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BLUMENAU
2021/2
JOAO VICTOR MELATO
BLUMENAU
2021/2
JOAO VICTOR MELATO
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Orientadora: Prof.ª Silvia Helena Arizio
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Membro da banca
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Membro da banca
DEDICATÓRIA
This is a literature review whose thematic addressed is the impact of the Consumer
Defense Code on relations arising from the contracting of insurance. It is known that
with the advance of the occurrence of events beyond human will, even if predictable,
the search for contracting insurance has increased considerably, so discussions on
the subject both in doctrine and in jurisprudence also grew. Therefore, the main
objective of this study is precisely to analyze the framing of contracting insurance as
a consumption relationship. Therefore, a bibliographical research was carried out in
books, legislation, jurisprudence and materials published in electronic databases. As
a main result, it was found that the Consumer Defense Code should be applied in the
relationships arising from the contracting of insurance, since the specific legislation
on the subject is not capable of, alone, protecting the under-sufficient part of the
relationship: the insured.
CC Código Civil
CDC Código de Defesa do Consumidor
CNSP Conselho Nacional de Seguros Privados
DPVAT Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via
Terrestre
FENASEG Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados
SUSEP Superintendência de Seguros Privados
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 8
1 CONCEITO E EVOLUÇÃO HISTÓRIA DO INSTITUTO DO SEGURO ................... 9
1.1 A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO SEGURO ............................................................ 9
1.2 Das espécies de seguro.................................................................................... 12
1.2.1 Seguro de pessoas......................................................................................... 12
1.2.2 Seguro de dano .............................................................................................. 14
2 ELEMENTOS CONSTITUTIVOS E PRINCÍPIOS DO CONTRATO DE SEGURO 16
2.1 PRINCÍPIOS DO CONTRATO DE SEGURO ...................................................... 16
2.1.1 Princípio da boa-fé ......................................................................................... 17
2.1.2 Princípio do mutualismo................................................................................ 18
2.1.3 A função social do seguro ............................................................................. 19
2.2 Os elementos do contrato de seguro .............................................................. 20
2.2.1 O prêmio.......................................................................................................... 20
2.2.2 O risco ............................................................................................................. 21
2.2.3 A indenização ................................................................................................. 22
2.2.4 A proposta ...................................................................................................... 23
2.2.5 A apólice ......................................................................................................... 24
2.2.6 Sinistro ............................................................................................................ 25
3 A CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS DE SEGURO........................................ 27
3.1 BILATERAL ......................................................................................................... 27
3.2 Oneroso.............................................................................................................. 27
3.3 Comutativo e aleatório ...................................................................................... 28
3.4 Consensual ........................................................................................................ 29
3.5 Nominado ........................................................................................................... 29
3.6 Adesão ............................................................................................................... 29
3.7 Das partes .......................................................................................................... 30
3.7.1 O segurador .................................................................................................... 30
3.7.2 O segurado ..................................................................................................... 32
3.7.3 O beneficiário ................................................................................................. 33
3.8 O profissional corretor de seguros ................................................................. 34
4 O DIREITO DO CONSUMIDOR BRASILEIRO ...................................................... 36
4.1 OBJETIVOS DO DIREITO DO CONSUMIDOR .................................................. 38
4.2 Do conceito de consumidor ............................................................................. 39
4.3 Conceito de fornecedor .................................................................................... 43
4.4 Princípios gerais do Código de Defesa do Consumidor................................ 44
5 A INCIDÊNCIA DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR NOS
CONTRATOS DE SEGURO ..................................................................................... 46
5.1 DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR DE SEGUROS.................................. 47
5.1.1 Da publicidade abusiva ou enganosa........................................................... 48
5.1.2 Direito à informação ....................................................................................... 50
5.2 Da inversão do ônus da prova ......................................................................... 54
5.3 Das cláusulas abusivas e limitadoras ............................................................. 58
5.4 Analisando as cláusulas limitativas e restritivas de direitos sob a
perspectiva do CDC ................................................................................................ 61
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 66
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 68
8
INTRODUÇÃO
Com o passar dos anos tem aumentado o temor da sociedade para com o
acontecimento de eventos alheios a sua vontade, dentre estes, destacam-se:
aciedentes, roubos, furtos, mortes, eventos da natureza, etc. Sabe-se que tais
ocorrências podem acarretar tanto em danos materiais, que podem ser reparados,
como em danos morais/pessoais, os quais são normalmente resultantes de
falecimento.
