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CESG: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DE GUANAMBI

BACHARELADO EM DIREITO

DANIELA JANINE PORTO SILVA

A OBSOLESCÊNCIA PROGRAMADA SOB A ÓTICA DA PRÁTICA ABUSIVA:


OS PREJUÍZOS CAUSADOS AO MEIO AMBIENTE E AO DIREITO
FUNDAMENTAL À INFORMAÇÃO

Guanambi – BA
2017
DANIELA JANINE PORTO SILVA

A OBSOLESCÊNCIA PROGRAMADA SOB A ÓTICA DA PRÁTICA ABUSIVA:


OS PREJUÍZOS CAUSADOS AO MEIO AMBIENTE E AO DIREITO
FUNDAMENTAL À INFORMAÇÃO

Artigo científico apresentado ao curso de


Direito da Faculdade Guanambi como
requisito para avaliação da disciplina de
Trabalho de Conclusão de Curso II.

Orientador temático: Prof. Msc.Elpídio Paiva


Luz Segundo.

Orientador metodológico: Prof.Msc.Alcir


Rocha.

Guanambi – BA
2017
A OBSOLESCÊNCIA PROGRAMADA SOB A ÓTICA DA PRÁTICA ABUSIVA:
OS PREJUÍZOS CAUSADOS AO MEIO AMBIENTE E AO DIREITO
FUNDAMENTAL À INFORMAÇÃO

Daniela Janine Porto Silva1, Elpídio Paiva Luz Segundo²

¹Graduanda do curso de Direito. Faculdade Guanambi- FG


² Mestre em Direito. Docente do curso de direito da Faculdade Guanambi – FG.

RESUMO:O presente artigo teve por objetivo analisar a obsolescência programada sob a
ótica da prática abusiva, os prejuízos causados ao meio ambiente e, ainda, a violação ao
direito fundamental à informação do consumidor e faz, ao final, uma análise jurisprudencial
de umadecisão do Superior Tribunal de Justiça a respeito do vício oculto do produto relativo à
fabricação. O trabalho propõe que sejam feitas mudanças como: a obrigação do fornecedor
em informar sobre o tempo de vida útil do produto, a educação econômico-sócio-ambiental da
sociedade, bem como a criação de um dispositivo legal que especifique a abusividade da
prática da obsolescência programada.

PALAVRAS-CHAVE:Abusividade do Fornecedor. Direito do Consumidor. Impactos


Ambientais. Relação de Consumo. Violação à Informação.

ABSTRACT:The objective of this article was to analyze the programmed obsolescence from
the point of view of abusive practice, the damages caused to the environment, and also the
violation of the fundamental right to consumer information and, in the end, a jurisprudential
analysis of a decision of the Superior Court of Justice concerning the hidden vice of the
product relating to manufacturing. The work proposes that changes be made such as: the
obligation of the supplier to inform about the useful life of the product, the economic-social-
environmental education of the society, as well as the creation of a legal device that specifies
the abusiveness of the practice of obsolescence programmed.

KEYWORDS:Consumer Law. Consumer Relationship.Environmental Impacts.Information


Violation.Supplier Abusiveness.

1
Endereço para correspondência: Rua Treze de Maio, nº 295, bairro São Domingos, Espinosa – MinasGerais,
CEP 39510-000.
Endereço eletrônico: daniela_janine@hotmail.com
3

1 INTRODUÇÃO

O Código de Defesa do Consumidor é de suma importância nas relações comerciais,


pois este tem como principal objetivo, proteger a parte mais vulnerável, qual seja o
consumidor. “Constata-se que o conceito de consumidor não é tão singelo quanto parece. Não
é apenas o destinatário final, mas sim toda e qualquer pessoa que participar, direta ou
indiretamente, da cadeia de consumo” (SILVA, 2002, p.1).
Diante das disposições trazidas pelo CDC, destacam-se as práticas abusivas, que
causam um desequilíbrio contratual ao consumidor, sendo este considerado a parte mais frágil
da relação entre consumidor e fornecedor.
É nessa perspectiva que se coloca a chamada obsolescência programada. Trata-se de
uma prática abusiva que requer atenção especial. Ela consiste em os fornecedores lançarem no
mercado de consumo produtos que a vida útil é de curto prazo2, ou ainda, produtos que sejam
fabricados com qualidade duvidosa, fazendo com que durem pouco tempo e, muitas vezes,
somente pelo tempo da garantia, tornando-se obsoletos depois de decorrido tal prazo,
obrigando assim o consumidor a adquirir uma nova mercadoria.
Hodiernamente, em razão de uma cultura de consumo, o número de novos produtos no
mercado faz com que bens já adquiridos se tornem inúteis aos olhos dos consumidores que,
por sua vez, se sentem pressionados a comprar, simplesmente pelo fato da sua mercadoria se
tornar supostamente ultrapassados.
Fato é que isso gera diversos problemas, não só financeiros, pois os consumidores
estarão sempre gastando com mercadorias mais atuais ou pelo fato de não funcionarem mais e
terem que novamente comprá-las por não ter conserto, mas também problemas ambientais,
visto que, quando o consumidor adquire vários produtos em um curto intervalo de tempo está
contribuindo para uma produção descontrolada de descartáveis, prejudicando o meio ambiente
por não fazer o descarte do produto de forma adequada.
A ausência de indicação do tempo de vida útil do produto na embalagem deste ou
mesmo em sua cartilha de uso acarreta uma violação ao direito fundamental à informação,
pois o consumidor deveria ser informado da estimativa de quanto tempo o produto poderá
durar. Essa omissão ocorre pelo fato de que os fornecedores estão sempre programando seus
produtos para, cada vez mais, durarem menos tempo. Deste modo, o consumidor adquire o

2
Por “curto prazo” entende-se o período de vigência da garantia do produto.
4

produto e, decorrido o prazo de garantia, ele apresenta mau funcionamento ou, simplesmente,
para de funcionar, não se prestando ao fim que se destina.
Muitas vezes, considerando o elevado custo do conserto para o consumidor, é mais
viável a aquisição de um novo produto para repor aquele que não está totalmente inútil, mas
somente precisando de algum reparo ou um pouco ultrapassado.
Desta forma, fica claro que essas práticas abusivas trazem consequências negativas ao
consumidor, bem como ao meio ambiente, de forma que, caso não seja tomada alguma
providência a respeito do combate à obsolescência programada, o consumo desenfreado
crescerá cada vez mais e, o que é pior, de forma com que o consumidor continue sendo
sempre lesado.
Sendo assim, o intuito deste presente trabalho será analisar esta situação sob a ótica da
prática abusiva, tendo em vista que o fornecedor tem o dever de informar ao consumidor
sobre o tempo de vida útil do produto e, ainda, quais os prejuízos tal prática causa ao meio
ambiente.

