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EXECELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DE UMA DAS

VARAS DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE SÃO PAULO/SP,

Nome Nome, brasileiro, portador da Identidade nº 00000-00e inscrito


no CPF sob o nº 000.000.000-00, residente e domiciliado a EndereçoCEP. 00000-000,
vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, propor a presente

AÇÃO DE RESTITUIÇÃO DE VALORES PAGOS COM PEDIDO DE DANOS


MORAIS
Em desfavor de HURB TECHNOLOGIES S.A. (Hotel Urbano), Pessoa
Jurídica de Direito Privado, inscrito no CPNJ sob o nº 12.954.744/0001-24 e sede na
Avenida João Cabral de Melo Neto, 400, 7º andar, Barra da Tijuca, CEP: 22.775-057,
cidade e Estado do Rio de Janeiro, pelos fatos e direito a seguir:

DAS PRELIMINARES.

DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA E DEMAIS CONSIDERAÇÕES.

Considerando que o plano de fundo da presente demanda se alicerça


em relação de consumo, os direitos aqui pleiteados terão supedâneo no Código de
Defesa do Consumidor, em conjunto com o regramento Civil e Constitucional vigentes
no Ordenamento Jurídico Brasileiro.

Isto posto, desde já, pela vulnerabilidade e hipossuficiência técnica,


informacional, jurídica, cientifica e socioeconômica, o autor requer que o ônus da
prova seja invertido, de acordo com os artigos 6º, VIII do Código de Defesa do
Consumidor e o 373, § 1º do Código de Processo Civil, de modo a equilibrar as partes
processuais visto que apesar do vasto material probatório juntado, ainda assim, o
autor não conseguirá acesso a alguns documentos e haverá necessidade de prova em
sentido contrário pela parte ré.

Ademais, registra-se a tempestividade da presente demanda consoante


o artigo 206, § 3º, V do Código Civil, uma vez que o autor tem até 03 (três) anos da
data do fato, que é contemporâneo, para ingressar com a ação de reparação civil, no
caso do pleito de danos morais.

Por fim, demonstra-se a competência do juízo ao qual a ação está


endereçada conforme inciso III do artigo 4º da Lei 9.099/1995 que diz que o juizado do
foro do domicílio dos autores é competente para julgar as causas previstas na lei
supracitada cuja matéria seja pedido de reparação civil de qualquer natureza, a
despeito do pedido de obrigação de fazer.

DOS FATOS.

O autor adquiriu no website da ré em 03 de junho de 2020, um pacote


de viagem para 02 pessoas

A utilização do pacote era pra ser realizada no período de 2021 e foi


postergada até Junho/2022 por conta da pandemia Covid-19. O autor, então,
considerando que havia comprado o pacote para viajar acompanhado entendeu que
seria impossível viajar em plena pandemia, e obviamente, concordou com a extensão
do uso para o ano seguinte.

Após essa data, o pacote foi novamente adiado para ser utilizado no
segundo semestre de 2023 pela própria empresa, ou seja, mais de um ano após a
primeira modificação na data, alegando “falta de disponibilidade de tarifário
promocional”.

DO DIREITO.
A hipótese versa sobre relação de consumo, pois o autor, destinatário
do serviço ofertado pela empresa de viagem, enquadram-se no conceito de
consumidor descrito no artigo 2º do CDC e a Ré no de fornecedora, nos termos do
artigo 3º do mesmo diploma legal.

"Art. 2º. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou


utiliza produto ou serviço como destinatário final.

Art. 3º. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou


privada, nacional ou estrangeira, bem como os
entesdespersonalizados, que desenvolvem atividade de produção,
montagem, criação, construção, transformação, importação,
exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou
prestação de serviços."

Nesse sentido, o artigo 4º, I, III e V do CDC diz o seguinte:


"Art. 4º. A Política Nacional das Relações de Consumo tem por
objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o
respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus
interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem
como a transparência e harmonia das relações de consumo,
atendidos os seguintes princípios:

I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado


de consumo;

III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de


consumo e compatibilização da proteção do consumidor com a
necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de
modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem
econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre com base na
boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores;

V - incentivo à criação pelos fornecedores de meios eficientes de


controle de qualidade e segurança de produtos e serviços, assim
como de mecanismos alternativos de solução de conflitos de
consumo."