Assim, houve uma larga procura por contratação de seguros, visando a
prevenção, por meio de pagamento de seguro, em caso de sinistro, sendo o prejuízo
suportado pelos contratantes ou somente pela seguradora. Por consequência, houve
grande busca pela capacitação para o desenvolviemnto da atividade de corretagem
de seguros também, uma vez que o mercado teve grande expansão.
Ocorre que, embora tudo pareça simples, a relação entre o segurado e o
segurador apresenta-se como dotada de peculiaridades e que normalmente
acarretam em discussões frequentes tanto no campo doutrinário como no
jurisprudencial, e com isso, a legislação nos últimos anos dedicou a compreendê-la
como relação de consumo, uma vez que a contrataçaõ de seguro é definida pelo
Código de Defesa do Consumidor como sendo proveniente de consumo.
Sendo assim, esta pesquisa tem como objetivo geral o de analisar a
incidência do Código de Defesa do Consumidor nos contratos de seguro. Tem-se
ainda os objetivos específicos de: analisar a evolução do Direito Securitário;
apresentar os elementos constitutivos do contrato de seguro; verificar os direitos do
consumidor, previstos no CDC, indicentes na relação entre o segurado e o
segurador.
Para tanto, utilizou da revisão de literatura, cujo método é o qualitativo. A
pesquisa desenvolvida foi por meio da consulta em fontes secundárias: livros, teses,
monografias, legislações e artigos publicados em bases de dados eletrônicos, bem
como, análise de legislações e jurisprudências.
9
A busca pela proteção jurídica de seus bens e interesses fez com que a
sociedade desse surgimento à um novo instituto legal: o seguro. O referido instituto
tem por finalidade garantir a segurança contra eventos que não podem ser previstos,
ou quando previstos, não podem ser evitáveis.
Acerca desse contexto histórico, Silva (2008, p. 02) contribui com o seguinte
entendimento:
passou a ser aceita em toda a Europa, fazendo com que demais setores da
sociedade passassem a adotar e se adaptarem ao seguro, de modo que então
surgiu as normas regulamentadoras. Desse modo, Silva (2008, p. 10) dispõe:
O seguro de dano, por sua vez, é aquele que tem por função indenizar
prejuízo sofrido em bens do segurado, ou seja, tem por finalidade uma
recomposição patrimonial. O seguro de dano pode ser dividido da seguinte forma:
seguro de coisas (bens imóveis, móveis e semoventes); e seguro de
responsabilidade civil, o qual cobre danos praticados pelo segurado diante de
terceiros. (GONÇALVES, 2004)
Diferentemente do seguro de pessoas, nessa modalidade há critérios
objetivos de fixação de valores máximos indenizáveis. Por exemplo, a avaliação de
um imóvel ou de um automóvel, realizada por um perito da seguradora, pode ser
então considerado como critério objetivo para se fixar o valor da indenização,
situação que acontece diferente na modalidade de seguro de pessoa, onde a vida de
alguém não pode ser objeto de avaliação.
No tocante a legitimidade para aquisição do contrato de seguro de dano,
Franco (2009) ensina que qualquer pessoa pode possuir um interesse direto em um
bem, com vistas a sua conservação ou quando da ocorrência do sinistro, a mesma
está legitimada a contratar e não apenas o proprietário da coisa. Portanto, o
proprietário, bem como o credor hipotecário de determinado imóvel possuem
legitimidade para contratar seguro para o bem.
O contrato de seguro não pode estar destinado a se obter lucro, assim, no
seguro de dano a situação não é diferente. Assim, o valor da garantia não pode ser
superior ao valor do bem assegurado, como determina o Código Civil:
Art. 778. Nos seguros de dano, a garantia prometida não pode ultrapassar o
valor do interesse segurado no momento da conclusão do contrato, sob
pena do disposto no art. 76665, e sem prejuízo da ação penal que no caso
15
couber.
Pelo qual uma das partes (segurador) se obriga para com a outra
(segurado), mediante pagamento de um prêmio, a garantir-lhe interesse
legítimo relativo à pessoa ou a coisa e a indenizá-la de prejuízo decorrente
de riscos futuros previstos no contrato.
2.2.1 O prêmio
2.2.2 O risco
O risco é definido por Silva (2008) como a ideia de perigo, de modo que este,
no contrato de seguro, conforme determina o art. 757 do Código Civil, transfere-se
ao segurador. Trata-se do objeto da convenção, onde o perigo é o que está sujeito o
objeto segurado, por consequência de um acontecimento futuro, alheio à vontade
das partes.