1.1 MATERIAL E MÉTODOS

O presente artigo tem como embasamento artigos científicos, obras doutrinárias e


legislação vigente.
Quanto ao método empregado, este é o indutivo-dedutivo, pois articula discussões
teóricas com a análise de um caso prático.
Foi escolhido para a análise jurisprudencial um Recurso Especial, em razão deste ter a
importante função de unificar entendimentos jurisprudenciais que divergem sobre um mesmo
dispositivo de lei federal. Foi escolhido, ainda, pela sua grande repercussão3, bem como pelo
volume de discussão doutrinária tratando-se do tema discutido no recurso.
No que tange à pesquisa, esta foi feita por meio de pesquisa bibliográfica e
publicações referentes ao tema, sendo feito um levantamento acerca da prática abusiva e
acerca do direito à informação.

2 CONCEITO DE PRÁTICAS ABUSIVAS

3
Por “grande repercussão” entende-se os resultados produzidos após a decisão, como por exemplo, publicações
de muitos artigos científicos cujo tema central era analisar este acórdão.
5

Com a produção emmassa4 das empresas5 que buscam cada vez mais oferecer
mercadorias mais atrativas, o consumidor é levado a adquirir, não somente aquilo que lhe é
preciso, mas consumir de forma intensificada, fazendo com que crie em sua mente uma
necessidade de ter os produtos que chegam até eles como sendo indispensáveis em sua vida.
Nessa mesma linha de raciocínio encontra-se o conceito de obsolescência programada,
que se constitui uma prática dos fornecedores cuja intenção é a produção de mercadorias com
sua durabilidade reduzida, fomentando nos consumidores o desejo de aquisição de produtos
substitutos que ofereçam melhor funcionalidade, tudo isso em um curto espaço de tempo e
com frequência maior do que fariam normalmente, fazendo com que o consumidor fique
prejudicado (VIO, 2004, p. 193).
Outrora, antes do surgimento do CDC, as práticas abusivas eram disciplinadas de
maneira avulsa, esparsa, encontrando embasamento na Lei de Introdução ao Código Civil
(LICC), hoje denominada Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB), em
seus artigos 4º e 5º, sendo aplicada a analogia e o direito comparado para atender aos fins
sociais e exigências do bem comum (LEITE, 2014, não paginado).
Hoje, as práticas abusivas encontram-se tipificadas, em rol exemplificativo, no art. 39
do Código de Defesa do Consumidor e são tidas como causadoras do abuso de direito
consumerista.
Tem-se, ainda, conceitos trazidos por vários doutrinadores brasileiros, dizendo que
esta se conceitua como conduta em desconformidade com a boa-fé, pela qual o fornecedor
procura obter vantagem, abusando da parte mais vulnerável da relação de consumo, qual seja
o consumidor.6
PFEIFFER (2010, p. 220) descreve a prática abusiva como “um ilícito sujeito a
sanções administrativas, justamente para explorar as suas distinções com as infrações contra a
ordem econômica, aspecto essencial para viabilizar a conclusão de que uma mesma conduta
pode configurar, concomitantemente, prática abusiva e infração contra a ordem econômica
[...]”. Entende-se, em termos gerais, que as práticas abusivas são aquelas que corrompem a
boa e razoável conduta diante do consumidor.

4
“Produção em massa” é o termo que caracteriza a produção em grande escala de produtos padronizados através
de linhas de montagem.
5
MENDONÇA (1934, não paginado) conceitua que empresa “é a organização técnico-econômica que se propõe
produzir a combinação dos diversos elementos, natureza, trabalho e capital, bens ou serviços destinados à troca
(venda), com esperança de realização de lucros, correndo riscos por conta do empresário, isto é, daquele que
reúne, coordena e dirige esses elementos sob a sua responsabilidade”.
6
BENJAMIN, Antônio Herman. Das práticas comerciais. Código de Defesa do Consumidor comentado pelos
autores do anteprojeto. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995, p. 237.
6

Muitas das hipóteses elencadas no art. 39 do CDC são práticas comuns, não excluindo
as demais que, com a transformação das relações comerciais, foram surgindo. Além disso,
observa-se que há um diálogo de complementariedade das fontes do art. 39 com o art. 51 do
CDC, fazendo com que, se uma das situações presentes no art. 51 for praticada em desacordo
com o âmbito contratual, far-se-á presente uma prática abusiva.
Para um bom desenvolvimento das relações de consumo, é indispensável que sejam
observadas a boa-fé e a lealdade do fornecedor, bem como do consumidor. Devem ser
obedecidas as determinações do CDC e, ainda, da legislação extravagante, de acordo com
cada caso, tornando-se abusiva qualquer prática que esteja em discordância de tais normas e
princípios.
Para que o consumidor seja protegido, é necessário que esteja exposto às práticas
contratuais e comerciais, sendo este pessoa física ou jurídica, identificado de forma individual
ou coletiva. Nas palavras de BENJAMIN (1991, p. 55):
Consumidor é, então, não apenas aquele que adquire ou utiliza produtos (art. 2º),
mas igualmente as pessoas 'expostas às práticas' previstas no Código (art. 29). No
primeiro caso impõe-se que haja ou que esteja por haver a aquisição ou utilização.
Diversamente, no segundo, o que se exige é a simples exposição à prática, mesmo
que não se consiga apontar, concretamente, um consumidor que esteja em vias de
adquirir ou utilizar o produto ou serviço.

Dessa forma, fica evidenciado que cláusulas abusivas são encontradas em quaisquer
contratos de consumo em que há uma onerosidade em excesso para o consumidor.

