Processo Civil
Avaliação:
- 2 Trabalhos
- Avaliação oral (15/17 Dez)
- Acordao: tema da prova (AC 2018)
- Apresentar situação material
- Solução que foi dada
- Destacar a importância do meio de prova
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Processo Civil: Sistema de normas instrumentais (adjetivas), que regula as atuações dos
sujeitos de direito privado e dos tribunais tendentes à concretização jurisdicional do direito
substantivo.
- Sempre como um instrumento de concretização através dos tribunais.
- Ex.: A vende casa a B, B tem que pagar o preço. Se B não cumprir a obrigação, não
é no código civil que vamos encontrar as normas que regem o processo para que A
exija o pagamento de B, estará no código do processo civil.
Princípio da proibição da autodefesa (1º CPC) - não pode recorrer à sua própria força para
repor a legalidade, tem que recorrer ao tribunal. Exceto em determinadas situações (336º,
337º, 338º CC)
Este sistema de administração da justiça, para além dos princípios que referimos, só pode
funcionar se os tribunais forem os únicos para administrar a justiça:
- Princípio do Monopólio da Administração da Justiça pelos Órgãos Estaduais:
únicos órgãos de soberania com competência para administrar a justiça (113º + 115º
CRP)
o sistema vai oferecer várias alternativas (tempo/custo) - mais celeridade e maior custo das
alternativas (+ custo = - tempo)
1º LAV - qualquer litígio que 2 partes tenham, desde que o litígio seja relativo a interesses
patrimoniais (não haja interesses pessoais), as partes podem em vez de resolver o litígio nos
tribunais judiciais, fazer um acordo de convenção de arbitragem, atribuindo a resolução do
litígio a um árbitro. Esta convenção é que permite que as partes recorram à arbitragem
voluntária
- 1º → 2º/1 LAV (forma da convenção: escrita)
2 tipos de Convenções:
- Cláusula compromisória (futuro)
- A e B contrato de empreitada: ao redigir o contrato inserem uma cláusula, caso
Composição da Arbitragem:
O processo segue e no final o árbitro profere uma sentença arbitral, nesta sentença os
árbitros fazem o mesmo que o juiz do TJ:
- julgam de acordo com o direito (39º LAV);
- as partes podem dizer aos árbitros para decidirem segundo a equidade: permitir a
decisão não de acordo com as normas jurídicas, mas permitir uma adaptação das
regras ao caso concreto (modelar a decisão para que haja justiça no caso concreto).
A decisão/sentença arbitral por regra não é suscetível a recurso (39º/2 LAV), a não ser que
as partes tenham convencionado que há a possibilidade de recurso.
A sentença arbitral pode ser anulada se não tiverem sido cumpridas as regras/princípios
(inválida). É pedida a anulação, que é decidida por um tribunal da relação (46º + 59º LAV)
Ex.: A emprestou 100.000€ a B, e este não pagou. Então A vai iniciar um processo contra B
num tribunal judicial (tribunal de 1º instância). Esta ação de A é uma ação declarativa de
condenação (ação em que o A vai pedir ao Tribunal o que é de direito naquele caso, que B
não pagou o preço, e o tribunal vai se pronunciar sobre a veracidade da ação declarativa).
Corre naturalmente o processo, recorre até ao STJ, e transita em julgado (B tem que pagar
100€). Se B não pagar A tem que iniciar uma ação executiva.
Afirma-se que o TJ tem uma balança (ação declarativa) e uma espada (ação executiva)
- Mas a Arbitragem apenas tem competência para as ações declarativas. A ação
executiva é exclusiva do estado (TJ)
A mediação consiste numa forma de resolução de litígios que pode ser realizada por uma
entidade pública ou privada, através da qual duas, ou mais partes que estão em litígio, tentam
chegar a um acordo de forma voluntária, e são ajudadas nessa tarefa por um mediador de
conflitos (2º/a) LM)
Há 2 tipos de mediação:
- Mediação prejudicial: antes de uma das partes recorrer ao tribunal recorre à
mediação (13º LM)
- 13º/2 LM - se as partes tentarem fazer a mediação, suspende prazos da
caducidade e da prescrição.
- Ex.: A causou danos patrimoniais a B. B tem 3 anos para pedir a indemnização,
passado os 3 anos prescreve.
- Tribunal: então imaginemos que prescrevia a 15/09/2018, se B fizesse o
pedido de indemnização, o réu (A) tinha que ser citado até à data da prescrição
(15/09), e só recebeu a notificação a 17/09, já tinha passado o prazo e já tinha
prescrevido.
- Enquanto que, se A e B decidirem tentar resolver o litígio através da mediação
o prazo suspende-se, a 5/09 iniciam o processo de mediação, nessa data
suspende-se o prazo de prescrição.
- O mediador realiza uma reunião para que as partes conversem sobre o litígio
e tentem chegar a acordo.
- Se chegarem a acordo, as partes tem a possibilidade de pedir a homologação
judicial do acordo (pedir ao tribunal que confirme o acordo e lhe dê força
executiva - 14º/3 LM).
→ Estrutura que não é paralela aos TJ, tem uma componente pública, onde o processo é mais
Os JP são instituições que resolvem processos e conflitos, em que estes não são decididos
por juízes togados. Os juízes de paz não são formados pelo CEJ. Os JP tem competência
para determinadas ações em função de diferentes requisitos:
- Valor do processo (só tem competência para resolver questões que não exceda
15.000€ (8º LJP))
- Limitações na competência em razão da matéria, há matérias específicas (9º LJP);
9º/e) LJP → 1302º CC
- Estão limitados ao nível da competência (11º ao 14º LJP) - forma da competência
territorial
(20º CRP). Para além de que os juízes de paz não tem a mesma formação que
os juízes togados. Ou seja, do ponto de vista constitucional é defendida a
alternativa.
- Há defesa na tese contrária, então para que é que o estado criou o julgado de
paz??
- Se o objetivo é diminuir a pressão sob os TJ, só se consegue se der trabalho.
Portanto, na jurisprudência houve um acórdão de uniformização (AC.
11/2007), no sentido de dizer que a competência dos julgados de paz é
meramente alternativa e não exclusiva.
- A e B tem litígio. B afirma que o TJ não tem competência, ou seja, só o julgado
de paz podia decidir. Afirmativa a exclusividade.
- Começaram a surgir divergências, e foi feito o acórdão uniformizador.
- A posição adotada na UCP é de acordo com o acórdão uniformizador.
Os JP são uma estrutura paralela com os TJ, foram criadas dentro da lógica do
descongestionamento dos TJ, de forma a que os processos sejam mais céleres, e os
processos são mais simples.
TJ:
- Autor: inicia ação (petição inicial - expõe factos sobre o litígio)
- Reu: este é citado e tem oportunidade de se defender - contestação)
- Estes documentos tem que ser obrigatoriamente por escrito (forma)
JP:
- Demandante: requerimento inicial
- Demandado: contestação
- Pode ser apresentado oralmente (garante a simplicidade, informalidade e rapidez)
- Ao contrário do que acontece nos TJ, as partes (autor e reu) representados por
advogado, nos JP o demandante e demandado, podem pleitear por si (defender-se
a si).
- Além disso, os JP necessitam de participação ativa para encontrar soluções
rapidamente,portanto as partes tem que comparecer pessoalmente nos atos JP,
enquanto que na audiência do TJ não tem obrigatoriamente que estar presentes (a
não ser que sejam chamados)
- Nos JP, tentam conciliar as partes, chegar a um acordo, tentar que as partes
participem.
- Entre as circunstâncias que atrasam os processos judiciais, no processo judicial é
possível requerer uma prova pericial, esta prova pode fazer com que os processos
demorem mais tempo, pode ser uma das causas que TJ demore mais tempo.
- Nos JP não podem pedir prova pericial, se quiserem pedir prova pericial, tem que
ser remetido para o TJ.
Perícia: análise efetuada por perito a questões/temas que porque envolvem complexidade
que o juiz, nem as partes dominam, se solicita que este perito elabore um relatório sobre
essas questões (ex.: analisar contabilidade; ato médico negligente; etc)
TJ:
Fase dos Articulados (escrito por artigos - Ex.: Art 1º - no dia tal o A realizou contrato com B,
etc)
Autor: Petição Inicial (requerimento em que faz vários pedidos) - ex.: condene réu a pagar
determinado valor.
Reu: citado da petição inicial (30 dias para se defender através de documento escrito:
- Contestação: ex.: não devo o valor, não cumpri por isto ou aquilo.
Mas pode também simultaneamente apresentar ele próprio um pedido contra o autor:
- Reconvenção - ex.: não só não devo o valor ao autor, como ele é que me deve X.
Se ele apresentar esta reconvenção,
O autor tem a possibilidade de se defender (30 dias):
- Réplica
Dependendo do valor da causa pode haver um recurso para o Tribunal da Relação - Supremo
Tribunal de Justiça - Tribunal Constitucional
- As fases todas estamos a falar entre 8-10 anos
JP:
- Requerimento inicial (43º LJP)
- Citado o demandado para se defender (10 dias) - Reconvenção e Réplica (são mais
reduzidas as hipóteses)
- Há poupança de tempo
São mecanismos alternativos porque surgem como alternativa aos TJ, mas apesar disso não
estão fora do sistema de justiça, estão incluídos na lei: legalmente enquadrados; há pontos
de contacto entre TJ e estes mecanismos alternativos.
- Ex.: sentença dos JP é passível de recurso para TJ 1º instância, no caso da mediação
as partes chegam a acordo e TJ tem que homologar o acordo (não esta à margem do
estado); na arbitragem não há recurso, mas se as partes acordarem que há recurso,
e se houver o estado vai ter conhecimento desse recurso.
Muito embora sejam mecanismos alternativos, não deixam de estar integrados no SAJ e o
estado não deixa de ter alguma gestão nestes mecanismos.
Mecanismos de Autocomposição:
- mecanismos endoprocessuais (dentro de um processo já em curso) autocompositivos
(próprias partes chegam a consenso):
Mediação Endoprocessual (273º CPC): o juiz em qualquer altura da causa pode entender
que as partes conseguiram chegar a acordo se tentassem negociar com a ajuda de um
terceiro (mediador), ou mesmo que o juiz não faça esta sugestão, as próprias partes podem
achar que a mediação é uma forma que podem chegar a acordo.
Tentativa de Conciliação (591º/a) + 594º CPC): diligência que o juiz determina, ou que as
próprias partes pedem, na audiência prévia. O primeiro ato do juiz na audiência é a tentativa
de conciliação, falar com as partes e ver se é possível chegar a um entendimento para que
se possa por fim ao processo. Na prática a tentativa de conciliação dura 10 segundos: “é
possível ou não tentativa de conciliação?” Se os advogados disseram logo que não, seguem
com a audiência prévia.
tribunal → acordo que é feito no âmbito de um processo que já está a decorrer. São as próprias
partes que através desse negócio, que vão fazer com que o processo termine, são as partes
277º/d) CPC)
Há limites à transação (289º CPC): afirmação da vontade das partes sobre direitos
indisponíveis - direitos pessoais (ex.: ação de reconhecimento de paternidade), não é possível
entrar em acordo sobre direitos indisponíveis.
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Processo Contencioso: Duas partes em litígio e um terceiro (tribunal) é que vai decidir
imparcialmente. (atividade de heterocomposição)
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acordo. Portanto, quando o terceiro decide, não decide imparcialmente, decide parcialmente
(atividade de heterotutela) - decide em função de uma das partes (atividade de heterotutela)
- Verificou-se que não era estritamente necessário que fosse o tribunal a decidir estes
processos, porque se trataria apenas da formalização de um acordo (atividade quase
administrativa).
- Então, em 2001 o legislador decidiu relativamente a determinados processos, que
esses fossem retirados dos tribunais e fossem atribuídos às conservatórias do registo
civil.
- DL 272/2001, 13 de outubro: transferência dos tribunais para as
conservatórias do registo civil
- Objetivo é retirar dos tribunais processos em que realmente não existia
litígio
1302º CC), forma da competência territorial (11º - 14º LJP). Nos JP temos o
demandante e o demandado, este processo é caracterizado pelos desformalismos, a
simplicidade e a oralidade. É de presença obrigatória das partes e é proibida a prova
pericial. As partes podem pleitar-se por si.
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Função das normas do Direito Processual Civil:
- Função instrumental do DPC e concretização jurisdicional do direito substantivo.
- Regular a atividade de heterocomposição dos conflitos de interesse que são
submetidos aos TJ
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A função das normas de direito processual civil, combina estas duas atividades. Por um lado
a heterocomposição do conflito, resolução do conflito apresentado ao tribunal; e por outro
lado, a realização do direito substantivo, pela proteção dos interesses e direitos legalmente
protegidos.
- No CPC, o que está em causa são direitos subjetivos e interesses dos cidadãos. Mas,
em alguns casos excecionais, são aplicáveis aos interesses difusos – interesses da
comunidade (31º CPC)
Esta possibilidade que qualquer pessoa tem de se dirigir aos tribunais, está relacionada com
outro princípio:
→ Proibição de denegação de justiça - proibição da decisão non liquet (8º/1 CPC)
- Sempre que há um litígio e este é apresentado ao tribunal por um cidadão, de acordo
com as regras do DPC, o tribunal não se pode abster de julgar.
Este titular que se dirige aos tribunais, não se limita a descrever a situação de facto que
ocorreu e que quer que seja apreciada, tem que explicar os factos subjacentes à sua
pretensão (pedido específico) - 3º/1 CPC
- Os tribunais judiciais não andam a verificar onde existem conflitos entre as pessoas, tendo
de ser as próprias partes a desencadear a atividade do tribunal, expondo a situação de facto
e apresentando um pedido ao tribunal.
O tipo de pedidos que podem ser apresentados, estão de forma genérica descritos (2º/2
CPC), qualquer pessoa pode desencadear uma ação judicial, para que reconheça a
existência de um direito, prevenir a violação de um direito, a reparação dos danos de um
direito, uma ação executiva, providências cautelares, etc.
- O direito de ação desencadeia o processo, o processo vai servir para o tribunal
resolver o conflito de interesses, realizando o direito material de forma justa (de acordo
com o direito).
- É por isso, que em muitas normas do CPC se encontra a expressão: “justa
composição do litígio, em tempo útil de acordo com a verdade material” – (ex.: 6º/1;
7º; 411º; 417º CPC)
- Decisão do conflito de interesses, que seja justa e de acordo com a verdade material.
Isso implica que todo o processo esteja organizado para proporcionar ao tribunal, o
conhecimento dos factos daquele litígio, para que este possa decidir que normas
aplicar.
- Quando o autor apresenta a petição inicial, o autor descreve a situação de factos –
alegação dos factos. Mas como não se limita a descrever a situação, vai ter de concluir
a sua ação com um pedido.
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Distinção entre:
- Verdade material (aquilo que efetivamente aconteceu, a verdade dos factos)
- Verdade processual (conjunto de factos que se apuram no processo: conclusão dos
factos que o juiz chega)
- Nem sempre se consegue demonstrar em tribunal o que aconteceu na
realidade.
607º/3/4 CPC - o juiz só pode decidir com base nos factos que este considere provados. Se
a prova não o permite chegar à verdade material, pode haver uma distinção entre a verdade
material e a processual.
Pode acontecer que as partes admitam factos por acordo (574º + 577º CPC) - confissão por
acordo (ex.: no dia 6 de dezembro celebramos um CCV)
- Há factos que não é necessário fazer prova, por serem factos de conhecimento geral
(5º/2/c) + 412º CPC)
Depois de apurar os factos, o juiz tem que ter em conta quem é que tinha que fazer prova de
Se houver dúvidas quanto aos factos provados, o juiz vai decidir contra quem alegou o facto
e não o provou/contra o autor (414º CPC) - dúvida de um facto
então vai ser considerado que não é, ao desistir do seu direito) → já não se tornará a
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principal (reu dirigiu ao autor)). O tribunal apenas vai confirmar a desistência do autor
de determinado direito.
