível
os demais sistemas do corpo humano.138
Há milhares de agentes químicos tóxicos, utilizados para diversos fins, seja
na indústria, agropecuária, construção civil e outras áreas. Assim, obrigatoriamente
os trabalhadores dessas áreas acabam entrando em contato, na maioria das vezes
de forma habitual e permanente, pois os riscos do contato com químicos estão em
três fatores: inalação, absorção e ingestão, sendo que, para cada tipo de intoxicação
há uma forma de neutralização, assim como um equipamento adequado, sendo
imprescindível o uso do EPI e EPC de acordo com o agente e a forma de contato,
para que se mantenha a maior distância possível do risco.139

136 IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário. 15. ed. rev., ampl. e atual. Rio de
Janeiro: Impetus, 2010, p. 655.
137 SONEGO, Marília Trevisan; SANTOS FILHA, Valdete Alves Valentins dos; MORAES, Anaelena

Bragança de. Equipamento de proteção individual auricular: avaliação da efetividade em


trabalhadores expostos à ruído. Revista CEFAC. Santa Maria, v. 18, n. 03, maio/jun 2016, p. 05.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rcefac/v18n3/1982-0216-rcefac-18-03-00667.pdf>. Acesso
em: 28 abr. 2019.
138 SANTOS, Ubiratan de Paula; SANTOS, Marcos Paiva. Exposição à ruído: efeitos na saúde e como

preveni-los. Caderno de Saúde do Trabalhador. Piracicaba, 2000, p. 13-15. Disponível em:


<http://www.cerest.piracicaba.sp.gov.br/site/images/caderno7_ruido.pdf>. Acesso em: 28 abr. 2019.
139 MICHEL, Oswaldo. Controle do uso de produtos perigosos causadores de dependência e

lesões entre os trabalhadores. São Paulo: LTr, 2002, p. 49-55.


46

No caso dos equipamentos de proteção para atenuar os efeitos nocivos do


contato com químicos, o indicado é o uso de luvas, adequadas para cada tipo de
agente (sendo de látex natural, neoprene ou nitrílico), máscaras faciais, cremes de
proteção para a pele e óculos de segurança, pois alguns químicos se propagam não
somente no ar, mas também penetram na via cutânea e ocular do trabalhador.140
Há diversos tipos de máscaras de proteção facial, ou seja, na análise do
formulário PPP não basta apenas a indicação do uso de máscaras para agentes
químicos para que se desconsidere a especialidade do labor, devendo ser
observado também o Certificado de Aprovação141 do equipamento, sua finalidade e
validade de segurança. Ou seja, cada tipo de proteção facial tem uma capacidade
de retenção, seja para poeiras e névoas, fumos, ou, ainda, para partículas tóxicas
extrafinas. A máscara filtrante é o modelo mais simples, no qual o ar passa pelo
material filtrante, retendo as partículas tóxicas. Já a máscara isolante protege toda a
face do trabalhador, tendo uma fonte de ar própria acoplada, como um cilindro de
oxigênio.142
Geralmente, a doutrina e a jurisprudência abordam apenas a eficácia do
equipamento de proteção individual, não havendo muita normatização acerca dos
equipamentos de proteção coletiva. A informação de existência e eficácia do EPC
deve constar no formulário PPP, no mesmo campo em que informa o fornecimento
de EPI, contudo, não é fator determinante para o enquadramento, tanto quanto o
EPI, pois a análise é feita de forma individual.143
No laudo técnico utilizado para embasar o preenchimento do formulário PPP,
deverá, obrigatoriamente, constar as informações sobre a existência de sistemas
para a proteção dos empregados, tanto individual quanto coletiva, para controlar
e/ou atenuar a exposição aos agentes nocivos, observados os limites de tolerância
legalmente estabelecidos. A obrigatoriedade da informação acerca dos
equipamentos de proteção individual ou coletiva no laudo técnico se deu apenas

140 UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS. Equipamentos de Proteção Individual. Comissão


Permanente de Prevenção e Controle de Riscos Ambientais. Disponível em: <https://www.unifal-
mg.edu.br/riscosambientais/node/15>. Acesso em 04 maio 2019.
141 Informação disponível em: <https://consultaca.com/>. Acesso em: 05 maio 2019.
142 NATANSON, Alejandro. Proteção respiratória, máscaras e outros EPI’s. Revista da Associação

Brasileira dos Locadores de Equipamentos e Bens Móveis. Publicado em 14 set. 2016.


Disponível em: <http://alec.org.br/novo/rental/protecao-respiratoria-mascaras-e-outro-epis/>. Acesso
em 05 maio 2019.
143 MORAES, Giovanni. Normas Regulamentadoras Comentadas e Ilustradas. 1. ed. Rio de

Janeiro: Gerenciamento Verde Editora e Livraria Virtual, 2011, p. 71. Livro disponivel em E-book.
47

depois de 14 de dezembro de 1998 de acordo com a Portaria n. 5.404/99, do


Ministério da Previdência Social.144
Os demais agentes nocivos físicos, como vibrações, calor, frio, pressões
anormais, radiações ionizantes, etc, como já dito, também ensejam o
enquadramento da atividade desempenhada como especial. Todavia, regra geral,
não há equipamentos individuais que, de fato, atenuem a nocividade da exposição,
devendo ser adotadas medidas de controle para isolar o agente e diminuir seus
efeitos no organismo dos trabalhadores.145
Para o caso das atividades que expõem os empregados à vibrações, as
referidas medidas de controle são, principalmente, a substituição das peças que
ensejam o efeito indesejado, ou, também, a instalação de isoladores como
elastômeros (borrachas, molas, espumas), para proporcionar um ambiente laboral
mais tolerável para o obreiro.146
Ainda assim, há uma avaliação quantitativa do agente, realizada com o uso
de um aparelho chamado acelerômetro, que tem a finalidade de realizar a medição
do nível de vibração em contato com a superfície geradora do efeito, exatamente no
ponto em que entra em contato com o trabalhador. A referida medição é utilizada
para aferir a relação da vibração de corpo inteiro com problemas de saúde
eventualmente enfrentados, como, por exemplo, dores de cabeça, tremores, e
problemas no sistema nervoso central.147
O Instituto Nacional do Seguro Social reconhece a especialidade do labor
exercido com exposição habitual e permanente, não ocasional nem intermitente à
vibrações, nas seguintes condições:

144 IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário. 15. ed. rev., ampl. e atual. Rio de
Janeiro: Impetus, 2010, p. 650-651.
145 AMADO, Frederico. Curso de Direito e Processo Previdenciário. 8. ed. rev. ampl. e atual.

Salvador: Juspodivm, 2016, p. 746.


146 XIMENES, Gilmar Machado. MAINIER, Fernando. Medidas e Medições de Engenharia para

Controle de Vibrações na Fonte. Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2005. IV Seminário


Fluminense de Engenharia, Organizado pela Escola de Engenharia da Universidade Federal
Fluminense, nos dias 8, 9 e 10 de novembro de 2005. Disponível em:
<http://www.inmetro.gov.br/producaointelectual/obras_intelectuais/230_obraIntelectual.pdf>. Acesso
em: 14 maio 2019.
147 FUNDACENTRO. Norma de Higiene Ocupacional n. 09. Avaliação da exposição ocupacional à

vibrações de corpo inteiro: procedimento técnico. São Paulo: Fundacentro, 2013. Disponível em:
<http://www.fundacentro.gov.br/biblioteca/normas-de-higiene-
ocupacional/publicacao/detalhe/2013/4/nho-09-procedimento-tecnico-avaliacao-da-exposicao-
ocupacional-a-vibracao-de-corpo-inteiro>. Acesso em: 14 maio 2019.
48

Vibrações localizadas ou no corpo inteiro – Dará ensejo à aposentadoria


especial quando forem ultrapassados os limites de tolerância definidos pela
Organização Internacional para Normalização – ISSO, em suas Normas
ISSO n. 2.631e ISSO/DIS n. 5.349, respeitando-se as metodologias e os
procedimentos de avaliação que elas autorizam.148

Ou seja, o enquadramento se dá conforme normas internacionais, assim


como suas substitutas, consoante regramento previsto no anexo n. 08 da NR-15,
que trata sobre as vibrações.149
Para o empregado exposto de forma habitual e permanente, não ocasional
nem intermitente ao agente nocivo calor, a proposta de atenuação dos efeitos
nocivos à saúde deve ser a mesma, qual seja, medidas de controle instaladas no
ambiente laboral, tais como fornecimento de vestimentas adequadas, fornecimento
suficiente de água para evitar desidratação, programação das atividades mais
intensas em períodos de clima mais ameno e acompanhamento médico para a
equipe, assim como a tolerância para a autolimitação.150
Antigamente, no lapso anterior ao advento da Lei n. 9.032/05, os segurados
que trabalhavam expostos à temperaturas elevadas obtinham o enquadramento
através dos Decretos n. 53.831/64 e 83.080/79, que estabeleciam o limite de
tolerância em até 28ºC. Entretanto, após 1995 até os dias atuais, para os segurados
que desejam o enquadramento da atividade como especial por exposição ao calor, o
INSS se atêm ao anexo IV do Decreto n. 2.172 de 1997, que menciona apenas a
exposição à “temperaturas anormais”, que, de forma excepcional, se remete aos
limites de tolerância ao calor estabelecidos no anexo n. 03 da NR-15.151
Ou seja, não há uma previsão legislativa específica, o que acaba por dificultar
– e porquê não – confundir a análise administrativa do enquadramento, tendo em
vista que, nos quadros funcionais do INSS, não há técnicos especializados em

148 AMADO, Frederico. Curso de Direito e Processo Previdenciário. 8. ed. rev. ampl. e atual.
Salvador: Juspodivm, 2016, p. 768.
149 BRASIL. Ministério do Trabalho. Norma Regulamentadora n. 15, de 08 de junho de 1978.

Disponível em: <http://trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR15/NR-15.pdf>. Acesso em 18


maio 2019.
150 LEÃO, Rosemary Dutra. Proposta de texto normativo para o Anexo 03 da NR-15. São Paulo:

Fundacentro, 2014. Apresentado em audiência pública, Organizada pela Fundacentro, nos dias 12 e
13 de Fevereiro de 2014. Disponível em: < https://pt.scribd.com/document/355732117/ctpp>. Acesso
em 14 maio 2019.
151 RIBEIRO, Maria Helena Alvim. Aposentadoria Especial: regime geral da previdência social. 3.

ed. rev. atual. Curitiba: Juruá Editora, 2008, p. 264.


49

segurança do trabalho para interpretar as Normas Regulamentadoras, mais uma


vez, prejudicando o segurado.152
Quanto ao agente físico frio, a que se submetem os empregados que
trabalham em câmaras frigoríficas, fabricas de gelo e em outros ambientes com
baixas temperaturas oriundas de fontes artificiais, o que é capaz de prejudicar a
saúde do trabalhador, a análise é qualitativa.153
Há equipamentos de proteção individual capazes de minimizar a nocividade
do frio no corpo do empregado, tais como roupas de corpo inteiro (macacões), que
devem ser de múltiplas camadas, e, em casos extremos, proteção para o rosto, com
a proteção dos olhos separada do nariz e boca, para evitar embaçamento e dificultar
a visão. Contudo, o uso de todo o aparato pode dificultar a mobilidade do
trabalhador para executar as atividades, por isso, o uso e eficácia do EPI são
analisados de acordo com o caso concreto.154
Entretanto, o reconhecimento como especial das atividades expostas à
temperaturas muito baixas somente é garantido até a edição do Decreto n. 2.172/97,
eis que este revogou os Decretos anteriores (53.831/64 e 83.080/79), que
consideravam o frio um agente nocivo, e não o relacionou como tal no seu texto
normativo (assim como o Decreto n. 3.048/99 e seguintes), o que impede o
enquadramento na via administrativa após 05 de março de 1997. 155
O mesmo ocorre para o agente nocivo físico umidade, somente é possível o
enquadramento até o Decreto n. 2.172/97, tendo em vista que não inseriu a umidade
como agente agressivo. O trabalho exposto à umidade é aquele no qual o
trabalhador possui contato direto com água, proveniente de fontes artificiais e capaz
de molhar o empregado, de maneira constante. O critério de análise segue a mesma
do frio, qual seja, qualitativa.156
Para aqueles trabalhadores submetidos à pressões atmosféricas anormais,
comumente chamadas de pressões hiperbáricas, seja em trabalhos de mergulho,
em câmaras de ar comprimido, tubulações pneumáticas ou outras atividades

152 SALIBA, Tuffi Messias. CORRÊA, Márcia Angelim Chaves. Insalubridade e Periculosidade:
aspectos técnicos e práticos. 5. ed. atual. São Paulo: LTr, 2000, p. 189.
153 VIANNA, João Ernesto Aragonés. Curso de Direito Previdenciário. 5. ed. São Paulo: Atlas,

2012, p. 518.
154 MORAES, Márcia Vilma Gonçalves de. Doenças Ocupacionais – agentes: físico, químico,

biológico, ergonômico. 2. ed. São Paulo: Editora Érica, 2014, p. 42-43.


155 LADENTHIN, Adriane Bramante de Castro. Aposentadoria Especial – teoria e prática. 1. ed.

São Paulo: Juruá, 2013, p. 50-52.