2.1 APONTAMENTOS A RESPEITO DA PRÁTICA ABUSIVA DA OBSOLESCÊNCIA


PROGRAMADA

A obsolescência programada é um problema que vem crescendo cada vez mais no


mundo das relações consumeristas7, afetando não só o consumidor, que sofre
economicamente, mas também o meio ambiente que recebe um acúmulo de lixo eletrônico.
Inicialmente, antes de tratar de fato da obsolescência programada, é importante
esclarecer o que é a prática abusiva da obsolescência.
PACKARD (1965, p. 311) em seu livro “A estratégia do desperdício”, descreve a
obsolescência como um meio de contribuição para o desenvolvimento econômico do país e
diz ser uma das maiores justificativas de tantas práticas desrespeitosas para com o

7
Obsolescência Programada – comprar, jogar fora, comprar. Direção: CosimaDannoritzer. Produção:
DavinaBreillet. Co-produção: TelevisiónEspañola, Article Z, Media 3.14. Documentário, 52‟17‟‟. Disponível
em: <https://www.youtube.com/watch?v=HDFKaXx7WLs>. Acesso em 15 de out. 2016.
7

consumidor, mostrando que a obsolescência é apenas uma das diversas estratégias que
incentivava o consumo de bens na sociedade americana da década de 50. Ele traz em seu livro
três maneiras pelas quais uma mercadoria se torna obsoleta: a) obsolescência de função,
quando uma mercadoria nova que desempenha melhor algum tipo de função torna
ultrapassado um produto já existente. Esta forma de obsolescência o autor diz ser bastante
válida e não considera prejudicial; b) obsolescência de qualidade, quando um produto é
projetado para parar de funcionar ou ter um mau desempenho em um tempo menor do que
deveria normalmente. Esta segunda forma de obsolescência é fortemente criticada por
Packard, pois os fabricantes reduzem a vida útil de seus produtos, de forma intencional, para
que estes sejam substituídos de maneira ainda mais rápida; c) obsolescência de desejabilidade,
quando um produto que, mesmo funcionando perfeitamente, passa a ser considerado
antiquado por conta do lançamento de outro estilo mais atual ou de alguma alteração, fazendo
com que ele se torne indesejável. Aqui, Packard diz que este tipo de obsolescência abusa da
moda como induzimento ao consumidor para adquirir um determinado objeto novo cada vez
que houver mudanças em seu estilo.
Todo produto, quando projetado, tem um cálculo do seu ciclo de vida, uma estimativa
de vida útil, podendo ser mais duradouro ou mais curto. Assim, os produtos se tornam
rapidamente obsoletos, seja pela vontade do consumidor em obter um produto mais novo ou
pela necessidade de trocar sua mercadoria por ter parado de funcionar ou apresentar mau
desempenho com pouco tempo de uso.
Para que se entenda um pouco melhor a obsolescência programada, é necessário fazer
uma análise das circunstâncias da época em que ela surgiu.
No início do século XX as fábricas deveriam decidir entre tomarem medidas para
aumentar o consumo ou reduzirem a produção de suas mercadorias. Os maiores líderes
empresariais e políticos decidiram optar pelo aumento do consumo e, com a finalidade de
atingirem essa meta, surgiu a estratégia da obsolescência programada (LEONARD, 2011, p.
302).
Até a década de 1920, as empresas projetavam suas mercadorias para que tivessem o
tempo de vida útil máximo que conseguissem, porém, com o advento da crise conhecida
como a “Grande Depressão”, em 1929, os fabricantes desenvolveram essa técnica chamada
obsolescência programada para que houvesse uma expansão de consumo de suas
8

mercadorias.8 A todo instante era lançado um produto novo no mercado e, em um espaço de


tempo muito curto, esse produto ora parava de funcionar, ora era atualizado, fazendo, assim,
com que os consumidores comprassem mais e mais.
Dito de outra maneira, a obsolescência programada é a prática empresarial de fabricar
produtos com uma vida útil curta, "de forma que sua durabilidade ou funcionamento ocorra
por um pequeno lapso temporal (...), sendo uma característica da sociedade de consumo",
promovendo o descarte antecipado, garantindo, assim, o consumo desenfreado
(MARCHESINI JÚNIOR, 2010, p. 29).
Entretanto, o que foi visto como forma de solução para a crise naquela época causa
problemas nos dias atuais, pelo fato de consumidores estarem a todo instante comprando
coisas que nem sequer tem real necessidade.
Apesar disso, ela continua, até hoje, sendo um dos impulsos da economia mundial,
pois esta gera demanda e maior produção por parte das indústrias, fazendo com que, em tese,
origine mais trabalhadores, que também participam da sociedade de consumo, com melhores
salários, estimulando a criação de riquezas e contribuindo para o desenvolvimento dos países
(MARCHESINI JÚNIOR, 2010, p. 36).
É evidentemente abusiva a prática cometida contra o consumidor, que de boa-fé
adquire um produto e, após findar o prazo de garantia, percebe que tal produto deixou de
funcionar ou passou a ter um mau funcionamento, não desempenhando sua função principal,
como previsto no art. 18 do CDC.
Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis
respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem
impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor,
assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com as indicações constantes do
recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as
variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição
das partes viciadas.

Tal prática abusiva vem sendo frequentemente praticada pelas indústrias e não apenas
em relação a bens de pequeno e médio valor, mas também em relação a automóveis, que estão
se tornando obsoletos pelo fato de não haver peças de reposição no mercado. Isso torna
exorbitantemente caro consertar um produto, já que os serviços de conserto, bem como as
peças de reposição, têm um elevado custo ou são, na maioria das vezes, inexistentes. Assim, é
mais viável ao consumidor que este adquira outra mercadoria para substituir a atual que, na
verdade, não estava totalmente inútil.

8
Obsolescência Programada – comprar, jogar fora, comprar. Direção: CosimaDannoritzer. Produção:
DavinaBreillet. Co-produção: TelevisiónEspañola, Article Z, Media 3.14. Documentário, 52‟17‟‟. Disponível
em: <https://www.youtube.com/watch?v=HDFKaXx7WLs>. Acesso em 15 de out. 2016.
9

Como se vê, o ritmo de produção acelerada das indústrias causa problemas não
somente ao consumidor, mas, também, problemas ambientais, sendo muitos deles
irreversíveis, tema que será abordado no próximo capítulo.

