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Faculdade de Direito
Disciplina: Direito Ambiental
Docente: Profa. Geovana Cartaxo
RESUMO
“É consenso que o Direito Ambiental é um ramo do Direito Novo, que surgiu como uma
preocupação na pós-Revolução Industrial, tendo como marco inicial o Congresso de Estolcomo,
em 1972(GRANZIERA, 2009). Realmente, a possiblidade de degradação ambiental, resultante
da inserção de novas tecnologias, notadamente da força motriz movida à base de combustão
(inicialmente de motores à carvão, até se chegar aos hidrocarbonetos), fez a capacidade humana
de modificar o ambiente ser elevada à capacidade superior da sua recuperação espontânea. Ou
seja, a velocidade do dano tornou-se maior do que a natureza poderia absorver. Come efeito,
apresentou-se um novo paradigma sobre a necessidade de preservação da natureza após a referida
revolução, sentida e discutida principalmente no Congresso Mundial de Estolcomo, em 1972. As
normas de proteção ambiental são, porém, remotas, aliás, muito remotas.” (p. 127)
“De fato, as normas de cunho ambiental são tão antigas quanto as outras normas sociais
(ALBEGARIA, 2009), porém, pela análise da sua inserção no mundo jurídico, verifica-se que
houve uma transformação da sua finalidade, do seu escopo. [...]” (p. 127)
“Ipso facto, as primeiras normas de proteção do ambiente tinham o objetivo da busca e da
proteção incessante dos produtos destinados à alimentação, notadamente para a fixação do homem
ao solo. [...]” (p. 128)
“A questão do valor econômico também influiu na legislação de cunho ambiental. No
Brasil Colônia, a extração de pau-brasil era monopólio da Coroa portuguesa, que proibia o seu
corte, seu transporte e sua comercialização por particulares. Não porque a Coroa já estivesse
prevendo a iminência de sua extinção, mas porque o seu comércio rendia vultosas quantias para
o reino (MAGALHÃES, 2002).” (p. 128)
“Com o surgimento de uma nova ciência, a Ecologia, o meio ambiente passou a ter uma
tutela especifica, com características internacionais. Não é mais considerado como bem exclusivo
para a utilização das pessoas (antropocentrismo), mas como bem em si mesmo, que deve ser
protegido do poder de devastação do ser humano (biocentrismo).” (p. 129)
“Na época do descobrimento do Brasil pelos portugueses, em 1500d.C., vigoravam, na
Metrópole, as Ordenações Afonsinas [...] que já continham normas protetoras das florestas
portuguesas, especialmente para controlar o emprego de madeiras utilizadas para dar impulso à
almejada expansão ultramarina portuguesa (WAINER, 1999). O corte de árvores frutíferas foi
proibido desde 1393; a sua violação era considerada crime de injúria ao rei.” (p. 130)
“A regulamentação da caça á mamíferos e aves foi também uma preocupação das normas
jurídicas portuguesas, tamanha era a falta de alimentos na Europa, àquela época. Para amenizar o
problema, foi incentivado o cultivo da terra, sob a pena de perda da propriedade rural. [...]” (p.
130)
“As Ordenações Manuelinas foram, sob a ótica da legislação ambiental, até mesmo
progressistas, pois continham várias normas de proteção à natureza, tais como a proteção às
abelhas no momento da coleta do mel, e a tipificação, como crime, do corte de árvores, para o
caso de valoração da responsabilidade civil.” (p.130)
“Nessa época, aplicava-se a teoria da responsabilidade subjetiva pelo dano causado “com
malícia” por animais e pomares vizinhos, expressa no alvará de 2 de outubro de 1607 e reiterada
pela lei de 12 de setembro de 1750. A contrario sensu, a lei de 24 de maio de 1608 exprime a
teoria da responsabilidade objetiva por danos causados pelo gado nos olivais vizinhos, sem culpa
do dono ou de seu empregado (WAINER, 1999).” (p.131)
“Com a invasão de Napoleão a Portugal, a família real mudou-se para o Brasil no ano de
1808, mais precisamente para o Rio de Janeiro, abrindo os portos para as nações amigas e, entre
outras benfeitorias, inaugurando o Jardim Botânico. Novas espécies de plantas foram trazidas
para o continente, tais como o abacateiro, a palmeira real, o chá e o cravo. Nessa época, as
florestas brasileiras já davam os primeiros sinais de devastação. Por esse motivo foram
promulgadas leis que prometiam alforriar os escravos que denunciassem o desmatamento, e outras
sobre a responsabilidade solidária, que visava atingir o proprietário de terras que permitisse a
destruição da madeira. [...]” (p. 132)
“A década de 30 foi de grande avanço para a legislação ambiental infraconstitucional. Com
uma visão ainda setorial, isto é, procurando proteger separadamente os diferentes setores do
ambiente, tais como fauna, flora, mas, águas continentais e atmosfera, várias leis foram editadas
visando à proteção desses sítios isoladamente. [...]” (p.135)
“Nos anos 1950, as fábricas destinadas à construção de armamento bélico durante a guerra
foram transformadas para reconstruir e redesenhar o mundo. As primeiras grandes catástrofes
ambientais aconteceram, e o mundo voltou-se para um novo problema de alcance mundial: a
poluição. O desgaste ambiental acompanhou, em razão direta, a maciça e vertinosa
industrialização pós-guerra, cujas consequências, como se veria, estavam a exigir uma nova
postura mundial. O desenvolvimento a qualquer preço não atendia mais à sociedade internacional.
Afinal, o padrão de vida coletivo estava sendo prejudicado pela degradação ambiental.” (p.136)
“No Congresso das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente humano, em 1972, na cidade
de Estolcomo, Suécia, com a participação de 114 países, foi dado o primeiro alerta em relação à
necessidade de proteção efetiva do meio ambiente. Os países que ainda não haviam alcançado o
desenvolvimento pleno relutaram, entretanto, em aceitar essa nova ordem mundial. O Brasil, no
auge da Ditadura Militar, foi um dos países a legar que preferia o desenvolvimento a qualquer
custo, principalmente se fosse feito pela exploração do meio ambiente. [...]” (p.137)
“Foi marcante no mundo político e jurídico pátrio foi a instituição, em 31 de agosto de
1981, da Política Nacional do Meio Ambiente, expressa na fora da Lei nº 6.938 (BRASIL, 1981,
art.14, 1º), considerada por muitos estudiosos a lei-mãe do Direito Ambienta pátrio (SEGUIN,
2000). [...]” (p. 138)
“ [...] Pode-se dizer que a Constituição Federal de 1988 introduziu, no Direito Ambiental,
um novo marco, dedicando à matéria um capítulo próprio (BRASIL, 1988, cap. VI). Seu texto é
considerado um dos mais avançados do mundo.” (p. 139)