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PROCESSO CIVIL I

1º AP

O Direito, em geral, surge, historicamente, como um importante instrumento de


pacificação social, inerente, portanto, a toda convivência em sociedade, causadora de diversos
conflitos (Ubi jus ubi societas). O Direito encontra fundamento na solução dos diversos conflitos
que se originam das relações sociais.

Numa concepção mais moderna, o Direito associa-se diretamente com a ideia de Estado
(Um povo dotado de Soberania que se organiza em um território em determinado espaço de
tempo). Inicialmente, os conflitos que podiam surgir das relações sociais eram regulados pela
autotutela, isto é, as próprias parte solucionavam suas contendas, muitas vezes pelo emprego da
força, da vingança privada. Pouco a pouco, com a evolução do pensamento de Estado, este passou
a trazer para si a responsabilidade de pacificação social e, assim, de resolução de tais conflitos
decorrentes da convivência em sociedade.1 Dessa maneira, o Estado moderno passa a se organizar
sobre três funções principais: administrar os serviços públicos (Executivo), emitir leis, em sentido
estrito, com a finalidade de promover um controle social (Legislativo) e garantir a satisfação dos
direitos através da resolução das discordâncias sociais mediante o que podemos denominar de
emitir leis em sentido amplo (Judiciário).

Dessa maneira, uma das funções principais do Estado é, mediante a emissão de lei em
sentido amplo (sentença, leis inter partes), dar uma solução aos conflitos originados no meio social,
buscando satisfazer da melhor maneira o senso de justiça das partes. Para entender como o Estado
realiza essa função, surgem três conceitos essenciais: Ação, Jurisdição e Processo.

AÇÃO: é o direito subjetivo/poder de buscar a satisfação do seu direito material e a


resolução de um conflito junto ao aparelho estatal / deduzir uma pretensão em juízo para a emissão
de uma norma para o caso concreto (lide). A ação pode ser também dever, quando diz respeito a
ações públicas que se materializam na atividade obrigatória do MP.

JURISDIÇÃO: é a atividade desenvolvida/oferecida pelo Estado de aplicar a lei em um caso


concreto e oferecer uma solução jurídica para os conflitos sociais.

Pode ser contenciosa, quando nos polos do conflito estão partes antagônicas, isto é,
oferecem pretensões opostas (Litígio, Lide), ou voluntária, quando não há propriamente
um conflito com sujeitos opostos, mas busca-se uma mera declaração do Estado-juiz para
reconhecer uma situação de fato e conferi-la validade (Ex. divórcio amigável, sucessão,
reconhecimento de mudança de nome) – Há uma tendência atual de se tirar do controle
jurisdicional casos mais simples de jurisdição voluntária.

PROCESSO: Instrumento por meio do qual os sujeitos exercem o direito de ação e o Estado
oferece a solução jurisdicional. Sequencia de atos interdependentes desempenhado pelas partes e
pelo Estado-juiz com o objetivo de trazer a solução de uma situação de conflito (solução
jurisdicional). O processo é procedimento + relação jurídica + finalidade jurisdicional.

1
Ideia de contrato social, de surgimento do Estado para regular a convivência em sociedade.
 Instrumentalidade do processo: “O processo não deve se extinguir pelo
formalismo, procedimento” “o processo não é um fim em si mesmo”
 Espécies de processo:

Processo de conhecimento (cognição) – processo por meio do qual os sujeitos levam ao


conhecimento do Estado-juiz uma situação de fato que originou pretensões opostas para que ele
determine o direito material. Ato de “dizer o direito”

Processo de execução – processo por meio do qual busca se dar efetividade a direito
material já reconhecido. “Fazer valer o direito” – Lei inter partes (título executivo)

Tutela provisória (anteriormente chamada de processo cautelar) – “proteger o direito” -


ocorre quando a parte, diante da possiblidade de perda do bem jurídico, da coisa sobre a qual se
debruça o mérito, pede a proteção da coisa

HISTÓRICO

O Processo Civil Brasileiro passou por diversas fases desde as ordenações portuguesas. A
primeira Constituição republicana do país, de 1891, estabeleceu que as normas de processo
deveriam ser editadas em cada Estado da federação, adotando-se, assim uma multiplicidade de
normas de processo pelo país, o que dificultava a atividade dos profissionais. A tentativa de
unificação das normas de processo civil se deu em 1934, com a nova constituição, unificando o
Código de Processo em 1939, que se extinguiu devido incompatibilidade na parte geral e especial
do código. Em 1973, uma nova reforma trouxe um outro Código de Processo Civil, que vigorou até
2016, apesar de ser moderno em vários sentidos, era excessivamente apegado ao procedimento, a
burocracia, o que o incompatibilizava com a moderna concepção do processo que deveria atender
as reivindicações sociais de maneira rápida e eficaz. Após inúmeras reformas, o código de 1973
passou a apresentar diversas contradições internas e, então, o novo CPC, que passou a entrar em
vigor em 2016, trouxe mudanças em relação ao anterior no sentido de uma maior
constitucionalização do processo, ligado a princípios como efetividade da prestação jurisdicional,
instrumentalidade do processo, processo justo e celeridade.

PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO PROCESSO

O direito processual, como um ramo entre todos os outros do direito, encontra-se


permeado por princípios que determinam o modo e o fundamentos sobre o qual devem ser
interpretadas as normas. Como todo o ordenamento, as normas do processo civil são orientadas
principalmente pelos princípios constitucionais, que se materializam em quatro principais,
conforme afirma Humberto Theodoro Junior: a) Principio da legalidade; b) Principio lógico; c)
Principio dialético e d) Principio político.

Os Princípios informativos, nesse sentido, são princípios que informam, orientam a


atividade jurisdicional, funcionando como fonte de integração do direito, assim como funcionam
informando valores a serem protegidos no processo legislativo. Podem ser de duas formas:
relativos ao processo e relativos ao procedimento.

- RELATIVOS AO PROCESO
* Devido Processo Legal: consiste na obediência a um caminho pré-estabelecido pelo qual o
processo deve se realizar, assim, cumpre o devido processo legal aquele que segue a sequência de
atos predeterminado para a atividade jurisdicional (Art. 5º, XXXV). Atualmente, diante da discussão
acerca da instrumentalidade do processo, tem-se admitido que o devido processo legal,
substancialmente, é posicionado como um supra princípio que orienta todos os demais princípios
do CPC, sendo assim, o devido processo legal, na concepção mais atual, significaria a concretização
de um processo justo, eficaz. Esse princípio encontra relação com diversos outros princípios
relativos ao processo, tais quais, o contraditório e a ampla defesa, juiz natural que são pautados na
obediência a esse caminho predeterminado para o processo. Metáfora: trilho e trem.

* Inquisitivo e dispositivo (art. 2º/370): o dispositivo é o modelo de processo no qual as partes dão
prosseguimento a todo o curso processual, não tendo o juiz o poder de determinar a realização de
atos processuais por si só, enquanto que no inquisitivo, o juiz desenvolve o processo de ofício. O
modelo brasileiro, conforme definido por Didier, é um modelo cooperativo, que mescla a utilização
dos dois modelos de processo. Apesar de ser inicialmente inquisitivo, pois o direito/poder de ação
pertence a parte e, portanto, o processo só pode ser iniciado por decisão desta, tem procedimentos
de caráter dispositivo, como determina por exemplo o art. 2º, que o processo desenvolve por
impulso oficial.