3 PREJUÍZOS CAUSADOS PELA OBSOLESCÊNCIA PROGRAMADA AO MEIO


AMBIENTE

Vive-se em uma época em que o consumismo está presente em todos os momentos e,


para muitas pessoas, o consumismo é uma forma de satisfação, que traz felicidade. As
empresas, por meio de estratégias de marketing, estimulam os consumidores com produtos
“inovadores” lançados no mercado de consumo com uma frequência cada vez maior, fazendo
com que o consumidor fique seduzido e consuma cada vez mais sem que haja real
necessidade de adquirir tais produtos.
A respeito do consumismo, BAUMAN (2008, p. 41) diz:
Pode-se dizer que o „consumismo‟ é um tipo de arranjo social resultante da
reciclagem de vontades, desejos e anseios humanos rotineiros, permanentes e, por
assim dizer, „neutros quanto ao regime‟, transformando-os na principal força
propulsora e operativa da sociedade, uma força que coordena a reprodução
sistêmica, a integração e estratificação sociais, além da formação de indivíduos
humanos, desempenhando ao mesmo tempo um papel importante nos processos de
auto-identificação individual e de grupo, assim como na seleção e execução de
políticas de vida individuais. O „consumismo‟ chega quando o consumo assume o
papel-chave que na sociedade de produtores era exercido pelo trabalho.

Em seu livro “Vida para consumo”, Bauman diz que a sociedade de produtores visava
produtos duradouros, que tivessem vida útil prolongada, pois desejava segurança e
estabilidade. Porém, na sociedade de consumidores, o desejo por estabilidade é vista como um
risco, como um mau funcionamento do sistema. Isso porque o consumismo instiga desejos
cada vez mais intensos nos consumidores, resultando assim, na rápida substituição dos
produtos (BAUMAN, 2008, p. 45).
O documentário espanhol “comprar, jogar fora, comprar”9 revela que o fenômeno da
obsolescência programada surgiu, como dito no capítulo anterior, em 1920 com a indústria de
lâmpadas, que tiveram sua duração reduzida de 2500 horas para uma média de 1000 horas. O
documentário mostra, ainda, que impressoras param de funcionar após atingir certo número
de impressões e, também, meias-calças produzidas com fios de baixa qualidade para que se
tenha a necessidade de sempre adquirir outra. O que se deve ressaltar aqui é que essa prática

9
Obsolescência Programada – comprar, jogar fora, comprar. Direção: CosimaDannoritzer. Produção:
DavinaBreillet. Co-produção: TelevisiónEspañola, Article Z, Media 3.14. Documentário, 52‟17‟‟. Disponível
em: <https://www.youtube.com/watch?v=HDFKaXx7WLs>. Acesso em 15 de out. 2016.
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demonstra um enorme ciclo vicioso do consumo, em que há benefício do lucro das empresas
e, consequentemente, um grande prejuízo ao meio ambiente quando tais produtos são
descartados de maneira inadequada, fazendo com que a produção de lixo eletrônico cresça
cada vez mais.
O consumo desenfreado tem seu preço, não somente aos consumidores, mas impacta
os recursos naturais, causando danos ambientais do pós-consumo, comprometendo o meio
ambiente e prejudicando, assim, a qualidade de vida.
Nessa direção, BAUMAN (2010, p. 7), sustenta em seu livro “Vida a crédito” que
“[...] foram adicionados à equação novos fatores desafiantes e decisivos, que nenhuma outra
civilização jamais conheceu: ameaças ambientais sem precedentes - desastres naturais
atribuídos a mudanças climáticas [...]”, tudo isso decorrente ao errôneo descarte dos produtos
obsoletos.
Há uma desvalorização da durabilidade do produto, em que a sociedade iguala “velho”
a “defasado” que não serve para mais nada a não ser a lata de lixo. Os consumidores mal têm
tempo para experimentar um novo produto, uma nova tecnologia, pois quando menos se
espera, seu sucessor é lançado e, novamente, o produto anteriormente comprado vai parar no
lixo10.
A obsolescência programada é uma prática que se faz grande contribuidora da
degradação da natureza, visto que, para que as empresas consigam atender ao mercado de
consumo, necessitam utilizar cada vez mais matérias-primas do meio ambiente. Isto sem falar
que, devido ao curto espaço de tempo entre o lançamento de um produto e outro mais novo, a
natureza não consegue absorver o descarte das mercadorias obsoletas que foram trocadas por
novas, causando um enorme impacto ambiental e violando o direito fundamental ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, assegurado pela Constituição Federal em seu artigo
225.
Ainda que tal direito não esteja previsto no rol de direitos e garantias fundamentais do
art. 5º da CF, trata-se de direito fundamental que possui força vinculante plena e inafastável,
não estando sujeito à livre disposição individual ou à discricionariedade estatal. Entretanto, a
alta produçãode lixo eletrônico faz com que a disposição constitucional fique frágil,
comprometendo, assim, o meio ambiente equilibrado.
Por estas razões é que o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado se
configura como condição sinequa non para o desenvolvimento da vida humana, pois é

10
BAUMAN, Zygmunt. Vida para consumo: a transformação das pessoas em mercadoria. Tradução Carlos
Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Zahar, 2008, p. 31.
11

essencial para a efetividade do princípio maior do ordenamento jurídico, qual seja a dignidade
da pessoa humana.
A produção desenfreada, que viola tal direito fundamental, se firma na falácia do
progresso econômico e, ainda, da satisfação da sociedade consumista, porém, é a causa de
devastação em florestas, bem como mortes de animais e poluição do ar, do solo, dos rios,
lagos e mares, dificultando, assim, até mesmo a sobrevivência da própria humanidade.

3.1 OS PRINCÍPIOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, DA EQUIDADE


INTERGERACIONAL E DA PREVENÇÃO

Muitos foram os autores que escreveram sobre Direito Ambiental. Isto torna a
clarificação de seus princípios regentes uma tarefa difícil. Não obstante, entre os princípios do
Direito Ambiental estão: princípio do desenvolvimento sustentável, princípio da precaução,
princípio da prevenção, princípio da sadia qualidade de vida, princípio do acesso equitativo,
princípio do poluído-pagador, princípio do usuário-pagador, princípio do protetor-recebedor,
princípio da função socioambiental da propriedade e princípio da equidade intergeracional.
Neste trabalho, entretanto, serão analisados três destes princípios, quais sejam: o
princípio do desenvolvimento sustentável, o princípio da equidade intergeracional e o
princípio da prevenção. Princípios estes escolhidos por estarem relacionados à prática da
obsolescência programada.
A legislação ambiental brasileira traz o conceito de desenvolvimento sustentável,
disposto na lei 6.938/81, art. 2º, que preleciona que
A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e
recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País,
condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança
nacional e à proteção da dignidade da vida humana [...].

