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Processo Civil

Direito Processual Civil (Universidade Catolica Portuguesa)

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Direito Processual Civil (Inês Reigoto e Ana Carvalho) - 2018/2019

Professor: André Flores Martins


Email: aamartins@porto.ucp.pt

Avaliação:
- 2 Trabalhos
- Avaliação oral (15/17 Dez)
- Acordao: tema da prova (AC 2018)
- Apresentar situação material
- Solução que foi dada
- Destacar a importância do meio de prova
_________________________________________________________________________

→ O direito processual civil tem a função instrumental de concretização jurisdicional das

normas de conduta de direito privado material.

Processo Civil: Sistema de normas instrumentais (adjetivas), que regula as atuações dos
sujeitos de direito privado e dos tribunais tendentes à concretização jurisdicional do direito
substantivo.
- Sempre como um instrumento de concretização através dos tribunais.
- Ex.: A vende casa a B, B tem que pagar o preço. Se B não cumprir a obrigação, não
é no código civil que vamos encontrar as normas que regem o processo para que A
exija o pagamento de B, estará no código do processo civil.

Princípio da proibição da autodefesa (1º CPC) - não pode recorrer à sua própria força para
repor a legalidade, tem que recorrer ao tribunal. Exceto em determinadas situações (336º,
337º, 338º CC)

1º CPC → 113º + 205º CRP: fundam o sistema de administração da justiça

Princípio da proibição da heterotutela privada - a ninguém é lícito recorrer à força para


defender terceiro. Salvo exceções (336º, 337º, 338º CC)

É a partir destes princípios que se funda o direito processual civil.

As normas de processo civil são adjetivas, de natureza pública.

O tribunal compõe os interesses em conflito, de forma a que possam coexistir.


Há outros sistemas de composição destes interesses sem ser o tribunal, estes sistemas
podem se diferenciar em 2 criterios:
- sistemas em que temos sujeitos ativos
- composição heterónoma (o conflito é decidido por um terceiro)
- Heterotutela (sistema de decisão dos conflitos no terceiro, mas este é
parcial (esta para defender uma parte em concreta))

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- Heterocomposição (sistema de litígio na decisão do terceiro →


imparcial) (TJ, mecanismos alternativos)
- composição autónoma (o conflito é decidido pelas próprias partes)
- Autotutela (a decisão está nas próprias partes mas é imposta de forma
autoritaria)
- Autocomposição (poder de decisão das partes e estas chegam à
decisão de forma consensual)

- Sistemas que se diferenciam quanto à forma de composição


- autoritária/coativa (a decisão é imposta às partes por poderes de autoridade)
- consensual/persuasiva (o resultado é obtidos por consenso entre as partes)

A atividade do tribunal judicial, no âmbito das ações declarativas é de


heterocomposição.
- Responsabilidades parentais - o tribunal nestes casos exerce numa composição de
heterotutela (parcial) - defesa da criança;
- Casos em que antes ou depois de terem um litígio, chegam a um acordo e terminam
com o litígio, fazendo as cedências recíprocas, neste caso temos uma composição
autônoma, então temos um exercício de autocomposição (ambos chegam ao
consenso)

Este sistema de administração da justiça, para além dos princípios que referimos, só pode
funcionar se os tribunais forem os únicos para administrar a justiça:
- Princípio do Monopólio da Administração da Justiça pelos Órgãos Estaduais:
únicos órgãos de soberania com competência para administrar a justiça (113º + 115º
CRP)

Portanto podemos afirmar que a estrutura jurisdicional é composta por um sistema


heterônomo, de heterocomposição (imparcial).

Processo Civil: é o conjunto de normas que regula a formalização da atividade de


heterocomposição autoritária e imparcial de pretensões/interesses conflituados que é
desenvolvida pelos tribunais judiciais.

SAJ (sistema de Administração da Justiça)


- Tribunais Judiciais: STJ, tribunais da relação, 1º instância (comarca)
- Tribunais Administrativo Fiscais: STA, TCA, TAF
- MRAL (mecanismos de resolução alternativa de litígios) - formas alternativas aos
tribunais judiciais: Arbitragem voluntária, Mediação, Julgados de paz.

Surgiram transformações sociais que levaram a um fenômeno de consciencialização de


direitos por parte dos cidadãos, o que levou a que o SAJ ficasse inundado de processos
judiciais, exercendo pressão sobre os tribunais. O sistema ficou sobrecarregado, não
conseguia ter celeridade e tinha custos muitos elevados com os processos, então
desenvolveram estruturas alternativas, libertando a pressão dos tribunais judiciais. Ou seja,

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o sistema vai oferecer várias alternativas (tempo/custo) - mais celeridade e maior custo das
alternativas (+ custo = - tempo)

Arbitragem Voluntária (Lei 63/2011 - 14 de Dezembro):


- É um modo de resolução jurisdicional de conflitos em que a decisão, com base na
vontade das partes, é atribuída a um terceiro.

1º LAV - qualquer litígio que 2 partes tenham, desde que o litígio seja relativo a interesses
patrimoniais (não haja interesses pessoais), as partes podem em vez de resolver o litígio nos
tribunais judiciais, fazer um acordo de convenção de arbitragem, atribuindo a resolução do
litígio a um árbitro. Esta convenção é que permite que as partes recorram à arbitragem
voluntária
- 1º → 2º/1 LAV (forma da convenção: escrita)

2 tipos de Convenções:
- Cláusula compromisória (futuro)
- A e B contrato de empreitada: ao redigir o contrato inserem uma cláusula, caso

surja um litígio no futuro, desde já declaram que em vez de ser resolvido no

tribunal judicial, vão recorrer à arbitragem → convenção de arbitragem -

cláusula compromissória (1º/3 LAV)


- Compromisso arbitral (presente)
- Compromisso arbitral: fizeram o tal contrato inicial e não inseriram a cláusula,
tem mais tarde um litígio, já existe o litígio e decidem no momento que vão
resolver sob a arbitragem.
OU
- Estão no tribunal judicial com um litígio que nunca mais avança, podem fazer
cessar o processo no tribunal (absolvição da instância), e tentar resolver pela
arbitragem (280º CPC)

Efeitos da Convenção de Arbitragem:


- Os TJ deixam de ter poder para resolver aquele litígio, tem que ser resolvido através
da arbitragem, já não pode ser o TJ a resolver (96º/b) + 577º/a) CC + 5º LAV)
- Se existir a convenção de arbitragem, e o senhor A que tem um litígio com B,
intentar o processo judicial vai gastar 10.000€, se for para o arbitral gasta
100.000€, e então vai ignorar a existência desta convenção e dá entrada no
TJ de uma petição inicial. (A - autor/B - réu).
- O réu defende-se com o documento da contestação, e pode defender-se de
várias formas, pode defender-se por exceção: alegar que este TJ não é
competente para resolver este litígio: B alega uma exceção dilatória do
arbitral (matéria processual) - TJ não pode decidir.
- O TJ vai ver a convenção arbitral, vai dar razão ao B, e faz cessar o processo
através de uma absolvição da instância.

Composição da Arbitragem:

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Partes recorrem a uma arbitragem:


- Ad hoc (nasce e morre para o caso)
- Institucionalizada (entidade que organiza arbitragens - ex.: instituto comercial do
Porto)

Regras Gerais sobre o Funcionamento:


- Nº de arbitros (8ºLAV):
- pode ser 1 único árbitro
Ou
- um tribunal arbitral (nº que as partes quiserem, mas sempre um nº ímpar; se
as partes não concordarem o nº de árbitros são 3)
- Árbitros devem ser pessoas singulares e ser plenamente capazes (9ºLAV) - não é
necessário ter determinada especialização, é habitual haver juristas e pessoas
formadas na área específica da questão suscitada.
- O árbitro tem que ser independente (apenas estão sujeitos à lei) e imparcial (não
devem ler ligação aos interesses ou às partes)
- Os árbitros não podem ser responsabilizados pelos danos causados a terceiros
(Princípio da irresponsabilidade) - 1º/3 LAV
- Regras e princípios do processo arbitral (30º/2 LAV): enquanto num processo judicial
as regras a seguir são as do CPC, no arbitral as partes é que definem as regras que
se aplicam ao seu processo (que prazos tem que ser cumpridos, quantas
testemunhas, quando se realiza a audiência, etc.). Se as partes não definirem as
regras, são os árbitros que decidem.
- 30º/1 LAV - tem que respeitar determinados pressupostos:
- O demandado é citado para se defender (princípio do direito da defesa)
- As partes são tratadas com igualdade (princípio da igualdade)
- Não pode ser praticado nenhum ato, introduzida nenhuma prova, sem que seja
dada à outra parte a hipótese de se pronunciar (princípio do contraditório)

O processo segue e no final o árbitro profere uma sentença arbitral, nesta sentença os
árbitros fazem o mesmo que o juiz do TJ:
- julgam de acordo com o direito (39º LAV);
- as partes podem dizer aos árbitros para decidirem segundo a equidade: permitir a
decisão não de acordo com as normas jurídicas, mas permitir uma adaptação das
regras ao caso concreto (modelar a decisão para que haja justiça no caso concreto).

A decisão/sentença arbitral por regra não é suscetível a recurso (39º/2 LAV), a não ser que
as partes tenham convencionado que há a possibilidade de recurso.

A sentença arbitral pode ser anulada se não tiverem sido cumpridas as regras/princípios
(inválida). É pedida a anulação, que é decidida por um tribunal da relação (46º + 59º LAV)

Ex.: A emprestou 100.000€ a B, e este não pagou. Então A vai iniciar um processo contra B
num tribunal judicial (tribunal de 1º instância). Esta ação de A é uma ação declarativa de
condenação (ação em que o A vai pedir ao Tribunal o que é de direito naquele caso, que B
não pagou o preço, e o tribunal vai se pronunciar sobre a veracidade da ação declarativa).
Corre naturalmente o processo, recorre até ao STJ, e transita em julgado (B tem que pagar
100€). Se B não pagar A tem que iniciar uma ação executiva.

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- Na ação declarativa apenas se pede para declarar o que é direito


- Na ação executiva, já há uma intervenção no património

Afirma-se que o TJ tem uma balança (ação declarativa) e uma espada (ação executiva)
- Mas a Arbitragem apenas tem competência para as ações declarativas. A ação
executiva é exclusiva do estado (TJ)

→ A arbitragem é outra forma de heterocomposição de conflitos (terceiro que de forma


autoritária e imparcial decide o litígio)
→ A arbitragem também pode terminar com um acordo das partes → transação (41º LAV)

Mediação Civil e Comercial (Lei 29/2013, 19 de Outubro):

A mediação consiste numa forma de resolução de litígios que pode ser realizada por uma
entidade pública ou privada, através da qual duas, ou mais partes que estão em litígio, tentam
chegar a um acordo de forma voluntária, e são ajudadas nessa tarefa por um mediador de
conflitos (2º/a) LM)

Sistema que é autónomo, não está dependente de um terceiro. É consensual e não


persuasivo. Ao contrário do que acontece no caso do TJ ou da arbitragem.
- Aqui são as partes que chegam à resolução do conflito, o mediador não impõe nada,
apenas auxilia.
- Esta lei (LM) regula a mediação prejudicial.

Há 2 tipos de mediação:
- Mediação prejudicial: antes de uma das partes recorrer ao tribunal recorre à
mediação (13º LM)
- 13º/2 LM - se as partes tentarem fazer a mediação, suspende prazos da
caducidade e da prescrição.
- Ex.: A causou danos patrimoniais a B. B tem 3 anos para pedir a indemnização,
passado os 3 anos prescreve.
- Tribunal: então imaginemos que prescrevia a 15/09/2018, se B fizesse o
pedido de indemnização, o réu (A) tinha que ser citado até à data da prescrição
(15/09), e só recebeu a notificação a 17/09, já tinha passado o prazo e já tinha
prescrevido.
- Enquanto que, se A e B decidirem tentar resolver o litígio através da mediação
o prazo suspende-se, a 5/09 iniciam o processo de mediação, nessa data
suspende-se o prazo de prescrição.

- O mediador realiza uma reunião para que as partes conversem sobre o litígio
e tentem chegar a acordo.
- Se chegarem a acordo, as partes tem a possibilidade de pedir a homologação
judicial do acordo (pedir ao tribunal que confirme o acordo e lhe dê força
executiva - 14º/3 LM).

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- A vantagem da homologação é, se uma das partes não cumprir o acordo, já


não é necessário intentar ação declarativa, porque já se definiu o que era de
direito no acordo, passa-se logo para a ação executiva (atacar o património
para obter o cumprimento)
- Mediação endo-processual
- 273º CPC: Mesmo num processo que já se iniciou no TJ, numa determinada
fase do processo, o juiz pensa que a mediação seria resolução, então
sugere/obriga a recorrerem à mediação.
- Mas mesmo qd o juiz não o faz, as próprias partes podem optar por suspender
o processo judicial e recorrer à mediação.
- Ou as partes chegam a acordo e depois o juiz analisa o acordo e
homologa.
- Ou as partes não chegam a acordo e dizem ao juiz que não funcionou
e o litígio tem que seguir.

Julgados de paz (Lei 78/2001, 13 de Julho):

→ Estrutura que não é paralela aos TJ, tem uma componente pública, onde o processo é mais

simplificado, resolvem processos mais simples.

Os JP são instituições que resolvem processos e conflitos, em que estes não são decididos
por juízes togados. Os juízes de paz não são formados pelo CEJ. Os JP tem competência
para determinadas ações em função de diferentes requisitos:
- Valor do processo (só tem competência para resolver questões que não exceda
15.000€ (8º LJP))
- Limitações na competência em razão da matéria, há matérias específicas (9º LJP);
9º/e) LJP → 1302º CC
- Estão limitados ao nível da competência (11º ao 14º LJP) - forma da competência
territorial

Questão Doutrinal - a competência atribuída aos julgados de paz, é exclusiva ou meramente


alternativa à dos TJ?
- Ex.: Temos o juízo local civil do Porto (ações inferiores a 50.000€) e temos também o
Julgado de Paz do Porto (açoes inferiores a 15 mil €). A e B tem litígio sobre terreno,
A é proprietário do terreno e B esta a ocupar este, então A propõe ação de
reivindicação - ação de 12.500€.
- A está obrigado a intentar ação no TJ ou pode escolher entre o TJ e o JP?
- A questão é: nas localidades onde tem julgado de paz, e cumpre as requisitos
necessário para que o conflito se resolva por este, se tem necessariamente de ser
intentado no julgado de paz, ou se o cidadão pode escolher entre intentar no tribunal
judicial ou no julgado de paz.
- Do ponto de vista constitucional, a doutrina tem dito (209º CRP) que os
julgados de paz não se confundem com os TJ. Há uma clara distinção, e
portanto, obrigar as pessoas a recorrerem ao julgado de paz e não dar a
oportunidade de recorrer ao TJ, pode violar o direito de acesso aos tribunais

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(20º CRP). Para além de que os juízes de paz não tem a mesma formação que
os juízes togados. Ou seja, do ponto de vista constitucional é defendida a
alternativa.
- Há defesa na tese contrária, então para que é que o estado criou o julgado de
paz??
- Se o objetivo é diminuir a pressão sob os TJ, só se consegue se der trabalho.
Portanto, na jurisprudência houve um acórdão de uniformização (AC.
11/2007), no sentido de dizer que a competência dos julgados de paz é
meramente alternativa e não exclusiva.
- A e B tem litígio. B afirma que o TJ não tem competência, ou seja, só o julgado
de paz podia decidir. Afirmativa a exclusividade.
- Começaram a surgir divergências, e foi feito o acórdão uniformizador.
- A posição adotada na UCP é de acordo com o acórdão uniformizador.

Características JP + Comparação da tramitação do processo no JP/TJ:

Os JP são uma estrutura paralela com os TJ, foram criadas dentro da lógica do
descongestionamento dos TJ, de forma a que os processos sejam mais céleres, e os
processos são mais simples.

Princípios (2º LJP): construído de forma a visar desformalismos, simplificação e oralidade →

estas ideias estão espelhadas na forma com a legislação dos JP se dispõe.

TJ:
- Autor: inicia ação (petição inicial - expõe factos sobre o litígio)
- Reu: este é citado e tem oportunidade de se defender - contestação)
- Estes documentos tem que ser obrigatoriamente por escrito (forma)

JP:
- Demandante: requerimento inicial
- Demandado: contestação
- Pode ser apresentado oralmente (garante a simplicidade, informalidade e rapidez)

- Ao contrário do que acontece nos TJ, as partes (autor e reu) representados por
advogado, nos JP o demandante e demandado, podem pleitear por si (defender-se
a si).
- Além disso, os JP necessitam de participação ativa para encontrar soluções
rapidamente,portanto as partes tem que comparecer pessoalmente nos atos JP,
enquanto que na audiência do TJ não tem obrigatoriamente que estar presentes (a
não ser que sejam chamados)
- Nos JP, tentam conciliar as partes, chegar a um acordo, tentar que as partes
participem.
- Entre as circunstâncias que atrasam os processos judiciais, no processo judicial é
possível requerer uma prova pericial, esta prova pode fazer com que os processos
demorem mais tempo, pode ser uma das causas que TJ demore mais tempo.

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- Nos JP não podem pedir prova pericial, se quiserem pedir prova pericial, tem que
ser remetido para o TJ.

Perícia: análise efetuada por perito a questões/temas que porque envolvem complexidade
que o juiz, nem as partes dominam, se solicita que este perito elabore um relatório sobre
essas questões (ex.: analisar contabilidade; ato médico negligente; etc)

Diferença entre tramitação do processo TJ e JP e Conjunto de atos até à Decisão Final:

TJ:
Fase dos Articulados (escrito por artigos - Ex.: Art 1º - no dia tal o A realizou contrato com B,
etc)

Autor: Petição Inicial (requerimento em que faz vários pedidos) - ex.: condene réu a pagar
determinado valor.

Reu: citado da petição inicial (30 dias para se defender através de documento escrito:
- Contestação: ex.: não devo o valor, não cumpri por isto ou aquilo.
Mas pode também simultaneamente apresentar ele próprio um pedido contra o autor:
- Reconvenção - ex.: não só não devo o valor ao autor, como ele é que me deve X.
Se ele apresentar esta reconvenção,
O autor tem a possibilidade de se defender (30 dias):
- Réplica

Juiz vai olhar para o caso e marcar:


- Audiência Prévia
- Questões que tem que ser decididas e que as partes tem que fazer prova
- Se réu deve X e se autor deve Y
- Define o objeto do litígio
- Na audiência prévia podem dizer que no julgamento querem ouvir
testemunhas, fazer prova pericial, etc (indicar meios de prova)
- Marca-se o julgamento

- Audiência de julgamento: decorre, ouve-se as testemunhas, ouve-se as partes,


peritos, termina a audiência e juiz profere a
- Sentença

Dependendo do valor da causa pode haver um recurso para o Tribunal da Relação - Supremo
Tribunal de Justiça - Tribunal Constitucional
- As fases todas estamos a falar entre 8-10 anos

JP:
- Requerimento inicial (43º LJP)
- Citado o demandado para se defender (10 dias) - Reconvenção e Réplica (são mais
reduzidas as hipóteses)
- Há poupança de tempo

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- Tentativa de acordo - abre-se fase de mediação, antes da fase da discussão


propriamente dita, chamadas pessoalmente, se chegarem a acordo através da
mediação o processo termina - homologado pelo juiz de paz
- Se recorrerem à mediação diretamente é o juiz do TJ que homologa, se a mediação
for inserida através dos JP, é o juiz JP que homologa.
- Processos no JP são muito mais simples do que os do TJ, não há audiência prévia,
passa-se para a audiência de julgamento
- No julgamento do JP, as partes são obrigadas a estar pessoalmente no dia do
julgamento, coisa que não acontece no TJ (não necessitam de ir), antes de se iniciar
o julgamento o juiz de paz vai tentar que cheguem a acordo de novo, se houver
testemunhas são ouvidas e termina a audiência.
- Juiz de paz profere Sentença: a sentença proferida pelo Juiz do JP (61º LJP), tem o
mesmo valor do TJ de 1º instância (ou seja, se uma das partes é condenada e não
cumpre voluntariamente, a outra parte pode propor uma ação executiva diretamente
no TJ, ou seja, a sentença do juiz de paz substitui a ação declarativa do TJ de 1º
instância).
- A sentença do JP é passível de recurso, a parte que perdeu se não concordar pode
recorrer desde que (62º LJP), o processo em causa tenha valor superior a metade da
alçada da 1º instância (2,5)

→ Se o demandante apresentar requerimento inicial e demandado não se defender


(contestação) e não aparecer no julgamento, considera-se que tudo o q o demandante disse
no requerimento inicial é verdade e não há julgamento, faz-se logo a sentença para condenar
o demandado (58º/2 LJP)

São mecanismos alternativos porque surgem como alternativa aos TJ, mas apesar disso não
estão fora do sistema de justiça, estão incluídos na lei: legalmente enquadrados; há pontos
de contacto entre TJ e estes mecanismos alternativos.
- Ex.: sentença dos JP é passível de recurso para TJ 1º instância, no caso da mediação
as partes chegam a acordo e TJ tem que homologar o acordo (não esta à margem do
estado); na arbitragem não há recurso, mas se as partes acordarem que há recurso,
e se houver o estado vai ter conhecimento desse recurso.

Muito embora sejam mecanismos alternativos, não deixam de estar integrados no SAJ e o
estado não deixa de ter alguma gestão nestes mecanismos.

Mecanismos de Autocomposição:
- mecanismos endoprocessuais (dentro de um processo já em curso) autocompositivos
(próprias partes chegam a consenso):

Mediação Endoprocessual (273º CPC): o juiz em qualquer altura da causa pode entender
que as partes conseguiram chegar a acordo se tentassem negociar com a ajuda de um
terceiro (mediador), ou mesmo que o juiz não faça esta sugestão, as próprias partes podem
achar que a mediação é uma forma que podem chegar a acordo.

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Tentativa de Conciliação (591º/a) + 594º CPC): diligência que o juiz determina, ou que as
próprias partes pedem, na audiência prévia. O primeiro ato do juiz na audiência é a tentativa
de conciliação, falar com as partes e ver se é possível chegar a um entendimento para que
se possa por fim ao processo. Na prática a tentativa de conciliação dura 10 segundos: “é
possível ou não tentativa de conciliação?” Se os advogados disseram logo que não, seguem
com a audiência prévia.

Transação judicial: negócio processual de autocomposição de um litígio já suscitada no

tribunal → acordo que é feito no âmbito de um processo que já está a decorrer. São as próprias

partes que através desse negócio, que vão fazer com que o processo termine, são as partes

que negociaram e chegaram a um acordo - é mesmo um contrato (1248º e 1250º CC):


contrato de transação (pode ser de 2 tipos: transação judicial // extrajudicial)

→ Transação judicial: há conjunto de regras sobre este contrato/negócio:


- (283º/2 CPC): desde o momento em que o processo inicia até ao momento que
termina as partes podem chegar a acordo, celebrar a transação e por fim ao processo
- Mesmo depois da sentença, e mesmo que A tenha ganho a ação, pode ter receio de
perder no tribunal da relação, ou até ganhou numa parte mas perdeu noutra e é mais
vantajoso o acordo (transação)

Efeito da transação (284º CPC):


- O efeito da transação é fazer cessar a causa ou modificar a causa no termo que as
partes quiserem
- Ex.: deve 100.000€, pede que B faça uma casa no sítio X e ainda indemnize
em 50.000€
- A transação pode fazer com que B diga que não vai fazer a casa mas vai
indemnizar e pagar o que devia
- Ou a transação pode fazer com que o B diga que paga o que deve, mas que
não faz a casa nem paga a indemnização, o que acontece é que o pedido que
B acordou já não vai ser objeto de discussão, mas o processo continua para
analisar os outros factos que não chegaram a acordo
- A transação não significa que o processo termine, pode realmente ficar tudo de
acordo, como pode só chegar a acordo de certos pontos e os outros seguirem para
analisar.
- Se a transação for de forma a englobar tudo do processo, o juiz vai olhar para o
acordo, ver se as partes estão devidamente representadas, se os direitos que estão
a prescindir são prescindíveis (se não são direitos indisponíveis), se sim, o juiz vai
fazer a sentença - vai homologar a transação e declarar a extinção da causa (274º →

277º/d) CPC)

Há limites à transação (289º CPC): afirmação da vontade das partes sobre direitos
indisponíveis - direitos pessoais (ex.: ação de reconhecimento de paternidade), não é possível
entrar em acordo sobre direitos indisponíveis.

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Intervenção dos advogados na transação:


- Forma como o advogado intervém no processo judicial (partes tem que estar
representadas por advogado para poderem realizar a transação)
- Constituição do advogado (43º CPC): mandato judicial (advogado representa uma
parte - contrato de mandato) pode ser feito de 2 formas: procuração / verbal
- Tipo de poderes que o mandante atribui ao mandatário? (44º + 45º CPC)
- Poderes forenses gerais: para o representar (representar em todas as partes
do processo)
- Mas para determinados tipos de atos não basta poderes forenses gerais, é
necessário poderes forenses especiais (45º/2 CPC): para que advogado possa
celebrar acordo de transação tem que ter poderes forenses especiais, tem que
ter poderes para poder transigir
- Caso o advogado não tenha esses poderes, tem que ser o cliente a assinar a
transação.
- A consequência normal para a celebração de atos sem poderes para tal seria
a nulidade (não tinham poderes especiais para a transação)
- Como se entende que o advogado está a zelar pela vontade do cliente: não há
a nulidade. Se os advogados celebraram transação sem poderes, o tribunal
vai notificar as partes pessoalmente, informar que o seu advogado celebrou
um acordo em seu nome para o qual não tinha poderes, e questionar se o
senhor concorda com o acordo, se o ratifica. Se disser que sim, ou não disser
nada: tem os efeitos pretendidos. Se o cliente disser que não: só nessa
circunstância se torna nulo (291º/3 CPC)

Forma da transação: modo de celebração (290º CPC)


- Documento autêntico ou particular (fora do processo) e que depois é junto ao processo
- Por termo no processo, no âmbito de uma diligência em que as partes estão a
participar no tribunal, em vez de fazer um documento escrito, vão antes ditar para a
ata os termos do acordo, e a secretaria vai escrever (reduzido a escrito).
- Depois deste documento, ou de ser ditado para a ata:
- Sentença de homologação em que vai considerar válido o acordo e condenar
tal como as partes pediram (290º/3 CPC): esta sentença homologatória tem o
mesmo valor que a sentença final do processo, logo se o acordo não for
cumprido pode seguir logo para a ação executiva.

Distinção Jurisdição Contenciosa e Voluntária


→ Desjudicialização e substituição dos tribunais pelas conservatórias do registo civil em
alguns processos

Processo Contencioso: Duas partes em litígio e um terceiro (tribunal) é que vai decidir
imparcialmente. (atividade de heterocomposição)

Jurisdição Voluntária: processos em que ou já não há litígio entre as partes, mas há


interesses que é preciso resolver; Ou havendo conflito, as partes estão mais próximas de um

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acordo. Portanto, quando o terceiro decide, não decide imparcialmente, decide parcialmente
(atividade de heterotutela) - decide em função de uma das partes (atividade de heterotutela)
- Verificou-se que não era estritamente necessário que fosse o tribunal a decidir estes
processos, porque se trataria apenas da formalização de um acordo (atividade quase
administrativa).
- Então, em 2001 o legislador decidiu relativamente a determinados processos, que
esses fossem retirados dos tribunais e fossem atribuídos às conservatórias do registo
civil.
- DL 272/2001, 13 de outubro: transferência dos tribunais para as
conservatórias do registo civil
- Objetivo é retirar dos tribunais processos em que realmente não existia
litígio

2 tipos de processos que passaram para a Conservatória:


- Conjunto de procedimentos em que o objetivo é a formação de acordo das partes (5º
DL 272/2001) - obrigação de alimentos; atribuição da casa de morada de família;
privação dos apelidos do outro cônjuge; (acordo só se formaliza se realmente
chegarem a acordo, se não são remetidas para o TJ (8º DL 272/2001).
- Procedimentos de competência exclusiva do conservador (12º ss do DL 272/2001):
reconciliação dos cônjuges separados; separação por mútuo consentimento; divórcio
por mútuo consentimento;
_________________________________________________________________________

Resolução de Casos Práticos (Sistema Judiciário e Mecanismos Autocompositivos):

1. Cláusula compromissória (1º/3 LAV) - convenção de arbitragem (277º/b) CPC);


exceção dilatória de preterição do tribunal arbitral (96º/b) + 577º/a) CC → 5º LAV) -
absolvição da instância
2. Mediação Endoprocessual (273º CPC) - ditar para a ata os termos do acordo
3. A competência dos JP é alternativa (209º + 20º CRP → Ac. 11/2007). É necessário

cumprir os requisitos do valor do processo (8ºLJP), a matéria específica (9º/e) LJP →

1302º CC), forma da competência territorial (11º - 14º LJP). Nos JP temos o
demandante e o demandado, este processo é caracterizado pelos desformalismos, a
simplicidade e a oralidade. É de presença obrigatória das partes e é proibida a prova
pericial. As partes podem pleitar-se por si.
_________________________________________________________________________
Função das normas do Direito Processual Civil:
- Função instrumental do DPC e concretização jurisdicional do direito substantivo.
- Regular a atividade de heterocomposição dos conflitos de interesse que são
submetidos aos TJ

Função que o DPC pode cumprir:


- Mediata (regulação da atividade de heterocomposição para realizar a tutela do direito
material objetivo)
- Imediata (resolver o concreto conflito que os sujeitos tem: regular a atividade de
proteção/tutela no interesse legalmente protegido que uma pessoa em concreto tem)

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A função das normas de direito processual civil, combina estas duas atividades. Por um lado
a heterocomposição do conflito, resolução do conflito apresentado ao tribunal; e por outro
lado, a realização do direito substantivo, pela proteção dos interesses e direitos legalmente
protegidos.
- No CPC, o que está em causa são direitos subjetivos e interesses dos cidadãos. Mas,
em alguns casos excecionais, são aplicáveis aos interesses difusos – interesses da
comunidade (31º CPC)

Os titulares dos direitos subjetivos tem um direito constitucionalmente protegido - acesso à


justiça/direito de ação (20º CRP).
- Este direito de ação traduz-se num poder jurídico de desencadear a atividade dos
tribunais. O direito que cada pessoa tem de se dirigir a um tribunal para resolver um
determinado litígio (20ºCRP) - o direito de ação é um direito instrumental fundamental
(2ºCPC)

Esta possibilidade que qualquer pessoa tem de se dirigir aos tribunais, está relacionada com
outro princípio:
→ Proibição de denegação de justiça - proibição da decisão non liquet (8º/1 CPC)
- Sempre que há um litígio e este é apresentado ao tribunal por um cidadão, de acordo
com as regras do DPC, o tribunal não se pode abster de julgar.

Este titular que se dirige aos tribunais, não se limita a descrever a situação de facto que
ocorreu e que quer que seja apreciada, tem que explicar os factos subjacentes à sua
pretensão (pedido específico) - 3º/1 CPC
- Os tribunais judiciais não andam a verificar onde existem conflitos entre as pessoas, tendo
de ser as próprias partes a desencadear a atividade do tribunal, expondo a situação de facto
e apresentando um pedido ao tribunal.

O tipo de pedidos que podem ser apresentados, estão de forma genérica descritos (2º/2
CPC), qualquer pessoa pode desencadear uma ação judicial, para que reconheça a
existência de um direito, prevenir a violação de um direito, a reparação dos danos de um
direito, uma ação executiva, providências cautelares, etc.
- O direito de ação desencadeia o processo, o processo vai servir para o tribunal
resolver o conflito de interesses, realizando o direito material de forma justa (de acordo
com o direito).
- É por isso, que em muitas normas do CPC se encontra a expressão: “justa
composição do litígio, em tempo útil de acordo com a verdade material” – (ex.: 6º/1;
7º; 411º; 417º CPC)
- Decisão do conflito de interesses, que seja justa e de acordo com a verdade material.
Isso implica que todo o processo esteja organizado para proporcionar ao tribunal, o
conhecimento dos factos daquele litígio, para que este possa decidir que normas
aplicar.
- Quando o autor apresenta a petição inicial, o autor descreve a situação de factos –
alegação dos factos. Mas como não se limita a descrever a situação, vai ter de concluir
a sua ação com um pedido.

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- O réu é citado, tendo direito a defender-se (contestação), podendo apresentar uma


versão dos factos, diferentes daquela que o autor apresentou na petição inicial. O réu,
vai também finalizar a sua ação com um pedido. O pedido do réu na contestação, vai
ser que o tribunal não o condene.
- Depois temos a audiência prévia, audiência julgamento, sentença, e por vezes,
recurso.

O tribunal vai analisar as provas (documentos, testemunhas, perícias, etc.) e na sentença, o


exercício que ele vai fazer é: “o facto 1 alegado pelo autor na petição inicial ficou
demonstrado por uma das provas, logo fica provado; o facto 2 não ficou demonstrado por não
haver provas, e assim sucessivamente”. Fazemos este exercício para o pedido inicial e para
a respectiva contestação.
- Depois de aprovados os factos, o tribunal vai verificar que normas jurídicas se aplicam
aos respetivos factos.
- O que é que tem de fazer? Ver se os factos preenchem a hipótese legal. Caso
preencham, recorremos à estatuição.
- Na norma jurídica, temos uma ideia de justiça – Realização da justa composição do
litígio.

→ Resposta ao pedido inicial do autor: Decisão de Mérito


- Resposta Positiva (Ação Procedente (procedência da ação)),
- Resposta Negativa (Ação Improcedente (improcedência da ação ou absolvição do
réu do pedido)) - O réu foi absolvido do pedido de condenação que o autor dirigiu ao
tribunal.

No entanto, nem sempre o tribunal está em condições de apreciar os factos. É necessário o


preenchimento de determinados pressupostos processuais, e não estando preenchidos, o
tribunal não pode proferir uma decisão de mérito.
- Ex.1: Convenção arbitral que indica a falta de competência do TJ para decidir sobre

aquele processo) → exceção dilatória de falta de competência para a apreciação do


litígio
- Ex.2: CCV, A vai propor ação contra X, por falta de cumprimento do contrato (não
entregou o bem). Mas A, não incluiu no pedido da ação que tinha realizado o CCV
com X, no âmbito da sociedade entre A, B, C e D. Então o tribunal estará perante uma
exceção dilatória de ilegitimidade.
- O TJ ao avaliar esta convenção irá verificar uma exceção dilatória (576º/2 +
577º CPC), e vai proferir uma decisão de absolvição da instância.
- Assim, esse processo termina sem que o tribunal tenha apreciado o mérito da
ação (576º/2 CPC)

7º CPC - Princípio da Cooperação

Diferenças fundamentais entre:


- Decisão de Mérito
- Depois do trânsito em julgado (628º CPC), esta decisão forma o caso julgado
material (não podem discutir mais este litígio, a decisão é definitiva)

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- Decisão de Absolvição da Instância


- Caso julgado formal (620º CPC) - como o tribunal não olhou para os factos, o
autor da ação pode fazer uma nova ação com os mesmos factos porque o
tribunal não chegou a dar-lhe uma resposta, o litígio nunca for resolvido
(reapreciação).

Distinção entre:
- Verdade material (aquilo que efetivamente aconteceu, a verdade dos factos)
- Verdade processual (conjunto de factos que se apuram no processo: conclusão dos
factos que o juiz chega)
- Nem sempre se consegue demonstrar em tribunal o que aconteceu na
realidade.

607º/3/4 CPC - o juiz só pode decidir com base nos factos que este considere provados. Se
a prova não o permite chegar à verdade material, pode haver uma distinção entre a verdade
material e a processual.

Pode acontecer que as partes admitam factos por acordo (574º + 577º CPC) - confissão por
acordo (ex.: no dia 6 de dezembro celebramos um CCV)
- Há factos que não é necessário fazer prova, por serem factos de conhecimento geral
(5º/2/c) + 412º CPC)

Depois de apurar os factos, o juiz tem que ter em conta quem é que tinha que fazer prova de

determinados factos → regras de repartição do ônus da prova (342º CC)

Se houver dúvidas quanto aos factos provados, o juiz vai decidir contra quem alegou o facto
e não o provou/contra o autor (414º CPC) - dúvida de um facto

Situações em que não há decisão de mérito:


283º/1 ss CPC:
- transação/desistência do processo: desistência do pedido (extingue o direito que
este veio alegar ter), ou seja, a parte que está a desistir do processo, está a desistir
do seu direito (ex.: pede que tribunal confirme que este é proprietário de um bem,

então vai ser considerado que não é, ao desistir do seu direito) → já não se tornará a

discutir este litígio, o autor prescinde do seu direito)


- Desistência da instância: faz cessar o processo, desiste deste processo em
concreto, mas não está a desistir do seu direito, pode propor nova ação (285ºCPC)

Há regras para a desistência do processo (286º CPC):


- Desistência da instância (só pode fazer isso se o reu concordar) - Se reu já apresentou
a sua defesa (contestação), tem a palavra da decisão da desistência, ou não da
instância.
- Desistência do pedido (já não há desvantagens para o reu, poderá desistir, mas não
significa que, se o reu fizer um pedido reconvencional vão prosseguir com a ação

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principal (reu dirigiu ao autor)). O tribunal apenas vai confirmar a desistência do autor
de determinado direito.