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Procedimentos Cautelares:
Traduzem-se num instrumento processual que se destina a garantir o efeito útil de uma ação
judicial, e se destinam a proteger direitos subjetivos e interesses legalmente protegidos. É
mais um elemento processual que cabe no âmbito de acesso à justiça (2º/2 CPC)
Ex.: A ---- B
- A titular de um direito, ação contra B ---------------> sentença
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São medidas que preservam o efeito útil da ação, ou a antecipação de determinados efeitos
que só viriam com a decisão final.
- Ex.: A tem terreno, B ficou com o terreno, A vai interpor uma ação de reconhecimento
do direito de propriedade e restituição do bem, e simultaneamente pode pedir uma
providência de restituição provisória da posse (antecipação de determinados efeitos)
Há equilíbrio entre uma justiça imediata (que às vezes pode ser precipitada) e a ponderação.
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Procedimentos cautelares:
- Comum (adequam-se a várias situações)
Ou
- Especificados (especialmente pensado para determinado tipo de situação)
A providência cautelar, surge sempre como dependência desta ação principal, podendo ser
intentada como:
- preliminar (antes da ação principal) → ex.: arresto (apreensão judicial de bens)
- incidente (durante a ação principal)
- Os procedimentos cautelares incidentes são pensos declarativos,
procedimentos que são iniciados em paralelo com a ação
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Quando se verifica uma destas situações, o juiz vai decretar a extinção da providência.
Isto demonstra que a providência cautelar é provisória, pois não de destina a regular
definitivamente o litígio. No entanto, devido ao mecanismo da inversão do contencioso,
excecionalmente a decisão da providência cautelar pode tornar-se na decisão definitiva.
363º/2 → 156º/5 CPC – prazo máximo para decidir o procedimento cautelar de 2 meses, por
vezes nem tanto (ex.: 15 dias) – não há consequência nenhuma em falhar o prazo
→ Periculum In Mora (perigo na demora) – para uma providência cautelar ser decretada, um
dos pressupostos é que haja um fundado receio de que outrem antes da ação principal ser
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proposta, cause lesão grave e dificilmente reparável ao direito que se está a acautelar (362º/1
+ 368º CPC), não pode ser um dano leve.
- Danos morais/não patrimoniais – são de difícil reparação (ex.: bom nome, imagem,
honra)
- Ex.: B é escritor e vai publicar uma biografia de uma figura pública em que faz
revelações escandalosas sobre a sua vida, e este (figura pública), A, sabe que
o que está no livro é mentira, então se este livro for publicado, mesmo que haja
uma ação principal, em que passado 2 anos há sentença que diz que o que
esta no livro é mentira. O tempo que decorreu vai causar danos a A dificilmente
reparáveis. Logo, A podia intentar providência especificada.
→ Fumus Boni Iuris (fumo de bom direito) – probabilidade séria do direito invocado –
existência de um bom direito, probabilidade seria da existência do direito e da sua lesão.
A probabilidade certa vai ser feita no processo principal – 368º/1 CPC
- Na providência cautelar o juízo que o tribunal elabora é de verosimilhança, não tem
que ter a certeza absoluta.
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376º/3 CPC requerente da providência pode requerer uma providência comum, e o juiz
entender que se trata de uma providência especificada, ou o contrário.
368º/3 CPC – a providência é decretada, o requerido pode pedir para esta medida ser
substituída por uma caução (forma de garantia daquele direito) ex.: arresto sobre imóvel,
requerido já não pode vender imóvel, este pode dizer que substitui o arresto por uma caução
de 100.000€ para que o tribunal levante o arresto.
Procedimento cautelar:
- Preliminar (antes da ação principal)
- Incidente (durante a ação principal)
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- Prova: O requerente com o requerimento inicial tem logo que apresentar a prova:
- Documental
- Testemunhal (limite não está na lei), mas: 365º/3 → 293º a 295º CPC - 294º/1
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- Ex.: continuação do exemplo anterior dos lojistas, o requerido (B), tinha provas
de que estava a violar o contrato e dissipava-as, então punha-se em causa a
eficácia da providência e até da ação principal.
- Por isso é que a lei permite que quando o requerente consiga demonstrar que se, se
ouvir o requerido antes, a providência perde eficácia, a lei permite passar diretamente
→ sentença).
- Em princípio exige-se que o requerente, logo no seu requerimento inicial peça que a
providência seja decretada sem a audição/audiência do requerido. Na verdade a lei
não diz expressamente que tem que ser o requerente a pedir, e há uma discussão na
jurisprudência:
- Doutrina diverge:
- Tem que ser o requerente a pedir, se este não pedir, o tribunal não pode
decretar a providência sem ouvir o requerido;
- Não ouvir o requerido é um poder oficioso do tribunal, ou seja, mesmo que o
requerente não tenha pedido que a providência seja decretada sem a audição
do requerido, o tribunal pode conceder isso oficiosamente.
→ pedido
- Audiência (ouve-se só a versão do requerente, e a/as testemunhas do requerente,
não há parte contrária)
- Sentença (se o tribunal ficar convencido da existência dos pressupostos apenas
ouvindo o requerente, e de que se se ouvir o requerido antes vai por em causa a
eficácia da providência, este decide e decreta a providência sem ouvir o requerido)
- Ex.: continuação do exemplo dos lojistas, decreta que o B tem que fechar a
loja
- Notificação ao requerido (372º CPC) → 366º/6 CPC:
- é através da notificação que o requerido vai ter conhecimento pela 1ªvez, que
foi iniciado um processo contra ele, ou seja, recebe a decisão (RI + sentença)
- pessoa X iniciou providência cautelar e este já foi decidido sem ser ouvido.
- Ex.: senhor B tem que fechar a sua loja.
- Recurso (recorrer da sentença) - quando o requerido entende que só
com base nos elementos apresentados pelo requerente o tribunal não
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366º/5 CPC: o requerido é citado e não faz nada, não se defende, não pratica nenhum ato do
processo - significa que está a confessar os factos.
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coisa ou ter que ser sobre a pessoa. Para efeitos da providência da restituição
provisória da posse a violência basta que seja sobre a coisa (1161º CC)
→ Esta providência será antecipatória (antecipa um resultado que só seria dado no final da
ação principal)
≠ prazo de caducidade para propor a ação principal (1282º CC - a pessoa que foi
esbulhada tem 1 ano para a ação principal) ≠ prazo de caducidade da providência
cautelar, para que possa propor a ação após ter sido decretada a providência (373º/1/a)
CPC)
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Essas deliberações tem que estar de acordo com (380º/1 CPC → 56º a 58º CSC + 117º CC):
- a lei
- os estatutos da sociedade
- contrato de sociedade/pacto social
- Caso contrário, estas deliberações são anuláveis ou podem mesmo ser nulas,
sofrendo uma invalidade.
- Essa invalidade é declarada judicialmente - tem que haver uma ação judicial
declarativa
- Ex.: a assembleia de uma sociedade comercial deliberou adquirir um
determinado imóvel, e há um sócio que entende que a deliberação é nula
porque violou um artigo do CSC, para que esta deliberação seja anulada, esse
sócio terá que propor uma ação judicial)
- Sócio propõe a ação contra a sociedade, e no final da ação se for
procedente teremos uma sentença que anula a deliberação (não
produz efeito). Mas desde que o sócio propõe a ação até ao momento
da sentença, decorre muito tempo. E a gerência da sociedade pode
entretanto celebrar o contrato de CV, e dessa forma a ação perderia a
sua utilidade.
Para garantir que a ação principal mantenha a sua utilidade no momento da sentença, o CPC,
coloca à disposição dos sócios da sociedade um procedimento de suspensão de deliberações
sociais, que vai garantir que, enquanto a ação principal estiver pendente, a deliberação
não possa ser executada.
O requerente tem um prazo em que pode intentar a providência (380º/1/3 CPC) - 10 dias
a contar da data da assembleia em que as deliberações foram tomadas, ou se o requerente
não tiver sido regularmente convocado para a assembleia, da data em que este teve
conhecimento das deliberações.
Tramitação do processo:
- Requerimento inicial - pedido (sócio)
- Citada a sociedade (381º/1 CPC), se o requerente não tiver tido acesso à ata mas
no seu requerimento referir que fez o pedido à sociedade, e que não foi fornecido no
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prazo das 24h, então quando a sociedade contestar (Contestação) tem que juntar a
ata, caso contrário não se considera apresentada a contestação.
- A partir da citação a sociedade não pode executar a deliberação impugnada
(381º/3 CPC) - antecipação dos efeitos: suspensão da deliberação
- Audiência
- Sentença
Se quem tem direito aos alimentos e não chegarem a acordo é possível pedir uma ação
judicial sobre o direito a alimentos é uma ação que pode demorar algum tempo a ser fixada.
Durante este período o alimentado pode ter necessidade imediata, e para isso serve a
providência de alimentos provisórios (providência antecipatória) - fixar quantia mensal que
vai funcionar como pensão provisória até ao momento da decisão final
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- Após a sentença - requerente tem 30 dias para pedir a ação principal de pensão de
alimentos (preliminar)
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Para acautelar o período que vai demorar a ação principal de indemnização, tendo a pessoa
necessidade, pode pedir ao tribunal que provisoriamente fixe uma quantia que antecipa o
montante que irá receber - renda mensal (caso de lesão corporal)
No caso de morte, há pessoas que força da morte de outrem tem direito a exigir a quem
causou o dano morte uma indemnização (495º/3 CPC)
- Ex.: filhos da pessoa que faleceu
→ Pode propor a providência de arbitramento de reparação provisória - renda mensal (388º
CPC)
388º/1 CPC - a lei refere-se só a indemnização fundada em lesão corporal e morte, mas:
- 388º/4 CPC: aplica-se aos casos em que a pretensão indemnizatória se funde em
dano suscetível de por seriamente em causa o sustento ou habitação do lesado, ou
seja, uma situação que apesar de não causar danos corporais, põe em causa a
habitação por exemplo:
- No prédio de A estavam a fazer obras e houve uma derrocada e A fica sem
casa.
Ex.: é fixada pensão de alimentos de 800€, ou não é fixada a pensão de alimentos na ação
principal, então, imaginemos que B recebeu de A, 1000€ mensais estipulados pela
providência cautelar, ao longo de 1 ano, até que a decisão final fosse proferida. Se não ficou
fixada pensão, terá que restituir os 12.000€, se foi fixada uma pensão inferior a 1000€, terá
que devolver o valor da diferença.
- E é logo no momento da sentença que fica decretada a restituição respetiva, tendo
valor de ação declarativa, sem necessidade de propor nova ação declarativa, se B
não cumprir, A pode avançar para a ação executiva - 390º/2 CPC (questão de
celeridade)
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É uma providência cautelar que tem como função a conservação da garantia patrimonial do
credor.
A ação principal pode ser de vários tipos, ação declarativa de condenação, ação declarativa
constitutiva, mas também pode ser uma ação executiva: esta providência pode ser usada
preliminarmente, incidente de uma ação declarativa ou de uma ação executiva.
→ O arresto traduz-se numa apreensão judicial de bens (apreensão pelo tribunal, se for um
bem móvel apreende-se fisicamente (ex.: quadros, jóias), se for um bem imóvel (ex.: casa) -
notificação enviada para a conservatória)
Requisitos:
391º/1 + 392º/1 CPC:
- Periculum in mora (medo/receio de perda da garantia patrimonial do crédito)
- tem que mostrar os factos que demonstrem o perigo de se tornar difícil ou
mesmo impossível a cobrança do crédito. O requerente tem de convencer o
tribunal de que quando a sentença da ação declarativa chegar a sua inutilidade
é um perigo real.
- Tem que se fundar em critérios objetivos (provas) - ex.: PS, sabe-se que este
está a dissipar o património, ou que este se prepara para emigrar; PC, sabe-
se que o passivo das dívidas da sociedade é superior ao ativo, é um indício
forte que o património da sociedade não vai ser suficiente para pagar o crédito.
- Fumus boni iuris (factos que indicam probabilidade da existência do crédito)
- Basta-se que o juiz fique razoavelmente convencido da probabilidade séria de
existir (critério de verossimilhança)
- É irrelevante a origem do crédito (pode ser por força de uma dívida comercial,
como fonte uma indemnização, dívida pessoal)
- Tem que ser um crédito que seja exigível (relevante se o crédito já está vencido
ou não)
- O requerente também tem que relacionar os bens (especificamente) que pretende
que sejam arrestados (identificar por ex.: um imóvel através do nº de registo predial,
etc, um automóvel, conta bancária;): 392º, parte final → 736º CPC
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Aplica-se ao arresto as normas da penhora, não podem ser arrestados bens que não possam
ser penhorados (391º/2 CPC)
396º/3 CPC - no caso especial, de ter havido contrato de CV de um bem e o comprador não
pagar o preço, o credor pode conseguir o arresto do bem que vendeu, cujo preço não recebeu,
e não tem que provar, está por si próprio demonstrado (não tem que provar o periculum in
mora).
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Por força de uma obra que é iniciada, essa obra ou trabalhos causam danos ou ofendem
a propriedade ou a posse de outra pessoa sobre um determinado bem, ou ainda o
exercício de um direito pessoal de gozo (ex.: locação), pode reagir a esta obra nova através
desta providência (conservatória) - embargar a obra (397º/1 CPC)
- Os direitos que são tutelados através dessa providência, podem ser direitos reais, ou
direitos pessoais de gozo.
Requisitos:
- Factos que justificam o seu direito
- Factos que demonstram que aquela obra, serviço novo, está a ofender o seu direito
e que lhe está a causar danos (já estar a causar danos)
- Requerente cumpra o prazo de 30 dias a contar do conhecimento do facto (397º
CPC)
A ação principal da qual o embargo da obra nova é dependente, pode ser uma ação de
vários tipos: ação de indemnização; discussão do direito de propriedade (ação de
reivindicação), ação para o reconhecimento do direito pessoal de gozo.
Se o tribunal entender que estão preenchidos os requisitos para decretar a providência, fica
proibido o prosseguimento da obra (400º CPC) - auto/documento: descrição da obra e até
fotografar o estado da obra, para verificar que cumpriram a providência.
Apesar da obra ser embargada, pode haver interesse relevante em continuar a obra, e não
se importa de continuar esta, mesmo que perdendo a ação principal tenha que destruir tudo
o que realizou após o decretamento da providência, podendo o requerido pedir ao tribunal
para que possa continuar a obra, demonstrando que não se importa de continuar e que se
tiver que demolir, no caso de perder a ação o fará, prestando uma caução ao tribunal para
esse efeito - 400º/1 CPC
401º/2 CPC: se a obra for embargada e o dono da obra não respeitar a decisão do tribunal
(continuar a obra sem autorização), pode o embargante fazer queixa ao tribunal, e é
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destruído tudo o que foi inovado desde que a suspensão foi determinada (à conta do dono
da obra).
Esta providência serve para aqueles casos em que há um litígio relativamente à titularidade
de determinados bens, ou esses bens vão ter que ser distribuídos por várias pessoas
- Ex.: ações de divórcio, ações de inventário - distribuir bens de uma herança
As ações principais destas questões vão demorar a ser decididas. E pode haver certas
pessoas com receio que alguns dos bens desapareçam.
- Ex.: após o divórcio, A saiu de casa, tem direito a determinados bens que estão na
casa, e tem receio que o seu ex-cônjuge dissipe os bens.