Em continuidade, a lei traz em seu art. 4º que “A Política Nacional do Meio Ambiente
visará à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da
qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico”, conforme o inciso I.
SACHS (2002, p. 49) afirma que o desenvolvimento sustentável não é compatível com
o capitalismo atual e que o mercado não consegue enxergar a longo prazo. Diz, ainda, que
“enquanto os economistas estão habituados a raciocinar em termos de anos, no máximo em
décadas, a escala de tempo da ecologia se amplia para séculos e milênios”. Fica evidente,
então, que somente haverá sustentabilidade quando houver um equilíbrio entre dimensão
social, dimensão econômica e dimensão ecológica.
12

“O problema, portanto, não consiste na escolha entre crescimento e qualidade do


ambiente, mas sim em tentar harmonizar objetivos socioeconômicos e ambientais” (SACHS,
2002, p. 71). Sendo assim, tendo em vista que a obsolescência programada consiste no
desperdício no uso dos recursos, o aumento de vida útil dos produtos é um importante passo
para que se atinja o equilíbrio ecológico.
O princípio da equidade intergeracional é interligado com o princípio do
desenvolvimento sustentável, e dispõe que “As presentes gerações não podem deixar para as
futuras gerações uma herança de déficits ambientais ou do estoque de recursos e benefícios
inferiores aos que receberam das gerações passadas” (SAMPAIO et al, 2003, p. 53), ou seja,
as gerações têm o dever de preservar os recursos naturais, bem como a herança humana, no
mínimo, no mesmo patamar em que recebeu de seus ascendentes.
O caput do art. 225 da CF é um direito pró-geracional, por trazer ao Poder Público e
também à coletividade a obrigação de preservação do meio ambiente para as gerações
presentes e vindouras. O princípio busca uma igualdade ambiental entre as gerações, para que
as gerações futuras não recebam os bens ambientais com algum déficit, mas sim, em um
mesmo nível ou até mesmo melhorados.
A respeito do princípio da prevenção, inicialmente, faz-se necessário fazer uma breve
diferenciação deste com o princípio da precaução. Enquanto este é dirigido ao perigo abstrato,
havendo ausência de certeza acerca do dano, aquele se dá em relação ao perigo concreto,
tendo certeza científica acerca do dano.
A respeito do princípio da prevenção, Leite e Ayala (2004, p. 74) afirmam:
O conteúdo cautelar do princípio da prevenção é dirigido pela ciência e pela
detenção de informações certas e precisas sobre a periculosidade e o risco fornecido
pela atividade ou comportamento, que, assim, revela situação de maior
verossimilhança do potencial lesivo que aquela controlada pelo princípio da
precaução. O objetivo fundamental perseguido na atividade de aplicação do
princípio da prevenção é, fundamentalmente, a proibição da repetição da atividade
que já se sabe perigosa. Atua-se, então, no sentido de inibir o risco de dano, ou seja,
o risco de que a atividade perigosa (e não apenas potencialmente ou pretensamente
perigosa) possa vir a produzir, com seus efeitos, danos ambientais.

Tratando-se da obsolescência programada, deve ser aplicado o princípio da prevenção,


pois o acúmulo de lixo, exploração em excesso dos recursos naturais, bem como a emissão de
poluentes é um risco certo, concreto e conhecido de dano.
Em uma sociedade onde tudo é descartável, não somente os produtos, mas até mesmo
os indivíduos, a solução do problema dos impactos ambientais causados pela obsolescência
programada somente viria no futuro com uma tecnologia avançada em que fosse possível
atuar contra as consequências da produção destrutiva.Porém, essa é uma visão que afronta
13

totalmente o princípio da prevenção, pois o tempo não é mais uma fonte de solução dos
problemas, mas sim, de acúmulos deles.
As empresas defendem veementemente a tecnologia moderna como solução à
problemática ambiental e, com isso, prorrogam as decisões radicais para o futuro. Certo é que,
enquanto permanecerem defendendo que tudo será resolvido no futuro e não tomarem
providências preventivas no presente, além de correr o risco de não alcançar a solução que se
idealiza, poderá, ainda, desencadear inúmeros outros riscos correlacionados.

4 VIOLAÇÃO DO DIREITO FUNDAMENTAL À INFORMAÇÃO POR MEIO DA


PRÁTICA DA OBSOLESCÊNCIA PROGRAMADA

O direito à informação encontra-se no âmbito dos direitos fundamentais,


apresentando-se como uma das bases e fundamentos do Estado Democrático de Direito. Tal
direito fundamental está previsto no art. 5º da CF, em seu inciso XIV e dispõe que “é
assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário
ao exercício profissional”.
O artigo mencionado acima garante que todos são possuidores e destinatários deste
direito, sendo assegurado o acesso a todo e qualquer tipo de informação, permitindo o sigilo
excepcionalmente, caso seja necessário ao exercício profissional. Tal direito abrange o direito
de fornecer, bem como procurar informações e aplica-se a toda pessoa física ou jurídica.
SILVA11 faz uma diferenciação entre liberdade de informação e direito à informação.
A liberdade de informação está prevista nos artigos 220-224 e no inciso IV do art. 5º da CF e
compreende-se pela liberdade de informar, que conforme o autor, coincide com a liberdade de
manifestação de pensamento (pela palavra, por escrito ou por qualquer outro meio de difusão)
e a liberdade de ser informado (que indica o interesse da coletividade de que todos estejam
informados para o exercício constante das liberdades públicas). Em contrapartida, o direito à
informação está previsto no inciso XIV do art. 5º da CF e apresenta caráter de dimensão
coletiva, abrigando interesses particulares, coletivos e gerais, não tendo, portanto, caráter de
direito individual. O autor cita ainda que, o direito à informação se enquadra entre os
interesses difusos ou coletivos, com garantia de cláusula pétrea, visto que sua titularidade é,
em princípio, indeterminada.