Cumpre ressaltar que o valor de R$ 2.879,04 (dois mil oitocentos e


setenta e nove reais e quatro centavos), já foram quitados pelo Autor e recebido pela
empresa Ré, desde junho de 2021, ou seja, dois anos e dois meses que a empresa
retém o valor do pacote da viagem, sem oferecer alternativas para que o contrato
fosse cumprido.
O cancelamento do contrato se deu por culpa da incapacidade da
empresa Ré em cumprir com o contrato firmado, e não por arrependimento do
consumidor, uma vez que mesmo após 03 anos o Autor não conseguiu realizar as
reservas da viagem contratada. A demora na entrega do produto ofertado dá azo à
rescisão do contrato, e isso não afasta a responsabilidade da empresa em restituir
integralmente os valores já pagos e monetariamente atualizados.

Assim preceitua o artigo 20, inciso II do CDC:

Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos


vícios de qualidade que os tornem impróprios ao
consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por
aqueles decorrentes da disparidade com as
indicações constantes da oferta ou mensagem
publicitária, podendo o consumidor exigir,
alternativamente e à sua escolha:

 II - a restituição imediata da quantia paga,


monetariamente atualizada, sem prejuízo de
eventuais perdas e danos;

Diante o cancelamento da viagem por culpa do Réu, o Autor teve


cerceado e frustrado seu direito de usufruir das férias planejadas, a restituição do valor
já gasto não é compensatório por todo o sofrido durante esses 03 anos de contrato
com a empresa. Além de ser ressarcido, o Autor detém o direito de ser indenizado pela
oportunidade que lhe foi ceifada.

Com efeito, é mister transcrever uma dupla de dispositivos de suma


importância que regulamenta a matéria no Código Civil Brasileiro.

" Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,


negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem,
ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito."

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano
a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,


independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do
dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem."
Da leitura do artigo 14 do CPDC, verifica-se que a responsabilidade do
fornecedor de serviços é objetiva e somente não responderá pela reparação dos danos
causados ao consumidor se provar que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste ou
o fato é exclusivo do consumidor ou de terceiros, fato que não ocorreu, uma vez que o
autor sequer conseguiu realizar o agendamento da viagem ou foi contatado pela
empresa ré para realiza-lo. eles entraram em contato nesses 03 anos de espera pra
marcar a data pra utilização do pacote?

"Art. 14. O fornecedor de serviços responde,


independentemente da existência de culpa, pela
reparação dos danos causados aos consumidores por
defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como
por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua
fruição e riscos."

§ 1º. O serviço é defeituoso quando não fornece a


segurança que o consumidor dele pode esperar,
levando-se em consideração as circunstâncias
relevantes, entre as quais:

I - o modo de seu fornecimento;

II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se


esperam;"

Veja, Excelência, não caberia ao autor ficar insistentemente buscando


informações sobre os motivos que levaram a ré a violar o seu dever de cuidado de
informar se houve algum tipo de problema com o serviço, desde que fosse plausível.

O Artigo 14 do CDC, consagra a teoria do risco do empreendimento e, a


partir dela, pode-se inferir que a parte ré não se desincumbiu, a partir dos diversos
contatos firmados, em tempo razoável, de prestar informações adequadas ao
consumidor e de efetivamente cumprir a lei por uma falta do dever de cuidado na
relação de consumo, especialmente por veicular uma oferta aberta e ter a obrigação
de confirmar a viagem do autor, não sendo possível a Ré escolher ao seu bel prazer
quando que eles terão que viajar, o que afrontaria o próprio contrato por ele firmado e
tornaria o pacote uma verdadeira LOTERIA, o que não é o propósito do contrato.

Neste contexto, a inversão do ônus da prova (artigo 6º, VIII do CDC) se


faz imprescindível ante a hipossuficiência técnica, cientifica, informacional e jurídica
perante a Empresa ré, com a qual o autor sequer conseguiu um contato digno para
tentar resolver o imbróglio causado, se resignando a apenas ter ficar aguardando
infinitamente um retorno, que jamais aconteceu, motivo pelo qual se recorre à Justiça
para solucionar a lide já que a ré se exime de enfrentar, de modo efetivo, uma solução
para o problema causado por ela mesma.

A inexistência ou a falha nas informações que dizem respeito ao


procedimentos de marcação e cancelamento da viagem gera responsabilização
objetiva, especialmente pelo desgaste emocional ao qual a Ré submeteu
excessivamente o autor.