No mesmo sentido, Alvim (2010) entende o risco como sendo um
acontecimento possível, futuro e incerto, ou seja, algo impossível de se prever como
e quando vai ocorrer, no entanto, destaca-se que a incerteza seja em função de
quando e como vai acontecer e não do fato propriamente dito, por exemplo, no
seguro de vida, a morte do segurado é certa, no entanto, não se sabe o dia e como
ocorrerá.
Cabe destacar que o risco deve ser lícito, e não estar relacionado com
operações ilícitas pelo segurado, como por exemplo, não deve se pode contratar um
seguro para veículo objeto de roubo ou furto. O art. 762 do Código Civil dispõe
expressamente sobre a nulidade do contrato para prestar garantia de risco advindo
de ato doloso do seguro, do beneficiário ou de representante de um ou outro.
Os contratos de seguro possuem como função assegurar determinado bem,
ou seja, se não estiver de forma expressa, o risco não é indenizável. Sobre isso,
contribui Mendonça (2008, p. 122):
[...] a definição do objeto do seguro e dos riscos contra os quais ele está
segurado são fundamentais para a correta contratação da apólice, mas só
elas não bastam. Toda apólice de seguro tem uma cláusula muito mais
comprida, contendo os riscos excluídos, além da outra, quase do mesmo
tamanho, contendo os riscos não cobertos.
exclusões de cobertura.
2.2.3 A indenização
Desse modo, assim como qualquer pessoa, sendo física ou jurídica, deve
obedecer às previsões legais.
Importante discorrer brevemente sobre a obrigação de efetuar o pagamento
do prêmio, o qual quando da inadimplência, gera a perda do direito de indenização
em caso de sinistro, conforme bem destaca o art. 763 do Código Civil: “Não terá
direito a indenização o segurado que estiver em mora no pagamento do prêmio, se
ocorrer o sinistro antes de sua purgação”. (BRASIL, 2002)
Observa-se que é importante o pagamento do prêmio no prazo máximo
estipulado pela seguradora, haja vista que a falta deste acarreta em problemas com
relação às prováveis indenizações.
O segurador também encontra-se sujeito a penalidade caso ocorra a mora. O
prazo determinado pela SUSEP para que a seguradora efetue o pagamento da
indenização é de trintas dias após a entrega dos documentos solicitados, de modo
que, na dúvida fundada e justificável, a seguradora poderá solicitar novos
documentos, e caso isso ocorra, a contagem do prazo será suspensa e reiniciada
23
após a entrega dos novos documentos. Nesse sentido é o art. 772 do Código Civil:
2.2.4 A proposta
2.2.5 A apólice
Para que o seguro tenha validade é preciso que a apólice seja emitida, se
esta, não há garantia de cobertura, e para que não seja cancelado, o corretor de
seguros deve fazer o acompanhamento até a sua emissão e deve constatar se não
há nenhuma pendência ou eventuais problemas. (SANTOS, 2009)
A apólice é a formalização do contrato de seguros, sendo um dos elementos
que de fato comprovam e garantem a existência do seguro, bem como, o pagamento
do prêmio. A apólice é efetivada pela seguradora, com o estabelecimento dos
direitos e das obrigações, pela qual a mesma aceita e cobre os riscos determinado.
(ALVIM, 2001)
Portanto, é essencial que sejam discriminadas devidamente as condições do
seguro em conjunto com tais itens: nome do segurado, os riscos optados e
assumidos pela seguradora, as condições gerais e especiais, informações sobre o
bem contratado, as coberturas, os limites das garantias e o prêmio quitado, ou
quando for o caso, as demais datas em caso de parcelamento e o período de
validade do seguro. Quando do recebimento da apólice, o segurado deve confirmar
se de fato consta no contrato tais condições informadas no decorrer do formulário
onde se realizou a proposta.
Todos os anos as apólices passam pela renovação, com os devidos reajustes
nos valores, e para que haja validade do seguro prestado, é essencial respeitar o
período de renovação. O segurado precisa recorrer sempre a sua apólice quando
ocorrer determinado problema ou sinistro, sendo importante que o mesmo sempre
verifique cláusulas e coberturas informadas.