* Recorribilidade ou duplo grau de jurisdição: para sanar os erros possivelmente decorrentes do


julgamento por um único juiz, é garantido a parte insatisfeita com a solução jurídica dada ao caso
concreto, a possiblidade de recorrer a outro grau de jurisdição com o objetivo de revisar a decisão
inicial. Satisfaz, portanto, o principio da recorribilidade ou duplo grau de jurisdição a existência de
um sistema recursal, ainda que não haja previsão expressa no texto legal. Algumas causas, como as
causas de alçada e originárias (ADC e ADI, por exemplo), que já iniciam em órgão colegiados, tem
seu direito a recorribilidade garantido através de outros instrumentos jurídicos como os embargos
e mandado de segurança.

* Contraditório (art. 7º, 8º, 9º, 240): anteriormente, era pacificado que o principio do contraditório
se materializava apenas na audiência bilateral das partes antes da decisão do juiz, atualmente,
porém, o princípio do contraditório amplia seu alcance para corresponder a ideia de processo justo
e efetivo, dizendo respeito assim, tanto a paridade de armas das partes, que devem ser ouvidas
bilateralmente, como a participação efetiva dessas no processo. Assim, o juiz não poderá decidir
qualquer que seja o mérito dentro do processo sem que antes haja a manifestação de ambas as
partes integrantes da relação processual (exc.: inaudita altera parte). Um modo pelo qual se
materializa o contraditório formalmente no processe é por meio da citação válida, conforme indica
o art. 240, a partir da citação válida, ou seja, da inequívoca ciência da possiblidade de se defender
a todos aqueles que podem ser atingidos pela sentença, torna litigiosa a coisa.

- Citação válida: carta / publicação por edital (a citação é convalidada, ainda que
contenha vícios, desde que atinja seu objetivo final) (a ausência de manifestação por réu
validamente citado pressupõe réu revel, trazendo diversos efeitos para o processo, pois presumir-
se-ão verdadeiras as alegações do autor; art. 344 CPC)

* Boa-fé (art. 5º, 80, 81, 142): O CPC estabelece que qualquer um que participe de alguma forma
no processo deve se orientar pela boa-fé (objetiva, que diz respeito a realizar os atos processuais
de forma leal, sem o objetivo de prejudicar ou enganar a outra parte em beneficio próprio),
estabelece assim, no art. 80, que atos se cometidos no decorrer do processo consideram-se de má-
fé, impondo punição para aquele que não se comportar de acordo com a boa-fé processual. Se
autor e réu utilizam-se do processo simuladamente ou para conseguir algo ilegal, o juiz poderá de
ofício, emitir sentença que impeça a realização dos objetivos e multa.

*Verdade real (art. 344, art. 371): segundo o principio da verdade real, o juiz deve ser
compromissado a analisar a verdade real dos fatos sobre o qual se discute o mérito do processo,
tendo inclusive uma postura ativa na produção de prova, através de vistorias ou outro modo de
constatar a verdade real dos fatos – aquisição da prova pelo processo – a prova contida nos autos
do processo, independente de quem a produziu será utilizada pelo juiz para apreciação da causa.
Em oposição a isso há a verdade formal, segundo a qual o juiz decide somente com base no
conteúdo probatório formal, contido nos autos do processo, assim como a verdade ficta, produzida
devido a presunção da veracidade dos fatos.

- RELATIVOS AO PROCEDIMENTO (parte visível do processo, integrante)

*Oralidade (art. 139, II, 365, 357, $3º): o principio da oralidade fundamenta-se na ideia de
proximidade das partes com o juiz, possibilitando uma decisão mais justa e condizente com a
situação das dessas, e cooperação entre as partes no processo, além de permitir uma celeridade e
a diminuição dos atos processuais, quando, por exemplo, o juiz tem a possiblidade de sanear o
processo em audiência ou na produção de provas. Materializa-se, principalmente por meio das
audiências e provas orais e testemunhais.

*Publicidade (art. 189): todo processo é público, salvo as exceções previstas em lei, conforme
aponta o art. 189: a) interesse público ou social (devem ser declarados pelo juiz, de oficio ou
mediante petição); b) casos de Direito de Família (casamento, separação, união estável, divórcio,
filiação, alimentos e guarda de crianças); c) protegido pelo direito constitucional à intimidade e d)
em casos que versem sobre decisão arbitral, quando previsto, ainda que não obrigatório, em carta
específica o acordo sobre o sigilo.

*Economia processual (art. 330, 332, 326, 334, 317, 370): o Judiciário deve oferecer para os
jurisdicionados um meio rápido, eficaz e barato de resolver seus problemas, o processo deve,
então, se apoiar na ideia do custo benefício, isto é, deve distribuir seu melhor resultado utilizando
o mínimo da máquina burocrática processual. Custo-benefício. “Como aplicações práticas do
princípio de economia processual, podem ser citados os seguintes exemplos: indeferimento, desde
logo, da inicial, quando a demanda não reúne os requisitos legais (art. 330); denegação de provas
inúteis (art.370); coibição de incidentes irrelevantes para a causa; permissão de acumulação de
pretensões conexas num só processo (art. 326); fixação de tabela de custas pelo Estado, para evitar
abusos dos serventuários da Justiça; possibilidade de antecipar julgamento de mérito, quando não
houver necessidade de provas orais em audiência; saneamento do processo antes da instrução etc.”

*Preclusão ou eventualidade do processo (art. 336): o processo, como sequência de atos, é dividido
em diversas fases nas quais se realizam determinados procedimentos, uma vez terminada uma fase,
ela prepara o processo para seguir na fase seguinte, sem a possiblidade de retornar a fase já
ultrapassada. O principio da preclusão ou eventualidade do processo anuncia que cada ato
processual deve ser desenvolvido durante a fase adequada conforme previsto no CPC, sob a
possibilidade de perder a oportunidade de realizar o ato, que não pode se dar em momento
posterior.

PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS
Para que o processo possa existir e se desenvolver de forma válida deve atender a
determinados requisitos essenciais para sua constituição ou prosseguimento. A doutrina
estabelece diversas subdivisões dos pressupostos, identificando, por exemplo: a) Pressuposto de
existência e de validade (segundo Didier, a utilização do nome “pressupostos processuais” envolve
tanto os pressupostos de existência como os requisitos de validade); b) Pressupostos negativos e
positivos; e por fim c) Pressupostos subjetivos, que dizem respeito aos sujeitos na relação jurídica
processual, e pressupostos objetivos, que dizem respeito a forma do processo.