Nesse sentido, o artigo 6º, V do CDC dispõe o seguinte:

"Art. 6º. São direitos básicos do consumidor:

VI - a efetiva prevenção e reparação de danos


patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;"

Invoca-se a TEORIA DO DESVIO PRODUTIVO DO CONSUMIDOR OU


PERDA DO TEMPO ÚTIL, que vem sendo adotada pela doutrina e pelos julgadores, para
dar arcabouço ao pedido de danos morais do autor, já que por várias vezes o autor
perdeu seu tempo de produção para aguardar por 02 anos uma resposta eficaz que
solucionasse o problema criado pela própria empresa Ré, ATRAVÉS DO CANAL DE
CONTATO DA EMPRESA, TOTALMENTE INEFICIENTE, privando o Autor de realizar a
viagem já quitada, e agora se esquivando do ressarcimento.

Cita-se o julgado da Terceira Turma do STJ ( REsp XXXXX/SE), em 5/2/19,


de relatoria da ministra Nancy Andrighi, no qual se reconheceu que o "máximo
aproveitamento do tempo" é um interesse coletivo tutelado pelo ordenamento jurídico
e que "a perda injusta e intolerável do tempo do consumidor", que ocorre "pelo
desrespeito voluntário das garantias legais [...] com o nítido intuito de otimizar o lucro
em prejuízo da qualidade do serviço" constitui "ofensa aos deveres anexos ao princípio
da boa-fé" e enseja a condenação em danos morais coletivos. Trata- se da primeira
decisão colegiada reconhecendo expressamente o cabimento da Teoria do Desvio
Produtivo do Consumidor, que no Tribunal de Justiça de São Paulo tem sido bem
denominada de Teoria do Tempo Perdido.

Reconheceu-se, no caso, que a violação aos deveres de qualidade no


atendimento impostos pela legislação "infringe valores essenciais da sociedade e
possui [...] os atributos da gravidade e intolerabilidade, não configurando mera
infringência à lei ou ao contrato."

Ademais, pela teoria do risco do empreendimento, aquele que se dispõe


a fornecer bens e serviços tem o dever de responder pelos fatos e vícios resultantes
dos seus negócios, independentemente de sua culpa, pois a responsabilidade decorre
da atividade de produzir, distribuir e comercializar ou executar determinados serviços,
como é o caso da ré.

O artigo 23 da Lei 8.078/90 trata sobre a teoria do risco da atividade


econômica.

"Art. 23. A ignorância do fornecedor sobre


os vícios de qualidade por inadequação dos
produtos e serviços não o exime de
responsabilidade."

A teoria do risco da atividade econômica, estabelecendo uma garantia


de adequação dos produtos e serviços (arts. 18 ao 22), em que o empresário ou quem
explora a atividade econômica deve suportar os riscos provenientes de seu negócio.

O Código estabelece de maneira explicita que o fornecedor não poderá


se eximir de sua responsabilidade ao argumento de que desconhecia o vício de
adequação, que tanto pode ser quanto à qualidade, quantidade ou informação dos
produtos e serviços. Uma vez constatado o vício, o consumidor tem direito de obter a
sanação e, ainda, de receber indenização por perdas e danos, se houver e indenizações
por danos morais.

O CDC não estabelece essa diferença, devendo haver ampla e integral


reparação, nos moldes da responsabilidade objetiva, sendo dispensável a observância
do elemento culpa. Assim, basta a verificação do vício na prestação do serviço para
que o fornecedor seja, diante da garantia estabelecida no artigo, obrigado a responder
pela inadequação dele. Dessa forma, conclui-se que a demonstração de boa-fé no
sistema consumerista não é capaz de elidir a responsabilidade pelo dano causado ao
consumidor.
Portanto, restou caracterizada a falha da empresa ré, surgindo, assim, a
obrigação de reparar os danos materiais, uma vez que a viagem já foi cancelada e o
Autor encontra ENORME dificuldade em receber o valor JÁ QUITADO de volta, além
dos danos morais sofridos pelo demandante.

DOS DANOS MORAIS.

Na seara do dano moral, baseado no entendimento doutrinário, para


que ele seja caracterizado, é imprescindível que haja:
a) ato ilícito, causado pelo agente, por ação ou omissão voluntária,
negligência ou imprudência;
b) ocorrência de um dano, seja ele de ordem patrimonial ou moral;
c) nexo de causalidade entre o dano e o comportamento do agente. Os
itens “a” e “b” estão devidamente demonstrados pelas provas carreadas nos autos.