11
SILVA, Afonso José apud FREITAS, Vladimir Passos de. Direito Ambiental em Evolução – n.º1.
2º ed. Curitiba: Juruá, 2006, p.18.
14

Tratando-se do Direito do Consumidor, o direito à informação encontra-se respaldado


no art. 6º do Código de Defesa do Consumidor, em seu inciso III, que assim preleciona:
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com
especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos
incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem;

EFING (2004, não paginado) afirma que o direito à informação assegura aos
consumidores o direito de receberem informações em relação aos produtos e serviços que lhes
são ofertados no mercado de consumo, e que são educados para realizarem a defesa de seus
direitos.
Conforme os critérios estabelecidos pelo CDC, o fornecedor tem o dever prestar todas
as informações possíveis sobre o produto (ou serviço) de forma clara e precisa, a respeito de
suas características, riscos, qualidades e preços, não sendo admitidas falhas ou omissões.
O caput do art. 4º do CDC trata do princípio da transparência, a saber, que o direito à
informação está ligado e que dá a oportunidade ao consumidor de ter conhecimento prévio
dos produtos e serviços.
Assim dispõe o caput do art. 4º do CDC:
Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o
atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e
segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de
vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os
seguintes princípios: [...].

Vê-se, portanto, que o princípio da transparência se traduz no direito à informação em


que o fornecedor se vê na obrigação de oferecer ao consumidor toda e qualquer informação
sobre o produto.
“De acordo com o princípio da transparência, não basta ao empresário abster-se de
falsear a verdade, deve ele transmitir ao consumidor em potencial todas as informações
indispensáveis à decisão de consumir ou não o fornecimento” (COELHO, 1996, não
paginado).
Em tese, no momento da fabricação de suas mercadorias, o fornecedor deveria
informar – na embalagem ou em cartilha de uso – o tempo de durabilidade dos produtos,
porém, não o faz. Isso faz com que seja violado o direito à informação do consumidor, pois
este adquire um produto e, por não haver informações suficientes, como o tempo de vida útil
do produto, por exemplo, ele acaba por comprar e, muitas vezes, antes de findar o prazo de
garantia, o produto já se torna obsoleto, tendo que adquirir outro em um exíguo espaço de
tempo.
15

O princípio da transparência equivale à informação precisa sobre o produto que há de


ser negociado. Tal princípio se presta a assegurar a lealdade e o respeito nas relações
consumeristas e, até mesmo, na fase pré-contratual. Este princípio se resume na clareza
induvidosa, na informação sobre tudo aquilo que o consumidor precisa saber a respeito do
produto que vai adquirir.
Entretanto, a prática abusiva da obsolescência programada viola o direito à informação
no momento em que deixa de prestar tais informações que são de direito do consumidor,
fazendo com que este compre um produto que já veio programado para perder a utilização em
pouco tempo, pois já foi fabricado com o tempo de vida reduzido.
O art. 31 do CDC traz em seu texto:
Art. 31. A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar
informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas
características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de
validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à
saúde e segurança dos consumidores.

Sabendo que o rol do artigo supracitado é meramente exemplificativo e que nele não
consta que se exija dos fornecedores informações socioambientais referentes aos produtos ou,
ainda, o tempo de vida útil de cada um, é necessário que os fornecedores se prestem a tais
tipos de informações, como por exemplo: a emissão de CO² (gás carbônico) durante o
processo de produção ou decorrente da utilização do produto; informações a respeito de seu
descarte de maneira segura e correta; e o tempo estimado de sua vida útil, dentre outras
informações.
Para que haja um consumo consciente e sustentável, é preciso que o consumidor
esteja, sempre que possível, procurando e escolhendo produtos que sejam
socioambientalmente adequados. Porém, para que este processo de decisão entre qual produto
é mais sustentável e mais durável ocorra, é necessário que tenham no mercado de consumo o
acesso às informações, que deveriam ser prestadas pelos próprios fornecedores.
Há situações, ainda, em que o consumidor, mesmo tendo acesso à informação, não a
compreende por esta se apresentar por códigos, símbolos, selos e procedimentos que, pela
maioria da população, não são conhecidos. Isso dificulta o momento de escolha do produto
pelo consumidor, pois sem as referências precisas e verdadeiras a respeito do produto, a
comparação entre um e outro fica prejudicada.
Os produtos deveriam conter tais informações para que não o consumidor não seja
lesado e não venha a ser, novamente, vítima da obsolescência programada. Esse método de
fabricação faria com que as empresas diminuíssem essa prática comum entre elas, tendo que
16

fabricar suas mercadorias com o tempo de vida útil mais prolongado e, assim, seria reduzido
grande parte do consumismo da sociedade e, consequentemente, diminuiria os impactos
ambientais que também são causados por meio desta prática dos fabricantes.

5 DA JURISPRUDÊNCIA DO STJ A RESPEITO DE VÍCIO OCULTO DO


PRODUTO RELATIVO À FABRICAÇÃO

Apesar de a obsolescência programada ser um assunto de grande relevância, quase não


há precedentes judiciais sobre o tema. A razão disso é que existe uma grande dificuldade de se
comprovar a prática. Salienta SALOMÃO12 que “A obsolescência programada depende de
prova pericial e de uma série de requisitos para sua caracterização. Também não há muita
literatura sobre o assunto”.
Para tanto, foi feita uma pesquisa no site do Superior Tribunal de Justiça13 com as
seguintes palavras chaves: direito do consumidor; vício oculto relativo à fabricação. Segue
abaixo, tabela relativa à pesquisa.
Acórdãos Repetitivos Nenhum documento encontrado
Súmulas Nenhum documento encontrado
Acórdãos 1 documento encontrado
Decisões Monocráticas 51 documentos encontrados
Informativos de Jurisprudência 1 documento encontrado

Foram encontradas 51 (cinquenta e uma) decisões monocráticas tratando do tema,


sendo estas decisões, Recursos Especiais, Agravos em Recursos Especiais e Agravos Internos
nosAgravos em Recursos Especiais, com datas de 2006 a 2017.
Tendo em vista que somente foi encontrado um único acórdão nesta pesquisa, isso fez
com que fosse despertado o interesse em analisá-lo, visto que, mesmo tendo sido encontrado
outros 51 resultados, todos estes eram decisões monocráticas e somente o que foi escolhido
era diferente dos demais.
O caso se trata de um Recurso Especial, julgado em 2012, tendo como relator o
Ministro Luis Felipe Salomão, que teve como razão de decidir, o art.26, §3º do CDC, como
será explicado adiante. Os Recursos Especiais são limitados a serem interpostos somente