Confissão do pedido: em qualquer momento do processo, o réu pode confessar o pedido do


autor - processo termina (283º/1 CPC)

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Classificações das ações consoante o seu fim (10º CPC):


- Ações declarativas (a pretensão destina-se à obtenção de uma declaração do TJ →

solução conforme o direito para aquele litígio):


- 10º/2/3 CPC
- Ações declarativas de condenação (reconhecendo a existência de um direito,
ordena o réu a realização de uma prestação de reintegração desse direito
(10º/3/b) CPC)
- Factos: existência e a titularidade de um direito, ameaça ou violação
do direito, pedido que o tribunal reconheça o seu direito, e pedido de
condenação de que o reu restitua X.
- Ações declarativas de simples apreciação (o autor pede ao tribunal que
declare a existência (apreciação positiva) ou inexistência (apreciação
negativa) de um direito ou de um facto jurídico (10º/1/a) CPC))
- Ex.: A e B tem 2 terrenos, e A tem que passar no terreno de B para
chegar à via pública. B tem dúvidas quanto à servidão de passagem.
Então B pede ao tribunal que aprecie a existência da servidão de
passagem.
- Neste tipo de ações o autor limita-se a alegar a existência ou
inexistência de um direito, e só pede que o tribunal aprecie o que existe
(existe situação de incerteza), não pede que condene ninguém em
nada.
- Ações Declarativas Constitutivas: obter do tribunal um efeito jurídico novo que
modifica a ordem jurídica, e só se consegue fazer através da sentença jurídica.
Este efeito pode resultar na criação, modificação ou extinção de uma relação
jurídica.
- Ex.: A tem direito à servidão de passagem, se não entrar em acordo
com B, pode fazer a ação constitutiva constitutiva (cria um direito novo),
para que o B respeite o direito potestativo de A.
- Ação Declarativa Constitutiva Constitutiva (Ex.: criar a servidão de
passagem)
- Ação Declarativa Constitutiva Modificativa (ex.: mudar a servidão de
passagem de sítio)
- Ação Declarativa Constitutiva Extintiva (ex.: divórcio)
- Ações executivas (10º/4/5 CPC):
- enquanto que nas ações declarativas o que se pretende é que o tribunal emita
uma declaração conforme o direito, nas ações executivas, uma vez que este
direito já está declarado, é necessário proceder à realização coercitiva, com
recurso aos tribunais
- Para pagamento de quantia certa
- Entrega de coisa certa
- Prestação de facto

Ações Declarativas Cumulativas:


- Ações declarativas consoante o pedido inicial podem ser dos diversos tipos, mas pode
cumular vários pedidos em que quer que o réu seja condenado (555º CPC)

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- Ex.: reivindicação do direito de propriedade + indemnização (ação declarativa


de condenação), anulação de um contrato (ação declarativa constitutiva
extintiva)

Pedido Subsidiário (554º CPC)


- O autor faz um pedido por exemplo que o tribunal declare que o imóvel é deste e que
o reu o entregue, e que se o pedido for improcedente, subsidiariamente quer que o
reu o indemnize em 100.000€, e se este for improcedente, por exemplo, requer a
anulação de um contrato.

_________________________________________________________________________

Resolução de Casos Práticos: Classificação das Ações de acordo com a pretensão


formulada junto do tribunal

1. Ação declarativa de condenação (10º/2/3 CPC)


2. Ação declarativa de condenação (10º/2/3 CPC)
3. Ação declarativa de simples apreciação negativa (10º/1/a) CPC)
4. Ação declarativa de simples apreciação negativa (10º/1/a) CPC)
5. Ação declarativa constitutiva constitutiva
6. Ação declarativa constitutiva extintiva
7. Ação declarativa constitutiva extintiva
8. Ação declarativa constitutiva modificativa
9. Ações declarativas cumulativas: nulidade do negócio - ação declarativa de simples
apreciação negativa (10º/1/a) CPC); titularidade do direito de propriedade - ação
declarativa constitutiva constitutiva; indemnização - ação declarativa de condenação
_________________________________________________________________________

Procedimentos Cautelares:

Traduzem-se num instrumento processual que se destina a garantir o efeito útil de uma ação
judicial, e se destinam a proteger direitos subjetivos e interesses legalmente protegidos. É
mais um elemento processual que cabe no âmbito de acesso à justiça (2º/2 CPC)

Ex.: A ---- B
- A titular de um direito, ação contra B ---------------> sentença

- O tempo da ação pode ir de 1 ano até 3/4 anos por exemplo.


- A tinha direito a receber 100 mil euros, e propõe ação, e sabe que B tem dinheiro para
lhe pagar (casa e carro), A quando receber a sentença passado 4 anos, pode já não
ser útil.
- B pode, por exemplo, vender os bens, e nada foi feito para que, quando a sentença
fosse proferida tivesse utilidade, porque B já não tem patrimônio.

Por isso, os procedimentos cautelares prosseguem ou antes ou paralelamente do processo


principal, de forma a que quando houver a sentença esta tenha utilidade.

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No exemplo em concreto, trata-se de uma providência cautelar de arresto (enquanto a ação


estiver a decorrer, os bens de B fiquem aprendidos pelo tribunal para que este não os possa
vender, e se a sentença condenar B a pagar a A, pode exigir (ação executiva) o pagamento,
mantendo a utilidade do processo.
- A providência cautelar não serve para decidir a questão principal, o objeto pode ser
prevenir que quando a decisão surge ainda tenha eficácia.

São medidas que preservam o efeito útil da ação, ou a antecipação de determinados efeitos
que só viriam com a decisão final.
- Ex.: A tem terreno, B ficou com o terreno, A vai interpor uma ação de reconhecimento
do direito de propriedade e restituição do bem, e simultaneamente pode pedir uma
providência de restituição provisória da posse (antecipação de determinados efeitos)

Há equilíbrio entre uma justiça imediata (que às vezes pode ser precipitada) e a ponderação.

As providências cautelares são sempre instrumentais da ação principal, e são sempre


medidas provisórias, vigoram até ter a decisão principal, e depois desta extinguem-se.

Finalidade das Providências:


- Providência Conservatória: efeito útil da ação, mantendo a situação existente (ex.:
arresto)
- Providência Antecipatória: visa antecipar um resultado que só será atribuído no final
da ação principal (ex.: restituição provisória da posse)

Procedimento é diferente de providencia


- Procedimento cautelar é o procedimento que se segue - tramitação processual
- Providência - é a medida que é concretamente adotada

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Características dos Procedimentos Cautelares (362º ss CPC):

Procedimentos cautelares:
- Comum (adequam-se a várias situações)
Ou
- Especificados (especialmente pensado para determinado tipo de situação)

Características Comuns dos Procedimentos Cautelares (comuns e especificados):

→ Instrumentalidade e Dependência em relação à ação principal (364º CPC)


- Um procedimento cautelar é sempre instrumental em relação à ação principal –
garante que a sentença proferida no processo principal, mantenha a sua utilidade.
- Assim, temos o processo principal (petição inicial/contestação/audiência
prévia/audiência de julgamento/sentença/e por vezes o recurso), e a providência
cautelar, existe para que quando a decisão chegar, ainda tenha interesse para o autor,
após passado certo tempo (seja útil).

A providência cautelar, surge sempre como dependência desta ação principal, podendo ser
intentada como:
- preliminar (antes da ação principal) → ex.: arresto (apreensão judicial de bens)
- incidente (durante a ação principal)
- Os procedimentos cautelares incidentes são pensos declarativos,
procedimentos que são iniciados em paralelo com a ação

Ação Principal: autor / reu


Providência Cautelar: requerente / requerido

→ Provisoriedade – a providência cautelar não se destina a regular definitivamente o litígio


entre as partes, mas sim a criar uma solução provisória. Dessa provisoriedade resulta que
quando tomada a decisão final, esta se extingue (373º/a) CPC)
- 373º/a) CPC - Se a providência for preliminar (antes de ter a ação principal), e tiver
transitado em julgado, o requerente é notificado, e tem 30 dias para propor a ação
principal, se ele não o fizer, o arresto caduca. É levantada a apreensão judicial.
- 373º/b) CPC – a providência já foi decretada, foi iniciada a ação principal, mas a ação
está parada por um período superior a 30 dias, tem que ser devido ao requerente
(negligência do requerente) e se passam os 30 dias, o arresto extingue-se.
- 373º/c) CPC – A providência foi decretada, e a ação principal corre nos seus termos.
Chega-se à sentença e o tribunal decreta que há uma absolvição do pedido. Se a
decisão não e favorável ao autor, não há razão nenhuma para manter a providência,
esta extingue-se.
- 373º/d) CPC – há situações em que o tribunal não tem possibilidade de proferir uma
decisão de mérito, às vezes por causa da falta de um pressuposto processual, profere
uma decisão de absolvição da instância (caso julgado formal) - pode fazer novo
pedido de ação, no dia seguinte.

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- O CPC diz, se o autor depois da absolvição da instância propuser nova ação


dentro do prazo de 10 dias, aproveita os efeitos da ação anterior,
nomeadamente, no caso em que existia uma providência cautelar, mantém-
se.
- 373º/e) CPC – se o direito que estava a tentar acautelar desapareceu, e havia uma
providência cautelar a proteger esse direito, então o direito desaparece, desaparece
com ele a providência cautelar. (ex.: conta bancária arrestada, no caso de ação
proposta para pagamento de X valor)

Quando se verifica uma destas situações, o juiz vai decretar a extinção da providência.
Isto demonstra que a providência cautelar é provisória, pois não de destina a regular
definitivamente o litígio. No entanto, devido ao mecanismo da inversão do contencioso,
excecionalmente a decisão da providência cautelar pode tornar-se na decisão definitiva.

Em 2013, foi introduzido no CPC, o mecanismo da inversão do contencioso:


- transforma a decisão da providência cautelar, na decisão definitiva da ação principal.

→ Estrutura Simplificada em relação à ação principal:


Enquanto a ação principal tem uma estrutura complexa, no procedimento cautelar a
tramitação é muito mais simples.
- Requerimento inicial
- Oposição
- Audiência de julgamento
- Sentença
Em suma, a estrutura da providência é muito mais simples que a da ação principal.

→ Urgência (363º/1 → 138º CPC)


Nos processo normais (não urgentes) os prazos processuais são contínuos, mas, chegando
às férias judiciais (período de tempo definido na lei onde não se praticam atos dos tribunais)
suspendem-se – Lei 62/2013, de 16 de Agosto
- Os 30 dias, contam-se de forma contínua (incluindo feriados e fins de semana).
- Nos processos urgentes, não se suspendem os prazos – continua a contar-se
incluindo nos dias das férias judiciais.
- Isto porque, o objetivo das providências cautelares, é que estas atuem rápido.

366º/4 CPC – forma normal de notificação/citação do réu é o correio registado, nem


sempre é possível fazer desta forma, e nesses casos pode haver a citação edital (anuncio
de papel na última morada do réu, na junta de freguesia e até no jornal um anúncio – nestes
casos tem 60 dias) assim no procedimento cautelar não há citações editais para evitar a
demora do processo.

363º/2 → 156º/5 CPC – prazo máximo para decidir o procedimento cautelar de 2 meses, por
vezes nem tanto (ex.: 15 dias) – não há consequência nenhuma em falhar o prazo

→ Periculum In Mora (perigo na demora) – para uma providência cautelar ser decretada, um
dos pressupostos é que haja um fundado receio de que outrem antes da ação principal ser

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proposta, cause lesão grave e dificilmente reparável ao direito que se está a acautelar (362º/1
+ 368º CPC), não pode ser um dano leve.
- Danos morais/não patrimoniais – são de difícil reparação (ex.: bom nome, imagem,
honra)
- Ex.: B é escritor e vai publicar uma biografia de uma figura pública em que faz
revelações escandalosas sobre a sua vida, e este (figura pública), A, sabe que
o que está no livro é mentira, então se este livro for publicado, mesmo que haja
uma ação principal, em que passado 2 anos há sentença que diz que o que
esta no livro é mentira. O tempo que decorreu vai causar danos a A dificilmente
reparáveis. Logo, A podia intentar providência especificada.

→ Fumus Boni Iuris (fumo de bom direito) – probabilidade séria do direito invocado –
existência de um bom direito, probabilidade seria da existência do direito e da sua lesão.
A probabilidade certa vai ser feita no processo principal – 368º/1 CPC
- Na providência cautelar o juízo que o tribunal elabora é de verosimilhança, não tem
que ter a certeza absoluta.

→ Sumariedade – são processos sumários, significa que ao contrário do que acontece no


processo principal que faz uma exaustiva análise, no procedimento cautelar a análise não é
tão complexa, é perfunctória, menos profunda do que a que é feita na ação principal, pois o
processo tem que ser simples e rápido.

→ Responsabilidade do requerente (374º CPC) – se a providência for decretada e no final


da ação se chegar à conclusão que a providência não devia ter sido decretada porque o
requerente não tinha razão, este tem que indemnizar o requerido dos danos que causou
devido à aplicação da providência cautelar.
- O legislador quer contrabalançar entre a aplicação da providência provisória e os
danos causados no caso de o requerente não ter razão.

- Procedimento Cautelar Comum (362º a 376º CPC)


- Procedimento Cautelar Especificado (377º a 409º CPC)

A diferença entre ambos: o legislador criou a providência especificada para situações


específicas. O que não cabe no procedimento cautelar especificado vai para o comum.
Portanto o procedimento comum é residual (362º CPC)
- 376º/1 CPC – as normas do procedimento cautelares comum são de aplicação
subsidiária/supletivas aos procedimento cautelares especificados.

O procedimento cautelar comum tem todas as características mencionadas anteriormente.

O decretamento das providências cautelares comuns depende do preenchimento de


determinados pressupostos:
- Periculum in Mora (362º CPC) - situação que justificasse fundado receio do risco de
uma lesão grave e dificilmente reparável ao direito
- Fumus Boni Iuris (368º CPC) - probabilidade séria da existência do direito
- Não pode ser tutelada por um procedimento especificado (362º/3 CPC)

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- Condição negativa decorrente do princípio da proporcionalidade (368º/2 CPC) –


apesar de os pressupostos anteriores estarem cumpridos, o dano que vai causar ao
requerido vai exceder o dano que ia evitar ao conceder a providência
- Ex.: empreendimento de 200 milhões €, e este ia ser instalado num terreno. E
descobre-se neste terreno que existem vestígios de uma civilização antiga. Os
donos do empreendimento querem escavar, portanto querem tirar os vestígios,
e o museu arqueológico põe ação para impedir as escavações. Então o juiz
pode entender que o dano de retirar os vestígios e colocar num museu é um
dano menor do que o dano de parar a construção de 200 milhões €

376º/3 CPC requerente da providência pode requerer uma providência comum, e o juiz
entender que se trata de uma providência especificada, ou o contrário.

368º/3 CPC – a providência é decretada, o requerido pode pedir para esta medida ser
substituída por uma caução (forma de garantia daquele direito) ex.: arresto sobre imóvel,
requerido já não pode vender imóvel, este pode dizer que substitui o arresto por uma caução
de 100.000€ para que o tribunal levante o arresto.

Tramitação do Procedimento Cautelar Comum:

Procedimento cautelar:
- Preliminar (antes da ação principal)
- Incidente (durante a ação principal)

Providência Cautelar com Audição do Requerido:


- Requerimento Inicial ou Petição (366º/1 CPC)
- Requerente tem que alegar os factos que demonstram os requisitos da
providência (periculum in mora; fumus boni iuris (dar noção dos requisitos
e enquadrar com os factos) → pedido
- Ex.: A comprou loja a B (contrato de trespasse). Ficou estipulado que
B não podia no prazo de 2 anos abrir uma loja semelhante num raio de
10km (princípio da obrigação de não concorrência). B não respeita e
abre loja no raio de 500m. A pode iniciar ação judicial para que B
respeite o princípio e seja indemnizado. Pode demorar muito tempo a
ação (ex.: 2/3 anos). Então no tempo que decorre a ação principal, se
B mantiver a loja aberta, A estará a sofrer danos. Então pode pedir uma
providência não especificada (providência comum), de modo a pedir
que, enquanto a ação principal está pendente, a loja de B seja
encerrada temporariamente até ser decidida a ação principal.
- A vai ter que provar que celebrou um contrato, existe uma
obrigação de concorrência, portanto a probabilidade séria do
direito, e demonstrar que se aquela loja continuar aberta
durante o período da ação principal, ele vai sofrer uma lesão
dificilmente reparável (perda de clientes, perda de €, etc). E vai
concluir com um pedido (que seja decretada a providência e
que a loja de B seja encerrada provisoriamente).

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- Prova: O requerente com o requerimento inicial tem logo que apresentar a prova:
- Documental
- Testemunhal (limite não está na lei), mas: 365º/3 → 293º a 295º CPC - 294º/1

CPC (limite máximo de 5 testemunhas)


- Nem sempre o requerido é ouvido antes de ser proferida a sentença, mas
quando é (366º/2 CPC):
- citado (providência preliminar) - ato pelo qual se chama pela 1º vez alguém ao
processo - só há uma citação (a 1º);
ou
- notificado (providência incidente) - notificações há várias;
- Ou seja, se ainda não há ação judicial este é citado (pois é a 1º vez
que é chamado), se já há ação judicial, este já foi citada para essa, e
será notificada para a providência cautelar.
- Se o requerido é citado/notificado, produzem-se logo alguns efeitos substantivos:
- 323º CC: interrupção da prescrição (prazo de prescrição a decorrer e o facto
de o requerido ser citado na providência cautelar, vai interromper o prazo)
- Se estivermos perante uma obrigação pura (vencimento depende da
interpelação do credor) a partir do momento em que o credor interpela o
devedor para cumprir, a partir desse momento o tempo começa a correr
(obrigação é devida) e vence juros de mora (366º/1 CC - 805º CC)
- Audição do requerido (366º/1 CPC) → Oposição (requerido vai defender-se): efeitos
substantivos (323º CC);
- A oposição do requerido tem um prazo: 295º/2 ex via 365º/3 CPC (293º a 295º
CPC) - 10 dias
- Responde aos factos do requerente e junta também a sua prova
documental e testemunhal (também com o limite das 5 testemunhas)
- Audiência final (367º CPC):
- ouvem-se as testemunhas do requerente e do requerido
- Sentença:
- 368º/2 CPC - o tribunal vai olhar para os factos/provas alegados pelo requerente e ver
se estão preenchidos os requisitos do periculum in mora e o fumus boni iuris. E se
entender que estão preenchidos, vai verificar a condição negativa do princípio da
proporcionalidade dos danos, e só depois concede a providência requerida pelo
requerente.
- A providência pode ser substituída por caução (368º/3 CPC)
- Recurso:
- quer a providência seja ou não decretada, em princípio há sempre a hipótese
da parte vencida recorrer. Depois de já não ser possível recurso, transita em
julgado a decisão.

- Se a providência for decretada e a decisão transitar em julgado:

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- Notificação do requerente do trânsito em julgado (373º/1/a) CPC) - 30 dias


para propor a ação principal (depois extingue-se → caduca, no caso de ter sido

uma providência preliminar)

Para garantir que a providência é respeitada, o requerente pode pedir logo no


requerimento inicial uma sanção pecuniária compulsória (365º/2 CPC)
- Ex.: Cada dia que B mantiver a loja aberta, e não respeitar a decisão judicial tem que
pagar por 5.000€

Providência Sem Audição do Requerido:


Em princípio, após o requerente dar entrada ao Requerimento Inicial, o requerido é citado ou
notificado, para que seja ouvido - audição do requerido → oposição (366º/1 CPC) (esta é a
tramitação normal), mas, o tribunal não ouve o requerido quando a audiência do requerido
ponha em risco o fim ou a eficácia da providência, ou seja, nem sempre o requerido é
ouvido antes de ser decidida (sentença) da providência cautelar.
- Quando o requerido é ouvido, significa que este vai saber da existência do processo
antes de ser atribuída uma decisão, e muitas vezes, o facto de este saber antes da
decisão ser tomada vai por em risco a eficácia desta providência.

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- Ex.: continuação do exemplo anterior dos lojistas, o requerido (B), tinha provas
de que estava a violar o contrato e dissipava-as, então punha-se em causa a
eficácia da providência e até da ação principal.

- Por isso é que a lei permite que quando o requerente consiga demonstrar que se, se

ouvir o requerido antes, a providência perde eficácia, a lei permite passar diretamente

do requerimento inicial para a decisão (há a audiência (ouve-se apenas o requerente)

→ sentença).

- Sem permitir ao requerido o exercício do princípio do contraditório, o tribunal decide


contra este, esta situação em que não se observa o princípio do contraditório é uma
situação excecional. Significa que na generalidade o requerido é ouvido (regra).

- Em princípio exige-se que o requerente, logo no seu requerimento inicial peça que a
providência seja decretada sem a audição/audiência do requerido. Na verdade a lei
não diz expressamente que tem que ser o requerente a pedir, e há uma discussão na
jurisprudência:
- Doutrina diverge:
- Tem que ser o requerente a pedir, se este não pedir, o tribunal não pode
decretar a providência sem ouvir o requerido;
- Não ouvir o requerido é um poder oficioso do tribunal, ou seja, mesmo que o
requerente não tenha pedido que a providência seja decretada sem a audição
do requerido, o tribunal pode conceder isso oficiosamente.

Providência Cautelar sem Audição do Requerido:


- Requerimento inicial (Requerente tem que alegar os factos que demonstram os
requisitos da providência (periculum in mora; fumus boni iuris (dar noção dos

requisitos e enquadrar com os factos) e juntar as provas (documental + testemunhal)

→ pedido
- Audiência (ouve-se só a versão do requerente, e a/as testemunhas do requerente,
não há parte contrária)
- Sentença (se o tribunal ficar convencido da existência dos pressupostos apenas
ouvindo o requerente, e de que se se ouvir o requerido antes vai por em causa a
eficácia da providência, este decide e decreta a providência sem ouvir o requerido)
- Ex.: continuação do exemplo dos lojistas, decreta que o B tem que fechar a
loja
- Notificação ao requerido (372º CPC) → 366º/6 CPC:
- é através da notificação que o requerido vai ter conhecimento pela 1ªvez, que
foi iniciado um processo contra ele, ou seja, recebe a decisão (RI + sentença)
- pessoa X iniciou providência cautelar e este já foi decidido sem ser ouvido.
- Ex.: senhor B tem que fechar a sua loja.
- Recurso (recorrer da sentença) - quando o requerido entende que só
com base nos elementos apresentados pelo requerente o tribunal não

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devia ter decretado a providência - recorre para o tribunal da relação -


não traz nada de novo ao processo
- Oposição - se o requerido quiser trazer factos/provas novas, tem que
deduzir a oposição: dizer ao tribunal que tem uma versão diferente dos
factos da versão do requerente.
- Audiência (testemunhas do requerido e respetivas provas
documentais)
- Sentença (complemento da 1ª sentença) - 372º/3 CPC
- Recurso (reafirma a decisão da sentença) - trânsito em
julgado (começam a contar os 30 dias para propor a ação
principal (providência preliminar)

366º/3 CPC: dilação máxima de 10 dias - no prazo da oposição do requerido da providência


cautelar, que é de 10 dias, só pode ser estendido no máximo de + 10 dias)

366º/5 CPC: o requerido é citado e não faz nada, não se defende, não pratica nenhum ato do
processo - significa que está a confessar os factos.

Procedimentos Cautelares Especificados (377º ss CPC):

Formas processuais que foram criadas para se aplicarem a situações específicas de um


periculum in mora concreto.
- Só recorremos ao procedimento cautelar comum quando a situação em causa não
puder ser tutelada por nenhum procedimento cautelar especificado.

Restituição provisória da posse (377º e 379º CPC + 1279º CC):


- Pretende-se a restituição provisória da posse, a posse de um bem que foi retirada a
alguém, este pede ao tribunal que lhe restitua provisoriamente.
- Preliminar ou incidente de uma ação principal de reivindicação do direito de
propriedade ou de uma ação possessória

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Requisitos (377º CPC):


Alegar e demonstrar os factos/provas:
- Posse: demonstrar a posse
- Esbulho: privação do exercício da posse ou fruição de um determinado bem
- Violência: exercício da violência → doutrina diverge quanto à violência ser sobre a

coisa ou ter que ser sobre a pessoa. Para efeitos da providência da restituição

provisória da posse a violência basta que seja sobre a coisa (1161º CC)

Se o requerente alegar e provar os requisitos, a providência é decretada, o bem é retirado a


quem esbulhou. E porque esta é uma situação grave, que envolveu violência e o tribunal
quer que haja uma restituição rápida do bem a quem aparentemente era o seu legítimo
possuidor, esta providência será decretada sem audição do requerido (368º CPC):
- Requerimento inicial
- Audiência (ouvir o requerente e testemunhas deste)
- Sentença
- Notificação ao requerido
- Recurso / Oposição - Audiência, Sentença, Recurso - trânsito em julgado (30 dias
para o requerente propor ação principal, se não o fizer caduca - 373º/1/a) CPC)

→ Esta providência será antecipatória (antecipa um resultado que só seria dado no final da
ação principal)

≠ prazo de caducidade para propor a ação principal (1282º CC - a pessoa que foi
esbulhada tem 1 ano para a ação principal) ≠ prazo de caducidade da providência
cautelar, para que possa propor a ação após ter sido decretada a providência (373º/1/a)
CPC)

Os requisitos da providência da restituição provisória da posse são bastante claros, se não


ficar provado algum dos requisitos, esta providência concreta não pode ser decretada
(providência cautelar especificada de restituição provisória da posse). Mas isso não significa
que não possa ser decretada uma outra providência - providência cautelar comum -
convulação: transforma uma providência especificada numa providência comum 379º CPC)

Suspensão de Deliberações Sociais (380º a 383º CPC)


- Atos pelos quais as PC exprimem a vontade dos seus órgãos, a assembleia geral de
uma sociedade ou de uma associação reúne um conjunto de sócios e relativamente
aos diversos temas tomam deliberações (exprime a vontade da sociedade através da
votação).
- Ex.: sociedade decide deliberar que esta adquira um imóvel, ou decide construir uma
nova fábrica, ou pedir um financiamento;
- Depois a deliberação tem que ser executada (Ex.: celebrar o contrato de CV do
imóvel)

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Essas deliberações tem que estar de acordo com (380º/1 CPC → 56º a 58º CSC + 117º CC):
- a lei
- os estatutos da sociedade
- contrato de sociedade/pacto social
- Caso contrário, estas deliberações são anuláveis ou podem mesmo ser nulas,
sofrendo uma invalidade.
- Essa invalidade é declarada judicialmente - tem que haver uma ação judicial
declarativa
- Ex.: a assembleia de uma sociedade comercial deliberou adquirir um
determinado imóvel, e há um sócio que entende que a deliberação é nula
porque violou um artigo do CSC, para que esta deliberação seja anulada, esse
sócio terá que propor uma ação judicial)
- Sócio propõe a ação contra a sociedade, e no final da ação se for
procedente teremos uma sentença que anula a deliberação (não
produz efeito). Mas desde que o sócio propõe a ação até ao momento
da sentença, decorre muito tempo. E a gerência da sociedade pode
entretanto celebrar o contrato de CV, e dessa forma a ação perderia a
sua utilidade.

Para garantir que a ação principal mantenha a sua utilidade no momento da sentença, o CPC,
coloca à disposição dos sócios da sociedade um procedimento de suspensão de deliberações
sociais, que vai garantir que, enquanto a ação principal estiver pendente, a deliberação
não possa ser executada.

- A providência surge como preliminar ou incidente de uma ação de declaração de


anulação ou nulidade de uma deliberação social.
- Providência conservatória (mantém determinada situação até à decisão final)

Requisitos (380º/1 CPC):


- Qualidade de sócio ou associado
- Alegar e provar o fundamento da invalidade - demonstrar que a deliberação é
invalidade porque é contrária à lei, ou aos estatutos
- A execução da deliberação causa danos apreciável
- Requisito formal - 380º/2 CPC - o requerimento inicial tem que ser acompanhado da
ata. Se o requerente não tiver a ata, tem que pedir a ata à sociedade e estes tem um
prazo de 24h para lhe fornecer esse documento.

O requerente tem um prazo em que pode intentar a providência (380º/1/3 CPC) - 10 dias
a contar da data da assembleia em que as deliberações foram tomadas, ou se o requerente
não tiver sido regularmente convocado para a assembleia, da data em que este teve
conhecimento das deliberações.

Tramitação do processo:
- Requerimento inicial - pedido (sócio)
- Citada a sociedade (381º/1 CPC), se o requerente não tiver tido acesso à ata mas
no seu requerimento referir que fez o pedido à sociedade, e que não foi fornecido no

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prazo das 24h, então quando a sociedade contestar (Contestação) tem que juntar a
ata, caso contrário não se considera apresentada a contestação.
- A partir da citação a sociedade não pode executar a deliberação impugnada
(381º/3 CPC) - antecipação dos efeitos: suspensão da deliberação
- Audiência
- Sentença

Também funciona aqui a condição negativa do princípio da proporcionalidade (381º/2


CPC): contrabalanço entre danos

383º CPC - também se aplica às deliberações das assembleia dos condóminos

Alimentos Provisórios (384º 387º CPC + 2003º ss CC)

- Noção de alimentos (2003º CC)


- Alimentos podem ser exigidos por determinadas pessoas (2009º CC)
- Medida do indispensável - necessidade do alimentando e a possibilidade do
alimentante (2004º CC)

Se quem tem direito aos alimentos e não chegarem a acordo é possível pedir uma ação
judicial sobre o direito a alimentos é uma ação que pode demorar algum tempo a ser fixada.

Durante este período o alimentado pode ter necessidade imediata, e para isso serve a
providência de alimentos provisórios (providência antecipatória) - fixar quantia mensal que
vai funcionar como pensão provisória até ao momento da decisão final

Requisitos (384º CPC):


- Existe o direito a alimentos
- Necessidade de receber alimentos e que o outro tem possibilidade de os prestar
- Qual a quantia mensal que entende que necessita a título de alimentos provisorios

Tramitação de alimentos provisorios (385º CPC):


- Requerimento inicial
- Audiência: Contestação + Prova → Sentença
- As partes tem que estar pessoalmente ou representadas por um advogado
com poderes especiais para transigir porque o objetivo principal é a tentativa
de acordo (se entrarem e acordo: transação - homologação)
- Se as partes não chegarem a acordo, o requerido apresenta a contestação e
as provas na audiência

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- O juiz decide no momento da audiência, até oralmente.


- No caso dos alimentos provisórios estamos perante uma situação de carência
que exige uma tutela imediata.
- Não só, mal dá entrada a petição inicial, as partes são logo chamadas
ao tribunal, como nesse próprio dia a situação vai ser resolvida (é
fixada a providência no mesmo dia da audiência de julgamento)

- Após a sentença - requerente tem 30 dias para pedir a ação principal de pensão de
alimentos (preliminar)

O que acontece com os alimentos provisórios recebidos se na ação principal o requerente


não vencer a ação? Tem ou não tem que devolver?
- 2007º/2 CC - não há devolução dos alimentos provisórios

Para contrabalançar: 387º CPC - o requerente responde/devolve os alimentos no caso de


dolo da sua parte, de forma a indemnizar os danos do requerido.

Arbitramento de Reparação Provisória (388º a 390º CPC)


- Surge como dependência (preliminar ou incidente) de uma ação em que se pede uma
indemnização por danos de uma lesão corporal ou da morte

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Para acautelar o período que vai demorar a ação principal de indemnização, tendo a pessoa
necessidade, pode pedir ao tribunal que provisoriamente fixe uma quantia que antecipa o
montante que irá receber - renda mensal (caso de lesão corporal)

No caso de morte, há pessoas que força da morte de outrem tem direito a exigir a quem
causou o dano morte uma indemnização (495º/3 CPC)
- Ex.: filhos da pessoa que faleceu
→ Pode propor a providência de arbitramento de reparação provisória - renda mensal (388º
CPC)

Pressupostos: 388º CPC


- Probabilidade séria do direito à indemnização (fumus boni iuris)
- Situação de necessidade por causa dos danos que sofreu
- Se não for fixada a quantia provisória não tem possibilidade de sustento

388º/1 CPC - a lei refere-se só a indemnização fundada em lesão corporal e morte, mas:
- 388º/4 CPC: aplica-se aos casos em que a pretensão indemnizatória se funde em
dano suscetível de por seriamente em causa o sustento ou habitação do lesado, ou
seja, uma situação que apesar de não causar danos corporais, põe em causa a
habitação por exemplo:
- No prédio de A estavam a fazer obras e houve uma derrocada e A fica sem
casa.

Tramitação (389º CPC):


- Segue a mesma tramitação dos alimentos provisórios

Mas ao contrário dos alimentos provisórios, no arbitramento de reparação provisória é


necessária a restituição dos valores provisórios no caso de não vencer a ação principal (390º
CPC): restituição dos valores provisórios

Ex.: é fixada pensão de alimentos de 800€, ou não é fixada a pensão de alimentos na ação
principal, então, imaginemos que B recebeu de A, 1000€ mensais estipulados pela
providência cautelar, ao longo de 1 ano, até que a decisão final fosse proferida. Se não ficou
fixada pensão, terá que restituir os 12.000€, se foi fixada uma pensão inferior a 1000€, terá
que devolver o valor da diferença.
- E é logo no momento da sentença que fica decretada a restituição respetiva, tendo
valor de ação declarativa, sem necessidade de propor nova ação declarativa, se B
não cumprir, A pode avançar para a ação executiva - 390º/2 CPC (questão de
celeridade)

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Arresto (391º a 396º CPC + 619º a 622º CC)

É uma providência cautelar que tem como função a conservação da garantia patrimonial do
credor.

Ex.: A credor e B, devedor, a garantia geral é o património do devedor. Se B não cumprir


voluntariamente a sua obrigação, A, sabe que o sistema judicial lhe proporciona um
mecanismo para atacar o património do devedor e obter o pagamento do seu crédito através
dos bens que se encontram no património de B.

→ O arresto é uma providência conservatória (conservar a garantia patrimonial, atuando


preventivamente sobre o património garantindo que permanecem neste património bens
suficientes para pagar o crédito)

A ação principal pode ser de vários tipos, ação declarativa de condenação, ação declarativa
constitutiva, mas também pode ser uma ação executiva: esta providência pode ser usada
preliminarmente, incidente de uma ação declarativa ou de uma ação executiva.

→ O arresto traduz-se numa apreensão judicial de bens (apreensão pelo tribunal, se for um
bem móvel apreende-se fisicamente (ex.: quadros, jóias), se for um bem imóvel (ex.: casa) -
notificação enviada para a conservatória)

Requisitos:
391º/1 + 392º/1 CPC:
- Periculum in mora (medo/receio de perda da garantia patrimonial do crédito)
- tem que mostrar os factos que demonstrem o perigo de se tornar difícil ou
mesmo impossível a cobrança do crédito. O requerente tem de convencer o
tribunal de que quando a sentença da ação declarativa chegar a sua inutilidade
é um perigo real.
- Tem que se fundar em critérios objetivos (provas) - ex.: PS, sabe-se que este
está a dissipar o património, ou que este se prepara para emigrar; PC, sabe-
se que o passivo das dívidas da sociedade é superior ao ativo, é um indício
forte que o património da sociedade não vai ser suficiente para pagar o crédito.
- Fumus boni iuris (factos que indicam probabilidade da existência do crédito)
- Basta-se que o juiz fique razoavelmente convencido da probabilidade séria de
existir (critério de verossimilhança)
- É irrelevante a origem do crédito (pode ser por força de uma dívida comercial,
como fonte uma indemnização, dívida pessoal)
- Tem que ser um crédito que seja exigível (relevante se o crédito já está vencido
ou não)
- O requerente também tem que relacionar os bens (especificamente) que pretende
que sejam arrestados (identificar por ex.: um imóvel através do nº de registo predial,
etc, um automóvel, conta bancária;): 392º, parte final → 736º CPC

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Aplica-se ao arresto as normas da penhora, não podem ser arrestados bens que não possam
ser penhorados (391º/2 CPC)

Tramitação do arresto (393º CPC):


- Requerimento inicial
- Prova (documental/testemunhal)
- Porque a audição do requerido poderia frustrar a utilidade/eficácia da providência, esta
vai ser decretada sem audição do requerido
- Audiência
- Sentença
- Notificação do requerido: audiência do requerido (366º/6 CPC) - 372º CPC
- Recurso (pede para revogar a decisão, só com base nos factos já alegados)
- Oposição (novos factos/provas) - Audiência - Sentença - Recurso

396º/3 CPC - no caso especial, de ter havido contrato de CV de um bem e o comprador não
pagar o preço, o credor pode conseguir o arresto do bem que vendeu, cujo preço não recebeu,
e não tem que provar, está por si próprio demonstrado (não tem que provar o periculum in
mora).

- Se a providência for decretada e os bens forem arrestados, o devedor não pode


livremente alienar os bens a um terceiro. Significa ainda, que se outros credores
daquele mesmo devedor, forem atacar o património desse devedor, o credor que
conseguiu o arresto tem uma preferência na venda daquele bem.
- Ex.: casa vendida por 100.000€, o valor é distribuído com preferência do credor
do arresto
- Credor do arresto (o crédito para satisfazer este credor é de 75.000€
ou de 100.000€, este vai receber esse valor)
- E o valor que sobrar, e na medida em que sobrar é dividido pelos
restantes credores. Mas o credor do arresto receberá na totalidade o
seu crédito - preferência.
- Credor X
- Credor Y

Embargo de Obra Nova (397º a 402º CPC):

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Finalidade: suster/evitar/parar a ofensa a um direito real de gozo, um direito pessoal de gozo,


ou a violação da posse em consequência de uma obra, trabalho, ou serviço novo.

Por força de uma obra que é iniciada, essa obra ou trabalhos causam danos ou ofendem
a propriedade ou a posse de outra pessoa sobre um determinado bem, ou ainda o
exercício de um direito pessoal de gozo (ex.: locação), pode reagir a esta obra nova através
desta providência (conservatória) - embargar a obra (397º/1 CPC)

- Os direitos que são tutelados através dessa providência, podem ser direitos reais, ou
direitos pessoais de gozo.

Requisitos:
- Factos que justificam o seu direito
- Factos que demonstram que aquela obra, serviço novo, está a ofender o seu direito
e que lhe está a causar danos (já estar a causar danos)
- Requerente cumpra o prazo de 30 dias a contar do conhecimento do facto (397º
CPC)

A ação principal da qual o embargo da obra nova é dependente, pode ser uma ação de
vários tipos: ação de indemnização; discussão do direito de propriedade (ação de
reivindicação), ação para o reconhecimento do direito pessoal de gozo.

Em pendência da ação principal há a providência do embargo da obra nova:


- Em regra o requerido é ouvido antes do decretamento da providência.

Há no caso da providência do embargo da obra nova, a possibilidade de esta ser obtida


através do embargo extrajudicial - 397º/2 CPC - no prazo de 5 dias tem que ir a tribunal
para que este ratifique.

Se o tribunal entender que estão preenchidos os requisitos para decretar a providência, fica
proibido o prosseguimento da obra (400º CPC) - auto/documento: descrição da obra e até
fotografar o estado da obra, para verificar que cumpriram a providência.

