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ILUSTRÍSSIMO SENHOR DIRETOR PRESIDENTE DO DEPARTAMENTE DE

TRANSITO DO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL

PROCESSO Nº 012002/2021

FLÁVIO APARECIDO ALVES DOS SANTOS, brasileiro, união


estável, advogado, portador da carteira de Identidade RG nº
001357425 SSP/MS, CNH Registro nº 03243064920, devidamente
cadastrado no CPF/MF sob o nº 346.802.648-02, vem
respeitosamente a vossa honrada presença, apresentar, de
forma tempestiva, DEFESA nos autos do processo em epígrafe,
o que faz pelos motivos de fato e razões de direito a
seguir aduzidas.
1 DOS FATOS

Foi instaurado processo pela infração de trânsito


tipificada no artigo o artigo 218 incisos III, pois em
tese, na data de 16/07/2020 na rodovia BR 262 km 5,4 teria
o condutor superado a velocidade permitida em mais de 50% e
devido a isso foi instaurado o referido processo
administrativo com escopo de apresentar a penalidade de
suspensão do direito de dirigir.

É a síntese do necessário

2 DO DIREITO

2.1 PRELIMINARMENTE

O inciso I do Artigo 281 do Código de Transito


Brasileiro, estabelece a obrigatoriedade do arquivamento do
auto de infração e julgamento insubsistente se no prazo
máximo de 30 (trinta) dias não for expedida notificação da
autuação.

Art. 281. A autoridade de trânsito, na esfera da competência


estabelecida neste Código e dentro de sua circunscrição, julgará
a consistência do auto de infração e aplicará a penalidade
cabível.

Parágrafo único. O auto de infração será arquivado e seu


registro julgado insubsistente:

I - se considerado inconsistente ou irregular;

II - se, no prazo máximo de trinta dias, não for expedida a


notificação da autuação. (DESTAQUEI)

Pois bem, conforme de depreende dos documentos


acostados aos autos, o requerente em tese, teria praticado
a conduta infratora em 16 de julho de 2020, porém a
notificação foi expedida apenas em 14 de junho de 2021,
dessa feita, em prazo extremamente excessivo, e
contrariando a legislação vigente.
Considerando a data do cometimento da suposta
infração, as regras a serem observadas é a da Resolução
Contran 182/2005.

Neste contesto ainda que o prazo prescricional seja de


05 (cinco) anos para instauração do processo para imposição
da penalidade da suspensão do direito de dirigir este não
se confunde com o prazo descrito no artigo 281 do CTB.

Pois um trata do prazo em que aferirá o cometimento ou


não da infração enquanto o outro tratará da imposição da
penalidade em si.

Ainda nessa seara, como a notificação, mesmo expedida


em prazo extremamente excessivo, não consta no processo a
resposta dos correios quanto ao envio da referida
notificação.

Houve a citação por edital, ocorre que a falta do


comprovante de envio fere de morte o processo
administrativo por afronta ao princípio da ampla defesa e
em respeito ao devido processo legal.

Dessa forma é medida de rigor e direito o acatamento


da presente preliminar para determinar o arquivamento do
auto de infração que lastreia o presente processo
administrativo, ou que este seja julgado insubsistente.

Assim, nulo de pleno direito, por ferir o devido


processo legal e cercear o direito de defesa do requerente,
tanto o suposto Auto de Infração quanto todo o processo
administrativo.

2.2 MÉRITO
Superada a preliminar arguida, o que realmente não se
espera, mas em respeito ao principio da eventualidade
passamos a análise meritória.

A Constituição Federal elenca em seu Artigo 37 os


princípios basilares a serem seguidos pela administração
pública e seus agentes na elaboração dos atos
administrativos, dentre eles o da legalidade veja:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de


qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte: (DESTAQUEI)
Isso significa que a administração pública deverá
observar estritamente o viés legal na elaboração de seus
atos, desse principio inclusive deriva o poder de
autotutela administrativa, que é o dever da administração
pública rever seus atos quando eivados de vícios como no
presente caso.

