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1. NOTAS INTRODUTÓRIAS
A doutrina reconhece a existência de quatro institutos como sendo fundamentais
e estruturantes do direito processual, são eles: (a) Jurisdição; (b) Ação; (c) Exceção; (d)
Processo. Alguns doutrinadores, porém, reconhecem apenas três, a jurisdição, a ação e
o processo, afirmando ser esta a “trilogia estrutural do processo”1. De forma
simplificada, falaremos individualmente de cada instituto.
2. JURISDIÇÃO
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DONIZETTI, Elpídio. Curso Didático de Direito Processual Civil. São Paulo: Atlas, 2016, p. 90.
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caso concreto, resolvendo-se com definitividade uma situação de crise jurídica e gerando
com tal solução a pacificação social”2.
(i) Autotutela: forma de solução de conflito pela imposição da vontade de uma das
partes, considerada como mais forte. Por se tratar de composição parcial e muitas vezes
injusta, a autotutela é normalmente proibida. Contudo, existe exceções previstas na
própria lei, como o desforço imediato e a legítima defesa da posse.
2 NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil – vol. Único. Salvador: Ed. Juspodivm,
2017, p. 80.
3 GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito Processual Civil Esquematizado. São Paulo: Saraiva, 2016, p 101.
4 DONIZETTI, Elpídio. Curso Didático de Direito Processual Civil. São Paulo: Atlas, 2016, p. 91.
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(ii) Autocomposição: forma de solução consensual dos conflitos fundada no sacrifício
integral ou parcial do interesse das partes. Solução do conflito por meio da conciliação,
dentro ou fora do processo, sendo sempre incentivada pela norma. Ocorre pela
desistência/renúncia, submissão ou transação.
A jurisdição é inafastável (CPC, arts. 3º e 140), mas não é obrigatória. O Estado não
monopolizou os instrumentos de resolução de conflitos. Existem meios alternativos de
solução de conflitos, os quais, inclusive, devem ser incentivados pelo Estado (com
exceção da autotutela que em regra é proibida).
3. AÇÃO
5NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Novo CPC Comentado – artigo por artigo. Salvador: ed. JusPodivm, 2016,
p. 16.
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a dar uma resposta à pretensão formulada. “Ação” é o direito subjetivo de se exigir a
prestação jurisdicional.
O criador da teoria eclética, Enrico Tullio Liebman, que afirmava ser a ação um
direito condicionado, originalmente visualizou a existência de três condições da ação:
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GONÇALVES. Marcus Vinicius Rios. Direito Processual Civil Esquematizado – 9ªed. São Paulo:
Saraiva, 2018, p. 160.
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possibilidade jurídica do pedido, interesse de agir e legitimidade. Esse era o
entendimento adotado pelo Código de Processo Civil de 1973.
Muito embora o Novo CPC não tenha utilizado a expressão condições da ação, não
há dúvidas de que elas continuam previstas em nosso ordenamento jurídico, apenas
com um número reduzido. Diz assim o artigo 17: “para postular em juízo é necessário
ter interesse e legitimidade”. Complementarmente, enuncia o artigo 485, inciso VI: “o
juiz não resolverá o mérito quando: (...) verificar a ausência de legitimidade ou de
interesse processual”.
ATENÇÃO: O Novo Código de Processo Civil reconhece a existência de apenas duas condições
da ação: o INTERESSE DE AGIR e a LEGITIMIDADE AD CAUSAM.
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NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil – vol. Único. Salvador: Ed. Juspodivm,
2017, p. 197
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Nesse sentido, não há interesse de agir quando: - Ajuizamento de ação de
cobrança de dívida ainda não vencida; - Ajuizamento de ação de usucapião antes de
atingido o lapso prescricional; - Ajuizamento de ação de indenização por acidente de
trânsito quando a seguradora do autor do ilícito se comprometer voluntariamente a
ressarcir os danos causados; - Ajuizamento de ação de cobrança de dívida prescrita; -
Ajuizamento da ação de cobrança de dívida de jogo.