Quanto a presença do nexo de causalidade entre os litigantes, ele resta


evidente, pois se não fosse a falha na prestação do serviço no tocante ao não
cumprimento dos termos contratuais veiculados na oferta da ré e à não marcação dos
voos, mesmo a ré sabendo ser sua responsabilidade objetiva eventual falha, não
haveria necessidade de se requerer os danos morais, mormente pelo fato de a conduta
ilícita ter sido realizada em desconformidade com os preceitos legais, em especial, a
boa-fé.

Da análise dos autos, verifica-se que os serviços contratados pelo autor


não foram prestados nos termos pactuados. O descumprimento de tais obrigações
contratuais é inquestionável. Houve planejamento da viagem com ano de
antecedência e, por uma sucessão de erros da ré, ela não pode ser realizada na forma
pretendida e contratada.

Não há como negar estarem presentes os elementos a justificar a


responsabilização civil, quais sejam, ação em sentido amplo, nexo causal e prejuízo,
tendo o réu falhado na prestação do serviço, restando inequívoco o dano moral
sofrido.

O dano moral configura-se in re ipsa, derivando, inexoravelmente, do


próprio fato ofensivo, de tal modo que, provado este fato, ipso facto, está
demonstrado o dano moral, numa típica presunção natural, uma presunção hominis
ou facti, que decorre das regras da experiência comum.

Passa-se, então, à análise do quantum. A ninguém é concedido o direito


de lesionar ou causar dano a outrem, impunemente, sendo que os transtornos e
constrangimentos sofridos devem ser enquadrados em danos morais, tendo sua
reparação jurídica consistente no pagamento de uma soma pecuniária que possibilite a
penalização do causador do dano e a consequente compensação dos dissabores
sofridos pela vítima, bem como a reparação de sua dor íntima, em virtude da ação
ilícita de quem lhe lesionou.

Temos dessa maneira o embasamento no princípio da reparação


integral, que tem como fundamento, entre outros, o princípio da dignidade da pessoa
humana, artigo 5º incisos V e X da CFRB/88, quando determina a irrestrita
compensação pelos danos morais (MONTEIRO FILHO, 2018, p. 3). A adoção deste
princípio consiste na admissão de todas as medidas para que o lesado retorne à
situação em que se encontrava anteriormente (TEPEDINO; BARBOZA; MORAES, 2006,
p.859).

Verifica-se, portanto, que o dano moral tem como origem uma lesão
que atinge a essência do ser humano, seja ela sofrimento, humilhação, decepção,
descontentamento e etc., tornando assim difícil a valoração pecuniária.

Através desse conceito de caráter punitivo do dano moral, observamos


que a lição doutrinária é de que a medida serve tanto para indenizar, quanto para
desestimular o agente causador do dano à prática de atos semelhantes. Desta forma,
leciona (SANTOS, 2003, p. 159):

“Se a indenização não contém um


ingrediente que obstaculize a reincidência no lesionar,
se não são desmanteladas as consequências
vantajosas de condutas antijurídicas, se renuncia à
paz social. A prevenção dos prejuízos, que constitui
um objetivo essencial do direito de danos, ficaria
como enunciado lírico, privado de toda eficácia”.
Assim, nota-se que a indenização do dano moral visa também evitar
que o réu se mantenha em uma posição que não o impeça de reiterar os mesmos
atos lesivos com outros, o que observamos ser corriqueiro, uma vez que são
periódicas as notícias de condenação ao pagamento de danos morais por parte da
empresa Ré por contrato não cumpridos!

É preciso, porém, que se impeça a banalização do dano moral e sua


industrialização, evitando-se sua utilização como forma de enriquecimento. A falta de
parâmetro para a sua fixação não pode levar ao excesso, ultrapassando os limites da
razoabilidade e da proporcionalidade, sobretudo no âmbito das relações de consumo,
como no caso em comento, em que a reparação dos danos morais se assenta em
responsabilidade objetiva.

A regra é a de arbitramento judicial e o desafio continua sendo a


definição de critérios que possam nortear o juiz na fixação do quantum a ser dado em
favor da vítima do dano injusto. O valor da indenização a ser pleiteada deve levar em
conta o desvalor da conduta, a extensão do dano e o poder aquisitivo da parte ré. Com
efeito, o Juiz deve adotar critérios norteadores da fixação do valor da condenação,
levando em conta o grau de culpa do agente, culpa concorrente da vítima e condições
econômicas das partes.