Apesar da obra ser embargada, pode haver interesse relevante em continuar a obra, e não
se importa de continuar esta, mesmo que perdendo a ação principal tenha que destruir tudo
o que realizou após o decretamento da providência, podendo o requerido pedir ao tribunal
para que possa continuar a obra, demonstrando que não se importa de continuar e que se
tiver que demolir, no caso de perder a ação o fará, prestando uma caução ao tribunal para
esse efeito - 400º/1 CPC

- Condição negativa do princípio da proporcionalidade:


Ou, o tribunal pode entender que os danos/prejuízo resultante de paralisar a obra é superior
ao de não suspender, e portanto, se o dono da obra prestar uma caução, a obra deixa de
estar embargada.

401º/2 CPC: se a obra for embargada e o dono da obra não respeitar a decisão do tribunal
(continuar a obra sem autorização), pode o embargante fazer queixa ao tribunal, e é

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destruído tudo o que foi inovado desde que a suspensão foi determinada (à conta do dono
da obra).

Arrolamento (Comum / Especial):

Arrolamento Comum (403º a 408º CPC):


- lista para identificar os bens/documentos.

Esta providência serve para aqueles casos em que há um litígio relativamente à titularidade
de determinados bens, ou esses bens vão ter que ser distribuídos por várias pessoas
- Ex.: ações de divórcio, ações de inventário - distribuir bens de uma herança

As ações principais destas questões vão demorar a ser decididas. E pode haver certas
pessoas com receio que alguns dos bens desapareçam.
- Ex.: após o divórcio, A saiu de casa, tem direito a determinados bens que estão na
casa, e tem receio que o seu ex-cônjuge dissipe os bens.

Pode iniciar, como dependência da ação principal, uma providência cautelar de


arrolamento dos bens (404º CPC) - providência conservatória

O arrolamento traduz-se (406º CPC) numa descrição, avaliação e inclusivamente pode


haver um depósito dos bens (retirar os bens à pessoa que os tem naquele momento, até à
decisão da ação principal)

Requisitos (405º CPC):


- Fumus boni iuris (direito relativo aos bens)
- Periculum in mora (receio do extravio ou dissipação dos bens)

Tramitação do Arrolamento:
- Regra geral é de que o requerido vai ser ouvido antes da providência ser decretada,
mas se o requerente pode provar o receio, não sendo ouvido o requerido (405º/1 →

366º/1 CPC)

Arrolamento Especial (409º CPC):


- Adequados para determinados tipos de ação.
- Não é aplicado o artigo 403º CPC nos arrolamentos especiais (não é necessário
demonstrar o periculum in mora)
- Remissão 409º/3 - 403º CPC
_________________________________________________________________________

Resolução de Casos Práticos: Providências e Procedimentos Cautelares

1) providência cautelar comum:


- Periculum in mora (fundado receio de lesão grave ao seu direito) - receio dos
avultados prejuízos em consequência de não poder utilizar o espaço.
- Fumus boni iuris (probabilidade seria do seu direito) - direito a usar o espaço

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- Princípio da proporcionalidade - danos (368º/2 CPC)


- Quer que o tribunal diga à administração “Lojista pode manter a loja aberta até a ação
principal deliberar o caso”
- Ação declarativa de simples apreciação positiva

2) a ação principal seria ação declarativa de condenação - ação de reivindicação do direito


de propriedade
- Providência cautelar especificada: restituição provisória da posse
- Demonstrar a posse/domínio do bem
- Esbulho (bem foi retirado, deixou de poder exercer a posse desse bem)
- Violência (B não sofreu violência, mas houve violência sobre o bem,
derrubaram muros, cortaram árvores)
- Estando reunidos os 3 pressupostos parece ser possível decretar a restituição
provisória da posse
- Não é ouvido o requerido antes da providência ser decretada.
- Só depois, há a notificação da empresa, e pode contestar (372º CPC):
- recurso (mesmos factos)
- oposição (novos factos)
- Sentença (complementar da 1º sentença)

3) Providência cautelar especificada - arrolamento (403º + 406º CPC):


- Fumus boni iuris → Tem direito aos bens, à herança

- Periculum in mora → justo receio de extravio ou dissipação

5) providência cautelar especificada - suspensão de deliberações sociais (380º a 383º CPC)


- Na ação principal vai pedir ao tribunal que declare que a ação seja nula (ação
declarativa constitutiva de simples apreciação negativa) ou anulável (ação declarativa
constitutiva extintiva)
- Pressupostos:
- Qualidade de sócio
- Deliberação contra a lei ou estatutos da sociedade
- Demonstrar que a execução da deliberação causa um dano apreciável
- Juntar a ata
- Prazo (380º/3 CPC -10 dias, vai a tempo ou não?
- Foi regularmente convocado para a deliberação? Mesmo que
não tenha sido, esteve presente e tomou conhecimento no
momento, já passou o tempo.

6) providência cautelar especificado - arresto (391º ss CPC)


- Fumus boni iuris - probabilidade da existência do direito de crédito
- Periculum in mora - Receio de perda da garantia patrimonial (receio de que não haja
bens para pagar o crédito)

- não interessa se o crédito está ou não vencido


- I considera duvidoso o empreendimento, mas esta é uma avaliação pessoal
(subjetiva) e são precisos factos objetivos, não bastando a opinião do credor. Não
estando preenchido o pressuposto do periculum in mora.

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→ O arresto não ia ser decretado.


Se o tribunal indeferisse a providência. J ia saber desta providência que tinha sido intentada
contra ele? O tribunal decide sem a audição do requerido.

10) procedimento cautelar especificada de arbitramento de reparação provisória:


- Fumus boni iuris - Titular do direito de indemnização
- Situação de necessidade devido aos danos ocorridos - não havia porque quem auferia
os rendimentos era o próprio S e não quem sofreu o acidente.
- 495º/3 CC

11) Providência Cautelar Especificada - Arresto


- Não pode recorrer ao procedimento cautelar comum: convulação (362º/3 CPC)
_________________________________________________________________________

Inversão do Contencioso (Providências Cautelares) - 369º a 371º CPC:

As providências cautelares são medidas instrumentais e provisórias (dependentes de uma


ação principal – instrumento ao serviço da manutenção do efeito útil da decisão da ação
principal; e destinam-se apenas a vigorar enquanto a ação principal não for decidida)
- Requerimento inicial – oposição – audiência – sentença que pode ou não decretar a
providência (se sim, o requerente tem um prazo de 30 dias contados da data da
notificação do trânsito em julgado).
- Se a providência for decretada e o requerente não der entrada no prazo de 30 dias, a
providência caduca.

Na ação principal, muitas vezes, os factos que se encontram na petição inicial, são os
mesmos alegados no requerimento inicial (da providência), o mesmo se passa para a defesa.
- Assim, a sentença vai apreciar factos que já foram objeto de apreciação na
providência.
- Assim, têm que tornar a ser analisadas na ação principal – duplicação de atos, tempo
e trabalho do tribunal, que muitas vezes é desnecessária.
- Até 2013, isto era sempre assim.

Depois de 2013, introduziu-se uma solução no CPC, em que a decisão tomada na providência
cautelar, pode ser utilizada na ação principal – inversão do contencioso.
- Este regime significa uma quebra naquelas características da provisoriedade.
- O regime da inversão do contencioso, encontra-se regulada nos 369º a 371º CPC

Traduz-se no seguinte: na providência cautelar, o juiz, quando profere a sentença, além de


decretar a providência, se tiver formado uma convicção segura do direito acautelado e o
requerente lhe tiver pedido expressamente a inversão do contencioso, o juiz pode decretar a
providência + a inversão do contencioso. Assim, o requerente da providência fica dispensado
de propor a ação principal no prazo de 30 dias – 369º/1 CPC
- O juiz não vai dizer que a decisão da providência se transforma na decisão principal,
mas sim que o requerente deixa de precisar de a propor.

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- Vai ser o requerido que tem de próprio uma ação de impugnação do direito acautelado
– 371º CPC
- O requerido tem 30 dias para propor a ação. Se não o fizer, a decisão tomada na
providência transforma-se na decisão definitiva do litígio (deixa de ser
acessória/temporária para passar a ser definitiva).
- O juiz dispensa o requerente, e o ónus passa para o requerido.

Pressupostos da inversão do contencioso:


- 369º/1 + 2 CPC – a decisão de inversão do contencioso, é necessário que a parte
interessada o requeira expressamente. O requerente da providência tem de pedir
expressamente a inversão do contencioso. Não pode ser o tribunal por sua iniciativa
a inverter o contencioso (não é oficioso)
- Pode fazê-lo logo no requerimento inicial ou em qualquer momento até ao
encerramento da audiência final.
- Sempre que ela é pedida, o requerido tem de ter oportunidade de se pronunciar sobre
a inversão do contencioso (opor-se a essa decisão)
- Se o pedido for durante a audiência, o juiz não pode decidir a inversão do contencioso
sem permitir a outra parte que esta se pronuncie sobre o contencioso.
- Há providências que são decretadas sem a audiência dos interessados (requerimento
inicial – sentença). Nestes casos, pode o juiz decidir sem ouvir o requerido. Neste
caso o requerido pode defender-se de duas maneiras: recurso ou oposição. Aqui pode
pronunciar-se sobre a inversão do contencioso, mesmo que já decidida – 369º/2 CPC
- O juiz só pode decretar a inversão do contencioso se a providência em causa for
adequada a realizar a composição definitiva do litígio (decisão definitiva sobre a
matéria)
- Dentro das duas finalidades de providências que estudamos, quais são aquelas que
em abstrato servem para a inversão do contencioso? Antecipatórias (alimentos
provisórios: se o requerente tiver interesse nisso, pode pedir inversão do contencioso,
e me vez de esperar pela decisão principal, passa o montante a ser definitivo, e se ela
for decretada, a quantia mensal que era suposto ser provisório, passa a ser definitiva
– providência antecipatória).
- 366º/4 CPC - Olhar para a providência e ver se ela decide de forma definitiva ou não
aquele litígio. Se sim, pode haver inversão do contencioso.
- 369º/1 CPC - “convicção segura da existência do direito” – fumus bonus iuris,
apenas serve para decretar a providência.
- Para que esta providência seja definitiva, não basta o fumus bonus iuris, mas
sim que adquira uma convicção segura (probabilidade séria ≠ convicção
segura).
- Se o juiz ficar com essa convicção segura pode decretar a inversão do
contencioso, o que significa que o requerente que ia ter que intentar a ação
principal, deixa de ter que o fazer. Passa assim, se quiser reagir, o requerido
a intentar uma ação. Se não o fizer - 371º CPC Se o requerido intentar a
impugnação e por algum motivo esteja parado por mais de 30 dias – 371º/2
CPC
- Depois desta ação ser intentada, é uma ação como qualquer outra ação principal.
- No fim, vamos ter uma sentença que pode ter dois sentidos:

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- Confirmar a providência cautelar, caso em que a decisão da providência


cautelar passa a ser definitiva;
OU
- 371º/3 CPC - O requerido ganha a ação, e por isso, a providência cautelar
“caí”. Assim, temos um tribunal a dizer que à uma convicção segura que o
direito existe, e depois temos uma ação que vem derrubar esta convicção
segura, ou seja, o mesmo tribunal a contradizer o que disse anteriormente –
ou seja, não há uma convicção segura – contradição entre julgados/sentenças.

Providência cautelar – sentença (se temos uma decisão sem inversão do contencioso, nos
termos do 373º/1/c) CPC, é o requerente quem tem de propor a ação principal – 30 dias. O
requerente passa a ser o autor da ação principal. O requerido passa a réu da ação principal.

Com a inversão do contencioso – 371º/1 CPC (fala em ação principal, mas na verdade é
uma ação de impugnação do direito a acautelar). É o requerido que vai intentar esta ação,
passando assim a autor da ação de impugnação, e o requerente da providência passa a réu
– INVERSÃO DAS POSIÇÕES relativamente aquilo que acontecia na ação principal.

Esta ação é uma ação em que o requerido vai pedir ao tribunal o seguinte:
- Que o direito que foi discutido não existe (ação de impugnação do direito acautelado)

→ Ação de simples apreciação negativa.


- Assim, há consequência em termos de distribuição do ónus da prova (371º/1
CPC):
- Na ação principal, o ónus da prova cabe ao autor – 342º CC
- Aquele que invocar um direito cabe fazer prova dos factos alegados.
- Assim, nesta ação principal o autor propõe a ação de forma a que o
tribunal declare o direito e por isso é este quem tem o ónus da prova.
Nas ações de simples apreciação negativa, há uma regra especial quanto ao ónus da
prova – 343º/1 CC.
- Assim, nestas ações, não é o autor que tem que provar que o direito não existia,
apenas tendo de o alegar, e é o réu que tem de provar os factos alegados.
- Assim, apesar de haver uma inversão dos papéis (autor passa a reu e vice-versa)
quanto a distribuição do ónus da prova, continua sempre a ser o réu a ter que
demonstrar o direito. A inversão do contencioso apenas o dispensa de propor a ação.
- Remissão do 371º/1, CPC – 343º/1 CC

Quando a decisão é tomada (conceder a providência + inversão do contencioso), temos que


saber se é possível ou não recorrer – 370º CPC
- quando o tribunal decreta a inversão do contencioso, o requerido que não concorda
com a decisão, pode recorrer, mas não pode recorrer só da decisão da inversão do
contencioso, mas sim da decisão TODA.
- 370º/1 CPC – se o requerente pedir a inversão do contencioso e a providência chegar
ao fim e o tribunal não decretar a inversão (concede a providência, mas não há
inversão do contencioso) esta decisão é irrecorrível. O requerente vai ter de recorrer
na ação principal.

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Este regime é uma novidade do CPCivil de 2013.


Até 2013, existia antes um regime parecido, mas que não estava no CPC, mas sim no DL -
108/2006 de 8 de outubro – regime do processo civil experimentado.
- Regime no qual o legislador criou um processo declarativo diferente para alguns tipos
de ações e só se aplicava em algumas comarcas (ex: porto).
- 16º do DL 108/2006 - norma que admitia que nas providências cautelares, o juiz além
de decretar a providência, proferisse uma decisão sobre aquilo que seria o objeto da
ação principal. antecipação do juízo sobre a causa principal.
- Se na providência o juiz estivesse na posse de todos os elementos
necessários para decidir a ação principal, então podia-a o fazer.
- É diferente do regime da inversão do contencioso, pois o juiz aqui
decidia logo a ação principal. O requerente fica dispensado de propor
a ação principal, passando para o lugar dele o requerido.

Há alguns autores que fazem uma interpretação restritiva do regime da inversão do


contencioso – não resulta da lei.
- Posição minoritária da doutrina e jurisprudência:
- O Juiz pode decretar a inversão do contencioso se concluir que o
decretamento da providência resolve definitivamente o conflito subjacente
entre as partes. Ou seja, só é possível quando, a providência por si sempre já
resolve o litígio e a ação principal, era só para garantir que a providência não
caducava.

O regime só faz sentido nas providências antecipatórias (376º/4 CPC): das providências
especificadas será possível na teoria decretar a inversão do contencioso. Contudo, temos de
analisar providência a providência, para verificar se de facto o regime é útil ou não.
- Ex.: Providência de alimentos provisórios – titular de direito a alimentos, em vez de
esperar pela decisão da ação principal, pedir uma quantia mensal que lhe é entregue
provisoriamente. Se este pedir que esta quantia que vai ser decidida na providência,
fique logo como quantia definitiva, pode pedir a inversão do contencioso.

Contudo, há exceções:
- Ex.: Embargo de Obra Nova – a ação principal é uma ação de reivindicação do direito
de propriedade/posse. A decisão do embargo da obra nova apenas determina que a
obra seja suspensa, não decide se o direito existe ou não.
- Portanto, esta providência com a inversão do contencioso, não serve para
resolver o problema aqui subjacente, ou seja, quem é o titular do direito de
propriedade (para isso é necessário recorrer à ação principal)
- Neste caso, a inversão do contencioso, como não serve para tutelar o
interesse do requerente, não é muito útil.

- Ex.: Restituição provisória da posse – se for o direito de propriedade sobre um bem,


a restituição provisória da posse pronuncia-se sobre a posse e não sobre o direito de
propriedade.
- A simples restituição provisória da posse com a inversão do contencioso, não
serve acautelar o direito.

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Procedimento de Suspensão de Deliberações Sociais:


→ Interesse da inversão do contencioso no caso das providências de suspensão de

deliberações sociais (paralisar, suspender) - 380º/1 CPC

Providência de Suspensão de Deliberação Social


- Requerimento inicial
- Oposição
- Sentença (sem inversão do contencioso)
- 373º/1/a) CPC - 30 dias para propor ação principal

Ação principal:
- Declaração de nulidade (ação declarativa de simples apreciação negativa)
- Declaração de anulação (ação declarativa constitutiva extintiva)
- Prazo para instaurar a ação principal: 30 dias (59º/2 CSC)
- Legitimidade ativa para propor a ação: órgão de fiscalização e sócios que
votaram desfavoravelmente
- Legitimidade passiva: sociedade
- Sentença (61º CSC) - afeta todos os sócios da sociedade
- Deliberação anulável
- Deliberação nula

Providência Cautelar com Inversão do Contencioso (Deliberações Sociais):


- Requerimento inicial (requerente/sócio)
- Oposição (requerido/sociedade)
- Sentença + inversão do contencioso
- a) momento da sentença conta 30 dias
- b) 30 dias a partir do registo comercial
- 382º CPC
- Impugnação do direito acautelado (quer que o tribunal diga que a deliberação não

é nula/anulável → válida (ação declarativa de simples apreciação positiva)


- Legitimidade ativa: sociedade e sócios que votaram favoravelmente
(requerido/autor)
- 342º CC
- Remissão do 382º/2 CPC - 342º CC
- ≠ impugnação do direito acautelado: alimentos provisórios - autor/réu
(343º CC)
- Legitimidade passiva: sócio (requerente/réu)

Providência cautelar com Inversão do Contencioso, para todos os casos, menos para o caso
das deliberações sociais:
- Requerimento inicial
- Oposição
- Sentença + inversão do contencioso (371º/1 CPC)
- Recurso - impugnação do direito acautelado → 30 dias

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As deliberações de anulação geralmente não tem eficácia útil, pois o efeito da sentença
de uma ação principal de anulação, é destruir retroativamente, a suspensão só
suspende/paralisa.

Só pode ter interesse numa situação:


- Sociedade X, no dia 15/1/2019 vai aumentar o seu capital. E a sociedade Y delibera
investir. E um determinado sócio da sociedade Y que entende que a deliberação é
anulável. Pede a suspensão de deliberações sociais e a inversão do contencioso,
neste caso apesar da suspensão não ser anulável, o sócio quer que a sociedade não
participe, se a deliberação ficar parada até ao dia 30/01/2019, quer dizer que o dia 15
já passou, e portanto já conseguiu o que queria. Pois o sócio não queria destruir
nenhum efeito, só queria que a sociedade ficasse impedida de participar/investir na
sociedade X.

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Jurisdição Voluntária (986º ss CPC)


→ Saber diferença ≠ entre estes processo de jurisdição voluntária (heterotutela - não há

conflito de interesses propriamente dito, mas maneiras de ver o conflito) ≠ processos


contenciosos (conflito de interesses - heterocomposição)

- Nos processos de jurisdição voluntária, o juiz olha para o interesse e pensa na melhor
forma de acautelar o interesse (ex.: ação de regulação do exercício de poder parental
- interesse do filho)

PRINCIPAIS DIFERENÇAS: ≠
≠ Jurisdição Voluntária - consagração do princípio do inquisitório no plano da alegação dos
factos e da prova, aqui o juiz pode procurar os factos (986º/2 CPC) // Jurisdição
Contencioso - o juiz apenas julga as provas, as partes é que tem que trazer provas para o
processo

≠ Jurisdição Voluntária - O tribunal não está sujeito a critérios de legalidade estrita, pode
adotar para cada caso a solução mais oportuna (987º CPC) // Jurisdição Contencioso -
tribunal tem que decidir estritamente de acordo com o direito, não pode adaptar a decisão ao
caso concreto

≠ Jurisdição Voluntária - 988º CPC - as decisões podem ser alteradas, se ocorrerem


circunstâncias supervenientes que reclamem uma modificação, ou quando seja levado a
tribunal novos factos que não eram conhecidos no momento em que o tribunal decidiu. //
Jurisdição Contencioso - a decisão não pode ser alterada após trânsito em julgado.

≠ Jurisdição Voluntária - o STJ nunca conhece destes processos de jurisdição voluntária


(988º/2 CPC) // Jurisdição Contencioso - é sempre possível recurso para o STJ.

O Desvio da função do processo (o Uso Anormal do processo):

Situações em que as partes utilizam o processo judicial para um fim distinto do que a que
este se destina:
- Simulação processual
- As partes, de comum acordo, criam a aparência de um litígio (inexistente), para
que haja um processo, e para obter uma sentença, cujo efeito apenas querem
em relação a terceiro e não entre si.
- Ex.: A queria comprar terreno e construir uma casa, e pediu um
empréstimo ao banco. A não vai ter € para pagar ao banco, então
decide, visto que C (empreiteiro que esta a construir a casa é amigo de
A), e A tem um amigo jurista que lhe falta no 754º CC, e simulam que
A deve 300.000€ a C, e portanto, C ficou no terreno, e propõe ação em
tribunal para que este declare que A lhe deve os 300.000€ e que C tem
o direito de retenção (esta ação é uma simulação, mas que o tribunal

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não deu conta, e portanto se o banco não conseguir provar que é


simulado, este não vai conseguir receber o seu crédito).
- Hipoteca do banco fica em 2º lugar.

- Fraude processual - ocorre quando as partes de comum acordo, criam a aparência


de um litígio para obter uma sentença que querer efetivamente, mas só para prejudicar
um terceiro.

Como se resolve o Uso Anormal do processo? 612º CPC


- Se durante o processo até à sentença o tribunal se aperceber do simulado, no final
não vai proferir sentença nenhuma, mas pode acontecer que o tribunal não se
aperceba.
- Violação do dever de boa fé processual (8º CPC)

≠ simulação e fraude processual ≠ litigância de má fé (actuação num processo contrária


aos deveres de boa fé processual (dolosa ou negligência grave - sancionada pelo tribunal -
multa paga ao tribunal e até pode existir uma indemnização à parte contrária - 542º + 543º
CPC)

Taxa de justiça específica/excecional quando os processos tem excecional


complexidade: quando tem peças processuais que injustificadamente são enormes
(530º/7/a)/c) CPC)
- 531º CPC

Quando a litigância de má fé é muito grave: taxa sancionatória agravada (regulamento das


custas processuais)

Estrutura da relação jurídica processual e do processo:

Estrutura da relação jurídica processual:

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- A estrutura estabelece-se entre o autor e o tribunal e depois o réu e o tribunal, ou seja,


não há em rigor uma relação processual direta entre autor e réu. Existe uma relação
de cada um deles com o tribunal. Diz-se que há uma estrutura triangular.
- Existem determinados deveres gerais que o autor e o réu tem que observar por
participarem no mesmo processo: 7º, 8º, 9º CPC, apesar de não terem uma relação
direta um com o outro.
- A relação jurídica processual pode também designar-se por instância.

- Indicar e perceber que o facto de a relação jurídica se estabelecer entre as partes,


significa que, tal como na relação jurídica subjetiva, cada uma das partes, tem direitos
e deveres (ônus) que tem um reflexo na parte contrária e na maior parte dos casos, o
não exercício de direitos por parte de algum dos sujeitos processuais vai implicar uma
exclusão daquele direito, aquela parte deixa de exercer aquele direito mais à frente
(ex.: réu tem um prazo para apresentar a contestação, depois extingue-se)
- Há outras situações em que pode haver uma desvantagem econômica (ex.: se uma
das partes não respeitar o princípio da boa fé, pode ser condenado como litigante de
má fé) - perde direitos e ainda sofre a desvantagem de ter que pagar uma
indemnização
- Apesar de as partes não terem deveres recíprocos entre si, a não ser estes deveres
gerais, isso não significa que os advogados que representam cada uma das partes
não possam ter alguns deveres recíprocos: 221º 225º CPC - deveres de comunicação;
se estes deveres não forem cumpridos, quando o tribunal se aperceber que não foi
cumprido, vai convidar o advogado a cumprir o dever que está em causa; se ainda
assim, por algum motivo o advogado não enviar apesar do tribunal o lembrar, aí pode
estar em causa uma violação do dever de cooperação entre as partes e o advogado
ser sancionado;

→ O autor desencadeia o processo através da petição inicial - direito de ação; outro


elementos estruturante é o poder de defesa do réu e ainda o poder jurisdicional do tribunal;

→ O tribunal além de ter o poder de decidir o litígio tem também um poder de g erir o

andamento do processo - garantir que este segue a tramitação normal de forma regular -
poder de gestão processual (6º CPC)

Esta relação processual tem algumas características que a distinguem da relação


material/de direito substantivo:
- Quando A celebra um CCV com B, e B não pagou o preço - relação de direito material,
está diretamente relacionado com o direito substantivo;
- Se B não paga o preço e A decide iniciar uma ação - relação jurídica autónoma:
relação jurídica processual;
- São autónomas e a característica que demonstra esta autonomia é o facto de, se
ocorrer alguma alteração na relação substantiva, esta não afeta a relação processual,
para alterar a relação processual é necessário que sejam invocados esses novos
factos;

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A relação jurídica processual inicia-se com a entrada da petição inicial na secretaria


(259º/1 CPC) → Princípio do Pedido

→ A relação processual depois de iniciada desenvolve-se de acordo com o Princípio da


Autorresponsabilidade das Partes (os principais responsáveis pelo andamento do
processo são as partes, tem que dar os impulsos necessários para que o processo vá
avançando), e este princípio é completado com o poder/dever de gestão processual do juiz.

Estrutura do Processo:
- O processo é uma sucessão de atos jurídicos que se entrecruzam numa sequência
lógica, temporal e teleológica. Significa que o processo é formado por um conjunto de
atos que estão organizados numa sequência temporal e tem uma racionalidade por
trás.
- O processo civil é a sequência de atos processuais que é estabelecida para colocar o
tribunal na posição de poder de solucionar o conflito de interesses que lhe foi pedido
pelas partes.
- Sequência de atos desde que a ação se inicia até à decisão de trânsito em julgado.
- O CPC refere qual a sequência e os requisitos que cada ato tem que cumprir, o
momento em que tem que ser praticado, e as consequências de não serem praticados
os atos.
- Os atos que fazem parte da sequência tanto podem ser praticados pelo autor, réu e
tribunal.
- CPC: regras específicas para o tipo de atos (livro segundo - 130º ss CPC)
- A lei criou formas de processo, tendo em conta as grandes espécies de ações
(declarativas (548º + 549º; 552º até ao 702º CPC) e executivas (703º até 877º CPC))
- Dentro do processo declarativo, da sequência de atos, ainda se
distinguem 2 tipos de sequência:
- Processo declarativo comum (conjunto de atos que formam a
sequência)
- Processo declarativo especial (ex.: ação litigiosa de divórcio; bem
detido em compropriedade tem o direito a pedir a divisão - processo
divisão de coisa comum;)

Processo Declarativo Comum - regras gerais da sequência de atos:


- Petição inicial → citação do réu → contestação → réplica → audiência prévia → audiência
de julgamento → sentença
- Muitas vezes ao longo da sequência processual surgem questões análogas, questões
processuais que é necessário resolver e que não são resolvidas na sequência
principal; é necessário uma sequência diferente (resolvida em paralelo com a ação
principal (ex.1: A propôs ação contra B, para cobrar um crédito, e entretanto o A vende
o seu crédito a C, para que C substitua A enquanto autor na ação/processo, é
necessário trazer essa informação ao processo para que esta seja finalizada) - esta
questão processual que surge que não vai ser resolvida na sequência principal de
atos; o CPC criou sequências de atos para resolver outro tipos de questões: estas
sequências: Incidentes Processuais ou Incidentes da Instância;

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- Requerimento inicial → oposição → pode não haver necessidade de realizar


audiência de julgamento → sentença
- Neste caso do exemplo era necessário iniciar um incidente de habilitação;
- Ex.2: se o réu (B), vier referir que devia C também ser réu no processo, e A
não tem a certeza - incidente de intervenção de terceiros

547º CPC - poder de adequação formal do tribunal: a lei atribui ao juiz, tendo em vista o
objetivo da sequência é permitir chegar ao final e que o juiz possa decidir do mérito, de acordo
com a verdade material, este artigo diz que se o juiz deve alterar a sequência definida da lei,
pode fazê-lo, de forma a que o processo siga de forma mais célere e eficaz.
- Ex.: partes quando apresentam a fase dos articulados (petição inicial, contestação,
réplica), podem logo indicar a prova; e pedir as provas periciais; quando são pedidas
periciais o juiz vai na audiência prévia avaliar se deve ser feita, e se sim, será feita
antes da audiência de julgamento. Em alguns casos o juiz pode achar que antes de
realizar a audiência prévia as partes já tenham a perícia realizada, então adequa os
atos da sequência, alterando a sua ordem.

Características que qualquer Ato Processual tem (especificidade dos atos


processuais):
- São atos jurídicos destinados à atribuição de um efeito jurídico, praticados dentro do
processo;
- Os factos jurídicos que ocorrem fora do processo só podem ter relevância
processual se forem levados para o processo através de um ato processual
(incidente processual)
- Actos processuais pode significar coisas variadas (ex.: se A quer juntar um documento
novo ao processo envia-o através de um requerimento), se (ex.: autor e réu chegam
a acordo e querem acabar com o processo através de transação), se (ex.: juiz admite
uma perícia e nomeia um perito para avaliar);

Conjunto de regras gerais para todo e qualquer ato processual (130º ss CPC):
- Língua a empregar é sempre a língua portuguesa (133º/1 CPC), no caso de
estrangeiros - 133º/2 CPC
- No caso dos documentos - 134º CPC - documentos em língua estrangeira o
réu pode pedir uma tradução para português;
- Forma dos atos: 131º/1 CPC - não há forma obrigatória, é a forma mais adequada do
que se pretende (escrito/oralmente)
- Regras escritas: 131º/3 CPC - escritos de forma adequada a não deixar dúvida;
- 552º CPC - requisitos específicos da forma;
- Forma como os atos processuais são apresentados no processo - quase
exclusivamente através do citius - 132º CPC + portaria 280/2013
- 144º/7 CPC - partes não tem que estar representados por advogado, tem que usar os
meios de entrega anteriores ao citius;
- Quando se envia documento pelo citius - 144º/1 CPC - data da expedição;

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Actos Processuais:
- São actos jurídicos, com a especificidade de serem praticados no âmbito de um
processo, tem regras formais (língua portuguesa) e a forma de serem praticados é
através de uma plataforma informática (CITIUS) - 132º CPC + portaria 280/2013

- Momento e local onde tem que ser praticados os actos processuais: 137º + 138º CPC
- 137º/1 CPC: praticam-se quando os tribunais estão abertos (durante o ano judicial -
27º lei da organização do sistema judiciário – começa a 1 de janeiro/horário de
funcionamento: 9:30 ao 12.30 / 1:30 às 4.30)
- Há determinados períodos, chamados férias judiciais, onde os tribunais, apesar de
estarem abertos ao público, não se praticam , em princípio atos processuais – 28º lei
da organização do sistema judiciário - LOSJ
- 137º/2 CPC - exceções em que podem ser praticados alguns atos.
- 137º/3 CPC - Em princípio, os requerimentos, ou outros atos que impliquem a receção
pela secretaria, devem ser estes praticados durante as horas em que o tribunal estava
aberto (estamos a falar daqueles atos que implicam a presença física do indivíduo no
tribunal). Podia isto fazer sinto antigamente, mas atualmente, com Citius, já não se
justifica: 137º/4 CPC

Além dos atos das partes, é necessário conhecer os actos do tribunal/juiz: 152º a 154º CPC
- 152º CPC: sentença e despacho (acto pelo qual o juiz decide o processo principal
ou alguns dos seus incidentes (da instância) - resolvidos por sentença
- Quando temos um tribunal coletivo (3 juízes), a decisão já não se designa sentença,
mas sim acórdão (152º/3 CPC)

Todos os demais atos que o juiz prática ao longo do processo: são despachos judiciais

Requisitos externos da sentença e do despacho - 153º CPC


- Em princípio e em regra, as decisões dos tribunais, são proferidas por escritas,
assinadas e datadas pelo seu autor.
- Mas pode acontecer, que no âmbito de uma diligência, o juiz profere despachos orais
(decisão oral). Assim, apesar de a regra ser a forma escrita, também podem as
decisões adotar uma forma oral, sendo depois reduzidas a escrito na ata da diligência
processual. O funcionário judicial/oficial de justiça, vai depois reduzir a escrito esse
despacho para que fique na ata (153º/3 CPC)

Quando falamos em sentença, podemos estar a falar de uma sentença que põe fim à causa
depois e o juiz ter tido oportunidade de apreciar os factos, aplicar o direito ao caso concreto,
conseguindo dar uma resposta ao autor. Neste caso temos uma decisão de mérito – caso
julgado material (619º CPC)
- Ou, podemos ter uma sentença em que o juiz entende que não estão reunidos os
pressupostos necessários, e aqui temos uma decisão de absolvição da instância –
caso julgado formal (620º CPC)

→ Petição inicial - contestação - audiência prévia - audiência de julgamento - sentença

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- Além de poder surgir uma sentença depois da audiência do julgamento, há


determinados casos em que podemos ter uma sentença logo na audiência prévia
(595º/1/b) + 3 CPC)

Saneador-Sentença: ocorre quando o Tribunal, logo com a análise da petição inicial e


contestação, entende estar em condição de proferir uma decisão final, quer uma decisão de
mérito, que uma decisão de absolvição da instância.
- Assim, podemos ter logo uma sentença na fase da audiência prévia.
- Também pode haver uma sentença em qualquer outro lado da tramitação.

290º/3 CPC – se houver transação, tem de ser homologada por sentença; se não houver
transação, mas sim desistência, também tem de ser homologada por sentença.
- São estes, atos do juiz, que põe fim à causa.

154º CPC - as sentenças tem que ser sempre fundamentadas (+ 607º/2 CPC)

Despachos: regimes diferentes


- Necessidade de fundamentação (conjunto de razões que levaram o juiz a tomar
aquela decisão)
- Possibilidade de recurso:
- Despachos de mero expediente - o único objetivo é fazer com que o processo
avance, não há nenhuma decisão material (152º/4 CPC) - ex.: despacho em
que juiz marca data de AJ
- Não tem que ser fundamentos (154º/1 CPC) e não são recorríveis
(630º/1 CPC)
- Despachos proferidos no uso legal de um poder discricionário - despachos que
são proferidos em matérias em que a lei atribui ao tribunal o poder de decidir
de forma discricionária - ex.: o processo tem uma determinada sequência
temporal, mas o legislador deu ao juiz (547º CPC) um poder de adequação
formal - pode alterar a sequência. O juiz faz uma avaliação e entende que é
mais útil para o andamento do processo e para a descoberta da verdade
material alterar a sequência dos atos.
- Estes despachos, como há o uso de um poder discricionário, já há
necessidade de fundamentação, mas como é um poder discricionário,
é irrecorrível (630º/1 + 152º/4 CPC)
- Despachos que resolvem questões suscitadas pelas partes - aí o juiz já esta a
exercer o seu poder de jurisdição. É apresentado um requerimento por uma
das partes, e o juiz tem que deferir ou indeferir o requerimento apresentado
(ex.: adição de provas documentais)
- Antes de decidir é necessário que se cumpra o princípio do contraditório.
- Contudo, quando é decidido, é um despacho que resolve uma questão do
processo, e portanto tem que ser fundamentado (154º/1 CPC) e pode ser
objeto de recurso.

Actos especiais:
- Citação
- 219º/1 CPC - ato que chama o réu ao processo pela primeira vez, e dá
conhecimento a este que foi intentada uma ação contra ele.

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- 227º CPC - não é uma simples informação, a pessoa vai receber um duplicado
da petição inicial e dos documentos que a acompanham, e vai ainda receber
uma série de informações: qual é o tribunal, o nº de processo, o prazo que esta
pessoa tem para se defender da ação judicial, se precisa ou não de constituir
um advogado para se defender, e também as consequências no caso de
revelia, ou seja, se não se defender do processo.
- 219º/1, 1ª parte CPC - outras pessoas são citadas.
- Pode adotar ≠ modalidades:
- 225º/1 CPC - citação pessoal / edital
- Citação Pessoal
225º/2/a) → Portaria 280/2013 - citação feita através do
Citius
225º/2/b) → 228º + 230º CPC - através de carta
- que tipo de cartas os CTT entregam?
- Via Postal Simples (sem registos)
- Carta Registada (regista a data do envio)
- Carta Registada com aviso de receção
- A regra nos processos judiciais
é a carta registada com aviso
de receção
- O aviso de receção é remetido
para quem enviou a carta -
tribunal
- 228º CPC (ler o artigo todo)
225º/2/c) → 231º + 232º CPC
- Pessoa também pode ser citada pessoalmente
por um funcionário judicial ou um agente de
execução
- 225º/3 CPC - Mandatário judicial
- 230º CPC - considera-se citada

- Citação quase pessoal (225º/4 → 228º/2/4 CPC):


- 230º CPC - a carta registada com aviso de receção é enviada
para a morada do réu, e quando o distribuidor entrega a carta,
é outra pessoa que assina a carta, e esta pessoa diz que está
em condições de entregar aquela carta ao réu. Considera-se
feita/citada no dia em que é assinada a carta.

- Citação Edital
- 225º/6 CPC → usa-se quando:
- o réu está ausente ou em parte incerta (236º CPC) ou quando
a ação é intentada quanto a pessoas incertas (243º CPC)
- 240º + 241º → 242º CPC

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- Quando não se sabe do paradeiro do réu, a


secretaria tenta descobrir a última morada
conhecida daquela pessoa.
- A citação edital traduz-se num anúncio que se
vai fixar na última morada conhecida do réu, na
esperança que ele lá volte ou que alguém o
informe da citação.
- Considera-se citado no dia da publicação do
anúncio.