Tramitação do Arrolamento:
- Regra geral é de que o requerido vai ser ouvido antes da providência ser decretada,
mas se o requerente pode provar o receio, não sendo ouvido o requerido (405º/1 →
366º/1 CPC)
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Na ação principal, muitas vezes, os factos que se encontram na petição inicial, são os
mesmos alegados no requerimento inicial (da providência), o mesmo se passa para a defesa.
- Assim, a sentença vai apreciar factos que já foram objeto de apreciação na
providência.
- Assim, têm que tornar a ser analisadas na ação principal – duplicação de atos, tempo
e trabalho do tribunal, que muitas vezes é desnecessária.
- Até 2013, isto era sempre assim.
Depois de 2013, introduziu-se uma solução no CPC, em que a decisão tomada na providência
cautelar, pode ser utilizada na ação principal – inversão do contencioso.
- Este regime significa uma quebra naquelas características da provisoriedade.
- O regime da inversão do contencioso, encontra-se regulada nos 369º a 371º CPC
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- Vai ser o requerido que tem de próprio uma ação de impugnação do direito acautelado
– 371º CPC
- O requerido tem 30 dias para propor a ação. Se não o fizer, a decisão tomada na
providência transforma-se na decisão definitiva do litígio (deixa de ser
acessória/temporária para passar a ser definitiva).
- O juiz dispensa o requerente, e o ónus passa para o requerido.
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Providência cautelar – sentença (se temos uma decisão sem inversão do contencioso, nos
termos do 373º/1/c) CPC, é o requerente quem tem de propor a ação principal – 30 dias. O
requerente passa a ser o autor da ação principal. O requerido passa a réu da ação principal.
Com a inversão do contencioso – 371º/1 CPC (fala em ação principal, mas na verdade é
uma ação de impugnação do direito a acautelar). É o requerido que vai intentar esta ação,
passando assim a autor da ação de impugnação, e o requerente da providência passa a réu
– INVERSÃO DAS POSIÇÕES relativamente aquilo que acontecia na ação principal.
Esta ação é uma ação em que o requerido vai pedir ao tribunal o seguinte:
- Que o direito que foi discutido não existe (ação de impugnação do direito acautelado)
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O regime só faz sentido nas providências antecipatórias (376º/4 CPC): das providências
especificadas será possível na teoria decretar a inversão do contencioso. Contudo, temos de
analisar providência a providência, para verificar se de facto o regime é útil ou não.
- Ex.: Providência de alimentos provisórios – titular de direito a alimentos, em vez de
esperar pela decisão da ação principal, pedir uma quantia mensal que lhe é entregue
provisoriamente. Se este pedir que esta quantia que vai ser decidida na providência,
fique logo como quantia definitiva, pode pedir a inversão do contencioso.
Contudo, há exceções:
- Ex.: Embargo de Obra Nova – a ação principal é uma ação de reivindicação do direito
de propriedade/posse. A decisão do embargo da obra nova apenas determina que a
obra seja suspensa, não decide se o direito existe ou não.
- Portanto, esta providência com a inversão do contencioso, não serve para
resolver o problema aqui subjacente, ou seja, quem é o titular do direito de
propriedade (para isso é necessário recorrer à ação principal)
- Neste caso, a inversão do contencioso, como não serve para tutelar o
interesse do requerente, não é muito útil.
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Ação principal:
- Declaração de nulidade (ação declarativa de simples apreciação negativa)
- Declaração de anulação (ação declarativa constitutiva extintiva)
- Prazo para instaurar a ação principal: 30 dias (59º/2 CSC)
- Legitimidade ativa para propor a ação: órgão de fiscalização e sócios que
votaram desfavoravelmente
- Legitimidade passiva: sociedade
- Sentença (61º CSC) - afeta todos os sócios da sociedade
- Deliberação anulável
- Deliberação nula
Providência cautelar com Inversão do Contencioso, para todos os casos, menos para o caso
das deliberações sociais:
- Requerimento inicial
- Oposição
- Sentença + inversão do contencioso (371º/1 CPC)
- Recurso - impugnação do direito acautelado → 30 dias
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As deliberações de anulação geralmente não tem eficácia útil, pois o efeito da sentença
de uma ação principal de anulação, é destruir retroativamente, a suspensão só
suspende/paralisa.
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- Nos processos de jurisdição voluntária, o juiz olha para o interesse e pensa na melhor
forma de acautelar o interesse (ex.: ação de regulação do exercício de poder parental
- interesse do filho)
PRINCIPAIS DIFERENÇAS: ≠
≠ Jurisdição Voluntária - consagração do princípio do inquisitório no plano da alegação dos
factos e da prova, aqui o juiz pode procurar os factos (986º/2 CPC) // Jurisdição
Contencioso - o juiz apenas julga as provas, as partes é que tem que trazer provas para o
processo
≠ Jurisdição Voluntária - O tribunal não está sujeito a critérios de legalidade estrita, pode
adotar para cada caso a solução mais oportuna (987º CPC) // Jurisdição Contencioso -
tribunal tem que decidir estritamente de acordo com o direito, não pode adaptar a decisão ao
caso concreto
Situações em que as partes utilizam o processo judicial para um fim distinto do que a que
este se destina:
- Simulação processual
- As partes, de comum acordo, criam a aparência de um litígio (inexistente), para
que haja um processo, e para obter uma sentença, cujo efeito apenas querem
em relação a terceiro e não entre si.
- Ex.: A queria comprar terreno e construir uma casa, e pediu um
empréstimo ao banco. A não vai ter € para pagar ao banco, então
decide, visto que C (empreiteiro que esta a construir a casa é amigo de
A), e A tem um amigo jurista que lhe falta no 754º CC, e simulam que
A deve 300.000€ a C, e portanto, C ficou no terreno, e propõe ação em
tribunal para que este declare que A lhe deve os 300.000€ e que C tem
o direito de retenção (esta ação é uma simulação, mas que o tribunal
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→ O tribunal além de ter o poder de decidir o litígio tem também um poder de g erir o
andamento do processo - garantir que este segue a tramitação normal de forma regular -
poder de gestão processual (6º CPC)
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Estrutura do Processo:
- O processo é uma sucessão de atos jurídicos que se entrecruzam numa sequência
lógica, temporal e teleológica. Significa que o processo é formado por um conjunto de
atos que estão organizados numa sequência temporal e tem uma racionalidade por
trás.
- O processo civil é a sequência de atos processuais que é estabelecida para colocar o
tribunal na posição de poder de solucionar o conflito de interesses que lhe foi pedido
pelas partes.
- Sequência de atos desde que a ação se inicia até à decisão de trânsito em julgado.
- O CPC refere qual a sequência e os requisitos que cada ato tem que cumprir, o
momento em que tem que ser praticado, e as consequências de não serem praticados
os atos.
- Os atos que fazem parte da sequência tanto podem ser praticados pelo autor, réu e
tribunal.
- CPC: regras específicas para o tipo de atos (livro segundo - 130º ss CPC)
- A lei criou formas de processo, tendo em conta as grandes espécies de ações
(declarativas (548º + 549º; 552º até ao 702º CPC) e executivas (703º até 877º CPC))
- Dentro do processo declarativo, da sequência de atos, ainda se
distinguem 2 tipos de sequência:
- Processo declarativo comum (conjunto de atos que formam a
sequência)
- Processo declarativo especial (ex.: ação litigiosa de divórcio; bem
detido em compropriedade tem o direito a pedir a divisão - processo
divisão de coisa comum;)
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547º CPC - poder de adequação formal do tribunal: a lei atribui ao juiz, tendo em vista o
objetivo da sequência é permitir chegar ao final e que o juiz possa decidir do mérito, de acordo
com a verdade material, este artigo diz que se o juiz deve alterar a sequência definida da lei,
pode fazê-lo, de forma a que o processo siga de forma mais célere e eficaz.
- Ex.: partes quando apresentam a fase dos articulados (petição inicial, contestação,
réplica), podem logo indicar a prova; e pedir as provas periciais; quando são pedidas
periciais o juiz vai na audiência prévia avaliar se deve ser feita, e se sim, será feita
antes da audiência de julgamento. Em alguns casos o juiz pode achar que antes de
realizar a audiência prévia as partes já tenham a perícia realizada, então adequa os
atos da sequência, alterando a sua ordem.
Conjunto de regras gerais para todo e qualquer ato processual (130º ss CPC):
- Língua a empregar é sempre a língua portuguesa (133º/1 CPC), no caso de
estrangeiros - 133º/2 CPC
- No caso dos documentos - 134º CPC - documentos em língua estrangeira o
réu pode pedir uma tradução para português;
- Forma dos atos: 131º/1 CPC - não há forma obrigatória, é a forma mais adequada do
que se pretende (escrito/oralmente)
- Regras escritas: 131º/3 CPC - escritos de forma adequada a não deixar dúvida;
- 552º CPC - requisitos específicos da forma;
- Forma como os atos processuais são apresentados no processo - quase
exclusivamente através do citius - 132º CPC + portaria 280/2013
- 144º/7 CPC - partes não tem que estar representados por advogado, tem que usar os
meios de entrega anteriores ao citius;
- Quando se envia documento pelo citius - 144º/1 CPC - data da expedição;
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Actos Processuais:
- São actos jurídicos, com a especificidade de serem praticados no âmbito de um
processo, tem regras formais (língua portuguesa) e a forma de serem praticados é
através de uma plataforma informática (CITIUS) - 132º CPC + portaria 280/2013
- Momento e local onde tem que ser praticados os actos processuais: 137º + 138º CPC
- 137º/1 CPC: praticam-se quando os tribunais estão abertos (durante o ano judicial -
27º lei da organização do sistema judiciário – começa a 1 de janeiro/horário de
funcionamento: 9:30 ao 12.30 / 1:30 às 4.30)
- Há determinados períodos, chamados férias judiciais, onde os tribunais, apesar de
estarem abertos ao público, não se praticam , em princípio atos processuais – 28º lei
da organização do sistema judiciário - LOSJ
- 137º/2 CPC - exceções em que podem ser praticados alguns atos.
- 137º/3 CPC - Em princípio, os requerimentos, ou outros atos que impliquem a receção
pela secretaria, devem ser estes praticados durante as horas em que o tribunal estava
aberto (estamos a falar daqueles atos que implicam a presença física do indivíduo no
tribunal). Podia isto fazer sinto antigamente, mas atualmente, com Citius, já não se
justifica: 137º/4 CPC
Além dos atos das partes, é necessário conhecer os actos do tribunal/juiz: 152º a 154º CPC
- 152º CPC: sentença e despacho (acto pelo qual o juiz decide o processo principal
ou alguns dos seus incidentes (da instância) - resolvidos por sentença
- Quando temos um tribunal coletivo (3 juízes), a decisão já não se designa sentença,
mas sim acórdão (152º/3 CPC)
Todos os demais atos que o juiz prática ao longo do processo: são despachos judiciais
Quando falamos em sentença, podemos estar a falar de uma sentença que põe fim à causa
depois e o juiz ter tido oportunidade de apreciar os factos, aplicar o direito ao caso concreto,
conseguindo dar uma resposta ao autor. Neste caso temos uma decisão de mérito – caso
julgado material (619º CPC)
- Ou, podemos ter uma sentença em que o juiz entende que não estão reunidos os
pressupostos necessários, e aqui temos uma decisão de absolvição da instância –
caso julgado formal (620º CPC)
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290º/3 CPC – se houver transação, tem de ser homologada por sentença; se não houver
transação, mas sim desistência, também tem de ser homologada por sentença.
- São estes, atos do juiz, que põe fim à causa.
154º CPC - as sentenças tem que ser sempre fundamentadas (+ 607º/2 CPC)
Actos especiais:
- Citação
- 219º/1 CPC - ato que chama o réu ao processo pela primeira vez, e dá
conhecimento a este que foi intentada uma ação contra ele.
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- 227º CPC - não é uma simples informação, a pessoa vai receber um duplicado
da petição inicial e dos documentos que a acompanham, e vai ainda receber
uma série de informações: qual é o tribunal, o nº de processo, o prazo que esta
pessoa tem para se defender da ação judicial, se precisa ou não de constituir
um advogado para se defender, e também as consequências no caso de
revelia, ou seja, se não se defender do processo.
- 219º/1, 1ª parte CPC - outras pessoas são citadas.
- Pode adotar ≠ modalidades:
- 225º/1 CPC - citação pessoal / edital
- Citação Pessoal
225º/2/a) → Portaria 280/2013 - citação feita através do
Citius
225º/2/b) → 228º + 230º CPC - através de carta
- que tipo de cartas os CTT entregam?
- Via Postal Simples (sem registos)
- Carta Registada (regista a data do envio)
- Carta Registada com aviso de receção
- A regra nos processos judiciais
é a carta registada com aviso
de receção
- O aviso de receção é remetido
para quem enviou a carta -
tribunal
- 228º CPC (ler o artigo todo)
225º/2/c) → 231º + 232º CPC
- Pessoa também pode ser citada pessoalmente
por um funcionário judicial ou um agente de
execução
- 225º/3 CPC - Mandatário judicial
- 230º CPC - considera-se citada
- Citação Edital
- 225º/6 CPC → usa-se quando:
- o réu está ausente ou em parte incerta (236º CPC) ou quando
a ação é intentada quanto a pessoas incertas (243º CPC)
- 240º + 241º → 242º CPC
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- Citação Pessoas Coletivas (246º CPC): as regras vistas para a citação das
PS também se aplicam às PC, mas com as necessárias adaptações.
Dilação - 245º CPC: quando temos um prazo que se vai adicionar a um prazo já existente e
vai remeter para um momento posterior à prática de um ato.
- 245º/a) CPC - quando ocorrer uma citação quase pessoal, há uma dilação de 5 dias,
acrescenta-se 5 dias ao prazo que o citado tem para apresentar a sua defesa.
- 245º/b) CPC - se o réu for citado para o tribunal do porto e ele reside em Braga –
adiciona-se uma dilação de 5 dias ao prazo de defesa
- o que significa que temos de ter uma noção das comarcas existentes na nossa
divisão judicial do território (23 comarcas – 64º do Regime aplicável à
organização e funcionamento dos tribunais judiciais – DL 49/2014)
- 245º/2 CPC - A dilação passa para 15 dias, se o réu reside uma região autónoma e
foi citado para uma ação no território nacional, ou vice-versa.
- 245º/3 CPC - Se residir no estrangeiro, tem uma dilação de 30 dias, e ainda quando
a citação foi edital.
- 245º/4 CPC - a dilação associada à citação quase pessoal (245º/a) CPC), esta dilação
pode somar-se a qualquer uma das outras 3 dilações.
- Ou seja, se o réu reside em Braga, e foi citado para uma ação no Porto e o
aviso de receção foi assinado pela mulher (citação quase pessoal) - então tem
uma dilação da alínea a) + b) = vai ter uma dilação de 10 dias;
- Se o réu reside nas regiões autónomas e não foi este a assinar, vai ter uma
dilação de 15 dias (245º/2 CPC) + 5 dias (245º/a) CPC)
- Se o réu reside no estrangeiro e não foi este a assinar, vai ter uma dilação de
30 dias + 5 dias
- Notificações:
- Notificação (219º ss CPC) - na relação entre autor/réu, todos os atos
posteriores à citação do réu, as comunicações são feitas por notificação
- Notificações feitas pela secretaria (oficiosas) - 220º CPC - quando
o tribunal profere o despacho, em que marca um dia para um ato do
processo, não precisa de dar conhecimento disso à secretaria. Não é
preciso o Tribunal ordenar expressamente a secretaria a realizar esta
notificação, porque a secretaria já sabe, e esta envia a notificação
oficiosamente.