Didier afirma que, na disciplina dos pressupostos processuais, existem alguns pensamentos
comuns que não correspondem a verdade na dinâmica processual, tais quais:

1) Pressuposto processual causa inadmissibilidade do processo: Há hipóteses em que mesmo


com a ausência de um pressuposto, o processo é admitido, como nos casos de
incompetência ou suspeição, nos quais o processo é somente redistribuído.
2) Pressuposto processual é reconhecido de ofício: Nem todo pressuposto pode ser avaliado
pelo juiz de ofício, a existência de uma convecção de arbitragem ou incompetência relativa,
por exemplo, podem e devem ser alegadas pelos outros sujeitos.
3) Pressuposto pode ser reconhecido em qualquer fase do processo: se o réu não alega a
inexistência de pressupostos processuais na contestação perde o direito de afirma-lo
dentro do processo.
4) Pressuposto processual não pode ser corrigido: a correção de vícios no processo deve,
inclusive, ser incentivada pelo Juiz conforme determina o CPC e define o princípio da
economia processual.
5) Pressuposto processual impede o julgamento de mérito: se mesmo com o vício, o Juiz puder
julgar o mérito de maneira justa, não há porque extingui-lo, por exemplo, improcedência
liminar do pedido.

PRESSUPOSTOS SUBJETIVOS

 Capacidade civil/capacidade de ser parte = aptidão para ser sujeito na relação jurídica
processual
 Pessoa Física - capacidade civil – “toda pessoa que se encontre no exercício de seus
direitos tem capacidade para estar em juízo” (art.70 e 71)
- Sujeitos plenamente capazes (18 anos)
- Sujeitos relativamente incapazes, devidamente assistidos
- Sujeitos absolutamente incapazes, devidamente representados
 Curador especial (art. 72) – ad hoc - Defensor Público nomeado pelo juiz para atuar
em duas hipóteses:
1) Incapaz não devidamente representado ou assistido ou quando o interesse
for contraposto aos desses;
2) Réu preso revel, assim como réu revel citado por edital ou por hora certa,
até que seja designada defesa técnica.
 Cônjuge (art. 73) – LITISCONSÓROCIO ATIVO OBRIGATÓRIO - O cônjuge precisa
necessariamente do consentimento do outro, incluída a união estável, em ações
que se referem à:
1) Direito real sobre imóveis – exceto quando há separação absoluta de bens;
2) Fato que diga respeito a ambos ou praticados por eles;
3) Dívida contraída em bem de família;
4) Reconhecimento, constituição ou extinção de ônus sobre imóvel de um
deles ou de ambos.

- O consentimento pode ser suprido pelo Juiz em casos no qual a recusa é feita
sem justo motivo ou o outro cônjuge encontra-se impossibilitado de realiza-lo
(art. 74) – CONSENTIMENTO DE OUTORGA

Se não houver consentimento, ainda que suprido, o processo será invalido!

 Pessoa Jurídica (art.75)


- Direito Público
- Direito Privado – por quem os atos constitutivos designarem ou, não sendo
previsto, pelos seus diretores (sociedade devidamente constituída)
 Entes sem personalidade jurídica (art. 75) – CAPACIDADE DE SER PARTE –
condomínio, espólio, herança jacente, massa falida (abrange a sociedade e a
associação de fato)

SANEAMENTO: Observando o Juiz um vício relativo à incapacidade processual, suspenderá o


processo e determinará um prazo para que haja a correção, não havendo o saneamento, haverá
consequências a depender de em que polo o sujeito esteja (art.76).

 Capacidade postulatória:
Para que alguns atos processuais postulatórios sejam exercidos é necessária a
presença de uma capacidade técnica, essa capacidade deve ser preenchida pela ação de
um advogado que será obrigatoriamente REPRESENTANTE da parte (art.103). O advogado
deverá ser regularmente inscrito na OAB.
Nem todos os atos processuais necessitam de representação (jus postulandi), isso
ocorre quando flexibilizado por lei como no caso dos Juizados Especiais, em causas até 20
SM, na Justiça do Trabalho até o TRT ou em caso de advogado postulando em causa própria
(art. 103 e 106).

 Competência: Para o melhor exercício do poder estatal, a prestação dos serviços


jurisdicionais é subdividida em diversos órgãos, regulados por normas constitucionais,
infraconstitucionais (CPC 2015) e infra legais (divisão interna dos tribunais – normas de
organização judiciária). Para que o processo possa nascer e se desenvolver de maneira
adequada é necessário que o órgão seja competente para tal, conforme estabelece o art.
42 - “As causas cíveis serão processadas e decididas pelo juiz nos limites da sua
competência, ficando reservado às partes o direito de estabelecer juízo arbitral”. A
competência diz respeito tanto a especificidade do órgão onde o processo foi iniciado
(juízo, comarca, vara) quanto à competência do juiz para o julgamento da questão, não
sendo casos de impedimento ou suspeição do magistrado (art. 42 e ss)

PRESSUPOSTOS OBJETIVOS

 Forma processual adequada: a forma processual adequada diz respeito a obediência do


formalismo no processo, diversas são as exigências legais que se referem ao formalismo no
andamento processual. Para que processo se desenvolva validamente, portanto, devem ser
obedecidas essas exigências que vão desde o tipo de ação no qual se adequa o pedido até
requisitos da petição inicial, por exemplo. Há divergência doutrinária acerca se essa
exigência é pressuposto processual ou condição da ação.
 Procuração: como já estabelecido, a parte deve estar no processo representada por meio
de seu advogado. O instrumento que confere poderes para essa representação é a
procuração, portanto, os atos processuais praticados só serão válidos se válida for a
outorga de poderes por meio da procuração (art.105). A procuração pode ser feita por
instrumento público ou particular, onde deve constar os dados do outorgante e do
outorgado, assim como número de inscrição na OAB e endereço completo. Com a
procuração é dado ao advogado o poder de realizar todos os atos processuais, exceto
receber citação, confessar, reconhecer a procedência do pedido, transigir, desistir,
renunciar, dar quitação, receber, firmar compromisso e assinar declaração de
hipossuficiência, que devem ser esclarecidos em cláusula específica. A procuração pode
ser revogada ou complementada, assim como outros advogados podem integrar na
representação por meio do substabelecimento com ou sem reserva de poderes.
 Inexistência de litispendência ou coisa julgada (art.337): “ocorre litispendência ou coisa
julgada quando se repete ação anteriormente ajuizada”. As ações são iguais quando
possuem as mesmas partes, mesma causa de pedir e mesmo pedido. A litispendência diz
respeito à ação em curso, enquanto que a coisa julgada se refere à ação já transitada e
julgada.
 Pagamento das custas processuais: TODA CAUSA TEM UM VALOR. Portanto, toda causa a
ser ajuizada deverá possuir também um custo para que ela seja apreciada, existindo uma
tabela de custas que variam a depender do valor da causa, devendo ser pago antes do
ajuizamento da ação como pressuposto para que o processo venha a existir. Pode requerer
gratuidade da justiça, autodeclarando-se incapaz de arcar com os gastos do processo –
compreendendo às custas do processo, as despesas e os honorários advocatícios (art. 98)
Obs.: não abrange os ônus sucumbenciais.
 Prestação de caução: caução é estabelecido em alguns casos nos quais o autor é
estrangeiro e que não possua bens no Brasil como forma de garantir o possível pagamento
posterior de custas e honorários advocatícios (art. 83)

CONDIÇÕES DA AÇÃO

As condições da ação são categorias intermediárias que se localizam entre os pressupostos


do processo e o mérito da causa. Diferencia-se dos pressupostos porque não está ligada
propriamente a existência ou validade do processo, mas ou exercício do direito/poder -
faculdade/dever de ação. Não se insere ainda no mérito da causa, tendo em vista a visível diferença
que se estabelece entre a ação, direito subjetivo, e a pretensão, pedido formulado pela parte que
será apreciado pelo Estado-juiz. O próprio CPC adota a teoria tríplice e não coloca as condições da
ação como integrante do mérito, tendo em vista determinar no art. 485 que a carência de ação é
causa de sentença SEM resolução de mérito. Apesar de não adotar o termo condições da ação,
entende-se que o CPC os estabelece no art. 17 (“para postular em juízo é necessário ter interesse e
legitimidade”). As condições da ação são, portanto, interesse, legitimidade e ainda possibilidade
jurídica do pedido*.