- Citação Pessoas Coletivas (246º CPC): as regras vistas para a citação das
PS também se aplicam às PC, mas com as necessárias adaptações.

Dilação - 245º CPC: quando temos um prazo que se vai adicionar a um prazo já existente e
vai remeter para um momento posterior à prática de um ato.
- 245º/a) CPC - quando ocorrer uma citação quase pessoal, há uma dilação de 5 dias,
acrescenta-se 5 dias ao prazo que o citado tem para apresentar a sua defesa.
- 245º/b) CPC - se o réu for citado para o tribunal do porto e ele reside em Braga –
adiciona-se uma dilação de 5 dias ao prazo de defesa
- o que significa que temos de ter uma noção das comarcas existentes na nossa
divisão judicial do território (23 comarcas – 64º do Regime aplicável à
organização e funcionamento dos tribunais judiciais – DL 49/2014)
- 245º/2 CPC - A dilação passa para 15 dias, se o réu reside uma região autónoma e
foi citado para uma ação no território nacional, ou vice-versa.
- 245º/3 CPC - Se residir no estrangeiro, tem uma dilação de 30 dias, e ainda quando
a citação foi edital.
- 245º/4 CPC - a dilação associada à citação quase pessoal (245º/a) CPC), esta dilação
pode somar-se a qualquer uma das outras 3 dilações.
- Ou seja, se o réu reside em Braga, e foi citado para uma ação no Porto e o
aviso de receção foi assinado pela mulher (citação quase pessoal) - então tem
uma dilação da alínea a) + b) = vai ter uma dilação de 10 dias;
- Se o réu reside nas regiões autónomas e não foi este a assinar, vai ter uma
dilação de 15 dias (245º/2 CPC) + 5 dias (245º/a) CPC)
- Se o réu reside no estrangeiro e não foi este a assinar, vai ter uma dilação de
30 dias + 5 dias

- Notificações:
- Notificação (219º ss CPC) - na relação entre autor/réu, todos os atos
posteriores à citação do réu, as comunicações são feitas por notificação
- Notificações feitas pela secretaria (oficiosas) - 220º CPC - quando
o tribunal profere o despacho, em que marca um dia para um ato do
processo, não precisa de dar conhecimento disso à secretaria. Não é
preciso o Tribunal ordenar expressamente a secretaria a realizar esta
notificação, porque a secretaria já sabe, e esta envia a notificação
oficiosamente.
- 220º/2 CPC - quando a secretaria se apercebe que foi praticado
um determinado ato por uma das partes e que a outra parte não

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foi logo notificado, a secretaria notifica para que essa parte


possa responder.
- 220º → 247º + 248º + 249º CPC (regras formais das
notificações)
- 248º → 13º/a) + 25º Portaria 280/2013
- Casos em que as partes se podem pleitear: notificadas - 249º
CPC - a carta registada, considera-se notificada no 3º dia após
o registo da carta, se o 3º dia for dia útil. Se não for, passa para
o 1º dia útil seguinte.
- Notificações feitas entre mandatários das partes
- 221º CPC - notificações entre advogados. São os advogados
que tem o dever de notificar a parte contrária, e não a secretaria
que vai notificar o advogado.
- 221º CPC → 255º CPC → 26º da portaria 280/2013

Prazos Processuais:
139º CPC
- Dilatório (139º/2 CPC): quando um determinado ato tinha de ser praticado numa
determinada data, mas por causa da dilação, o prazo é estendido/aumentado (ex.:
245º CPC)
- Situações a que a um prazo de defesa que o réu tem, é indeferido para um
outro momento, o início da contagem desse prazo passa para 5 dias depois
exemplo.
- Perentório (139º/3 CPC): prazo que a parte tem para praticar um determinado ato
processual, e se não praticar o ato processual dentro do prazo, perde o direito de
praticar o ato, já não o pode praticar em mais nenhum momento.
- Ex.: contestação (569º/1 CPC) - o réu pode contestar no prazo de 30 dias após
a citação, este prazo é perentório, então se não o fizer perde o direito.
- Ex.: contestação, fase perentória de 30 dias, e em determinados casos o réu
pode responder à citação através da réplica, a réplica também tem um prazo
(585º CPC), se não extingue-se o direito.
- Ex.: Nos procedimentos cautelares o requerente apresenta o requerimento
inicial, e depois nos procedimentos em que o requerido é ouvido antes da
decisão, o requerido tem um prazo para deduzir a oposição (10 dias), se não
extingue-se o direito
Acontece que podemos ter estes dois prazos (dilatórios + perentórios) seguidos:
- Ex.: quando o réu é citado, pode ter diferentes dilações, somam-se ao prazo
perentório que tem para contestar um prazo dilatório, isto é, quanto o réu é citado tem
um prazo perentório de 30 dias para contestar, mas se o réu foi citado na comarca do
Porto e vive em Braga, tem uma dilação de 5 dias (prazo dilatório), contando-se estes
prazos como um só. O mesmo para quem se encontra no estrangeiro (142º CPC)

Em alguns casos, a lei indica o prazo perentório. Noutros casos, falta de estipulação
especial, aplicamos uma norma supletiva: 149º CPC (10 dias)

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Se o ato não for praticado dentro do prazo perentório (até ao último dia), o direito
extingue-se: este regime é muito rigoroso e gravoso, exigente para os advogados que se
podem enganar facilmente na contagem dos prazos, ou não conseguir, por algum motivo,
cumprir o prazo, o que tem consequências para o cliente que perde aquele direito.
- Assim, o legislador criou uma possibilidade de, mesmo depois do fim do prazo,
ainda se poder praticar o ato, mediante o pagamento de uma multa (139º/5 CPC)
- Ex.: Se o prazo terminou no dia 10 de janeiro, o advogado ainda pode praticar
o ato nos 3 dias úteis seguintes, mas pagando uma multa.

- A multa não é sempre a mesma (139º/5 CPC):


- 139º/5/a) CPC: Quando se dá entrada de uma petição inicial, contestação, é
preciso pagar uma taxa ao tribunal (taxa de justiça)
- Ex.: uma ação entre 20 mil e 30 mil euros, com uma taxa de justiça de
400 euros. O réu contesta já depois do prazo, no 1 dia de multa, ele
tem de pagar os 400 euros mais 10% da taxa de justiça, ou seja, 40
euros, tendo esta multa o limite de meia UC – unidade de conta
(102 euros); assim ia pagar 51 euros.
- Se fosse 800 euros e não 400, já tinha de pagar 80, mas não o ia fazer
porque passa o limite de metade de uma UC (51 euros).
- 139º/5/b) CPC: 25% - limite máximo de 3 UC;
- 139º/5/c) CPC: 40% - limite máximo de 7 UC;

139º/4 CPC: ato ser praticado depois do fim do prazo devido a Justo Impedimento
- 140º CPC: Quando acontecer qualquer coisa, que, não seja imputável quer ao senhor
A, quer ao seu advogado e que impeça que o ato seja praticado dentro do prazo, pode
ser autorizada essa parte a praticar o ato já depois de o prazo ter passado.
- Ex.: o advogado estava a preparar a contestação no último dia do prazo e
surge uma tempestade que destrói metade do escritório, não conseguindo
enviar a contestação nem no último dia do prazo nem os 3 dias posteriores
úteis (considera-se esta uma situação de justo impedimento)
- Ex.: o filho do advogado é atropelado e é internado, e este tem de o
acompanhar na realização de uma cirurgia.
- Ex.: a advogada no último dia do prazo entra no último dia em trabalho de parto
- Ex.: os documentos desaparecem por causa não imputável a ele (incêndio no
armazém onde tinha os documentos), e ele agora não consegue enviar os
documentos ao advogado de forma a que este possa praticar o ato.
- 140º/2 CPC: A parte que alegar o justo impedimento oferece logo a prova
- Nessas situações, aquele que não praticou o ato, mal cesse o impedimento,
tem de apresentar um requerimento no Tribunal, a justificar o porquê de não
ter praticado o ato, e as respetivas provas (documental ou testemunhal), e tem
também de praticar o ato.
- O advogado da parte contrária tem de se pronunciar, dizendo que não tem
nada a opor (esta é a situação norma, por uma questão de cortesia
profissional). Mas se quiser, pode opor-se.
- Pode também acontecer que o tribunal não considere a situação em causa,
uma situação de justo impedimento.

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Quando o citius colapsa, recorre-se aos meios anteriores – situação que ocorreu há
alguns anos (144º/8 CPC)

Quanto aos requisitos dos prazos perentórios (141º CPC)


Pode ser aumentado nos termos em que a lei diga ou por acordo as partes.
- Ex.: O réu tem 30 dias para contestar, mas é uma contestação complicada, e
os advogados estão a negociações pois pode haver uma possibilidade de
acordo, assim, estes podem acordar em alargar o prazo perentório.

REGRAS PARA A CONTAGEM DOS PRAZOS:

- Continuidade dos Prazos (138º CPC): o prazo conta-se de forma contínua, não se
suspende nos fins de semana e feriados (se eu tenho um prazo de 10 dias, eu conto
esses dias seguidos)
- Mas suspendem-se nas férias judiciais – 28º DL 280/2013– se eu tenho um
prazo processual de 10 dias, em a pessoa foi notificada dia 19, começo a
contar o prazo no dia 20 de Dezembro, dia 22 fica suspenso, durante as férias
judiciais até ao dia 3 de janeiro, sendo o terceiro dia da contagem do prazo o
dia 4 de janeiro.
- A não ser, que se trate de um prazo cuja duração seja superior a 6
meses, ou que se trate de um processo urgente (procedimentos
cautelares), nesse caso não se suspende o prazo.
- 279º/b) CC – não se inclui o dia em que ocorreu o evento a partir do qual o prazo
começa a correr
- O prazo começa a contar-se a partir do dia seguinte aquele em que a pessoa
se considera citada ou notificada.
- O dia em que ocorreu o evento que determina a contagem do prazo, não se
conta, sendo o dia seguinte o início da contagem do prazo (mesmo não sendo
um dia útil).

- 279º/e) CC + 138º/2 CPC


- Se conto um prazo de 10 dias, e termina por exemplo, num sábado, a
contagem dos 10 dias terminou no sábado, mas não sendo este um dia útil,
o fim do prazo transfere-se para o dia útil seguinte – (segunda-feira);
- Também se aplica quando for tolerância de ponte (138º/3 CPC)
- No caso de férias judiciais – o prazo suspende-se

4 Passos para a Contagem dos Prazos:

- Determinar o prazo perentório em curso: perante uma determinada situação saber


qual é o prazo que extingue o direito (ex.: réplica - 585º CPC; contestação - 569º CPC;
procedimento cautelar – ver qual é o prazo;

- Verificar se existe alguma dilação (prazo dilatório): 245º CPC.


- Há ou não uma dilação, e saber qual o prazo que temos que “aumentar”. Se
houver, somam-se os dois prazos.

- Verificar quando é que a pessoa se considera citada ou notificada:

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- Citações: citação por via postal (230º CPC); citação edital (242º CPC);
- Notificações: 248º CPC (secretaria - advogados) + 245º CPC (entre
advogados).

- Fazer a contagem do prazo, recordando SEMPRE que não se conta o dia do evento,
ou seja, o dia da notificação ou citação, e que durante as férias judiciais o prazo se
suspende, a não ser nos casos de processos urgentes (procedimentos cautelares;
processo de insolvência) ou prazos superiores a 6 meses.

- Por fim, verificar se o dia em que termina o prazo, se é dia útil ou não. Caso não
seja útil, passa para o seguinte dia útil.

-Se o prazo for ultrapassado, há ainda a possibilidade nos três dias seguintes (úteis),
mediante um pagamento de multa.
_________________________________________________________________________

Casos Práticos (Prazos Processuais):

1)
- Qual é o prazo perentório? O ato em causa é a contestação, sendo o prazo 30 dias
(569º/1 CPC)
- Existe alguma dilação? Sim – 30 dias (245º CPC)
- Somamos os prazos (30 + 30 – 60 dias)
- Considera-se citado no dia da publicação do anúncio - 242º/1 CC. Bernardo é citado
no dia 19. Como não conta o dia do evento, o prazo começa a contar no dia 20.
- No dia 22 de Dezembro o prazo suspende-se e não se conta até ao dia 3 – (prazo de
férias judiciais: 28º DL 280/2013
- Os 6 dias terminaram no dia 2 de Março (sábado). Assim - 138º/2 CC + 279º/e) CC –
o prazo termina no dia 4 de Março.
- Mas mediante o pagamento de uma multa, pode ser praticado até ao dia 7 – 3 dias
úteis.
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------
2)
- Prazo perentório para a contestação – 30 dias - 569º/1 CPC
- Dilação? Sim: 5 dias (comarcas diferentes - 245º/1/b) CPC
- 142º CPC: somam-se os prazos (35 dias)
- Deolinda considera-se citada no dia 14 de dezembro (dia em que assinou: 230º/1 CPC
- considera-se citado no dia em que assinou o aviso de receção). Os 35 dias começam
a contar a partir de dia 15. Apesar de dia 15 ser sábado, não há nenhum problema
(início da contagem do prazo).
- Problema das férias judiciais – o prazo termina do dia 31 de Janeiro de 2019.
- No entanto pode ser praticado até dia 5 (dia 3 e 4 é fim de semana), mediante o
pagamento de uma multa. Ter atenção aos feriados.

2.1)
- O prazo perentório é o mesmo 30 dias
- A consequência de ter sido uma citação quase pessoal é a de que nos termos do
245º/1/a) + b) CPC

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- Há uma dilação de 5 dias. Mais outra de 5 dias


- 245º/4 CPC – estas dilações podem ser somadas (10 dias)
- O prazo dilatório passa de 5 para 10 dias o que significa que somando o prazo
perentório com o dilatório, passou de 30 para 40.
- Quando é que se considera feita a citação? Não há nenhuma modificação, é o dia 14
de dezembro – 230º CPC
- A contagem inicia-se no dia 15 (somamos 5 dias a partir do dia 31)
- O prazo de 40 dias termina no dia 5 de fevereiro de 2019.
- O ato ainda pode ser praticado até dia 8, mediante o pagamento de uma multa –
139º/5 CPC
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------
3)
- O ato é oposição à providência cautelar, sendo o prazo perentório de 10 dias
(procedimento cautelar comum – 365º/3 + 293º CPC)
- se a lei não fixar o prazo – 149º CPC
- Dilação – 245º/2 CPC – 15 dias
- A ação foi intentada na comarca de Lisboa, e a requerida reside na Madeira.
- A dilação, no caso dos procedimentos cautelares, não pode exceder o prazo de 10
dias – 366º/3 CPC – Urgência.
- Nos termos do 142º CPC (soma dos prazos) significa que temos um prazo de 20 dias.
- Quando é que a Felisbela se considera citada? Dia 21 de dezembro – 230º CPC
- Apesar de dia 22 de dezembro ser férias judiciais, não interessa por razões de
urgência do procedimento cautelar - 363º CPC
- 138º/1 CPC – não se suspende os prazos durante as férias judiciais nos casos
urgentes. Assim, dia 22 é o 1º dia. O prazo termina no dia 10 de janeiro
- Mas pode ainda fazê-lo até dia 15 de janeiro, aqui conta-se os dias úteis por força do
139º/5 CPC
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
4)
a) prazo perentório - 569º CPC - contestação - 30 dias
- Dilação - 245º/1/a) CPC - dilação de 5 dias (citação quase pessoal)
- Citado a 15/03 - 230º/1 CPC
- Prazo 35 dias: o ato podia ser praticado até dia 30 de abril
- O primeiro dia do prazo começa-se a contar no dia seguinte ao evento, ou seja, dia
16. Contamos 35 dias desde dia 16 de Março. Entre dia 25 de Março e dia 2 de Abril
temos férias judiciais ficando o prazo suspenso – férias judiciais de páscoa. Acaba dia
28 de Abril de 2018, mas como é sábado passa para dia 30 (segunda-feira).
- Mais três dias úteis com multa – ou seja até dia 4 porque dia 1 é feriado.

b) prazo perentório - 30 dias - 569º CPC


- Não há nenhuma dilação, pois esta só se aplica à citação.
- Quando se considera notificado - 220º → 247º + 248º CPC - 14 de Maio
- Portanto o prazo começa a correr no dia 15 de Maio - 279º/b) CPC
- Termina a 13 de junho o prazo, pode praticar até dia 18 de junho
_________________________________________________________________________

Estrutura e Atos do Processo:

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A dinâmica da instância:
- A relação processual desenvolve-se de forma progressiva, desde o momento em que
é constituída, surgindo esta com o momento em que a petição inicial é apresentada
na secretaria - 259º CPC
- De seguida vai se desenvolvendo até ao momento da extinção da instância
- Causas de extinção da instância (277º CPC)
- Depois da PI, vem a citação do réu, só depois é que este pode realizar a
contestação.
- A partir do momento em que o réu é citado (260º CPC) - Princípio da
Estabilidade da Instância - o processo mantém-se estável quanto às partes,
às causas de pedir (os factos que vão o autor alegou) e quanto ao pedido.
Ficam definidas e não sofrem mais alterações.
- Exceções ao princípio da estabilidade:
- Modificações subjetivas (quanto às partes) - 261º + 262º CPC
- 261º CPC: Se acontecer uma situação em que o réu é
citado e apresenta a sua contestação e por algum
fundamento que este alega, se percebe que além do reu
B, devia também estar lá uma outra pessoa, C.
- Incidente de intervenção de terceiros: A e B
podem chamar C.
- C passa assim a estar no processo, ou na
posição de réu, noutras situações como autor,
dependendo da situação em concreto.
- 262º CPC: CV, B não pagou o preço e deve um
determinado montante a A. A intenta uma ação. Se A
morrer enquanto o processo está pendente. Assim, A
deixa de ter personalidade jurídica e em consequência
personalidade judiciária (capacidade para estar num
processo). Assim, é necessário substituir o A por outra
pessoa, de forma a continuar o processo no lugar dele.
Essas pessoas serão os herdeiros, havendo desta
forma uma substituição subjetiva. Se fosse o B a morrer
seria a mesma coisa.
- Incidente de habilitação – outra pessoa tem que
se habilitar no lugar da parte que faleceu.
- Pode acontecer ainda que A não morra – cessão
de créditos – incidente de habilitação de
cessionário.
- Modificações objetivas (factos ou quanto ao pedido) - 264º +
265º CPC
- 264º CPC: acordo das partes
- 265º CPC: falta de acordo (confissão; reduzir o pedido
ou ampliá-lo se o aumento for uma consequência do
pedido inicial (ex.: pedido de juros, com o passar do
tempo os juros aumentaram, apenas está a atualizar o
pedido que já tinha feito); à partida não é possível
aumentar o pedido sem justificação)

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- Em princípio o processo está sempre em desenvolvimento, de forma contínua,


exceto durante as férias judiciais.
- Mas há casos em que o processo é suspenso: Suspensão da Instância (269º ss
CPC)
- 269º/1/c) → 272º CPC
- O tribunal pode entender suspender aquele processo quando houver a
existência de uma causa prejudicial
- Ex.: ação de responsabilidade civil contra um médico por este ter
alegadamente, durante uma cirurgia, ter provocado danos ao paciente.
- Contudo, já estava pendente uma ação contra o hospital
relativamente esse mesmo ato.
- Assim, entende-se que se deve suspender o segundo processo
até haver decisão do primeiro processo.
- 272º/4 CPC: As partes por acordo podem suspender o processo, até um
máximo de 3 meses, ou várias suspensões, mas com o limite máximo (tudo
somado) de 3 meses, nunca podendo exceder esse tempo.
- Em caso algum, a suspensão pode determinar que a audiência do
julgamento seja adiada. Porque?
- Antes de 2013, as partes, chegavam ao dia do julgamento, e
queriam suspender o processo na audiência do julgamento. O
processo ficava suspenso e passado 3 meses acontecia o
mesmo, as pessoas esqueciam-se do processo, pedindo que o
processo fosse suspenso de novo. E isto era prejudicial em
termos de eficiência da justiça.
- Assim, a partir de 2013, o CPC, diz que é possível suspender o
processo, mas a audiência de julgamento não pode ser adiada.
- Na prática, é possível se de facto as partes estiverem
mesmo a optar por um acordo. Se o juiz for muito
rigoroso e aplicar a lei estritamente, não vai permitir que
se adie.

Invalidade do Ato Processual:

A especificidade dos atos processuais, tem a ver fundamentalmente, com o facto de eles
estarem inseridos no âmbito do processo. São atos praticados pelas partes, voluntariamente,
para produzir um efeito jurídico, efeitos esses produzidos num processo,
- Assim, a invalidade dos atos processuais, não tem a ver sobretudo com o seu
conteúdo, mas sim com o facto de esse ato não respeitar a respetiva sequência
processual.
- 195º CPC: regra geral nulidade dos atos processuais
- A invalidade está sempre relacionada com a sequência processual:
- Introdução de um ato que não é permitido
- Ex.: se num determinado momento, antes da citação do réu o autor
praticar um ato que a lei não permite, por exemplo requerer uma perícia
antes da citação do réu, como foi praticado fora da sequência
processual, em princípio será nulo.
- Omissão de um ato exigido

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- Ex.: se não for realizada a citação do réu, esta omissão gera uma
nulidade
- Prática de um ato que a lei permite, mas de forma intempestiva (fora do prazo)
- Ex.: se a contestação não fosse praticada após a citação do réu, mas
sim depois da audiência de julgamento se realizar

- 195º/1 CPC - quando se verifique uma das situações, que constam do 195º, estes só
geram nulidade quando a lei o diga expressamente ou que a irregularidade cometida
tenha influência no exame ou na decisão da causa (forma como o juiz aprecia e
como julga).

- 195º/2, 1ª parte CPC: Ex.: se não tiver sido realizada a citação do réu como devia ter
sido, tudo o resto que se processou no processo em seguida a esse momento, é
destruído.
- 195º/2, 2ª parte CPC: se a nulidade de um ato se restringir a uma parte desse ato, só
essa parte é eliminada, podendo manter-se as restantes.

→ O regime da invalidade do CC não se aplica a estes atos processuais. O seu regime é o

que consta do CPC.

196º CPC: ≠ Nulidades que são de conhecimento oficioso do tribunal - nulidades


principais (o tribunal perante a nulidade pode analisar e declarar mesmo que nenhuma das
partes o requeira) ≠ nulidades que não são de conhecimento oficioso do tribunal (tribunal
só pode analisar a validade do ato se o requerente o quiser)
Nulidades Oficiosas:
196º → 186º CPC (ineptidão)
- 186º CPC - É inepta quando não foi elaborada a produzir os efeitos a que se destina.
- Ou seja, quando não tenha pedido ou o pedido não se perceba, quando está
em contradição com os factos. A petição inicial não consegue cumprir os seus
propósitos, gera-se uma nulidade que vai afetar o resto do processo (tudo o
que foi produzido no processo vai ser destruído)
- 187º CPC (se o réu não foi citado é nulo tudo o que foi produzido no processo, salvo
a petição inicial) + 188º CPC (detalha quando é que há falta de citação)
- 191º CPC - nulidade da citação: foi feita a citação mas não observou as formalidades
legais necessárias, e portanto será nula, e os atos subsequentes serão anulados.
- 193º CPC - nulidade cuja existência, atualmente é mais rara. Porque antes de 2013
havia várias formas de processo comum, mas hoje há só uma forma.
- 194º CPC - em determinados processos, antes de o processo ser decidido, o MP tem
que dar a “vista”, este tem que se pronunciar, se não for feito, há uma nulidade.
- 198º a 200º CPC - regras paras estas nulidades, e não são uniformes para todas
as nulidades que referimos (umas só podem ser arguidas até à contestação, outras
ao longo do processo - identificar o tipo de nulidade e ver qual o regime específico)

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A regra geral para as nulidades que não estão referidas nestes artigos, não são de
conhecimento oficioso (Nulidades Não Oficiosas), e portanto tem que ser arguidas pela
parte interessada, tem que ser requeridas até: 199º CPC
- Depende do tipo de ato em causa, se ocorreu numa diligência em que a parte ou o
advogado da parte estava presente, então tem que requerer a nulidade até esse ato
terminar (ex.: na AP o juiz profere logo uma sentença sem ter enquadramento legal,
a parte que entende que o ato é nulo, tem que o requerer na audiência prévia
oralmente, antes do ato terminar, se não o fizer, a nulidade fica sanada)
- Mas se não estava presente, aí há um prazo (10 dias - 149º CPC) para
requerer a nulidade, conta-se do dia em que foi cometida a nulidade ou quando
foi notificada a parte que intervém no processo se apercebe da nulidade
- 199º - 149º CPC
- 199º/2 CPC - se for arguida uma nulidade/irregularidade que o juiz está a presidir e
este entender/se aperceber que está a acontecer, este deve logo corrigir no momento.

547º + 6º CPC - o juiz tem um poder de adequação formal e dever de gestão processual
- Há uma sequência, e o juiz pode alterar esta, se entender que a sequência de atos
não é a melhor para a boa decisão do processo. A partir do momento em que o juiz
altera a sequência processual e define uma nova, esta é a que conta. Se forem
praticados atos fora da sequência definida pelo juiz há também nulidades.

Sujeitos da Relação Jurídica processual:


- As partes (autor e réu) - a partir do momento em que se verifica a citação do réu,
verifica-se segundo o 260º CPC, o princípio da estabilidade da instância. Fica definido
quem é o autor, o réu, os factos que servem de fundamento à ação e qual o pedido.
- Conhece este princípio exceções: 261º, 262º, 264º e 265º CPC
- O tribunal - órgão de soberania com poder para administrar a justiça em nome do
povo – tem o poder constitucional e vai realizar a heterocomposição deste conflito.
- A intervenção do tribunal é marcada por dois princípios fundamentais:
- Princípio da independência (203º CRP): o tribunal está apenas
sujeito à lei. Não recebe ordens do poder executivo, Governo, AR, PR.
Só tem que administrar, aplicar o direito.
- Garante a independência, princípio da imobilidade – os juízes
são inamovíveis não podem ser retirados dos tribunais onde
estão a não ser de acordo com as regras de distribuição dos
juízes, etc.
- Princípio da Imparcialidade: julgam de forma imparcial. Não têm
nenhuma ligação ao caso em concreto e às partes que estão em litígio.
- É garantida nos processos judiciais através de um ato que
ocorre a seguir à petição inicial – Distribuição (203º ss CPC),
de forma a assegurar o juízo natural.

Distribuição (203º ss CPC): distribuição dos processos pelos vários juízes, de forma a
garantir a aleatoriedade e a igualdade no serviço judicial
Ex.: Dentro do Tribunal da comarca do Porto, temos vários juízos que a integram, por exemplo
o juízo central cível do Porto. Quando o autor quer dar entrada da petição inicial, tem de
indicar qual o tribunal competente. Contudo, imaginemos que há 7 juízes, juízos Central Cível

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do Porto. Não é o autor que escolhe qual dos 7 juízes, essa escolha é assegurada pela
distribuição.
- É um ato feito eletronicamente, que vai distribuindo aleatoriamente os processos pelos
vários juízes, de forma a que o juiz 1 não fique com 99 processos e o outro fique com
1.
- Ainda garantir que o senhor A não consegue saber nem decidir a que juiz vai calhar o
seu processo.
- Esta distribuição garante o princípio do juízo natural - os processos são atribuídos ao
juiz de forma aleatória e estes nãos são escolhidos a dedo.

Mas, nem sempre a distribuição é capaz de garantir a imparcialidade em todas as


situações
- Ex.: é distribuído a um juiz um processo que tenha ligação a esta, sendo suscetível
de por a sua imparcialidade em causa

2 regimes para os casos em que a distribuição e o juiz natural não mantém a


imparcialidade
- Regime dos impedimentos (115º + 116º CPC): situações que caso se verifiquem
impedem o juiz de aceitar um determinado processo. O juiz fica impedido de ser parte
daquele processo.
- Consequências: 116º CPC
- Regime das suspeições (119º + 120º CPC): objetivamente não há impedimento, mas
há uma situação que em abstrato pode por em causa a imparcialidade.
- 120º CPC: apenas exemplificativo, não é taxativo.

209º a 214º CRP - tribunal (no caso estamos a falar sobre a jurisdição civil)
- 209º CRP - além do tribunal constitucional, temos a jurisdição civil, jurisdição
administrativa e fiscal
- Lei da organização do sistema judiciário - DL 62/2013
- Regime aplicável ao funcionamento dos tribunais judiciais - DL 49/2014

→ A organização judicial tem em vista, os processo em regra dão entrada no tribunal de 1ª


instância, em regra os tribunais superiores apenas conhecem dos processos no âmbito de
recursos.
- Os tribunais da relação conhecem recurso na matéria de facto e de direito, mas o STJ
só conhece matéria de direito, não conhece matéria de facto, quando o tribunal de 1ª
instância vai dar como provados e não provados determinados factos, as partes
podem recorrer dos factos e da matéria jurídica para o trb da relação, que vai decidir
com um acórdão - pode pronunciar-se sobre a matéria de direito e de factos (fica
definitiva), apenas quanto ao direito é que é possível haver recurso para o STJ.

Há determinados pressupostos que tem que ser observados para as decisoes poderem
ser objeto de recurso:

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- Alçada: valor do processo (44ºLOSJ) alçada do tribunal de 1ª instância - 5.000€;


tribunal da relação - 30.000€;

Forma do processo:
Tramitação, conjunto de atos previsto ser praticados no âmbito do processo;
- Petição Inicial (fica constituída a instância)
- Distribuição
- Citação do réu
- Contestação
- Audiência prévia
- Audiência de julgamento
- Sentença

→ Até ao CPC de 2013, havia no código variantes a esta forma consoante a variante do valor

da causa. Com o CPC de 2013, isto terminou, com o 548º CPC: segue de forma única!
- Isto não significa que o juiz não possa, no âmbito dos seus poderes de agilização
processual, possa alterar a ordem processual definida, se entender que é benéfico
para a resolução célere da causa (547º/6 CPC) - a ser decretada pelo juiz esta
alteração, é decretada normalmente na audiência prévia (591º CPC)
- Além destas normas, a norma 597º e o 511º/1 CPC, podem trazer alterações à forma
do processo;
- 597º CPC: nas ações de valor não superior a 15.000€, o juiz vai ponderar se se
justifica realizar todos os atos da forma comum, ou se suprir algum desses atos.
- 511º CPC: aspeto particular, que não te propriamente com a forma, mas sim com atos
que podem ser realizados, nº de testemunhas para arrolar, a regra é que cada parte
pode indicar 10 testemunhas, mas nas ações que sejam de valor inferior a 5.000€, só
pode invocar 5 testemunhas;

- Já fora do CPC, há legislação que estabelece uma ação declarativa ≠ da estabelecida


no CPC, é a ação declarativa especial para exigir o cumprimento de obrigações
pecuniárias emergentes de um contrato e cujo valor não seja superior a 15.000€ - DL
269/98 - forma de processo ≠ da forma de processo do CPC
- Regulamento 861/2007, 11 de julho, do Parlamento Europeu e do Conselho -
estabelece um processo europeu para ações de pequeno montante - aplica-se a todos
os estados membros - ações que não ultrapassem 2.000€
- Ambas as ações especiais referidas são de uso facultativo.

Forma de determinação e fixação do valor da causa:


Faz-se de acordo com critérios presentes nos artigos: 296º ss CPC
- O valor da causa é um valor que exprime a utilidade econômica e imediata do pedido.
Quando o autor apresentação o pedido tem que apresentar o motivo, este pedido tem
para o autor um valor económico, ou o efeito jurídico que este pretende que o tribunal
lhe atribua tem um valor, e é esse o valor da causa.
- O valor da causa tem que ser certo/determinado e expresso em moeda legal (€).

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- O valor da causa é importante para determinar a competência do tribunal - qual o


tribunal dos vários que tem competência para apreciar aquele processo em concreto;
e verificar se a decisão da 1ª instância é suscetível de recurso;
- A lei determina a fixação do valor da causa: há um critério geral no 297º e nos artigos
298º, 300º, 301º, 302º, 303º, 304º CPC, há uma série de critérios especiais.
- Significa que quando somos confrontados com esta questão: verificar se a situação
se enquadra num critério especial, e só se não houver um critério especial é que
aplicamos o critério geral.
- O critério geral: 297º/1 CPC - se através da ação o autor pretende obter uma quantia
certa em dinheiro, é esse o valor da causa, se quer obter outro benefício ≠, é preciso
converter este pedido num valor econômico, sendo esse o valor da causa;
- 297º/2 CPC - cumulação de pedidos (555º CPC) - o valor da ação é a soma de todos
os pedidos cumulativos. Mas quando como acessório da ação principal se pedirem
que o réu lhe pague um valor capital + juros de mora vencidos e vincendos (ainda se
vão vencer), as quantias já vencidas contam para o cálculo do valor da ação, mas não
se tem em conta os valores vincendos.
- 297º/3 CPC - calcular valor da ação no caso de pedidos subsidiários - atende-se ao
pedido formulado em 1º lugar (554º CPC) e pedidos alternativos - obrigações
alternativas (2 prestações, dessas só uma tem que ser realizada para a obrigação se
considerar cumprida (ex.: entregar 100.000€ ou entregar casa)) - não cumpre a
obrigação, propunha uma ação e fazia um pedido alternativo, condene B a entregar
100.000€ ou a entregar a casa - nestes casos o 297º/3 CPC diz que se atende
unicamente ao pedido de maior valor (ex.: 100.000€ e casa (valia por exemplo
200.000€) - será de 200.000€ (553º CPC)

Critérios especiais:
- 298º/1 CPC - valor da ação de despejo é rendas de 2 anos e meio, se nessa ação de
despejo, o autor para além de pedir que o arrendatário abandone o imóvel pede que
este seja condenado a pagar rendas em atraso, ao valor de 2,5 anos de rendas ainda
se somam as rendas em atraso.
- 298º/2 CPC - contrato de locação financeira - o valor é o das rendas que falta pagar;
- 298º/3 CPC - obrigação de alimentos - o valor é o quíntuplo da unidade
correspondente ao pedido anual (ex.: requerente diz que o valor é de 500€), o valor
será 500 x 12 x 5
- 298º/4 CPC - ação de prestação de contas - valor da receita bruta ou das despesas
se for superior;
- 300º/1 CPC - toma-se em conta o valor das prestações vencidas e vincendas (ex.:
cláusula de vencimento antecipado (imaginemos que são 18 prestações, se B não
cumprir 3 prestações seguidas, dá-se o vencimento automático antecipado das
restantes 15) - o valor da ação será a soma das prestações vencidas e vincendas;
- 300º/2 CPC - no caso de prestações periódicas, salvo nas ações de alimentos ou
contribuições de despesas domésticas, tem se em consideração o valor de prestações
de um ano multiplicado por 20, ou pelo número de anos que a decisão abranger se
for inferior, caso não seja possível determinar o número de anos, o valor é o da alçada
da relação mais 1 cêntimo (30.001€); ex.: autor pede que o réu seja condenado a
pagar uma renda vitalícia ou para os próximos 15 anos, por força de um contrato; a
forma de calcular a ação é o valor das prestações correspondentes a um ano x 20; ou

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pelo número de anos; caso não seja possível determinar o nº de anos, é o valor de
30.001€ de forma a que seja possível recurso para o STJ;
- 301º/1 CPC - valor da ação determinado pelo valor do ato jurídico - quando a ação
tiver por objeto a apreciação, a existência, a validade, o cumprimento, modificação,
resolução de um ato jurídico (engloba negócios jurídicos unilaterais e bilaterais),
atende-se ao valor do ato pelo preço ou estipulado pelas partes.
- 301º/2 CPC - se não houver preço nem valor estipulado, aplicam-se as regras gerais
- 297º CPC
- 301º/3 CPC - há uma regra especial para um tipo de invalidade - resulta da
simulação - se a ação tiver por objeto a anulação de um contrato fundada na
simulação do preço, o valor da causa é o maior dos dois valores em discussão pelas
partes. Ex.: se tivermos um CCV, celebrado por escritura, em que as partes acordaram
que o valor era 50.000€, e declararam que foi pago esse preço, mas na verdade o
valor pago foi efetivamente 100.000€, temos um negócio jurídico simulado; - o valor
da ação seria 100.000€.
- 302º/1 CPC - se é uma ação do reconhecimento do direito de propriedade - ação de
reivindicação, é o valor da coisa que determina o valor da ação;
- 302º/2 CPC - divisão de coisa comum - o valor da ação é o valor da coisa;
- 302º/3 CPC - processo de inventário - valor da ação é a soma do valor dos bens a
partilhar;
- 302º/4 CPC - se tivermos perante um direito real menor (ex.: usufruto, direito de
superfície, uso e habitação, servidão) - atende-se ao seu conteúdo e duração.
- 303º/1/2 CPC - ações sobre o estado das pessoas / casa de morada de família, direito
de arrendamento - valor da alçada da relação mais 1 cêntimo (30.001€)
- 303º/3 CPC - interesses difusos - o valor da ação corresponde ao do dano invocado,
com o limite máximo do dobro da alçada da relação;
- 304º CPC - ler artigo.

