Você está na página 1de 9

RESUMO PROVA 1 DE PROCESSO DO TRABALHO

1. Características dos conflitos trabalhistas


2. Técnicas de composição dos conflitos trabalhistas
A) Técnicas auto defensivas

→ Pressupõe um ato de defesa pessoal em que, com ou sem formas processuais, uma
das partes do litígio impõe a outra um sacrifício não consentido.

→ Não há a figura de um terceiro que intercede para solucionar o conflito, o que


acontece é a imposição da decisão por uma das partes, geralmente a parte mais forte
nos aspectos econômico, físico, político ou social.

→ É um método de solução direta, mediante imposição do interesse do mais forte


sobre o mais fraco.

→ Um exemplo é a greve, que atua como meio para se chegar à autocomposição ou


heterocomposição.

B) Técnicas auto compositivas

→ É uma forma de solução direta do conflito, em que os litigantes, de comum acordo,


e sem emprego de força, fazem concessões recíprocas mediante ajuste de vontades.

→ Pode dar-se à margem do processo, sendo, nesse caso, extraprocessual, ou no


próprio processo, caso em que é intraprocessual, como a conciliação (CLT, art. 831,
parágrafo único).

C) Técnicas heterocompositivas

→ A heterocomposição consiste na solução do conflito trabalhista por um terceiro, que


“decide com força obrigatória sobre os litigantes, que, assim, são submetidos à
decisão.

→ Não é forma de solução direta, porque a decisão é supra partes, diferentemente da


autocomposição em que a solução é obtida diretamente pelas próprias partes.

→ A arbitragem e a jurisdição são as principais formas de heterocomposição dos


conflitos trabalhistas. Há autores que acrescentam a mediação e a conciliação.

3. A jurisdição trabalhista

→ A jurisdição é, a um só tempo: (a) poder, porquanto decorrente da potestade do Estado


exercida de forma definitiva em face das partes em conflito; (b) função, porque cumpre a
finalidade de fazer valer a ordem jurídica colocada em dúvida diante de uma lide; (c)
atividade, na medida em que consiste numa série de atos e manifestações externas e
ordenadas que culminam com a declaração do direito e concretização de obrigações
consagradas num título.

→ O poder, a função e a atividade somente transparecem validamente por meio do


processo (due process of law), o que equivale a dizer que não há jurisdição fora do
processo. É, pois, uma atividade provocada por meio da ação, pois, sem esta, não há
jurisdição. Daí a afirmação corrente de que a inércia é uma das principais características da
atividade jurisdicional.

→ É possível pensar, de outro lado, que no paradigma do Estado Democrático de Direito a


jurisdição possa ser também concebida, além do poder-função-atividade do Estado, um
serviço público essencial que deve ser prestado, por meio do processo, pelos órgãos que
compõem o Poder Judiciário com observância dos princípios da moralidade,
impessoalidade, legalidade, publicidade e eficiência (CF, art. 37, caput).

→ Princípios: • princípio da inércia ou da demanda ou dispositivo, pois a jurisdição não se


instaura ex officio pelo Poder Judiciário; • princípio da aderência ao território, porque a
jurisdição se manifesta, em regra, nos limites da soberania nacional vinculada ao território
de cada unidade da Federação; • princípio da indeclinabilidade da jurisdição, também
chamado de princípio da inafastabilidade ou ubiquidade, que não permite que nenhum ato
normativo possa obstaculizar o acesso ao Poder Judiciário; • princípio da inevitabilidade,
pois, uma vez provocada a jurisdição, não é possível, validamente, impedir a prestação
jurisdicional; • princípio da indelegabilidade, pois a jurisdição, como emanação de Poder,
não permite a delegação de poderes, ou seja, ao juiz não é permitido delegar os poderes
que lhe são conferidos constitucionalmente; • princípio da investidura, porquanto a
jurisdição só é validamente exercida por quem esteja legalmente investido na autoridade
de juiz.

→ São características da jurisdição: a unidade, a secundariedade, a imparcialidade e a


substitutividade.

→ Justiças Estaduais ordinárias (arts. 125 e 126). Já a jurisdição especial é composta pela
Justiça do Trabalho (CF, arts. 111 a 117), pela Justiça Eleitoral (arts. 118 a 121) e pela Justiça
Militar (arts. 122 a 124). A jurisdição trabalhista, portanto, é especial e exercida pelos
órgãos (juízes e tribunais) da Justiça do Trabalho.