In casu, a compensação, a título de dano moral, deve arbitrada no valor


de R$ 5.000,00, pois, em que pese a reserva ser una e considerando a distribuição da
ação apenas por parte do efetivo comprador, estamos falando em um transtorno de
02 pessoas, durante 02 anos, que até então dependiam da confirmação do pacote para
tirar férias, se organizar financeiramente e que no final acabou não acontecendo,
porque a empresa reafirma que “não possui mais a possibilidade do tarifário
promocional”.

Registra-se que o montante está totalmente adequado às circunstâncias


do caso, em respeito ao princípio da razoabilidade, mormente pelo fato de ser o
segundo processo em que o autor move em desfavor da ré, que, ainda assim, continua
falhando na prestação do serviço, que, destaca-se, continua ineficiente, cuja desordem
permanece extrapolando, certamente, o limite do mero aborrecimento.

DA JURISPRUDÊNCIA.
A parte ré é bastante demandada no judiciário pelo seu corriqueiro
descompromisso na boa prestação dos serviços ofertados, o que leva os consumidores
a ajuizarem ações em seu desfavor, pugnando pelo cumprimento das ofertas. Tais
ações, tal como a presente, objetivam a condenação da empresa em obrigações de
fazer, indenização por danos morais e até por danos materiais quando fraudam
vouchers e/ou encaminham clientes para péssimos hotéis ou até hospedagens
inexistentes.

Tal fato corrobora o pleito da tutela de urgência a ser feito adiante,


especialmente no tocante à juntada dos documentos pertinentes à reserva de voos e
hotéis para que se possa verificar tudo antes de viajar e não correr riscos de se ficar à
deriva no destino.

Seguem algumas a título de exemplo.

"RESPONSABILIDADE CIVIL. RELAÇÃO DE CONSUMO. PACOTE DE VIAGEM


ADQUIRIDO ATRAVÉS DE SITE DA PRIMEIRA RÉ (HOTEL URBANO) COM DIREITO A
CINCO NOITES DE HOSPEDAGEM EM DOIS QUARTOS. VIAGEM INTERNACIONAL COM
DESTINO A MIAMI. AUTORES TIVERAM QUE SE ACOMODAR EM UM ÚNICO
APOSENTO. FRUSTRAÇÃO DAS EXPECTATIVAS DOS CONSUMIDORES. DESCONFORTO
DURANTE A ESTADIA. DANO MORAL. OCORRÊNCIA. VERBA FIXADA PELA SENTENÇA
EM OBSERVÂNCIA AOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE.

No caso em tela, o pacote turístico concedido aos demandantes foi diverso ao


do contrato pelo site do primeiro réu, Hotel Urbano. Dano moral evidenciado, uma vez que o
conforto esperado, durante os cinco dias de viagem, não se efetivou, já que foram obrigados a
se alocarem um único quarto ao invés de dois conforme solicitado na reserva. A indenização
deve ser compatível com a reprovabilidade da conduta e a gravidade do dano produzido.
Precedentes do Superior Tribunal de Justiça. A verba por danos morais fixada na sentença em
R$ 5.000,00 para cada autor é suficiente para compensar o dano moral, não sendo necessária
a modificação da verba, já que observados os princípios da razoabilidade e proporcionalidade.
Súmula 343 do TJRJ. Honorários advocatícios corretamente arbitrados. Recurso não provido.
Aplicação do artigo 932, IV, letra a, do Código de Processo Civil. Pretensão recursal em
oposição ao disposto na Súmula nº 343 da Jurisprudência Predominante desta Corte de
Justiça.

(TJ-RJ - APL: XXXXX20158190203, Relator: Des (a). LINDOLPHO MORAIS MARINHO, Data de
Julgamento: 31/08/2018, DÉCIMA SEXTA CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 28/02/2019)"

"APELAÇÃO CÍVEL. RELAÇÃO DE CONSUMO. PACOTE DE VIAGEM. FALHA NA PRESTAÇÃO DE


SERVIÇO. AÇÃO OBJETIVANDO A CONDENAÇÃO DA PARTE RÉ AO PAGAMENTO DE DANOS
MORAIS E MATERIAIS. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA DOS PEDIDOS. IRRESIGNAÇÃO DA PARTE
RÉ QUANTO À CONDENAÇÃO POR LESÃO IMATERIAL. DANO MORAL CONFIGURADO.
QUANTUM INDENIZATÓRIO PROPORCIONAL E ADEQUADAMENTE FIXADO. SENTENÇA QUE
DEVE SER PRESTIGIADA. RECURSO DA PARTE RÉ AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO. APELANTE:
HOTEL URBANO VIAGENS E TURISMO S.A