Quando é que se determina o valor da causa? 299º CPC - quando a ação é proposta
(quando o pedido dá entrada); o autor quando apresenta o pedido: 552º/1/e) CPC - um dos
requisitos é indicar o valor da causa; se o réu não concordar com o valor da causa, pode
impugnar - 305º/1 CPC e depois o tribunal vai decidir qual o valor da causa - despacho-
saneador - 306º/2 CPC
- 305º/3 CPC - se o autor na petição inicial não referir o valor da causa, assim que
alguém der conta, o autor é notificado para indicar o valor, se não o fizer, o processo
vai ser extinguido;
- Ex.: ação de condenação, em que o autor pede que o réu seja condenado a pagar-
lhe 100.000€; quando o réu contesta, diz que não só não deve ao autor 100.000€,
como é o autor que deve ao réu 200.000€ - defesa por reconvenção;
- neste caso o valor da ação continua a ser 100.000€ ou soma-se o valor do
pedido reconvencional (200.000€) e o valor da ação passa para 300.000€?
- 259º/2 CPC - nas situações em que o réu pretende o mesmo efeito jurídico
invocado pelo autor (ex.: se o pedido do autor e o pedido reconvencional do
réu fossem ambos de reconhecimento do direito de propriedade), o valor da
ação não se alterava;
- também não se tem em conta o valor do pedido reconvencional quando
o réu pretende a compensação de créditos (ex.: réu diz, efetivamente
devo os 100.000€ que o autor refere, mas o autor também tem que me

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entregar 50.000€ devido ao incumprimento de um contrato, então


quero fazer a compensação dos valores), mantendo-se o valor da ação
o estabelecido inicialmente;
- Nas outras situações soma-se ao valor do pedido inicial o valor do
pedido reconvencional do réu.
_________________________________________________________________________

Casos Práticos (Objeto do processo e valor processual da causa):

1) aplica-se o critério geral do 297º/1 CPC - 18.000€ é o valor da ação


---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
2) ação de reivindicação do direito de propriedade - anular um ato jurídico - 301º CPC - valor
da ação seria o do preço do contrato;
- 548º CPC - nas ações de valor inferior a metade da alçada da relação, o juiz pode
prescindir de alguns atos que são praticados na forma comum - 597º CPC
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
3) ação de despejo - 298º/1 CPC - valor da ação é o valor de 2,5 anos de rendas - 400€ x 30
= 12.000€
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
4) ação de divórcio - 302º CPC - 30.001€
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
5) prédio rústico - 15.000€ - 202º/1 CPC
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
6) valor da ação é de 20.000€ - coisa (móvel/imóvel) - 302º/1 CPC
- E se o valor do automóvel fosse 2.500€? Não mudava o critério - 302º/1 CPC
- Forma do processo - o nº de testemunhas diminui para 5 - 511º/1 CPC
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
7) juros vencidos e vincendos - soma de todos é o valor da ação - 297º/2 ou 300º/1 CPC
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
8) 304º/3/e) CPC - O valor da causa correspondia ao montante do crédito que se pretende
garantir.
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
9)
a) a forma de determinar o valor da causa é a mesma - critério geral (297º/1 CPC)
b) poderá haver a possibilidade de recurso para o STJ
c) 551º/1 CPC - o nº de testemunhas reduz para 5
- O valor de 2.500€ - 597º CPC - vai analisar se se justifica realizar todos os atos
previstos na forma comum
_________________________________________________________________________

Objeto da Relação jurídica processual e o Objeto do Processo

Objeto da relação jurídica processual: é o quid sobre o qual incide a atividade desenvolvida
pelas partes e pelo tribunal. O objeto da relação jurídica processual é o pedido que o autor
formulou e que o tribunal tem que dar resposta;

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O pedido é um dos requisitos essenciais da petição inicial (3º/1 + 552º/1/e) CPC) - sem que
seja formulado um pedido ao tribunal este não intervém. A petição inicial tem que preencher
um conjunto de requisitos - um destes: indicar qual é o pedido (10º CPC)
- 259º CPC: quando o pedido entra na secretaria fica constituída a relação processual
- O pedido define o conteúdo da decisão do tribunal (607º/2 CPC) - 609º/1 CPC - limite
do pedido com o que o tribunal pode atribuir ao autor - limite à atividade do tribunal
- Não pode condenar em objeto diverso do que foi pedido (ex.: se o pedido for o do
reconhecimento do direito de propriedade de um imóvel, o tribunal não pode condenar
a uma indemnização)
- Se o tribunal não cumprir o limite da sua atividade, a consequência é a nulidade
(615º/1/e) CPC)
- 609º/1 → 615º/1/e) CPC

A seguir à petição inicial temos a contestação, e se o autor quiser deduzir um pedido contra
o autor: pedido reconvencional.

Diferente é o Objeto do Processo: resulta da conjugação de 2 elementos (pedido + causa


de pedir (factos alegados pelo autor)):
- Pedido: efeito jurídico que se pretende obter com a ação, por exemplo, se a ação é
declarativa de condenação, o efeito jurídico que se pretende é que o réu seja
condenado a realizar uma determinada prestação - 581º/3 CPC
- Causa de pedir: factos constitutivos do efeito jurídico que se pretende fazer valer ao
apresentar o pedido (factos que é preciso provar para que o tribunal decrete esse
efeito jurídico) - 581º/4 CPC
- 552º/1/d) CPC - descrever qual a situação que ocorreu, quais os factos, para
posteriormente formular o pedido.

Permite-nos concluir que a estrutura da petição inicial obedece à regra da estrutura da norma
jurídica (hipótese legal (descrição das causa de pedir) + estatuição (pedido)), e isto tem
repercussão na sentença (607º CPC) - tribunal vai analisar factos na PI e se são dados como
provados ou não, e nos que estão provados vai verificar se a hipótese legal da norma está
preenchida ou não, e se estiver preenchida retira a consequência jurídica (que pode ser a
que o autor pediu).
- Ex.: 483º CC - responsabilidade civil contratual (facto voluntário; ilicitude; culpa; dano;
nexo de causalidade). Se forem alegados factos que preenchem cada um destes
requisitos, o requerente tem direito a uma indemnização. Nas causas de pedir, este
descreve a situação de facto que preenche estes pressupostos e pede para ser
indemnizado.
- Temos que ter em conta a norma jurídica para ver que factos temos que alegar.
A causa de pedir são os factos constitutivos do direito.

Diz-se que o CPC adotou a Teoria da Substanciação - diz que a causa de pedir é o facto
jurídico genético do direito. É o acontecimento da vida real, que o autor tem que narrar na PI,
e que esse acontecimento/facto corresponde à hipótese legal de uma determinada norma.
Não é o tribunal que vai à procura destes factos, tendo de ser o autor a trazê-los para o
processo.

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- Ex.: ação de reivindicação da propriedade de um imóvel: tem que alegar o facto que
origina esse efeito – ou seja, adquiriu o direito p.ex, por usucapião.

É esta matéria de facto que tem a ver com as causas de pedir. A matéria de facto que o
tribunal vai ter em conta no final, de forma a decidir, vão ser os factos alegados pelo autor na
causa de pedir, mas também os alegados pelo réu, na sua defesa (na contestação), pode
defender-se de 2 modos:
- Impugnação: os factos que o autor alegou são falsos, e não traz factos novos;
- Defesa de exceção: o réu traz factos novos/diferentes dos alegados pelo autor na
petição inicial e estes contrariam/modificam/extinguem o efeito pretendido pelo autor:
exceção dilatória
- Reconversão

- O tribunal ainda pode ter em conta factos de conhecimento oficioso - não foram
alegados por nenhuma das partes, mas que o tribunal pode conhecer e trazer para a
causa.

O objeto do processo é o pedido e estes factos.


- 5º/1 CPC: são as partes que tem de trazer para o processo através dos seus
articulados (P.I + Contestação) os factos essenciais, ou seja, factos que têm de
demonstrar para estar preenchida a hipótese legal de uma norma.
- 5º/1/a) CPC: Não são factos que estão previstos na hipótese legal da norma, mas são
instrumentais, no sentido em que auxiliam à demonstração dos factos essenciais.
- Ex.: responsabilidade civil contratual – resultou das provas que havia um rasto
de travagem de 15 metros, e ainda assim foi bater no peão. Este não é um
facto essencial, mas o rasto de travagem é um facto instrumental pois é um
facto que ajuda a provar que o condutor ia em excesso de velocidade.
- Estes factos instrumentais não têm de ser alegados pelas partes.
Mesmo que não o aleguem, se resultar por exemplo de uma perícia,
podia ser tido em conta pelo juiz na decisão apesar de não ter sido
alegado pelas partes.
- As partes só tem de alegar os factos essenciais.
- 5º/2/b) CPC: desenvolvimento ou concretização do que as partes alegaram nos seus
articulados. O juiz pode tê-los em consideração na sua decisão, mas como as partes
não se pronunciaram sobre eles, temos de lhes dar a possibilidade de o fazerem.
- Réu alega que naquele dia tinha pouca visibilidade (ex.: pouca iluminação);
posteriormente à um facto que diz que nesse dia tinha havido um problema
geral na eletricidade.
- 5º/2/c) CPC → 412º/1 CPC: Factos notórios (ex.: distância entre o Porto e Lisboa), não
precisam de ser alegados nem provados
- 412º/2 CPC: factos que o tribunal conhece pelo exercício das suas funções (ex.: num
outro processo, aquele condutor já tinha sido condenado por excesso de álcool no
sangue, no dia do próprio acidente, condenado pelo mesmo juiz que decidiu a
condenação do crime de condução com excesso de álcool. O juiz apenas tinha que
juntar a este processo um documento que provasse a origem do seu conhecimento.

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A lei estabeleceu uma nulidade específica para o caso de haver algum problema com
os factos e o pedido (186º CPC - ineptidão da petição inicial)
- 186º → 196º CPC
- Tudo o que for feito para a frente no processo, é NULO.
- É na audiência prévia que o tribunal olha com atenção, pela 1ª vez, para a PI e
contestação, podendo concluir que a petição é inepta.
- O próprio réu pode fazê-lo: defesa por exceção dilatória.

186º/1 CPC - Quando é que a petição é inepta?


- Se o autor não alegar factos ou se se esquecer de formular o pedido.
- Se alegar as causas de pedir (factos) e introduzir o pedido, mas eles forem
ininteligíveis (não é possível perceber o que o autor quer).
- Quando o pedido esteja em contradição com a causa de pedir
- Quando se cumulem causas de pedir ou pedidos substancialmente incompatíveis.

186º/3 CPC - Se o réu na contestação disser: “esta petição é inepta porque falta o pedido ou
as causas de pedir, ou porque não percebe os factos alegados”, mas, contudo, defende-se.
- Neste caso, se ele se defende, não vai ser declarada a nulidade, porque se se
defendeu convenientemente não há necessidade de destruir tudo o que foi feito.
Despacho pré-saneador (590º/2/b) + 4 CPC): o juiz pode formular um convite ao
aperfeiçoamento da PI ou da contestação.
- o despacho pré-saneador, vem antes da audiência prévia.

Além dos conceitos de objeto da relação processual e objeto processo, o CPC de 2013
introduziu que no final da Audiência Prévia o tribunal deveria que, quando o processo tivesse
que seguir para os passos seguintes, segundo 596º CPC, proferir um despacho do objeto
do litígio (cabe à jurisprudência e à doutrina densificar este conceito porque a norma não o
exprime)

Os tribunais tem: tema principal que vai ser discutido no processo, é uma mistura dos factos
e das normas jurídicas que foram invocadas (ex.: se o processo tivesse a ver com um acidente
de viação, o objeto de litígio seria a responsabilidade do réu sobre os danos causados ao
autor).
- Mas há outros tribunais que entender dar uma definição do objeto de litígio mais
densificada.

≠ Objeto de litígio ≠ temas da prova (matérias que ainda estão controvertidas entre as
alegações do autor e do réu). Ou seja, os factos que as partes estão de acordo já não são
tema de prova, apenas aqueles que estão controvertidos.

Nos termos do 552º/1/d) CPC - o autor tem que invocar os factos essenciais, e deve expor
as razões de direito (ex.: responsabilidade civil extracontratual - invocar os requisitos, e
depois vai invocar o preenchimento de uma norma jurídica - 483º CC)
- Se a parte dos factos é essencial que seja o autor a trazer para o processo, no caso
das normas jurídicas já não é assim, devido ao Princípio Iura Novit Curia (do direito

conhece o tribunal) → o tribunal não fica vinculado à invocação da norma jurídica feita

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pelas partes - 5º/3 CPC - as partes tem que se preocupar sobretudo com os factos,
pq se os factos não forem trazidos, o tribunal não os vai procurar.
_________________________________________________________________________

Casos Práticos (identificação do Pedido e da Causa de Pedir):

Identificar:
- Tipo de ação
- Pedido
- Causa de pedir

1) Ação declarativa de condenação; pedido - condenação no pagamento da quantia; causas


de pedir - celebração do CCV, falta de pagamento da 2ª prestação
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
2) ação declarativa de condenação de reivindicação; pedido - D seja obrigado a reconhecer
a existência do direito de propriedade e na entrega da coisa; causas de pedir - celebração do
CCV, alegar que cumpriu a sua obrigação do pagamento do preço, e que apesar disso não
houve a entrega do bem.
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
4)
- perspectiva do E: contratei uma obra, não foi bem executada, e por isso não quero
pagar o preço. Se for E a intentar a ação, que ação será? Ação declarativa de simples
apreciação negativa. Pedido - inexistência da obrigação do pagamento do preço -
tribunal diga que E não tem que pagar o preço; causas de pedir - celebração do
contrato, defeitos que a obra teve;
- Perspectiva do F: ação declarativa de condenação; pedido - E fosse condenado a
pagar o preço; causa de pedir - celebração do contrato, executou a obra corretamente,
E não pagou o preço.
- F na PI alegava a celebração do contrato, a execução da obra, não pagamento. Faz
o pedido de condenação de E no pagamento. Quando E contesta: concorda que
celebrou um contrato e que não pagou, e quanto à execução do contrato E vai trazer
factos novos: defeitos da obra - exceção perentória (impeditivo do pedido do F) -
exceção de não cumprimento do contrato (428º ss CC)
- Imaginemos que E para além de referir que a obra tinha defeitos e que não tinha que
pagar o preço. O preço da obra era de 100.000€, e E já tinha acordado com C vender
a casa em 250.000€, porque F executou mal a obra, perdi 150.000€. E na contestação
pode fazer uma reconvenção - não só não tenho que pagar o preço porque ele não
executou bem a obra, como quero que ele pague o valor que perdi - faz este pedido
de condenação de F no pagamento da indemnização; causa de pedir a reconvenção
- demonstrar a celebração do contrato com C, o valor que ia ser pago por C, e que só
não recebeu devido à má execução de F.
- Na sentença o tribunal vai olhar para a situação material controvertida - factos
provados, ou não do pedido de F; e fazer o mesmo exercício para o pedido
reconvencional. E no final de analisar a matéria de facto, vai escolher as normas
jurídicas que se aplica aos factos e toma a decisão final.
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

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5) Rogério intenta ação declarativa de condenação; direito de indemnização; 483º CC -


requisitos da RC extracontratual;
- a hora e o local são factos essenciais que tem que ser alegados pelo autor;
- as condições de visibilidade e meteorológica são factos instrumentais - ajuda a
demonstrar se houve culpa, mas não é exigível que o autor o invoque;
- testemunha alegar que estava a chover, outra testemunha que refere que as luzes
estavam apagadas são factos instrumentais;
- Não ser possível provar que a viatura circulava a + de 50km/h - ajuda a provar a
ilicitude
- Marcas de travagem - Facto instrumental que ajuda a provar o excesso de velocidade,
mas que é necessário credibilizar
- Alerta laranja - facto instrumental
- Se não se provassem todos os requisitos do 483º CC - absolvição do pedido
_________________________________________________________________________

Fontes do Direito Processual Civil:


- Constituição;
- CPC
- Lei Organização Sistema Judiciário
- Lei 49/2014
- Lei julgados de paz
- Lei do acesso ao direito e aos tribunais (34/2004)
- Lei da mediação
- Lei da arbitragem
- Portaria 280/2013

Fontes de Direito Processual Europeu:


- Regulamento 1215/2012 - Regulamento Bruxelas 1 (relativo à competência
judiciária - civil e comercial)
- Regulamento 2201/2003 - Regulamento Bruxelas 2 (competência de decisões em
matéria matrimonial e responsabilidade parental)
- Regulamento 861/2007 (estabelece montante)
- Regulamento 650/2012 (competência em matéria de sucessões)

→ A legislação processual civil serve de legislação subsidiária para outros direitos


processuais, quando há questões que não estão resolvidas noutras legislações processuais,
não devemos apontar logo lacunas, porque geralmente há uma norma remissiva para o CPC.
E mesmo que não houvesse uma norma remissiva, o facto do DPC ser o comum, faria com
que fossemos aplicar uma solução por analogia com o CPC.

Integração e Interpretação da lei processual: regidas pelos princípios gerais e normas (9º
e 10º CC) - aplica-se da mesma forma na lei processual;
- Temos que ter subjacente os princípios constitucionais do DPC quando fazemos a
integração da lei processual civil;

Aplicação da lei processual no Tempo

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- A lei processual que vigorava quando o processo estava a decorrer e há alteração, a


a questão que se coloca é a mesmo em qualquer problema da lei no tempo, saber
qual é a lei aplicável aquele processo;
- Há normas específicas no que diz respeito ao DPC quanto à aplicação no tempo: 38º
LOSJ;
- em princípio, fixada a competência do tribunal, ela não é alterada por uma modificação
de direito, no entanto: 61º CPC
- 136º CPC - refere a forma dos diversos atos processuais - lei que vigore no momento
em que os atos são praticados;
- Tirando estas disposições especiais, os problemas de aplicação no tempo são as
mesmas regras estudadas em IED: ver se há disposições transitórias, se não aplica-
se o 12º CC - lei nova só se aplica para o futuro, só para aquelas ações iniciadas após
o início de vigência;
- 297º CC - alterações de prazos para serem praticados - saber se se aplica a lei antiga
ou a lei nova;
- 139º CPC → 297º CC;
- Direito probatório: há 2 regras distintas:
- se for direito probatório formal - aplica-se de imediato a LN;
- se for direito probatório material (seu valor) - a LN só se aplica nas ações
futuras;

Princípios do DPC:

Princípios Constitucionais: princípios que emanam/derivam do direito à jurisdição (20º


CRP):
- são direitos fundamentais dos cidadãos e são direitos comuns a todos os
ramos de direito processual;

Direito à jurisdição ou direito de acesso ao direito e aos tribunais (20º CRP) -


estruturante do estado de direito democrático; é considerado um direito fundamental (nos
termos do 18º/1 CRP são diretamente aplicáveis e vinculativos) e é um direito reconhecido
não só pela ordem constitucional portuguesa mas também por todos os estados
democráticos; resulta da DUDH e CEDH;
- Este artigo 20º CRP tem que ser integrado com o artigo 16º/2 CRP e o 10º DUDH;
- 20º/4 CRP - 6º/1 CEDH - ideia de celeridade;
- O facto de cumprir uma função normogénica - este direito à jurisdição vincula o
legislador do CPC que quando está a construir as soluções para o SAJ, tem que ter
sempre em mente as obrigações do direito à jurisdição, as soluções que constrói estão
influenciadas pelo direito à jurisdição;
- Tribunais quando aplicam leis, tem que ter em conta o direito à jurisdição -
podem até declarar uma norma suscitada que viole o direito à jurisdição, como
inconstitucional;
- Concretiza-se a função normogénica em outros princípios constitucionais e
estes influenciam soluções concretas do CPC.

- Direito de acesso aos tribunais

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- Direito de ação (direito de qualquer cidadão usar o meio adequado a recorrer


ao sistema judicial, é um direito irrenunciável, e para este ser exercido
depende apenas da afirmação por parte do autor de que existe uma situação
jurídica que necessita da tutela do tribunal)
- para se propor uma ação judicial é apenas necessário preparar uma
petição inicial que cumpra determinados requisitos (552º CPC),
cumpridos estes, a secretaria não pode recusar receber a PI. Só pode
recusar nos casos do 558º CPC, e mesmo quando esta recusa, esta
não tem de ser a decisão definitiva da recusa, porque o 559º CPC
refere que se o cidadão entender que a secretaria não tem razão em
recusar, pode recorrer ao juiz, e se este recusar pode recorrer ao
tribunal da relação.
- O direito de ação surge normalmente com um direito individual
subjetivo, e na maioria dos casos os processos dizem respeito a
interesses particulares, mas também pode este direito de ação ser
exercitado para ações com interesses coletivos (interesses difusos) -
este tipo de ação designa-se por Ação Popular (52º/3 CRP + 31º CPC)
- Direito de defesa (reverso do direito de ação, na medida em que é o direito
que o réu tem de se defender numa ação que o autor propôs contra ele)
- Esta ideia do direito de defesa não se resume à possibilidade de
contestar, mas também outros aspetos para que o réu tenha uma
defesa verdadeiramente efetivo;
- Assegurar que o réu teve conhecimento efetivo do processo
instaurado contra si (227º CPC), se estas regras do 227º CPC
não forem cumpridas, a citação será nula (191º CPC);
- Exige que ao réu seja concedido um prazo suficientemente
amplo para que este prepare a sua defesa (prazo perentório -
30 dias (569º CPC)), mas caso ocorram determinadas
circunstâncias que se presume que o réu teve conhecimento da
citação mais tarde, tem um prazo dilatório (adicional);
- 569º/5/6 CPC: PI especialmente complexa, pode
prorrogar o prazo perentório, no máximo em 30 dias, de
forma a que o réu tenha mais tempo para preparar a sua
defesa.
- Preclusões e cominações decorrentes da falta de defesa do réu
- quando o réu não contesta, não apresenta defesa, fica em
situação de revelia - réu revelo. Em teoria à 2 sistemas
abstratos de acordo com os quais se podia resolver este
problema:
- Ficta confessio (confissão ficcionada - facto de o réu
não contestar significava que este confessava os factos
alegados pelo autor, mas também confessava o pedido,
sendo condenado nos termos do pedido)
- Ficta litis contestatio (é uma contestação ficcionada -
se o réu estivesse em revelia, ele perdia o prazo, mas
não se considerava confissão, o autor teria que
apresentar prova, e só assim é que o réu podia ser
condenado)

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- Sistema do CPC - 567º + 568º CPC: caso o reu não conteste


tendo sido citado, consideram-se confessados os factos, mas
isso não significa automaticamente que ele confesse o pedido
e que seja condenado nos termos do pedido, apesar de os
factos terem sido confessados e o autor já não vai ter que
provar os factos, mas o tribunal vai ter que analisar/julgar a
causa conforme for de direito, vai ter que aos factos provados
aplicar o direito, é o tribunal que vai escolher as normas
jurídicas e interpretá-las, o que significa que a condenação
pode não coincidir com o pedido do autor.
- Mesmo que o réu não apresente contestação, nada impede o
réu de alegar o direito (alegações de direito), dizer “eu não
contestei, os factos são estes, mas o enquadramento jurídico
que o autor deu não é o correto, e o correto é este e a decisão
deve ser diferente”.
- O sistema adotado produz um efeito cominatório semi-pleno,
porque se traduz numa cominação para o réu (Desvantagem),
mas é semi-pleno porque não há condenação integral como
apresentado o pedido na PI.
- O efeito da revelia nem sempre opera: 568º CPC - se a
ação foi proposta contra 2 réus, e a PI tinha 4 factos, e
o réu A não contesta, mas o réu B contesta (facto 1 e 4
é verdadeiro, mas o 2 e 3 é falso), então, relativamente
ao réu A, se aplicássemos só o artigo 567º,
relativamente ao A ficariam como provados todos os
factos, mas com a aplicação do 568º, a impugnação
feita pelo reu B, também se vão considerar impugnados
quanto ao A, ou seja, apesar de o A não ter contestado,
vai beneficiar dos efeitos da contestação de B (exceção
ao efeito cominatório semi-pleno)
- Proibição de denegação de justiça por insuficiência de meios
económicos (o SAJ é um serviço público, mas não é gratuito, tendo custos,
que não corresponde ao valor do mercado. Esse valor que é pago pelo SAJ
tem a designação de custas judiciais.
- E dentro destas há várias rubricas: taxa de justiça; encargos; etc.
- Para além de ter que pagar as custas judiciais, tem que pagar ao
mandatário (advogado) os honorários.
- Estes encargos económicos podem ser consideráveis, e pode
acontecer que quem quer recorrer ao tribunal não tenha meios
económicos suficientes. É um direito fundamental, plasmado no 20º
CRP - a todos é assegurado o acesso ao direito e aos tribunais, e não
pode ser pelo facto de não terem dinheiro para pagar as custas judiciais
e os honorários do advogado que deixam de poder exercer os seus
direitos fundamentais.
- O legislador tem que criar mecanismos para cumprir esta obrigação
constitucional - Lei 34/2004 - acesso ao direito e aos tribunais -
consagra um sistema que, quem não tem capacidade econômica para

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aceder aos tribunais, o estado vai suportar os custos por esta pessoa -
proteção jurídica (6º Lei 34/2004): Consulta jurídica // Apoio judiciário;
- Definição de Insuficiência (8º Lei 34/2004) - requisitos avaliados pela
segurança social;
- 16º Lei 34/2004 - requisitos de apoio judiciário
- Esta ideia de proibição de denegação de justiça por insuficiência de
meios económicos também está refletido noutros diplomas: 274º;
558º/e); 570º/3/5/6 CPC

- Direito a um processo equitativo (20º/4 CRP): todos os cidadãos tem direito a um


processo judicial que seja conduzido a produzir efeitos de forma justa e igual para com
as partes, e que o resultado final seja conforme com a ideia de justiça.
- Em termos gerais, implica aspetos como o direito de a parte que recorre ao
tribunal ser assistida por um advogado, o direito de as pessoas se
expressarem na sua língua nacional, proteção/ajuda que o tribunal dá quando
verifica que o advogado de uma parte de alguma forma está a demonstrar
imperícia para conduzir o processo, etc.
- Deste direito derivam outros princípios e ideias:
- Princípio da independência e imparcialidade dos tribunais: independência
dos tribunais (203º CRP) - apenas estão sujeitos ao direito, os juízes são
inamovíveis, garantindo a independência dos juízes (216º/1 CRP); a
imparcialidade (216º/3 CPC) - dedicação exclusiva dos juízes;

- Princípio do direito do contraditório (assiste a ambas as partes na


participação efetiva do processo:
- pronunciação sobre os factos alegados pelo autor
(aceitar/impugnar))
- Reconvenção (réu pode fazer novo pedido contra o autor)
- Defesa por exceção (dilatória - falta de um pressuposto para
que o processo prossiga /perentória - factos novos)
- No caso da reconvenção há um articulado específico para responder
(contraditório): réplica; mas quanto às exceções mencionadas na
impugnação: 3º/4 CPC - a lei refere que o autor tem que esperar pela
AP e se não houver, pela AJ e aí é que vai responder aos factos (ditar
para a ata); mas na prática, o autor pode tomar a iniciativa de enviar
um requerimento escrito em resposta aos novos factos alegados como
exceções da impugnação feita pelo réu.
- Quanto à prova:
- prova pré-constituída (que já existe fora do processo (ex.:
documento);
- prova constituenda (constituída no âmbito do processo (ex.:
perícia, testemunhal); - estão ambas sujeitas aos princípio do
contraditório (415º CPC)
- As alegações são também um exercício ao princípio do contraditório
(604º/2/e) CPC) - conclusões de facto e direito das provas produzidas;

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- Princípio da Igualdade de Armas (igualdade de meios processuais/das


partes) - traduz para o princípio da igualdade (formal e substancial) perante a
lei (4º CPC)
- Visa assegurar o equilíbrio ao longo do processo.

- Princípio da Licitude da Prova (determina que são inadmissíveis os meios


de prova que violem direitos fundamentais) - se o meio de prova foi obtido por
violação de um direito à imagem ou um direito à vida privada, são
inadmissíveis (417º/3 CPC) → 393º ss CC; 421º + 511º CPC

- Princípio do direito de comparência pessoal (as partes tem o direito de


estar presente nos atos processuais, não é um dever, salvo exceções
reguladas na lei (ex.: processos de regulação parental; depoimento de parte;
declarações de parte)

- Princípio da fundamentação da decisão (exigência constitucional - 205º/1


CRP) - a fundamentação traduz-se na explicitação do raciocínio de facto e de
direito que o tribunal formulou para chegar à decisão.
- Este princípio é importante para que as partes entendam a decisão,
mas também para o efeito do recurso
- 154º/2 CPC: a fundamentação da sentença não pode ser “dou razão à
autora por tudo o que esta referiu na petição inicial”, o tribunal tem que
fundamentar/expressar o seu próprio raciocínio que originou a decisão
(607º/3 CPC)
- Se o juiz não cumprir a obrigação de fundamentação a sentença será
nula (615º/1/b) CPC)
- Se a sentença tiver fundamentação mas esta estiver em completa
contradição com a decisão, a sentença também será nula (615º/1/c)
CPC)
- Se houver um recurso da sentença e o tribunal da relação ler a decisão
e achar que alguma matéria não está bem fundamentada pode mandar
baixar a decisão novamente à 1ª instância para que o juiz corrija e
coloque a fundamentação em falta na sentença (662º/2/d) CPC)

- Princípio da Publicidade (visa assegurar a transparência no exercício da


função jurisdicional (as audiências são públicas) - 206º CRP → 10º DUDH + 6º

CEDH) - salvo quando o tribunal decida o contrário - 606º/1 CPC


- A ideia de publicidade da audiência e das diligências é um princípio
que se estende a todo o processo, nomeadamente às peças
processuais que estão na secretaria do tribunal.
- Os documentos/peças processuais são públicos, salvo restrições
previstas na lei (163º CPC)
- Não é qualquer pessoa que pode dirigir-se à secretaria e pedir
para consultar as peças processuais de um processo judicial,
só pode consultar o processo: as partes, os mandatários, e
qualquer pessoa capaz de exercer o mandato judicial (qualquer

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advogado mesmo que não seja advogado de nenhuma das


partes do processo), e ainda pessoas com interesse atendível
(alguém que demonstra interesse em analisar as peças do
processo).
- Há limitações à publicidade do processo: 164º CPC - casos em
que a divulgação do conteúdo possa por causar danos às
pessoas em causa no processo.

- Direito a uma decisão em prazo razoável (20º/4 CRP) - a justiça se tardar


demasiado, por muito correta que seja a decisão, pode já não ter utilidade
nenhuma.
- 2º/1 CPC: em prazo razoável - o que é um prazo razoável depende da
complexidade do processo.
- Esta ideia de celeridade processual está patente em várias normas:
6º/2, 547º, 156º CPC

- Princípio de legalidade da decisão (203º CRP): os tribunais estão


subordinados ao direito, a função é aplicar o direito ao caso concreto.
- Há um princípio relativamente à aplicação do direito no caso concreto:
Iura Novit Curia (5º/3 CPC) - o tribunal é responsável pelas normas
que aplica.
- Excecionalmente, o tribunal não pode aplicar determinadas
normas jurídicas quando elas pressupõe ser de invocação
pelas próprias partes (tudo o que não seja de conhecimento
oficioso)

Princípios Gerais Estruturantes do DPC: são princípios que são pilares do DPC → formam

a estrutura/base do PC; estes princípios são ideias subjacentes às opções legislativas que

constam das normas do CPC;


- O nosso sistema assenta numa combinação entre uma concepção privatística do
processo, que está presente no princípio do dispositivo (ideia de as partes terem o
poder e a responsabilidade de trazer os factos para o processo), e o princípio do
inquisitório (concepção publicista do processo - poderes que o tribunal tem no
âmbito do processo). Tudo isto é temperado pelo princípio da cooperação (que se
aplica às partes e ao tribunal).

Princípio do inquisitório:
- em sentido amplo:
- Poder-dever de gestão processual (6º/1 CPC): atribuir ao juiz poderes e
responsabilidade de garantir que o fim do processo é atingido - obter uma
decisão de mérito de forma justa (de acordo com a verdade material) de forma
eficiente e célere (ideia de decisão num prazo razoável).
- Poder-dever de direção do processo: poderes que o tribunal tem
para garantir que o processo avança de forma normal e o mais célere
possível (ex.: quando o juiz marca as datas da audiência de
julgamento; verifica que falta um pressuposto processual (590º CPC);

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- Poder de adequação formal (547º CPC): poder que o juiz tem de num
processo concreto de entender que a tramitação mais adequada não é
o que está no CPC, então poder alterar a ordem dos atos de forma a
que o andamento do processo siga da melhor forma.
- Princípio do inquisitório em sentido estrito (5º/1 CPC): relacionado com a
matéria da instrução (prova dos factos) - são as partes que tem que trazer para
o processo os factos essenciais, esta responsabilidade/ónus, ninguém pode
cumprir pelas partes. O tribunal não pode substituir-se às partes nesta tarefa.
Mas o juiz/tribunal não é apenas um árbitro, este ao descobrir a prova tem um
papel ativo (411º CPC) - tem a responsabilidade de tentar averiguar a verdade
material, ou seja, se há determinados meios de prova que o tribunal ache
prudentes, pode oficiosamente solicitar esses meios de prova - 452º, 467º,
490º, 526º CPC
- 411º, parte final CPC - não pode ser o tribunal a ir à procura da matéria
de facto, o tribunal pode investigar os factos para ver se são
verdade/mentira.

Princípio do Dispositivo:
- em sentido amplo:
- Princípio do dispositivo em sentido estrito: as partes tem liberdade - para
decidir se instauram ou não o processo judicial; para conformar o objeto do
processo (factos que pretendem alegar); como é que o processo evolui; se o
suspendem, se o extinguem, etc.
- Princípio da controvérsia: responsabilidade das partes pelo material fático
da causa, isto é, tem a ver com a liberdade que as partes tem de alegar os
factos que acham que são essenciais para a procedência da ação, a liberdade
de confessar ou dar como assentes determinados factos, e com os poderes
que tem para a prova dos factos. Este princípio tem a ver com o domínio da
matéria factual (o que se alega, o que se aceita, o que não se aceita e o que
se vai discutir).

O princípio do dispositivo está reflexo em diversos planos ao longo do processo:


- Plano da iniciativa processual (dá início ao processo) - 3º CPC
- Plano da conformação da instância - moldar a instância processual - 259º + 260º CPC
- Plano do pedido (forma-se na petição inicial, pode ser reduzido ou ampliado - 265º
CPC)
- Plano da sentença (o autor alega os factos e formula um pedido, e o tribunal na
sentença está limitado pelo pedido (ou seja, pelo princípio do dispositivo) - 609º/1 +
615º/1/e) CPC)
- Plano da disponibilidade da instância (as partes podem suspender a instância por
acordo - 272º/4 CPC; ou extinguir o processo)
- Plano da responsabilidade pela formação da matéria de facto (de acordo com o 5º/1
CPC e a teoria da substanciação, é às partes que cabe alegar os factos essenciais)
- Plano do acordo sobre os factos (autor alega factos na petição inicial e o réu decide
não contestar, a consequência é a de estes serem dados como provados);

Princípio da Cooperação (7º CPC): todos os intervenientes devem colaborar com o


processo e a realização da justiça - 7º/4 CPC - Cooperação formal;

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- Cooperação material - para descobrir a verdade: mérito da causa - substância do


processo (417º CPC)
- Recusa de cooperação: 344º/2 CPC - inversão do ônus da prova

Princípios Gerais do DPC: influenciam diferentes aspetos, atividades e fases processuais


(situações circunscritas)

Princípio da boa fé processual (8º CPC): as partes e os seus advogados quando participam
no processo devem agir de boa fé, isto é, agir de acordo com a verdade e cooperação, e não
litigar de má fé (comportamentos reprováveis - sancionados)

Princípio do Contraditório e da Igualdade das Partes (3º + 4º + 415º CPC)

Princípio da Economia Processual: os objetivos do processo devem ser atingidos com a


maior economia de meios possível, de forma mais eficiente, e em cada ato do processo
resolver o maior número de problemas;
- Esta ideia é tão importante que se uma das partes praticar atos dilatórios, pondo em
causa a economia processual é condenado como litigante de má fé;

Princípios relativos à Produção de Prova e à Audiência final:

Princípio da Imediação: determina que o juiz deve ter um contacto o mais direto possível
com as pessoas ou coisas que constituem a prova, e assim, a prova constituenda (a que se
produz no processo: testemunhal, declarações de parte) têm de produzir-se perante o
tribunal, tendo este que apreciar e julgar.
- Se o juiz vai ter que decidir com base nas provas, deve estar o mais próximo delas
possível.

Princípio da Oralidade: as provas constituendas devem produzir-se de forma oral perante o


juiz, de forma a que tenha um contacto imediato com aquela pessoa e avaliar melhor essa
prova pessoal.

Exceções dos princípios de Imediação e Oralidade:


- há determinadas pessoas que tem a prerrogativa de depor por escrito, pelo menos
numa 1ª fase (503º/2 CPC).
- 517º a 519º CPC
- 517º CPC: se houver acordo entre o autor e o réu, a testemunha, antes de ir
ao tribunal, dirige-se ao escritório de um dos advogados, e na presença de
ambos os advogados (autor e réu), depõe - sistema mais comum nos países
anglo saxônicos, e não tanto no nosso.
- 518º CPC: se se verificar uma situação em que a pessoa não pode
comparecer, ou tem uma grande dificuldade em fazê-lo, o depoimento pode
ser prestado por escrito, com o acordo das partes.

Princípio da Audiência Contraditória: princípio do contraditório no âmbito da audiência e


produção da prova (415º CPC)

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Relativamente as provas constituendas, propostas por uma parte contra a outra, a contraparte
tem possibilidade de intervir (516º/2 CPC) - regime do depoimento das testemunhas. O
advogado da parte que indicou a testemunha, faz o primeiro interrogatório, o advogado da
outra parte, relativamente aos factos que a testemunha falou, pode fazer perguntas –
capacidade de exercer o contraditório.

Princípio da Livre Apreciação da Prova (607º/5 CPC): o julgador aprecia a matéria de facto
(decide os factos provados ou não) segundo a convicção que forma no confronto dos vários
meios de prova. No final da sentença, o juiz vai ter de dizer que factos considera estarem
provados ou não, chegando a essa conclusão pela análise e confronto das várias provas
produzidas no processo.
- Há casos excecionais, em que a lei impõe ao julgador o valor probatório que pode
retirar de determinados meios de prova. Nestes casos, o juiz está limitado, a lei diz-
lhe qual o valor que pode dar a cada meio de prova.
- É preciso saber distinguir quais os meios de prova relativamente aos quais o juiz tem
livre apreciação, aos quais ele está limitado.
- Estão sujeitos ao princípio da livre apreciação da prova:
- a prova testemunhal;
- prova por declarações de parte (466º CPC) – é a própria parte a promover as
suas declarações)
- ≠ depoimento de parte (é pedido por uma parte contra à outra para
obter a confissão de factos desfavoráveis – ex.: eu para privar os factos
1 e 2 quero que o réu seja ouvido para que ele os confesse)
- prova pericial (relatório pericial, o juiz analisa-o mas não fica obrigado perante
esse relatório)
- prova por inspecção judicial (o juiz desloca-se aos respetivos locais).