→ A jurisdição trabalhista é constituída por três subsistemas:

Jurisdição trabalhista individual: dedicado aos tradicionais “dissídios individuais” utilizados


para solução das reclamações individuais ou plúrimas, oriundas das relações de emprego.
O procedimento é regulado pelo Título X, Capítulo III, da CLT e, supletiva e
subsidiariamente, pelas normas do processo civil, a teor do art. 769 da CLT e art. 15 do
CPC.

Jurisdição trabalhista normativa: voltado a disciplinar judicialmente os dissídios coletivos


de trabalho, nos quais se busca, por intermédio do poder normativo exercido
originalmente pelos Tribunais do Trabalho (CF, art. 114, § 2-), a criação de normas
trabalhistas aplicáveis às partes figurantes deste tipo específico de ação e seus
representados. O procedimento é regulado pelo Título X, Capítulo IV, da CLT e, supletiva e
subsidiariamente, pelas normas do processo civil, por força da regra contida no
mencionado art. 769 da CLT e art. 15 do CPC.

Jurisdição trabalhista metaindividual: é destinado à tutela preventiva e reparatória dos


direitos ou interesses metaindividuais, que são os interesses difusos, os interesses coletivos
stricto sensu e os interesses individuais homogêneos. O exercício dessa jurisdição é feito
pela aplicação direta e simultânea de normas jurídicas da CF (arts. 129, III e IX, 8-, III, e
114), da LOMPU (LC n. 75/93, arts. 83, III, 84, caput, e 6-, VII, a e b), da LACP (Lei n.
7.347/85) e pelo Título III do CDC (Lei n. 8.078/90), restando à CLT e ao CPC o papel de
diplomas legais subsidiários.

4. Soluções inovadoras delineadas pelo Direito Processual do Trabalho


5. Discussão da autonomia
6. Exame de realidade
7. Autonomia científica
8. Institutos próprios
9. Princípios próprios
10. Protecionista
11. Jurisdição normativa
12. Despersonalização do empregador
13. Simplificação procedimental
14. Fins próprios
15. Sujeitos do processo e sujeito da lide

→ Os sujeitos da lide são os titulares da relação de direito material que figuram como
partes no conflito de interesses deduzido em juízo. Nesse sentido, todos os que participam
do contraditório são sujeitos da lide. Nem sempre coincidem os sujeitos da lide com os
sujeitos do processo. No caso de substituição processual, por exemplo, o substituto é
sujeito do processo (e da ação), e o trabalhador substituído processualmente é o sujeito de
direito material (ou da lide).

→ Os principais sujeitos do processo são:

• as partes (autor e réu) - como o próprio termo está a dizer, parte é sempre parcial, pois
tem interesse jurídico em sair vencedora na lide; logo, as partes são sujeitos do processo e
sujeitos da lide. Os terceiros intervenientes também são sujeitos do processo e da lide.

• o juiz - como representante do Estado é sujeito do processo cujo papel é compor o


conflito com imparcialidade e justiça, fazendo atuar o ordenamento jurídico. O juiz é, pois,
sujeito (desinteressado) do processo no que concerne à pretensão deduzida pelas partes;
logo, ele não é sujeito da lide

→ Há, no entanto, outras pessoas que também atuam no processo, praticando atos
processuais, mas não têm qualquer interesse (jurídico) na lide. São também sujeitos do
processo os auxiliares da Justiça, que podem ser permanentes (p. ex.: distribuidor,
secretário de audiência, oficial de justiça), eventuais (p. ex.: peritos, tradutores, intérpretes
e outros) e terceiros (p. ex.: testemunhas, licitantes e outros).

→ Há, ainda, outros sujeitos que atuam no processo, incluído o do trabalho, representando
as partes, como os advogados (CLT, art. 791, §§ 1- e 2°), e o Ministério Público do Trabalho,
que pode atuar em nome próprio como órgão agente (substituto processual ou legitimado
autônomo para a condução do processo) na defesa da ordem jurídica, do regime
democrático e dos interesses metaindividuais, difusos, coletivos, sociais e individuais
homogêneos ou indisponíveis (CF, art. 127; LC n. 75/93, art. 83; Lei n. 7.347/85) ou como
órgão interveniente (fiscal do ordenamento jurídico), emitindo pareceres nos autos
quando entender presente o interesse público (social) que justifique a sua intervenção (LC
n. 75/93, art. 83, II, VII, XII e XIII; Lei n. 5584/70, art. 5°).

