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PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO
CURSO DE DIREITO
Brasília
2020
CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIEURO
PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO
CURSO DE DIREITO
Brasília
2020
DEDICATÓRIA
É com muito orgulho que posso dizer que consegui concluir esse desafio.
Durante esse período de 5 anos, foram altas e baixos, que me fizeram pensar se tinha
escolhido o curso certo, mas, hoje posso concluir que essa escolha foi correta.
Essa jornada de 05 anos, é uma experiência de aprendizado, pois diante das
dificuldades que vieram a surgir nesse período, entendi minha capacidade de vencer
os obstáculos. Além disso, nesse período adquiri vários conhecimentos que pretendo
levar para a minha vida profissional.
Agradeço imensamente ao Senhor Deus, por ter me dado forças para concluir
essa etapa, sem o seu auxílio eu não teria chegado tão longe. Agradeço por ter me
guiado nessa jornada da melhor maneira possível.
Igualmente, agradeço os meus pais, por terem sido protagonistas na
conclusão dessa etapa. Não só nessa jornada de 05 anos, mais em todos os
momentos, que sempre fizeram o possível e o impossível para que eu conseguisse
vencer os desafios.
De modo geral, agradeço ao meu irmão, meus familiares e amigos, pelo apoio
recebido durante esses 05 anos. Ainda, a todos os professores do curso que
contribuíram na conclusão dessa etapa.
Ademais, um agradecimento especial a minha orientadora Gabriela Nunes,
que orientou da melhor maneira possível durante todo o desenvolvimento deste
trabalho.
RESUMO
This paper aims to analyze and discuss jurisdictional equivalents as mechanisms for
the prevention and treatment of consumer over-indebtedness. Over-indebtedness is a
phenomenon that makes it impossible for the individual consumer to bear his current
and future consumption debts, affecting his dignity and violating his existential
minimum. There are several factors that contribute to the emergence of consumer
over-indebtedness, which may occur due to so-called life accidents or even the
excessive use of consumer credit. Currently, there is no special legislation in the
Brazilian legal system that can deal with the prevention and treatment of consumer
over-indebtedness. The research aims to demonstrate an alternative solution that can
remedy or control the effects of consumer over-indebtedness. Therefore, it aims at an
analytical study on consumer relations and its relationship with the over-indebted
consumer. It aims to demonstrate possible legal solutions in support of the over-
indebted consumer. It also seeks an analysis of self-composition as a jurisdictional
equivalent in the prevention and treatment of consumer over-indebtedness. This topic
is investigated from the perspective of bibliographic studies, and from research to
legislation and articles available on the subject.
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 09
CONCLUSÃO ........................................................................................................... 43
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 45
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INTRODUÇÃO
de mútua satisfação para o pagamento das dívidas, de modo que protegesse o mínimo
existencial, funcionando como uma forma de evitar a exclusão social ou de reinserção
do consumidor em situação de inadimplência.
Em relação ao referencial teórico, os capítulos da pesquisa tem como principal
embasamento bibliográfico os seguintes autores e obras: Cláudia Lima Marques
(prevenção e tratamento do superendividamento - caderno de investigações
cientificas); Bruno Miragem (curso de direito do consumidor); Karen Danielevicks
Bertoncello e Schmidt Neto (direitos do consumidor endividado II: vulnerabilidade e
inclusão); Fernanda Tartuce (mediação nos conflitos civis); e Daniel Amorim Neves
(manual de direito do consumidor).
O objetivo geral do presente trabalho é examinar se os métodos da
autocomposição podem ser alternativas na prevenção e tratamento do
superendividamento do consumidor. Já os objetivos específicos são: verificar o
fenômeno do superendividamento sob a ótica do direito do consumidor; investigar as
possíveis soluções jurídicas ao superendividamento; analisar os equivalentes
jurisdicionais no contexto do superendividamento do consumidor.
A proposta pesquisa é realizada a partir de estudos bibliográficos, como
pesquisas à legislação, livros, revistas e publicações em documentos eletrônicos.
Ademais, se utiliza da pesquisa qualitativa, uma vez que não tem preocupação com
representatividade numérica, e sim, com o aprofundamento da compreensão do
fenômeno social do superendividamento. Por fim, o método de abordagem é
hipotético-dedutivo, já que consiste em uma investigação de uma premissa verdadeira
a ser estudada, com finalidade de obter um resultado que seja favorável ou não à
premissa investigada.
O trabalho de pesquisa se divide em três capítulos, sendo, o
superendividamento: uma visão panorâmica do instituto sob a ótica do direito do
consumidor; a prevenção e o tratamento do superendividamento do consumidor: uma
análise sob a perspectiva jurídica; a prevenção e o tratamento do superendividamento:
uma análise voltada para os equivalentes jurisdicionais.