12
SALOMÃO, Luis Felipe. CDC deve proteger consumidor da obsolescência programada. In: Revista
Consultor Jurídico, Sérgio Rodas. 25 de junho de 2015. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2015-jun-
25/cdc-combater-obsolescencia-programada-ministro-salomao>.
13
Pesquisa realizada no dia 05 de maio de 2017.
17

contra julgamentos prolatados contra tribunais locais (TJ‟s e TRF‟s) (CÂMARA, 2010,
p.123).
Foi escolhido um Recurso Especial para ser analisado, pois este tem a função de
consubstanciar as divergências ocorridas nos julgados sobre um mesmo dispositivo de lei
federal. O Recurso Especial escolhido gerou uma grande repercussão após ser dada a decisão,
visto que há vários artigos científicos cujo tema se trata da decisão proferida por este tribunal,
o que também influenciou na escolha. Há, ainda, um considerável volume de discussão
doutrinária sobre o assunto tratado no recurso, sendo o terceiro motivo pelo qual foi
escolhido, trazendo neste trabalho o posicionamento de três doutrinadores, quais sejam: Paulo
Jorge Scartezzini Guimarães, Paulo Luiz Netto Lôbo e Antônio Herman de Vasconcellos
Benjamin.
Tem-se abaixo a seguinte ementa do RECURSO ESPECIAL Nº 984.106 – SC:
EMENTA: DIREITO DO CONSUMIDOR E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO
ESPECIAL. AÇÃO E RECONVENÇÃO. JULGAMENTO REALIZADO POR
UMA ÚNICA SENTENÇA. RECURSO DE APELAÇÃO NÃO CONHECIDO EM
PARTE. EXIGÊNCIA DE DUPLO PREPARO. LEGISLAÇÃO LOCAL.
INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 280/STF. AÇÃO DE COBRANÇA AJUIZADA
PELO FORNECEDOR. VÍCIO DO PRODUTO. MANIFESTAÇÃO FORA DO
PRAZO DE GARANTIA. VÍCIO OCULTO RELATIVO À FABRICAÇÃO.
CONSTATAÇÃO PELAS INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS. RESPONSABILIDADE
DO FORNECEDOR. DOUTRINA E JURISPRUDÊNCIA. EXEGESE DO ART.
26, § 3º, DO CDC (REsp 984.106-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
4/10/2012).

O presente julgado trata-se de uma ação de cobrança ajuizada por uma empresa que
alegava ter um crédito com o consumidor, decorrido dos reparos do trator, uma vez que a
garantia do produto já havia expirado.
Em sua defesa, o consumidor alegou que o trator apresentava defeitos, mas que os
defeitos não eram relacionados a desgastes naturais ou por mau uso, e sim, por defeito no
projeto, podendo caracterizar um vício oculto, alegando que o reparo deveria ser feito pelo
fornecedor.
O consumidor pleiteou, ainda, que o fornecedor fosse condenado ao ressarcimento
dos lucros cessantes gerados pelo tempo em que o produto ficou indisponível enquanto estava
na manutenção.
Em primeira instância (2ª Vara da Comarca de Campos Novos – Santa Catarina), foi
decidido pela improcedência do pedido do fornecedor na ação principal e procedência do
pedido do consumidor em reconvenção.
O tribunal de Justiça de Santa Catarina, em grau de recurso, acolheu parcialmente da
apelação que fora interposta pelo fornecedor, porém, negou provimento e manteve a
18

sentença,o que levou o fornecedor a recorrer ao Superior Tribunal de Justiça com a finalidade
de reverter a decisão anterior.
O fornecedor alegou que não tinha responsabilidade pelo vício/defeito do produto
que foi apresentado no produto após ter decorrido o prazo de garantia conferido a ele. Além
disso, alegou que o consumidor não havia demonstrado que o defeito, na verdade um vício
oculto, devendo ser levado em consideração o desgaste natural decorrente do uso do produto
por mais de três anos e que o consumidor usou o trator durante esse período sem que fosse
apresentado nenhum defeito.
Em voto, o relator Luis Felipe Salomão14argumentou a respeito da obsolescência
programada
desde a década de 20 e hoje, mais do que nunca, em razão de uma sociedade
massificada e consumista, tem-se falado em obsolescência programada, consistente
na redução artificial da durabilidade de produtos ou do ciclo de vida de seus
componentes, para que seja forçada a recompra prematura.

O ministro relator diz, ainda, que é evidente que, em se tratando de bens duráveis, a
procura por determinado produto está intimamente ligada à quantidade desse mesmo produto
no mercado de consumo, que foi adquirida no passado. Ou seja, quanto mais durabilidade o
produto tiver, mais tempo o fornecedor deverá esperar para que o consumidor realize uma
nova compra. Quanto maior a durabilidade, menor o número total de vendas.
Desta maneira, o relator diz ser intuitivo imaginar que há um grande estímulo para que
o fornecedor seja adepto às estratégias aptas a fazer os consumidores se anteciparem na
compra de um novo produto, “[...]sobretudo em um ambiente em que a eficiência
mercadológica não é ideal, dada a imperfeita concorrência e o abuso do poder econômico, e é
exatamente esse o cenário propício para a chamada obsolescência programada”15.
Luis Felipe Salomão16 cita, ainda, alguns exemplos do fenômeno da obsolescência
programada:
São exemplos desse fenômeno: a reduzida vida útil de componentes eletrônicos
(como baterias de telefones celulares), com o posterior e estratégico inflacionamento
do preço do mencionado componente, para que seja mais vantajoso a recompra do
conjunto; a incompatibilidade entre componentes antigos e novos, de modo a obrigar
o consumidor a atualizar por completo o produto (por exemplo, softwares ); o
produtor que lança uma linha nova de produtos, fazendo cessar açodadamente a
fabricação de insumos ou peças necessárias à antiga.