 INTERESSE
O interesse processual é um binômio que engloba a necessidade (interesse primário) e a
adequação (interesse secundário). Por necessidade entende-se a indispensabilidade da
atividade jurisdicional para resolver um litígio, assim, a não caracterização de uma
pretensão oposta, de um conflito, ou a solução desse conflito por meios extrajurídicos é o
bastante para que não haja necessidade e consequentemente interesse processual. A
adequação se entende como a escolha da via processual adequada para se postular em
juízo, assim, uma ação na execução por exemplo com o intuito de se reconhecer um direito
material causa carência de interesse processual.
 LEGITIMIDADE (legitimatio ad causam)
A legitimidade, conforme estabelece o art. 18 (“ninguém poderá pleitear direito alheio em
nome próprio, salvo quando autorizado pelo ordenamento jurídico”), é a titularidade da
pretensão, do direito material violado que será objeto da atividade jurisdicional. Assim, a
legitimidade ordinária só poderá ser exercida por aquele a quem corresponde a titularidade
do direito material, coincidindo, portanto, a titularidade da ação e da pretensão. Humberto
Theodoro Junior fala também de uma legitimidade extraordinária que se localizaria na
segunda parte do art.18, que são casos autorizados pelo ordenamento no qual a
titularidade da ação pode ser exercida por aquele que não é propriamente titular do direito
material.
A legitimidade não se exerce, porém, apenas em relação ao autor (LEGITIMIDADE ATIVA),
mas também em relação ao réu (LEGITIMIDADE PASSIVA), para que o réu seja legitimo
dentro do processo é necessário que ele tenha concorrido e componha o litígio que
originou a pretensão. São considerados réus legítimos todos aqueles que de qualquer modo
sejam atingidos pela sentença, devendo ser citados para terem a oportunidade de se
manifestar no curso do processo.
Pode-se alegar tanto a ilegitimidade ativa quanto passiva, a alegação de ilegitimidade pode
ser considerada uma forma pela qual um terceiro entrará no processo (art. 338, 339).

- A carência de condições da ação pode ser reconhecida em qualquer momento do processo e


acarretará, a menos que haja substituição, a extinção sem resolução de mérito (art. 485). A carência
de legitimidade ou interesse processual podem ser levantadas ainda como causas de indeferimento
da petição inicial (art.330, II e III). Caso a petição prossiga, cabe ao réu alegar a carência das
condições da ação antes como preliminar de contestação (art. 337, XI), devendo o juiz determinar
a réplica para que autor se manifeste sobre a questão (art. 350, 351). Se esclarecida a ilegitimidade,
o juiz emitirá decisão SEM resolução de mérito (art.485).

 POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO*: há divergência doutrinária acerca se permanece ou


não como condição da ação, ainda que não expressa no CPC. Consiste numa análise
superficial do mérito buscando saber se existe com base no ordenamento jurídico a
possibilidade de se atender ao pedido formulado. Se essa pretensão não puder ser
atendida, há carência de condição da ação.

RELAÇÃO JURÍDICA PROCESSUAL

O nascimento de um processo pressupõe a criação de uma relação entre os seus participantes, a


relação jurídica processual. A relação jurídica processual inicia-se com a relação bipartida entre o
autor, que deduz uma pretensão em juízo e o próprio Estado, na figura do juiz. Essa relação somente
se completa em seu modelo tripartite ou triangular, no entanto, com a citação válida e a entrada
do polo passivo, réu. O modelo de relação jurídica triangular é, porém, bastante simplificado, tendo
em vista que além de autor, réu e juiz, integram o processo, ainda, seus representantes legais,
advogados, auxiliares da justiça, o ministério público, podendo haver inclusive multiplicidade de
sujeitos me um dos polos, caso em que se configura litisconsórcio. A relação jurídica processual
origina para seus participantes uma série de direitos, deveres, ônus e obrigações.

 MINISTÉRIO PÚBLICO

O Ministério Público é o órgão da Administração Pública, que não integra o Poder Judiciário,
responsável por garantir no curso processual “a ordem jurídica, o regime democrático e os
interesses e direitos sociais e individuais indisponíveis” (art. 176. NCPC). O MP pode atuar no
processo civil de duas maneiras, na condição de parte ou na condição de custas leges (fiscal da
lei). Independente de como atue, o MP terá prazo em dobro para manifestar-se, exceto quando
previsto em lei prazo próprio, devendo ser sua intimação pessoal (art.180).

1) PARTE: o MP, quando atuando enquanto parte do processo, ainda que esteja defendendo
direito individual nunca estará na posição de representante, mas de substituto processual.
Atua, assim, em nome próprio na defesa de interesse alheio.
2) CUSTAS LEGES: o MP deve atuar enquanto fiscal da lei quando houver interesse público ou
social, a ser entendido pelos membros da organização, interesse de incapaz ou, ainda, em
casos de litígio coletivo que envolva posse de terra urbana ou rural. Conforme o parágrafo
único, a participação da Fazendo Pública no processo não implica por si só a atuação do
MP. O rol não é exaustivo, podendo a CF ou lei estabelecer outras circunstâncias de
comparecimento do MP ao processo (art.178). Quando atua enquanto fiscal da lei, o MP
tem o poder de produzir provas, requerer medidas processuais pertinentes e recorrer,
emitindo parecer a respeito dos atos processuais e recebendo remessa dos autos sempre
após as partes, sendo intimado de todos os atos (art. 179). O parecer do MP não vincula a
decisão do juiz.

*A ausência do MP em processo no qual ele obrigatoriamente deveria atuar enquanto fiscal da


lei provoca a nulidade de todos os atos processuais, desde a intimação que deveria ser feita.
Devendo a nulidade ser decretada após manifestação do MP, que deverá se posicionar acerca
da existência ou não de prejuízo, podendo os atos serem convalidados (art.279).

*Os membros do MP quando atuarem com dolo ou fraude no processo respondem civil e
regressivamente pelos prejuízos causados (art.181).

 ADVOGADOS
- Figura essencial à administração da justiça
- Capacidade postulatória: toda parte deverá se fazer representada no processo por meio
do seu advogado como pressuposto processual. É permitido jus postulandi em casos
excepcionais previstos em lei.