16. A relação jurídica processual


17. Pressupostos processuais

→ Os pressupostos processuais são requisitos que dizem respeito à existência ou à


validade da relação jurídica processual. Mais especificamente, os pressupostos processuais
são elementos imprescindíveis para que a relação processual possa existir juridicamente
(pressupostos processuais de existência) ou se desenvolver válida e regularmente
(pressupostos processuais de validade).

→ O juiz deverá conhecer, de ofício, dos pressupostos processuais (CPC, arts. 485, IV, § 3-, e
337, § 5°). Na verdade, na instância ordinária, a apreciação dos pressupostos processuais,
de ofício, deve ser feita tanto pelo juiz quanto pelos tribunais.

→ A ausência de pressupostos processuais pode implicar a extinção do processo sem


resolução do mérito (CPC, art. 485, IV) ou a remessa do processo (ou melhor, dos autos) a
outro órgão judicial, tal como ocorre, por exemplo, com a incompetência absoluta (CPC,
art. 64, § 1°).

18. Pressupostos processuais de existência

→ São chamados legalmente de pressupostos de constituição do processo (CPC, art. 485,


IV). Sem eles, não se pode falar em existência jurídica do processo (ou da relação jurídica
processual), muito embora este exista no plano fático. Dito doutro modo, existem os autos,
mas juridicamente o processo não existe.

→ A ausência de qualquer um dos pressupostos de existência torna inexistente a própria


relação jurídica processual. Consequentemente, será inexistente a sentença que nele for
proferida sem a presença de tais pressupostos processuais, o que poderá empolgar, para
uns, a ação rescisória (CPC, art. 966, V); para outros, a ação declaratória de inexistência da
relação processual (querela nullitatis insanabilis - CPC, art. 966, § 4°).

→ São pressupostos processuais de existência da relação processual: a petição inicial, a


jurisdição e a citação.

19. Pressupostos Processuais de Validade

→ A ausência dos pressupostos de validade torna nula a relação jurídica processual, o que
leva à extinção do processo sem resolução de mérito (CPC, art. 485, IV). Dito de outro
modo, sem a presença dos pressupostos de validade, a relação processual existe, mas não
é válida.

20. Pressupostos Processuais Positivos de Validade

→ Os pressupostos processuais positivos de validade são identificados na mesma relação


jurídica processual, ou seja, “dentro” do mesmo processo.

→ São pressupostos processuais positivos de validade da relação jurídica processual:

A petição inicial apta: Não basta existir a petição inicial. É preciso que ela seja em estreita
observância às regras legais para que tenha aptidão de instaurar uma relação jurídica
processual que se desenvolva válida e regularmente. O processo do trabalho, como
decorrência lógica do jus postulandi conferido às próprias partes (CLT, art. 791), não é,
salvo nas hipóteses da Súmula 425 do TST e da IN/TST n. 27/2005, tão rigoroso quanto à
presença deste pressuposto processual.
A competência do juízo: para que o processo seja válido, devem ser observadas, à luz do
art. 337, II, do CPC, as regras de competência absoluta. No caso de incompetência
absoluta, não há extinção do processo, e sim a remessa dos autos ao juízo competente
(CPC, art. 64, § 3°).

Todavia, se a petição inicial tiver cumulação de pedidos, sendo a Justiça do Trabalho


materialmente competente para um e materialmente incompetente para o outro, não
devem os autos ser remetidos ao juízo cível competente, nem “dividido” o processo em
dois (com formação de autos distintos para remessa ao juízo cível), pois isso implicaria
sérios embaraços à prestação jurisdicional. Neste caso, a solução mais adequada é a
prevista na Súmula 170 do STJ, isto é, a competência será do “juízo onde primeiro for
intentada a ação envolvendo acumulação de pedidos, trabalhista e estatutário, para decidi-
la nos limites da sua jurisdição, sem prejuízo do ajuizamento de nova causa, com o pedido
remanescente, no juízo próprio”.

A capacidade postulatória: a capacidade postulatória é autorização legal para atuar no


processo. No processo do trabalho, o jus postulandi é facultado aos próprios sujeitos da
lide, independentemente de representação por advogados (CLT, art. 791). Esta regra,
porém, não alcança a ação rescisória, a ação cautelar, o mandado de segurança e os
recursos de competência do Tribunal Superior do Trabalho (TST, Súmula 425), nem as novas
ações que migraram, por força da EC n. 45/2004, para a Justiça do Trabalho (IN/TST n.
27/2005).