- 220º/2 CPC - quando a secretaria se apercebe que foi praticado
um determinado ato por uma das partes e que a outra parte não
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Prazos Processuais:
139º CPC
- Dilatório (139º/2 CPC): quando um determinado ato tinha de ser praticado numa
determinada data, mas por causa da dilação, o prazo é estendido/aumentado (ex.:
245º CPC)
- Situações a que a um prazo de defesa que o réu tem, é indeferido para um
outro momento, o início da contagem desse prazo passa para 5 dias depois
exemplo.
- Perentório (139º/3 CPC): prazo que a parte tem para praticar um determinado ato
processual, e se não praticar o ato processual dentro do prazo, perde o direito de
praticar o ato, já não o pode praticar em mais nenhum momento.
- Ex.: contestação (569º/1 CPC) - o réu pode contestar no prazo de 30 dias após
a citação, este prazo é perentório, então se não o fizer perde o direito.
- Ex.: contestação, fase perentória de 30 dias, e em determinados casos o réu
pode responder à citação através da réplica, a réplica também tem um prazo
(585º CPC), se não extingue-se o direito.
- Ex.: Nos procedimentos cautelares o requerente apresenta o requerimento
inicial, e depois nos procedimentos em que o requerido é ouvido antes da
decisão, o requerido tem um prazo para deduzir a oposição (10 dias), se não
extingue-se o direito
Acontece que podemos ter estes dois prazos (dilatórios + perentórios) seguidos:
- Ex.: quando o réu é citado, pode ter diferentes dilações, somam-se ao prazo
perentório que tem para contestar um prazo dilatório, isto é, quanto o réu é citado tem
um prazo perentório de 30 dias para contestar, mas se o réu foi citado na comarca do
Porto e vive em Braga, tem uma dilação de 5 dias (prazo dilatório), contando-se estes
prazos como um só. O mesmo para quem se encontra no estrangeiro (142º CPC)
Em alguns casos, a lei indica o prazo perentório. Noutros casos, falta de estipulação
especial, aplicamos uma norma supletiva: 149º CPC (10 dias)
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Se o ato não for praticado dentro do prazo perentório (até ao último dia), o direito
extingue-se: este regime é muito rigoroso e gravoso, exigente para os advogados que se
podem enganar facilmente na contagem dos prazos, ou não conseguir, por algum motivo,
cumprir o prazo, o que tem consequências para o cliente que perde aquele direito.
- Assim, o legislador criou uma possibilidade de, mesmo depois do fim do prazo,
ainda se poder praticar o ato, mediante o pagamento de uma multa (139º/5 CPC)
- Ex.: Se o prazo terminou no dia 10 de janeiro, o advogado ainda pode praticar
o ato nos 3 dias úteis seguintes, mas pagando uma multa.
139º/4 CPC: ato ser praticado depois do fim do prazo devido a Justo Impedimento
- 140º CPC: Quando acontecer qualquer coisa, que, não seja imputável quer ao senhor
A, quer ao seu advogado e que impeça que o ato seja praticado dentro do prazo, pode
ser autorizada essa parte a praticar o ato já depois de o prazo ter passado.
- Ex.: o advogado estava a preparar a contestação no último dia do prazo e
surge uma tempestade que destrói metade do escritório, não conseguindo
enviar a contestação nem no último dia do prazo nem os 3 dias posteriores
úteis (considera-se esta uma situação de justo impedimento)
- Ex.: o filho do advogado é atropelado e é internado, e este tem de o
acompanhar na realização de uma cirurgia.
- Ex.: a advogada no último dia do prazo entra no último dia em trabalho de parto
- Ex.: os documentos desaparecem por causa não imputável a ele (incêndio no
armazém onde tinha os documentos), e ele agora não consegue enviar os
documentos ao advogado de forma a que este possa praticar o ato.
- 140º/2 CPC: A parte que alegar o justo impedimento oferece logo a prova
- Nessas situações, aquele que não praticou o ato, mal cesse o impedimento,
tem de apresentar um requerimento no Tribunal, a justificar o porquê de não
ter praticado o ato, e as respetivas provas (documental ou testemunhal), e tem
também de praticar o ato.
- O advogado da parte contrária tem de se pronunciar, dizendo que não tem
nada a opor (esta é a situação norma, por uma questão de cortesia
profissional). Mas se quiser, pode opor-se.
- Pode também acontecer que o tribunal não considere a situação em causa,
uma situação de justo impedimento.
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Quando o citius colapsa, recorre-se aos meios anteriores – situação que ocorreu há
alguns anos (144º/8 CPC)
- Continuidade dos Prazos (138º CPC): o prazo conta-se de forma contínua, não se
suspende nos fins de semana e feriados (se eu tenho um prazo de 10 dias, eu conto
esses dias seguidos)
- Mas suspendem-se nas férias judiciais – 28º DL 280/2013– se eu tenho um
prazo processual de 10 dias, em a pessoa foi notificada dia 19, começo a
contar o prazo no dia 20 de Dezembro, dia 22 fica suspenso, durante as férias
judiciais até ao dia 3 de janeiro, sendo o terceiro dia da contagem do prazo o
dia 4 de janeiro.
- A não ser, que se trate de um prazo cuja duração seja superior a 6
meses, ou que se trate de um processo urgente (procedimentos
cautelares), nesse caso não se suspende o prazo.
- 279º/b) CC – não se inclui o dia em que ocorreu o evento a partir do qual o prazo
começa a correr
- O prazo começa a contar-se a partir do dia seguinte aquele em que a pessoa
se considera citada ou notificada.
- O dia em que ocorreu o evento que determina a contagem do prazo, não se
conta, sendo o dia seguinte o início da contagem do prazo (mesmo não sendo
um dia útil).
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- Citações: citação por via postal (230º CPC); citação edital (242º CPC);
- Notificações: 248º CPC (secretaria - advogados) + 245º CPC (entre
advogados).
- Fazer a contagem do prazo, recordando SEMPRE que não se conta o dia do evento,
ou seja, o dia da notificação ou citação, e que durante as férias judiciais o prazo se
suspende, a não ser nos casos de processos urgentes (procedimentos cautelares;
processo de insolvência) ou prazos superiores a 6 meses.
- Por fim, verificar se o dia em que termina o prazo, se é dia útil ou não. Caso não
seja útil, passa para o seguinte dia útil.
-Se o prazo for ultrapassado, há ainda a possibilidade nos três dias seguintes (úteis),
mediante um pagamento de multa.
_________________________________________________________________________
1)
- Qual é o prazo perentório? O ato em causa é a contestação, sendo o prazo 30 dias
(569º/1 CPC)
- Existe alguma dilação? Sim – 30 dias (245º CPC)
- Somamos os prazos (30 + 30 – 60 dias)
- Considera-se citado no dia da publicação do anúncio - 242º/1 CC. Bernardo é citado
no dia 19. Como não conta o dia do evento, o prazo começa a contar no dia 20.
- No dia 22 de Dezembro o prazo suspende-se e não se conta até ao dia 3 – (prazo de
férias judiciais: 28º DL 280/2013
- Os 6 dias terminaram no dia 2 de Março (sábado). Assim - 138º/2 CC + 279º/e) CC –
o prazo termina no dia 4 de Março.
- Mas mediante o pagamento de uma multa, pode ser praticado até ao dia 7 – 3 dias
úteis.
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------
2)
- Prazo perentório para a contestação – 30 dias - 569º/1 CPC
- Dilação? Sim: 5 dias (comarcas diferentes - 245º/1/b) CPC
- 142º CPC: somam-se os prazos (35 dias)
- Deolinda considera-se citada no dia 14 de dezembro (dia em que assinou: 230º/1 CPC
- considera-se citado no dia em que assinou o aviso de receção). Os 35 dias começam
a contar a partir de dia 15. Apesar de dia 15 ser sábado, não há nenhum problema
(início da contagem do prazo).
- Problema das férias judiciais – o prazo termina do dia 31 de Janeiro de 2019.
- No entanto pode ser praticado até dia 5 (dia 3 e 4 é fim de semana), mediante o
pagamento de uma multa. Ter atenção aos feriados.
2.1)
- O prazo perentório é o mesmo 30 dias
- A consequência de ter sido uma citação quase pessoal é a de que nos termos do
245º/1/a) + b) CPC
60
61
A dinâmica da instância:
- A relação processual desenvolve-se de forma progressiva, desde o momento em que
é constituída, surgindo esta com o momento em que a petição inicial é apresentada
na secretaria - 259º CPC
- De seguida vai se desenvolvendo até ao momento da extinção da instância
- Causas de extinção da instância (277º CPC)
- Depois da PI, vem a citação do réu, só depois é que este pode realizar a
contestação.
- A partir do momento em que o réu é citado (260º CPC) - Princípio da
Estabilidade da Instância - o processo mantém-se estável quanto às partes,
às causas de pedir (os factos que vão o autor alegou) e quanto ao pedido.
Ficam definidas e não sofrem mais alterações.
- Exceções ao princípio da estabilidade:
- Modificações subjetivas (quanto às partes) - 261º + 262º CPC
- 261º CPC: Se acontecer uma situação em que o réu é
citado e apresenta a sua contestação e por algum
fundamento que este alega, se percebe que além do reu
B, devia também estar lá uma outra pessoa, C.
- Incidente de intervenção de terceiros: A e B
podem chamar C.
- C passa assim a estar no processo, ou na
posição de réu, noutras situações como autor,
dependendo da situação em concreto.
- 262º CPC: CV, B não pagou o preço e deve um
determinado montante a A. A intenta uma ação. Se A
morrer enquanto o processo está pendente. Assim, A
deixa de ter personalidade jurídica e em consequência
personalidade judiciária (capacidade para estar num
processo). Assim, é necessário substituir o A por outra
pessoa, de forma a continuar o processo no lugar dele.
Essas pessoas serão os herdeiros, havendo desta
forma uma substituição subjetiva. Se fosse o B a morrer
seria a mesma coisa.
- Incidente de habilitação – outra pessoa tem que
se habilitar no lugar da parte que faleceu.
- Pode acontecer ainda que A não morra – cessão
de créditos – incidente de habilitação de
cessionário.
- Modificações objetivas (factos ou quanto ao pedido) - 264º +
265º CPC
- 264º CPC: acordo das partes
- 265º CPC: falta de acordo (confissão; reduzir o pedido
ou ampliá-lo se o aumento for uma consequência do
pedido inicial (ex.: pedido de juros, com o passar do
tempo os juros aumentaram, apenas está a atualizar o
pedido que já tinha feito); à partida não é possível
aumentar o pedido sem justificação)
62
A especificidade dos atos processuais, tem a ver fundamentalmente, com o facto de eles
estarem inseridos no âmbito do processo. São atos praticados pelas partes, voluntariamente,
para produzir um efeito jurídico, efeitos esses produzidos num processo,
- Assim, a invalidade dos atos processuais, não tem a ver sobretudo com o seu
conteúdo, mas sim com o facto de esse ato não respeitar a respetiva sequência
processual.
- 195º CPC: regra geral nulidade dos atos processuais
- A invalidade está sempre relacionada com a sequência processual:
- Introdução de um ato que não é permitido
- Ex.: se num determinado momento, antes da citação do réu o autor
praticar um ato que a lei não permite, por exemplo requerer uma perícia
antes da citação do réu, como foi praticado fora da sequência
processual, em princípio será nulo.
- Omissão de um ato exigido
63
- Ex.: se não for realizada a citação do réu, esta omissão gera uma
nulidade
- Prática de um ato que a lei permite, mas de forma intempestiva (fora do prazo)
- Ex.: se a contestação não fosse praticada após a citação do réu, mas
sim depois da audiência de julgamento se realizar
- 195º/1 CPC - quando se verifique uma das situações, que constam do 195º, estes só
geram nulidade quando a lei o diga expressamente ou que a irregularidade cometida
tenha influência no exame ou na decisão da causa (forma como o juiz aprecia e
como julga).
- 195º/2, 1ª parte CPC: Ex.: se não tiver sido realizada a citação do réu como devia ter
sido, tudo o resto que se processou no processo em seguida a esse momento, é
destruído.
- 195º/2, 2ª parte CPC: se a nulidade de um ato se restringir a uma parte desse ato, só
essa parte é eliminada, podendo manter-se as restantes.
64
A regra geral para as nulidades que não estão referidas nestes artigos, não são de
conhecimento oficioso (Nulidades Não Oficiosas), e portanto tem que ser arguidas pela
parte interessada, tem que ser requeridas até: 199º CPC
- Depende do tipo de ato em causa, se ocorreu numa diligência em que a parte ou o
advogado da parte estava presente, então tem que requerer a nulidade até esse ato
terminar (ex.: na AP o juiz profere logo uma sentença sem ter enquadramento legal,
a parte que entende que o ato é nulo, tem que o requerer na audiência prévia
oralmente, antes do ato terminar, se não o fizer, a nulidade fica sanada)
- Mas se não estava presente, aí há um prazo (10 dias - 149º CPC) para
requerer a nulidade, conta-se do dia em que foi cometida a nulidade ou quando
foi notificada a parte que intervém no processo se apercebe da nulidade
- 199º - 149º CPC
- 199º/2 CPC - se for arguida uma nulidade/irregularidade que o juiz está a presidir e
este entender/se aperceber que está a acontecer, este deve logo corrigir no momento.
547º + 6º CPC - o juiz tem um poder de adequação formal e dever de gestão processual
- Há uma sequência, e o juiz pode alterar esta, se entender que a sequência de atos
não é a melhor para a boa decisão do processo. A partir do momento em que o juiz
altera a sequência processual e define uma nova, esta é a que conta. Se forem
praticados atos fora da sequência definida pelo juiz há também nulidades.
Distribuição (203º ss CPC): distribuição dos processos pelos vários juízes, de forma a
garantir a aleatoriedade e a igualdade no serviço judicial
Ex.: Dentro do Tribunal da comarca do Porto, temos vários juízos que a integram, por exemplo
o juízo central cível do Porto. Quando o autor quer dar entrada da petição inicial, tem de
indicar qual o tribunal competente. Contudo, imaginemos que há 7 juízes, juízos Central Cível
65
do Porto. Não é o autor que escolhe qual dos 7 juízes, essa escolha é assegurada pela
distribuição.
- É um ato feito eletronicamente, que vai distribuindo aleatoriamente os processos pelos
vários juízes, de forma a que o juiz 1 não fique com 99 processos e o outro fique com
1.
- Ainda garantir que o senhor A não consegue saber nem decidir a que juiz vai calhar o
seu processo.
- Esta distribuição garante o princípio do juízo natural - os processos são atribuídos ao
juiz de forma aleatória e estes nãos são escolhidos a dedo.
209º a 214º CRP - tribunal (no caso estamos a falar sobre a jurisdição civil)
- 209º CRP - além do tribunal constitucional, temos a jurisdição civil, jurisdição
administrativa e fiscal
- Lei da organização do sistema judiciário - DL 62/2013
- Regime aplicável ao funcionamento dos tribunais judiciais - DL 49/2014
Há determinados pressupostos que tem que ser observados para as decisoes poderem
ser objeto de recurso:
66
Forma do processo:
Tramitação, conjunto de atos previsto ser praticados no âmbito do processo;
- Petição Inicial (fica constituída a instância)
- Distribuição
- Citação do réu
- Contestação
- Audiência prévia
- Audiência de julgamento
- Sentença
→ Até ao CPC de 2013, havia no código variantes a esta forma consoante a variante do valor
da causa. Com o CPC de 2013, isto terminou, com o 548º CPC: segue de forma única!