 AUXILIARES DA JUSTIÇA (art.149): materializam a atividade jurisdicional, realizando os


expedientes necessários ao curso processual.

 JUIZES (art.139-148): exercem a atividade jurisdicional do Estado. Os Juízes, segundo o


novo CPC, se constituem em uma figura ativa no processo, não se limitando ao
conhecimento de provas e julgamento da causa. Deve-se orientar pelos princípios da
isonomia, imparcialidade e independência, tendo como garantia a vitaliciedade, a
inamovibilidade e a irredutibilidade de subsídios. São deveres do juiz os preceitos
estabelecidos no art. 139 do CPC. O Juiz não pode se eximir de oferecer uma solução ao
caso concreto alegando lacuna no ordenamento jurídico, caso em que deverá utilizar-se da
analogia, equidade e dos princípios gerais do direito (art.140), assim como não poderá
decidir questões não suscitadas de iniciativa exclusiva da parte (art. 141). O Juiz, quando
atuar com dolo, fraude ou de qualquer modo impor dificuldades ao andamento da marcha
processual responderá por perdas e danos (art.143).

IMPEDIMENTO OU SUSPEIÇÃO

O juiz, tendo em vista a necessidade de imparcialidade, poderá, de acordo com o caso, ser
impedido ou suspeito. O IMPEDIMENTO é de caráter OBJETIVO, proíbe o Juiz de exercer os atos
processuais e ocorre na hipótese em que este já tenha atuado no processo ou tenha algum tipo de
relação com as partes ou representantes, taxada no art. 144 (LER). O impedimento só se dará em
casos que anteriormente já seriam impedimentos, sendo vedada causa superveniente com o
objetivo de impedir a atividade do juiz. A SUSPEIÇÃO, por outro lado, tem caráter mais subjetivo,
decorrendo de ações que possam causar parcialidade do juiz, conforme o art. 145 (LER). Na
suspeição, não pode alega-la quem a tiver provocado ou quem praticou ato que signifique sua
aceitação.

O Juiz pode de ofício se declarar suspeito ou impedido. Podem também as partes, alegar
impedimento (não prescreve – pode ser alegado a qualquer momento, inclusive em decisão
transitada e julgada, se não alegado nos 15 dias, não será mais incidente independente) ou
suspeição (15 dias do conhecimento do fato), endereçando petição específica ao Juiz supostamente
impedido/suspeito, fundamentando-a, podendo utilizar-se de documentos e rol de testemunhas.
O Juiz avaliará a petição, podendo I) confirmar e declarar seu impedimento ou suspeição e remeter
os autos ao substituto legal; II) Autuar em separado a petição e remete-la ao Tribunal, apresentando
suas razões em 15 dias. O relator poderá determinar a suspensão, caso em que as decisões de tutela
de urgência serão conferidas ao substituto, ou não do processo. Decidindo o Tribunal pela
inexistência de impedimento, o processo continuará. No entanto, se decidido pelo acolhimento de
impedimento ou suspeição, o processo é remetido ao substituto legal, determinando-se os atos a
partir do qual o Juiz era suspeito ou impedido que serão nulos, e o Juiz poderá ser condenado a
pagar custas (art.146).
Juiz recebe petição específica
alegando impedimento ou
suspeição (PRAZO 15 DIAS)

Declara-se impedido ou Não se reconhece como


suspeito impedido ou suspeito

Autua a petição e envia para


Remete autos do processo
o órgão imediatamente
para seu substituto legal
superior - TRIBUNAL

O relator pode optar por

Não suspender o processo

Suspender o processo
(Tutela de urgência será
decidia pelo substituto)

Manifesta-se no prazo de 15
dias

Tribunal não acolhe e o


processo continua
normalmente

Tribunal decide por acolher:


juiz paga custas e o processo
é remetido ao substituto
legal (PODE APELAR)

- O impedimento também ocorre nos casos em que o juiz de Tribunal é parente de Juiz singular,
não podendo conhecer do processo decidido por esse (art. 147).

- O impedimento ou suspeição também pode ocorrer com relação aos membros do MP,
auxiliares da Justiça ou outros sujeitos imparciais que atuam no processo. Nesse caso, será dada a
oportunidade de se manifestar o impedido ou suspeito no prazo de 15 dias e a decisão se dá sem a
suspensão do processo em curso (art. 148).

 CONCILIADORES E MEDIADORES (art. 165-175)

O novo CPC opta pela possibilidade de conferir às partes autonomia para dirimir seus conflitos de
maneira consensual, determinando que o Juiz deve buscar a qualquer tempo, por exemplo,
promover a autocomposição entre as partes. Define ainda a criação de Centros Judiciais de Solução
Consensual de Conflitos (CJUSC) em cada Justiça, com o objetivo de realizar sessões de mediação e
conciliação, além de criar políticas para estimular essas práticas. Conforme o CPC:

(a) o conciliador, que atuará preferencialmente nos casos em que não tiver
havido vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir soluções para o litígio,
sendo vedada a utilização de qualquer tipo de constrangimento ou intimidação
para que as partes conciliem (art. 165, § 2º);
(b) o mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que tiver havido
vínculo anterior entre as partes, auxiliará os interessados a compreender as
questões e os interesses em conflito, de modo que eles possam, pelo
restabelecimento da comunicação, identificar, por si próprios, soluções
consensuais que gerem benefícios mútuos (art. 165, § 3º).

As atividades do mediador e do conciliador serão orientadas pelos princípios da independência,


imparcialidade, autonomia da vontade, confidencialidade, oralidade, informalidade e da decisão
informada.

LITISCONSÓRCIO

O litisconsórcio ocorre quando a relação jurídica possui uma multiplicidade de sujeitos em


algum de seus polos, podendo ocorrer tanto com relação polo ativo quanto ao passivo.

- LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO (art. 114): é aquele em que é obrigatória a presença de mais


de um sujeito no mesmo polo processual em razão da determinação legal ou quando pela natureza
da situação controvertida, a eficácia depender da participação de todos que devem ser
litisconsortes (litisconsórcio unitário). Em geral, ocorre no polo passivo e alguns autores
determinam não ser possível sua ocorrência no polo ativo em virtude do direito de ação que não
pode estar condicionado à outra pessoa. No entanto, há casos em que se admite (Ex.: anuência do
cônjuge). Quando for passivo, o juiz determinará que o autor requeira a citação de todos os que
obrigatoriamente deveriam integrar o polo passivo para que sejam citados, sob a pena de extinção
do processo (art. 117).

- LITISCONSÓRCIO FACULTATIVO (art. 113): a multiplicidade de sujeitos não é obrigatória,


podendo vir a acontecer em razão da comunhão de direitos e obrigações, conexão do pedido ou
causa de pedir, afinidade de questão de fato ou de direito. (ECONOMIA PROCESSUAL)

o No litisconsórcio facultativo, o juiz poderá limitar o número de sujeitos integrantes se


entender que a multiplicidade prejudica a defesa ou o andamento do processo –
DESMEMBRAMENTO DO PROCESSO.