Ocorre, todavia, que essa regra comporta algumas exceções. O próprio artigo 18
é encerrado com a seguinte frase: “(...) salvo quando autorizado pelo ordenamento
jurídico”. Assim, existe a possibilidade de alguém pleitear direito alheio em nome
próprio, é o que chamamos de legitimidade extraordinária, ou substituição processual.
É muito importante ter bastante atenção nessa parte da matéria, para não
confundir legitimidade extraordinária (ou substituição processual) com outros termos
semelhantes no processo civil, tais como, representação processual e sucessão
processual.
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GONÇALVES. Marcus Vinicius Rios. Direito Processual Civil Esquematizado – 9ªed. São Paulo:
Saraiva, 2018, p. 158.
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Legitimidade extraordinária (substituição processual) – Nome próprio / Direito alheio
a) Parte: É quem pede a tutela jurisdicional (Autor) e contra quem se pede (Réu).
Observe que representante não é parte, pois está atuando no processo em nome alheio.
No exemplo que foi dado anteriormente, o menor é a parte da ação de alimentos
(Autor), mas, por não ter capacidade processual, encontra-se representado por sua mãe.
iii. Perempção: Trata-se de uma sanção imposta àquele que por três vezes
consecutivas propôs a mesma ação e deu causa à sua extinção por abandono. Caso isso
ocorra, o autor da causa não poderá propor, pela quarta vez, nova ação contra o réu
com o mesmo objeto (CPC, art. 486, §3º). Reconhecendo a perempção o juiz deverá
extinguir a ação sem resolução de mérito (CPC, art. 485, V).
iv. Conexão: Ocorre quando duas ou mais ações tiverem em comum o pedido ou
a causa de pedir (CPC, art. 55). Esse fenômeno pode produzir a modificação de
competência relativa por meio da reunião dos processos para decisão conjunta,
evitando assim a prolação de decisões conflitantes ou contraditórias sobre um mesmo
tema (harmonização dos julgados). Um segundo benefício da conexão é, sem dúvidas, a
economia processual.
Difícil imaginar que dois processos assim tramitem separadamente, por isso, o
efeito da continência será a reunião dos processos para que sejam decididos
simultaneamente. Todavia, nem sempre o efeito será esse. Novidade do Novo CPC, o
artigo 57 determina que quando houver continência e a ação continente (mais
abrangente) tiver sido proposta anteriormente, no processo relativo à ação contida
(menos abrangente) será proferida sentença sem resolução de mérito.
4. EXCEÇÃO
Por ora, apenas tratando sobre a teoria geral do processo, essas observações são
suficientes para o nosso estudo. Falaremos com mais profundidade sobre o direito de
defesa, apresentando suas classificações, modalidades e novidades do CPC/15, quando
tratarmos sobre a resposta do réu no processo de conhecimento.
5. PROCESSO
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GONÇALVES. Marcus Vinicius Rios. Direito Processual Civil Esquematizado – 9ªed. São Paulo:
Saraiva, 2018, p. 186.
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Como podemos observar, o Novo CPC trouxe por novidade a extinção da
classificação do procedimento comum em rito ordinário e rito sumário. Isso não existe
mais. Atualmente está previsto apenas o procedimento comum e diversos outros
procedimentos especiais.
ATENÇÃO: Não existe mais rito ordinário e sumário. O Novo CPC enuncia um procedimento
comum e vários outros procedimentos especiais.
Todavia, precisamos tomar muito cuidado, pois, muito embora o Novo CPC tenha
suprimido a autonomia do processo cautelar, ainda existe a tutela cautelar. O que
acontece é que o pedido cautelar agora deve ser feito no próprio processo de
conhecimento ou de execução, nos moldes de uma tutelar de urgência, que poderá ser
antecedente ou incidental.