- Isto não significa que o juiz não possa, no âmbito dos seus poderes de agilização
processual, possa alterar a ordem processual definida, se entender que é benéfico
para a resolução célere da causa (547º/6 CPC) - a ser decretada pelo juiz esta
alteração, é decretada normalmente na audiência prévia (591º CPC)
- Além destas normas, a norma 597º e o 511º/1 CPC, podem trazer alterações à forma
do processo;
- 597º CPC: nas ações de valor não superior a 15.000€, o juiz vai ponderar se se
justifica realizar todos os atos da forma comum, ou se suprir algum desses atos.
- 511º CPC: aspeto particular, que não te propriamente com a forma, mas sim com atos
que podem ser realizados, nº de testemunhas para arrolar, a regra é que cada parte
pode indicar 10 testemunhas, mas nas ações que sejam de valor inferior a 5.000€, só
pode invocar 5 testemunhas;
67
Critérios especiais:
- 298º/1 CPC - valor da ação de despejo é rendas de 2 anos e meio, se nessa ação de
despejo, o autor para além de pedir que o arrendatário abandone o imóvel pede que
este seja condenado a pagar rendas em atraso, ao valor de 2,5 anos de rendas ainda
se somam as rendas em atraso.
- 298º/2 CPC - contrato de locação financeira - o valor é o das rendas que falta pagar;
- 298º/3 CPC - obrigação de alimentos - o valor é o quíntuplo da unidade
correspondente ao pedido anual (ex.: requerente diz que o valor é de 500€), o valor
será 500 x 12 x 5
- 298º/4 CPC - ação de prestação de contas - valor da receita bruta ou das despesas
se for superior;
- 300º/1 CPC - toma-se em conta o valor das prestações vencidas e vincendas (ex.:
cláusula de vencimento antecipado (imaginemos que são 18 prestações, se B não
cumprir 3 prestações seguidas, dá-se o vencimento automático antecipado das
restantes 15) - o valor da ação será a soma das prestações vencidas e vincendas;
- 300º/2 CPC - no caso de prestações periódicas, salvo nas ações de alimentos ou
contribuições de despesas domésticas, tem se em consideração o valor de prestações
de um ano multiplicado por 20, ou pelo número de anos que a decisão abranger se
for inferior, caso não seja possível determinar o número de anos, o valor é o da alçada
da relação mais 1 cêntimo (30.001€); ex.: autor pede que o réu seja condenado a
pagar uma renda vitalícia ou para os próximos 15 anos, por força de um contrato; a
forma de calcular a ação é o valor das prestações correspondentes a um ano x 20; ou
68
pelo número de anos; caso não seja possível determinar o nº de anos, é o valor de
30.001€ de forma a que seja possível recurso para o STJ;
- 301º/1 CPC - valor da ação determinado pelo valor do ato jurídico - quando a ação
tiver por objeto a apreciação, a existência, a validade, o cumprimento, modificação,
resolução de um ato jurídico (engloba negócios jurídicos unilaterais e bilaterais),
atende-se ao valor do ato pelo preço ou estipulado pelas partes.
- 301º/2 CPC - se não houver preço nem valor estipulado, aplicam-se as regras gerais
- 297º CPC
- 301º/3 CPC - há uma regra especial para um tipo de invalidade - resulta da
simulação - se a ação tiver por objeto a anulação de um contrato fundada na
simulação do preço, o valor da causa é o maior dos dois valores em discussão pelas
partes. Ex.: se tivermos um CCV, celebrado por escritura, em que as partes acordaram
que o valor era 50.000€, e declararam que foi pago esse preço, mas na verdade o
valor pago foi efetivamente 100.000€, temos um negócio jurídico simulado; - o valor
da ação seria 100.000€.
- 302º/1 CPC - se é uma ação do reconhecimento do direito de propriedade - ação de
reivindicação, é o valor da coisa que determina o valor da ação;
- 302º/2 CPC - divisão de coisa comum - o valor da ação é o valor da coisa;
- 302º/3 CPC - processo de inventário - valor da ação é a soma do valor dos bens a
partilhar;
- 302º/4 CPC - se tivermos perante um direito real menor (ex.: usufruto, direito de
superfície, uso e habitação, servidão) - atende-se ao seu conteúdo e duração.
- 303º/1/2 CPC - ações sobre o estado das pessoas / casa de morada de família, direito
de arrendamento - valor da alçada da relação mais 1 cêntimo (30.001€)
- 303º/3 CPC - interesses difusos - o valor da ação corresponde ao do dano invocado,
com o limite máximo do dobro da alçada da relação;
- 304º CPC - ler artigo.
Quando é que se determina o valor da causa? 299º CPC - quando a ação é proposta
(quando o pedido dá entrada); o autor quando apresenta o pedido: 552º/1/e) CPC - um dos
requisitos é indicar o valor da causa; se o réu não concordar com o valor da causa, pode
impugnar - 305º/1 CPC e depois o tribunal vai decidir qual o valor da causa - despacho-
saneador - 306º/2 CPC
- 305º/3 CPC - se o autor na petição inicial não referir o valor da causa, assim que
alguém der conta, o autor é notificado para indicar o valor, se não o fizer, o processo
vai ser extinguido;
- Ex.: ação de condenação, em que o autor pede que o réu seja condenado a pagar-
lhe 100.000€; quando o réu contesta, diz que não só não deve ao autor 100.000€,
como é o autor que deve ao réu 200.000€ - defesa por reconvenção;
- neste caso o valor da ação continua a ser 100.000€ ou soma-se o valor do
pedido reconvencional (200.000€) e o valor da ação passa para 300.000€?
- 259º/2 CPC - nas situações em que o réu pretende o mesmo efeito jurídico
invocado pelo autor (ex.: se o pedido do autor e o pedido reconvencional do
réu fossem ambos de reconhecimento do direito de propriedade), o valor da
ação não se alterava;
- também não se tem em conta o valor do pedido reconvencional quando
o réu pretende a compensação de créditos (ex.: réu diz, efetivamente
devo os 100.000€ que o autor refere, mas o autor também tem que me
69
Objeto da relação jurídica processual: é o quid sobre o qual incide a atividade desenvolvida
pelas partes e pelo tribunal. O objeto da relação jurídica processual é o pedido que o autor
formulou e que o tribunal tem que dar resposta;
70
O pedido é um dos requisitos essenciais da petição inicial (3º/1 + 552º/1/e) CPC) - sem que
seja formulado um pedido ao tribunal este não intervém. A petição inicial tem que preencher
um conjunto de requisitos - um destes: indicar qual é o pedido (10º CPC)
- 259º CPC: quando o pedido entra na secretaria fica constituída a relação processual
- O pedido define o conteúdo da decisão do tribunal (607º/2 CPC) - 609º/1 CPC - limite
do pedido com o que o tribunal pode atribuir ao autor - limite à atividade do tribunal
- Não pode condenar em objeto diverso do que foi pedido (ex.: se o pedido for o do
reconhecimento do direito de propriedade de um imóvel, o tribunal não pode condenar
a uma indemnização)
- Se o tribunal não cumprir o limite da sua atividade, a consequência é a nulidade
(615º/1/e) CPC)
- 609º/1 → 615º/1/e) CPC
A seguir à petição inicial temos a contestação, e se o autor quiser deduzir um pedido contra
o autor: pedido reconvencional.
Permite-nos concluir que a estrutura da petição inicial obedece à regra da estrutura da norma
jurídica (hipótese legal (descrição das causa de pedir) + estatuição (pedido)), e isto tem
repercussão na sentença (607º CPC) - tribunal vai analisar factos na PI e se são dados como
provados ou não, e nos que estão provados vai verificar se a hipótese legal da norma está
preenchida ou não, e se estiver preenchida retira a consequência jurídica (que pode ser a
que o autor pediu).
- Ex.: 483º CC - responsabilidade civil contratual (facto voluntário; ilicitude; culpa; dano;
nexo de causalidade). Se forem alegados factos que preenchem cada um destes
requisitos, o requerente tem direito a uma indemnização. Nas causas de pedir, este
descreve a situação de facto que preenche estes pressupostos e pede para ser
indemnizado.
- Temos que ter em conta a norma jurídica para ver que factos temos que alegar.
A causa de pedir são os factos constitutivos do direito.
Diz-se que o CPC adotou a Teoria da Substanciação - diz que a causa de pedir é o facto
jurídico genético do direito. É o acontecimento da vida real, que o autor tem que narrar na PI,
e que esse acontecimento/facto corresponde à hipótese legal de uma determinada norma.
Não é o tribunal que vai à procura destes factos, tendo de ser o autor a trazê-los para o
processo.
71
- Ex.: ação de reivindicação da propriedade de um imóvel: tem que alegar o facto que
origina esse efeito – ou seja, adquiriu o direito p.ex, por usucapião.
É esta matéria de facto que tem a ver com as causas de pedir. A matéria de facto que o
tribunal vai ter em conta no final, de forma a decidir, vão ser os factos alegados pelo autor na
causa de pedir, mas também os alegados pelo réu, na sua defesa (na contestação), pode
defender-se de 2 modos:
- Impugnação: os factos que o autor alegou são falsos, e não traz factos novos;
- Defesa de exceção: o réu traz factos novos/diferentes dos alegados pelo autor na
petição inicial e estes contrariam/modificam/extinguem o efeito pretendido pelo autor:
exceção dilatória
- Reconversão
- O tribunal ainda pode ter em conta factos de conhecimento oficioso - não foram
alegados por nenhuma das partes, mas que o tribunal pode conhecer e trazer para a
causa.
72
A lei estabeleceu uma nulidade específica para o caso de haver algum problema com
os factos e o pedido (186º CPC - ineptidão da petição inicial)
- 186º → 196º CPC
- Tudo o que for feito para a frente no processo, é NULO.
- É na audiência prévia que o tribunal olha com atenção, pela 1ª vez, para a PI e
contestação, podendo concluir que a petição é inepta.
- O próprio réu pode fazê-lo: defesa por exceção dilatória.
186º/3 CPC - Se o réu na contestação disser: “esta petição é inepta porque falta o pedido ou
as causas de pedir, ou porque não percebe os factos alegados”, mas, contudo, defende-se.
- Neste caso, se ele se defende, não vai ser declarada a nulidade, porque se se
defendeu convenientemente não há necessidade de destruir tudo o que foi feito.
Despacho pré-saneador (590º/2/b) + 4 CPC): o juiz pode formular um convite ao
aperfeiçoamento da PI ou da contestação.
- o despacho pré-saneador, vem antes da audiência prévia.
Além dos conceitos de objeto da relação processual e objeto processo, o CPC de 2013
introduziu que no final da Audiência Prévia o tribunal deveria que, quando o processo tivesse
que seguir para os passos seguintes, segundo 596º CPC, proferir um despacho do objeto
do litígio (cabe à jurisprudência e à doutrina densificar este conceito porque a norma não o
exprime)
Os tribunais tem: tema principal que vai ser discutido no processo, é uma mistura dos factos
e das normas jurídicas que foram invocadas (ex.: se o processo tivesse a ver com um acidente
de viação, o objeto de litígio seria a responsabilidade do réu sobre os danos causados ao
autor).
- Mas há outros tribunais que entender dar uma definição do objeto de litígio mais
densificada.
≠ Objeto de litígio ≠ temas da prova (matérias que ainda estão controvertidas entre as
alegações do autor e do réu). Ou seja, os factos que as partes estão de acordo já não são
tema de prova, apenas aqueles que estão controvertidos.
Nos termos do 552º/1/d) CPC - o autor tem que invocar os factos essenciais, e deve expor
as razões de direito (ex.: responsabilidade civil extracontratual - invocar os requisitos, e
depois vai invocar o preenchimento de uma norma jurídica - 483º CC)
- Se a parte dos factos é essencial que seja o autor a trazer para o processo, no caso
das normas jurídicas já não é assim, devido ao Princípio Iura Novit Curia (do direito
conhece o tribunal) → o tribunal não fica vinculado à invocação da norma jurídica feita
73
pelas partes - 5º/3 CPC - as partes tem que se preocupar sobretudo com os factos,
pq se os factos não forem trazidos, o tribunal não os vai procurar.
_________________________________________________________________________
Identificar:
- Tipo de ação
- Pedido
- Causa de pedir
74
Integração e Interpretação da lei processual: regidas pelos princípios gerais e normas (9º
e 10º CC) - aplica-se da mesma forma na lei processual;
- Temos que ter subjacente os princípios constitucionais do DPC quando fazemos a
integração da lei processual civil;
75
Princípios do DPC:
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77
78
aceder aos tribunais, o estado vai suportar os custos por esta pessoa -
proteção jurídica (6º Lei 34/2004): Consulta jurídica // Apoio judiciário;
- Definição de Insuficiência (8º Lei 34/2004) - requisitos avaliados pela
segurança social;
- 16º Lei 34/2004 - requisitos de apoio judiciário
- Esta ideia de proibição de denegação de justiça por insuficiência de
meios económicos também está refletido noutros diplomas: 274º;
558º/e); 570º/3/5/6 CPC
79
80
Princípios Gerais Estruturantes do DPC: são princípios que são pilares do DPC → formam
a estrutura/base do PC; estes princípios são ideias subjacentes às opções legislativas que
Princípio do inquisitório:
- em sentido amplo:
- Poder-dever de gestão processual (6º/1 CPC): atribuir ao juiz poderes e
responsabilidade de garantir que o fim do processo é atingido - obter uma
decisão de mérito de forma justa (de acordo com a verdade material) de forma
eficiente e célere (ideia de decisão num prazo razoável).
- Poder-dever de direção do processo: poderes que o tribunal tem
para garantir que o processo avança de forma normal e o mais célere
possível (ex.: quando o juiz marca as datas da audiência de
julgamento; verifica que falta um pressuposto processual (590º CPC);
81
- Poder de adequação formal (547º CPC): poder que o juiz tem de num
processo concreto de entender que a tramitação mais adequada não é
o que está no CPC, então poder alterar a ordem dos atos de forma a
que o andamento do processo siga da melhor forma.
- Princípio do inquisitório em sentido estrito (5º/1 CPC): relacionado com a
matéria da instrução (prova dos factos) - são as partes que tem que trazer para
o processo os factos essenciais, esta responsabilidade/ónus, ninguém pode
cumprir pelas partes. O tribunal não pode substituir-se às partes nesta tarefa.
Mas o juiz/tribunal não é apenas um árbitro, este ao descobrir a prova tem um
papel ativo (411º CPC) - tem a responsabilidade de tentar averiguar a verdade
material, ou seja, se há determinados meios de prova que o tribunal ache
prudentes, pode oficiosamente solicitar esses meios de prova - 452º, 467º,
490º, 526º CPC
- 411º, parte final CPC - não pode ser o tribunal a ir à procura da matéria
de facto, o tribunal pode investigar os factos para ver se são
verdade/mentira.
Princípio do Dispositivo:
- em sentido amplo:
- Princípio do dispositivo em sentido estrito: as partes tem liberdade - para
decidir se instauram ou não o processo judicial; para conformar o objeto do
processo (factos que pretendem alegar); como é que o processo evolui; se o
suspendem, se o extinguem, etc.
- Princípio da controvérsia: responsabilidade das partes pelo material fático
da causa, isto é, tem a ver com a liberdade que as partes tem de alegar os
factos que acham que são essenciais para a procedência da ação, a liberdade
de confessar ou dar como assentes determinados factos, e com os poderes
que tem para a prova dos factos. Este princípio tem a ver com o domínio da
matéria factual (o que se alega, o que se aceita, o que não se aceita e o que
se vai discutir).