- LITISCONSÓRCIO UNITÁRIO (art. 116): ocorre quando os sujeitos são tratados como uma
unidade dentro do processo, de modo que o juiz deverá decidir de modo uniforme para todos os
integrantes do polo. Há quem admita que o litisconsórcio unitário ativo representa uma hipótese
de legitimação extraordinária, visto que, ainda que não integre efetivamente a relação jurídica,
aquele que deveria ser litisconsorte unitário tem seu interesse representado em outra pessoa
(Didier). O art. 115 estabelece que no litisconsórcio unitário há nulidade da decisão judicial se não
forem citados todos aqueles que deveriam integrar a relação jurídica processual. Sendo unitário o
litisconsórcio, “os atos e omissões de um não prejudicarão os outros, mas os poderão beneficiar”,
a menos que no ato anuam todos os litisconsortes (art. 117).

- LITISCONSÓRCIO SIMPLES: cada sujeito é tradado individualmente (distintos – art. 117)


em relação ao juiz e ao réu, existindo a possibilidade que para cada um seja determinada diferentes
obrigações e direitos. Os atos de um não influenciaram os demais. Há, no entanto, algumas
exceções, quando se trata da aquisição da prova pelo processo, independentemente de quem
produziu provas elas serão utilizadas no processo (art.371), assim como no caso em que a revelia
for sanada em fato comum a todos os litisconsortes (art. 345, I)

- LITISCONSÓRCIO INICIAL: nasce conjuntamente com a relação processual, ocorre quando


mais de um autor ingressa na ação ou mais de um réu é demandado, de início.

- LITISCONSÓRCIO ULTERIOR: fato superveniente ou um outro sujeito passa a ingressar na


relação processual já formada. Ex.: denunciação da lide.

 Outras modalidades de litisconsórcio: litisconsórcio sucessivo; eventual; alternativo; -


cumulação de pedidos.

INTERVENÇÃO DE TERCEIROS

A intervenção de terceiros ocorre quando uma terceira pessoa passa a integrar a relação
jurídica processual, seja na condição de autor, réu, auxiliando uma das partes ou até mesmo
participando tecnicamente e de maneira imparcial. A intervenção pode-se dar de duas maneiras:
provocada, quando a inserção de terceiro depende da provocação de autor ou réu (denunciação
da lide, chamamento ao processo); ou espontânea, quando depende de iniciativa do próprio
terceiro.

 ASSISTÊNCIA (modalidade voluntária/espontânea):

É ADMITIDA EM QUALQUER FASE E GRAU DE RECURSO, RECEBENDO O PROCESSO NO


ESTADO EM QUE SE ENCONTRA (art. 119)

Requerida a participação por terceiro na condição de assistente, as partes deverão se


manifestar, não havendo impugnação no prazo de 15 dias, o assistente passa a atuar no
processo. Deverá restar comprovada a existência de um interesse jurídico. Cabe agravo
de instrumento à decisão que impugnar a assistência, sem suspensão do curso normal do
processo principal (art. 120).
- ASSISTÊNCIA SIMPLES: No geral, as decisões decorrentes da relação processual só geram
efeitos sobre quem a componha. No entanto, pode ser que a decisão dada ao litígio venha
a atingir terceiro não integrante propriamente da relação jurídica processual, o que se dará
de forma indireta. Na assistência simples, terceiro, que não integra e nem vem a integrar a
relação processual, é juridicamente interessado no processo, atuando de modo a auxiliar a
defesa de uma das partes na medida de seus interesses. Existe, portanto, uma outra relação
jurídica entre assistente e assistido, sobre a qual o mérito do processo em curso terá
alguma influência (segundo jurisprudência do STF, ainda que não haja efetivamente uma
relação pessoal entre assistido e assistente, poderá ser autorizada a assistência quando a
tutela de um direito do assistido influenciar na defesa de direitos coletivos ou nas decisões
em vários casos semelhantes), mas não existe relação externa do assistente com a parte
contrária. O assistente simples terá todos os poderes e ônus processuais equivalentes aos
da parte assistida e em caso de omissão é considerado seu substituto processual (art. 121).
Não pode, porém, por se tratar de um auxiliar, obstar que a parte principal reconheça
procedência do pedido, renuncie, desista da ação ou transija sobre direitos controvertidos
(art. 122). Pode interpor recurso desde que não haja expressa manifestação contrária da
parte assistida. Não pode, porém, questionar justiça da decisão, exceto se na condição em
que recebeu o processo não pôde apresentar provas capazes de influir na sentença ou
desconhecia a existência de provas e alegações que podia fazer uso a parte principal e não
o fez (art. 123). NÃO PODE ALTERAR OBJETO DO PEDIDO.
- ASSSISTÊNCIA LITISCONSORCIAL: Nessa modalidade de assistência, o terceiro é
diretamente interessado na causa discutida. Há, assim, uma relação do assistente também
com a parte contrária, posicionando-se, na verdade, como real litisconsorte da parte
assistida e, portanto, integrando a relação jurídica (art. 124). Como litisconsorte tem todos
os poderes de realizar atos processuais, mas não pode propor novo pedido, devendo
sujeitar-se ao já feito. Atua em interesse próprio, num litisconsórcio facultativo que poderia
ser visualizado desde o início da relação jurídica processual.

 RENÚNCIA X DESISTÊNCIA: A renúncia do direito implica o


reconhecimento do direito alheio, portanto, resolvendo o mérito
do processo e independente de manifestação contrária. A
desistência não produz coisa julgada e diz respeito apenas a não
continuidade daquela demanda, não do direito pleiteado,
podendo, assim, ser ajuizada novamente e não resolvendo o
mérito da causa. Para que haja a desistência deve haver
manifestação do réu, tendo em vista seu interesse processual.

 DENUNCIAÇÃO DA LIDE (modalidade provocada):


A denunciação da lide ocorre quando terceiro que, por lei ou contrato estiver obrigado a
indenizar o denunciante ou, ainda, que seja alienante imediato em ações decorrentes da
evicção (ação reivindicatória), é chamado ao processo para responder pelo direito de
regresso do denunciante caso este venha a ser vencido no processo (Art. 125). Hipótese de
cumulação eventual de ações (ação principal + ação de regresso). A denunciação da lide,
quando não admitida não impossibilita o posterior exercício de regresso por ação
autônoma (ação pauliana) (art. 125). A denunciação da lide pode ser promovida por
qualquer uma das partes:
- Denunciação pelo autor: a denunciação deve ser feita pelo autor na petição inicial (art.
136), sendo citado o denunciado para manifestar-se no prazo de 15 dias. A manifestação
do denunciado contra o réu, permitirá que ele adicione novos argumentos a petição,
posicionando-se como litisconsorte do autor (art. 127). A falta de manifestação não
impedirá que o autor posteriormente exerça seu direito de regresso por meio de ação
autônoma.
- Denunciação pelo réu: a denunciação a ser feita pelo réu deverá ser na contestação (art.
126). Ao denunciado será dado o prazo de 15 dias para sua manifestação, havendo três
possibilidades: I) Se o denunciado contestar os fatos alegados na petição inicial, integra o
processo como litisconsorte passivo. II) Se o denunciado for revel, poderá o réu abster-se
de prosseguir na ação principal, atuando apenas em relação à ação de regresso. III) Se o
denunciado reconhecer os fatos alegados na petição inicial, poderá o denunciante
prosseguir com a defesa contra o autor ou apenas solicitar a procedência da ação de
regresso (art. 128).
* Procedente a ação, o autor poderá solicitar a execução da sentença diretamente contra
o denunciado nos limites da ação de regresso (art. 128).