156 MARTINEZ, Wladimir Novaes. Aposentadoria Especial. 4. ed. São Paulo: LTr, 2006, p. 34.
50

submersas, também é devida a aposentdoria especial, pois não há nenhuma forma


de elisão ou neutralização da agressividade da exposição ao agente, conforme
colocado pelos doutrinadores Tuffi Messias Saliba e Márcia Angelim Chaves Corrêa,
especialistas em segurança do trabalho.157
Entretanto, nesse caso, extraordinariamente, o INSS concede o benefício, ou
enquadra o lapso temporal como especial, fazendo uma análise qualitativa do
agente, bastando constar a presença de pressões anormais nos formulários
apresentados à autarquia, de acordo com o item 2.0.5 do anexo IV do Regulamento
da Previdência Social.158
A caracterização da eletricidade como um agente físico ensejador da
aposentadoria especial é objeto de discussão doutrinária e jurisprudencial,
considerando que, assim como os demais agentes, houveram alterações legislativas
quanto ao tema e principalmente quanto à voltagem limite, as formas de
comprovaçãoeficácia do equipamento de proteção individual, ou seja, que a
atividade em contato com energia elétrica, por si só, não gera presunção de
periculosidade para que seja considerada especial.159
Outrossim, o quadro do Decreto n. 53.831/64, em seu item 1.1.8, elenca a
eletricidade como atividade perigosa, especificamente em tensão acima de 250 volts
em jornada normal ou especial conforme legislação. Já o Decreto 83.080/79 não
absorveu a eletricidade como agente perigoso, nem mesmo os decretos seguintes
que versam sobre a mesma matéria, o que não obsta o enquadramento até 05 de
março de 1997, considerando que o primeiro Decreto, de 1964, teve sua vigência
até a edição do Decreto n. 2.172, de 1997, cabendo, assim, o reconhecimento da
especialidade do labor exercido em contato com eletricidade (superior à 250
volts).160
Nesse sentido, relevante entendimento do E. Tribunal Regional Federal da 4ª
Região:

157 SALIBA, Tuffi Messias. CORRÊA, Márcia Angelim Chaves. Insalubridade e Periculosidade:
aspectos técnicos e práticos. 5. ed. atual. São Paulo: LTr, 2000, p. 67-68.
158 AMADO, Frederico. Curso de Direito e Processo Previdenciário. 8. ed. rev. ampl. e atual.

Salvador: Juspodivm, 2016, p. 768.


159 RIBEIRO, Maria Helena Alvim. Aposentadoria Especial: regime geral da previdência social. 3.

ed. rev. atual. Curitiba: Juruá Editora, 2008, p. 276.


160 RIBEIRO, Maria Helena Alvim. Aposentadoria Especial: regime geral da previdência social. 3.

ed. rev. atual. Curitiba: Juruá Editora, 2008, p.276-279.


51

PREVIDENCIÁRIO. AGENTE NOCIVO ELETRICIDADE.


APOSENTADORIA ESPECIAL. LEI Nº 9.711/98. DECRETO Nº 3.048/99.
[...]
2. Quanto ao agente nocivo eletricidade, a despeito de seu enquadramento
não estar mais previsto no interregno posterior a 05-3-1997, em razão de
não haver mais previsão legal no Decreto 2.172/97, ainda assim, é possível
o reconhecimento de tal especialidade. Isto porque, de acordo com a
Súmula 198 do TFR, quando a atividade exercida for insalubre, perigosa ou
penosa, porém não constar em regulamento, a sua constatação far-se-á por
meio de perícia judicial. Dessa forma, tendo o perito judicial concluído que a
parte autora laborava em contato com eletricidade média superior a 250
volts, exercendo atividade perigosa, é de ser reconhecida a especialidade
do labor.
3. Cabe ainda destacar, quanto à periculosidade do labor, que o tempo de
exposição ao risco eletricidade não é necessariamente um fator
condicionante para que ocorra um acidente ou choque elétrico. Assim, por
mais que a exposição do segurado ao agente nocivo eletricidade acima de
250 volts (alta tensão) não perdure por todas as horas trabalhadas, trata-se
de risco potencial, cuja sujeição não depende da exposição habitual e
permanente. [...]161

Para os períodos após o ano de 1997, ainda é possível obter o


enquadramento, entretanto, apenas na via judicial, observado o entendimento
jurisprudencial, que antes de se pensar em enquadrar um agente nocivo em alguma
doutrina ou legislação, deve-se pensar na saúde do trabalhador, se está, de fato,
sendo prejudicada pela exposição ao referido agente.162
Ainda que os agentes nocivos físicos umidade, frio e eletricidade tenham sido
suprimidos pela Lei n. 2.192/97 e não constem no rol previsto no Regulamento da
Previdência Social, verificou-se que é possível o enquadramento das atividades
como especiais mediante ação judicial, baseando-se em entendimento
jurisprudencial, considerando que o rol do INSS, em seu entendimento, é exaustivo,
quando, para o Superior Tribunal de Justiça, o rol é meramente exemplificativo,
cabendo decisão em contrário.163
O entendimento do STJ é embasado na Súmula n. 198 do antigo Tribunal
Federal de Recursos: “Atendidos os demais requisitos, é devida a aposentadoria

161 BRASIL. Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Apelação em Reexame Necessário n.


0004740-83.2009.4.04.7001. Relator Ricardo Teixeira do Valle Pereira. Julgado em 10/03/2011.
Disponível em:
<https://www2.trf4.jus.br/trf4/controlador.php?acao=consulta_processual_resultado_pesquisa&selFor
ma=NU&txtValor=00047408320094047001&chkMostrarBaixados=S&selOrigem=TRF&hdnRefId=778
df0500a5d86f7b870a952ec5eb2d6&txtPalavraGerada=edJQ>. Acesso em: 18 maio 2019.
162 JUSTIÇA FEDERAL. Conselho da Justiça Federal. Após 1997, tempo especial por

comprovação à eletricidade depende de comprovação. Publicado em 21 de agosto de 2014.


Disponível em: <https://www.cjf.jus.br/cjf/noticias/2014/agosto/apos-1997-tempo-especial-por-
exposicao-a-eletricidade-depende-de-comprovacao>. Acesso em: 18 maio 2019.
163 AMADO, Frederico. Curso de Direito e Processo Previdenciário. 8. ed. rev. ampl. e atual.

Salvador: Juspodivm, 2016, p. 706.


52

especial, se perícia judicial constata que a atividade exercida pelo segurado é


perigosa, insalubre ou penosa, mesmo não inscrita em Regulamento.” 164
Ainda, o doutrinador Wladimir Novaes Martinez reforça os entendimentos,
quando afirma que a lista dos agentes editada pela autarquia é, sim, oficial, contudo,
não pode exaurir as possibilidades de reconhecimento da especialidade com base
nas reais condições laborais e de saúde do segurado, em que pese os agentes não
estejam previstos no rol previsto no RPS.165
Os profissionais que trabalham com radiações ionizantes possuiam o
enquadramento por categoria profissional, tendo em vista que sua atividade era
prevista nos itens 1.1.4 e 1.1.3 dos Decretos de 1964 e 1979, respectivamente. 166
Atualmente, possuem o direito à aposentadoria especial, considerando que o agente
nocivo ensejador está previsto no item 2.0.3 do Anexo IV do Regulamento da
Previdência Social.167
Todavia, a exposição deve ser comprovada, ainda que a análise seja
qualitativa, bem como deve ser comprovado o uso do EPI de forma ineficaz. Quanto
aos equipamentos de proteção para proteger o trabalhador das radiações, deve-se
utilizar avental, protetores de tireóide e gônadas, todos esses de chumbo, além de
máscara, óculos plumbíferos e seringas blindadas. 168
A exposição ocupacional às radiações ionizantes está prevista na NR 32, que
estabelece critérios de prevenção e metodologias de medição, bem como os
equipamentos de proteção individual, já listados acima, ainda que estes não sejam
muito eficientes na prática, haja vista a potencialidade das radiações. 169
Todos os trabalhadores submetidos aos agentes nocivos mencionados acima
possuem direito à aposentadoria especial com 25 anos de trabalho. Entretanto, há

164 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário.
6. ed. rev. São Paulo: LTr, 2005, p. 704.
165 MARTINEZ, Wladimir Novaes. Aposentadoria Especial. 5. ed. São Paulo: LTr, 2010, p. 70.
166 RIBEIRO, Maria Helena Alvim. Aposentadoria Especial: regime geral da previdência social. 3.

ed. rev. atual. Curitiba: Juruá Editora, 2008, p.276-279


167 BRASIL. Ministério da Previdência Social. Regulamento da Previdência Social. Anexo IV –

Classificação dos Agentes Nocivos. Disponível em:


<http://sislex.previdencia.gov.br/paginas/23/1999/ANx3048.htm>. Acesso em 18 maio 2019.
168 SPINELLI, Robson. Radiação Ionizante – O caso dos técnicos em radiologia. São Paulo:

Fundacentro, 2019. I Simpósio – Exposição Ocupacional às Radiações Ionizantes no Brasil.


Organizado pela Fundacentro, nos dias 23 e 24 de abril de 2019. Disponível em:
<http://www.fundacentro.gov.br/Arquivos/sis/EventoPortal/AnexoPalestraEvento/radia%C3%A7ao%20
ionizanteporto%20-%20Robson%20Spinelli.pdf>. Acesso em: 18 maio 2019.
169 SALIBA, Tuffi Messias. CORRÊA, Márcia Angelim Chaves. Insalubridade e Periculosidade:

aspectos técnicos e práticos. 5. ed. atual. São Paulo: LTr, 2000, p. 67.
53

outras hipóteses, nas quais o trabalhador pode aposentar-se na forma especial com
15 e 20 anos de trabalho.170
No caso dos empregados que laborem em contato direto com amianto ou
asbestos, assim como os que exercem atividades subterrâneas, de maneira
afastada das frentes de produção, possuem direito à aposentadoria especial com 20
anos de trabalho, considerando a previsão nos itens 1.0.2 e 4.0.1 do Regulamento
da Previdência Social. Os trabalhadores no subsolo de minerações subterrâneas,
diretamente à frente da produção, possuem direito à aposentadoria especial com 15
anos de labor contínuo, consoante regramento previsto no item 4.0.2 do RPS.
A justificativa para a diminuição do tempo de serviço ao trabalhador exposto
ao asbesto, também conhecido como amianto, é que este agente é considerado
potencialmente cancerígeno, sendo altamente prejudicial à saúde do operário, tendo
em vista que se apresenta na forma de pó e fibras respiráveis oriundas de diversos
tipos de rochas. Estas fibras possuem tamanho extremamente pequeno, razão pela
qual o equipamento de proteção individual não consegue filtrar todo o material
inalado, que ingressa na corrente sanguínea do trabalhador.171
Pautadas as referidas considerações sobre os agentes nocivos que ensejam
a concessão da aposentadoria na forma especial, assim como os equipamentos de
proteção individual adequados para cada tipo de agente e sua funcionalidade
prática, passa-se ao estudo aprofundado das análises às quais as provas que o
segurado apresenta são submetidas, bem como os entendimentos e o que é
aplicado quando da concessão do benefício, tanto administrativa quanto judicial.

2.2 ENTENDIMENTO JURISPRUDENCIAL E DOUTRINÁRIO ACERCA DA


COMPROVAÇÃO DA EFETIVA EXPOSIÇÃO AOS AGENTES E IMPACTOS NA
MANUTENÇÃO DO BENEFÍCIO

No ato de aposentar-se, seja na via administrativa ou pelo Poder Judiciário,


todo o conjunto probatório acostado pelo trabalhador passa por uma análise, adstrita
a diversos entendimentos, sejam eles doutrinários ou jurisprudenciais. Neste
170MARTINEZ, Wladimir Novaes. Aposentadoria Especial. 4. ed. São Paulo: LTr, 2006, p. 13.
171SALIBA, Tuffi Messias. CORRÊA, Márcia Angelim Chaves. Insalubridade e Periculosidade:
aspectos técnicos e práticos. 5. ed. atual. São Paulo: LTr, 2000, p. 97.
54

subcapítulo, será abordada a divergência entre esses entendimentos, assim como


as consequências na manutenção da aposentadoria para o segurado.
Inicialmente, pode-se mencionar a dificuldade que o trabalhador, ao pleitear a
aposentadoria especial, encontrava ao requerer a conversão do tempo comum para
especial em caso de não completar os 25 anos de labor especial, pelos fatores
mencionados na tabela 1. Isso porque, com o passar dos anos, houveram muitas
mudanças normativas que impossibilitaram tal conversão e depois revogações que
permitiram que o segurado se valesse dos períodos de labor especial para obter a
aposentadoria por tempo de contribuição.172
Antes de 28 de maio de 1998, não existia dispositivo legal que vedava tal
possibilidade de conversão (especial para comum), entretanto, nessa data, foi
publicada a MP n. 1.663-10,173 que extinguiu o parágrafo 5º do artigo 57 da Lei de
Benefícios (que versava sobre a conversão) e implementou como requisito - para
que o segurado possa se valer da referida conversão - que tenha, no mínimo, 20%
do tempo de contribuição necessário para a aposentadoria. Como já iniciado no
primeiro capítulo, a Medida Provisória foi convertida na Lei n. 9.711 que passou a
vigorar em 28 de novembro de 1998,174 que, em seu artigo 28, manteve a conversão
antes de maio de 1998, bem como a premissa dos 20% do tempo necessário.
Entretanto, o diploma legal acima foi alvo de ações movidas pelo Ministério
Público para se declarar a inconstitucionalidade, tendo em vista que o §1º do artigo
201 da Constituição Federal prevê critérios diferenciados para a aposentadoria
daqueles segurados que exerciam labor com exposição à agentes nocivos:

172 VIANNA, Cláudia Salles Vilela. Previdência Social: Custeio e Benefícios. 2. ed. São Paulo: LTr,
2008, p. 458.
173 BRASIL. Presidência da República. Medida Provisória n. 1.663-10, de 28 de maio de 1998.