Situações em que o juiz não tem liberdade para dar o valor probatório que entender:
- Prova documental nos casos em que a lei reconhece uma determinada força
probatória (371º a 376º CC)
- Confissão escrita (358º CC): ex.: relativamente ao facto 4, o réu confessou por escrito
que era verdadeiro, o juiz não pode vir a dizer que esse facto é falso tendo por base
outros factos; o mesmo acontece se na contestação o réu não impugna o facto
prestado pelo autor, é como se tivesse confessado, pois nada disse.
- Presunções legais (ilidíveis/inilidíveis): há determinados factos provados através de
presunções legais. Quando um facto resulta provado por presunção legal, o juiz não
tem liberdade pois não está sujeito ao pp. da livre apreciação.

Relativamente a estas exceções, o valor probatório delas pode ter três graus diferentes
≠:
- Prova pleníssima – prova cujo valor probatório é inatacável, insuscetível de ser
destruído– presunções inilidíveis. Não há nada que possa demonstrar o contrário
daquele facto – (ex.: 243º/3 CC)
- Prova plena – ocorre quando temos um meio de prova legal, mas pode ser destruída
se se demonstrar que esse meio de prova foi falsificado
- ex.: escritura pública – documento autêntico, exarado pelo notário – o juiz não
pode dá-los como não provados porque há um oficial público que diz o

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contrário. Contudo, se alguém demonstrar que aquilo que o notário declarou


naquela escritura é mentira, tendo esta sido falsificada. Assim, destrói-se a
prova.
- Prova bastante – meio de prova relativamente ao qual a simples dúvida do
julgador/juiz, sobre a realidade do facto, é suficiente para afastar o meio de prova.
Basta haver dúvidas para que o meio de prova seja afastado
- ex.: ação de investigação da paternidade
- Basta a simples dúvida.

414º CPC – o autor alega os seus factos na petição inicial e o réu na contestação. Se por
mais que analise as provas, o tribunal tiver dúvidas quanto à veracidade dos factos, então o
facto fica não provado (resolve-se sempre contra a parte a quem o facto aproveita).

Princípio da Aquisição Processual (413º CPC):


- Cada uma das partes pode indicar as provas que entender. O juiz quando faz a
apreciação das provas, não está a atender à sua origem, ou seja, se foi alegada pelo
réu ou autor.

Princípio do Valor Extraprocessual das Provas (421º CPC):


- Ex.: se tivermos um processo entre A e B, e foram ouvidas 5 testemunhas e realizada
uma perícia. Se mais tarde o senhor C propuser uma ação contra B, réu naquela, se
for o mesmo tipo de processo, ação declarativa, o C pode utilizar a prova testemunhal
e a perícia usado no processo anterior neste novo processo.
- Este princípio não se aplica aos documentos.

Princípio da Concentração e Plenitude da Assistência do Juiz: os atos de instrução


devem ser praticado de forma contínua, com o menor intervalo de tempo entre eles (os
advogados devem procurar que a prova seja feita de forma mais concentrada no tempo
possível)
- Plenitude da assistência do juiz (605º CPC): o juiz que vai decidir o processo tem
que assistir a todos os atos de produção de prova (aquele que decide tem que estar
presente em todos os atos de produção de prova).
- E se o juiz falecer entretanto, não ouvindo as últimas testemunhas? Terão de
ser ouvidas novamente as primeiras testemunhas, por um juiz substituto.
- Impossibilidade temporária ≠ definitiva (morte/incapacidade permanente)
- se a impossibilidade temporária for muito longa, devemos optar pela
substituição do juiz.
- Se o juiz de 1ª instância subir na carreira, terá que concluir os
processos que tiver em mão (até à sentença).
- Princípio da Publicidade e Continuidade da Audiência (606º/2 CPC): a audiência
é contínua, não podendo ser interrompida, a não ser nos casos previstos na lei
processual.
- Se não for possível ouvir as testemunhas num dia, suspende-se e marca-se a
continuação para a data mais próxima.
- Se não ocorrer nos 30 dias imediatos, tem de ficar na ata qual o motivo, a
razão pela qual o juiz e os advogados não têm disponibilidade para realizar a
audiência.

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_________________________________________________________________________

Casos Práticos:

Princípios Constitucionais do DPC:


5) princípio da licitude da prova (417º/3/b) CPC + 20º/4 CRP)
6) princípio da publicidade (163º + 164º CPC) - não pode ter acesso
7) princípio da fundamentação da decisão: caso contrário, a decisão será nula (205º CRP +
615º/1/b) CPC)
9) 20º/4 CRP: princípio de direito a um processo equitativo

Princípios Gerais do DPC:


1)
a) A e B deveriam ter junto ao processo uma cópia do contrato, ao abrigo do princípio do
dispositivo, na modalidade do princípio da controvérsia – liberdade das partes iniciarem ações
judiciais, conformam a matéria que vai ser discutida e juntarem as provas necessárias.
- Tendo em conta o objeto aqui discutido, era importante juntar o contrato, para
demonstrar que foi celebrado um contrato e que B tinha a obrigação de pagar o preço.
- O contrato em si é um meio de prova, mas a celebração do contrato é um facto
essencial constitutivo do direito do autor, e por isso, a circunstância do contrato não
ter sido junto, podia levar a que esse facto não fosse dado como provado. O princípio
que pode estar aqui em causa, é o princípio do inquisitório em sentido estrito (411º
CPC).
- Se o juiz sabe que existe um documento que o ajuda a decidir de acordo com a
verdade material, deve obter os documentos necessários a provar o facto.
- princípio da cooperação

b) Se é o réu que diz na contestação que a obra tem defeitos, ele defende-se por exceção
peremptória. Bernardo, ao defender-se desta forma, tem que demonstrar os factos essenciais
que demonstram a exceção, neste caso, os defeitos em si, de forma a provar a exceção. Se
não o fizer, não vai ser provado, e será condenado. O princípio que está aqui em causa é o
princípio do dispositivo, no plano da responsabilidade das partes pelo material fático da causa
(5º/1 CPC) – é às partes que cabe alegar os factos essenciais.

d) Pode ser considerado um facto instrumental – ajudam à prova dos factos essenciais (25º/2
CPC). O juiz pode utilizar os factos instrumentais de forma a provar os factos essenciais.

e) Acordo que põe fim ao processo: transação. As partes podem celebrar ao abrigo do
princípio do dispositivo.
_________________________________________________________________________

Pressupostos Processuais:
→ O tribunal só realiza verdadeiramente a sua função quando profere uma decisão de mérito
(o juiz analisa os factos, dá-os como provados ou não, e retira as consequências jurídicas:
há uma resposta ao pedido do autor).
- Para chegar a uma decisão de mérito, é preciso que no processo estejam reunidos
determinados requisitos/condições: pressupostos processuais

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- Se esses pressupostos estiverem em falta e esta falta não for sanada, verifica-se a
existência de uma exceção dilatória, que pode levar a que o processo termine não
com uma decisão de mérito, mas sim com uma decisão de absolvição da instância
(278º + 577º CPC)
- A falta dos pressupostos processuais é de conhecimento oficioso.
- Em regra, a falta dos pressupostos processuais é sanada, e assim, o processo
prossegue normalmente.

Pressupostos Processuais:
- Relativos às partes:
- Personalidade judiciária
- Capacidade judiciária
- Legitimidade
- Patrocínio judiciário (quando é obrigatório)
- Interesse processual
- Relativos ao Tribunal: competência do tribunal:
- Competência internacional
- Competência interna
- Relativos ao Objeto:
- Existência de objeto processual
- Não verificação de litispendência ou caso julgado
- Admissibilidade de cumulação de pedidos e pluralidade subjetiva subsidiária

Na tramitação do processo, quando é que o juiz vai atender aos pressupostos


processuais?
- O juiz vai verificar o preenchimento dos pressupostos processuais no momento do
despacho saneador (590º CPC) ou na audiência prévia (591º CPC).
- Contudo, o juiz, nos termos do 6º/2 CPC, no momento em que toma conhecimento do
processo e se apercebe que falta um pressuposto processual, não podendo ser
tomada uma decisão de mérito, pode:
- se for um pressuposto de conhecimento oficioso (o tribunal corrige)
- ou então se não for um pressuposto de conhecimento oficioso, se o juiz
entender que é possível corrigir o pressuposto por uma atuação das partes
(tribunal convida as partes a sanar o pressuposto)
- O juiz deve no âmbito do seu poder processual deve providenciar
oficiosamente o suprimento dos pressupostos processuais suscetíveis
de sanação (6º/2 CPC)

No caso de pressuposto que não é de conhecimento oficioso, é feito o convite às partes para
sanar/corrigir o pressuposto e as partes não o fazem, como falta o pressuposto processual a
decisão do processo, em princípio será uma decisão de absolvição da instância (extingue-se
o processo).
- A não ser que se verifique o disposto no 278º/3 CPC: a falta de um pressuposto
processual, traduz-se numa exceção dilatória e esta permanece enquanto não for
sanada. Se a exceção dilatória não for sanada, não tem lugar a absolvição da
instância (situação excecional):
- 278º/3 CPC: “As exceções dilatórias só subsistem enquanto a respetiva falta
ou irregularidade não for sanada, nos termos do nº 2 do artigo 6º; ainda que

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subsistam, não tem lugar a absolvição da instância quando, destinando-se a


tutelar o interesse de uma das partes, nenhum outro motivo obste, no momento
da apreciação da exceção, a que se conheça do mérito da causa e a decisão
deva ser integralmente favorável a essa parte.”
- Ex.: situação de ilegitimidade passiva - o tribunal entende que, a ação
foi proposta pelo A contra o B, mas que para estar preenchido o
pressuposto processual relativo às partes que é a legitimidade era
preciso que na posição de réu estivesse o B e o C (porque fazem
ambos parte do contrato por exemplo). Então o juiz diz ao A (autor)
“atenção que eu acho que devia estar aqui o C, é melhor corrigir esta
falta de pressuposto processual” e o A (autor) diz “não, que o C não
tem que estar na ação e não vou corrigir”.
- A consequência em princípio seria, visto que o tribunal entende
haver uma exceção dilatória, em princípio a consequência seria
de absolvição da instância, no entanto, se o tribunal, tendo em
conta o 278º/3 CPC, olhando ao mérito do processo já tiver a
certeza que com base no que está no processo vai dar uma
decisão de mérito favorável ao B, vai dizer “o A não tem razão
quanto ao pedido, não existe o direito do A”, então o tribunal em
vez de decretar a absolvição da instância (que é uma decisão
meramente processual e que não impede o A de mais tarde vir
iniciar um novo processo), decide logo do mérito a favor do B,
para encerrar definitivamente o processo.

Pressupostos Processuais relativos às Partes:

Personalidade Judiciária (11º CPC): consiste na suscetibilidade de ser parte: transpor para
o campo processual o conceito de personalidade jurídica.
- A partir do momento em que a pessoa tem personalidade jurídica, tem também
personalidade judiciária.
- Havendo esta equiparação, as pessoas singulares têm capacidade jurídica e logo
personalidade judiciária (66º/1 CC); pessoas coletivas de direito privado (158º CC);
pessoas coletivas de direito público.
- Mas, há entidades que não tem personalidade jurídica (não são pessoas jurídicas),
mas que contudo tem personalidade judiciária - 12º + 13º CPC
- Quando a personalidade judiciária se extingue no decurso de um processo, a pessoa
já não pode estar no processo, tem que haver um mecanismo para substituir a parte
(a morte faz cessar a personalidade jurídica e a judiciária)

Capacidade Judiciária (15º CPC): quem tiver capacidade de exercício (capazes de


exercício)

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- Os incapazes, menores e os maiores acompanhados não tem capacidade judiciária,


apenas podem exercer a capacidade judiciária por intermédio do representante (16º,
17º, 18º CPC);
- 20º CPC: representação de pessoas impossibilidade de receber a citação, uma
pessoa que por anomalia psíquica ou qualquer outro motivo não possa receber a
citação tem que ser representada por um curador especial.
- Se uma pessoa estiver ausente ou for incapaz e não tiver quem a represente, o MP
assume essa obrigação (21º CPC)
- Quando a ação é proposta contra réus incertos, o MP vai representar os incertos (22º
CPC)
- Pode acontecer de uma ação ser proposta contra um incapaz e ninguém se
aperceber, e o juiz só se aperceber mais tarde, o 28º CPC, refere que mal o juiz se
aperceba deve providenciar o suprimento do pressuposto processual, ou seja, o juiz
tem que chamar o representante legal do incapaz.
- Quanto às pessoas coletivas é necessário que uma pessoa física a represente (25º
CPC)

Legitimidade (30º ss CPC): a legitimidade é um pressuposto que diz respeito à relação das
partes com o litígio. A parte para ser legítima tem que ter relação direta com o litígio.
- 30º/1 CPC: para verificarmos se o autor e o réu têm legitimidade, temos de verificar
qual o objeto da ação, e se o autor tem interesse em instaurar essa ação e em
contrapartida o interesse do réu em defender-se.
- 30º/2 CPC: o autor tem de ter interesse em demandar e o réu é parte legítima quando
tem interesse direto em contradizer.
- se a ação for procedente o autor ganha alguma coisa/tem utilidade com a
decisão? Se tiver, tem legitimidade. Se o réu for condenado no processo sofre
algum prejuízo? Se sim, tem legitimidade em se defender.
- Remissão 30º → 278º/d) CPC – se não estiver verificada a legitimidade, há uma
exceção dilatória e deve absolver-se o réu da instância.
- 30º/3 CPC: critério (supletivo) que se deve aplicar quando houver dúvidas quanto à
legitimidade
- Nem sempre é fácil avaliar se as partes têm ou não legitimidade, e por essa
razão, o legislador, diz o seguinte:
- Se o juiz não tiver a certeza quanto a legitimidade, de forma a avaliar
esse pressuposto, deve olhar para a forma como o autor descreve o
litígio. Ou seja, se o autor, A, descreve o litígio, é partir dessa descrição
do litígio vai avaliar a legitimidade.
- Se o autor (A) diz que celebrou um contrato com o réu B, e B não
cumpriu o contrato, e B na contestação diz que não celebrou nenhum
contrato, e por isso não tem interesse em contradizer a ação, porque
não sou parte no contrato.
- Se o juiz não entender qual a parte que é correta (tiver dúvida), então
o juíz vai dizer que as partes tem legitimidade, porque na versão que o
autor apresenta na petição inicial o B é parte do contrato, logo tem
interesse na ação.
- Mesmo que, no final da ação o juiz chegue à conclusão que quem tinha
razão era B, ou seja, que B não era parte no contrato, mas isso não

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interessa. Para avaliar a legitimidade o juiz olha para o que o autor


descreve na petição inicial.

- Tendo em conta este tal critério supletivo, são muitos raros os casos em que há uma
legitimidade singular (ação proposta de A contra o B). O que é mais frequente são as
situações de ilegitimidade plural (em que ao lado do A, existia um C e um D e ao
lado do B um E e um F. O A escolhe propor a ação contra B e escolhe deixar de fora
as outras pessoas).
- Há situações em que a lei exige que estejam presentes todas as pessoas na ação (A,
C, D a proporem a ação contra B, E, F), e caso contrário haverá uma exceção dilatória
que pode conduzir à absolvição da instância.
- A correção não pode ser feita pelo juíz, têm que ser as partes a deduzir o Incidente
para que outrem seja chamado à ação.
- O que o Tribunal pode é convidar as partes a suprir essa ilegalidade (6º/2 CPC).
- Será na generalidade dos casos mais favorável que a parte deduza o incidente após
este convite por parte do Tribunal, porque se não o fizer o mais comum é que havendo
uma exceção dilatória consequente, a decisão do tribunal vá ser a da absolvição da
instância.
- Não confundir esta situação com a substituição de pessoas (A autor de ação contra
B. Herdeiros substituem o A , promovendo ação contra o B) , não se tratando de uma
situação de ilegitimidade.

Patrocínio Judiciário: representação e assistência técnica dada às partes por profissionais


do foro (advogados). São estes que conduzem o processo, e quando a lei obriga que assim
seja, é o patrocínio judiciário um pressuposto processual.
- Logo, o patrocínio judiciário só é um pressuposto processual nos casos em que a lei
obriga que as partes estejam representadas por advogados:
- 40º/a) CPC: ações que decorrem em tribunais com alçada em que seja
admissível recurso ordinário - valor superior a 5.000€.
- 40º/b) CPC: processo que independentemente do valor, é sempre admissível
recurso; remissão → 629º/2 + 629º/3/c) + 979º CPC
- 40º/c) CPC: em sede de recurso é sempre obrigatório a constituição de
advogado;

- Se não houver advogado e fosse obrigatório há uma exceção dilatória que leva à
extinção da ação.

Nos casos em que não é obrigatório constituir advogado (ações inferiores a 5.000€), a parte
pode pleitear por si, ou ser representado por um advogado estagiário (42º CPC)
- Mas numa audiência de julgamento em que temos testemunhas, provas periciais, etc,
e a parte não está representado por advogado, não têm as competências de um
jurista, e por isso: 40º/3 CPC - a inquirição das testemunhas é feita pelo juiz;

43º CPC: constituição do mandatário (constitui-se por documento escrito particular ou


procuração forense)
- Poderes forenses gerais (44º/1 CPC)
- 44º/2 CPC: substabelecimento: com reserva // sem reserva

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- Poderes forenses especiais (45º/2 CPC)

49º CPC - mandatário agir como gestor de negócios (quando advogado atua sem poderes)

A falta de constituição deste pressuposto processual leva à exceção dilatória: absolvição da


instância (41º CPC) - no caso de falta de advogado do autor;
- Porque no caso do réu, fica sem efeito a defesa, provavelmente vai ser condenado
nos termos da petição inicial. Logo, no caso de o réu não constituir advogado a
consequência não é a absolvição da instância, porque senão o réu beneficiava com o
fim da ação que tinha sido proposta contra ele.

48º CPC: a falta deste pressuposto processual é de conhecimento oficioso.

Pode acontecer que a parte (autor ou réu) já não queira ter aquele advogado, ou o advogado
já não querer representar a parte (47º CPC):
- revogação (a parte quer extinguir)
- renúncia (advogado não quer representar mais) do mandato (deixa de ter poderes)
- Tem que haver notificação ao processo, tanto ao advogado que está a ser
afastado (revogação), como para a outra parte;
- No caso de renúncia, se não constituir um novo advogado no prazo de 20 dias:
47º/3/a)/b) + 47º/4 CPC

Interesse Processual (Interesse em agir do autor):


- Pressuposto não é referido expressamente na lei, mas a maioria da doutrina e da
jurisprudência entendem que é um pressuposto subjacente.
- O interesse em agir: necessidade de usar o processo (Antunes Varela) - a
propositura da ação para o autor tem que ter alguma utilidade, a pretensão do autor
deve merecer a intervenção do tribunal;
- Se não houver interesse processual: exceção dilatória - absolvição do réu da
instância;
- Ex.: A tem um crédito sobre B. B não tem forma de lhe pagar. Fazem um
acordo em que determinam que o B vai pagar aquele valor em 10 prestações
mensais. O B começa a pagar as prestações. Se o A propuser uma ação
judicial contra o B, deve haver uma absolvição da instância, porque ele fez
uma acordo com o B e este está a cumprir esse acordo. Não há interesse
processual do autor.
- O interesse em agir tem que ser avaliado conforme o tipo de ação: ação de
declaração, o autor tem que demonstrar uma incerteza; se for uma ação de
condenação - autor tem que demonstrar um direito que está a ser violado;
- Sustentar este princípio: 577º + 578º CPC - apesar de não dizer que tem que haver
interesse em agir, diz que pode haver mais exceções dilatórias do que as presentes
no artigo 577º CPC
- Se se verificar a falta do interesse processual, este pressuposto é insanável, o
juiz deve por fim ao processo.

Pluralidade das Partes: ação que o senhor A propõe contra o senhor B (1 parte do lado ativo
e uma parte do lado passivo). Muitas vezes, na realidade, a relação processual não

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é assim tão simples. Assim, podemos ter situações em que há várias pessoas tanto do lado
ativo como do lado passivo.
- Se envolver várias pessoas, essa pluralidade de partes na relação material, pode ser
que tenham de estar todos também na relação processual.
- Quando temos mais do que um sujeito processual no lado ativo e passivo, temos uma
situação de pluralidade de partes.

As situações de Pluralidade das Partes podem ser duas:


- Litisconsórcio:
- um pedido formulado por vários autores a vários réus (pluralidade em ambos
os lados - litisconsórcio misto)
- o autor a deduzir um pedido contra vários réus (pluralidade no lado passivo)
- vários autores a deduzir um pedido contra um réu (pluralidade no lado ativo)
- Temos sempre um pedido, mas temos sempre pluralidade de partes (seja no
lado ativo; passivo; ou ambos (litisconsórcio misto)).
- Há dois tipos de litisconsórcio:
- Necessário: quando a pluralidade de partes é imposta pela lei, negócio
jurídico ou pela natureza da relação jurídica (33º CPC).
- Resulta deste artigo que se tivermos uma situação em que a lei
diz que a ação seja proposta por A e B contra C (litisconsórcio
lado ativo), e apesar disso é apenas B a propor a ação – 33º/1
CPC: falta o pressuposto processual da legitimidade – exceção
dilatória de ilegitimidade ativa. O C, na contestação, na sua
defesa, pode invocar entre outras coisas, esta exceção dilatória
de ilegitimidade ativa, porque a lei exige que o A esteja na ação.
- Se se verificar esta exceção e ela não for sanada/corrigida, a
consequência processual é a absolvição da instância, ou seja,
uma decisão em que o juiz diz que não estão reunidos os
pressupostos processuais necessários para uma decisão de
mérito (577º/e) + 278º/d) CPC)
- Há uma forma de corrigir esta situação e evitar a absolvição da
instância: através de um incidente de intervenção de
terceiros – mecanismo processual que vai permitir chamar o A
à ação, e se este estiver na ação já não há ilegitimidade e em
consequência já não há absolvição da instância.
- O legislador quer promover que os processos não acabem sem
uma decisão de mérito (261º CPC) - mesmo que se verifique
uma exceção dilatória de legitimidade e não seja sanada, e por
isso é decretada a absolvição da instância, B pode salvar o
processo: 261º CPC:
- a decisão é proferida e pode chamar o terceiro de forma
a que o processo ande para a frente (antes da
absolvição transitar em julgado);
- OU se já transitou em julgado a absolvição da instância,
a instância extinguiu-se, mas nos 30 dias seguintes, B
ainda pode chamar o terceiro ao processo.
- É necessário que a lei, ou um negócio jurídico
obrigue que as partes estejam no processo.

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- Se houver uma situação de litisconsórcio passivo e não estiver


um dos réus, a situação é a mesma.

- 34º CPC: Ações que tem de ser propostas por ambos ou contra
ambos os cônjuges
- Tem haver com direitos que os dois cônjuges tem de
exercer em conjunto sobre bens comuns (ex.: morada
de família).
- Se não estiverem presentes os dois, temos uma
situação de ilegitimidade ativa.
- Pode isto ser resolvido da maneira que vimos em cima.

- 34º/3 CPC: situação de litisconsórcio necessário passivo


- Dívida contraída por ambos os cônjuges (C e E), sendo
ambos responsáveis, é uma dívida que deriva de um
facto praticado por ambos, a ação terá de ser proposta
contra os dois. Caso não seja, temos uma situação de
ilegitimidade passiva.
- O que um deles pode fazer, é invocar a exceção e dizer
que não pode estar lá apenas ele, falta o outro cônjuge.
- A exceção tem de ser posta em causa pelo cônjuge, e
não pelo tribunal.

- Outros casos: 1410º CC

- Voluntário: a pluralidade de partes é facultativa; só se as partes


quiserem é que chamam outras pessoas ao processo.
- 32º CPC:nos casos em que temos uma relação material que diz
respeito a várias pessoas, mas a lei não exige que todas
tenham de estar no processo, o litisconsórcio é facultativo.
- Ex.: A celebrou um contrato com B, E e F, pelo qual
emprestou a cada um deles 10.000€ (obrigação
conjunta). Apesar da situação controvertida, A pode
exigir de qualquer um deles. Se quiser propor a ação só
contra um deles, pode fazê-lo. Se não houver uma
norma ou negócio jurídico a obrigar que estejam todos
na ação, é facultativo, tanto do lado ativo como do lado
passivo.
- 39º CPC: pluralidade subjetiva subsidiária: situações em que
o autor tem dúvida sobre qual é a pessoa contra a qual ele deve
deduzir o seu pedido.
- Deduz o pedido contra uma pessoa, mas a título
subsidiário faz um pedido contra outra pessoa;
- Ex.: A contratou B para construir uma casa. Para
ser feita a construção A contratou ainda à
empresa C uma grua (dois contratos). O senhor
A não tem a certeza se a grua caiu porque os
empreiteiros não a colocaram bem, ou se foi a

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empresa responsável por colocar lá a grua que


não fez bem o seu trabalho. Ele sabe que é um
dos dois que vai ter a obrigação de o indemnizar,
só não sabe qual deles.
- Assim, propõe a ação contra B, mas caso
não seja ele o responsável, deduz
subsidiariamente um pedido contra C.Se
não conseguir por um lado, consegue
pelo outro.

- Coligação: temos vários autores e ou vários réus, mas aqui temos vários pedidos,
pedidos diferentes contra várias pessoas/diferentes partes.
- Ex.: A vai ter um pedido contra B, E e F (todos pedidos diferentes);
- A coligação só pode ocorrer nos termos do 36º CPC
- As causas de pedir, os factos discutidos que servem para a procedência dos
pedidos, tem de ser a mesma, ou ainda uma relação de prejudicialidade ou
dependência dos pedidos.
- Ex.: situação de ação de nulidade por força de uma simulação
- A vendeu o seu imóvel ao B e B não pagou o preço. Entretanto,
B vende ao C, mas esta venda é uma simulação de forma a
evitar que A possa cobrar o seu crédito através da venda da
casa. C, por sua vez, faz o mesmo com o D. O A, vai querer
deduzir diferentes pedidos: contra o B vai pedir a condenação
do pagamento de uma dívida; contra B e C vai querer que seja
declarado nulo o contrato que eles celebraram; e contra D vai
dizer que o terceiro contrato também é nulo, porque se o 1 é
nulo, o C não vai adquirir direitos e por isso não os vai poder
transmitir.
- Obstáculos à coligação (37º CPC):
- 37º/1 CPC: se para determinado pedido fosse competente um tribunal
português (ex.: comarca do porto) mas para outro fosse um tribunal da
Alemanha, já não seria possível a coligação; ainda, se o pedido fosse
de competência do TAF, também não dava (tribunais com competência
diferentes).

Incidentes de Intervenção de Terceiros (são vários e aplicam-se a diferentes situações):


- Os incidentes servem para assegurar o pressuposto processual da legitimidade.
- Se um processo em relação ao qual falta este pressuposto, sendo necessário sanar
essa ilegitimidade, a intervenção de terceiros vai evitar que seja feita uma absolvição
da instância por consequência de uma exceção dilatória de legitimidade.
- Este instituto/mecanismo corrige a falta dessas pessoas no processo.

As situações que vimos até agora são de intervenção de terceiro provocada ou por
chamamento.

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- Mas o terceiro pode de forma espontânea, aparece e diz ao juiz que quer aderir, o
juiz vai avaliar se pode após ouvir as partes primitivas (315º CPC)
- Mesmo que nenhuma das partes o chame o terceiro pode intervir, apresentando-se
no processo num determinado articulado - 314º CPC (formula o seu próprio pedido ou
contestação), só pode intervir até ao fim da fase dos articulados, se já tiver passado
esta fase não pode fazer o seu próprio pedido ou contestação, apenas pode aderir ao
pedido do autor ou à contestação do réu - 313º CPC

Qualquer uma das intervenções pode ser de dois tipos:


- Espontânea: é o próprio terceiro que decide intervir no processo – sem ninguém lhe
dizer nada.
- O terceiro pode intervir no processo durante a fase dos articulados, podendo
apresentar um articulado próprio seu (pedido ou contestação), quando termina
a fase dos articulados já não pode intervir com o seu articulado, pode apenas
aderir à petição do autor ou contestação do réu (313º CPC)
- 315º CPC: o juiz decide da admissibilidade da intervenção do 3º depois de
ouvir as partes primitivas
- Provocada ou Chamamento: o terceiro intervém por requerimento de uma das partes
que já estava no processo desde o início (partes primitivas).

Podemos ter 3 tipos de intervenções de terceiros (dependendo da conexão que o


terceiro tenha com a ação/o processo):

Intervenção principal: o terceiro que intervém vai assumir uma posição igual a uma das
partes principais. Vai passar a estar ao lado do autor ou do réu, tem os direitos e os deveres
que a parte tenha.
- Tem por finalidade levar um terceiro a fazer valer um interesse/direito igual ao do autor
ou do réu (32º, 33º, 34º CPC) (litisconsórcio voluntário ou necessário).
- Podem ser intervenientes a título principal todas aquelas pessoas que já podiam ter
sido autores ou réus da ação.
- Quando este terceiro intervém a título principal, ele assume a posição de parte
principal ao lado das partes primitivas (312º + 317º CPC)

Quando é que a intervenção principal é relevante?


- Preterição de litisconsórcio necessário (33º + 311º CPC): a lei obriga a uma
pluralidade de partes e não foi respeitado – exceção dilatória de legitimidade.
- Ex.: A, B, C e D têm direito a 25% do imóvel cada um. Eles tem o direito de
querer dividir o imóvel, ou a vender e receber a parte deles em dinheiro.
- Ou o conseguem de forma voluntária negociando com os dois, ou então
há uma ação específica (ação de divisão de coisa comum).
- Imaginemos que A quer dividir o imóvel. Não pode propor uma ação
apenas contra um deles, mas sim contra todos (todos têm de estar do
lado do réu). B pode dizer que não é parte legítima sozinho, e A, ao
aperceber-se do erro, corrige através do incidente de intervenção
principal, sanado a ilegitimidade. Caso não o faça – absolvição da
instância (1412º CC)
- Constituição de litisconsórcio voluntário (32º + 311º CPC): vem possibilitar a
presença de um terceiro no processo, cuja presença não é estritamente necessária.

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- Ex.: A empresta dinheiro a B e C. B e C assumem uma obrigação solidária,


podendo na ação exigir de um deles a totalidade, podendo propor uma ação
apenas contra um deles, não havendo ilegitimidade, mas pode B querer
chamar C ao processo para que C fique já obrigado a pagar o valor que lhe
corresponde, portanto, a presença de C não é estritamente necessária, mas
vindo ao processo vai ficar ao lado do réu (B).
- Pluralidade Subjetiva Subsidiária (39º + 316º/2 CPC)
- situação em que o autor tem dúvidas contra quem deve deduzir o seu pedido.
- Deduz um pedido principal e um subsidiário - exemplo do empreiteiro acima
referido.
- O pedido é o mesmo, mas os factos que o sustentam não são exatamente os
mesmos, pois funcionam de forma subsidiária.

≠ Distinguir consoante se trate de uma situação de litisconsórcio necessário e seja requerida


pelo autor e pelo réu.
- Se a intervenção principal provocada vai ser feita para sanar a ilegitimidade de
litisconsórcio necessário, qualquer uma das partes pode recorrer esse incidente de
intervenção principal até ao termo da fase dos articulados (318º/1 CPC)
- Nunca esquecer a possibilidade do 261º CPC - até ao trânsito em julgado ou
nos 30 dias posteriores.
- Se se destinar à intervenção de um terceiro em situação de litisconsórcio voluntário,
há um regime diferente (316º CPC). O autor pode requerer essa intervenção de
litisconsórcio voluntário do réu que não tenha sido demandada inicialmente
- Ex.: autor propôs ação só contra B, e pode através do incidente de intervenção
provocada, mesmo não havendo uma ilegitimidade, tem um direito contra C,
pode chamar C ao processo, pode fazê-lo até ao termo da fase dos articulados;
- A mesma coisa para a situação de pluralidade subjetiva subsidiária: o autor apercebe-
se que não tem a certeza contra quem tem que dirigir o pedido e quer chamar a pessoa
relativamente à qual há dúvidas, pode fazê-lo até ao termo da fase dos articulados
(316º/2 º 318º71/b) CPC)

Quando é que o réu pode realizar uma intervenção principal provocada no caso de
litisconsórcio voluntário? → 316º/3 + 318º/1/c) CPC
- Pode produzir esse pedido na contestação, nas situações em que este mostre
interesse atendível em chamar como réus outros litisconsortes voluntários
- Ex.: anterior de obrigação solidária - caso de direito de regresso pode motivar a que
a outra pessoa esteja no processo como réu também - 317º CPC
- OU a situação inversa, o C é devedor mas tem 2 credores, deve ao A e ao B,
que são credores solidários, significa que C ao pagar a um deles fica eximido
da obrigação, mas no caso de A propor sozinho uma ação contra C para que
este pague, C pode ter interesse em chamar B ao processo para que
efetivamente não haja dúvidas de que pagou, querendo que B esteja ao lado
do A como autor na ação;

Intervenção principal provocada: 319º CPC - terceiro que é chamado é citado; oferecer o
seu articulado próprio (antes do fim da fase dos articulados) ou aderir a um dos articulados;

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- 320º CPC: a decisão final constitui caso julgado também contra os terceiros que vem
intervir;

Intervenção Acessória: o terceiro não vai ficar ao lado do autor ou do réu, mas vai ser uma

parte que está apenas a ajudar (auxiliar), ficando a sua intervenção subordinada à

intervenção principal → fica abaixo do autor ou do réu.

Intervenção acessória (provocada):


- O réu chama um terceiro que embora não tenha legitimidade para intervir como parte
principal, tem um interesse indireto/reflexo (321º CPC)
- Ex.: A comprou um automóvel a B. Nos primeiros dias em que circulou com o
automóvel, os travões falharam e A teve um acidente, sofrendo uma série de
danos. A propõe uma ação judicial contra B, exigindo o pagamento desses
danos. Conclui-se que havia de facto um problema de travões. É de B que A
vai exigir. B entende que tem direito de regresso relativamente a C (fabricante
dos travões). Só B pode exigir de C.
- Numa ideia de economia processual, a lei permite que desde logo, B
chama C a ação para intervir como auxiliar.
- Se C é fabricante, ele saberá defender-se muito melhor do que B.
Assim para evitar que quando o B tentar exercer o direito de regresso,
C diga que ele podia ter usado outros meios de defesa, o B chama-o
logo ao processo, para este ajudar B a opor os meios de defesa ao A.
- 322º/2 CPC – o juiz vai avaliar se o interesse de B em que C esteja presente
é relevante ou não.
- C pode apresentar a sua contestação própria, e passa a assumir a qualidade
de assistente – está aqui para prestar assistência ao B – função subordinada
ao réu, ou seja, quem comanda a defesa é o réu, e C não pode praticar atos
que o réu deixou de praticar;

Intervenção acessória (espontânea):


- Intervenção acessória espontânea – Assistência (326º CPC)
- Consiste num terceiro que NÃO é chamado ao processo por nenhuma das partes
primitivas, mas tem um interesse jurídico que a causa seja decidida de forma favorável
relativamente a uma das partes – auxilia essa parte.
- Interesse jurídico: é um interesse atendível, se esse terceiro for titular de uma relação
jurídica cuja consistência prática ou económica dependa da parte que ele quer auxiliar.
- Ex.: A é comerciante, e tem um terreno que esta ocupado por B ilegitimamente.
Assim, propõe uma ação de reivindicação de forma a que o tribunal reconheça
que A é o proprietário. Temos C que nada tem a ver com a situação, mas é
uma pessoa relativamente à qual o A deve 100.000€ (C credor do A). A não
tem muito patrimônio e C sabe disso. Contudo, se se reconhecer que ele é
proprietário do terreno, já passa a ter património suficiente para pagar a dívida.
- Assim, C tem todo o interesse econômico em que a pretensão seja
favorável a A, e assim, pode requerer a sua intervenção de forma a
auxiliar o A.

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- Pode intervir em qualquer momento, mas tem de aceitar o processo


como ele está (321º CPC)

Intervenção de Oposição: intervém para deduzir uma pretensão própria, sendo esta
contrária à do autor e à do réu. Esta pessoa vem dizer que tem um direito contrário ao das
partes – é como se tivéssemos uma terceira parte processual. É como se fosse criado um
lado novo, de forma a apreciar o seu direito.
- Se a intervenção for admitida, o terceiro passa a ser parte principal, mas não está ao
lado do réu nem do autor. Trata-se de um direito incompatível com ambos (autor e
réu);
- 333º e 335º CPC
- Oposição mediante embargos de terceiro – 342º CPC
- Quando há uma execução, e os bens são de um terceiro, este tem que ter uma
forma de dizer que o penhorante X, penhorou bens que não pertenciam a B,
mas sim a mim, C.
_________________________________________________________________________
Casos praticos:

Folha sem título:


1. Ver se a filial tem personalidade judiciária - não tem, porque não tem personalidade jurídica,
mas 13º/1 CPC

2. Condomínio - não tem personalidade jurídica, mas tem personalidade judiciária - 12º/e)
CPC + 1436º/d) CC

3. 12º/a) CPC

5. Legitimidade - a ação tinha que ser intentada por ambos os cônjuges ou apenas por B com
o consentimento de A - litisconsórcio necessário ativo (34º/1 CPC); B não pode sem o
consentimento do outro alienar o imóvel - 1682º/a) CC

8. Patrocínio judiciário - 40º + 42º CPC

Intervenção de terceiros:

4. A e B, arrendatário, tem interesse processual direto, e portanto C, sendo subarrendatário


se B for despejado, C também será, e por isso tem interesse processual na ação - intervenção
espontânea acessória - assistência (326º CPC)

6. Luísa não pode intervir, seria um caso de coligação se ambas tivessem em separado
intentado ações contra Carlos. Não o tendo feito, Luísa não poderá intervir na ação de Ana
contra Carlos.

7. 33º CPC - litisconsórcio necessário → 34º/3, parte final → 34º/1, parte final CPC - está em
causa a perda do direito ao arrendamento da casa de morada de família - então para além
de a ação de despejo ser proposta contra B, devia ter sido também contra a sua mulher (X) -
situação de ilegitimidade;

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- X devia ter sido parte principal desde o início - intervenção principal provocada (316º/1
CPC) - A devia chamar X, pois nem X, nem B tinham interesse em espontaneamente
aderir à ação.