82
Princípio da boa fé processual (8º CPC): as partes e os seus advogados quando participam
no processo devem agir de boa fé, isto é, agir de acordo com a verdade e cooperação, e não
litigar de má fé (comportamentos reprováveis - sancionados)
Princípio da Imediação: determina que o juiz deve ter um contacto o mais direto possível
com as pessoas ou coisas que constituem a prova, e assim, a prova constituenda (a que se
produz no processo: testemunhal, declarações de parte) têm de produzir-se perante o
tribunal, tendo este que apreciar e julgar.
- Se o juiz vai ter que decidir com base nas provas, deve estar o mais próximo delas
possível.
83
Relativamente as provas constituendas, propostas por uma parte contra a outra, a contraparte
tem possibilidade de intervir (516º/2 CPC) - regime do depoimento das testemunhas. O
advogado da parte que indicou a testemunha, faz o primeiro interrogatório, o advogado da
outra parte, relativamente aos factos que a testemunha falou, pode fazer perguntas –
capacidade de exercer o contraditório.
Princípio da Livre Apreciação da Prova (607º/5 CPC): o julgador aprecia a matéria de facto
(decide os factos provados ou não) segundo a convicção que forma no confronto dos vários
meios de prova. No final da sentença, o juiz vai ter de dizer que factos considera estarem
provados ou não, chegando a essa conclusão pela análise e confronto das várias provas
produzidas no processo.
- Há casos excecionais, em que a lei impõe ao julgador o valor probatório que pode
retirar de determinados meios de prova. Nestes casos, o juiz está limitado, a lei diz-
lhe qual o valor que pode dar a cada meio de prova.
- É preciso saber distinguir quais os meios de prova relativamente aos quais o juiz tem
livre apreciação, aos quais ele está limitado.
- Estão sujeitos ao princípio da livre apreciação da prova:
- a prova testemunhal;
- prova por declarações de parte (466º CPC) – é a própria parte a promover as
suas declarações)
- ≠ depoimento de parte (é pedido por uma parte contra à outra para
obter a confissão de factos desfavoráveis – ex.: eu para privar os factos
1 e 2 quero que o réu seja ouvido para que ele os confesse)
- prova pericial (relatório pericial, o juiz analisa-o mas não fica obrigado perante
esse relatório)
- prova por inspecção judicial (o juiz desloca-se aos respetivos locais).
Situações em que o juiz não tem liberdade para dar o valor probatório que entender:
- Prova documental nos casos em que a lei reconhece uma determinada força
probatória (371º a 376º CC)
- Confissão escrita (358º CC): ex.: relativamente ao facto 4, o réu confessou por escrito
que era verdadeiro, o juiz não pode vir a dizer que esse facto é falso tendo por base
outros factos; o mesmo acontece se na contestação o réu não impugna o facto
prestado pelo autor, é como se tivesse confessado, pois nada disse.
- Presunções legais (ilidíveis/inilidíveis): há determinados factos provados através de
presunções legais. Quando um facto resulta provado por presunção legal, o juiz não
tem liberdade pois não está sujeito ao pp. da livre apreciação.
Relativamente a estas exceções, o valor probatório delas pode ter três graus diferentes
≠:
- Prova pleníssima – prova cujo valor probatório é inatacável, insuscetível de ser
destruído– presunções inilidíveis. Não há nada que possa demonstrar o contrário
daquele facto – (ex.: 243º/3 CC)
- Prova plena – ocorre quando temos um meio de prova legal, mas pode ser destruída
se se demonstrar que esse meio de prova foi falsificado
- ex.: escritura pública – documento autêntico, exarado pelo notário – o juiz não
pode dá-los como não provados porque há um oficial público que diz o
84
414º CPC – o autor alega os seus factos na petição inicial e o réu na contestação. Se por
mais que analise as provas, o tribunal tiver dúvidas quanto à veracidade dos factos, então o
facto fica não provado (resolve-se sempre contra a parte a quem o facto aproveita).
85
_________________________________________________________________________
Casos Práticos:
b) Se é o réu que diz na contestação que a obra tem defeitos, ele defende-se por exceção
peremptória. Bernardo, ao defender-se desta forma, tem que demonstrar os factos essenciais
que demonstram a exceção, neste caso, os defeitos em si, de forma a provar a exceção. Se
não o fizer, não vai ser provado, e será condenado. O princípio que está aqui em causa é o
princípio do dispositivo, no plano da responsabilidade das partes pelo material fático da causa
(5º/1 CPC) – é às partes que cabe alegar os factos essenciais.
d) Pode ser considerado um facto instrumental – ajudam à prova dos factos essenciais (25º/2
CPC). O juiz pode utilizar os factos instrumentais de forma a provar os factos essenciais.
e) Acordo que põe fim ao processo: transação. As partes podem celebrar ao abrigo do
princípio do dispositivo.
_________________________________________________________________________
Pressupostos Processuais:
→ O tribunal só realiza verdadeiramente a sua função quando profere uma decisão de mérito
(o juiz analisa os factos, dá-os como provados ou não, e retira as consequências jurídicas:
há uma resposta ao pedido do autor).
- Para chegar a uma decisão de mérito, é preciso que no processo estejam reunidos
determinados requisitos/condições: pressupostos processuais
86
- Se esses pressupostos estiverem em falta e esta falta não for sanada, verifica-se a
existência de uma exceção dilatória, que pode levar a que o processo termine não
com uma decisão de mérito, mas sim com uma decisão de absolvição da instância
(278º + 577º CPC)
- A falta dos pressupostos processuais é de conhecimento oficioso.
- Em regra, a falta dos pressupostos processuais é sanada, e assim, o processo
prossegue normalmente.
Pressupostos Processuais:
- Relativos às partes:
- Personalidade judiciária
- Capacidade judiciária
- Legitimidade
- Patrocínio judiciário (quando é obrigatório)
- Interesse processual
- Relativos ao Tribunal: competência do tribunal:
- Competência internacional
- Competência interna
- Relativos ao Objeto:
- Existência de objeto processual
- Não verificação de litispendência ou caso julgado
- Admissibilidade de cumulação de pedidos e pluralidade subjetiva subsidiária
No caso de pressuposto que não é de conhecimento oficioso, é feito o convite às partes para
sanar/corrigir o pressuposto e as partes não o fazem, como falta o pressuposto processual a
decisão do processo, em princípio será uma decisão de absolvição da instância (extingue-se
o processo).
- A não ser que se verifique o disposto no 278º/3 CPC: a falta de um pressuposto
processual, traduz-se numa exceção dilatória e esta permanece enquanto não for
sanada. Se a exceção dilatória não for sanada, não tem lugar a absolvição da
instância (situação excecional):
- 278º/3 CPC: “As exceções dilatórias só subsistem enquanto a respetiva falta
ou irregularidade não for sanada, nos termos do nº 2 do artigo 6º; ainda que
87
Personalidade Judiciária (11º CPC): consiste na suscetibilidade de ser parte: transpor para
o campo processual o conceito de personalidade jurídica.
- A partir do momento em que a pessoa tem personalidade jurídica, tem também
personalidade judiciária.
- Havendo esta equiparação, as pessoas singulares têm capacidade jurídica e logo
personalidade judiciária (66º/1 CC); pessoas coletivas de direito privado (158º CC);
pessoas coletivas de direito público.
- Mas, há entidades que não tem personalidade jurídica (não são pessoas jurídicas),
mas que contudo tem personalidade judiciária - 12º + 13º CPC
- Quando a personalidade judiciária se extingue no decurso de um processo, a pessoa
já não pode estar no processo, tem que haver um mecanismo para substituir a parte
(a morte faz cessar a personalidade jurídica e a judiciária)
88
Legitimidade (30º ss CPC): a legitimidade é um pressuposto que diz respeito à relação das
partes com o litígio. A parte para ser legítima tem que ter relação direta com o litígio.
- 30º/1 CPC: para verificarmos se o autor e o réu têm legitimidade, temos de verificar
qual o objeto da ação, e se o autor tem interesse em instaurar essa ação e em
contrapartida o interesse do réu em defender-se.
- 30º/2 CPC: o autor tem de ter interesse em demandar e o réu é parte legítima quando
tem interesse direto em contradizer.
- se a ação for procedente o autor ganha alguma coisa/tem utilidade com a
decisão? Se tiver, tem legitimidade. Se o réu for condenado no processo sofre
algum prejuízo? Se sim, tem legitimidade em se defender.
- Remissão 30º → 278º/d) CPC – se não estiver verificada a legitimidade, há uma
exceção dilatória e deve absolver-se o réu da instância.
- 30º/3 CPC: critério (supletivo) que se deve aplicar quando houver dúvidas quanto à
legitimidade
- Nem sempre é fácil avaliar se as partes têm ou não legitimidade, e por essa
razão, o legislador, diz o seguinte:
- Se o juiz não tiver a certeza quanto a legitimidade, de forma a avaliar
esse pressuposto, deve olhar para a forma como o autor descreve o
litígio. Ou seja, se o autor, A, descreve o litígio, é partir dessa descrição
do litígio vai avaliar a legitimidade.
- Se o autor (A) diz que celebrou um contrato com o réu B, e B não
cumpriu o contrato, e B na contestação diz que não celebrou nenhum
contrato, e por isso não tem interesse em contradizer a ação, porque
não sou parte no contrato.
- Se o juiz não entender qual a parte que é correta (tiver dúvida), então
o juíz vai dizer que as partes tem legitimidade, porque na versão que o
autor apresenta na petição inicial o B é parte do contrato, logo tem
interesse na ação.
- Mesmo que, no final da ação o juiz chegue à conclusão que quem tinha
razão era B, ou seja, que B não era parte no contrato, mas isso não
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- Tendo em conta este tal critério supletivo, são muitos raros os casos em que há uma
legitimidade singular (ação proposta de A contra o B). O que é mais frequente são as
situações de ilegitimidade plural (em que ao lado do A, existia um C e um D e ao
lado do B um E e um F. O A escolhe propor a ação contra B e escolhe deixar de fora
as outras pessoas).
- Há situações em que a lei exige que estejam presentes todas as pessoas na ação (A,
C, D a proporem a ação contra B, E, F), e caso contrário haverá uma exceção dilatória
que pode conduzir à absolvição da instância.
- A correção não pode ser feita pelo juíz, têm que ser as partes a deduzir o Incidente
para que outrem seja chamado à ação.
- O que o Tribunal pode é convidar as partes a suprir essa ilegalidade (6º/2 CPC).
- Será na generalidade dos casos mais favorável que a parte deduza o incidente após
este convite por parte do Tribunal, porque se não o fizer o mais comum é que havendo
uma exceção dilatória consequente, a decisão do tribunal vá ser a da absolvição da
instância.
- Não confundir esta situação com a substituição de pessoas (A autor de ação contra
B. Herdeiros substituem o A , promovendo ação contra o B) , não se tratando de uma
situação de ilegitimidade.
- Se não houver advogado e fosse obrigatório há uma exceção dilatória que leva à
extinção da ação.
Nos casos em que não é obrigatório constituir advogado (ações inferiores a 5.000€), a parte
pode pleitear por si, ou ser representado por um advogado estagiário (42º CPC)
- Mas numa audiência de julgamento em que temos testemunhas, provas periciais, etc,
e a parte não está representado por advogado, não têm as competências de um
jurista, e por isso: 40º/3 CPC - a inquirição das testemunhas é feita pelo juiz;
90
49º CPC - mandatário agir como gestor de negócios (quando advogado atua sem poderes)
Pode acontecer que a parte (autor ou réu) já não queira ter aquele advogado, ou o advogado
já não querer representar a parte (47º CPC):
- revogação (a parte quer extinguir)
- renúncia (advogado não quer representar mais) do mandato (deixa de ter poderes)
- Tem que haver notificação ao processo, tanto ao advogado que está a ser
afastado (revogação), como para a outra parte;
- No caso de renúncia, se não constituir um novo advogado no prazo de 20 dias:
47º/3/a)/b) + 47º/4 CPC
Pluralidade das Partes: ação que o senhor A propõe contra o senhor B (1 parte do lado ativo
e uma parte do lado passivo). Muitas vezes, na realidade, a relação processual não
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é assim tão simples. Assim, podemos ter situações em que há várias pessoas tanto do lado
ativo como do lado passivo.
- Se envolver várias pessoas, essa pluralidade de partes na relação material, pode ser
que tenham de estar todos também na relação processual.
- Quando temos mais do que um sujeito processual no lado ativo e passivo, temos uma
situação de pluralidade de partes.
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- 34º CPC: Ações que tem de ser propostas por ambos ou contra
ambos os cônjuges
- Tem haver com direitos que os dois cônjuges tem de
exercer em conjunto sobre bens comuns (ex.: morada
de família).
- Se não estiverem presentes os dois, temos uma
situação de ilegitimidade ativa.
- Pode isto ser resolvido da maneira que vimos em cima.
93
- Coligação: temos vários autores e ou vários réus, mas aqui temos vários pedidos,
pedidos diferentes contra várias pessoas/diferentes partes.
- Ex.: A vai ter um pedido contra B, E e F (todos pedidos diferentes);
- A coligação só pode ocorrer nos termos do 36º CPC
- As causas de pedir, os factos discutidos que servem para a procedência dos
pedidos, tem de ser a mesma, ou ainda uma relação de prejudicialidade ou
dependência dos pedidos.
- Ex.: situação de ação de nulidade por força de uma simulação
- A vendeu o seu imóvel ao B e B não pagou o preço. Entretanto,
B vende ao C, mas esta venda é uma simulação de forma a
evitar que A possa cobrar o seu crédito através da venda da
casa. C, por sua vez, faz o mesmo com o D. O A, vai querer
deduzir diferentes pedidos: contra o B vai pedir a condenação
do pagamento de uma dívida; contra B e C vai querer que seja
declarado nulo o contrato que eles celebraram; e contra D vai
dizer que o terceiro contrato também é nulo, porque se o 1 é
nulo, o C não vai adquirir direitos e por isso não os vai poder
transmitir.
- Obstáculos à coligação (37º CPC):
- 37º/1 CPC: se para determinado pedido fosse competente um tribunal
português (ex.: comarca do porto) mas para outro fosse um tribunal da
Alemanha, já não seria possível a coligação; ainda, se o pedido fosse
de competência do TAF, também não dava (tribunais com competência
diferentes).
As situações que vimos até agora são de intervenção de terceiro provocada ou por
chamamento.
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- Mas o terceiro pode de forma espontânea, aparece e diz ao juiz que quer aderir, o
juiz vai avaliar se pode após ouvir as partes primitivas (315º CPC)
- Mesmo que nenhuma das partes o chame o terceiro pode intervir, apresentando-se
no processo num determinado articulado - 314º CPC (formula o seu próprio pedido ou
contestação), só pode intervir até ao fim da fase dos articulados, se já tiver passado
esta fase não pode fazer o seu próprio pedido ou contestação, apenas pode aderir ao
pedido do autor ou à contestação do réu - 313º CPC
Intervenção principal: o terceiro que intervém vai assumir uma posição igual a uma das
partes principais. Vai passar a estar ao lado do autor ou do réu, tem os direitos e os deveres
que a parte tenha.
- Tem por finalidade levar um terceiro a fazer valer um interesse/direito igual ao do autor
ou do réu (32º, 33º, 34º CPC) (litisconsórcio voluntário ou necessário).
- Podem ser intervenientes a título principal todas aquelas pessoas que já podiam ter
sido autores ou réus da ação.