Dispõe sobre a recuperação de haveres do Tesouro Nacional e do Instituto Nacional do Seguro


Social - INSS, a utilização de Títulos da Dívida Pública, de responsabilidade do Tesouro Nacional, na
quitação de débitos com o INSS, altera dispositivos das Leis nºs 7.986, de 28 de dezembro de 1989,
8.036, de 11 de maio de 1990, 8.212, de 24 de julho de 1991, e 8.213, de 24 de julho de 1991, e dá
outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/Antigas/1663-10.htm>.
Acesso em 26 maio 2019.
174 BRASIL. Presidência da República. Lei n. 9.711, de 28 de novembro de 1998. Dispõe sobre a

recuperação de haveres do Tesouro Nacional e do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, a


utilização de Títulos da Dívida Pública, de responsabilidade do Tesouro Nacional, na quitação de
débitos com o INSS, altera dispositivos das Leis nos 7.986, de 28 de dezembro de 1989, 8.036, de 11
de maio de 1990, 8.212, de 24 de julho de 1991, 8.213, de 24 de julho de 1991, 8.742, de 7 de
dezembro de 1993, e 9.639, de 25 de maio de 1998, e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9711.htm>. Acesso em 19 mar. 2019.
55

Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral,
de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que
preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a:
[...]
§ 1º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a
concessão de aposentadoria aos beneficiários do regime geral de
previdência social, ressalvados os casos de atividades exercidas sob
condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física e
quando se tratar de segurados portadores de deficiência, nos termos
definidos em lei complementar.175

Após uma série de ações nas quais foi declarada a inconstitucionalidade do


artigo 28 da Lei 9.711, o INSS passou a converter períodos de labor especial em
comum após 28 de maio de 1998, de acordo com a Instrução Normativa n. 118, de
14 de abril de 2005, que não exige tempo minimo para a conversão, caindo por terra
a premissa dos 20% de tempo.176
Em tempo, nos casos em que os períodos são convertidos na via judicial,
verifica-se que em grande parte dos casos não houve recurso do INSS, o que se dá
diante do entendimento que foi pacificado pelo Superior Tribunal de Justiça em
2007, no que concerne ao direito adquirido:177 “o trabalhador que tenha exercido
atividades em condições especiais, mesmo que posteriores a maio de 1998, tem
direito adquirido, protegido constitucionalmente, à conversão do tempo de serviço,
de forma majorada, para fins de aposentadoria comum”.178
Quanto à possibilidade do segurado continuar laborando na atividade que
ensejou a aposentadoria especial após o jubilamento, a legislação se inclina para a
vedação de tal possibilidade, bem como a doutrina,179 sendo a maioria dos
doutrinadores, experientes no assunto, entendem pela impossibilidade sob pena de
cancelamento do benefício, segundo Marina Vasques Duarte: “não pode voltar a

175 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.


Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 26
maio 2019.
176 BRASIL. Previdência Social. Instrução Normativa n. 118, de 14 de abril de 2005. Disponível em:

<http://sislex.previdencia.gov.br/paginas/38/INSS-DC/2005/118.htm >. Acesso em 26 maio 2019.


177 SANTOS, Douglas Dall Cortivo dos. O recente posicionamento do Superior Tribunal de Justiça e o

reconhecimento da possibilidade de conversão do tempo de serviço especial em comum após


28.05.1998. Revista de Doutrina do Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Curitiba, v. 27, dez.
2008. Disponível em:
<http://revistadoutrina.trf4.jus.br/index.htm?http://revistadoutrina.trf4.jus.br/artigos/edicao027/douglas_
santos.html>. Acesso em 18 maio 2019.
178 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial n. 956.110/SP. Relator Ministro

Napoleão Nunes Maia Filho. Data do julgamento: 22 out. 2007. Disponível em:
<https://ww2.stj.jus.br/processo/pesquisa/?tipoPesquisa=tipoPesquisaNumeroOrigem&termo=200303
990115767&totalRegistrosPorPagina=40&aplicacao=processos.ea>. Acesso em 26 maio 2019.
179 TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito Previdenciário. 5. ed. rev, ampl e atual. Rio de Janeiro:

Lumen Juris, 2003, p. 127.


56

exercer outra atividade que lhe exponha a agentes nocivos à saúde, sob pena de ter
sua aposentadoria suspensa.”180
O entendimento doutrinário se alinha com a legislação, inclusive estando
expressa no artigo 57, §8º, da Lei de Benefícios da Previdência Social (Lei n. 8.213,
de 1991):
Art 57. A aposentadoria especial será devida uma vez cumprida a carência
exigida nesta Lei, ao segurado que tiver trabalhado sujeito à condições
especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante 15
(quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme dispuser a Lei.
(Redação dada pela Lei n. 9.032, de 1995)
(...)
§8º Aplica-se o disposto no art. 46 ao segurado aposentado nos termos
deste artigo que continuar no exercício de atividade ou operação que o
sujeite aos agentes nocivos constantes da relação referida no art. 58 desta
Lei. (Incluído pela Lei n. 9.732, de 11.12.98)181

Contudo, ainda que o segurado possa ter seu benefício cancelado, é


importante comentar que o INSS deverá observar o contraditório e a ampla defesa,
não podendo suspender o benefício de forma arbitrária sem antes propiciar ao
aposentado seu direito de resposta, independentemente da situação, como bem
consignado por João Ernesto Arangonés Vianna.182
O dispositivo da Lei de Benefícios supracitado contraria o disposto na
Constituição Federal, em seu artigo 5º, inciso XIII: “É livre o exercício de qualquer
trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei
estabelecer”.183 Tal divergência teve repercussão geral reconhecida no Supremo
Tribunal Federal (STF) no Recurso Extraordinário n. 788.092/SC, que está pendente
de julgamento pela Suprema Corte.184
Entretanto, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) já pacificou a matéria no
sentido da inconstitucionalidade do §8º do artigo 57 da Lei 8.213/91, transcrito

180 DUARTE, Marina Vasques. Direito Previdenciário. 6. ed. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2008, p.
263.
181 BRASIL. Presidência da República. Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os planos

de benefícios da Previdência Social e dá outras providências. Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm>. Acesso em: 16 jun. 2018.
182 VIANNA, João Ernesto Aragonés. Curso de Direito Previdenciário. 5. ed. São Paulo: Atlas,

2012, p. 518-519.
183 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.

Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 16


jun. 2018.
184 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário n. 788.092/SC. Relator Ministro Dias

Toffoli. Repercussão geral reconhecida em 06 de março de 2014. Disponível em:


<http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/verPronunciamento.asp?pronunciamento=480
1182> Acesso em: 16 jun. 2018.
57

acima, e a possibilidade do segurado continuar exercendo a atividade que ensejou a


concessão da aposentadoria especial, independente dos agentes aos quais esteve
exposto, conforme decisão no Agravo em Recurso Especial n. 426.177/PR, que
permitiu o segurado a exercer atividade especial posteriormente à concessão do
benefício.185 Isso posto, os segurados que tem seu benefício cancelado diante da
continuidade na atividade especial, obtém êxito no restabelecimento da
aposentadoria na via judicial. Nesse sentido, julgamento recente do Tribunal
Regional Federal da 4ª Região:

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. ATIVIDADE ESPECIAL.


NECESSIDADE DE AFASTAMENTO DAS ATIVIDADES INSALUBRES.
APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. REVISÃO. JUROS
E CORREÇÃO MONETÁRIA. 1. Comprovada a exposição do segurado a
agente nocivo, na forma exigida pela legislação previdenciária aplicável à
espécie, possível reconhecer-se a especialidade da atividade laboral por ele
exercida. 2. Os equipamentos de proteção individual não são suficientes,
por si só, para descaracterizar a especialidade da atividade desempenhada
pelo segurado, devendo cada caso ser apreciado em suas particularidades.
3. A Corte Especial deste Tribunal, em julgamento realizado em 24/05/2012,
reconheceu a inconstitucionalidade do § 8º do artigo 57 da LBPS, por
considerar que "a restrição à continuidade do desempenho da atividade por
parte do trabalhador que obtém aposentadoria especial cerceia, sem que
haja autorização constitucional para tanto (pois a constituição somente
permite restrição relacionada à qualificação profissional), o desempenho de
atividade profissional, e veda o acesso à previdência social ao segurado
que implementou os requisitos estabelecidos na legislação de regência."
(Arguição de Inconstitucionalidade nº 5001401-77.2012.404.0000, Relator
Desembargador Federal Ricardo Teixeira Do Valle Pereira) 4.
Implementados os requisitos de tempo de contribuição e carência, é devida
a aposentadoria por tempo de contribuição.186

É sabido que os requisitos subjetivos para a concessão da aposentadoria


especial passam por constantes modificações, sobretudo quanto aos agentes
nocivos, níveis de tolerância e comprovação de efetiva exposição. 187
Administrativamente, o Instituto Nacional do Seguro Social sobejamente observa o

185 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Agravo em Recurso Especial n. 426.177/PR. Relator
Ministro Sérgio Kukina. Julgado em 27/03/2014. Disponível em:
<https://ww2.stj.jus.br/processo/pesquisa/?tipoPesquisa=tipoPesquisaNumeroRegistro&termo=20130
3704250&totalRegistrosPorPagina=40&aplicacao=processos.ea>. Acesso em: 16 jun. 2018.
186 BRASIL. Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Apelação n. 5012093-88.2011.4.04.7108.

Relatora Gisele Lemke. Julgado em 22/05/2018. Disponível em:


<https://www2.trf4.jus.br/trf4/controlador.php?acao=consulta_processual_resultado_pesquisa&selFor
ma=NU&txtValor=5012093-
88.2011.4.04.7108&chkMostrarBaixados=&todasfases=&todosvalores=&todaspartes=&txtDataFase=
&selOrigem=TRF&sistema=&hdnRefId=&txtPalavraGerada=&txtChave=>. Acesso em: 13 nov. 2018.
187 IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário. 18. ed. rev., ampl. e atual. Rio de

Janeiro: Impetus, 2013, p. 634-635.


58

ordenamento vigente no ato do requerimento administrativo (data de entrada do


requerimento – DER) para a análise da concessão. No entanto, na esfera judicial, há
a observância do princípio tempus regit actum (tempo rege o ato), sendo
considerada a legislação vigente à época do labor, garantindo a segurança jurídica
necessária ao trabalhador, consoante entendimento firmado pelo Superior Tribunal
de Justiça:

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO


AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIA ESPECIAL.
CONVERSÃO DE TEMPO COMUM EM ESPECIAL. OBSERVÂNCIA DO
PRINCÍPIO TEMPUS REGIT ACTUM. AGRAVO REGIMENTAL NÃO
PROVIDO. 1. O STJ no julgamento do Recurso Especial Repetitivo
1.310.034/PR, fixou a tese de que a configuração do tempo de serviço
especial é regida pela legislação em vigor no momento da prestação do
serviço. 2. Somente com a edição da Lei 9.032/1995, extinguiu-se a
possibilidade de conversão do tempo comum em especial pelo mero
enquadramento profissional. 3. Deve ser aplicada a lei vigente à época em
que a atividade foi exercida em observância ao princípio do tempus regit
actum, motivo pelo qual merece ser mantido o acórdão recorrido. 4. Agravo
regimental não provido.188

Cotejando-se a jurisprudência dos tribunais brasileiros, bem como em análise


doutrinária, é possível verificar todos os entendimentos inclinados à mesma direção,
qual seja, que a análise da exposição aos agentes agressivos deveria ser com base
na legislação vigente à época do labor, e, ainda, quanto à forma de comprovação
(apresentação de laudo técnico, formulário PPP, prova testemunhal), a qual deveria
ser de acordo com os documentos válidos na época em que o segurado exerceu o
labor especial.189
O Tema 15 do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que pretende
uniformizar o entendimento das turmas recursais (JEFs) e do TRF4, no que
concerne à comprovação da atividade especial, fixou a tese de que o segurado pode
produzir prova em seu favor, ainda que haja documentação emitida pelo empregador
que informe o uso e eficácia do EPI. O referido tema deve alinhar o entendimento,
eis que, jurisprudencialmente, há duas correntes divergentes, uma aduzindo que,
ainda que haja o uso do EPI para agentes químicos, físicos ou biológicos, ou que
não seja comprovada a habitualidade e permanência, é viável o reconhecimento da

188 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Agravo Regimental no Agravo em Recurso Especial n.
457.468/RS. Relator Ministro Mauro Campbell Marques. Julgado em 20/03/2014. Disponível em:
<https://ww2.stj.jus.br/processo/pesquisa/?tipoPesquisa=tipoPesquisaNumeroRegistro&termo=20130
4102857&totalRegistrosPorPagina=40&aplicacao=processos.ea>. Acesso em: 13 nov. 2018.
189 IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário. 18. ed. rev., ampl. e atual. Rio de

Janeiro: Impetus, 2013, p. 638.