Além dos advogados (públicos ou particulares), também têm capacidade postulatória os


defensores públicos e os membros do Ministério Público. A irregularidade de
representação da parte ou do terceiro pode ser sanada antes da extinção do processo.

A capacidade processual: a capacidade processual abrange tanto a capacidade de ser parte


como a capacidade processual propriamente dita.

Verificando a incapacidade processual, o juiz, suspendendo o processo, marcará prazo


razoável para ser sanado o defeito, e o não cumprimento da determinação judicial
implicará, caso o processo esteja tramitando na instância originária, uma das
consequências previstas no art. 76, § 1-, do CPC, aplicado supletiva e subsidiariamente ao
processo do trabalho (CLT, art. 769; CPC, art. 15).

A citação válida: para o processo se desenvolver válida e regularmente, é preciso que a


citação seja válida. A ausência de citação (ou de citação válida) não acarreta a extinção do
processo, e sim a determinação judicial de renovação desse ato processual. O art. 337, II,
do CPC, aplicável ao processo do trabalho (CLT, art. 769; CPC, art. 15), dispõe que incumbe
ao réu, antes de discutir o mérito, alegar a nulidade da citação.

A imparcialidade do juiz: a validade da relação jurídica processual pressupõe a ausência de


impedimento ou suspeição do juiz ou tribunal da causa. Trata-se de pressuposto processual
de validade cuja ausência não implica extinção do processo (CPC, art. 485, IV), mas, sim,
remessa dos autos a juiz não impedido ou suspeito.

21. Pressupostos Processuais Negativos de Validade

→ Os pressupostos processuais negativos de validade são identificados em outra relação


jurídica processual, ou seja, “fora” do processo. Enquanto os pressupostos processuais
positivos devem estar presentes para que o processo seja válido, os pressupostos
processuais negativos não podem estar presentes para a validade do processo.

→ São pressupostos processuais negativos de validade da relação jurídica processual:

A litispendência: há litispendência quando se repete ação que está em curso, nos termos
do art. 337, §§ 1-, 2- e 3-, do CPC, sendo que uma ação é idêntica a outra quando possui as
mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido.

Havendo litispendência, deve ser extinto sem resolução de mérito o processo ajuizado
posteriormente (CPC, art. 485, V). Em se tratando de ações coletivas e ações individuais,
sustentamos que não há litispendência entre elas.

A coisa julgada: ocorre coisa julgada, nos termos do art. 337, §§ 1- e 2-, do CPC, quando há
reprodução de ação idêntica a outra, mas a primeira já foi decidida por sentença,
terminativa ou definitiva, transitada em julgado. A presença de coisa julgada implica a
extinção do processo sem resolução de mérito (CPC, art. 485, V). É a preclusão máxima no
processo.

A perempção: no processo do trabalho, não há a figura da perempção nos moldes do art.


486, § 3°, do CPC. Todavia, os arts. 731 e 732 da CLT prescrevem que, se o autor por duas
vezes seguidas der causa ao arquivamento da reclamação (CLT, art. 844), perderá, pelo
período de seis meses, o direito de propô-la novamente, por isso parte da doutrina
sustenta que no processo do trabalho ocorre apenas a perempção parcial ou temporária.

A convenção de arbitragem: Dispõe o art. 485, VII, do CPC que o juiz não resolverá o
mérito quando “acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o
juízo arbitrai reconhecer sua competência”. A convenção de arbitragem está prevista no
art. 3- da Lei n. 9.307/96, segundo o qual as “partes interessadas podem submeter a
solução de seus litígios ao juízo arbitrai mediante convenção de arbitragem, assim
entendida a cláusula compromissória e o compromisso arbitrai”.

A convenção de arbitragem, portanto, é um pressuposto processual negativo de validade


que não pode ser conhecido de ofício pelo juiz, ou seja, é o único pressuposto que só pode
ser apreciado pelo juiz se for arguido pelo réu (CPC, art. 485, § 3°). Assim, acolhida a
alegação do réu da existência de convenção de arbitragem ou se o juízo (ou tribunal)
arbitrai declarou-se competente para apreciar o conflito, o juiz deverá extinguir o processo
sem resolução de mérito, nos termos do art. 485, VII, do CPC.

Não obstante a sua previsão constitucional (CF, art. 114, §§ 1- e 2°) como meio de solução
dos conflitos coletivos de trabalho, a convenção de arbitragem não tem sido adotada na
prática trabalhista, sendo certo que, quanto aos conflitos individuais de trabalho, a
convenção arbitrai é de duvidosa aplicação na seara laborai, mormente porque o direito do
trabalho é informado pelo princípio da indisponibilidade dos direitos individuais dos
trabalhadores.