- Quando este terceiro intervém a título principal, ele assume a posição de parte
principal ao lado das partes primitivas (312º + 317º CPC)
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Quando é que o réu pode realizar uma intervenção principal provocada no caso de
litisconsórcio voluntário? → 316º/3 + 318º/1/c) CPC
- Pode produzir esse pedido na contestação, nas situações em que este mostre
interesse atendível em chamar como réus outros litisconsortes voluntários
- Ex.: anterior de obrigação solidária - caso de direito de regresso pode motivar a que
a outra pessoa esteja no processo como réu também - 317º CPC
- OU a situação inversa, o C é devedor mas tem 2 credores, deve ao A e ao B,
que são credores solidários, significa que C ao pagar a um deles fica eximido
da obrigação, mas no caso de A propor sozinho uma ação contra C para que
este pague, C pode ter interesse em chamar B ao processo para que
efetivamente não haja dúvidas de que pagou, querendo que B esteja ao lado
do A como autor na ação;
Intervenção principal provocada: 319º CPC - terceiro que é chamado é citado; oferecer o
seu articulado próprio (antes do fim da fase dos articulados) ou aderir a um dos articulados;
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- 320º CPC: a decisão final constitui caso julgado também contra os terceiros que vem
intervir;
Intervenção Acessória: o terceiro não vai ficar ao lado do autor ou do réu, mas vai ser uma
parte que está apenas a ajudar (auxiliar), ficando a sua intervenção subordinada à
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Intervenção de Oposição: intervém para deduzir uma pretensão própria, sendo esta
contrária à do autor e à do réu. Esta pessoa vem dizer que tem um direito contrário ao das
partes – é como se tivéssemos uma terceira parte processual. É como se fosse criado um
lado novo, de forma a apreciar o seu direito.
- Se a intervenção for admitida, o terceiro passa a ser parte principal, mas não está ao
lado do réu nem do autor. Trata-se de um direito incompatível com ambos (autor e
réu);
- 333º e 335º CPC
- Oposição mediante embargos de terceiro – 342º CPC
- Quando há uma execução, e os bens são de um terceiro, este tem que ter uma
forma de dizer que o penhorante X, penhorou bens que não pertenciam a B,
mas sim a mim, C.
_________________________________________________________________________
Casos praticos:
2. Condomínio - não tem personalidade jurídica, mas tem personalidade judiciária - 12º/e)
CPC + 1436º/d) CC
3. 12º/a) CPC
5. Legitimidade - a ação tinha que ser intentada por ambos os cônjuges ou apenas por B com
o consentimento de A - litisconsórcio necessário ativo (34º/1 CPC); B não pode sem o
consentimento do outro alienar o imóvel - 1682º/a) CC
Intervenção de terceiros:
6. Luísa não pode intervir, seria um caso de coligação se ambas tivessem em separado
intentado ações contra Carlos. Não o tendo feito, Luísa não poderá intervir na ação de Ana
contra Carlos.
7. 33º CPC - litisconsórcio necessário → 34º/3, parte final → 34º/1, parte final CPC - está em
causa a perda do direito ao arrendamento da casa de morada de família - então para além
de a ação de despejo ser proposta contra B, devia ter sido também contra a sua mulher (X) -
situação de ilegitimidade;
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- X devia ter sido parte principal desde o início - intervenção principal provocada (316º/1
CPC) - A devia chamar X, pois nem X, nem B tinham interesse em espontaneamente
aderir à ação.
Regras: como há uma grande circulação de pessoas no mundo, muitas vezes nos litígios
uma diversidade de estados envolvidos - competência plurilocalizada (tem pontos de
contacto com diferentes estados)
- Para saber qual a competência de cada estado, cada estado define quais as
competências ao nível internacional
- Ex.: cidadão SP compra imóvel em PT, surge um litígio.
- SP tem as suas regras, e PT idem, e pode acontecer que ambos os estados
se consideram competentes para decidir aquele litígio internacional, então o
cidadão vai poder escolher: forum shopping (pode eleger de um dos tribunais
internacionalmente competentes);
Para evitar o fórum shopping, ou seja que o cidadão elega sempre o mesmo estado para
apreciar o litígio, ou que os negócios se estabeleçam maioritariamente nesse estado, a UE
criou regras de uniformização e harmonização das regras de competência
internacional:
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- 59º, 62º, 63º CPC: verificar regulamentos internacionais e da UE que se refiram a esta
matéria, porque as normas do CPC só se aplicam se não se aplicarem os
regulamentos;
- Regulamento da UE 1215/2012: Bruxelas I (matéria civil e comercial)
- Regulamento da UE 1201/2003: Bruxelas II (matéria matrimonial e
responsabilidades parentais) - (1º; 3º; 8º)
- Regulamento da UE 4/2009: matéria de obrigações de alimentos (1º; 3º a 7º; 14º)
- Regulamento da UE 650/2012: matéria de sucessões (1º + 4º)
24º Bruxelas I: Competências exclusivas - se se aplicar este artigo já não se aplica o artigo
4º Bruxelas I, já não interessa onde é que a pessoa tem domicílio:
- 24º/1 Bruxelas I: em matérias de direitos reais: a competência será do tribunal onde
se situa o imóvel (já não há possibilidade de escolha) - exceção: situação muito
específica - ler no artigo;
- 24º/2 Bruxelas I: questão relacionada com uma sociedade: tribunais onde a
sociedade tem a sua sede;
25º Bruxelas I: Extensão de Competência - as partes num contrato podem estabelecer uma
cláusula qual será o tribunal competente, desde que seja de um estado membro
100
Estruturação da Jurisdição Civil: 31º (STJ), 32º (tribunais da relação), 33º (tribunais de 1º
instância) LOSJ
101
102
Regra geral (80º/1 CPC): foro do réu (PS) - a regra geral é a de que a ação seja proposta no
tribunal do domicílio do réu;
- 81º/2 CPC: PC - demandado no tribunal da sede da sociedade - sítio onde se situa a
sede;
SÓ se aplica este critérios se NÃO se aplicarem os artigos 70º a 79º CPC, só se tivermos
a certeza que não é que recorremos à regra geral;
- 70º CPC: situação dos bens imóveis → tribunal competente é o do local onde o bem
(imóvel) se situa;
- 71º/1 CPC: regra se for ação de cumprimento de obrigações → tribunal do domicílio
ocorreu
- 72º CPC: divórcio e separação de pessoas e bens → tribunal da sua área de residência
tribunal competente para a ação principal e será aí que poderá ser proposta a PC
- 82º CPC: mais de 1 réu na causa
103
104
da UE
- Se for matéria civil e comercial: regulamento 1215/2012 - Bruxelas I
(regra geral e depois as regras especiais)
- Se verificamos que estamos perante estados terceiros: regras do CPC (62º e
63º CPC)
- Apenas depois de estar definida a competência internacional do ordenamento jurídico
português, ou se não for preciso de contacto com outros ordenamento jurídicos, só
depois disso analisamos a competência interna.
- Competência Interna:
- Verificar o critério da competência:
- em razão da matéria (matéria de competência dos tribunais judiciais)
- em razão da hierarquia (verificar se a ação é um daqueles casos excepcionais
que dá entrada no STJ ou no tribunal da relação, e se não for deve dar entrada
num tribunal de 1ª instância (regra))
- em razão do valor da causa (analisar se a ação tem um valor superior, inferior
ou igual a 50.000€)
- Em razão do território (competência alargada // tribunais de comarca - 70º ss
CPC - procurar algum critério especial, apenas se não houver é que se aplica
o 80º CPC que é a regra geral)
- sabemos qual o local, sabemos qual o município, e consequentemente qual a
comarca, sabendo o valor da ação sabemos qual é o juízo, se é central cível,
se é o juízo local cível, ou se não houver nenhum destes, se é num juízo de
competência genérica (mapa 3 DL 49/2014)
_________________________________________________________________________
1.
- Estamos perante uma situação plurilocalizada, porque a mesma apresenta factores
de contacto com diferentes ordens jurídicas
- A é espanhol, reside em Madrid, e celebra com B, PT que reside em Braga, um
determinado contrato.
- SP e PT são estados membros da UE: Regulamento 1215/2012 - Bruxelas I -
(Matéria civil ou comercial)
- De acordo com o Bruxelas I, há uma regra geral: 4º BI (B, réu, PT, de acordo com a
regra geral, os tribunais PT são competentes), mas também seria competentes ao
105
abrigo da competência especial - 7º/1/a) BI: matéria contratual (CCV) - lugar onde
deve ser entregue o bem - Porto - tribunais PT são internacionalmente competentes;
- Se a regra geral apontasse para PT, e a regra especial apontasse para SP, o autor
podia escolher qual o tribunal onde propunha a ação;
- Competência interna:
- Em razão da matéria (matéria civil - tribunais judiciais)
- Em razão da hierarquia (verificar as exceções, e se não se enquadra: regra (tribunal
de 1ª instância) - aqui não está em causa nenhuma exceção: regra geral: 1ª instância
- Em razão do valor da causa (determinação do valor da causa: 20.000€ - 297º/1 CPC)
- Saber o valor da causa permite saber que se em princípio houver um juízo de
competência especializada num tribunal territorialmente competente, a ação vai ser
proposta num juízo local (porque o valor inferior a 50.000€)
- Se dentro da comarca e com competência nesse município, há ou não um juízo local
- Em função do território: ver se se enquadra numa situação especial: 70º ao 79º CPC,
se não: regra geral - 80º CPC
- Verificar 70º e ss CPC para verificar se há algum critério especial: exigir cumprimento
de obrigações (71º CPC) - proposta no tribunal do domicílio do réu: Braga, PT (anexo
2 LOSJ + mapa 3 DL 49/2014)
- Tribunal Judicial da Comarca de Braga - juízo local cível de Braga
2. Apenas está em contato com o ordenamento jurídico português, logo a competência será
interna - critérios da competência:
- Em razão da matéria: ação de responsabilidade civil contratual, isso significa que essa
matéria cabe na competência dos tribunais judiciais porque não se insere noutra
ordem jurisdicional;
- Em razão da hierarquia: não estão preenchidas as exceções do 72º, 73º, 53, 55º
LOSJ, logo segue a regra geral: deve ser proposta no tribunal de 1ª instância (79º
LOSJ)
106
107
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Nem toda a doutrina entende que esta matéria se traduz em pressupostos processuais. A
opção da doutrina da faculdade é a de que os pressupostos relativos ao objeto são também
pressupostos processuais ao lado dos pressupostos relativos às partes e do tribunal;
(186º CPC) que se caracteriza como exceção dilatória: que se não for sanada leva à
absolvição da instância (577º/b) + 278º/1/b) CPC)
109
- Em qualquer um dos casos, o objetivo da lei é evitar que sejam repetidos processos,
para eliminar a hipótese de dois tribunais perante os mesmos factos e as mesma
partes darem respostas contraditórias (580º/1 CPC)
- E portanto, se se verificar qualquer uma destas situações trata-se de uma exceção
dilatória que leva à absolvição da instância.
- No caso da litispendência, em que temos 2 processos pendentes
simultaneamente - 582º CPC
- Ex.: A intenta processo contra B, e está a decorrer, quando A intenta o
novo processo com os mesmo factos contra B, deve B no momento da
contestação desta 2º processo invocar a exceção da litispendência -
110
111
Petição Inicial:
- A entrada na secretaria determina o início do processo (259º/1 CPC) - fica constituída
a relação processual;
- 552º a 560º CPC
- 552º/1 CPC: requisitos essenciais
- 552º/2 CPC: indicar o rol de testemunhas, que mais tarde pode modificar, mas se não
indicar nenhuma testemunha na petição inicial depois não vai poder substituir nem
aditar testemunhas, perde esse direito.
- Juntar os documentos - 552º → 423º/1 CPC
- Na petição inicial também deve ser logo junta a procuração forense
- Também tem que ser junto o comprovativo do pagamento da taxa de justiça ou se a
pessoa tiver benefício judiciário, o comprovativo deste (552º/3 CPC)
- Tema das alegações dos factos, causa de pedir e pedido já estudados anteriormente.
- 558º CPC: Controlo pela secretaria da petição inicial
- Quando a petição dá entrada ocorre logo a distribuição do processo
- Registo da ação: ação relacionada com bens imóveis, o autor pode ter interesse em
registar no registo predial que está proposta uma ação sobre o imóvel para dar
publicidade a terceiros que eventualmente queiram adquirir direitos sobre o imóvel (2º
+ 3º CRP);
diga se o processo pode avançar ou não → casos em que o autor pede a citação edital
(226º/4/c) CPC), citação urgente (226º/4/f) + 561º CPC), e quando a secretaria analisa a
petição inicial e entende que falta um pressuposto processual;
- Quando o juiz profere o despacho, este aprecia o fundamento: ou considera que há
uma exceção dilatória e que o processo não pode seguir, profere um indeferimento
liminar (o processo termina aqui e nem é citado o réu); ou ?
Contestação:
- O réu responde à petição inicial
- Peça em que o réu produz todos os meios de defesa que tenha contra o autor
- Forma: semelhante à petição inicial, tem um cabeçalho em que se identifica o tribunal,
as partes e depois tem a narração de factos (posição do réu sobre os factos alegados
pelo autor); no caso das exceções dilatórias - réu alega argumentos de índole
112
processual; exceções perentórias - réu alega factos novos; reconvenção - réu deduz
um pedido contra o autor;
- No final o réu indicar o seu rol de testemunhas e junta os documentos que entende
fazerem prova dos factos que está a alegar, junta a procuração forense, e junta ainda
o comprovativo do pagamento da taxa de justiça; e se tiver um pedido reconvencional
- indica o valor da causa;
- Prazo para contestar: 569º CPC - 30 dias a contar da citação ou do termo do prazo
dilatório;
- 569º/5/6 CPC: prorrogação excecional do prazo;
- 569º/2 CPC: havendo mais do que um réu, todos beneficiam do prazo do último a ser
citado;
- Se o réu não contestar: situação de revelia (absoluta // relativa - 566º CPC) e que esta
tem o efeito de confissão (567º CPC)
Conteúdo da Contestação:
Divide-se em 2 segmentos:
- Contestação defesa (571º CPC) - modalidades de defesa
- Defesa por impugnação (571º/2 CPC) - contrariar o que o autor disse na PI
- Impugnação de facto (a versão dos factos apresentada pelo autor não
corresponde à realidade, é falsa - nega os factos)
- Impugnação de direito (réu contrária efeito jurídico que o autor associa
aos factos que alegou na petição inicial - põe em causa a escolha,
interpretação das normas que refere associadas aos factos da petição
inicial) - do direito conhece o tribunal (5º/3 CPC)
113
- 573º CPC - o réu tem o ônus de concentrar na contestação todos os meios de defesa
deduzindo-os neste momento, não pode deixar para outro momento, tem que
introduzir todos os meios de defesa, se não alegar na contestação, perde o direito,
mais tarde não pode vir alegar, mesmo que tenha razão, se não forem aplicados os
meios de defesa na contestação perde esse direito.
- Contestação reconvenção - permite que o réu que entende que tem um direito sobre
o autor, em vez de ter que propor uma nova ação para discutir esse direito, aproveita
o facto de já haver um processo iniciado para deduzir contra ele esse pedido - objetivo
de economia processual
- Se for apresentada reconvenção, então o autor passa a ser reconvindo/a, e o
réu passa a ser o reconvinte;
- 266º/1 CPC - o réu pode deduzir pedidos contra o autor
- 266º/2 CPC - casos (taxativos) em que é admissível a reconvenção
- 266º/6 CPC: o autor deduz o seu pedido e o réu apresenta uma reconvenção,
por algum motivo falta um pressuposto processual relativamente ao autor, e
portanto juiz vai absolver o réu da instância em relação ao pedido do autor,
mas quanto à reconvenção esta prossegue autonomamente para apreciar o
pedido reconvencional;
114
_________________________________________________________________________
Exame (5/02/2016):
3.