2.2.6 Sinistro
3.1 BILATERAL
3.2 ONEROSO
3.4 CONSENSUAL
3.5 NOMINADO
3.6 ADESÃO
3.7.1 O segurador
O segurador, por sua vez, é uma das partes do contrato, que no caso, é a
seguradora. A entidade deve ser devidamente autorizada para exercer a atividade
securitária, conforme os preceitos do art. 757 do Código Civil. Ademais, o art. 74 do
Decreto Lei nº 73/66 determina que a autorização para funcionamento será expedida
pela Portaria do Ministério da Indústria e do Comércio, por meio de requerimento
firmado pelos incorporadores.
Mediante a autorização concedida, a seguradora pode então atuar nos ramos
que constam no documento expedido. Quanto as suas obrigações, a seguradora
31
[...]
Portanto, entende-se que as seguradoras não podem agir por conta própria,
sendo que todos os seus atos são supervisionados e fiscalizados de forma
constante pelas entidades governamentais. Ainda, a Resolução do CNSP nº 88/2002
determina sobre os critérios para realização dos investimentos pelas sociedades
seguradoras de forma taxativa, veja-se:
3.7.2 O segurado
[...]
3.7.3 O beneficiário
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
[...]
[...]
37
V - defesa do consumidor;
Cumpre reiterar bem por isso, a afirmação de que a função tutelar resultante
da clausula constitucional da proteção aos direitos do consumidor projeta-
se, também na esfera relativa à ordem econômica e financeira, na medida
em que essa diretriz básica apresenta-se como um insuprível princípio
formador de toda atividade econômica (Art. 170, V). Dentro desta
perspectiva, a edição do Código de Defesa do Consumidor- considerados
os valores básicos concernentes à proteção da vida, da saúde e da
segurança, e relativos a liberdade de escolha, a igualdade das
contratações, ao direito á informação e à proteção contra a publicidade
enganosa, dentre outros- representou a materialização e a efetivação dos
compromissos assumidos, em tema de relações de consumo, pelo Estado
Brasileiro. (Grifo nosso)
Sérgio Cavalieri Filho (2011, p.13) define norma de ordem pública como
sendo “normas coagentes, imperativas, pelo que indispensáveis e de observância
necessária”. Bruno Miragem corrobora com essa definição assim aduzindo:
p.69)
Assim, por exemplo, “os serviços públicos continuam regidos pelas leis e
princípios do Direito Público, mas, no que for pertinente às relações de consumo,
ficam também sujeitos à disciplina do Código de Defesa do Consumidor” (FILHO,
2011, p. 16).
[...]
Sérgio Cavalhieri Filho (2011, p. 25), traz uma bela explicação da posição que
se encontra o consumidor no mercado de consumo. Faz a seguinte situação
hipotética:
82)
Portanto, sob o prisma do conceito jurídico, a teoria finalista mitigada tem sido
o entendimento prevalente para a definição de consumidor, pois é a que se adequa
ao objetivo do CDC, este já elucidado no presente trabalho.
Art. 3 [...]
[...]
Portanto, percebe-se que não resta dúvida quanto a incidência do CDC nos
contratos de seguro, haja vista que este está evidendimente enquadrado no rol de
relações de consumo expresso no próprio Código.
[...]
ordinárias de experiências;
IX - (Vetado);
X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.
XI - a garantia de práticas de crédito responsável, de educação financeira e
de prevenção e tratamento de situações de superendividamento,
preservado o mínimo existencial, nos termos da regulamentação, por meio
da revisão e da repactuação da dívida, entre outras medidas;
XII - a preservação do mínimo existencial, nos termos da regulamentação,
na repactuação de dívidas e na concessão de crédito;
XIII - a informação acerca dos preços dos produtos por unidade de medida,
tal como por quilo, por litro, por metro ou por outra unidade, conforme o
caso.
[...]
“O termo capaz de induzir em erro, quer significar, que a publicidade para ser
declarada ilícita, deve conter elementos suficientes para enganar o consumidor, isto
é, leva-lo a falsa percepção da realidade” (DIAS, 2010, p. 106). A palavra “capaz”
remete a ideia de que a publicidade não precisa ter o condão de induzir o
consumidor em erro de forma concreta, mas basta que, apenas tenha a capacidade
de fazer a indução.