O primeiro capítulo, propõe-se em demostrar sob a perspectiva do direito do
consumidor e doutrinário uma análise geral do superendividamento. Para tanto, o
capítulo apresenta um histórico sobre a evolução da legislação consumerista no
Brasil, expõe quem são os sujeitos que protagonizam uma relação de consumo, e
aborda conceitos, pressupostos e causas do superendividamento.
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Segundo Miragem (2016, pp. 176 - 177), o legislador não expôs limites no
conceito de fornecedor, abrangendo toda sua natureza, regime jurídico ou
nacionalidade. Ou seja, para ser considerado um fornecedor, não importa, por
exemplo, se a empresa é nacional ou estrangeira, privada ou pública, o que interessa
é o elemento de sua atividade de fornecer produtos ou serviços para o mercado de
consumo.
Conforme Cavalieri Filho (2019, p. 101), o principal objetivo da definição é de
não limitar os sujeitos que fornecem produtos ou serviços, considerando como
fornecedor todos aqueles que atuam nas diversas etapas do processo, seja na sua
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De acordo com Sarlet (2009, p. 65), para que se concretize uma existência
digna, deve ser assegurado um mínimo de condições que sejam capazes de respeitar
a vida, integridade física e moral do ser humano, ou seja, circunstâncias que possam
satisfazer aos indivíduos de exercer os seus direitos fundamentais à vida, igualdade,
propriedade, liberdade, etc.
Ademais, segundo Souza (2018, p.13), também deve ser observado o
princípio da vulnerabilidade, que foi consagrado no art. 4, inciso I, do Código de
Defesa do Consumidor, pela Política Nacional de Relação de Consumo, que tem como
um dos objetivos, o respeito à dignidade. Nesse contexto, conforme Marques (2010,
p. 87), a vulnerabilidade é compreendida como:
Além disso, outra questão que deve ser analisada, é a boa-fé nos meios de
publicidades, visto que, o Código de Defesa do Consumidor, no seu artigo 6°, inciso
IV, trouxe a previsão de proteção aos consumidores contra publicidades enganosas
ou abusivas pelos fornecedores (CAVALIERI FILHO, 2019, p.122).
Cabe destacar a publicidade enganosa, por se tratar de uma violação direta
ao princípio da veracidade, que estabelece como obrigação do fornecedor, o dever de
passar informações corretas e verdadeiras do produto ou serviço que está sendo
disponibilizado ao consumidor (MIRAGEM, 2016, p. 275).
Para compreender a publicidade enganosa, cabe trazer a conceituação, que
consta no § 1°, do artigo 37° do Código de Defesa do consumidor, que dispõe que:
De acordo com Martínez (2002, p. 123), não há o que se falar em boa-fé dos
fornecedores, quando a publicidade tem o objetivo de induzir os consumidores a uma
falsa expectativa das condições de contratação do produto ou serviço.
Nesse sentido, conclui-se que, os fornecedores devem agir sempre com base
na boa-fé objetiva, não se utilizando de publicidades falsas para satisfazer seus
interesses, cooperando com as reais expectativas pretendidas pelos consumidores,
não abusando dos seus direitos, especialmente no que se refere aos contratos de
crédito, informando com veracidade e adequadamente todos os elementos, condições
e riscos do contrato, para que o consumidor chegue a uma decisão conscientemente.
O crédito de consumo vem sendo cada vez mais a alternativa utilizada pelos
consumidores para satisfazer suas necessidades, básicas ou não. Entretanto, essa
facilidade do acesso ao crédito de consumo, tem se tornado uma das principais
causas do superendividamento. Nesse cenário, segundo Schmidt Neto (2016, p.226),
é imprescindível uma regulamentação que possa lidar com as situações de
superendividamento, especialmente com mecanismos de prevenção no que se refere
a oferta de crédito para o consumo. Nesse interim, importante mencionar o
entendimento de Batello (2006, p. 227):
Pode-se dizer que os regimes utilizados pelos países que já possuem uma
legislação especifica ao tratamento do superendividamento, se distingue em “fresh
start policy” e o “sistema da reeducação” (LIMA e BERTONCELLO, 2010, p. 63).
O modelo fresh start, teve seu surgimento em 1934, através de uma decisão
de um tribunal norte-americano. Esse regime, liga-se a ideia de que o
superendividamento se trata de uma consequência natural da economia de mercado,
visto que, o uso do crédito por ser considerado indispensável, torna-se um risco
natural ao consumidor (SCHMIDT NETO, 2016, p. 220).
Conforme Lima e Bertoncello (2010, p. 63), o modelo fresh start entende que
o superendividamento é um risco decorrente da expansão do mercado financeiro.
Nesse sentido, esse sistema compreende que é inevitável a utilização do crédito sem
algum tipo de risco, e que por esse motivo os consumidores merecem uma espécie
de responsabilidade limitada.
Em relação ao tratamento que o modelo fresh start adota ao
superendividamento, este decorre da liquidação dos bens do devedor para o
pagamento das dívidas, ficando perdoados os valores excedentes. Após esse
procedimento, o consumidor estará apto a recomeçar novamente, podendo utilizar-se
do crédito sem nenhum tipo de restrição (SCHMIDT NETO, 2016, p. 220).