Resolvido o mérito da ação, o juiz passará ao julgamento da denunciação da lida. O


denunciante, seja autor ou réu, que for vencido no processo, poderá ter direito de regresso
sobre o denunciado, o que será avaliado pelo juiz. Se, no entanto, o denunciante vencer o
processo, não há porque analisar a denunciação da lide, sendo este condenado a pagar
ônus sucumbenciais para o denunciado.

 CHAMAMENTO AO PROCESSO (modalidade provocada – RÉU):


O chamamento ao processo consiste em atividade do RÉU, exclusivamente, de trazer para
o processo o afiançado, nas circunstâncias em que ele for fiador, os demais fiadores ou seus
codevedores (ATENÇÃO: obrigação solidária não se presume, deve observar o que está
negociado contratualmente), em ação que tiver como mérito a dívida comum deles, sendo
exigida de um ou de alguns dos devedores, para que cada um responda por sua cota parte
ou pela sua obrigação inteira como devedor principal (art. 130). O chamamento ao
processo deverá ser feito na contestação, vindo o chamado a integrar a relação jurídica na
condição de litisconsorte passivo obrigatoriamente, ainda que não se manifeste sobre o
chamamento (art. 131).

 INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PJ (modalidade provocada):


O incidente de desconsideração da pessoa jurídica é a responsabilização do sócio ou
administrador da empresa ou, inversamente, da empresa, quando a ação diga respeito a
seu administrador, em casos de abuso da pessoa jurídica, havendo excesso de poderes,
gestão fraudulenta ou confusão patrimonial, na medida regulada pelo CC. O incidente não
poderá ser decretado de ofício pelo juiz, devendo ser requerido pela parte ou pelo MP,
quando lhe caiba intervir, podendo ser solicitada em qualquer fase do processo de
cognição, no cumprimento de sentença ou na execução, ocasião em que o processo ficará
suspenso. Quando solicitada a desconsideração na petição inicial, é a PJ ou o sócio citado,
não sendo instaurado o incidente e, portanto, não havendo suspensão (art. 134, 2º). A
desconsideração, assim como seu pedido, deve obedecer aos pressupostos legais. (art. 133-
137, NCPC).

 AMICUS CURIAE (modalidade provocada ou espontânea):


O amicus curiae é um terceiro que atuará no processo visando auxiliar o tribunal no
julgamento de assuntos que possuam grande relevância social, repercussão geral ou que
seja causas de grande complexidade que necessitem de uma opinião de caráter técnico. O
amicus curiae não é sujeito propriamente dito do processo e não se posiciona de modo a
defender uma das partes, atua de maneira imparcial, como missão de apresentar uma
informação técnica sobre assuntos que tenho conhecimento especial. A figura do amicus
curiae é, assim, um auxiliar da decisão, podendo ser solicitada sua atuação de ofício pelo
magistrado, pelas partes ou pela própria entidade. Terá, a partir da sua admissão, um prazo
de 15 dias para se manifestar tecnicamente.

 ALEGAÇÃO DE INCOMPETÊNCIA
 OPOSIÇÃO

COMPETÊNCIA

A jurisdição, enquanto atividade estatal voltada para a resolução de conflitos é sempre una.
No entanto, para que haja a efetiva prestação da atividade jurisdicional, ela é dividida entre diversos
órgãos do Poder Judiciário, distribuindo competências. A competência é, assim, a medida da
jurisdição.

As regras de competência diferenciam-se em regras de competência internacional, que diz


respeito a competência brasileira frente a outros países; e a competência interna, que ditam a
organização da prestação jurisdicional no território nacional.

- A COMPETÊNCIA INTERNACIONAL poderá ser exclusiva do Brasil, caso de imóveis,


sucessão ou partilha de bens que estejam no país (art. 23), ou ainda, poderá ser não obrigatória,
caso em que o Brasil pode conhecer a ação, mas não impede seu julgamento por outro órgão
internacional, nas hipóteses trazidas nos art. 21 e 22 (réu domiciliado no Brasil, no Brasil deve ser
cumprida a obrigação, fato ocorrido no país, ou ainda, quando o beneficiário de alimentos tiver
residência no país ou o devedor tiver bens no país, relações de consumo quando o consumidor
residir no Brasil ou por escolha das partes). É necessário salientar que a apresentação de ação no
exterior não induz litispendência, salvo casos determinados em acordos ou tradados
internacionais (art. 24).

- COOPERAÇÃO INTERNACIONAL: os órgãos jurisdicionais brasileiros podem estabelecer


relações de cooperação com órgão internacionais que poderá dizer respeito à citação, notificação,
intimação, prestação de informações, realização de coleta de provas, homologação de decisão e
seu cumprimento, dentre outros (art. 27). A cooperação internacional, no geral, será mediada pelo
Ministério da Justiça e poderá ser exercida tanto por meio de auxílio direto como pela carta
rogatória (art. 28-41).

- A COMPETÊNCIA INTERNA é determinada pela divisão da função jurisdicional entre os


diversos órgãos do Poder Judiciário Brasileira: Justiças especializadas (Eleitoral, do Trabalho,
Militar), Justiça Federal, Justiça estadual. A competência interna diz respeito, portanto, à atribuição
que cada órgão tem na solução de conflitos e pode ser dividida a partir de critérios territoriais,
quanto à matéria, ao valor da causa, à pessoa, ou pelo critério funcional.

São fontes de determinação das competências as normas constitucionais,


infraconstitucionais (CPC) ou infra legais (normas de organização judiciária, regimentos internos)
(art.44). Podendo ser a competência originária ou derivada, recursal. A competência é determinada
em diversos níveis e passa tanto pelo tribunal competente, pelo foro (comarca) e pelo juízo (vara).
Desse modo, por exemplo, uma ação de alimentos deve ser proposta perante a Justiça Estadual
(residual), no foro competente, de residência do alimentando ou de seu representante, conforme
indica o CPC e, ainda, na vara específica destinada para ações de família.

A competência poderá ser ABSOLUTA, quando não é possível determinação das partes em
contrário ou não incidem a modificação de competência por conexão ou continência, normalmente
diz respeito a questões de ordem pública, pode ser decretada pelo juiz ou pelas partes a qualquer
tempo; ou RELATIVA, quando o assunto é normalmente de ordem privada, podendo ser alterada
pelas partes e modificada por conexão ou continência, deve ser alegada como preliminar de
contestação, caso contrário é prorrogada e os atos são válidos, e não pode ser decretada de ofício,
exceto se for competência abusiva de contrato de adesão, por exemplo* (art. 63, § 3º) (SÚMULA
33 STJ).