Outrossim, para a caracterização de uma publicidade enganosa, é irrelevante
se a informação ou comunicação é total, ou parcialmente falsa – não se pode
confundir publicidade falsa com publicidade enganosa, a falsidade é apenas um tipo
de publicidade enganosa. Se somente uma parte da publicidade, possuir conteúdo
falso, ela pode ser tipificada como enganosa. Mesmo que o seu conteúdo seja
inteiramente verdadeiro, mas, se de algum modo, o anunciante deixar de inserir nela
uma informação relevante, ela poderá se encaixar como enganosa. Neste sentido:
Seria omissão de um dado essencial, não informar que um imóvel novo, que
está sendo vendido a um preço bem abaixo do mercado, em uma região nobre, não
possui garagem. A ideia que os consumidores possuem é que os imóveis novos,
situados em regiões nobres, possuam vaga de garagem. Neste caso, esse é um
dado essencial que é necessário ser vinculado.
A contrario sensu, não seria omissão, deixar de informar que para uma
bicicleta se imobilizar é necessário usar o freio, isto porque, apesar de o freio ser
essencial, ele já faz parte do conhecimento dos consumidores. Neste sentido:
Os fornecedores não são obrigados por lei, a fazer vincular a publicidade, eles
possuem a opção de fazê-la ou não. Se a fizer, será necessário observar o que a lei
determina, ou seja, não induzir o consumidor a erro. As informações vinculadas ao
produto ou serviço precisam ser claras e precisas, é vedado a obscuridade.
Há na publicidade um dever de informar dados essenciais. Somente o
consumidor devidamente informado terá aptidão para escolher o produto ou o
serviço que realmente atenda os seus anseios.
À parte não basta, para que tenha tutelado o direito deduzido em juízo, a
simples alegação de um fato. Ela deve convencer o juiz da existência do
fato alegado. À parte cabe demonstrar a verdade do fato que alega na ação
ou defesa.
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais
relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
I - Impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor
por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem
renúncia ou disposição de direitos. Nas relações de consumo entre o
fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a indenização poderá ser
limitada, em situações justificáveis;
II - subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga, nos
casos previstos neste código;
III transfiram responsabilidades a terceiros;
IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem
o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a
boa-fé ou a equidade;
V (Vetado);
VI estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor;
VII - determinem a utilização compulsória de arbitragem;
VIII - imponham representante para concluir ou realizar outro negócio
jurídico pelo consumidor;
IX - deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não o contrato, embora
obrigando o consumidor;
X - permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente, variação do preço de
maneira unilateral;
XI - autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que
igual direito seja conferido ao consumidor;
XII - obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrança de sua
obrigação, sem que igual direito lhe seja conferido contra o fornecedor;
XIII - autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o conteúdo ou a
qualidade do contrato, após sua celebração;
XIV infrinjam ou possibilitem a violação de normas ambientais;
XV estejam em desacordo com o sistema de proteção ao consumidor;
XVI - possibilitem a renúncia do direito de indenização por benfeitorias
necessárias.
§ 1º Presume-se exagerada, entre outros casos, a vantagem que:
I ofende os princípios fundamentais do sistema jurídico a que pertence;
II restringe direitos ou obrigações fundamentais inerentes à natureza do
contrato, de tal modo a ameaçar seu objeto ou equilíbrio contratual;
III - se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se
a natureza e conteúdo do contrato, o interesse das partes e outras
circunstâncias peculiares ao caso.
É recorrente a discussão sobre tal tema nos tribunais, o que demonstra que
os consumidores não possuem ciência ou a possuem de forma equivocada dos
termos do contrato, ou seja, o consumidor, na maioria das vezes não consegue
obter interpretações claras e objetivas sobre o conteúdo do contrato firmado.
Ocorre que, não há um consenso sobre a quem recai o dever de informar o
segurado nos contratos de seguro. Alguns julgados as câmaras cíveis do estado de
Santa Catarina estão em posicionamento contrário, adotando a Resolução nº
107/2004 do Conselho Nacional de Seguros Privados, prevendo que o dever de
informar recai sobre o estipulante, não sendo responsabilidade da seguradora no
que diz respeito a informação ao consumidor sobre as cláusulas limitativas e
restritivas. Assim foi o entendimento da 3ª Câmara de Direito Civil do Tribunal de
Justiça de Santa Catarina:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
vez que a legislação especial deixa a desejar no que tange a proteção deste, que
consiste na parte hipossuficiente da relação.
Entende-se, por fim, é preciso que a atividade jurisdicional incline-se a utilizar
de forma efetiva os preceitos contidos no CDC para decidir sobre os casos que se
discutem sobre os contratos de seguro, analisando sempre de forma minuciosa caso
a caso, buscando sempre estabelecer a igualdade processual entre as partes,
visando manter o equilibrar e conceder harmonia entre o consumidor e o fornecedor:
segurado e segurador.
68
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