22. Processo e Procedimento

→ O processo, como já foi dito, constitui-se de um conjunto de atos processuais que vão se
sucedendo de forma coordenada dentro da relação processual, até atingir a coisa julgada.
Já o procedimento, ou rito, é a forma, o modo, a maneira como os atos processuais vão se
projetando e se desenvolvendo dentro da relação jurídica processual. Procedimento, pois,
é o modus faciendi do processo. É o aspecto exterior do processo.

23. Tipos de Procedimento

→ No processo do trabalho de conhecimento, há dois tipos de procedimentos:

• Procedimento comum, que se subdivide em ordinário, sumário e sumaríssimo.

• Procedimento especial, que é adotado para as ações especiais previstas na própria CLT,
como o inquérito judicial para apuração de falta grave, o dissídio coletivo e a ação de
cumprimento.

24. Procedimento Comum Ordinário

→ Encontra-se regulado do art. 837 ao art. 852 da CLT.

→ Pode-se dizer que, até o início dos anos 1970, o rito ordinário era único no processo do
trabalho. Tinha a sua marca registrada na concentração dos atos processuais num único
procedimento. Corrobora tal afirmação o art. 843 da CLT, segundo o qual as ações
individuais trabalhistas devem ser solucionadas numa única audiência. A prática revelou,
no entanto, que essa norma, em função do seu desuso, deixou de ter eficácia. Isso se deu
tanto em razão da elevação substancial do número de processos quanto pela
complexidade dos novos conflitos submetidos à prestação jurisdicional desse ramo
especializado do Poder Judiciário pátrio.

→ Por força do costume, a audiência no procedimento ordinário trabalhista passou a ser,


na prática, dividida em três partes:

a) Audiência inaugural de conciliação: Nela, devem comparecer as partes, acompanhadas


ou não de seus representantes, entre eles, os advogados (CLT, art. 843 e parágrafos). É
facultado ao réu fazer-se representar pelo gerente ou qualquer outro preposto que
tenha conhecimento dos fatos, e cujas declarações obrigarão o proponente. Em se
tratando de ações individuais plúrimas ou ações de cumprimento, os empregados
poderão ser representados pelo sindicato da correspondente categoria profissional. Em
caso de ausência do empregado motivada por doença ou qualquer outro motivo
comprovadamente relevante, a lei lhe faculta a representação por outro empregado
que pertença à mesma profissão ou pelo sindicato da sua categoria.
Aberta a audiência, o juiz deverá propor a conciliação (CLT, art. 846). Havendo acordo,
será lavrado termo assinado pelas partes do processo (incluindo o juiz). Não havendo
acordo, o réu terá vinte minutos para apresentar a sua defesa, após a leitura do teor da
ação. Na prática, porém, a defesa do réu é escrita, e, desde logo, o juiz dá ciência desta
ao autor, que, geralmente, dispõe de dez dias para impugná-la. Na audiência dita
inaugural, as partes já ficam intimadas para a audiência de instrução.

b) Audiência de instrução: Nesta audiência, também deverão comparecer as partes, sob


pena de confissão quanto à matéria de fato, ocasião em que prestarão depoimentos.
Em homenagem ao princípio da concentração dos atos processuais, é nesta assentada
que são ouvidas as testemunhas. As partes poderão requerer a produção de prova
pericial, e, se deferida, o processo, geralmente, fica suspenso para a conclusão do
trabalho do perito.
Finda a instrução, as partes poderão aduzir suas razões finais, pelo prazo máximo de
dez minutos cada uma. Em seguida, o juiz deverá, mais uma vez, renovar a proposta de
conciliação (CLT, art. 850). Não sendo esta obtida, designará a data para a audiência de
julgamento.

c) Audiência de julgamento: A rigor, esta audiência jamais ocorre, uma vez que nela,
raramente, as partes estarão presentes. Na prática, trata-se mais de um prazo fixado
pelo juiz para a publicação da sentença, da qual as partes ficam, desde logo, intimadas.
É da data da publicação da sentença, ou da data da juntada da ata de audiência
contendo a decisão (se esta não for juntada aos autos no prazo improrrogável de
quarenta e oito horas), que começa a correr o prazo para a eventual interposição de
recurso.

Você também pode gostar