59

especialidade do labor, podendo o segurado produzir prova em contrário. A outra


corrente afirma que, havendo o formulário PPP e/ou outro documento emitido pelo
empregador seria inviável a apresentação de outras provas pelo trabalhador.190
Contudo, considerando que o referido tema ainda não teve trânsito em
julgado até a elaboração deste trabalho, cabendo recurso às instâncias superiores, o
formulário apresentado pelo segurado, fornecido pelo empregador, se trata de prova
unilateral e pode ser impugnado pelo próprio trabalhador, que pode produzir prova
em contrário como, por exemplo, apresentar laudos técnicos, que comprovem o
direito à benesse.191
A seguir, se adentrará no estudo da fonte de custeio da aposentadoria
especial, assim como seus diversos entendimentos acerca das contribuições
específicas para a aposentadoria especial, o que está previsto na Lei n. 8.212, de 24
de julho de 1991, que estabelece o plano de custeio da Previdência Social, em seu
artigo 22:

Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social,


além do disposto no art. 23, é de:
[...]
II - para o financiamento do benefício previsto nos arts. 57 e 58 da Lei nº
8.213, de 24 de julho de 1991, e daqueles concedidos em razão do grau de
incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do
trabalho, sobre o total das remunerações pagas ou creditadas, no decorrer
do mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos:
(Redação dada pela Lei nº 9.732, de 1998).
a) 1% (um por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante o
risco de acidentes do trabalho seja considerado leve;
b) 2% (dois por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante
esse risco seja considerado médio;
c) 3% (três por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante
esse risco seja considerado grave.192

Cabe ressaltar que os percentuais estabelecidos acima são adicionais e


aferidos de acordo com a atividade da empresa e os riscos de acidentes do trabalho,
não se confundindo com as alíquotas de 6, 9 ou 12%, que são classificadas – e

190 Tribunal Regional Federal da 4ª Região. IRDR sobre prova de uso de EPI e reconhecimento de
tempo especial é admitido pelo TRF4. Publicado em 19 set. 2017. Disponível em:
<https://www.trf4.jus.br/trf4/controlador.php?acao=noticia_visualizar&id_noticia=13158>. Acesso em:
30 mar. 2019
191 TRF4 decide sobre uso de EPI e reconhecimento de tempo especial. Previdenciarista, 29 de

janeiro de 2018. Disponível em: <https://previdenciarista.com/noticias/trf4-irdr-prova-uso-epi-


reconhecimento-de-tempo-especial/>. Acesso em: 18 jun. 2018.
192 BRASIL. Presidência da República. Lei n. 8.212, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre a

organização da Seguridade Social, institui Plano de Custeio, e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8212cons.htm>. Acesso em 26 maio 2019.
60

pagas – individualmente, de acordo com a atividade desempenhada pelo


empregado.193
A divergência ocorre justamente quando as empresas vão verter suas
contribuições, quando confundem o adicional do Seguro contra Acidentes do
Trabalho (SAT), que é o adicional de 1, 2 ou 3% previsto na Lei 8.212/91, que deve
incidir sobre a totalidade dos salários pagos, com aquele adicional de 12, 9 ou 6% já
mencionado no capítulo anterior, que incide individualmente sobre o salário de cada
empregado, de acordo com sua atividade, que por sua vez, obrigatoriamente deverá
ensejar o benefício da aposentadoria especial, sendo o percentual respectivamente
definido de acordo com o tipo de atividade, se 15, 20 ou 25 anos para obtenção do
benefício.194
Ou seja, ambos os adicionais fazem parte do SAT e são revertidos para a
Seguridade Social, com a mesma finalidade, qual seja, custear os salários de
benefício dos aposentados na forma especial, porém, incidem de maneira distinta,
bem como sobre remunerações distintas.195
Insta consignar também que, quanto às cooperativas de produção, o
percentual para o custeio da aposentadoria especial, adicional à contribuição regular
também existe, sendo de 5, 7 ou 9%, que varia conforme a atividade preponderante
da cooperativa, sendo recolhido pelo tomador dos serviços prestados pela
cooperativa, incidindo sobre o total da fatura de prestação de serviços.196
Outrossim, o que ainda não é alvo de divergência por ser uma decisão
recente, mas com certeza surtirá efeitos nos próximos requerimentos, é a decisão
proferida em 22 de maio de 2019, pela 1ª Seção do Superior Tribunal de Justiça,
que proveu incidente de uniformização interposto por segurado contra decisão da
TNU que não reconheceu a especialidade do labor desempenhado por vigilante,
após 05/03/1997, com a alegação de que não utilizava arma de fogo, motivo pelo
qual não caracteriza labor perigoso.197

193 MARTINS, Sergio Pinto. Direito da Seguridade Social. 31. ed. São Paulo: Atlas, 2011, p. 68.
194 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário.
19. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2016, p. 275-276.
195 AMADO, Frederico. Curso de Direito e Processo Previdenciário. 8. ed. rev. ampl. e atual.

Salvador: Juspodivm, 2016, p. 386.


196 VIANNA, João Ernesto Arangonés. Curso de Direito Previdenciário. 5. ed. São Paulo: Atlas,

2012, p. 23.
197 VIGILANTE que não usava arma de fogo tem direito à aposentadoria especial. Migalhas. 30 maio

2019. Disponível em: <https://www.migalhas.com.br/Quentes/17,MI303446,31047-


Vigilante+que+nao+usava+arma+de+fogo+tem+direito+a+aposentadoria>. Acesso em 30 maio 2019.
61

O Ministro Relator, Dr. Napoleão Nunes Maia Filho, fundamentou sua decisão
equiparando o reconhecimento da especialidade do labor do vigilante com o
trabalhador exposto à eletricidade (ambos pela periculosidade), que, por mais que a
periculosidade tenha sido suprimida sucessivamente pelos Decretos n. 2.172/97 e
3.048/99, a Lei de Benefícios garante a aposentadoria especial ao segurado que
exerça atividades que arrisquem sua integridade física e/ou saúde, por isso, cabível
o reconhecimento da aposentadoria especial do vigilante, em que pese não haja
comprovação do uso de arma de fogo.198
Assim, o que pode-se observar de todo o estudo realizado neste subcapítulo,
é que o caminho percorrido pelo segurado que postula a aposentadoria especial,
seja perante o INSS ou na via judicial, por exposição à agentes nocivos, é sinuoso e
complexo, tendo em vista que o trabalhador nem sempre possui meios acessíveis de
comprovação da efetiva exposição, assim como há muitos entendimentos diferentes,
nem sempre favoráveis, e temas suspensos aguardando julgamento pelas instâncias
superiores, o que leva o segurado a, muitas vezes, desistir do pleito especial e
aceitar a aposentadoria comum, por tempo de contribuição, com a incidência do
fator previdenciário e a renda mensal inicial consequentemente diminuída.

2.3 ANÁLISE DA PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO N. 06, DE 2019,


QUE PREVÊ A REFORMA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL

Há alguns anos o Governo Federal estuda a possibilidade de reformar a


previdência social no Brasil, modificando os requisitos para a concessão de
benefícios previdenciários para os segurados do regime geral e a fonte de custeio da
previdência. Assim, em 20 de fevereiro de 2019, foi apresentada a PEC (Proposta
de Emenda Constitucional) n 06, de 2019, que, embora não seja o foco da pesquisa,
bem como ainda não tenha sido aprovada até a entrega do presente trabalho, é de

198BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Petição n. 10.679. Julgado em 22/05/2019. Relator Ministro
Napoleão Nunes Maia Filho. Disponível em:
<https://ww2.stj.jus.br/processo/pesquisa/?src=1.1.2&aplicacao=processos.ea&tipoPesquisa=tipoPes
quisaGenerica&num_registro=201402332122>. Acesso em 30 maio 2019.
62

suma importância a análise dos principais pontos e o impacto das mudanças199 na


sociedade.
Inicialmente, a proposta visa modificar a fonte de custeio da previdência social
do Brasil. A previdência social é financiada pela sociedade como um todo, seja de
maneira direta ou indireta. Ou seja, os cidadãos contribuem diretamente, e a União,
os Estados e Municípios contribuem de maneira indireta, mediante recursos
orçamentários destinados para tal fim. Entretanto, seja direta ou indiretamente, toda
a seguridade social (incluindo a assistência social e a saúde) é financiada pela
sociedade, considerando que os orçamentos fiscais também são oriundos dos
impostos pagos pelos cidadãos.200
O sistema da seguridade social é composto por três pilares: previdência
social, assistência social e saúde. Para o custeio da previdência social, o Brasil
adota o subsistema de caráter contributivo e de filiação obrigatória. Ou seja, para ser
segurado da previdência social deve-se contribuir para esta, diferentemente da
assistência social e da saúde.201
Nos dias atuais, no RGPS brasileiro, o regime de financiamento que vigora é
o de repartição simples, ou solidário, no qual os trabalhadores contribuem para um
único fundo de previdência social, o qual custeia todos os benefícios previdenciários
de todos os segurados, inclusive aposentadorias e benefícios por incapacidade,
sendo essas contribuições administradas pelo governo federal.202
Assim, a proposta de emenda constitucional prevê a inclusão do artigo 201-A
na Constituição Federal, que institui o regime de capitalização, modelo em muitos
países desenvolvidos, no qual o trabalhador que aderir terá uma conta individual
onde serão depositadas suas contribuições, para futuramente ser utilizada para
custeio de sua própria aposentadoria. Além disso, no regime de capitalização, as
contas dos trabalhadores são geridas por entidades financeiras privadas, ou seja,

199 O presente subcapítulo abordará a proposta de reforma da previdência de forma ampla, não se
atendo apenas à aposentadoria especial, objeto do presente trabalho.
200 IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário. 15. ed. rev. ampl. atual. Rio de

Janeiro: Impetus, 2010, p. 92.


201 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.

Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 01


jul. 2019.
202 AMADO, Frederico. Curso de Direito e Processo Previdenciário. 8. ed. rev. ampl. e atual.

Salvador: Juspodivm, 2016, p. 176-177.


63

eximindo o governo federal da responsabilidade da administração, que passa a ser


dos bancos.203
Contudo, a principal mudança prevista na PEC n. 06, com certeza é a
extinção da aposentadoria exclusivamente por tempo de contribuição, sendo
instituída uma idade mínima de 62 anos para as mulheres e 65 anos para os
homens, para o jubilamento, cumulada com um tempo minímo de contribuição de 20
anos, isso para os empregados urbanos.204
Hoje em dia, são necessários, 30 e 35 anos de tempo de contribuição, para
mulheres e homens, respectivamente, sem o requisito de uma idade mínima, para a
obtenção da aposentadoria integral por tempo de contribuição, exceto no caso da
aposentadoria proporcional, para a qual é exigido o mínimo de 48 anos de idade
para as mulheres e 53 para os homens, sendo o tempo mínimo de contribuição
definido através do pedágio, estabelecido em 40% do tempo faltante para a
aposentadoria.205
Caso seja aprovada a PEC n. 06, após o período de transição, estipulado em
12 anos pelo governo federal, passará a vigorar a aposentadoria apenas aos
empregados urbanos que tiverem 62/65 anos de idade e no mínimo 20 anos de
contribuição. Ainda, muito importante salientar que, se o empregado implementar os
requisitos acima, ainda assim receberá sua aposentadoria sobre apenas 60% da
média do salário-de-beneficio, aumentando-se 2% a cada ano trabalhado após o
mínimo. Sendo assim, para a renda mensal do segurado aposentado ser calculada
sobre 100% do salário-de-benefício, o trabalhador deverá contribuir por 40 anos
para a previdência social.206

203 BRASIL. Senado Federal. Capitalização prevista na reforma da Previdência provoca


incertezas. Publicado em 14/05/2019. Disponível em: <
https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2019/05/14/capitalizacao-prevista-na-reforma-da-
previdencia-provoca-incertezas>. Acesso em: 01 jul. 2019.
204 BRASIL. Câmara dos Deputados. Reforma da previdência prevê idade mínima de 65 anos

para homens e 62 para mulheres. Publicado em 20/02/2019. Disponível em:


<https://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/TRABALHO-E-PREVIDENCIA/572640-
REFORMA-DA-PREVIDENCIA-PREVE-IDADE-MINIMA-DE-65-ANOS-PARA-HOMENS-E-62-PARA-
MULHERES.html>. Acesso em 30 maio 2019.
205 BRASIL. Presidência da República. Emenda Constitucional n. 20, de 15 de dezembro de 1998.

Modifica o sistema de previdência social, estabelece normas de transição e dá outras providências.


Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc20.htm>. Acesso
em: 28 maio 2019.
206 MOCCI, Francismery; CAGGIANO, Polyana Lais Majewski Caetano. Proposta de reforma da

Previdência é mais rígida e menos gradual que o esperado. Revista Consultor Jurídico. Publicado
em 30/03/2019. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2019-mar-30/opiniao-reforma-previdencia-
rigida-esperado>. Acesso em: 01 jun. 2019.
64

Quanto à regra de transição, o segurado poderá optar por uma dentre as três
propostas pelo governo. A primeira, seguirá os moldes da aposentadoria de acordo
com a Medida Provisória n. 676/2015, qual seja, por pontuação. A pontuação se
dará conforme a soma da idade mais o tempo de contribuição do segurado. Pela
regra, a cada ano o segurado obtém um ponto (idade + contribuição), devendo
chegar aos 105 pontos os segurados do sexo masculino no ano de 2028 e 100
pontos as mulheres em 2033. A segunda regra de transição inicia-se em 61 anos de
idade e 56 anos de idade, para homens e mulheres, respectivamente. Para requerer
a aposentadoria nessa regra de transição, o segurado deverá ter, no mínimo, a
idade mencionada acima mais 30 ou 35 anos de contribuição (de acordo com o
sexo), sendo que a idade mínima aumentará seis meses a cada ano, chegando a 65
anos para homens e 62 anos para mulheres, em 2031. A terceira regra diz respeito à
aposentadoria para quem não possui os 30 e 35 anos necessários para a
aposentadoria, faltando dois anos. Será uma espécie de aposentadoria proporcional,
porém, sem a idade mínima e com a incidência do fator previdenciário, sendo o
pedágio de 50% do tempo que faltaria para se aposentar.207
Contudo, as regras descritas acima não são definitivas, considerando que a
proposta de reforma da previdência ainda está em fase de elaboração, seu texto
ainda está sendo modificado, eis que os parlamentares puderam protocolar
emendas para análise até o dia 30 de maio de 2019. Foram protocoladas 277
emendas, e a grande maioria (71%) diz respeito às regras de transição.208
Sobre a aposentadoria especial, tema objeto da presente monografia, a
principal mudança prevista na PEC n. 06 é inclusão do sistema de pontos como
requisito primordial para a concessão do benefício ao segurado, que, além dos 15,
20 ou 25 anos de tempo especial, deverá atingir a pontuação estabelecida no texto
legal (soma de idade mais tempo de labor especial). 209

207 BRASIL. Senado Federal. Tempo de contribuição e idade mínima são pilares da reforma da
previdência. Publicado em 06/05/2019. Disponível em:
<https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2019/05/06/idade-minima-e-tempo-de-contribuicao-
sao-pontos-centrais-da-reforma-da-previdencia>. Acesso em 01 jul. 2019.
208 BRASIL. Câmara dos Deputados. Regras de transição são o principal foco das emendas à

reforma da Previdência. Publicado em 31/05/2019. Disponível em:


<https://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/TRABALHO-E-PREVIDENCIA/577508-
REGRAS-DE-TRANSICAO-SAO-O-PRINCIPAL-FOCO-DAS-EMENDAS-A-REFORMA-DA-
PREVIDENCIA.html>. Acesso em 02 jul. 2019.
209 BRASIL. Senado Federal. Reforma da Previdência altera regras para aposentadorias

especiais. Publicado em 10/05/2019. Disponível em:


65

O texto propõe também a extinção da conversão dos períodos de labor


especial em comum para fins de obtenção dos acréscimos no tempo de
contribuição, bem como do enquadramento por atividade profissional e
periculosidade, ainda concedidos na via judicial por entendimento jurisprudencial,
conforme já estudado anteriormente.210
Ainda, pela reforma, o segurado que aposenta na forma especial não
receberá os 100% do salário-de-benefício, tendo sua renda mensal calculada da
mesma maneira que a aposentadoria comum (iniciando em 60% do salário-de-
benefício, aumentando 2% a cada ano de exposição), apenas sem a incidência do
fator previdenciário.211
Um ponto muito importante que também será diretamente afetado pela PEC
n. 06 é o da concessão de benefícios de prestação continuada. Atualmente, o
referido benefício é assistencial, ou seja, não depende de contribuições (conforme
mencionado acima, a assistência social é pertencente ao sistema não contributivo),
sendo concedido para idosos com mais de 65 anos e deficientes, cuja renda familiar
não ultrapasse ¼ do salário mínimo per capita, e possui o valor fixo de um salário
mínimo vigente.212
Na proposta de reforma, o benefício será concedido integralmente, no valor
de um salário mínimo, apenas aos idosos com mais de 70 anos. Idosos de 60 a 69
anos receberão o benefício no valor de R$ 400,00. Para os deficientes, também
beneficiários, o valor não sofre alteração pela reforma.213
Entretanto, já foi protocolada emenda que retira da reforma a proposta de
alteração do benefício de prestação continuada, considerando que, para a maioria
dos parlamentares, com a criação das duas faixas de valores de benefício, a
economia para os cofres públicos seria inexpressiva e capaz de gerar outro

<https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2019/05/10/reforma-da-previdencia-altera-regras-
para-aposentadorias-especiais>. Acesso em: 29 maio 2019.
210 SILVA, Cássia Bernardo da. Reforma: o que muda na aposentadoria especial e da pessoa com

deficiência. Previdenciarista. Publicado em 20/02/2019. Disponível em:


<https://previdenciarista.com/blog/reforma-o-que-muda-na-aposentadoria-especial-e-da-pessoa-com-
deficiencia/>. Acesso em 31 maio 2019.
211 APOSENTADORIA especial deixará de ser integral com a reforma. Veja, São Paulo, 25 de fev.

2019. Disponível em: <https://veja.abril.com.br/economia/aposentadoria-especial-deixara-de-ser-


integral-com-a-reforma/>. Acesso em: 02 jul. 2019.
212 DUARTE, Marina Vasques. Direito Previdenciário. 5. ed. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2008, p. 38.
213 BRASIL. Senado Federal. BPC é um dos pontos polêmicos da reforma da previdência.

Publicado em 09/05/2019. Disponível em:


<https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2019/05/09/bpc-e-um-dos-pontos-polemicos-da-
reforma-da-previdencia>. Acesso em: 30 maio 2019.
66

impasse, considerando que muitos idosos ficariam em total situação de desamparo,


retornando aos asilos e casas de passagem, também custeadas pelo Estado.214
A redução no valor do benefício também é objeto da proposta de emenda,
quanto aos benefícios de pensão por morte e aposentadoria por invalidez.
Atualmente, a pensão por morte é paga aos dependentes do segurado falecido, no
valor equivalente à sua aposentadoria, ou àquela que teria direito no momento do
fato gerador. A cota da pensão é única e, caso houverem mais dependentes da
mesma classe, dividida em frações iguais. Ainda, é permitida a cumulação da
pensão por morte com aposentadoria por tempo e contribuição.215
De acordo com a reforma, a renda mensal do benefício de pensão por morte
será composta por uma cota fixa de 50% do valor da aposentadoria do segurado, e
mais 10% a cada dependente, ou seja, podendo ficar abaixo do valor do salário
mínimo em caso de haver apenas um dependente, por exemplo, ficando o beneficio
em 60% do valor, não podendo ultrapassar o máximo de 100%. Tal regramento será
previsto apenas em caso de morte que não tenha relação com o trabalho, nos casos
de acidentes de trabalho ou morte por doença ocupacional, a renda mensal
continuará sendo de 100%.216
Ainda, é prevista a vedação parcial da acumulação de benefícios, ou seja, o
dependente que recebe a pensão por morte não poderá acumular integralmente a
pensão com a aposentadoria por tempo de contribuição. Deverá escolher pelo
benefício de maior valor e receber um percentual do benefício menor, este
percentual sendo definido de acordo com o valor total dos dois benefícios, que não
poderão exceder quatro salários mínimos.217

214 DEPUTADOS conseguem assinaturas e protocolam emenda que tira BPC/LOAS da reforma da
Previdência. Estadão, São Paulo, 30 de maio 2019. Disponível em:
<https://brasil.estadao.com.br/blogs/vencer-limites/deputados-protocolam-emenda-que-tira-bpc-loas-
da-reforma-da-previdencia/ >. Acesso em: 01 jul. 2019.
215 ALENCAR, Hermes Arrais. Benefícios Previdenciários. São Paulo: Livraria e Editora

Universitária de Direito, 2003, p. 156.


216 BRASIL. Câmara dos Deputados. Proposta de reforma altera regras de pensão por morte e de

aposentadoria por invalidez. Publicado em 20/02/2019. Disponível em:


<https://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/TRABALHO-E-PREVIDENCIA/572661-
PROPOSTA-DE-REFORMA-ALTERA-REGRAS-DE-PENSAO-POR-MORTE-E-DE-
APOSENTADORIA-POR-INVALIDEZ.html>. Acesso em: 29 maio 2019.
217 BRASIL. Senado Federal. Reforma da Previdência: pensão por morte terá limitação de benefícios.

TV Senado, Brasília, 29 de abr. 2019. Disponível em:


<https://www12.senado.leg.br/noticias/videos/2019/04/reforma-da-previdencia-pensao-por-morte-tera-
limitacao-de-beneficios>. Acesso em: 01 jul. 2019.
67

No caso dos benefícios por incapacidade, a aposentadoria por invalidez


passará a se chamar aposentadoria por incapacidade permanente e também seguirá
a regra geral das aposentadorias, qual seja, o cálculo da renda mensal inicia-se
sobre 60% do salário-de-beneficio do segurado quando este possuir até 20 anos de
contribuição e vai aumentando progressivamente 2% por ano de contribuição além
dos 20 necessários. 218
Todavia, assim como na pensão por morte, o segurado que ficou inválido
(incapaz de forma permanente) por acidente de trabalho ou doença ocupacional,
não entra na regra geral, fazendo jus ao benefício integralmente. Também não há
previsão de vedação ou mudança no adicional de 25% no valor do benefício para
aqueles que comprovem necessidade de auxílio permanente de terceiros, ou seja,
continua a cargo do INSS a comprovação da efetiva necessidade.219
Para os trabalhadores rurais também haverão mudanças, segundo a PEC. Na
regra atual, o trabalhador que exerce labor campesino em regime de economia
familiar, possui direito à aposentadoria por idade aos 55 e 60 anos para mulheres e
homens, respectivamente. Ainda há o requisito de, no mínimo, 180 meses de
carência (exercido em atividade rurícola), bem como exercer atividade rural no ato
do requerimento do beneficio.220
O diferencial dos segurados especiais (trabalhadores rurais, garimpeiros,
seringueiros, pescadores artesanais...) é que não necessariamente devem
comprovar o efetivo recolhimento de contribuições à previdência social para fins de
carência, sendo assim, a carência é consolidada mediante comprovação da
atividade exercida, que caracteriza o segurado como especial, conforme lista de
documentos expressa no artigo 63 do Decreto n. 3.048/99.221
Os trabalhadores rurais em regime de economia familiar (que não sejam
empregados rurais) devem recolher o percentual de 2,2%, apenas em caso de

218 BRASIL. Senado Federal. Reforma da previdência reduz valor da pensão por morte e
aposentadoria por invalidez. Publicado em 13/05/2019. Disponível em:
<https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2019/05/13/reforma-da-previdencia-reduz-valor-de-
pensao-por-morte-e-aposentadoria-por-invalidez>. Acesso em: 02 jul. 2019.
219 BRASIL. Governo Federal. Proposta da Nova Previdência prevê valor progressivo para

aposentadorias por incapacidade permanente. Publicado em 20/02/2019. Disponível em: <


http://www.brasil.gov.br/novaprevidencia/noticias/proposta-da-nova-previdencia-preve-valor-
progressivo-para-aposentadorias-por-incapacidade-permanente>. Acesso em: 30 maio 2019.
220 IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário. 15. ed. rev., ampl. e atual. Rio de

Janeiro: Impetus, 2010, p. 628-629.


221 INSTITUTO Nacional do Seguro Social. Carência: orientações. Publicado em 16/05/2017.

Disponível em: < https://www.inss.gov.br/orientacoes/carencia/>. Acesso em: 30 maio 2019.


68

comercialização de seus produtos para pessoas jurídicas, consoante disposto na Lei


n. 8.212/91:

Art. 25. A contribuição da pessoa física e do segurado especial referidos,


respectivamente, na alínea a do inciso V e no inciso VII do art. 12 desta lei,
destinada à Seguridade Social, é de: (Redação dada pela Lei nº 8.540, de
1992).
I - 2% (dois por cento), no caso da pessoa física, e 2.2% (dois inteiros e dois
décimos por cento), no caso do segurado especial, da receita bruta da
comercialização da sua produção; (Redação dada pela Lei nº 8.861, de
1994).222

Pelo texto da reforma da previdência, a idade mínima das mulheres


lavradoras (antes de 55 anos) passa a sofrer um aumento gradativo de seis meses a
cada ano, até chegar na mesma idade dos homens, 60 anos. Além da idade, se
torna requisito o tempo de contribuição mínimo de 20 anos, como nos demais
benefícios, o que torna obrigatório o efetivo recolhimento dos segurados especiais
sobre o faturamento anual, sendo a alíquota definida posteriormente por Lei
Complementar.223
Entretanto, sobre o tema, foram apresentadas dezenas de emendas para que
se mantenham as regras atuais. A bancada feminina na Câmara dos Deputados,
formada por 77 deputadas de diferentes partidos, protocolou sua emenda pedindo a
manutenção da regra atual, com o fito de evitar prejuízos principalmente às
mulheres, considerando a diferença fisiológica de biotipo dos homens e mulheres,
não havendo razão para trabalhar na agricultura pelo menos período que os
segurados especiais do sexo masculino.224
No que concerne aos servidores públicos, as mudanças serão incisivas,
abrangendo servidores municipais, estaduais e federais, filiados a um Regime
Próprio de Previdência. A principal mudança é o tempo mínimo de contribuição, que
passa a ser de 25 anos para ambos os sexos, sendo no mínimo 10 anos no serviço
público e cinco no mesmo cargo. Ressalta-se que estes requisitos não cabem para

222 BRASIL. Presidência da Repúbica. Lei n. 8.212, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre a
organização da Seguridade Social, institui Plano de Custeio e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8212orig.htm>. Acesso em: 30 maio 2019.
223 BRASIL. Senado Federal. Reforma da previdência cria contribuição mínima para

trabalhadores do campo. Publicado em 07/05/2019. Disponível em:


<https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2019/05/07/reforma-da-previdencia-cria-contribuicao-
minima-para-trabalhadores-do-campo>. Acesso em: 02 jul. 2019.
224 RESENDE, Thiago; BOLDRINI, Ângela. Bancada feminina fará emendas à reforma da