COMPETÊNCIA ABSOLUTA COMPETÊNCIA RELATIVA


Ordem Pública Ordem Privada
Pode ser alegada a qualquer momento Preliminar de contestação
Pode ser conhecida de ofício Não pode ser conhecida de ofício*
Não é prorrogável, sua decretação implica a É prorrogável, se não alegada na preliminar de
remessa dos autos em qualquer momento e os contestação, ela é perpetuada e não implica
atos são inválidos (mas podem ser qualquer invalidade.
convalidados – citação válida)
Não derrogável, isto é, não pode ser escolhida Derrogável
pelas partes
Competência em relação à matéria, à pessoa Competência territorial e em relação ao valor
ou funcional da causa, salvo exceções do CPC

Em relação ao foro, a competência geral é o foro de domicílio do réu (bens móveis) (art. 46)
ou no local de situação da coisa (bens imóveis) (art. 47). Há ainda diversas competências especiais
trazidas pelo CPC – LER ART. 48-53.

MODIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIA: é uma das formas de prorrogação de competência, isto


é, ampliação da esfera de competência de um órgão, foro ou juízo para aqueles casos que
originalmente não seriam de sua competência. A modificação pode ser dar por meio da conexão
ou da continência. CONEXÃO ocorre quando duas ações tem o mesmo pedido ou causa de pedir,
sendo reunidas em um único processo para que possuam decisão conjunta, ou ainda, não possam
por qualquer motivo correr o risco de decisões contraditórias (art. 55). A CONTINÊNCIA, por outro
lado, ocorre com ações que possuem as mesmas partes, a mesma causa de pedir e uma delas possui
um pedido mais genérico que abrange o outro pedido (art.56). Na continência, se o processo com
o pedido mais amplo for anterior, o do pedido mais restrito é extinto sem resolução de mérito, no
entanto, se este foi anterior, os processos são reunidos (art. 57).

CONFLITO DE COMPETÊNCIA: pode ser conflito positivo, quando mais de um juiz se declara
competente para a mesma causa, ou negativo, quando ambos se declaram incompetentes para o
julgamento. O conflito é resolvido por tribunal imediatamente superior, isto é, quando o conflito
se dá em juízos vinculados a Justiça Estadual ou Federal, o órgão responsável por solucionar é o
próprio TJ do Estado ou o Tribunal Federal em nível colegiado, quando se dá entre TJs, quem decide
é o STJ e entre tribunais superiores, é de responsabilidade do STF.

ATOS PROCESSUAIS

O processo é um conjunto de atos ordenados e interdependentes praticados pelos sujeitos


que integram a relação jurídica processual. Esses atos são os atos processuais, que dizem respeito
às partes, aos juízes e até mesmo a terceiros participantes da relação, como testemunhas, peritos,
auxiliares de justiça, entre outros. Os atos processuais visam constituir, modificar, extinguir ou dar
continuidade às obrigações e direitos processuais. Segundo o art. 188 do CPC, os atos processuais,
no geral, não necessitam de forma especifica e consideram-se válidos quando alcançam seus
objetivos. São públicos, com exceção dos atos previsto em lei (art. 189 – interesse público ou social,
direito de família, intimidade ou arbitragem).
Os atos processuais dividem-se em atos das partes, responsáveis pelo início e
desenvolvimento do processo, através a petição inicial e dos demais atos, dos juízes ou dos
auxiliares.

Os atos dos juízes podem ser de duas maneiras, decisórios, impondo direitos ou obrigações
às partes ou não. São pronunciamentos do juiz as sentenças, decisões interlocutórias e os
despachos (art. 203). As sentenças são atos decisórios que põem fim ao processo,
independentemente da matéria que versem, podendo ser terminativas, que não resolvem o mérito,
e as definitivas, que efetivamente tratam do mérito da causa. As decisões interlocutórias são atos
decisórios tomados no decorrer do processo que, no entanto, não incorrem na sua extinção, ainda
que tratem do mérito. Os despachos, por fim, são atos não decisórios praticados pelo Juiz com a
finalidade de dar continuidade à marcha processual (“impulso oficial”).

Os atos dos auxiliares, por sua vez, consistem, basicamente, em atividades que permitam o
desenvolvimento do processo, mas que não impliquem decisões. São, por exemplo, o registro, as
documentações, atos de comunicação, juntada, vista, conclusão e recebimento.

PRAZOS: São contados em dias úteis, incluindo-se o último dia e excluindo-se o primeiro
(art.219, 224). Há dois tipos: prazos para o cumprimento de atos processuais e os prazos de
fechamento da atividade judicial, horários. Os atos praticados pessoalmente deverão ocorrer das
6h às 20h, estendidos se a interrupção prejudicar o ato (art. 212). Os atos praticados
eletronicamente podem ocorrer até 24h do último dia (art.213). No geral, não se praticam atos
processuais durante os feriados ou recesso judiciário, exceto citações, intimações e penhoras,
respeitado o previsto na CF. Os prazos podem ser próprios, quando dizem respeito às partes e
provocam a preclusão, ou impróprios, quando dizem respeito aos juízes e auxiliares, não
importando preclusão. Podem ser legais, judiciais ou convencionais (estabelecidos pelas partes,
que podem, inclusive, fixar calendário para sua prática – art.191). Podem ser peremptórios, quando
não podem ser alterados ou dilatórios, quando puderem ser alterados pelas partes ou pelo juiz de
acordo com o caso concreto. Os prazos dos juízes são de 5 dias para despachos, 10 dias para
decisões interlocutórias e 30 dias para sentenças (Art. 226). Os prazos serão contados em dobro 1)
para os litisconsortes, em processos físicos, quando representados por mais de um procurador de
escritório diferentes (art. 229); 2) Para a Fazenda pública, Defensoria pública e Ministério público
(art.180, 183 e 186).

LUGAR: os atos processuais, no geral, são praticados na sede do juízo e excepcionalmente


em outro local estabelecido pelo juiz (art. 217).

COMUNICAÇÃO DOS ATOS:

- CARTAS: a) Carta Rogatória / b) Carta Precatória / c) Carta de Ordem / d) Carta Arbitral

- CITAÇÃO: “dar ciência inequívoca do processo a todos aqueles de podem ser atingidos
pela sentença”, pode ser feitas de 5 formas:

1) Correios

2) Oficial de Justiça: normal ou de hora certa*

*casos em que o réu frustra a citação

3) Escrivão ou Chefe de Secretaria


4) Por Edital: citando incerto ou desconhecido; lugar ignorado, incerto ou inacessível; casos
expressos em lei.

5) Por meio eletrônico

- INTIMAÇÃO: notificação dos demais atos processuais, preferencialmente realizada por


meio eletrônico. Para o MP, DP ou Fazenda Pública, a intimação deve ser pessoal.

PETIÇÃO INICIAL

A petição inicial é o que dá início ao processo, considera-se proposta a ação quando for
protocolada (art. 312).

- Petição inicial: inicio do processo, distribuição e registro, requisitos

- o pedido, o valor da causa

- decisões possíveis

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