APELADOS: Nome GABRIELALOUZADA PEREIRA JUÍZO DE ORIGEM: 7a VARA REGIONAL CÍVEL


DA BARRA DATIJUCA RELATOR: JDS SÉRGIO WAJZENBERG

(TJ-RJ - APL: XXXXX20148190209 RIO DE JANEIRO BARRA DA TIJUCA REGIONAL 7 VARA CIVEL,
Relator: SERGIO WAJZENBERG, Data de Julgamento: 27/04/2016, VIGÉSIMA QUARTA CÂMARA
CÍVEL CONSUMIDOR, Data de Publicação: 04/05/2016)"

"DIREITO DO CONSUMIDOR. COMPRA DE PACOTE TURÍSTICO INTERNACIONAL.


DESÍDIA AO AGENDAMENTO DA VIAGEM NO PERÍODO CONTRATADO. FALHA NA
PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. I. Incidência das respectivas normas protetivas (CDC, Arts. 2º
e 3º, 6º, IV e 14º). II. As isoladas alegações da recorrente não se prestam a enfraquecer
a verossimilhança dos fatos narrados pela consumidora, escudados em conjunto
probatório que possibilita a formação do convencimento do magistrado: a) aquisição,
em maio de 2015, de 2 pacotes de viagem internacional (Bueno Aires/ Argentina + 05
diárias e passagem aérea), com validade de 1º de outubro de 2015 a 20 de novembro
de 2016 (Id (00)00000-0000); b) indicação pela consumidora, no momento da
contratação e conforme regulamento da empresa, de três datas de interesse para
realização da viagem (13 a 18.10.2015, 16 a 21.10.2015 e 09 a 14.11.2015); c) não
confirmação da data, nos moldes contratados (?após o preenchimento, o Hotel
Urbano entrará em contato com você, por telefone ou email, em até 30 dias antes da
primeira data escolhida?), malgrado os inúmeros contatos realizados pela parte
consumidora; d) ajuizamento da ação em 20.10.2016 para resolução do contrato e
restituição dos valores dispensados ante a proximidade do término da validade do
contrato (sem resolução do imbróglio). III. Não comprovada a existência de fato
impeditivo, modificativo ou extintivo do direito da parte autora (CPC, Art.373, inciso II),
conclui-se que a não realização da viagem decorreu diretamente da falha na
prestação do serviço por parte da recorrente. IV. Escorreita a sentença que declara
resolvido o contrato entre as partes e condena a requerida a reembolsar à
requerente a quantia de R$ 1.820,00. Recurso conhecido e improvido. Sentença
confirmada por seus próprios fundamentos (Lei nº 9.099/95, Art. 46). Condenado o
recorrente ao pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios fixados
em 10% sobre o valor da condenação.

(TJ-DF XXXXX20168070020 DF XXXXX-66.2016.8.07.0020, Relator: FERNANDO


ANTONIO TAVERNARD LIMA, Data de Julgamento: 27/07/2017, 3a Turma Recursal dos
Juizados Especiais do Distrito Federal, Data de Publicação: Publicado no DJE :
03/08/2017 . Pág.: Sem Página Cadastrada.)"

DOS PEDIDOS.
Pelo exposto, a parte autora requer:

1. A citação da ré para oferecer contestação, caso queira, privilegiando os princípios do


contraditório e da ampla defesa;

2. A inversão do ônus da prova, conforme requerido, nos termos dos artigos 6º, VIII do
Código de Defesa do Consumidor e o 373, § 1º do Código de Processo Civil;

3. Que a Ré seja condenada ao pagamento do valor do contrato fixado, seja ele R$


2.879,00, a título de danos materiais causado pela empresa e que o valor seja
atualizado pelo índice de correção monetária;

4. Bem como seja condenada ao pagamento de danos morais na importância de R$


5.000,00, pelos inúmeros transtornos causados pela falha na prestação do serviço,
como amplamente demonstrado nesta peça exordial;

5. Requer também a juntada de documentos a fim de provar tudo alegado na exordial.

Dá-se a causa o valor de R$ 7.879,00.

Nestes termos,

Pede-se Deferimento.

São Paulo, 09 de agosto de 2023.

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