Previdência. Folha de São Paulo. São Paulo, 27 maio de 2019. Disponível em:
<https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/05/bancada-feminina-fara-emendas-a-reforma-da-
previdencia.shtml>. Acesso em 01 jul. 2019.
69

os professores, policiais, agentes penitenciários e/ou socioeducativos, servidores


que exercem atividade especial e com deficiência.225
Quanto aos servidores da segurança pública (policiais civis, federais e
agentes penitenciários), atualmente possuem o direito de se aposentar aos 25 e 30
anos de contribuição (mulheres e homens, respectivamente), ocupando o cargo
exclusivamente policial por 15 e 20 anos, sem idade mínima. Contudo, a reforma da
Previdência propõe a idade mínima de 55 anos para ambos os sexos, bem como o
tempo de contribuição aumentado para 20 anos de atividade exclusivamente para a
segurança pública.226
A proposta gerou a insurgência da classe, que, irresignada, buscou debater
com o governo federal, com a alegação de que o Brasil é o País onde mais policiais
morrem em exercício da função, devendo, sim, ser garantida a aposentadoria com
menos tempo de trabalho, com base na periculosidade da atividade. Assim como
nas demais classes, também houveram emendas protocoladas nesse sentido.227
A classe dos professores também sofrerá mudanças bruscas em caso de
aprovação da PEC n. 06, no que tange a aposentadoria. Atualmente não há idade
mínima para a aposentadoria do professor, sendo o único requisito o tempo mínimo
de exclusivo exercício de magistério por 30 anos para homens e 25 para mulheres.
É vedado aos professores vinculados ao Regime Próprio a conversão de tempo de
serviço de magistério para comum, havendo esta possibilidade apenas para os
professores filiados ao Regime Geral de Previdência Social.228
A reforma prevê seja instaurada uma idade mínima aos professores, qual
seja, 60 anos de idade e aumenta o tempo de contribuição para 30 anos, sendo
ambos os requisitos iguais para homens e mulheres. No período de transição, o
docente poderá optar pelo sistema de pontos (idade mais tempo de contribuição),

225 QUEIROZ, Augusto. O servidor na regra de transição da reforma da Previdência. Revista


Consultor Jurídico. Publicado em 26/02/2019. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2019-fev-
26/antonio-queiroz-servidor-regra-transicao-previdencia>. Acesso em: 29 maio 2019.
226 BRASIL. Câmara dos Deputados. Policiais e bombeiros rechaçam mudanças nas regras de

aposentadoria. Publicado em 13 mar. 2019. Disponível em:


<https://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/TRABALHO-E-PREVIDENCIA/573377-
POLICIAIS-E-BOMBEIROS-RECHACAM-MUDANCAS-NAS-REGRAS-DE-APOSENTADORIA.html>.
Acesso em: 01 maio 2019.
227 BRASIL. Senado Federal. Na CDH, governo e policiais civis divergem em debate sobre

previdência. Publicado em 23/04/2019. Disponível em:


<https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2019/04/23/na-cdh-governo-e-policiais-civis-
divergem-em-debate-sobre-previdencia>. Acesso em: 30 maio 2019.
228 RIBEIRO, Maria Helena Alvim. Aposentadoria Especial: regime geral da previdência social. 3.

ed. rev. atual. Curitiba: Juruá Editora, 2008, p.378-380.


70

que começa com 81 pontos para as professoras e 91 para professores em 2019, ou


pela combinação da idade mínima e tempo de contribuição, que inicia aos 51 e 56
anos (mulheres e homens, respectivamente), no ano de 2020, aumentando
progressivamente seis meses a cada um ano, até a obtenção dos 60 anos
necessários.229
A repercussão da proposta de aumento da idade e tempo e contribuição dos
professores foi tamanha, que foi pauta de audiência pública da Comissão de Direitos
Humanos (CDH), eis que a categoria se insurgiu contra a reforma, alegando ser a
classe mais prejudicada em eventual aprovação da PEC.230
Contudo, após a repercussão, houve manifestação do governo federal nesse
sentido, alegando que a mudança no regime previdenciário como um todo (chamada
de Nova Previdência) tem o condão de gerar o aumento de recursos financeiros
para a União, recursos estes que serão convertidos em investimentos fundamentais
para a população, tais como saúde, educação e segurança.231
Até a finalização desta pesquisa, a Proposta de Emenda Constitucional n. 06
ainda não havia sido votada nem na Câmara dos Deputados, nem no Senado
Federal. O texto foi aprovado em 23 de abril de 2019 na Comissão de Constituição e
Justiça (CCJ), que verifica se a proposta está de acordo com a Constituição Federal
do Brasil.232
Até o dia 30 de maio de 2019 foi o prazo final para os parlamentares
apresentarem suas emendas à PEC, para posteriormente serem analisadas junto ao
mérito da proposta de reforma pela comissão especial, designada pelo presidente da
Câmara dos Deputados. Após o parecer da comissão especial, a PEC será votada
pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, onde, se aprovada, será

229 BRASIL. Senado Federal. Reforma da Previdência: mudança na aposentadoria de professores


divide opiniões. Publicado em 21/02/2019. Disponível em:
<https://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/TRABALHO-E-PREVIDENCIA/572724-
REFORMA-DA-PREVIDENCIA-MUDANCA-NA-APOSENTADORIA-DE-PROFESSORES-DIVIDE-
OPINIOES.html>. Acesso em: 02 jul. 2019.
230 BRASIL. Senado Federal. Situação dos professores na reforma da Previdência será discutida

na CDH. Publicado em 24/04/2019. Disponível em:


<https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2019/04/26/situacao-dos-professores-na-reforma-da-
previdencia-sera-discutida-na-cdh>. Acesso em: 02 jul. 2019.
231 BRASIL. Ministério da Economia. Secretaria de Previdência. Nova Previdência mantém

tratamento especial a professores. Disponível em: <http://www.previdencia.gov.br/2019/04/nova-


previdencia-mantem-tratamento-especial-a-professores/>. Acesso em: 02 jul. 2019.
232 REFORMA da Previdência é aprovada na CCJ da Câmara: saiba próximas etapas da tramitação.

G1. Brasília, 24 abr. de 2019. Disponível em:


<https://g1.globo.com/politica/noticia/2019/04/24/reforma-da-previdencia-e-aprovada-na-ccj-da-
camara-saiba-proximas-etapas-da-tramitacao.ghtml>. Acesso em: 01 jul. 2019.
71

enviada para promulgação pelo Congresso Nacional, passando a vigorar em


seguida como Emenda à Constituição, respeitadas as regras de transição. 233
O que se pode concluir é que ainda há muitas especulações acerca das
modificações oriundas da reforma da Previdência, como já mencionado, além do
texto oficial, foram apresentadas 277 emendas ao texto, que deverão ser analisadas
pela comissão especial e possivelmente o texto será modificado. Outrossim, será um
desafio, tanto para os juristas quanto para os doutrinadores, adaptar os seus
estudos e decisões de acordo com a Nova Previdência, bem como para os
segurados, que, cada vez mais encontram dificuldades e questões burocráticas na
hora de requerer a sua aposentadoria, seja ela comum ou especial.

233BRASIL. Câmara dos Deputados. Entenda como será a tramitação da proposta de reforma da
Previdência. Publicado em 20/02/2019. Disponível em:
<https://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/TRABALHO-E-PREVIDENCIA/572634-
ENTENDA-COMO-SERA-A-TRAMITACAO-DA-PROPOSTA-DE-REFORMA-DA-
PREVIDENCIA.html>. Acesso em: 02 jul. 2019.
72

CONCLUSÃO

Diante do exposto no presente trabalho de conclusão de curso, foi possível


obter-se esclarecimentos acerca do instituto da aposentadoria especial, um
benefício previdenciário não tão difundido popularmente, mas, com certeza, muito
mais benéfico ao segurado que o obtém, considerando a integralidade da renda
mensal inicial, sem a incidência do fator previdenciário.
Foram esclarecidos os requisitos para a concessão do benefício, quais sejam,
labor exposto de forma habitual e permanente (não eventual nem intermitente) à
agentes prejudiciais à saúde e/ou integridade física do empregado, sem a utilização
de equipamentos de proteção individual capazes de elidir, neutralizar ou eliminar a
nocividade da exposição.
Verificou-se que o segurado, ao requerer a aposentadoria na forma especial
perante o Instituto Nacional do Seguro Social, enfrenta certos obstáculos,
principalmente no que tange às formas de comprovação da efetiva nocividade da
exposição aos agentes ensejadores do benefício, assim como a eficácia do
equipamento de proteção individual. Há diversas maneiras de se comprovar, porém,
nem todas são aceitas pela autarquia previdenciária.
Para cada período laborado o segurado deve apresentar um formulário
diferente, assim como o laudo técnico que embasou o seu preenchimento, de acordo
com a legislação vigente à época da prestação do serviço. Entretanto, para as
empresas que estão fechadas, restou comprovado que o trabalhador poderá se
valer de laudos similares e/ou produzidos na Justiça do Trabalho, se assim a
autarquia previdenciária consentir.
Ainda, na pesquisa, demonstrou-se que a interpretação do conjunto
probatório apresentado pelo segurado no ato do requerimento é distinta nas vias
administrativa e judicial, sendo esta segunda mais flexível no que concerne à
produção de provas após a entrada do requerimento na via administrativa, seja para
comprovação de labor em empresas extintas, ineficácia do equipamento de proteção
individual, atividade genérica (serviços gerais), dentre outros.
Foram estudados os diferentes entendimentos atinentes à aposentadoria
especial, principalmente no que se refere às alterações legislativas e impactos na
manutenção do benefício do segurado, concluindo-se que o princípio que norteia o
73

requerimento da aposentadoria especial é o tempus regit actum, o qual prevê que a


legislação vigente na análise do requerimento é a da época do labor.
Embora se tenha o entendimento acima como norte em ambas as esferas
(administrativa e judicial), se pôde observar que para cada uma há particularidades,
como instruções normativas internas, decretos, súmulas e leis, bem como,
entendimentos jurisprudenciais e doutrinários acerca do mesmo tema, o que se
mostrou como sendo o principal problema enfrentado pelo segurado, observado na
presente pesquisa.
Essa divergência foi objeto de discussão no capítulo dois, que, inicialmente,
relatou cada um dos agentes nocivos considerados ensejadores da aposentadoria
especial, as consequências da exposição para a saúde do trabalhador, assim como
os equipamentos de proteção individual indicados para o uso e a sua eficácia,
conforme pesquisas realizadas na área da segurança do trabalho e instruções
normativas da própria autarquia previdenciária.
Verificou-se que há agentes extremamente agressivos para a saúde humana,
como, por exemplo, químicos considerados cancerígenos (previstos na LINACH), os
quais são de análise qualitativa, bastando a mera presença no ambiente laboral para
se declarar a especialidade da atividade do trabalhador, tamanha nocividade desses
agentes.
Ainda, se demonstrou atividades não muito comuns, que são extremamente
nocivas e que ensejam o reconhecimento da especialidade, inclusive com menos
tempo de serviço, tais como trabalhadores em minas subterrâneas, que podem
aposentar-se na forma especial com 15 ou 20 anos de labor (de acordo com a sua
atividade específica, se à frente ou afastado da linha de produção) e obreiros que
trabalham em contato com amianto, que basta 20 anos de contato para se obter o
direito ao benefício na forma especial.
As atividades acima não são muito difundidas, bem como, quanto às outras
atividades, por vezes os próprios operários não tem conhecimento de seu direito,
razão pela qual a presente pesquisa é de suma importância para a sociedade como
um todo, para esclarecer aos segurados sobre aquilo que lhe é respaldado, por
laborar muitas vezes em condições insalubres e/ou perigosas, utilizando
equipamentos de proteção ineficazes ou inadequados para o tipo de agente.
74

Em seguida, demonstrou-se de forma clara a divergência de entendimentos


acima mencionada, a qual o segurado se submete no ato de requerer o seu
benefício, seja na via administrativa, por conta própria, ou judicialmente, por
intermédio de um advogado. O trabalhador, leigo no que concerne à legislação
previdenciária, acaba por muitas vezes aceitar aquele benefício com valor menor,
por desconhecer que há outras maneiras de comprovar o exercício de atividade
especial, no caso, por exemplo, de empresas inativas.
No último subcapítulo, foi realizada uma análise mais crítica da Proposta de
Emenda Constitucional n. 06 (reforma da previdência), pontuando as mudanças
mais incisivas e que refletem diretamente na manutenção dos benefícios
previdenciários atualmente. A referida proposta ainda não foi votada nem na Câmara
dos Deputados nem no Senado Federal, estando em fase de análise de emendas
propostas pelos parlamentares.
Por fim, se conclui que há uma lacuna na vida do segurado que exerce suas
atividades exposto a agentes nocivos, eis que por muitas vezes, por falta de
conhecimento e/ou instrução sobre o assunto, acaba por receber um benefício
inferior àquele que lhe é de direito.
Todavia, há diversos temas em aberto aguardando julgamento pelas
instâncias superiores, o que poderá modificar e muito o futuro dos segurados da
previdência social, seja para preencher a lacuna existente ou para deixar o
trabalhador ainda mais confuso e sem se valer, de fato, dos benefícios que lhe são
respaldados legalmente.
75

REFERÊNCIAS

ALENCAR, Hermes Arrais. Benefícios Previdenciários. São Paulo: Livraria e Editora


Universitária de Direito, 2003.

AMADO, Frederico. Curso de Direito e Processo Previdenciário. 8. ed. rev. ampl. e


atual. Salvador: Juspodivm, 2016.