- O autor deveria ser Inacio e não Julia - esta forma de defesa é um meio de defesa por
exceção dilatória - o autor carece de legitimidade processual (falta um pressuposto
processual) - 576º/2 + 577º/e) CPC - se a exceção fosse procedente - absolvição do
réu da instância;
- Legitimidade da Júlia: conceito de legitimidade (30º/1 + 30º/3 CPC) - meio de
defesa improcedente porque Julia tinha um crédito sobre a sociedade
- Existe contradição entre o pedido e causa de pedir? Ineptidão da petição inicial -
Também como na contestação se verifica um efeito cominatório pela situação de não ser
apresentada réplica (567º CPC): situação de revelia
- Se o réu apresenta reconvenção e o autor não apresenta réplica, também se
consideram provados esses factos novos (admitidos por acordo - efeito cominatório
semi-pleno)
- Quando o réu contesta tem um ônus da impugnação especificada, quando contesta
deve tomar posição individualizada de cada um dos factos, dizer se o facto 1 é
verdadeiro ou falso, se impugna, se aceita, porque se ele não tomar posição e os
factos não resultarem impugnados do conjunto da defesa, esses factos vão ser
admitidos por acordo, isto é, se o réu contestar e disser que o facto 1 é falso e o facto
3 é verdadeiro, mas não disser nada quanto ao facto 2 e 4, estes vão se considerar
admitidos por acordo, vão se dar como provados;
115
221º + 255º CPC: Enquanto que na contestação é a secretaria que notifica o autor, após este
momento, todos os requerimentos que as partes derem entrada, tem o dever de notificar o
seu colega da parte contrária, ou seja, a réplica vai ser notificada pelo advogado do autor ao
advogado do réu (obrigação de notificar a parte contrária)
→ Aqui termina a fase dos articulados, ou quando não seja possível réplica, termina no final
da contestação.
Há ainda 3 casos que é admissível que fora da fase dos articulados as partes apresentem
articulados:
- Articulado que surge em resposta: quando é deduzida uma exceção no último
articulado admissível - tem que haver uma resposta a essa exceção e esta vai ocorrer
(3º/4 CPC): no início da audiência prévia, ou se não houver, no início da audiência de
julgamento (de forma oral);
- Face à exceção deduzida, em vez de se esperar pela audiência para ditar para
a ata, o que pode atrasar a audiência, pode-se deduzir a resposta à exceção
por escrito (para facilitar o decurso da audiência, de acordo com os princípios
da adequação formal e economia processual)
- Articulados de aperfeiçoamento: visam suprir insuficiências ou imprecisões na
alegação da matéria de facto dos articulados normais, isto é, a petição inicial e/ou a
contestação ao nível da alegação da matéria de facto não estão elaborados da forma
mais adequada, e isso pode levar a que a ação ou a defesa sejam improcedentes,
porque os factos essenciais à ação ou à defesa não estão corretamente explicados,
e por isso o juiz quando detecta essa situação deve convidar as partes a apresentar
articulados de aperfeiçoamento;
- O juiz faz este convite às partes num de dois momentos:
- Ou no despacho pré-saneador (590º/2/b) + 4 CPC)
- Ou se não houver despacho pré-saneador, será no momento da
audiência prévia (591º/1/c) CPC)
- Se as partes aceitarem o convite, apresentar posteriormente esse articulado
aperfeiçoado, tem a outra parte o direito a responder (pode exercer o
contraditório) - 590º/5 CPC
- Prazo para a outra parte responder ao articulado aperfeiçoado - prazo
geral: 10 dias (149º CPC - prazo supletivo)
- Remissão 590º/5 → 149º CPC
- Articulado superveniente propriamente dito (588º + 589º CPC): serve para introduzir
no processo factos que ocorreram depois dos articulados normais, na petição inicial e
na contestação as partes devem introduzir todos os factos essenciais para a resolução
da causa, mas há factos que podem ocorrer depois destes momentos temporais, e
estes factos novos podem ter relevância para a decisão, e tem que haver uma forma
de as partes poderem trazer estes factos para o processo - articulado superveniente;
116
Estes factos introduzidos através destes articulados: passam a ser factos do processo como
os anteriores referidos nos articulados normais, significa que na sentença o juiz vai apreciar
todos os factos.
117
- Tentar decidir tudo o que puder já ser decidido antes da audiência de julgamento
Nesta fase intermédia há diferentes tipos de atos que podem ser praticados, que nem sempre
ocorrem, depende as situações:
1. Despacho Pré-Saneador (590º CPC): despacho que pode surgir a seguir aos
articulados, não é obrigatório, só surge quando o juiz entender que este se justifica,
para cumprir uma ou várias funções:
- Sanar a falta de pressupostos processuais (590º/2/a) CPC)
- 6º/2 CPC - poder dever de direção do processo - verificar se os
pressupostos processuais estão presentes, porque caso não estejam
verifica-se uma exceção dilatória que leva à absolvição da instância;
- Quando se verifica a falta de um pressuposto processual:
- Ou é um vício que o juiz pode corrigir oficiosamente, não
precisa que nenhuma das partes solicite;
- Ou se se trata de um vício que o tribunal não pode
corrigir, convida as partes a realizar a correção;
- Verificar as normas 14º, 27, 34º, ss CPC
- Ex.: no caso de um pressuposto de legitimidade (exceção de
ilegitimidade ativa): não pode ser o tribunal a chamar a pessoa,
tem que ser a parte a suscitar a pessoa - incidente de
intervenção de terceiros;
- Correção da irregularidade dos articulados (590º/2/b) + 3 CPC)
- São irregulares quando carecem de requisitos legais ou a parte não
haja apresentado um documento essencial para o prosseguimento da
causa, ou seja há uma irregularidade quase formal, então o juiz convida
a parte a corrigir a irregularidade;
- Correção ou comportamento dos articulados deficientes (590º/2/b) + 4 CPC)
- Do ponto de vista formal cumprem todos os requisitos, mas ao nível
dos factos, a alegação dos factos não está correta, tem que ser melhor
elaborada, então o tribunal convida a parte a aperfeiçoar o articulado;
- Se qualquer um destes articulados aperfeiçoados forem
introduzidos, a outra parte tem que ter oportunidade de
responder - tem que ter sempre o direito ao contraditório (590º/5
CPC) - se houver factos novos introduzidos a parte contrária
tem que tomar posição específica sob pena de eles serem
admitidas por acordo;
- Junção de documento que permita a imediata apreciação de uma exceção
dilatória ou o imediato conhecimento do pedido (590º/2/c) CPC)
→ O despacho pré-saneador não são despachos que o juiz decide se profere ou não, se se
verificar uma situação das referidas o juiz tem o dever de proferir o despacho, porque se o
juiz não praticar este ato estaremos perante uma nulidade processual (195º CPC) - se há um
ato que a lei obriga a fazer e não é realizado, então tudo o que seja feito após esta falta de
praticar este ato pode ser tudo destruído.
118
Na audiência prévia também são proferidos vários Despachos relevantes para o processo
em geral, mas sobretudo para a audiência final:
- Despacho Saneador: proferido na AP quando esta realiza, mas mesmo quando não
se realiza AP tem que haver despacho saneador porque este vem verificar a
regularidade da instância:
- Verificar se estão reunidos os pressupostos processuais necessários para
a ação prosseguir, ou seja, verificar a falta de pressupostos processuais -
exceções dilatórias:
- Se a exceção dilatória não for corrigida leva à absolvição da instância;
- A decisão sobre as exceções dilatórias apenas forma caso julgado
formal (620º CPC)
- Sendo corrigida o processo prossegue;
- Verificar nulidades que tenham que ser corrigidas
- Ex.: ineptidão da petição inicial, erro na forma de processo, falta de
citação do réu;
- A verificação de uma nulidade não significa que haja absolvição da
instância, pode apenas eliminar-se os atos que sofrem de nulidades;
- Esta decisão sobre as nulidades também gera caso julgado formal;
- Mas o despacho saneador pode ter outra finalidade, que é eventual:
conhecimento imediato do mérito da causa (olhar para os factos e proferir
uma decisão da matéria)
- Quando o tribunal entende que está em condições de decidir o mérito
da causa: Saneador-Sentença - exemplos:
- Situação de inconcludência do pedido (os factos que o autor
alegou na petição inicial, mesmo que fossem todos provados
não chegam para fundamentar o direito que o autor pede):
decide de imediato - absolvição do réu do pedido;
- Também pode acontecer uma situação de
inconcludência do pedido reconvencional;
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Quando surge um despacho saneador, mas este não puser fim ao processo, o processo
prossegue, e vão ser proferidos outros despachos na audiência prévia:
120
Meios de Prova:
Prova Documental (362º CC) - qualquer objeto elaborado pelo homem com a finalidade de
reproduzir ou representar uma pessoa, coisa ou facto; isso significa que não são apenas
documentos os documentos escritos, há documentos não escritos - 368º CC (ex.: fotografia,
vídeo)
Não há dúvida que os documentos mais importantes são os escritos (363º CC):
- Documentos autênticos (363º/2 CC) - documentos que são elaborados por um oficial
com competência pública ou notário (ex.: escritura pública)
- Documentos particulares - documentos feito por um particular e assinado pelas
partes
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383º CC: Certidões - cópias que são extraídas dos documentos oficiais
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Sempre que um documento é apresentado a outra parte tem sempre o direito de exercer o
contraditório, quer quanto à admissibilidade do documento como quanto à sua força
probatória;
- 427º CPC: notificação à outra parte da apresentação de novo documento;
- A parte pode reagir contra os documentos em geral, mas há 2 formas que podem por
em causa a genuinidade ou autenticidade do documento:
- 444º CPC: incidente de impugnação da genuinidade do documento -
quando a parte quer por causa a letra ou a assinatura de um documento
particular;
- 446º CPC: Incidente de Ilisão da autenticidade ou da força probatória de
documento - documento falsificado;
Sempre que é pedida a junção de um documento a outra parte tem o direito de exercer o
contraditório e só depois o juiz vai apreciar e decidir se admite a junção do documento ao
processo;
- Se o juiz entender que o documento não é necessário ou não foi respeitado o prazo e
não podem ser juntos, indefere o requerimento - 443º CPC
Prova por Confissão (352º CC): reconhecimento que a parte faz de um facto que lhe é
desfavorável e favorece a parte contrária
- 355º CC: Confissão judicial // Confissão extrajudicial → conforme é feita dentro ou fora
de um processo judicial;
Confissão Judicial: obtida através de um meio de prova: Depoimento de parte (452º a 465º
CPC): ouvir a parte sobre determinados factos com vista a obter a confissão (factos
desfavoráveis a essa parte)
- Pode ser o juiz a pedir o depoimento de parte ou a parte contrária a pedir: tem que
alegar a matéria sob a qual vai versar o depoimento de parte
- 453º CPC: pode ser exigido de pessoas que tenham capacidade judiciária
- Pessoas coletivas: deve ser prestado pelo legal representante (gerente ou
administrador)
- 453º/3 CPC: depoimento dos seus compartes (pessoas que estão do mesmo lado da
ação)
- Factos que podem estar em causa no depoimento de parte: 454º CPC - factos
pessoais ou que tenha necessariamente que ter conhecimento;
- 459º CPC: juramento antes do depoimento de parte
- 460º, 461º, 461º CPC: desenvolvimento do depoimento de parte
- Se a parte prestar confissão: esse facto tem que ser deduzido a escrito (463º CPC):
assentada
- a confissão é irretratável - 465º/1 CPC - a parte que confessou não pode voltar atrás
com os factos;
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- 465º/2 CPC: Porém, as confissões expressas de factos, feitas nos articulados, podem
ser retiradas, enquanto a parte contrária as não tiver aceitado especificadamente -
aceitação específica
- Valor probatório da confissão: 358º/1 CC - força probatória plena
- Remissão para o 353º CC - requisitos da confissão eficaz
Declarações de Parte (466º CPC): a própria parte pede para prestar declarações em tribunal
- Os tribunais tendencialmente não valoriza muito estas declarações (valorizam mais
as declarações que o prejudicam)
- Aplicam-se as regras do depoimento de parte;
- As declarações de parte está sujeito à livre apreciação da prova - o juiz dá o valor que
entende dar às declarações, a não ser que a parte confesse factos que lhe sejam
desfavoráveis, quanto a esses factos confessados faz-se a assentada e tem força
probatória plena;
Prova Pericial (388º CC): tem como funçao apreciar factos através de peritos → qualquer
matéria que exija um conhecimento especial que os juízes não tem que ter;
- 467º a 489º CPC
- singular ou colegial (468º CPC)
- 475º CPC: objeto da perícia
- Depois de a perícia ser requerida pelas partes, o juiz decide se é admitida (476º CPC)
- 478º ss CPC: peritos
- 484º CPC: relatório pericial
- 485º CPC: reclamação ou pedido de esclarecimentos do relatório
- 486º CPC: comparência pessoal dos peritos na audiência final - prestar julgamento
- Valor probatório da perícia (389º CC) - princípio da livre apreciação
Verificações não judiciais qualificadas (494º CPC): sempre que seja legalmente
admissível a inspeção judicial, mas o juiz entende que não se justifica face à natureza da
matéria, pode ser pedido a um técnico ou pessoa qualificada para proceder aos atos de
inspeção de coisas ou locais ou de reconstituição de factos e de apresentar o seu relatório.
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526º CPC: no decurso da ação o tribunal se aperceba de que há uma pessoa que não foi
arrolada como testemunha por nenhuma das partes, mas pode ter conhecimentos relevantes
para a decisão do processo, o tribunal pode decidir notificar a pessoa para vir prestar
depoimento como testemunha;
Fase Final:
Sentença:
→ estrutura que se divide em 3 parte:
- Relatório (607º/2 CPC): resumo do que se passou até aquele momento e assuntos
que devem ser apreciados;
- Fundamentação (607º/3/4 CPC):
- Olhar para a matéria de facto e dizer quais os que considera provados e não
provados e vai ter que justificar as suas opções;
- Depois de definir a matéria de facto provada vai ter que procurar, escolher e
interpretar as normas jurídicas a aplicar para os factos, e vai ter que explicar
qual foi o raciocínio jurídico que o levou a aplicar as normas e quais as
consequências que extrai destas normas, independentemente do que as
partes tenham alegado relativamente ao direito - princípio iura nova cúria
- 608º/2 CPC: a sentença conhece em primeiro lugar as questões processuais;
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Vícios da Sentença:
- Vícios que a sentença pode padecer e que a torna nula ou anulável e portanto
inadequada a produzir o seu efeito normal que é decidir a causa;
- 2 tipos de vicios:
- Nulidade:
- quando a pessoa que decidiu não tinha poder jurisdicional (sentença
proferida por alguém que não é juiz no tribunal)
- Quando falta a parte da decisão ou esta é ininteligível
- Quando o juiz não assinou a decisão - nulidade sanável (615º/1/a) + 2
e 3 CPC)
- O CPC não diz que estes casos são causas de nulidade
- Anulabilidade:
- Falta de fundamentação (615º/1/b) CPC → 607º/3 CPC)
CPC)
- O CPC refere estes casos como causas de nulidade
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Quando uma sentença tem erros materiais (lapso do tribunal - ex.: enganou-se a escrever o
valor do pagamento) - 614º CPC → retificação
616º CPC: não haver recurso, uma das partes entende que o tribunal se enganou a aplicar
uma norma jurídica ou a qualificar os factos, ou não teve conhecimento de um meio de prova
fundamenta, e portanto houve um erro claro no raciocínio, não é uma nulidade, é um lapso →
reforma da sentença - 616º/2 CPC
Exame (estrutura):
- Identificar especie de ação, valor da causa, objeto do processo e qualificar os pedidos;
- Competência;
- Prazos;
- Tramitação da ação declarativa com os princípios e as provas;
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