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[...] a autocomposição é regida pela vontade das pessoas – que são livres
para preencher o conteúdo da norma como bem entenderem, não
necessariamente por aplicação direta das previsões legais ao caso concreto.
O Direito positivo e a ordem jurídica atuam e são restabelecidos de forma
indireta na autocomposição, na medida em que a permitem e que lhe dão
certas balizas.
partes. Por outro lado, a medição deve ser preferencialmente utilizada nos casos em
que tenha existindo um vínculo anterior entre os sujeitos.
Feito essa distinção entre conciliação e mediação, passa-se a uma análise
dessas duas técnicas da autocomposição no contexto do superendividamento. De
acordo com Lima e Bertoncello (2010, p. 87):
superendividado, que atualmente não encontra amparo legal capaz de lidar com a
preservação do seu mínimo existencial e sua reinserção social.
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CONCLUSÃO
Por conta de não existir uma legislação especial no Brasil que ampare o
consumidor superendividado, o presente trabalho foi elaborado com intuito de discutir
“os equivalentes jurisdicionais como mecanismos de prevenção e tratamento do
superendividamento do consumidor”. Para tanto, a presente pesquisa se utilizou de
artigos, livros, revistas e publicações relacionados ao tema proposto.
Logo, foi utilizada a pesquisa bibliográfica e qualitativa, tendo como método
de abordagem: hipotético-dedutivo, visto que consiste em uma investigação de uma
premissa verdadeira a ser estudada, que visa obter um resultado que seja favorável
ou não à premissa investigada.
O primeiro capítulo, propôs em demostrar uma visão panorâmica do
superendividamento sob a ótica do direito do consumidor. Nessa perspectiva, foi
apresentado um breve contexto histórico da legislação consumerista no Brasil. Tratou-
se de definições de consumidor e fornecedor, e, de conceitos, pressupostos e causas
do superendividamento. O capítulo de um modo geral, demonstrou-se a partir do
histórico da legislação consumerista, que o consumidor sempre foi visto como a parte
vulnerável nas relações consumerista, tanto, que a própria Constituição Federal de
1988, reconheceu essa vulnerabilidade. Logo, o superendividamento sob a ótica do
direito do consumidor, decorre diretamente de fatores relacionados a vulnerabilidade
do consumidor.
Já o segundo capítulo, tratou sob as possibilidades jurídicas de tratamento e
prevenção ao superendividamento. Nesse ponto, demonstrou-se a dignidade da
pessoa humana, mínimo existencial e vulnerabilidade, como princípios aplicáveis em
defesa do consumidor superendividado. Ainda, demonstrou-se a importância da boa-
fé nos contratos de concessão de crédito, sendo uma forma de prevenção ao
superendividamento. Ademais, tratou-se dos principais aspectos do projeto de lei
3.515/2015, que pretende regular o superendividamento. E por fim, verificou-se com
base no direito comparado, que o superendividamento se resolve através da
liquidação dos bens ou por um acordo de pagamento fixado em cima do patrimônio e
rendimentos futuros.
O terceiro capítulo trouxe a análise da aplicação dos equivalentes
jurisdicionais como mecanismos de prevenção e tratamento do superendividamento.
Nessa perspectiva, demonstrou-se um breve conceito da autocomposição como
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REFERÊNCIAS
AZEVEDO, Ney Queiroz de. Direito do Consumidor [livro eletrônico] – 1. ed. Curitiba:
InterSaberes, 2015.
BRASIL. Senado Federal. Projeto de Lei nº 3515, de 2015. Altera a Lei nº 8.078, de
11 de setembro de 1990 (Código de Defesa do Consumidor), e o art. 96 da Lei nº
10.741, de 1º de outubro de 2003 (Estatuto do Idoso), para aperfeiçoar a disciplina do
crédito ao consumidor e dispor sobre a prevenção e o tratamento do
superendividamento. Brasília, DF. Justificação. Disponível em:
<https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1408277
&filename=PL+3515/2015>
Acesso em: 13 mar. 2020.
MIRAGEM, Bruno Curso de direito do consumidor I Bruno Miragem. - 6. ed. rev., atual.
e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016.
MORAES, Paulo Valério dal Pai Moraes. Código de Defesa do Consumidor: o princípio
da vulnerabilidade no contrato, na publicidade e nas demais práticas comerciais -
interpretação sistemática do Direito. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2009.
SCHMIDT NETO, André Perin. Superendividamento como motivo para revisão dos
contratos de consumo. Organizadoras, Claudia Lima Marques, Rosângela Lunardelli
Cavallazzi, Clarissa Costa de Lima. Direitos do Consumidor Endividado II:
vulnerabilidade e inclusão. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016.
TARTUCE, Fernanda. Mediação nos conflitos civis / Fernanda Tartuce. – 5. ed. – Rio
de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2019.