É evidente que práticas abusivas, como algumas das citadas acima pelo ministro
relator, devem ser combatidas pelo Poder Judiciário, pois, segundo ele, tais práticas violam a

14
(REsp 984.106-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 4/10/2012, p. 17).
15
Ibidem.
16
Ibidem, p. 18.
19

Política Nacional das Relações de Consumo, de onde se tem a "garantia dos produtos e
serviços com padrões adequados de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho" (art.
4º, inciso II, alínea "d", do CDC), além de causar um inegável impacto ambiental que é
provocado por meio do grande acúmulo de lixo eletrônico na natureza.
Em conclusão, o relator Luis Felipe Salomão17 diz:
É de se registrar que o bem adquirido pelo autor apresentou o mencionado vício
gravíssimo, ao que parece com cerca de 3 (três) anos de uso, mas que, conforme
apurado nas instâncias ordinárias, “o trator deveria ter uma vida útil de
aproximadamente 10.000 horas, que em anos vai depender do uso, mas ficaria em
torno de 10 a 12 anos”.
Portanto, era mesmo de responsabilidade do fornecedor o reparo reclamado pelo
autor.

O recurso especial foi conhecido em parte e, na extensão, não provido. Em seu voto, o
relator reconheceu o vício oculto e definiu que o prazo decadencial começa a ser contado a
partir do momento em que o defeito fica evidente, tomando como base para sua razão de
decidir, o art. 26, §3º do CDC18.
É possível perceber, na atuação do relator ao dar seu voto, que foi seguido pelos seus
colegas da 4ª Turma do STJ, a importância dada por ele à prática da obsolescência
programada e suas consequências.
Importa salientar que, a venda de um produto tido como durável, com vida útil inferior
àquela que se esperava, configura um defeito de adequação, conforme previsto no art. 18 do
CDC19, demonstra uma quebra da boa-fé das relações consumo e, ainda, viola o direito
fundamental à informação do consumidor.
A respeito do vício oculto, três são os posicionamentos doutrinários. O primeiro
posicionamento, defendido por Paulo Jorge Scartezzini Guimarães20, propõe o prazo de 180
dias pelos quais o vício oculto pode se manifestar, aplicando subsidiariamente o caput do art.
445 e seu §1º do Código Civil21, com o argumento de que o limite de 180 dias é suficiente

17
Ibidem, p. 21.
18
Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em:
§ 3° Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito.
19
Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos
vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou
lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do
recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua
natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas.
20
GUIMARÃES, Paulo Jorge Scartezzini. Vícios do Produto e do Serviço por Qualidade, Quantidade e
Insegurança: incumprimento imperfeitodo contrato. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2004, p. 401.
21
Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de trinta dias se a
coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo conta-se da
alienação, reduzido à metade.
20

para que se manifeste alguma falta de qualidade ou de quantidade no produto. O segundo


posicionamento é o defendido por Paulo Luiz Netto Lôbo22, em que diz que o prazo de
garantia legal e contratual deve ser o mesmo, afirmando ser o que corresponde melhor ao
princípio da equivalência entre consumidor e fornecedor. O último posicionamento, defendido
por Antônio Herman de Vasconcellos Benjamin23, posicionamento este que foi o adotado pelo
ministro relator do caso em tela, defende o critério de vida útil do produto para que se defina o
limite temporal da garantia legal, com a sustentação de que o legislador evitou a fixação de
um prazo que fosse totalmente arbitrário para a garantia e que abrangesse todo e qualquer
produto.
Dito isso, diante de um vício oculto, conforme preleciona o já mencionado art. 26, §3º
do CDC, o prazo decadencial para que o consumidor reclame inicia-se no momento em que o
defeito for identificado por ele.

6CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como foi explorado no decorrer de todo o trabalho, a obsolescência programada é um


modelo seguido pelos fornecedores para obter lucro sob os consumidores, fazendo com que
tal prática abusiva se torne prejudicial tanto para o consumidor quanto ao meio ambiente.
Para que se chegasse a tal conclusão, foram observados o conceito de práticas abusivas
bem como os pontos atinentes à obsolescência programada.
Demonstrou-se, também, que tal prática abusiva viola o direito fundamental à
informação no momento em que o fornecedor deixa de prestar as informações sobre o tempo
de vida útil do produto, fazendo com que o meio ambiente também sofra um grande prejuízo
decorrido do descarte de tais produtos obsoletos com uma frequência de tempo cada vez
menor.
Para que esta prática seja combatida, não basta que atitudes individuais sejam
tomadas. Toda a sociedade deve ser conscientizada para que saibam que existem formas de
vida mais simples e que sejam, também, menos agressivas ao meio ambiente.O ideal seria
buscar um equilíbrio econômico-sócio-ambiental dentro de uma sociedade consumista e de

§ 1o Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-se-á do momento em
que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano,
para os imóveis.
22
LÔBO, Paulo Luiz Netto.Responsabilidade por Vício do Produto ou do Serviço. Brasília-DF: Livraria e
Editora Brasília Jurídica, 1996, p. 106-108.
23
BENJAMIN, Antônio Herman de Vasconcellos.Comentários ao Código de proteção do consumidor. São
Paulo: Saraiva, 1991, p. 134.
21

um mundo capitalista. O desenvolvimento sustentável é uma disputa que deve ser travada
diariamente no cotidiano, fazendo com que os consumidores pensem além do consumismo
para que se consiga cumprir os princípios relacionados ao meio ambiente, pois tais princípios
são incompatíveis com o modelo de desenvolvimento capitalista.
Isso posto, seria viável a imposição da obrigação dos fornecedores de indicar o tempo
de vida útil dos produtos no momento de sua fabricação, para que, assim, o consumidor tenha
a consciência de quanto tempo o produto adquirido por ele irá durar. A indicação a respeito do
desempenho dos produtos no momento em que houver alguma atualização de programas ou
softwares também deve ser pensada como uma obrigação do fornecedor, pois evitaria ser
violado o direito fundamental à informação do consumidor. Ainda, importante seria a
obrigação dos fornecedores em fazer coleta de equipamentos obsoletos e de dar a destinação
adequada para eles, pois estes prejudicam o meio ambiente.
Como sugestão, talvez, os legisladores cuidassem de criar um dispositivo legal que
prevejanotadamente que a prática da obsolescência programada é abusiva, ou talvez, uma
hermenêutica jurídica adequada seja o bastante.
22

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