A Resolução 798/2020 estabelece no Artigo 9º as


informações que deverão conter no auto de infração para a
consistência e regularidade do auto de infração:

Art. 9º Para sua consistência e regularidade, o auto de infração de trânsito (AIT) e a


notificação de autuação (NA), além do disposto no CTB e na legislação
complementar, devem conter, no mínimo, as seguintes informações:

I - imagem com a placa do veículo;

II - velocidade regulamentada para o local da via em km/h;

III - velocidade medida do veículo, no momento da infração, em km/h;

IV - velocidade considerada, já descontada a margem de erro metrológica, em


km/h;

V - local da infração, onde o equipamento está instalado ou sendo operado,


identificado de forma descritiva ou codificado;
VI - data e hora da infração;

VII - identificação do instrumento ou equipamento utilizado, mediante numeração


estabelecida pelo órgão ou entidade com circunscrição sobre a via;

VIII - data da última verificação metrológica; e

IX - números de registro junto ao Inmetro e de série do fabricante do medidor de


velocidade.

Parágrafo único. O órgão ou entidade com circunscrição sobre a via deve dar
publicidade, por meio do seu site na rede mundial de computadores, antes do
início de sua operação, da relação de todos os medidores de velocidade existentes
em sua circunscrição, contendo o tipo do equipamento, o número de registro junto
ao Inmetro, o número de série do fabricante, a identificação estabelecida pelo
órgão e, no caso do tipo fixo, também do local de instalação.

In casu, flagrante ilegalidade, que se revela um


verdadeiro cerceamento à defesa do requerente e uma afronta
ao DEVIDO PROCESSO LEGAL e ao PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA.

Pois não consta nos autos a fotografia do veículo para


constatar a suposta infração, conforme exigido no inciso.

Ora não há certeza que o requerente tenha quiçá que


tenha praticado infração de trânsito, ainda mais grave ao
ponto de gerar a suspensão do direito de dirigir.

Do mesmo modo ao analisar os autos, faltam outros


requisitos exigidos como velocidade regulamentada para o
local da via em km/h, velocidade medida do veículo, no
momento da infração, em km/h e velocidade considerada, já
descontada a margem de erro metrológica, em km/h;

A falta dessas informações além de infringirem os


requisitos legais para a caracterização da infração não
permitem ao requerente efetuar uma específica defesa de
mérito, o que cerceia sua defesa.
As informações já deviam constar nos autos.

Assim se revela desproporcional a aplicabilidade da


suspensão do direito de dirigir do requerente, pois se quer
foi possível ao requerente averiguar a exigência do artigo
9º da Resolução 798/2020, pois não existe nos autos
qualquer prova de que tenha existido a suposta infração.

Outra questão importante diz respeito a falta de


sinalização conforme exigido pelo artigo 10 e seguintes da
Resolução 798/2020 do CONTRAN

A administração pública e seus agentes estão vinculados


à legalidade na elaboração dos atos administrativos e o
requerente não pode ter mitigado seu direito em decorrência
de uma conduta que não esteja devidamente comprovada, sob
pena, de ferir princípios Constitucionais, gerar
insegurança jurídica e afrontar direitos e garantias dos
administrados.

Hely Lopes Meirelles define: “A legalidade, como


principio de administração (CF, art. 37, caput), significa
que o administrador público está, em toda a sua atividade
funcional, sujeito aos mandamentos da lei e às exigências
do bem comum, e deles não se pode afastar ou desviar, sob
pena de praticar ato inválido e expor-se a responsabilidade
disciplinar, civil e criminal, conforme o caso”. (MIRELES,
Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 30. Ed. São
Paulo: Malheiros, 2005).

Assim deve ser acatada a presente defesa em todos os


seus termos.

3 DO PEDIDO

Por todo o exposto, é o presente para requerer que a


presente defesa seja aceita processada e julgada totalmente
procedente para ao final:
A – Acatar a preliminar arguida e determinar o
arquivamento do auto de infração e de todo o processo
administrativo o que se faz com supedâneo no inciso II
do Artigo 281 do Código de Transito Brasileiro e
alternativamente que o considere inconsistente ou
irregular.

B – Que na eventualidade de enfrentar o mérito julgue o


auto de infração de transito nulo bem como todo o
processo, conforme fundamentação supramencionada.

C – Caso não seja acatado o pedido, se requer seja


encaminhado ao requerente, cópia do ato administrativo
com decisão motivada de denegação, nos termos da Lei.

D - Requer-se por fim que em caso de não julgamento no


prazo estipulado na legislação seja concedido o efeito
suspensivo até ser proferida decisão final.

Termos em que, pede e espera deferimento.

Bataguassu, 14 de março de 2022.

FLÁVIO APARECIDO ALVES DOS SANTOS

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