11. Intervenção acessória provocada - 321º CPC - a seguradora chama ao processo B


(condutor alcoolizado).
_________________________________________________________________________

Pressupostos Processuais relativo ao Tribunal:


→ Competência do Tribunal (Regulamento da UE 1215/2012 + 202º/1 CRP)
- fração do poder de julgar que cada tribunal individual tem.
- Para se determinar a competência de cada tribunal existem regras. Essas regras
podem ter por base critérios diferentes, mas a forma como o poder de julgar a cada
tribunal por vezes pode fazer surgir conflitos entre várias entidades.

- Conflitos Positivos: duas ou mais entidades pertencentes a diversas categorias do


estado se arrogam para resolver aquele litígio;
- Conflitos Negativos: nenhuma entidade entende ter competências para decidir um
determinado litígio;

- Conflito de Jurisdição: se estes conflitos se estabelecem entre duas atividades do


estado OU conflito entre dois tribunais do estado;
- Conflito de Competência (109º a 114º CRP): dois tribunais da mesma ordem jurídica
que se arrogam os dois competentes para decidir esse processo;

Competência Internacional: a fração do poder jurisdicional que é atribuída aos tribunais


portugueses face aos tribunais estrangeiros, quando os litígios estão em contacto com
direiferend ordens jurídicas de diferentes estados (ex.: cidadão PT reside na alemanha e tem
um acidente de viação em espanha)

Regras: como há uma grande circulação de pessoas no mundo, muitas vezes nos litígios
uma diversidade de estados envolvidos - competência plurilocalizada (tem pontos de
contacto com diferentes estados)
- Para saber qual a competência de cada estado, cada estado define quais as
competências ao nível internacional
- Ex.: cidadão SP compra imóvel em PT, surge um litígio.
- SP tem as suas regras, e PT idem, e pode acontecer que ambos os estados
se consideram competentes para decidir aquele litígio internacional, então o
cidadão vai poder escolher: forum shopping (pode eleger de um dos tribunais
internacionalmente competentes);

Para evitar o fórum shopping, ou seja que o cidadão elega sempre o mesmo estado para
apreciar o litígio, ou que os negócios se estabeleçam maioritariamente nesse estado, a UE
criou regras de uniformização e harmonização das regras de competência
internacional:

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- 59º, 62º, 63º CPC: verificar regulamentos internacionais e da UE que se refiram a esta
matéria, porque as normas do CPC só se aplicam se não se aplicarem os
regulamentos;
- Regulamento da UE 1215/2012: Bruxelas I (matéria civil e comercial)
- Regulamento da UE 1201/2003: Bruxelas II (matéria matrimonial e
responsabilidades parentais) - (1º; 3º; 8º)
- Regulamento da UE 4/2009: matéria de obrigações de alimentos (1º; 3º a 7º; 14º)
- Regulamento da UE 650/2012: matéria de sucessões (1º + 4º)

Regulamento da UE 1215/2012: Bruxelas I


- 4º Bruxelas I: o regulamento vai se aplicar quando a situação plurilocalizada esteja
em contacto com várias ordens jurídicas, mas todas as ordens jurídicas sejam dentro
da UE;
- 4º/1 Bruxelas I: Regra geral da competência - se um cidadão de um estado membro
da UE vai ser demandado por outra pessoa que também tem residência num estado
membro da UE, então deve ser demandado no estado membro onde é domiciliado
(ex.: cidadão SP que vive em PT, deve ser proposta a ação em PT),
independentemente da sua nacionalidade;
- 5º Bruxelas I: exceções: 7º Bruxelas I
- Matéria contratual (7º/1 Bruxelas I): a pessoa no estado membro pode
ser demandada num outro estado membro, deve ser proposta a ação
no estado membro onde a obrigação deve ser cumprida
- Ex.: cidadão SP que reside em PT e realizou contrato (vende
um bem) com cidadão italiano (B), surge um litígio, pq os bens
deviam ser entregues na Alemanha, a mercadoria tenha
defeito; se B quiser propor ação judicial, deve ver qual o tribunal
com competência internacional: regra geral (4º/1 Bruxelas I -
seria em PT), mas regra adicional: se B não quiser propor a
ação em PT, pode optar por propor na Alemanha porque a
obrigação devia ser cumprida lá;
- Se B decidir propor em PT, em seguida vai ser avaliada a
competência interna (qual o tribunal PT com competência para
aquele litígio);
- Matéria extracontratual (7º/2 Bruxelas I): responsabilidade civil
extracontratual: lugar onde ocorreu ou possa ter ocorrido o facto
danoso;

24º Bruxelas I: Competências exclusivas - se se aplicar este artigo já não se aplica o artigo
4º Bruxelas I, já não interessa onde é que a pessoa tem domicílio:
- 24º/1 Bruxelas I: em matérias de direitos reais: a competência será do tribunal onde
se situa o imóvel (já não há possibilidade de escolha) - exceção: situação muito
específica - ler no artigo;
- 24º/2 Bruxelas I: questão relacionada com uma sociedade: tribunais onde a
sociedade tem a sua sede;

25º Bruxelas I: Extensão de Competência - as partes num contrato podem estabelecer uma
cláusula qual será o tribunal competente, desde que seja de um estado membro

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- ex.: A, cidadão SP e B, cidadão IT, no contrato podem introduzir uma cláusula


que se surgir um litígio os tribunais competentes serão os da AL)
- Requisitos do pacto atributivo de jurisdição: escrito ou verbal com confirmação
escrita;

35º Bruxelas I: providências cautelares - mesmo que se entenda que os tribunais


competentes para a ação é num determinado estado, é possível intentar uma providência
cautelar noutro estado membro;

- Verificar se a situação é plurilocalizada;


- Se estados membros são da UE, aplicam-se os regulamentos;
- Se os estados envolvidos para além da ordem jurídica da UE, forem estados fora
da UE (estados terceiros) já não se aplicam os regulamentos da UE, aplicam-se
o 62º, 63º, 94º CPC (situações que não sejam entre estados membros da UE - sempre
estados fora da UE ou estado da UE com estado fora da UE)
- 63º/a) CPC: se o imóvel em questão se localiza em território PT, então os
tribunais PT são internacionalmente competentes - competência exclusiva;
- 63º/b) CPC: questões societárias - competência exclusiva dos tribunais PT;
etc;
- 62º/a) CPC: tribunais PT são competentes, mas não afasta a competência de
outros estados - critério da coincidência: se de acordo com as regras de
distribuição da competência interna se chegar à conclusão que um tribunal PT
é competente, mesmo que haja outro estado que não estado membro se ache
competente, o cidadão pode escolher qual o estado que vai decidir o litígio;
- 62º/b) CPC: critério da causalidade: se a ação judicial tem por base factos
que ocorreram em território PT, então os tribunais pt são internacionalmente
competentes;
- 62º/c) CPC: pessoa não consegue propor ação noutro país, então por muito
tênue que seja a ligação do cidadão a PT, PT pode apreciar o litígio - critério
da necessidade;
- 94º CPC: pacto da jurisdição: as partes podem introduzir no contrato uma
cláusula que refira quais os estados que terão competência para resolver o
litígio, podem estabelecer competência exclusiva (ex.: são competentes os
tribunais SP) ou alternativa (ex.: são competentes os tribunais de PT, ou SP,
ou IT)

Competência Interna: regras distribuídas pelo:


- CPC;
- Lei da OSJ (Lei 62/2013);
- Regime aplicável ao funcionamento dos tribunais (DL 49/2014);

Estruturação da Jurisdição Civil: 31º (STJ), 32º (tribunais da relação), 33º (tribunais de 1º
instância) LOSJ

Competência interna em função da Matéria (civil, comercial, criminal)

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- 40º/1 + 80º/1 LOSJ: competência residual porque os tribunais judiciais podem


apreciar litígios que não se enquadrem nas outras estruturas jurisdicionais
(Constitucional, TAF)
- Tribunais superiores apreciam qualquer tipo de ação (32º/3, 47º/1, 67º/3 LOSJ)
- 46º LOSJ: STJ só aprecia matéria de direito;
- Tribunais de 1ª instância:
- Tribunais de comarca (23) - 80º LOSJ
- Juízos de competência genérica (130º LOSJ) - competência residual
- Juízos de competência especializada (81º/3 LOSJ) - dividem-se em
função de diversas matérias;
- Competências que cada matéria terá: 117º ss LOSJ
- 117º LOSJ: juízo central cível
- 130º LOSJ: juízo local cível
- Diferença entre os 2: em função do valor da causa;
- 117º/1/a) LOSJ - superior a 50.000€ - juizo
central cível
- 130º/1 LOSJ: Inferior a 50.000€ - juízo local cível
- Juízos de competência de proximidade (competências muito limitadas)
- 130º/5/6 LOSJ
- Tribunais de competência territorial alargada (tribunais que ao contrário dos de
comarca, tem a competência territorial alargada a todo o território, têm
competência para os litígios que ocorram em qualquer parte do país) - 65º CPC
+ 83º LOSJ + 111º ss LOSJ

Em função do território e da competência determinar o tipo de tribunal em abstrato e qual será


territorialmente;

Os tribunais de comarca estão divididos em 23, resulta da LOSJ e do Regime aplicável ao


funcionamento dos tribunais judiciais (anexos)

Competência Interna em função do Valor da Causa:


- Distinção entre a competência do juízo central cível e o juízo local cível (as ações de
valor superior a 50.000€ são da competência do juízo central cível, e as ações de
valor inferior a 50.000€ são da competência do juízo local cível) - 117º/1/a) e 130º/1
LOSJ
- Ex.: se tenho uma ação em que o autor pede uma indemnização de 100.000€,
tenho que verificar os outros critérios da competência interna, mas já sei que
será de competência do juízo central cível, por ser de valor superior
- 117º/1/a) LOSJ: processo comum de valor superior a 50.000€ segue no juízo central
cível (porque se for de processo especial tem tramitação específica)

Competência Interna em função da Hierarquia:


- A jurisdição encontra-se entre: 1ª instância, tribunal da relação, STJ
- Para sabermos quando se inicia o processo judicial qual o tribunal hierarquicamente
apto: 67º a 69º CPC + 42º LOSJ
- Regra geral: em princípio a ação deve dar entrada nos tribunais de 1ª instância;
- Excecionalmente: determinadas ações excecionalmente dão logo entrada no
tribunal da relação ou STJ (ações propostas contra juízes ou juízes militares,

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assim será um juiz desembargador a julgar a causa e não um colega da


mesma hierarquia; ações contra magistrados do MP;) - 73º + 55º LOSJ
- Processo de revisão estrangeira dão logo entrada no tribunal da
Relação (978º LOSJ)

Competência Interna em função do território:


- A competência de cada tribunal resulta:
- Circunscrição territorial a que pertence/corresponde esse tribunal:
- Anexos 1, 2, 3 (DL 49/2014) + Mapas 1, 2, 3 LOSJ
- STJ tem competência de litígios ocorridos em todo o país
- Comarcas que são submetidas a esse tribunal da relação;
- Tribunais de competência territorial alargada - todo o país (mapa 4)
- Que municípios estão abrangidos (Anexo 2 LOSJ + Mapa 3 DL
49/2014)
- Factor de conexão do litígio que aponta para um determinado território:
- 70º a 84º CPC: dependendo do tipo de ação judicial em causa vai se
aplicar um destes critérios;

Regra geral (80º/1 CPC): foro do réu (PS) - a regra geral é a de que a ação seja proposta no
tribunal do domicílio do réu;
- 81º/2 CPC: PC - demandado no tribunal da sede da sociedade - sítio onde se situa a
sede;

SÓ se aplica este critérios se NÃO se aplicarem os artigos 70º a 79º CPC, só se tivermos
a certeza que não é que recorremos à regra geral;

- 70º CPC: situação dos bens imóveis → tribunal competente é o do local onde o bem

(imóvel) se situa;
- 71º/1 CPC: regra se for ação de cumprimento de obrigações → tribunal do domicílio

do réu (PS ou PC);


- Ou, pode o credor/autor optar pelo tribunal do lugar onde a obrigação devia
ser cumprida (apenas no caso do réu ser PC) (772º + 773º e 774º CC)
- Ou, se o réu e autor tiverem residência em Lisboa e Porto (podem ser PS ou
PC), pode-se intentar a ação no lugar onde a obrigação podia ser cumprida;
- 71º/2 CPC: foro do lugar onde ocorreu um facto ilícito → tribunal onde o facto ilícito

ocorreu

- 72º CPC: divórcio e separação de pessoas e bens → tribunal da sua área de residência

- 78º CPC: Procedimentos cautelares → regra consoante o tipo de PC (ver qual o

tribunal competente para a ação principal e será aí que poderá ser proposta a PC
- 82º CPC: mais de 1 réu na causa

Pacto de Jurisdição: Da mesma forma que as partes ao nível da competência internacional


podem por acordo definir o tribunal competente para apreciar o litígio, quanto à competência

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interna também é possível: 95º CPC - competência convencional - relativamente à matéria


(civil), à hierarquia e ao valor da causa não pode ser afastada pelas partes, mas é permitida
às partes afastar por convenção expressa a aplicação das regras de competência em função
do território, salvo exceção (104º CPC)

Violação das Regras de Competência:

Quando a ação é proposta num tribunal incompetente, verifica-se um vício de competência -


situação de incompetência: exceção dilatória (577º/a) + 278º/a) CPC): absoluta ou relativa;
- Não quer dizer que dê lugar a uma absolvição da instância, não será necessariamente
assim.
- A lei distingue 2 modalidade de incompetencia:
- Absoluta: quando se verifica a violação de regras de competência
internacional e de competência interna em razão da matéria, da hierarquia e
da preterição do tribunal arbitral;
- As violações de incompetência absoluta são mais graves e tem
consequências mais graves: 99º CPC (exceção dilatória que dá lugar
à absolvição do réu da instância)
- Quem pode invocar esta exceção e até quando? 97º + 98º CPC:
- 97º/1 CPC: pode ser arguida pelas partes, exceto se decorrer
de violação de pacto jurisdicional ou preterição do tribunal
arbitral. E deve ser invocada oficiosamente pelo tribunal
enquanto que não houver decisão do fundamento da causa;
- 97º/2 CPC: se há uma violação das regras de competência em
razão da matéria mas já dentro dos tribunais judiciais, só pode
ser conhecida oficiosamente até ao despacho saneador;
- 98º CPC: quando pode ser conhecida
- Valor da decisão: não tem valor fora do processo, a decisão que
declara incompetência absoluta é uma decisão de absolvição da
instância e portanto forma caso julgado formal (100º CPC)
- Relativa: quando se verifica a violação de regras de competência interna em
razão do valor da causa e em função do território, ou ainda quando são
violados os pactos atributivos de competência
- Quem pode arguir esta incompetência: 103º/1 CPC
- Em princípio é o réu que pode arguir este vício;
- Se o réu não invocar este vício, o tribunal só pode conhecer das
situações de incompetência nos casos do artigo 104º CPC
(oficiosamente, sem solicitação, sem que ninguém tenha
invocado);
- 104º/2 CPC: incompetência em razão do valor é sempre de
conhecimento oficioso
- Consequências da incompetência relativa: 105º/3 CPC -
remissão/envio do processo para o tribunal competente (e o tribunal
que recebe fica obrigado a apreciar a questão - 105º/2 CPC)

Pode ainda ocorrer uma situação de Preterição do Tribunal Arbitral Necessário:

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- Situação excecional em que a lei obriga as partes a resolverem o litígio através da


arbitragem (1082º ss CPC)
- Se estas regras forem violadas também geram um incompetência (1085º CPC + 5º
Lei da Arbitragem)

REGRAS PARA APLICAR NOS CASOS DE COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL:


- Verificar a competência internacional (quando estamos perante uma situação
plurilocalizada)
- Verificar se os estados são estados membros da UE: se sim → regulamentos

da UE
- Se for matéria civil e comercial: regulamento 1215/2012 - Bruxelas I
(regra geral e depois as regras especiais)
- Se verificamos que estamos perante estados terceiros: regras do CPC (62º e
63º CPC)
- Apenas depois de estar definida a competência internacional do ordenamento jurídico
português, ou se não for preciso de contacto com outros ordenamento jurídicos, só
depois disso analisamos a competência interna.
- Competência Interna:
- Verificar o critério da competência:
- em razão da matéria (matéria de competência dos tribunais judiciais)
- em razão da hierarquia (verificar se a ação é um daqueles casos excepcionais
que dá entrada no STJ ou no tribunal da relação, e se não for deve dar entrada
num tribunal de 1ª instância (regra))
- em razão do valor da causa (analisar se a ação tem um valor superior, inferior
ou igual a 50.000€)
- Em razão do território (competência alargada // tribunais de comarca - 70º ss
CPC - procurar algum critério especial, apenas se não houver é que se aplica
o 80º CPC que é a regra geral)
- sabemos qual o local, sabemos qual o município, e consequentemente qual a
comarca, sabendo o valor da ação sabemos qual é o juízo, se é central cível,
se é o juízo local cível, ou se não houver nenhum destes, se é num juízo de
competência genérica (mapa 3 DL 49/2014)
_________________________________________________________________________

Casos Práticos (Competência Internacional e Competência):

1.
- Estamos perante uma situação plurilocalizada, porque a mesma apresenta factores
de contacto com diferentes ordens jurídicas
- A é espanhol, reside em Madrid, e celebra com B, PT que reside em Braga, um
determinado contrato.
- SP e PT são estados membros da UE: Regulamento 1215/2012 - Bruxelas I -
(Matéria civil ou comercial)
- De acordo com o Bruxelas I, há uma regra geral: 4º BI (B, réu, PT, de acordo com a
regra geral, os tribunais PT são competentes), mas também seria competentes ao

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abrigo da competência especial - 7º/1/a) BI: matéria contratual (CCV) - lugar onde
deve ser entregue o bem - Porto - tribunais PT são internacionalmente competentes;
- Se a regra geral apontasse para PT, e a regra especial apontasse para SP, o autor
podia escolher qual o tribunal onde propunha a ação;
- Competência interna:
- Em razão da matéria (matéria civil - tribunais judiciais)
- Em razão da hierarquia (verificar as exceções, e se não se enquadra: regra (tribunal
de 1ª instância) - aqui não está em causa nenhuma exceção: regra geral: 1ª instância
- Em razão do valor da causa (determinação do valor da causa: 20.000€ - 297º/1 CPC)
- Saber o valor da causa permite saber que se em princípio houver um juízo de
competência especializada num tribunal territorialmente competente, a ação vai ser
proposta num juízo local (porque o valor inferior a 50.000€)
- Se dentro da comarca e com competência nesse município, há ou não um juízo local
- Em função do território: ver se se enquadra numa situação especial: 70º ao 79º CPC,
se não: regra geral - 80º CPC
- Verificar 70º e ss CPC para verificar se há algum critério especial: exigir cumprimento
de obrigações (71º CPC) - proposta no tribunal do domicílio do réu: Braga, PT (anexo
2 LOSJ + mapa 3 DL 49/2014)
- Tribunal Judicial da Comarca de Braga - juízo local cível de Braga

7. Não se trata de uma situação plurilocalizada, então: competência interna:


- Em razão da matéria (civil - contrato de mútuo - tribunais judiciais)
- Em razão da hierarquia (não se trata de caso excecional: regra geral - 1ª instância)
- Em razão do valor da causa (25.000€ - juízo local)
- Em razão do território: 70º ss CPC - critério especial? Ou 80º CPC - regra geral
- 71º CPC: domicílio do réu - há 2 réus: 82º/1 CPC - devem todos ser
demandado no domicílio de maior número de réus, se for igual o autor pode
escolher;
- Chaves - Comarca de Vila Real; Covilhã - Comarca de Castelo Branco (anexo
2 LOSJ)
- Covilhã: juízo local cível que abranja o município da Covilhã - mapa 3 DL
49/2014 - comarca de Castelo Branco - juízo local cível da Covilhã do tribunal
judicial da Comarca de Castelo Branco
- Chaves: juízo local cível que abranja o município de Chaves - mapa 3 DL
49/2014 - comarca de Vila Real - juízo local cível de Chaves do Tribunal
Judicial da Comarca de Vila Real;
- E se não houvesse juízo local cível? Seria o tribunal de competência genérica.
_________________________________________________________________________
Exame (11/09/2018):

2. Apenas está em contato com o ordenamento jurídico português, logo a competência será
interna - critérios da competência:
- Em razão da matéria: ação de responsabilidade civil contratual, isso significa que essa
matéria cabe na competência dos tribunais judiciais porque não se insere noutra
ordem jurisdicional;
- Em razão da hierarquia: não estão preenchidas as exceções do 72º, 73º, 53, 55º
LOSJ, logo segue a regra geral: deve ser proposta no tribunal de 1ª instância (79º
LOSJ)

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- Em razão do valor da causa: 105.000€ (valor peticionado)


- Em razão do território: 70º ss CPC (ver se se enquadra em alguma regra especial),
se não segue a regra geral do artigo 80º CPC
- Incumprimento contratual por parte do médico - pretende obter uma
indemnização - 71º/1 LOSJ (proposta no domicílio do réu) - a clínica é em Vila
do Conde, no enunciado nada diz sobre a residência do réu, assumindo que
este vive onde se situa a clínica onde trabalha;
- Vila do Conde - área metropolitana do Porto
- 71º, 2ª parte LOSJ - réu e autor residem ambos na área metropolitana do porto
então podia escolher propor a ação no tribunal do domicílio do réu ou no
tribunal do sítio onde a obrigação devia ser cumprida
- A que comarca pertence VC? Porto (anexo 2 LOSJ) - Tribunal da Comarca do
Porto
- Mapa 3 DL 49/2014 - Comarca do Porto - juízo central cível cuja área abrange
o município de vila do conde - será o Juízo central cível da Póvoa de Varzim
_________________________________________________________________________
Exame (5/02/2016):

2. Situação plurilocalizada - Competência internacional: Julia PT mas reside no Luxemburgo


- faz parte da UE - competência vai ser aferida por um regulamento da UE - Reg.
1215/2012 (Bruxelas I) - verificar se a questão dá competência exclusiva (24º do
Bruxelas I) - não se enquadra, logo: regras gerais - 4º/1 Bruxelas I: tribunal do
domicílio do devedor/ré (sociedade - sede em Guimarães) - PT tem competência
internacional; MAS: 7º Bruxelas I - também pode ser proposta no lugar onde a
obrigação devia ser cumprida - Fafe - apontava para os tribunais PT;
- Análise da competência interna:
- Em razão da matéria: matéria civil - responsabilidade contratual - ordem dos
tribunais judiciais;
- Em razão da hierarquia: não se enquadra nas exceções - segue-se a regra
geral: deve dar entrada num tribunal de 1ª instância
- Em razão do valor da causa: 35.000€
- Em razão do território: 70º ss CPC - regras especiais, se não aplica-se o 80º
CPC (regra geral)
- 71º/1 CPC: tem haver com o incumprimento de uma obrigação - será o
tribunal competente o do domicílio do réu (Guimarães), ou do lugar
onde a obrigação devia ser cumprida (Fafe) se estivermos perante uma
PC;
- Se optasse pelo tribunal do domicílio da ré (Guimarães) - Comarca de
Braga (mapa 3 LOSJ) - juízo local cível de Guimarães do Tribunal
Judicial da Comarca de Braga
- Se optasse pelo tribunal do local onde a obrigação devia ser cumprida
- Comarca de Braga (mapa 3 LOSJ) - juízo local cível de Fafe do
Tribunal Judicial da Comarca de Braga

Sugestão de resposta (Critérios de Correção):


- A pergunta do enunciado remete-nos para a analise do pressuposto processual
respeitante ao tribunal (competência - parcela do poder jurisdicional atribuída a cada
tribunal). Porque a situação jurídica apresenta elementos de contacto com mais do

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que uma ordem jurídica, o facto de a autora residir no Luxemburgo, é necessário


começar por verificar a competência internacional dos tribunais portugueses (se a
ação deverá ser intentada nos tribunais portugueses).
- Uma plurilocalização do litígio ocorre no âmbito da UE e a matéria em causa nessa
questão civil e comercial está regulada nos termos do artigo 59º CPC + Regulamento
1215/2012 - Bruxelas I
- A questão não se inserindo nos critérios de competência exclusiva (24º Bruxelas I),
enquadra-se no âmbito das competências sociais (7º/1/a)/b), 1º parágrafo, Bruxelas
I), já que o contrato celebrado entre a autora e a ré é um contrato de empreitada
(1207º CC), que mais não é do que uma modalidade de um contrato de prestação de
serviços (1155º CC), tendo sido acordado o seu cumprimento em Fafe, na localização
do aviário.
- De resto, a solução decorrente da aplicação do critério geral previsto no artigo 4º do
Bruxelas I, aponta no mesmo sentido, de acordo com o qual o réu é demandado nos
tribunais do estado membro em que reside.
- Agora resolvida a competência internacional, importa verificar dentro dos tribunais
portugueses onde é que a ação deverá ser proposta. Estamos aqui perante a
competência interna, nos termos do disposto no artigo 60º/1 CPC que se divide em
competência em razão da matéria, hierarquia, valor da causa, e território. No plano da
competência em razão da matéria deve conhecer-se antes de mais que a ação da
competência dos tribunais judiciais, por não se inserir na esfera da competência dos
tribunais de qualquer outra ordem jurisdicional (64º CPC)
- Quanto à hierarquia, porque não se trata de nenhum recurso nem de nenhuma
daquelas ações que devem ingressar logo no tribunal da relação ou no STJ (68º e 69º
CPC + 52º a 55º, 72º, 73º LOSJ), a ação deve, de acordo com a regra geral (79º LOSJ
+ 67º CPC) ser proposta num tribunal de 1ª instância.
- Quanto ao valor da causa, o valor da ação será de 35.000€.
- De acordo com a organização judiciária o território português é dividido em 23
comarcas, sendo que os critérios de competência territorial são os que decorrem do
artigo 70º ss CPC
- Uma vez que o pedido diz respeito à condenação no pagamento de uma
indemnização pelo incumprimento contratual, é aplicável o artigo 71º/1 CPC, de
acordo com o qual a ação deve ser proposta no tribunal do domicílio da ré, podendo
o autor optar pelo tribunal do lugar onde a obrigação devia ser cumprida uma vez que
a ré é uma pessoa coletiva.
- Hipótese 1: caso o autor optasse pelo tribunal do domicílio da ré - sendo a ré
uma pessoa coletiva, o seu domicílio é designado como o local da sede da
administração principal, sendo portanto em Guimarães, em função do valor da
causa que é de 35.000€, o artigo 66º CPC e 117º e 130º LOSJ determinam
que a ação é da competência de um juízo local.
- Num juízo local e voltando ao critério da matéria, a ação será da
competência de secção de competência genérica, enquadrando-se na
matéria civil - juízo local cível.
- De acordo com o mapa 3 do regime aplicável à organiação e ao
funcionamento dos tribunais juidiciais (DL 49/2014), verificamos
que na Comarca de Braga, o juízo local de Guimarães possui, ou a
área de competência territorial do juízo local de Guimarães abrange o

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município de Guimarães, assim o autor tinha de propor a ação no juízo


local cível de Guimarães, do tribunal judicial da Comarca de Braga.
- Hipótese 2: caso o autor optasse pelo tribunal do lugar onde a obrigação devia
ser cumprida - uma vez que se tratava de um contrato de empreitada o lugar
do cumprimento era o lugar da obra, ou seja, Fafe.
- Em função do valor da causa que é de 35.000€, o artigo 66º CPC +
117º e 130º LOSJ determinam que a ação é da competência de um
juízo local.
- De acordo com o mapa 3 DL 49/2014, a Comarca de Braga, juízo local
cível de Fafe abrange a competência territorial do município de Fafe,
assim o autor podia também propor a ação no juízo local cível de Fafe,
do Tribunal Judicial da Comarca de Braga.
_________________________________________________________________________

Pressupostos Processuais relativos ao Objeto:

Nem toda a doutrina entende que esta matéria se traduz em pressupostos processuais. A
opção da doutrina da faculdade é a de que os pressupostos relativos ao objeto são também
pressupostos processuais ao lado dos pressupostos relativos às partes e do tribunal;

Existência de Objeto Processual: pedido e causa de pedir - elementos essenciais de


qualquer processo que devem estar expressos e enunciados pelo autor na petição inicial
(552º/1/d)/e) CPC)
- Se este objeto processual não existir ou for ininteligível → ineptidão da petição inicial

(186º CPC) que se caracteriza como exceção dilatória: que se não for sanada leva à
absolvição da instância (577º/b) + 278º/1/b) CPC)

Não haver repetição de causas/processos - está relacionado com as exceções de


litispendência e o caso julgado (material).
- Existe litispendência ou caso julgado material quando há repetição de
processos/causa (580º/1 CPC)
- Se a causa se repete estando ainda o processo em curso há lugar à exceção
de litispendência.
- Ex.: se temos um processo entre A e B a decorrer, em que estão a ser
discutidos os factos 1, 2, 3, 4, e em consequência destes factos temos
o pedido X. E estando o processo a decorrer, NÃO pode A intentar uma
nova ação contra B com os mesmos factos e o mesmo pedido, há uma
repetição de causa - litispendência: o mesmo processo repetido
enquanto o 1º ainda está pendente.
- Se a repetição se verificar depois da primeira ter sido decidida por sentença,
que já não admite recurso ordinário, há lugar à exceção do caso julgado
(material).
- Ex.: se acontecer que A intentou o processo com os factos 1, 2, 3, 4 e
com o pedido X, este processo foi decidido por sentença transitada em
julgado. E posteriormente A intenta uma nova ação com os mesmo

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factos e o mesmo pedido, tudo igual ao processo que já foi decidido,


verifica-se uma situação da exceção do caso julgado (material).

- Em qualquer um dos casos, o objetivo da lei é evitar que sejam repetidos processos,
para eliminar a hipótese de dois tribunais perante os mesmos factos e as mesma
partes darem respostas contraditórias (580º/1 CPC)
- E portanto, se se verificar qualquer uma destas situações trata-se de uma exceção
dilatória que leva à absolvição da instância.
- No caso da litispendência, em que temos 2 processos pendentes
simultaneamente - 582º CPC
- Ex.: A intenta processo contra B, e está a decorrer, quando A intenta o
novo processo com os mesmo factos contra B, deve B no momento da
contestação desta 2º processo invocar a exceção da litispendência -

exceção dilatória → tribunal vai declarar absolvição da instância deste

processo, ficando apenas 1 processo a ser decidido.

- Na situação em que há caso julgado (material), no momento da contestação

do 2º processo, o réu deve invocar a exceção de caso julgado (material) - estes

factos e este pedido já foram decididos e a decisão já não é suscetível de

recurso → o tribunal vai declarar a absolvição da instância.


-628º CPC - caso julgado - não é passível de recurso ordinário ou
reclamação
- Caso julgado material (quando foi proferida uma decisão de
mérito que decidiu definitivamente o litígio e relativamente
aqueles factos não é possível recorrer - 619º CPC)
- Caso julgado formal (quando é declarada uma exceção dilatória
que leva à absolvição da instância e que forma apenas caso
julgado formal, ou seja, no dia seguinte pode intentar uma ação
igual, porque o juiz não se chegou a pronunciar do mérito da
causa)
_________________________________________________________________________

Tramitação da Ação Declarativa:

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Fase dos Articulados:

- As peças processuais pelas quais as partes introduzem os factos essenciais na causa


são peças em que os factos são expostos por artigos (147º/1 CPC)
- Forma dos articulados: aplica-se a forma dos actos processuais (133º CPC)
- A petição inicial e a contestação são os articulados normais (porque em regra há
sempre em qualquer processo)
- A reconvenção não é um articulado, é uma forma de defesa que consta da
contestação.
- A réplica é um articulado que apenas surge em determinadas situações (situações

em que há reconvenção, ou quando a ação é uma ação de simples apreciação

negativa - o réu contesta e o autor pode apresentar uma réplica) → articulado


eventual
- Pode surgir para além destes articulados um outro tipo, que pode surgir a seguir à

réplica, a seguir à audiência prévia, e até na própria audiência de julgamento →


articulados supervenientes
- São também estes articulados eventuais, não surgem em qualquer processo,
só se se verificarem determinadas situações.
- É necessário distinguir:
- Articulados Supervenientes propriamente ditos:
- partes deduzem factos supervenientes, as partes introduzem
factos que ou ainda não tinha ocorrido quando foram
apresentados os articulados normais, ou então eram factos que
já tinham ocorrido quando foram apresentados os articulados
normais mas a parte não tinha conhecimento desses factos, só
teve conhecimento depois de ter apresentado a sua petição
inicial por exemplo, e portanto vem mais tarde apresentar um
novo articulado a dizer que não sabia dos factos, e que são
relevantes para o processo;
- Articulados Supervenientes que surgem a convite do juiz para
aperfeiçoar um articulado deficiente:
- No despacho pré-saneador, o juiz olha para o processo pela 1ª
vez e pensa que as partes não souberam expor bem a matéria

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de facto ou as suas conclusões de direito e faltam factos, não


serve, então o juiz convida a parte a corrigir o articulado;
- Articulados Supervenientes de resposta às exceções no último
articulado admissível (que na maior parte dos casos é na
contestação):
- 3º/4 CPC: responde-se na audiência prévia OU então resposta
por escrito antes da audiência prévia;

Petição Inicial:
- A entrada na secretaria determina o início do processo (259º/1 CPC) - fica constituída
a relação processual;
- 552º a 560º CPC
- 552º/1 CPC: requisitos essenciais
- 552º/2 CPC: indicar o rol de testemunhas, que mais tarde pode modificar, mas se não
indicar nenhuma testemunha na petição inicial depois não vai poder substituir nem
aditar testemunhas, perde esse direito.
- Juntar os documentos - 552º → 423º/1 CPC
- Na petição inicial também deve ser logo junta a procuração forense
- Também tem que ser junto o comprovativo do pagamento da taxa de justiça ou se a
pessoa tiver benefício judiciário, o comprovativo deste (552º/3 CPC)
- Tema das alegações dos factos, causa de pedir e pedido já estudados anteriormente.
- 558º CPC: Controlo pela secretaria da petição inicial
- Quando a petição dá entrada ocorre logo a distribuição do processo
- Registo da ação: ação relacionada com bens imóveis, o autor pode ter interesse em
registar no registo predial que está proposta uma ação sobre o imóvel para dar
publicidade a terceiros que eventualmente queiram adquirir direitos sobre o imóvel (2º
+ 3º CRP);

Por vezes, antes da citação do Réu ocorre:


Despacho Liminar: em determinados casos a petição inicial é levada ao juiz para que este

diga se o processo pode avançar ou não → casos em que o autor pede a citação edital

(226º/4/c) CPC), citação urgente (226º/4/f) + 561º CPC), e quando a secretaria analisa a
petição inicial e entende que falta um pressuposto processual;
- Quando o juiz profere o despacho, este aprecia o fundamento: ou considera que há
uma exceção dilatória e que o processo não pode seguir, profere um indeferimento
liminar (o processo termina aqui e nem é citado o réu); ou ?

Citação do Réu: já estudado anteriormente;

Contestação:
- O réu responde à petição inicial
- Peça em que o réu produz todos os meios de defesa que tenha contra o autor
- Forma: semelhante à petição inicial, tem um cabeçalho em que se identifica o tribunal,
as partes e depois tem a narração de factos (posição do réu sobre os factos alegados
pelo autor); no caso das exceções dilatórias - réu alega argumentos de índole

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processual; exceções perentórias - réu alega factos novos; reconvenção - réu deduz
um pedido contra o autor;
- No final o réu indicar o seu rol de testemunhas e junta os documentos que entende
fazerem prova dos factos que está a alegar, junta a procuração forense, e junta ainda
o comprovativo do pagamento da taxa de justiça; e se tiver um pedido reconvencional
- indica o valor da causa;
- Prazo para contestar: 569º CPC - 30 dias a contar da citação ou do termo do prazo
dilatório;
- 569º/5/6 CPC: prorrogação excecional do prazo;
- 569º/2 CPC: havendo mais do que um réu, todos beneficiam do prazo do último a ser
citado;
- Se o réu não contestar: situação de revelia (absoluta // relativa - 566º CPC) e que esta
tem o efeito de confissão (567º CPC)

Conteúdo da Contestação:
Divide-se em 2 segmentos:
- Contestação defesa (571º CPC) - modalidades de defesa
- Defesa por impugnação (571º/2 CPC) - contrariar o que o autor disse na PI
- Impugnação de facto (a versão dos factos apresentada pelo autor não
corresponde à realidade, é falsa - nega os factos)
- Impugnação de direito (réu contrária efeito jurídico que o autor associa
aos factos que alegou na petição inicial - põe em causa a escolha,
interpretação das normas que refere associadas aos factos da petição
inicial) - do direito conhece o tribunal (5º/3 CPC)

- O que é fundamental para o réu é impugnar os factos:


- 574º CPC - o réu deve tomar posição sobre os factos alegados pelo
autor porque se ele não tomar nenhuma posição sobre os factos -
574º/2 CPC: considera-se confessado o facto que o réu não tome
posição, a não ser que ao ler a contestação apesar do réu não ter dito
especificamente que impugnava o facto X, nós ao ler resulta da ideia
geral que o réu contraria o facto, é incompatível com a contestação o
facto X, este fica impugnado também;
- Quando o réu impugna pode impugnar por 2 motivos:
- Falsidade
- Desconhecimento - sem obrigação de conhecer (574º/3
CPC)

- Além da impugnação de facto e de direito ainda podemos ter:


- Impugnação direta (o réu nega frontalmente os factos)
- Impugnação indireta (quando o reu não nega diretamente o
facto 1, mas diz que há determinados factos na petição inicial
que são verdade, mas o facto 1 é falso porque está em
contradição com factos que o réu alega na sua contestação)

- Defesa por exceção (576º CPC):

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- Exceções dilatórias (falta de pressupostos processuais que impedem

que o tribunal se pronuncie sobre o mérito da causa - absolvição da

instância → caso julgado formal)


- Exceções perentórias (tem ligação aos factos, reu invocar na sua
contestação factos novos que são diferentes dos alegados na petição
inicial - está relacionado com a decisão de mérito)
- A defesa por exceção é sempre de forma indireta, seja por uma
questão processual ou questão de facto (alegação de factos novos),
impedir que a ação seja procedente.
- Exceção dilatória de competência relativa (105º/3 CPC) -
remessa para outro tribunal
- Exceções perentórias (576º/3 CPC):
- Ex.: autor alega que o réu lhe deve 10.000€, e o réu na
contestação pode utilizar um fundamento novo para se
defender - exceção perentória (questão de direito
material)
- Facto novo que faça surgir um direito jurídico e
que contrarie o que o autor pretende (ex.:
prescrição, remissão, cumprimento)
- 579º CPC: conhecimento oficioso de exceções
perentórias;

- 573º CPC - o réu tem o ônus de concentrar na contestação todos os meios de defesa
deduzindo-os neste momento, não pode deixar para outro momento, tem que
introduzir todos os meios de defesa, se não alegar na contestação, perde o direito,
mais tarde não pode vir alegar, mesmo que tenha razão, se não forem aplicados os
meios de defesa na contestação perde esse direito.