APOSENTADORIA especial deixará de ser integral com a reforma. Veja, São Paulo,
25 de fev. 2019. Disponível em: <https://veja.abril.com.br/economia/aposentadoria-
especial-deixara-de-ser-integral-com-a-reforma/>. Acesso em: 02 jul. 2019.

BATISTA JUNIOR, Ernesto Emir Kugler; VILLATORE, Marco Antônio César.


Aspectos psicossociais no meio ambiente de trabalho e prevenção da saúde mental
do trabalhador. Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região. Curitiba, v.
7, n. 64, dez./jan. 2017/2018. Disponível em:
<https://juslaboris.tst.jus.br/bitstream/handle/20.500.12178/123416/2017_rev_trt09_v
0007_n004.pdf?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em 30 mar. 2019.

BRASIL. Câmara dos Deputados. Entenda como será a tramitação da proposta de


reforma da Previdência. Publicado em 20/02/2019. Disponível em:
<https://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/TRABALHO-E-
PREVIDENCIA/572634-ENTENDA-COMO-SERA-A-TRAMITACAO-DA-
PROPOSTA-DE-REFORMA-DA-PREVIDENCIA.html>. Acesso em: 02 jul. 2019.

BRASIL. Câmara dos Deputados. Policiais e bombeiros rechaçam mudanças nas


regras de aposentadoria. Publicado em 13 mar. 2019. Disponível em:
<https://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/TRABALHO-E-
PREVIDENCIA/573377-POLICIAIS-E-BOMBEIROS-RECHACAM-MUDANCAS-
NAS-REGRAS-DE-APOSENTADORIA.html>. Acesso em: 01 jul. 2019.

BRASIL. Câmara dos Deputados. Proposta de reforma altera regras de pensão por
morte e de aposentadoria por invalidez. Publicado em 20/02/2019. Disponível em:
<https://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/TRABALHO-E-
PREVIDENCIA/572661-PROPOSTA-DE-REFORMA-ALTERA-REGRAS-DE-
PENSAO-POR-MORTE-E-DE-APOSENTADORIA-POR-INVALIDEZ.html>. Acesso
em: 29 maio 2019.

BRASIL. Câmara dos Deputados. Reforma da previdência prevê idade mínima de 65


anos para homens e 62 para mulheres. Publicado em 20/02/2019. Disponível em:
<https://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/TRABALHO-E-
PREVIDENCIA/572640-REFORMA-DA-PREVIDENCIA-PREVE-IDADE-MINIMA-DE-
65-ANOS-PARA-HOMENS-E-62-PARA-MULHERES.html>. Acesso em: 30 maio
2019.

BRASIL. Câmara dos Deputados. Regras de transição são o principal foco das
emendas à reforma da Previdência. Publicado em 31/05/2019. Disponível em:
<https://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/TRABALHO-E-
76

PREVIDENCIA/577508-REGRAS-DE-TRANSICAO-SAO-O-PRINCIPAL-FOCO-
DAS-EMENDAS-A-REFORMA-DA-PREVIDENCIA.html>. Acesso em: 02 jul. 2019.

BRASIL. Governo Federal. Proposta da Nova Previdência prevê valor progressivo


para aposentadorias por incapacidade permanente. Publicado em 20/02/2019.
Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/novaprevidencia/noticias/proposta-da-nova-
previdencia-preve-valor-progressivo-para-aposentadorias-por-incapacidade-
permanente>. Acesso em: 30 maio 2019.

BRASIL. Ministério da Economia. Secretaria de Previdência. Nova Previdência


mantém tratamento especial a professores. Disponível em:
<http://www.previdencia.gov.br/2019/04/nova-previdencia-mantem-tratamento-
especial-a-professores/>. Acesso em: 02 jul. 2019.

BRASIL. Ministério da Previdência Social. Orientação Interna n. 187, de 19 de março


de 2008. Recomendação para análise de tempo especial. Disponível em:
<http://www.consultaesic.cgu.gov.br/busca/dados/Lists/Pedido/Attachments/485468/
RESPOSTA_PEDIDO_oidirben187.pdf>. Acesso em: 09 abr. 2019.

BRASIL. Ministério da Previdência Social. Regulamento da Previdência Social.


Anexo IV – Classificação dos Agentes Nocivos. Disponível em:
<http://sislex.previdencia.gov.br/paginas/23/1999/ANx3048.htm>. Acesso em 18
maio 2019.

BRASIL. Ministério do Trabalho. Norma Regulamentadora n. 36, de 19 de abril de


2013. Disponível em:
<http://www.trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR36.pdf>. Acesso em: 05
abr. 2019

BRASIL. Ministérios do Trabalho e Emprego, da Saúde e da Previdência Social.


Portaria Interministerial MTE/MS/MPS nº 09, de 07 de outubro de 2014. Publica a
Lista Nacional de Agentes Cancerígenos para Humanos (LINACH), como referência
para políticas públicas, na forma do anexo a esta portaria. Disponível em:
<http://sislex.previdencia.gov.br/paginas/65/MPS-MTE-MS/2014/9.htm>. Acesso em:
27 abr. 2019.

BRASIL. Presidência da República. Decreto n. 53.831, de 25 de março de 1964.


Dispõe sobre a aposentadoria especial instituída pela Lei n. 3.807, de 26 de agosto
de 1960. Disponível em:
<http://sislex.previdencia.gov.br/paginas/23/1964/53831.htm>. Acesso em: 16 nov.
2018.

______. Presidência da República. Decreto n. 83.080, de 24 de janeiro de 1979.


Aprova o regulamento dos benefícios da previdência social. Disponível em:
<http://sislex.previdencia.gov.br/paginas/23/1979/83080.htm>. Acesso em: 16 nov.
2018.

______. Presidência da República. Decreto-Lei n. 5.452, de 01 de maio de 1943.


Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Disponível em:
77

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm>. Acesso em: 17 nov.


2018.

______. Presidência da República. Emenda Constitucional n. 20, de 15 de dezembro


de 1998. Modifica o sistema de previdência social, estabelece normas de transição e
dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc20.htm>.
Acesso em 28 maio 2019.

______. Presidência da República. Lei n. 8.212, de 24 de julho de 1991. Dispõe


sobre a organização da Seguridade Social, institui Plano de Custeio, e dá outras
providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8212cons.htm>. Acesso em 26 maio 2019.

______. Presidência da República. Lei n. 9.711, de 28 de novembro de 1998. Dispõe


sobre a recuperação de haveres do Tesouro Nacional e do Instituto Nacional do
Seguro Social - INSS, a utilização de Títulos da Dívida Pública, de responsabilidade
do Tesouro Nacional, na quitação de débitos com o INSS, altera dispositivos das
Leis nos 7.986, de 28 de dezembro de 1989, 8.036, de 11 de maio de 1990, 8.212,
de 24 de julho de 1991, 8.213, de 24 de julho de 1991, 8.742, de 7 de dezembro de
1993, e 9.639, de 25 de maio de 1998, e dá outras providências. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9711.htm>. Acesso em 19 mar. 2019.

______. Presidência da República. Medida Provisória n. 1.663-10, de 28 de maio de


1998. Dispõe sobre a recuperação de haveres do Tesouro Nacional e do Instituto
Nacional do Seguro Social - INSS, a utilização de Títulos da Dívida Pública, de
responsabilidade do Tesouro Nacional, na quitação de débitos com o INSS, altera
dispositivos das Leis nºs 7.986, de 28 de dezembro de 1989, 8.036, de 11 de maio
de 1990, 8.212, de 24 de julho de 1991, e 8.213, de 24 de julho de 1991, e dá outras
providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/Antigas/1663-10.htm>. Acesso em 26
maio 2019.

BRASIL. Previdência Social. Instrução Normativa n. 118, de 14 de abril de 2005.


Disponível em: <http://sislex.previdencia.gov.br/paginas/38/INSS-DC/2005/118.htm>.
Acesso em 26 maio 2019.

BRASIL. Senado Federal. BPC é um dos pontos polêmicos da reforma da


previdência. Publicado em 09/05/2019. Disponível em:
<https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2019/05/09/bpc-e-um-dos-pontos-
polemicos-da-reforma-da-previdencia>. Acesso em: 30 maio 2019

BRASIL. Senado Federal. Capitalização prevista na reforma da Previdência provoca


incertezas. Publicado em 14/05/2019. Disponível em:
<https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2019/05/14/capitalizacao-prevista-
na-reforma-da-previdencia-provoca-incertezas>. Acesso em: 01 jul. 2019.

BRASIL. Senado Federal. Na CDH, governo e policiais civis divergem em debate


sobre previdência. Publicado em 23/04/2019. Disponível em:
78

<https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2019/04/23/na-cdh-governo-e-
policiais-civis-divergem-em-debate-sobre-previdencia>. Acesso em: 30 maio 2019.

BRASIL. Senado Federal. Reforma da Previdência altera regras para


aposentadorias especiais. Publicado em 10/05/2019. Disponível em:
<https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2019/05/10/reforma-da-previdencia-
altera-regras-para-aposentadorias-especiais>. Acesso em: 29 maio 2019

BRASIL. Senado Federal. Reforma da previdência cria contribuição mínima para


trabalhadores do campo. Publicado em 07/05/2019. Disponível em: <
https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2019/05/07/reforma-da-previdencia-
cria-contribuicao-minima-para-trabalhadores-do-campo>. Acesso em: 02 jul. 2019.

BRASIL. Senado Federal. Reforma da Previdência: mudança na aposentadoria de


professores divide opiniões. Publicado em 21/02/2019. Disponível em:
<https://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/TRABALHO-E-
PREVIDENCIA/572724-REFORMA-DA-PREVIDENCIA-MUDANCA-NA-
APOSENTADORIA-DE-PROFESSORES-DIVIDE-OPINIOES.html>. Acesso em: 02
jul. 2019.

BRASIL. Senado Federal. Reforma da Previdência: pensão por morte terá limitação
de benefícios. TV Senado, Brasília, 29 de abr. 2019. Disponível em:
<https://www12.senado.leg.br/noticias/videos/2019/04/reforma-da-previdencia-
pensao-por-morte-tera-limitacao-de-beneficios>. Acesso em: 01 jul. 2019.

BRASIL. Senado Federal. Situação dos professores na reforma da Previdência será


discutida na CDH. Publicado em 24/04/2019. Disponível em:
<https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2019/04/26/situacao-dos-
professores-na-reforma-da-previdencia-sera-discutida-na-cdh>. Acesso em: 02 jul.
2019.

BRASIL. Senado Federal. Tempo de contribuição e idade mínima são pilares da


reforma da previdência. Publicado em 06/05/2019. Disponível em:
<https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2019/05/06/idade-minima-e-tempo-
de-contribuicao-sao-pontos-centrais-da-reforma-da-previdencia>. Acesso em 01 jul.
2019.

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Agravo em Recurso Especial n. 426.177/PR.


Relator Ministro Sérgio Kukina. Julgado em 27/03/2014. Disponível em:
<https://ww2.stj.jus.br/processo/pesquisa/?tipoPesquisa=tipoPesquisaNumeroRegist
ro&termo=201303704250&totalRegistrosPorPagina=40&aplicacao=processos.ea>.
Acesso em: 15 out. 2018.

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Agravo Regimental no Agravo em Recurso


Especial n. 457.468/RS. Relator Ministro Mauro Campbell Marques. Julgado em
20/03/2014. Disponível em:
<https://ww2.stj.jus.br/processo/pesquisa/?tipoPesquisa=tipoPesquisaNumeroRegist
ro&termo=201304102857&totalRegistrosPorPagina=40&aplicacao=processos.ea>.
Acesso em: 18 nov. 2018.
79

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial n. 956.110/SP. Relator


Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Data do julgamento: 22 out. 2007. Disponível
em:
<https://ww2.stj.jus.br/processo/pesquisa/?tipoPesquisa=tipoPesquisaNumeroOrige
m&termo=200303990115767&totalRegistrosPorPagina=40&aplicacao=processos.e>
. Acesso em 26 maio 2019.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Agravo em Recurso Extraordinário n. 664.335.


Relator Ministro Luiz Fux. Repercussão geral reconhecida em 15 jun. 2012.
Disponível em:
<http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/verAndamentoProcesso.asp
?incidente=4170732&numeroProcesso=664335&classeProcesso=ARE&numeroTem
a=555#>. Acesso em: 27 abr. 2019

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário n. 433.305/PB. Relator


Ministro Sepúlveda Pertence. Julgado em 14/11/2006. Disponível em:
<http://stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%28RE%24%2ES
CLA%2E+E+433305%2ENUME%2E%29+OU+%28RE%2EACMS%2E+ADJ2+4333
05%2EACMS%2E%29&base=baseAcordaos&url=http://tinyurl.com/pqfbsrc>. Acesso
em: 13 nov. 2018.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário n. 788.092/SC. Relator


Ministro Dias Toffoli. Repercussão geral reconhecida em 06 de março de 2014.
Disponível em:
<http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/verPronunciamento.asp?pro
nunciamento=4801182>. Acesso em: 30 ago. 2018.

BRASIL. Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Apelação n. 5012093-


88.2011.4.04.7108. Relatora Gisele Lemke. Julgado em 22/05/2018. Disponível em:
<https://www2.trf4.jus.br/trf4/controlador.php?acao=consulta_processual_resultado_
pesquisa&selForma=NU&txtValor=5012093-
88.2011.4.04.7108&chkMostrarBaixados=&todasfases=&todosvalores=&todaspartes
=&txtDataFase=&selOrigem=TRF&sistema=&hdnRefId=&txtPalavraGerada=&txtCha
ve=>. Acesso em: 05 out. 2018.