- Contestação reconvenção - permite que o réu que entende que tem um direito sobre
o autor, em vez de ter que propor uma nova ação para discutir esse direito, aproveita
o facto de já haver um processo iniciado para deduzir contra ele esse pedido - objetivo
de economia processual
- Se for apresentada reconvenção, então o autor passa a ser reconvindo/a, e o
réu passa a ser o reconvinte;
- 266º/1 CPC - o réu pode deduzir pedidos contra o autor
- 266º/2 CPC - casos (taxativos) em que é admissível a reconvenção
- 266º/6 CPC: o autor deduz o seu pedido e o réu apresenta uma reconvenção,
por algum motivo falta um pressuposto processual relativamente ao autor, e
portanto juiz vai absolver o réu da instância em relação ao pedido do autor,
mas quanto à reconvenção esta prossegue autonomamente para apreciar o
pedido reconvencional;

- 583º CPC - forma como a reconvenção é deduzida na contestação: deve ser


expressamente identificada e separada dos fundamentos de facto da sua defesa;
- Alegar os factos que sustentam o pedido - causas de pedir que sustentam o
pedido reconvencional;

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_________________________________________________________________________
Exame (5/02/2016):

3.
- O autor deveria ser Inacio e não Julia - esta forma de defesa é um meio de defesa por
exceção dilatória - o autor carece de legitimidade processual (falta um pressuposto
processual) - 576º/2 + 577º/e) CPC - se a exceção fosse procedente - absolvição do
réu da instância;
- Legitimidade da Júlia: conceito de legitimidade (30º/1 + 30º/3 CPC) - meio de
defesa improcedente porque Julia tinha um crédito sobre a sociedade
- Existe contradição entre o pedido e causa de pedir? Ineptidão da petição inicial -

exceção dilatória → absolvição da instância


-A tinta foi colocada por indicação de Inácio - exceção perentória - facto novo que
impede que o réu seja condenado/responsabilizado.
_________________________________________________________________________

Réplica - articulado eventual (584º CPC):

É um meio de defesa que o autor pode utilizar em 2 situações e apenas nestas:


- 584º/1 CPC: o autor apresentar a sua defesa à reconvenção (feita pelo réu)
- 584º/2 CPC: A ação é uma ação de simples apreciação negativa, ou seja, uma ação
em que o autor pede ao tribunal que declare a inexistência de um direito ou de um
determinado facto.
- Nestes casos é na contestação que o réu se defende e alega os factos
constitutivos dessa situação, introduz matéria nova, à qual o autor vai poder
responder na réplica.
- 584º/2 CPC → 343º/1 CC

Prazo para apresentar a réplica (585º CPC):


- 30 dias a contar daquele em foram ou se consideraram apresentada a notificação da
contestação
- Prazo pode ser prorrogado: 569º/4/5/6 CPC → 586º CPC (máximo de + 30 dias)

Também como na contestação se verifica um efeito cominatório pela situação de não ser
apresentada réplica (567º CPC): situação de revelia
- Se o réu apresenta reconvenção e o autor não apresenta réplica, também se
consideram provados esses factos novos (admitidos por acordo - efeito cominatório
semi-pleno)
- Quando o réu contesta tem um ônus da impugnação especificada, quando contesta
deve tomar posição individualizada de cada um dos factos, dizer se o facto 1 é
verdadeiro ou falso, se impugna, se aceita, porque se ele não tomar posição e os
factos não resultarem impugnados do conjunto da defesa, esses factos vão ser
admitidos por acordo, isto é, se o réu contestar e disser que o facto 1 é falso e o facto
3 é verdadeiro, mas não disser nada quanto ao facto 2 e 4, estes vão se considerar
admitidos por acordo, vão se dar como provados;

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- Este efeito também se verifica na réplica, ou seja, o réu na reconvenção alega


determinados factos, o autor tem o ônus da impugnação especificada na
réplica (587º CPC):
- Efeito: admitidos por acordo - 574º CPC

221º + 255º CPC: Enquanto que na contestação é a secretaria que notifica o autor, após este
momento, todos os requerimentos que as partes derem entrada, tem o dever de notificar o
seu colega da parte contrária, ou seja, a réplica vai ser notificada pelo advogado do autor ao
advogado do réu (obrigação de notificar a parte contrária)

→ Aqui termina a fase dos articulados, ou quando não seja possível réplica, termina no final

da contestação.

Há ainda 3 casos que é admissível que fora da fase dos articulados as partes apresentem
articulados:
- Articulado que surge em resposta: quando é deduzida uma exceção no último
articulado admissível - tem que haver uma resposta a essa exceção e esta vai ocorrer
(3º/4 CPC): no início da audiência prévia, ou se não houver, no início da audiência de
julgamento (de forma oral);
- Face à exceção deduzida, em vez de se esperar pela audiência para ditar para
a ata, o que pode atrasar a audiência, pode-se deduzir a resposta à exceção
por escrito (para facilitar o decurso da audiência, de acordo com os princípios
da adequação formal e economia processual)
- Articulados de aperfeiçoamento: visam suprir insuficiências ou imprecisões na
alegação da matéria de facto dos articulados normais, isto é, a petição inicial e/ou a
contestação ao nível da alegação da matéria de facto não estão elaborados da forma
mais adequada, e isso pode levar a que a ação ou a defesa sejam improcedentes,
porque os factos essenciais à ação ou à defesa não estão corretamente explicados,
e por isso o juiz quando detecta essa situação deve convidar as partes a apresentar
articulados de aperfeiçoamento;
- O juiz faz este convite às partes num de dois momentos:
- Ou no despacho pré-saneador (590º/2/b) + 4 CPC)
- Ou se não houver despacho pré-saneador, será no momento da
audiência prévia (591º/1/c) CPC)
- Se as partes aceitarem o convite, apresentar posteriormente esse articulado
aperfeiçoado, tem a outra parte o direito a responder (pode exercer o
contraditório) - 590º/5 CPC
- Prazo para a outra parte responder ao articulado aperfeiçoado - prazo
geral: 10 dias (149º CPC - prazo supletivo)
- Remissão 590º/5 → 149º CPC
- Articulado superveniente propriamente dito (588º + 589º CPC): serve para introduzir
no processo factos que ocorreram depois dos articulados normais, na petição inicial e
na contestação as partes devem introduzir todos os factos essenciais para a resolução
da causa, mas há factos que podem ocorrer depois destes momentos temporais, e
estes factos novos podem ter relevância para a decisão, e tem que haver uma forma
de as partes poderem trazer estes factos para o processo - articulado superveniente;

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- Esta situação de factos novos posteriormente aos prazos marcados para os


articulados normais é uma situação de superveniência objetiva
- Mas os articulados supervenientes também podem ser usados para os casos
de superveniência subjetiva (factos que ocorreram antes dos articulados
normais serem apresentados, e que por isso podiam ter constado da petição
inicial e/ou da contestação, só que no momento em que apresentou os
articulados normais a parte não tinha conhecimento desses factos, só teve
conhecimento posteriormente, então poderá apresentar um articulado
superveniente subjetivo, terá que fazer prova da superveniência subjetiva, tem
que fazer prova que só teve conhecimento desses factos posteriormente)
- 588º/1 CPC - podem ser apresentados até ao encerramento da
audiência de julgamento, mesmo até ao final do processo - mas só
podem ser apresentados em momentos específicos, consoante a
ocorrência ou o conhecimento dos factos: 588º/3 CPC - fixa momentos
em que os articulados podem ser apresentados, se não forem
apresentados nesse momentos pode perder o direito de os apresentar
mais tarde
- A parte que quer beneficiar desses factos - articulado superveniente: o
juiz vai analisar e se o juiz verificar que foi apresentado fora do tempo
ou que não tem interesse para o processo, vai produzir um despacho
liminar de rejeição - despacho de indeferimento liminar; Caso contrário,
se tiver sido respeitado o prazo e os factos forem relevantes: 588º/4
CPC - notificação da parte contrária que tem 10 dias para responder
aos factos, e se não responder de todo, ou só a alguns, verifica-se o
mesmo efeito cominatório semi-pleno (factos considerados provados -
admitidos por acordo)

589º CPC: se for apresentado articulado superveniente no dia da audiência de julgamento


não suspende nem adia a audiência de julgamento;

Estes factos introduzidos através destes articulados: passam a ser factos do processo como
os anteriores referidos nos articulados normais, significa que na sentença o juiz vai apreciar
todos os factos.

Fase de Gestão Inicial do Processo, ou Fase Intermédia, ou Fase da Condensação, ou


ainda Fase do Saneamento e Condensação:

O Juiz toma conhecimento dos articulados e assume a direção e gestão do processo.


Em estrita colaboração com as partes, o tribunal vai tentar conseguir 3 objetivos:
- Comprovar/controlar a regularidade da instância (ver se estão reunidos os
pressupostos processuais e se há nulidades no processo, e se houver vai tentar
corrigir para que o processo possa prosseguir)
- Convidar o autor e o réu a colmatar as deficiências dos articulados apresentados
(quando necessário)

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- Tentar decidir tudo o que puder já ser decidido antes da audiência de julgamento

→ Portanto, nesta fase pretende-se preparar o processo para a fase final;

Nesta fase intermédia há diferentes tipos de atos que podem ser praticados, que nem sempre
ocorrem, depende as situações:
1. Despacho Pré-Saneador (590º CPC): despacho que pode surgir a seguir aos
articulados, não é obrigatório, só surge quando o juiz entender que este se justifica,
para cumprir uma ou várias funções:
- Sanar a falta de pressupostos processuais (590º/2/a) CPC)
- 6º/2 CPC - poder dever de direção do processo - verificar se os
pressupostos processuais estão presentes, porque caso não estejam
verifica-se uma exceção dilatória que leva à absolvição da instância;
- Quando se verifica a falta de um pressuposto processual:
- Ou é um vício que o juiz pode corrigir oficiosamente, não
precisa que nenhuma das partes solicite;
- Ou se se trata de um vício que o tribunal não pode
corrigir, convida as partes a realizar a correção;
- Verificar as normas 14º, 27, 34º, ss CPC
- Ex.: no caso de um pressuposto de legitimidade (exceção de
ilegitimidade ativa): não pode ser o tribunal a chamar a pessoa,
tem que ser a parte a suscitar a pessoa - incidente de
intervenção de terceiros;
- Correção da irregularidade dos articulados (590º/2/b) + 3 CPC)
- São irregulares quando carecem de requisitos legais ou a parte não
haja apresentado um documento essencial para o prosseguimento da
causa, ou seja há uma irregularidade quase formal, então o juiz convida
a parte a corrigir a irregularidade;
- Correção ou comportamento dos articulados deficientes (590º/2/b) + 4 CPC)
- Do ponto de vista formal cumprem todos os requisitos, mas ao nível
dos factos, a alegação dos factos não está correta, tem que ser melhor
elaborada, então o tribunal convida a parte a aperfeiçoar o articulado;
- Se qualquer um destes articulados aperfeiçoados forem
introduzidos, a outra parte tem que ter oportunidade de
responder - tem que ter sempre o direito ao contraditório (590º/5
CPC) - se houver factos novos introduzidos a parte contrária
tem que tomar posição específica sob pena de eles serem
admitidas por acordo;
- Junção de documento que permita a imediata apreciação de uma exceção
dilatória ou o imediato conhecimento do pedido (590º/2/c) CPC)

→ O despacho pré-saneador não são despachos que o juiz decide se profere ou não, se se

verificar uma situação das referidas o juiz tem o dever de proferir o despacho, porque se o

juiz não praticar este ato estaremos perante uma nulidade processual (195º CPC) - se há um
ato que a lei obriga a fazer e não é realizado, então tudo o que seja feito após esta falta de
praticar este ato pode ser tudo destruído.

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2. Audiência Prévia (591º CPC): a regra é a da realização da audiência prévia, são


exceção as situações em que esta não se realiza;
- O juíz designa uma data para a audiência prévia, são convocados as partes
pessoalmente ou para se fazerem representar por mandatários com poderes
especiais (594º/2 CPC), e designa as finalidades para as quais está a marcar
a diligência (591º/1 CPC):
- 591º/1/a) CPC: Realização de tentativa de conciliação → 594º CPC (no
dia da AP as partes vão ao gabinete da juíza e esta questiona se é
possível chegar a acordo)
- 591º/1/b) CPC: uma série de debates (debater exceções dilatórias,
discutir o próprio mérito)
- 591º/1/c) CPC: suprir articulados deficientes e discutir as posições das
partes;

Na audiência prévia também são proferidos vários Despachos relevantes para o processo
em geral, mas sobretudo para a audiência final:

- Despacho Saneador: proferido na AP quando esta realiza, mas mesmo quando não
se realiza AP tem que haver despacho saneador porque este vem verificar a
regularidade da instância:
- Verificar se estão reunidos os pressupostos processuais necessários para
a ação prosseguir, ou seja, verificar a falta de pressupostos processuais -
exceções dilatórias:
- Se a exceção dilatória não for corrigida leva à absolvição da instância;
- A decisão sobre as exceções dilatórias apenas forma caso julgado
formal (620º CPC)
- Sendo corrigida o processo prossegue;
- Verificar nulidades que tenham que ser corrigidas
- Ex.: ineptidão da petição inicial, erro na forma de processo, falta de
citação do réu;
- A verificação de uma nulidade não significa que haja absolvição da
instância, pode apenas eliminar-se os atos que sofrem de nulidades;
- Esta decisão sobre as nulidades também gera caso julgado formal;
- Mas o despacho saneador pode ter outra finalidade, que é eventual:
conhecimento imediato do mérito da causa (olhar para os factos e proferir
uma decisão da matéria)
- Quando o tribunal entende que está em condições de decidir o mérito
da causa: Saneador-Sentença - exemplos:
- Situação de inconcludência do pedido (os factos que o autor
alegou na petição inicial, mesmo que fossem todos provados
não chegam para fundamentar o direito que o autor pede):
decide de imediato - absolvição do réu do pedido;
- Também pode acontecer uma situação de
inconcludência do pedido reconvencional;

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- Réu na contestação alega uma exceção perentória e os factos


que demonstram esta exceção estão todos provados com força
plena, então mesmo que os factos que o autor alegou na
petição inicial sejam verdadeiros, há uma exceção, um facto,
impeditivo, modificativo ou extintivo do direito alegado do autor
que já está provado, então esta exceção vai impedir o efeito
jurídico que o autor pretende, então o tribunal decide do mérito
de imediato - absolvição do réu do pedido;
- Factos alegados pelo autor estão provados e não há exceções
alegadas na contestação, ou estas exceções já está
demonstrado que os factos que as sustentam não ocorreram,
são não provados. Então o tribunal já sabe que o que foi
alegado pelo autor está provado e que a defesa do réu é
improcedente, então vai julgar o mérito da causa: ação
procedente - condenação do réu;
- A decisão depois de transitar em julgado forma caso julgado material
(619º CPC) - decide definitivamente;

Quando surge um despacho saneador, mas este não puser fim ao processo, o processo
prossegue, e vão ser proferidos outros despachos na audiência prévia:

- Despacho de identificação do objeto do litígio e enunciação dos temas da prova


(596º CPC)
- Identificação do objeto do litígio;
- Temas da prova: grandes questões de facto que vão ser discutidas na
audiência de julgamento
- As partes estão presentes quando é proferido este despacho e podem
reclamar: dizer que não concordam com o objeto do litígio, ou deve ser mais
amplo, ou então reclamar dos temas da prova: há questões que deveriam ser
objeto de prova que não estão referidas nos temas ou estão temas a mais;
- O tribunal decide e esta decisão só pode ser objeto de recurso no final
do processo, já após ter sido proferida a sentença;

- Despacho sobre adequação formal, simplificação e agilização processual


(eventual) (591º/1/e) CPC)
- O tribunal entende que face ao caso concreto deve alterar a ordem dos atos,
ou simplificar determinados atos, utilizando os poderes de adequação formal;

- Despacho de programação da audiência final (591º/1/g) CPC)


- Este despacho é o despacho em que se marca a audiência final;

Apesar de a realização da Audiência Prévia ser a regra, há exceções:


- Casos em que não tem que se realizar a Audiência Prévia (592º/1/a)/b) CPC)
- Casos em que o juiz pode dispensar a Audiência Prévia (593º CPC)
- O juiz olha para o processo e entender que não é necessário discutir exceções
dilatórias, nem do mérito da causa porque já foi discutido nos articulados, não
é necessário corrigir articulados deficientes, e portanto a audiência prévia só

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serviria para proferir o despacho saneador, definir o objeto do litígio e temas


da prova, e marcar a audiência final, o tribunal pode dizer que não é necessário
realizar-se a audiência prévia, dispensando-a.
- O juiz profere o despacho saneador e define tudo e notifica as partes (593º/3
CPC) - se alguma das partes não concordar com alguma das decisões do juiz
(tema de prova, objeto do litígio, etc) pode requerer em 10 dias a realização
da audiência prévia (para poder apresentar as suas reclamações)

Fase da Instrução (Provas):


- Não tem um momento temporal fixo, vai ocorrendo ao longo do processo;
- Esta fase está relacionada com a prova, pode ter 2 significados diferentes:
- Meio de prova (mecanismo que se utiliza para demonstrar a realidade de um
determinado facto) - Ex.: prova pericial, testemunhal, documental
- Meios de prova pessoais (ex.: testemunhas)
- Meios de prova reais (ex.: documentos)
- Resultado da prova (prova que fica provada, resultado de uma determinada
atividade, ficou demonstrado que os factos 1, 2 e 3 ficaram provados -
demonstração que o facto ocorreu)

- Objeto/finalidade da prova: demonstração da realidade de um facto, que este


ocorreu (sendo essencial ou instrumental)

- Contra-prova (demonstrar que não ocorreu determinado facto)

- Regras aplicadas à prova - Direito Probatório:


- Direito Probatório Material (CC) - conjunto de regras gerais sobre a prova e o
seu valor
- Regras gerais (341º ss CC)
- Inversão do Ônus da Prova (344º CC)
- Remissão 344º/2 CC → 417º CPC
- Direito Probatório Formal/Processual (CPC) - conjunto de regras processuais
sobre a realização dos meios de prova

Meios de Prova:

Prova Documental (362º CC) - qualquer objeto elaborado pelo homem com a finalidade de
reproduzir ou representar uma pessoa, coisa ou facto; isso significa que não são apenas
documentos os documentos escritos, há documentos não escritos - 368º CC (ex.: fotografia,
vídeo)

Não há dúvida que os documentos mais importantes são os escritos (363º CC):
- Documentos autênticos (363º/2 CC) - documentos que são elaborados por um oficial
com competência pública ou notário (ex.: escritura pública)
- Documentos particulares - documentos feito por um particular e assinado pelas
partes

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- Documentos particulares autenticados (363º/3 CC) - documento realizado


pelas partes, mas as partes perante o notário confirmam o documento;

- A força probatória que os documentos tem é diferente:


- Documentos autênticos (371º CC): aquilo que o notário refere no documento
vai ser dado como provado, porque temos uma entidade dotada de fé pública
a dizer que presenciou determinados factos, vão ser dados como provados
numa ação judicial, a não ser que se prove que esse ato se falsificou (372º
CC) → força probatória plena
- Documentos particulares (376º CC): ficam sujeitos à livre apreciação da prova,
o juiz não tem que dar como provados necessariamente esse meio de prova,
o juiz vai considerar o documento juntamente com outros meios de prova e se
entender que eles demonstram a realidade dos factos que lá estão referidos,
considera-os provados;
- Documentos particulares autenticados (377º CC): estes tem a mesma força
probatória que os documentos autênticos porque foram confirmados pelo
notário, mas apenas o que o notário confirmou terá força probatória plena;

383º CC: Certidões - cópias que são extraídas dos documentos oficiais

Regras processuais da Prova Documental (423º ss CPC):


- 423º CPC: momento em que os documentos tem que ser introduzidos no processo
- Devem ser apresentados com o articulado que refere os factos que o
sustentam;
- 423º/2 CPC: Se não forem juntos com o articulado, podem ser juntos até 20
dias antes da audiência final - mas será condenado numa multa;
- 423º/3 CPC: se ultrapassar os 20 dias antes da audiência em princípio já não
podem ser juntos documentos ao processo, a não ser que:
- se demonstre que esses documentos não puderam ser juntos até ao
momento por algum motivo que terá que ser apreciado pelo tribunal
- ou então tem que demonstrar que esses documentos não eram
necessários até ao momento, tendo-se tornado necessários agora e só
aí é que a parte os pretende juntar;
- Se não se verificarem estas 2 exceções o tribunal pode recusar a
junção do documento;
- Mesmo que sejam admitidos estes documentos que ultrapassaram o
prazo dos 20 dias: 424º CPC - são admitidos os documentos mas a
audiência não é adiada (é suspensa por um período de tempo para que
a outra parte possa analisar e pronunciar-se)
- A audiência só é adiada se o tribunal entender que de facto é
necessário;
- A parte contrária à que juntou documento novo tem um prazo de vista para exercer
o contraditório
- Na ausência de prazo estipulado aplica-se o prazo supletivo de 10 dias (149º
CPC)
- 436º CPC: requisição de documentos
- 429º CPC: documentos em poder da parte contrária

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- 432º CPC: documento em poder de terceiro

Sempre que um documento é apresentado a outra parte tem sempre o direito de exercer o
contraditório, quer quanto à admissibilidade do documento como quanto à sua força
probatória;
- 427º CPC: notificação à outra parte da apresentação de novo documento;
- A parte pode reagir contra os documentos em geral, mas há 2 formas que podem por
em causa a genuinidade ou autenticidade do documento:
- 444º CPC: incidente de impugnação da genuinidade do documento -
quando a parte quer por causa a letra ou a assinatura de um documento
particular;
- 446º CPC: Incidente de Ilisão da autenticidade ou da força probatória de
documento - documento falsificado;

Sempre que é pedida a junção de um documento a outra parte tem o direito de exercer o
contraditório e só depois o juiz vai apreciar e decidir se admite a junção do documento ao
processo;
- Se o juiz entender que o documento não é necessário ou não foi respeitado o prazo e
não podem ser juntos, indefere o requerimento - 443º CPC

Prova por Confissão e Prova por Declaração das Partes:

Prova por Confissão (352º CC): reconhecimento que a parte faz de um facto que lhe é
desfavorável e favorece a parte contrária
- 355º CC: Confissão judicial // Confissão extrajudicial → conforme é feita dentro ou fora

de um processo judicial;

Confissão Judicial: obtida através de um meio de prova: Depoimento de parte (452º a 465º
CPC): ouvir a parte sobre determinados factos com vista a obter a confissão (factos
desfavoráveis a essa parte)
- Pode ser o juiz a pedir o depoimento de parte ou a parte contrária a pedir: tem que
alegar a matéria sob a qual vai versar o depoimento de parte
- 453º CPC: pode ser exigido de pessoas que tenham capacidade judiciária
- Pessoas coletivas: deve ser prestado pelo legal representante (gerente ou
administrador)
- 453º/3 CPC: depoimento dos seus compartes (pessoas que estão do mesmo lado da
ação)
- Factos que podem estar em causa no depoimento de parte: 454º CPC - factos
pessoais ou que tenha necessariamente que ter conhecimento;
- 459º CPC: juramento antes do depoimento de parte
- 460º, 461º, 461º CPC: desenvolvimento do depoimento de parte
- Se a parte prestar confissão: esse facto tem que ser deduzido a escrito (463º CPC):
assentada
- a confissão é irretratável - 465º/1 CPC - a parte que confessou não pode voltar atrás
com os factos;

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- 465º/2 CPC: Porém, as confissões expressas de factos, feitas nos articulados, podem
ser retiradas, enquanto a parte contrária as não tiver aceitado especificadamente -
aceitação específica
- Valor probatório da confissão: 358º/1 CC - força probatória plena
- Remissão para o 353º CC - requisitos da confissão eficaz

Declarações de Parte (466º CPC): a própria parte pede para prestar declarações em tribunal
- Os tribunais tendencialmente não valoriza muito estas declarações (valorizam mais
as declarações que o prejudicam)
- Aplicam-se as regras do depoimento de parte;
- As declarações de parte está sujeito à livre apreciação da prova - o juiz dá o valor que
entende dar às declarações, a não ser que a parte confesse factos que lhe sejam
desfavoráveis, quanto a esses factos confessados faz-se a assentada e tem força
probatória plena;

Prova Pericial (388º CC): tem como funçao apreciar factos através de peritos → qualquer

matéria que exija um conhecimento especial que os juízes não tem que ter;
- 467º a 489º CPC
- singular ou colegial (468º CPC)
- 475º CPC: objeto da perícia
- Depois de a perícia ser requerida pelas partes, o juiz decide se é admitida (476º CPC)
- 478º ss CPC: peritos
- 484º CPC: relatório pericial
- 485º CPC: reclamação ou pedido de esclarecimentos do relatório
- 486º CPC: comparência pessoal dos peritos na audiência final - prestar julgamento
- Valor probatório da perícia (389º CC) - princípio da livre apreciação

Prova por Inspecção Judicial (390º CC):


- Tem por fim a percepção imediata de factos pelo tribunal, ou seja, ocorre quando o
tribunal diretamente faz uma analise de pessoas ou coisas - 490º CPC
- Ex.: ação de responsabilidade civil relativa a um acidente de viação, o tribunal
pode decidir ir ao local onde o acidente ocorreu para perceber a dinâmica do
acidente;
- 391º CC - valor probatório - livre apreciação

Verificações não judiciais qualificadas (494º CPC): sempre que seja legalmente
admissível a inspeção judicial, mas o juiz entende que não se justifica face à natureza da
matéria, pode ser pedido a um técnico ou pessoa qualificada para proceder aos atos de
inspeção de coisas ou locais ou de reconstituição de factos e de apresentar o seu relatório.

Prova Testemunhal (495º ss CPC + 392º a 396º CC):


- Admissibilidade:
- 498º CPC: rol de testemunhas
- 498º/2 CPC: a parte pode prescindir de testemunhas, mas o tribunal pode
sempre inquirir oficiosamente

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- 598º CPC: o rol de testemunhas pode ser alterado - aditar ou alterar na


audiência prévia
- 507º/2/3 CPC: a parte deve dizer que quer que as testemunhas do rol sejam
notificadas pelo tribunal, se a parte não o disser, as testemunhas não serão
notificadas e não são obrigadas a comparecer;
- Ou seja, se se tratar de uma testemunha que foi notificada mas faltou,
a parte pode exigir que se marque novo momento para inquirir essa
pessoa; mas se se tratar de uma testemunha que não foi notificada não
é marcado novo momento, pois era da responsabilidade da parte levar
a testemunha
- 598º/2 CPC: depois do rol indicado na petição inicial ou contestação, a parte
pode aditar ou alterar na audiência prévia; mas se a parte não indicou rol de
testemunhas na PI ou contestação a parte não pode na audiência prévia aditar
ou alterar porque não tem testemunhas, perdeu o direito de produzir prova
testemunhal;
- Ainda pode a parte aditar ou alterar o rol nos 20 dias antes da audiência
final, mas estas testemunhas que sejam “novas” - alteradas ou aditadas
nestes 20 dias antes ficam à responsabilidade da parte, ou seja, não
serão notificadas e deve a parte providenciar que estas estejam
presentes na audiência final
- Capacidade para depor (495º CPC - não há nenhuma restrição de idade, a única
restrição é a anomalia psíquica, e a pessoa tem que estar física e mental apta)
- Incumbe ao juiz verificar a capacidade das testemunhas
- Estão impedidas de depor como testemunhas as pessoas que possam depor
como partes (496º CPC) - autor e réu
- Isso significa também que quando o autor ou o réu são uma PC -
representados em tribunal pelo legal representante
(administrador/gerente) - essa pessoa pode depor como parte, mas
não pode ser testemunha;
- Direito de escusa/Recusa a depor (recusa legítima - 497º CPC - ler o artigo)
- Determinados profissionais que tenham segredo profissional podem recusar-
se a depor;

- Regra da prova testemunhal: as testemunhas deslocam-se ao tribunal para prestar


depoimento, respondem a perguntas feitas pelos mandatários das partes (500º CPC)
- Mas há exceções: determinadas pessoas que em função das posições que
exercem, vão ter prerrogativas especiais de inquisição (503º CPC): PR e
Cônsules;
- Tramitação: 504º + 505º CPC
- Limite do nº de testemunha: 511º CPC
- Requisição de arrolamento mais testemunhas: 511º/4 CPC

Prova testemunhal - como se desenvolve o depoimento:


- As testemunhas são notificadas para estarem presentes no tribunal num determinado
dia (se as partes tiverem pedido a notificação);
- No tribunal é feita a chamada para o processo;
- Depois as testemunhas são conduzidas para uma sala separada da sala de audiência;
são chamadas as testemunhas do autor em 1º lugar e só depois as do réu;

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- Entra a testemunha na sala de audiências e é feito um interrogatório preliminar pelo


tribunal que vai perguntar os costumes (como se chama, e alguns detalhes) - (513º
CPC) e depois a testemunha tem que prestar juramento;
- Regime do depoimento: 516º CPC - o tribunal vai passar a palavra ao
mandatário da parte que arrolou a testemunha, este fará as perguntas que
achar necessárias e depois o advogado da parte contrária tem o direito a
exercer o contraditório: pedir esclarecimentos sobre os factos que a
testemunha referiu, não pode usar a testemunha para fazer prova de outros
factos que não sejam os que a testemunha referiu;
- Contra-instância: exercício do contraditório por parte do mandatário
(516º/2 CPC)
- 516º/4/5 CPC: juiz pode interromper o advogado e passar este a fazer
as questões
- 517º + 518º CPC: inquirição por acordo das partes e depoimento por
escrito
- Se houver faltas de respeito por parte dos mandatários ou das testemunhas o juiz
deve intervir (516º/3 CPC)
- Perguntas sugestivas feitas pelos mandatários não tem valor probatório - devem ser
evitadas estas perguntas;
- Durante o depoimento a testemunha pode ser confrontada com documentos que
estejam no processo;

No âmbito da prova testemunhal e para por em causa a realização da prova/depoimento


há 3 incidentes que a parte contrária aquela a que foi oferecida a testemunha pode deduzir
para atacar o valor da prova testemunhal:
- Impugnação da Testemunha (514º CPC): situações em que a testemunha tem algum
impedimento que não a possibilita ser testemunha e o tribunal não o refere, o
advogado da parte contrária pode impugnar a testemunha, antes de a testemunha
começar a prestar o depoimento, deve referir que a testemunha tem o X impedimento;
- Impugnação da Contradita (521º+ 522º CPC): tem haver com o conteúdo do
depoimento, a testemunha prestou um depoimento e o advogado da parte contrária
sabe de alguma razão, tem algum argumento para por em causa a razão de ciência
(fonte do conhecimento que a testemunha teve - como sabe daquele facto) desse
depoimento; ou então tem algum argumento para abalar a credibilidade que a
testemunha merece;
- Impugnação da Acareação (523º + 524º CPC): “por cara a cara”, por exemplo se
tivermos uma testemunha do autor a dizer que o facto 2 é verdadeiro e uma
testemunha do réu que disser que o facto 2 é falso, um deles está a mentir;
- Então este incidente pode ser desencadeado por uma parte que tenha
interesse nisso ou o juiz oficiosamente: chamar as duas pessoas novamente
ao tribunal e colocá-las frente a frente e questioná-las sobre o facto; o
resultado deste meio de prova é 0 (porque nenhum deles vai admitir que
mentiu).
- Mas pode o juiz considerar que apesar de nenhuma das testemunhas
demonstrar qual é que mentiu, o juiz pode considerar que uma das
testemunhas tem mais credibilidade.

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526º CPC: no decurso da ação o tribunal se aperceba de que há uma pessoa que não foi
arrolada como testemunha por nenhuma das partes, mas pode ter conhecimentos relevantes
para a decisão do processo, o tribunal pode decidir notificar a pessoa para vir prestar
depoimento como testemunha;

Fase Final:

Audiência de Julgamento: momento em que se reúnem o tribunal, as partes, os mandatários


e os intervenientes necessários para a produção de prova (testemunhas, peritos, outros
pessoas) para que, de acordo com os princípios da imediação, da oralidade, de forma
concentrada, e com o exercício do contraditório se realizar os atos necessários à descoberta
da verdade;
- Marcada a audiência esta só pode ser adiada com 3 fundamentos:
- Impedimento do tribunal (603º/2 CPC)
- Quando falte um advogado e há uma situação em que o juiz não marcou a
data por acordo com os advogados (151º/1 a 3 CPC)
- Situação que diz respeito ao advogado ou às parte - justo impedimento (140º
CPC) - fundamento razoável

Realizando-se a audiência podem realizar-se diferentes atos:


- Tentativa de conciliação - acordo - transação;
- Prosseguindo o processo:
- Atos de instrução necessários (604º/3 CPC) - tem uma ordem específica
- Todos estes atos são gravados (155º CPC)
- É realizada a ata da audiência, mas quanto à parte das testemunhas
assinala a gravação;

→ Depois da audiência se realizar e serem proferidas as alegações finais: tribunal


encerra a audiência;

607º/1 CPC - prazo de 30 dias para proferir a sentença


- Se não se julgar suficientemente esclarecido - pode reabrir a audiência;

Sentença:
→ estrutura que se divide em 3 parte:
- Relatório (607º/2 CPC): resumo do que se passou até aquele momento e assuntos
que devem ser apreciados;
- Fundamentação (607º/3/4 CPC):
- Olhar para a matéria de facto e dizer quais os que considera provados e não
provados e vai ter que justificar as suas opções;
- Depois de definir a matéria de facto provada vai ter que procurar, escolher e
interpretar as normas jurídicas a aplicar para os factos, e vai ter que explicar
qual foi o raciocínio jurídico que o levou a aplicar as normas e quais as
consequências que extrai destas normas, independentemente do que as
partes tenham alegado relativamente ao direito - princípio iura nova cúria
- 608º/2 CPC: a sentença conhece em primeiro lugar as questões processuais;

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- Decisão: em face de tudo o que está exposto considera-se:


- a ação procedente pelo que se condena o réu a pagar uma indemnização de
X ao autor;
- a ação improcedente pelo que se absolve o réu da instância;
- que não se verifica um pressuposto processual em que se declara a absolvição
da instância
- A ação é parcialmente procedente pelo que se condena o réu apenas a pagar
Y ao autor;
- A ação é procedente, mas considera a reconvenção procedente e opera a
compensação e o réu só tem que pagar X;

→ Dependendo de determinados requisitos esta decisão pode ser objeto de recurso;


→ 628º CPC - decisão transitada em julgado, pode formar caso julgado formal ou material
(619º e 620º CPC)
- Mas este efeito não é o único que a sentença determina
- Determina outros efeitos:
- Quando a sentença é proferida ocorre o esgotamento ou extinção do poder
jurisdicional (613º/1 CPC) - não pode tornar a mexer naquela matéria -
esgotou-se o poder do juiz
- Exequibilidade - a sentença é um título executivo (703º/1/a) CPC)
- A sentença permite registar uma hipoteca judicial (710º CC)
- Essa sentença pode ser: objeto de registo - ações que tem haver com imóveis

ou com sociedades é útil dar publicidade → registo

Vícios da Sentença:
- Vícios que a sentença pode padecer e que a torna nula ou anulável e portanto
inadequada a produzir o seu efeito normal que é decidir a causa;
- 2 tipos de vicios:
- Nulidade:
- quando a pessoa que decidiu não tinha poder jurisdicional (sentença
proferida por alguém que não é juiz no tribunal)
- Quando falta a parte da decisão ou esta é ininteligível
- Quando o juiz não assinou a decisão - nulidade sanável (615º/1/a) + 2
e 3 CPC)
- O CPC não diz que estes casos são causas de nulidade
- Anulabilidade:
- Falta de fundamentação (615º/1/b) CPC → 607º/3 CPC)

- Oposição dos fundamentos e a decisão (615º/1/c) → 620º CPC)


- Omissão de pronuncia ou excesso de pronuncia (615º/1/d) CPC)
- Juíz condene em quantidade superior ou em objeto diverso do pedido
- pronuncia ultra petitum (+ do que o pedido) (615º/1/e) → 609º/1

CPC)
- O CPC refere estes casos como causas de nulidade

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Quando é que se invoca estas Nulidades - 615º/4 CPC


- Se houver recurso da sentença as nulidades são invocadas no recurso;
- Se não puder haver recurso as nulidades são invocadas perante o tribunal que decidiu
(1ª instância)

Quando uma sentença tem erros materiais (lapso do tribunal - ex.: enganou-se a escrever o
valor do pagamento) - 614º CPC → retificação

616º CPC: não haver recurso, uma das partes entende que o tribunal se enganou a aplicar

uma norma jurídica ou a qualificar os factos, ou não teve conhecimento de um meio de prova

fundamenta, e portanto houve um erro claro no raciocínio, não é uma nulidade, é um lapso →
reforma da sentença - 616º/2 CPC

Estas situações de nulidade da sentença, de retificação e de reforma aplicam-se às sentenças


mas também se aplicam aos despachos que são proferidos ao longo do processo (613º/3
CPC)
_________________________________________________________________________

Exame (estrutura):
- Identificar especie de ação, valor da causa, objeto do processo e qualificar os pedidos;
- Competência;
- Prazos;
- Tramitação da ação declarativa com os princípios e as provas;

______________________________// FIM //_____________________________________

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