CALHEIROS, Juliana de Morais; NASCIMENTO, Ana Simone Silva do; SANTOS,


Arly Karolyne Albert, et at. A utilização dos equipamentos de proteção individual nos
acidentes com materiais biológicos. Revista Gep News. Maceió, v. 02, n. 02, abr./jun.
2018, p. 23-28. Disponível em:
<http://www.seer.ufal.br/index.php/gepnews/article/view/5234>. Acesso em: 09 abr.
2019.

CARRARA, Gisleangela Lima Rodrigues; MAGALHÃES, Deisy Monier; LIMA, Renan


Catani. Riscos ocupacionais e os agravos à saúde dos profissionais de enfermagem.
Revista Fafibe On-Line. Bebedouro, v. 08, n. 01, out. 2015, p. 10. Disponível em:
<http://unifafibe.com.br/revistasonline/arquivos/revistafafibeonline/sumario/36/30102
015185405.pdf>. Acesso em: 09 abr. 2019

CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito
Previdenciário. 16. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2014.
80

CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito
Previdenciário. 19. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2016.

CORREIA, Erica Paula Barcha; CORREIA, Marcus Orione Gonçalves. Curso de


Direito da Seguridade Social. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.

DEPUTADOS conseguem assinaturas e protocolam emenda que tira BPC/LOAS da


reforma da Previdência. Estadão, São Paulo, 30 de maio 2019. Disponível em:
<https://brasil.estadao.com.br/blogs/vencer-limites/deputados-protocolam-emenda-
que-tira-bpc-loas-da-reforma-da-previdencia/ >. Acesso em: 01 jul. 2019.

DUARTE, Marina Vasques. Direito Previdenciário. 5. ed. Porto Alegre: Verbo


Jurídico, 2008.

FUNDACENTRO. Norma de Higiene Ocupacional n. 09. Avaliação da exposição


ocupacional à vibrações de corpo inteiro: procedimento técnico. São Paulo:
Fundacentro, 2013. Disponível em:
<http://www.fundacentro.gov.br/biblioteca/normas-de-higiene-
ocupacional/publicacao/detalhe/2013/4/nho-09-procedimento-tecnico-avaliacao-da-
exposicao-ocupacional-a-vibracao-de-corpo-inteiro>. Acesso em: 14 maio 2019.

GOES, Hugo. Resumo de Direito Previdenciário. 8. ed. Rio de Janeiro: Ferreira,


2016.

GOMES, Elizeu Domingues. Rotinas Trabalhistas e Previdenciárias. Belo Horizonte:


Líder, 2006.

IANAGUIVARA, Carolina Perpétuo. Guia de legislação trabalhista para clínicas


odontológicas particulares. 2018. 102 f. Dissertação (Mestrado em Ciência e
Tecnologia em Saúde). Programa de Pós-Graduação da Universidade de Mogi das
Cruzes, Mogi das Cruzes, SP, 2018. Disponível em:
<http://pergamumweb.umc.br/pergamumweb/vinculos/000002/00000262.pdf>.
Acesso em: 07 abr. 2019.

IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário. 15. ed. rev., ampl. e
atual. Rio de Janeiro: Impetus, 2010.

IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário. 18. ed. rev., ampl. e
atual. Rio de Janeiro: Impetus, 2013.

INSTITUTO Nacional do Seguro Social. Carência: orientações. Publicado em


16/05/2017. Disponível em: <https://www.inss.gov.br/orientacoes/carencia/>. Acesso
em: 30 maio 2019.

JUSTIÇA DO TRABALHO. Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região. Ação de


reconhecimento de trabalho em atividade insalubre para fins de aposentadoria
especial junto ao INSS não prescreve. Publicado em 08 ago. 2016. Disponível em:
<https://portal.trt3.jus.br/internet/conheca-o-trt/comunicacao/noticias-
juridicas/importadas-2015-2016/acao-de-reconhecimento-de-trabalho-em-atividade-
81

insalubre-para-fins-de-aposentadoria-especial-junto-ao-inss-nao-prescreve-08-08-
2016-06-00-acs>. Acesso em: 05 abr. 2019.

JUSTIÇA Federal. Conselho da Justiça Federal. Análise da exposição de


trabalhador a agentes químicos do anexo 13 da NR 15 deve ser qualitativa e não
sujeita a limites de tolerância. Publicado em 27 jul. 2016. Disponível em:
<https://www.cjf.jus.br/cjf/noticias/2016-1/julho/analise-da-exposicao-de-trabalhador-
a-agentes-quimicos-deve-ser-qualitativa-e-nao-sujeita-a-limites-de-tolerancia>.
Acesso em: 27 abr. 2019.

KERTZMAN, Ivan. Curso Prático de Direito Previdenciário. 14. ed. rev. atual. ampl.
Salvador: JusPodivm, 2016

LANDENTHIN, Adriane Bramante de Castro. Aposentadoria Especial – teoria e


prática. 1. ed. São Paulo: Juruá, 2013.

LAZZARI, Michelly Angelina; REIS, Cássia Barbosa. Os coletores de lixo urbano no


município de Dourados (MS) e sua percepção sobre os riscos biológicos em seu
processo de trabalho. Revista Ciência & Saúde Coletiva. Rio de Janeiro, v. 16, n. 8,
ago. 2011, p. 3437-3442. Disponível em:
<https://www.scielosp.org/article/csc/2011.v16n8/3437-3442/>. Acesso em: 07 abr.
2019.

MARRA, Gabriela Chaves; SOUZA, Luciana Hugue de; CARDOSO, Tema Abdalla
de Oliveira. Biossegurança no trabalho em frigoríficos: da margem do lucro à
margem da segurança. Revista Ciência & Saúde Coletiva. Rio de Janeiro, v. 18, n.
11, nov. 2013, p. 3259-3271. Disponível em:
<https://www.scielosp.org/pdf/csc/2013.v18n11/3259-3271/pt>. Acesso em: 05 abr.
2019

MARTINEZ, Wladimir Novaes. A prova no direito previdenciário. 2. ed. São Paulo:


LTr, 2009.

MARTINEZ, Wladimir Novaes. Aposentadoria Especial. 4. ed. São Paulo: LTr, 2006.

MARTINEZ, Wladimir Novaes. Curso de Direito Previdenciário. 4. ed. São Paulo:


LTr, 2011.

MARTINEZ, Wladimir Novaes. Curso de Direito Previdenciário. 5. ed. São Paulo:


LTr, 2013.

MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 31. ed. São Paulo: Atlas,
2011.

MICHEL, Oswaldo. Controle do uso de produtos perigosos causadores de


dependência e lesões entre os trabalhadores. São Paulo: LTr, 2002.

MOCCI, Francismery; CAGGIANO, Polyana Lais Majewski Caetano. Proposta de


reforma da Previdência é mais rígida e menos gradual que o esperado. Revista
Consultor Jurídico. Publicado em 30/03/2019. Disponível em: <
82

https://www.conjur.com.br/2019-mar-30/opiniao-reforma-previdencia-rigida-
esperado>. Acesso em: 01 jun. 2019

MORAES, Giovanni. Normas Regulamentadoras Comentadas e Ilustradas. 1. ed.


Rio de Janeiro: Gerenciamento Verde Editora e Livraria Virtual, 2011. Livro
disponivel em E-book.

MORAES, Márcia Vilma Gonçalves de. Doenças Ocupacionais – agentes: físico,


químico, biológico, ergonômico. 2. ed. São Paulo: Editora Érica, 2014.

NEVES, Roberpaulo Anacleto. Noções Gerais de Biossegurança. Goiás: Pontifícia


Universidade Católica de Goiás, 2016, p. 18-26. Disponível em:
<http://professor.pucgoias.edu.br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/15347/material/
Biosseguran%C3%A7a.pdf>. Acesso em: 19 maio 2019.

QUEIROZ, Augusto. O servidor na regra de transição da reforma da Previdência.


Revista Consultor Jurídico. Publicado em 26/02/2019. Disponível em:
<https://www.conjur.com.br/2019-fev-26/antonio-queiroz-servidor-regra-transicao-
previdencia>. Acesso em: 29 maio 2019.

REFORMA da Previdência é aprovada na CCJ da Câmara: saiba próximas etapas


da tramitação. G1. Brasília, 24 abr. de 2019. Disponível em:
<https://g1.globo.com/politica/noticia/2019/04/24/reforma-da-previdencia-e-aprovada-
na-ccj-da-camara-saiba-proximas-etapas-da-tramitacao.ghtml>. Acesso em: 01 jul.
2019.

RESENDE, Thiago; BOLDRINI, Ângela. Bancada feminina fará emendas à reforma


da Previdência. Folha de São Paulo. São Paulo, 27 maio de 2019. Disponível em: <
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/05/bancada-feminina-fara-emendas-a-
reforma-da-previdencia.shtml>. Acesso em 01 jul. 2019.

RIBEIRO, Maria Helena Alvim. Aposentadoria Especial - Regime Geral da


Previdência Social. 3. ed. rev. atual. Curitiba: Juruá Editora, 2008.

RIBEIRO, Maria Helena Carreira Alvim. Aposentadoria Especial - Regime Geral da


Previdência Social. 4. ed. rev. e atual. Curitiba: Juruá, 2010.

RIBEIRO, Maria Helena Carreira Alvim. Aposentadoria Especial - Regime Geral da


Previdência Social. 2. ed. Curitiba: Juruá, 2005.

RODRIGUES, Demian do Prado Marçal. Aposentadoria Especial dos Servidores


Públicos e os Projetos Legislativos para sua Regulação. Disponível em:
<https://seer.agu.gov.br/index.php/EAGU/article/download/1284/947>. Acesso em:
26 set. 2018.

SALIBA, Tuffi Messias. CORRÊA, Márcia Angelim Chaves. Insalubridade e


Periculosidade: aspectos técnicos e práticos. 5. ed. atual. São Paulo: LTr, 2000

SANTOS, Douglas Dall Cortivo dos. O recente posicionamento do Superior Tribunal


de Justiça e o reconhecimento da possibilidade de conversão do tempo de serviço
83

especial em comum após 28.05.1998. Revista de Doutrina do Tribunal Regional


Federal da 4ª Região. Curitiba, v. 27, dez. 2008. Disponível em:
<http://revistadoutrina.trf4.jus.br/index.htm?http://revistadoutrina.trf4.jus.br/artigos/edi
cao027/douglas_santos.html>. Acesso em 18 maio 2019.

SANTOS, Marisa Ferreira dos. In: LENZA, Pedro (Coord). Direito Previdenciário
Esquematizado. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.

SANTOS, Ubiratan de Paula; SANTOS, Marcos Paiva. Exposição à ruído: efeitos na


saúde e como preveni-los. Caderno de Saúde do Trabalhador. Piracicaba, 2000.
Disponível em:
<http://www.cerest.piracicaba.sp.gov.br/site/images/caderno7_ruido.pdf>. Acesso
em: 28 abr. 2019.

SILVA, Cássia Bernardo da. Reforma: o que muda na aposentadoria especial e da


pessoa com deficiência. Previdenciarista. Publicado em 20/02/2019. Disponível em:
<https://previdenciarista.com/blog/reforma-o-que-muda-na-aposentadoria-especial-e-
da-pessoa-com-deficiencia/>. Acesso em 31 maio 2019

SONEGO, Marília Trevisan; SANTOS FILHA, Valdete Alves Valentins dos;


MORAES, Anaelena Bragança de. Equipamento de proteção individual auricular:
avaliação da efetividade em trabalhadores expostos à ruído. Revista CEFAC. Santa
Maria, v. 18, n. 03, maio/jun 2016, p. 05. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/rcefac/v18n3/1982-0216-rcefac-18-03-00667.pdf>. Acesso
em: 28 abr. 2019

SPINELLI, Robson. Radiação Ionizante – O caso dos técnicos em radiologia. São


Paulo: Fundacentro, 2019. I Simpósio – Exposição Ocupacional às Radiações
Ionizantes no Brasil. Organizado pela Fundacentro, nos dias 23 e 24 de abril de
2019. Disponível em:
<http://www.fundacentro.gov.br/Arquivos/sis/EventoPortal/AnexoPalestraEvento/radi
a%C3%A7ao%20ionizanteporto%20-%20Robson%20Spinelli.pdf>. Acesso em: 18
maio 2019.

TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito Previdenciário. 5. ed. rev, ampl e atual. Rio de
Janeiro: Lumen Juris, 2003.

TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito Previdenciário. 9. ed. rev., ampl. e atual. Rio
de Janeiro: Lumen Juris, 2007.

VIANNA, Cláudia Salles Vilela. Previdência Social. 2. ed. São Paulo: LTr, 2008.

VIANNA, João Ernesto Aragonés. Curso de Direito Previdenciário. 5. ed. São Paulo:
Atlas, 2012.

VIANNA, João Ernesto Aragonés. Curso de Direito Previdenciário. 5. ed. São Paulo:
Atlas, 2012, p. 518-519.

XIMENES, Gilmar Machado. MAINIER, Fernando. Medidas e Medições de


Engenharia para Controle de Vibrações na Fonte. Niterói: Universidade Federal
84

Fluminense, 2005. IV Seminário Fluminense de Engenharia, Organizado pela Escola


de Engenharia da Universidade Federal Fluminense, nos dias 8, 9 e 10 de novembro
de 2005. Disponível em:
<http://www.inmetro.gov.br/producaointelectual/obras_intelectuais/230_obraIntelectu
al.pdf>. Acesso em: 14 maio 2019

Você também pode gostar